Exposição de Tunga em NY

16/jan

 

Apresentar um resumo histórico da obra de Tunga através de trabalhos criteriosamente selecionados foi o objetivo que conduziu o projeto dessa exposição intitulada “Vê-nus” a primeira mostra do artista em cartaz até 25 de fevereiro na galeria Luhring Augustine em Nova Iorque desde sua morte em 2016. Com mais de 60 trabalhos, muitos deles inéditos, a exposição é uma síntese retrospectiva que apresenta as relações e desdobramentos que se metamorfoseiam desde a década de 1970 – Tunga realizou sua primeira individual em 1974 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) -, e até um pouco antes do seu falecimento.

Além do desenho – ao qual se dedicou durante toda sua vida -, sua inquietude artística o levou a outras práticas artísticas e os trabalhos reunidos em “Vê-nus” nos revelam a dimensão de seus múltiplos interesses que transitavam livremente por diversas áreas do conhecimento, como arte, literatura, ciência e filosofia, e que se integravam todas no seu singular imaginário erótico. “Essa erudição produtiva, fluída, inclassificável, se expandia e se fixava em cada ideia e de obra a obra. Esse domínio refinado de interesses deu à obra de Tunga um ar precioso, longamente elaborado e destinado à permanência”, observa Paulo Venancio Filho, curador da exposição.

O espaço expositivo apresenta alguns dos momentos mais significativos da trajetória do artista, sem qualquer tipo de hierarquia ou cronologia, fiel ao seu pensamento contínuo, circular, sempre se ampliando mais e mais. Estão presentes desde seus primeiros desenhos abstratos quando era um jovem de menos de vinte anos, passando por “Vê-nus”, sua intrigante versão do nu da deusa da beleza da antiguidade, pelos importantíssimos “Eixos Exógenos” onde o perfil feminino recortado de um tronco de madeira joga com a alternância entre figura e fundo, até sua última série de desenhos, “From La Voie Humide” e as esculturas da série “Morfológicas”.

Como poucos artistas contemporâneos, Tunga (1952-2016) explorou as mais diversas mídias e materiais, – como imãs, vidro, feltro , borracha, dentes, ossos – impregnando-os de uma estranheza poética, não familiar e, através de sua peculiar prática metamórfica, propunha experiências e práticas artístico/poéticas díspares, heterogêneas e heterodoxas. Seus trabalhos buscam explorar tanto o apelo simbólico e físico dos materiais como sua articulação plástica e poética, e se encontram lado a lado a sua intensa obsessão pelo desenho. Sobretudo, o desenho nunca foi para ele apenas um esquema ou projeto, mas uma realização em si, indissociável e fundamental para a produção e compreensão da totalidade do trabalho. O desenho como raciocínio e realização está presente em “Vê-nus” em toda a sua extensão e relação com os trabalhos tridimensionais.

A interação metabólica em constante dinâmica e mutação, entre mídias e materiais que se apresentam ao longo de quase meio século, é a característica fundamental de Tunga que a exposição enfatiza, percorrendo sua extensão num conjunto de trabalhos que vão do início ao fim de sua obra e vice-versa, dobrando-se sobre si mesmo em cada um e em todos os seus momentos.

Grande parte da obra do artista que se encontra nesta mostra está sob a guarda do Instituto Tunga, que tem a responsabilidade de manter, divulgar e resguardar seu legado. “O Instituto Tunga vem trabalhando intensamente na catalogação das obras deixadas pelo meu pai. As obras em papel constituem uma base muito importante do pensamento tunguiano, através delas percebemos como as idéias surgiram e passaram por todo um processo evolutivo até se desdobrarem em esculturas, performances, instalações ou instaurações, como ele gostava de chamar”, diz Antônio Mourão, filho do artista e diretor do Instituto Tunga. E como afirma Clara Gerchman, co-fundadora e gestora do acervo do Instituto Tunga; “…esta exposição é uma oportunidade única de poder descobrir e trabalhar diretamente com o acervo do artista. Ele nos deixou um legado imenso que vai muito além das tão conhecidas esculturas e instalações, e revela contínua prática do desenho. Nesse sentido “Vê-nus” e suas afinidades é um marco”.

