Aconteceu

13/fev

 

A Gentil Carioca convidou a todes para o “Abre Alas 18″, exposição que acontece no Rio de Janeiro e em São Paulo, abrindo o calendário da galeria para o ano de 2023. A comissão de seleção e a curadoria são compostas por Bruna Costa, Lia Letícia e Vivian Caccuri, que selecionaram 29 artistas através do edital 2022/2023. Artistas: Aline Brant, Ana Bia Silva, Ana Mohallem, Andy Villela, Anna Menezes, Alexandre Paes, Ariel Ferreira, Augusto Braz, Benedito Ferreira, Camila Proto, Celo, Clara Luz, Cyshimi, Daiane Lucio, Dariane Martiól, Denis Moreira, Érica Storer, Genietta Varsi, Luiz Sisinno, Mapô, Marina Lattuca, Mônica Coster, Newton Santanna, Rafael Vilarouca, Raphael Medeiros, Rebeca