Dentro da programação de abertura, o curador da exposição Paulo Venancio Filho e a curadora de Arte Contemporânea do New Museum, de Nova Iorque, Vivian Crockett, conversam sobre a formação, referências e as expressões poéticas do artista. Este evento aconteceu na Luhring Augustine Tribeca, no dia 14 de janeiro, às 15h.

 

 

Visita guiada e conversa com Nadam Guerra

 

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, convida para a visita guiada da artista Liana Nigri em sua exposição “Gestos de Contato”, no dia 18 de janeiro, quarta-feira, às 18 horas.

A exposição reúne um conjunto de obras inéditas e recentes, em torno do gesto de modelar como ato escultórico, em que o corpo feminino é utilizado em contato direto com a matéria. “Gestos de Contato” abrange esculturas – em porcelana, terracota, metal, granito, mármore, desenhos a carvão, vídeo e fotografia.

Após a visita, Liana Nigri vai conversar com o artista e professor Nadam Guerra, que coordena o programa de residência para artistas da Ecovila Terra UNA, na Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, onde ela criou a série “Ovo-Mundo”, em 2019, que resultou em esculturas de terracota e um vídeo com 2’10, presentes na exposição.

A mostra “Gestos de Contato” fica em cartaz até 28 de janeiro.

 

Sobre a artista

Liana Nigri nasceu em 1984, no Rio de Janeiro. É artista visual baseada no Rio de Janeiro. Sua pesquisa chama a atenção para a presença do corpo da mulher, uma observação íntima de marcas que evidenciam traços de tempo, experiências, contatos ou traumas. Encontrando voz dentro do espaço vazio de dobras da pele. Anualmente participa de residências artísticas, como LabVerde na Amazônia, “From the Laboratory to the Studio”, em Nova York, “In Context”, na Romênia, Terra Una, na Serra da Mantiqueira, e Despina, no Rio de Janeiro. Em breve será mestre do curso de “Estudos Contemporâneos das Artes” pela UFF, onde investiga a ideia de “Gestos de contato: corpo-matéria”.

 

Sobre Nadam Guerra

Artista e doutor em artes com a tese “Como tornar-se um Artista Mago”, Nadam Guerra é professor na EAV Parque Lage e no Instituto de Artes da UERJ. Coordena o programa de residência para artistas da Ecovila Terra UMA, na Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, que desde 2007 já recebeu mais de 200 artistas para imersão em contexto rural e florestal. Fez as exposições individuais: Pintura da Lua (2020), Galeria Archidy Picado, em João Pessoa (2018); Paço Imperial, no Rio de Janeiro (2016); Galeria Luciana Caravello, Rio de Janeiro (2015); Centro Cultural Banco do Nordeste Fortaleza (2015); e Galeria do IBEU, Rio de Janeiro (2013). Tem obras em parceria com outros artistas como Michel Groisman (coletivo DESMAPAS) e Domingos Guimaraens, com quem criou em 2003 o Grupo UM, e o coletivo Opavivará!. Tem trabalhos nas coleções MAM Rio e Museu de Arte do Rio. Entre as exposições coletivas recentes, participou: SIART Bienal da Bolívia Literatura exposta, e Casa França Brasil, no Rio de Janeiro (2018); Alucinações à beira mar, MAM Rio (2017-19); Trust in Fiction, no CRAC Alsace (Centre art contemporain), em Altkirch, França, e Das Virgem em cardumes, no Museu Bispo do Rosário, Rio de Janeiro (2016); 1ª. Bienal do Barro, em Caruaru, Pernambuco; Colloque international Performances, no Musée d’Art Contemporain, Marselha, França; Arte Actual, México (2014). Foi curador de festivais e eventos de performance como Cinema Manual Convida (Espaço Sesc, 2003), Visor (vários locais, 2004 – 2005), V::E::R, (2005 – Parque Lage, 2011 – Terra UNA), Sara-há (Saracura, 2016), Panorama de Dança (2017) e Corpos Críticos (2018, 2019).

 

Exposição na quadragaleria

 

A exposição “Dentro de ti” está em cartaz na Quadra de São Paulo, Vila Buarque, até o dia 20 de janeiro. Com curadoria de Ulisses Carrilho, a mostra conta com trabalho de diversos artistas, dentre eles, Artur Barrio.

 

A palavra do curador

“Na arte moderna, esta relação fortifica-se: sem significados fixos, o abstrato aproxima-se vertiginosamente do espelho. No jogo de forças entre cores e formas, no movimento da pretensa harmonia ou do propositado desequilíbrio, percebemos aquilo que todos experimentamos a cada manhã: ao passo que me reconheço, me rejeito. Esta é a minha imagem, este não sou eu.”

Ulisses Carrilho

 

Conjunto de obras Poéticas

11/jan

Encerra no dia 15 de janeiro a exposição “Dar Bandeira”, que teve abertura no dia 07 deste mês abrindo a programação de exposições de 2023 na Villa da Ladeira, Cosme Velho, espaço de extensão da Galeria Le Salon H, de Paris, no Rio de Janeiro.

A exposição “Dar Bandeira”, com curadoria de Shannon Botelho e a participação de 18 artistas contemporâneos, que “…apresentam um conjunto de obras de poéticas, estéticas e suportes diferentes para legitimar bandeiras”.

Com trajetórias conhecidas no circuito da arte, os artistas Ana Coutinho, André Vargas, Benoit Fournier, Beto Fame, Carolina Bezerra, Cibele Nogueira, Cibelle Arcanjo, Cristina Suzuki, Gabriela Noujaim, Guilherme Kid, Ivar Rocha, a dupla Leandro Barboza e Gustavo Speridião, Maria Raeder, Mariana Guimarães, Matheus Ribs, Os Bandeiras – Renato Bezerra de Mello, Mayra Rodrigues e Rogério Reis -, Pedro Carneiro e Sandra Lapage assinam bandeiras emblemáticas para a atual história do Brasil.

“Dar Bandeira” reúne diversas propostas de bandeiras, desde o símbolo nacional à possíveis interseções de linguagens de bandeiras. “A expressão “dar bandeira” possui muitas conotações, porém uma define melhor o conjunto de obras apresentados na Vila da Ladeira, que é a entrega de uma mensagem codificada em gestos artísticos. O projeto nasce de uma necessidade de celebrar a possibilidade de tecer recomeços políticos num país fraturado pela conjuntura social, econômica e política vividas nos últimos anos”, explica Shannon Botelho.

“Em Dar Bandeira, propomos que cada bandeira afirme a pluralidade na unidade. Cada artista é um indivíduo pensante e atuante, marcado por sua poética, mas que compõe a beleza da pluralidade no desejo de uma realidade mais democrática, justa e possível”, afirma o curador.

A mostra ocupa todo o espaço expositivo da Villa da Ladeira, casa principal do arquiteto José Zanini Caldas, no bairro do Cosme Velho, com construção datada de 1977. O espaço é um lugar dedicado a eventos artísticos em sinergia com a atividade da Galeria Le Salon H. Segundo Yaël Halberthal e Philippe Zagouri, diretores da Le Salon H, “este projeto de apresentar bandeiras é uma maneira de celebrar este novo espaço e ratificar a nossa ligação com a cena artística brasileira”.

 

Espiritualidade na pintura

 

A Galeria Evandro Carneiro Arte, Shopping Gávea Trade Center, Rio de Janeiro, RJ, apresenta até 02 de fevereiro a “Exposição JMS – Julio Martins da Silva”. Considerado um dos mais importantes artistas Naïf, a mostra individual exibirá 23 pinturas à óleo do artista niteroiense. Entre os destaques estão as obras “A chegada da família”, “Na praia”, “Barco à espera”, “Jardim com estátua de guerreiro”, “Jardim com casa e riacho” e “Serenata”.

 

Exposição JMS – Julio Martins da Silva

Julio Martins da Silva – JMS, como assinava seus trabalhos – nasceu em 1893, na cidade de Niterói, RJ. De família pobre, era neto de negros escravizados e filho de trabalhador rural. Aos 29 anos, trabalhava como cozinheiro em um hotel, quando começou a pintar “porque tinha aquela inclinação, gostava (…) via os outros desenhando e ficava interessado”, disse em entrevista à Lélia Coelho Frota (1975, p. 39).

Boêmio e devoto, residia no centro do Rio quando conheceu a tinta a óleo e começou a usar sobre papelão, material que encontrava facilmente à sua volta. Apenas ao se aposentar, com 71 anos de idade, Julio passou a viver exclusivamente da pintura e, então, pode aperfeiçoar seu estilo.

O artista tinha predileção pela cor verde, muito representada em seus jardins harmoniosos. Neles, caminhos floridos, animais pacatos e fontes d’água são o cenário perfeito para casais apaixonados e criancinhas felizes, refletindo uma ordem espiritual que ele buscava por meio de sua arte. Tudo em sua obra é delicadeza, apesar de não ter negado a angústia histórica de seu tempo, conforme Lélia (2005, p.268). Favelado e negro, não poderia deixar de notar a marca da desigualdade, mas não a expressava. Transcendia-a ao compor em jardins a espiritualidade de sua fé, a arte como purificação da vida.

Realizou exposições individuais em galerias de São Paulo e Rio de Janeiro, bem como no MNBA – RJ (1975). Participou da Bienal de Veneza em 1978, ano de sua morte e expôs em Washington (EUA) no ano de 1984.

 

Laura Olivieri Carneiro

Janeiro 2023

Visitação: de segunda a sábado, das 10h às 19h.

 

 

As cores de Mario Cravo Neto

09/jan

 

A exposição inédita “Tudo Era Novo Sob o Sol da Bahia”, do artista visual Mario Cravo Neto, que pode ser vista até o dia 18 de fevereiro na Galeria Mario Cohen, nasceu da parceria entre a Galeria Mario Cohen e o Instituto Mario Cravo Neto. O filho do artista, Christian Cravo, abriu o acervo do Instituto MCN, em Salvador, para a curadoria de Mario Cohen. Nesse cuidadoso trabalho de seleção, Cohen buscou fotografias em cores menos óbvias do artista, como a série “Geometrias” e os retratos coloridos de cenas da cultura baiana. A mostra traz 22 obras e mais da metade das imagens selecionadas pela curadoria serão expostas ao público pela primeira vez. Os trabalhos remontam a diferentes fases do fotógrafo, durante as décadas de 1970, 1980 e 1990.

 

Sobre o artista

Nascido e criado na Bahia, o fotógrafo vivenciou, nas décadas de 1950 e 1960, a efervescência da cena artística baiana, convivendo com grandes nomes da cultura nacional como Jorge Amado, Dorival Caymmi, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia. Mario Cravo Neto também aprendeu novas formas de enxergar a beleza da cultura popular local com o antropólogo francês Pierre Verger, que influenciou diretamente sua produção. Dessa forma, os temas abordados por ele giram em torno da religiosidade, do povo baiano, da natureza e do candomblé. O artista é um dos nomes mais importantes da fotografia contemporânea brasileira, reconhecido internacionalmente e com trabalhos expostos em acervos de diversos países, como França, Estados Unidos, Espanha e Holanda.

 

Sobre a galeria

A exposição marca também a inauguração da nova Galeria Mario Cohen. Fundada em 2000, esta que foi a primeira galeria especializada em fine art photography da América Latina, abriu seu novo espaço, na Rua Capitão Francisco, 69, Jardim Europa. Com projeto original de Isay Weinfeld e atualizado pelo arquiteto André Vainer, a nova galeria possui 137m² e abriga importante acervo de nomes como Cristiano Mascaro, Bob Wolfenson, Ellen von Unwerth, Gui Paganini, MAR+VIN, Norman Parkinson, Pierre Verger, Sebastião Salgado, entre outros.

 

Homenagem a Aldemir Martins

19/dez

 

Em cartaz na Choque Cultural, Jardim Paulista, São Paulo, SP, exposição “Aldemir em casa” reúne trabalhos do artista cearense, que completaria 100 anos em 2022.

Através da apresentação de esboços, cadernos de estudo, desenhos sobre papel e uma pintura-desenho em nanquim sobre tela, “Aldemir em casa” traz uma celebração do desenho de Aldemir Martins, que em 1956 recebeu o prêmio máximo da Bienal de Veneza e grande reconhecimento internacional. Em cartaz até 20 de janeiro, a mostra reúne obras que, em sua maioria, datam de 1948 a 1968, entre elas os primeiros esboços de gatos, um caderno da época em que o artista viveu em Roma, retratos de sua esposa, Cora, em casa, e uma parede com sete desenhos que perfazem uma linha cronológica da filha, Mariana Pabst Martins – que assina a curadoria da exposição.

“Através de uma escolha muito pessoal dos desenhos presentes nessa mostra, eu quis iluminar a personalidade  do trabalho do meu pai, expressa na precisão e fluidez do gesto, na intimidade com a pena e o pincel, no rigor do pensamento e no prazer do traço”, explica Mariana. Como o título sugere, “Aldemir em casa” aborda o fazer do artista num contexto de intimidade.

Afirma Mariana Pabst Martins que “…meu pai desenhava todos os dias, o tempo todo, no quarto ou na sala, conversando com amigos ou quieto no seu silêncio pessoal. A imagem dele desenhando vem acompanhada do barulho da pena riscando o papel e do cheiro de nanquim. O gesto elegante e fluido que resultava num traço longo e curvo convivia com a rispidez das hachuras rápidas tracejadas com vigor”.

Marina Pabst Martins procurou colocar lado a lado as nuances gestuais que pode observar cotidianamente com “Aldemir Martins em casa”. Assim, o núcleo principal da mostra traz o exercício do desenho nas mais diversas abordagens, seja em trabalhos de elaboração complexa e densas, seja de mínimos desenhos de pouquíssimos traços. “Não distingui esboços, rabiscos, estudos ou desenhos aparentemente mais bem acabados: para Aldemir não havia nenhuma hierarquia entre os desenhos feitos no papel que forrava a mesa de trabalho daqueles produzidos num papel 100% algodão ou num Schoeller martelado: ambos eram dignos de serem bem emoldurados e expostos”, ela explica.

 

 

Mul.ti.plo exibe José Resende

16/dez

 

“Rotação e Translação” traz esculturas inéditas de um dos nomes de maior destaque da arte contemporânea brasileira. É a primeira mostra do artista paulista no Rio de Janeiro após mais de uma década, quando expôs no MAM, em 2011. Com texto crítico de Ronaldo Brito, exposição vai até 24 de fevereiro de 2023, com obras que conversam com o espaço da galeria.

Aos 77 anos e com mais de 50 anos de uma sólida e exitosa carreira, o artista paulista volta a expor na capital carioca depois de uma década. Em sua última exposição na cidade, em 2011, ele ocupou o saguão monumental do MAM. Dessa vez, o desafio foi criar obras que conversassem com o espaço da galeria no Leblon. Assinando o texto da mostra está um dos mais relevantes pensadores do país, o crítico de arte e professor Ronaldo Brito, que também participou do projeto no MAM. Na Mul.ti.plo, José Resende apresenta 14 obras inéditas em materiais como latão, mola latonada, cobre e cabo de aço. A exposição de José Resende na Mul.ti.plo abre-se em dois tempos. No primeiro, estão obras maiores, que se desdobram delas mesmas, como numa experiência de multiplicação. São cinco esculturas de parede (de cerca de 260 x 80 x 40 cm) e duas de chão (de aproximadamente 45 x 42 x 115 cm), elaboradas a partir de tubos de latão articulados com cabo de aço. “Uma peça sai da outra, mas cada uma tem uma unidade diferente e uma relação de mobilidade com o espaço da galeria”, explica o artista. Em contraponto, estão seis esculturas menores, de cerca de 45 x 42 x 115 cm, que trabalham a questão da tensão e também do movimento a partir de hastes e molas.

O nome da exposição, “Rotação e translação”, partiu do texto crítico de Ronaldo Brito e se refere a uma frase do artista norte-americano Carl Andre. “Em resposta à perplexidade diante de suas peças literais, o escultor minimalista insistia que elas tinham, sim, base: a terra. José Resende pontuaria – a terra, em movimento de rotação e translação”, escreve Ronaldo, que também assinou o texto da exposição no MAM-RJ em 2011. Os dois têm uma parceria profissional de longa data.

Conhecido por suas obras em grande escala, como a monumental instalação com vagões pendurados com cabo de aço, em São Paulo, em 2011, José Resende tem várias obras em locais públicos do Rio. Uma delas é a escultura apelidada de “O passante”, no Largo da Carioca, e “A negona”, no corredor cultural do Centro. “O convite da Mul.ti.plo para expor novamente no Rio me deu muito prazer. Essa ausência de 11 anos estava para ser cortada. Eu estava me cobrando isso e achando que não cabia ficar tão ausente numa cidade onde fui sempre tão bem recebido e também tenho essa presença em espaços públicos que me envaidece muito”, diz o artista, que expõe pela primeira vez na galeria. “José Resende é um criador de exceções. Sua poética, sempre renovada, traz uma potência que se revela a cada novo trabalho”, diz Maneco Müller, que comanda a Mul.ti.plo em parceria com Stella Ramos.

 

Sobre o artista

José Resende nasce em São Paulo, 1945. Vive e trabalha em São Paulo, SP. Formado em arquitetura pela Universidade Mackenzie, São Paulo, cursa gravura na FAAP. Em 1963 estuda com Wesley Duke Lee e, entre 1964 e 1967, é estagiário no escritório do arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Em 1966, funda com Nelson Leirner, Wesley Duke Lee, Geraldo de Barros, Carlos Fajardo e Frederico Nasser a Rex Gallery and Sons. Em 1967, ganha o Prêmio de Aquisição da 9ª Bienal de São Paulo. Em 1970, realiza uma individual no MAM-RJ e no MAC-USP. No mesmo ano, funda com Carlos Fajardo, Frederico Nasser e Luís Baravelli o centro de experimentação artística Escola Brasil, onde leciona por quatro anos. Em 1974, realiza exposição individual no MASP, São Paulo. Em 1980, recebe menção honrosa na representação do Brasil na 11ª Biennale de Paris. No mesmo ano, edita a publicação sobre arte “A Parte do Fogo” junto com um grupo de críticos e artistas. Em 1984, recebe bolsa da John Simon Guggenheim Memorial Foundation, residindo em NY até 1985. Em 1988, participa da 43° Bienal de Veneza. Em 1992, Participa da Documenta 9, Kassel, Alemanha. José Resende desenvolveu ao longo de sua carreira uma atuação pungente dentro do debate da arte e da cultura no Brasil, sobretudo entre 1960 e 1980, época da ditadura militar. A partir da década de 1990, desenvolve inúmeros projetos, permanentes e temporários, especialmente para espaços urbanos. Além de expor diversas vezes na Bienal Internacional de São Paulo (9°, 17°, 20ª e 24ª) e em importantes instituições nacionais e internacionais ao longo dos seus mais de 50 anos de carreira. Seus trabalhos figuram em importantes coleções públicas como MoMA (Museum of Modern Art), Museu de Arte Moderna de São Paulo e Pinacoteca do Estado de São Paulo. Sua última exposição foi na Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS.

 

Aislan Pankararu – novo artista representado

14/dez

 

A Galatea tem o prazer de anunciar uma nova representação.

Aislan Pankararu nasceu em Petrolândia, em Pernambuco, no Brasil, em 1990. Originário do povo Pankararu, passou a sua infância na aldeia mãe Brejo dos Padres, no interior de Pernambuco, onde sua avó lhe transmitia as tradições dos seus ancestrais. Mais tarde, dirige-se à cidade para estudar, formando-se pela Faculdade de Medicina na Universidade de Brasília. Tendo o costume de desenhar quando criança, Aislan retoma a prática como autodidata no ano de 2019 e decide se dedicar à carreira artística.

O trabalho de Aislan Pankararu nasce da memória de suas origens e da necessidade de entrar em contato e expressar a sua ancestralidade. Produzindo desenho e pintura sobre papel Kraft e sobre tela, o artista se utiliza de elementos pictóricos tradicionais da pintura corporal de seu povo para elaborar os seus traços e figuras. Dotadas de movimento e constituídas pela mistura de tintas e cores, as obras de Aislan Pankararu evocam a riqueza visual e simbólica dos Pankararu a fim de ressaltar a sua luta e resistência.

Em 2020, em parceria com a comissão de Humanização do Hospital Universitário de Brasília (HUB), onde estudou, realizou sua primeira exposição Abá Pukuá (“Abá” significa “homem” em tupi-guarani e “Pukuá” significa céu em kaypó). Em 2021, inaugurou a mostra Yeposanóng no Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília. No mesmo ano, ilustrou os textos do projeto Teatro e povos indígenas, da n-1 edições; participou da Residência Kaaysá, sob a coordenação de Rodrigo Villela, em São Sebastião, São Paulo; e criou a ilustração utilizada como identidade visual do festival de música Indígenas.BR. Produziu as ilustrações do 1º Festival de Filmes Indígenas do Brasil, que aconteceu no Institute of Contemporary Arts, em Londres.

Em 2022, participou das coletivas NOW, no Museu Inimá de Paula, em Belo Horizonte; Um século de agora, no Itaú Cultural, em São Paulo; e O amanhã possível: história da arte em tempos de crises socioambientais, na Galeria de Artes do Instituto de Artes da Unicamp – GAIA, em Campinas, São Paulo. Seu trabalho está presente no acervo do Instituto Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais.

Daniel Lannes – novo artista representado

13/dez

 

A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, tem o prazer de anunciar a representação do artista Daniel Lannes.

 

Sobre o artista

Daniel Lannes (Niterói, RJ, 1981) vive e trabalha em São Paulo. O artista se formou em Comunicação Social pela PUC-Rio (2006), tendo mestrado em Linguagens Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2012). Pintando desde a sua infância, Lannes passou a se dedicar profissionalmente à produção artística em 2003, ano em que começou a cursar pintura com Chico Cunha e João Magalhães na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Na mesma instituição também foi aluno de Fernando Cocchiarale, Anna Bella Geiger, José Maria Dias da Cruz, Reynaldo Roels e Viviane Matesco.

A pintura de Daniel Lannes se debruça sobre o corpo físico, cultural e histórico, sendo a tríade sexo, poder e violência assunto fundamental para a sua poética. Transitando na fronteira entre o figurativo e o abstrato, suas composições podem trazer ora um nítido retrato de uma figura histórica, ora manchas difusas que sugerem um evento a ser completado pela nossa imaginação. Seu colorismo, fatura e composição, construídos através de pinceladas largas, constituem uma produção que demonstra apuro técnico e vigor experimental na mesma medida. Segundo Daniel Lannes, “…uma pintura bem sucedida é aquela na qual o acidente processual e a intenção narrativa intercalam-se na construção da imagem”. Revela-se, então, o leitmotiv de sua obra: narrar, não explicar.

Daniel Lannes foi ganhador do Prêmio Marcantonio Vilaça 2017/18, selecionado para a residência artística do programa LIA – Leipzig International Art Programme 2016/17, em Leipzig, na Alemanha; e para a residência Sommer Frische Kunst 2015, em Bad Gastein, na Áustria. Em 2013, foi indicado à 10ª edição do Programa de prêmios e Comissões da Cisneros-Fontanals Art Foundation (CIFO). Por duas vezes foi indicado ao Prêmio PIPA, em 2011 e 2013. Entre as suas principais exposições estão as individuais Jaula, Paço Imperial, Rio de Janeiro (2022); A Luz do Fogo, Magic Beans Gallery, Berlim (2017); República, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM Rio (2011); e as coletivas Contramemória, Theatro Municipal de São Paulo (2022); Male Nudes: a salon from 1800 to 2021, Mendes Wood DM, São Paulo (2021); Perspectives on contemporary Brazilian Art (2018); Art Berlin, Berlim; e Höhenrausch (2016), Eigen + Art Gallery, Berlim (2016). Suas obras fazem parte de diversas coleções privadas e públicas, entre elas: Instituto Inhotim, Brumadinho, Minas Gerais; Museu de Arte do Rio – MAR, Rio de Janeiro; Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM Rio; e Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Em maio de 2023, o artista abrirá a sua exposição individual na Galatea. Em breve, mais detalhes serão compartilhados. É, portanto, com muito entusiasmo que anunciamos Daniel Lannes entre os nossos artistas representados.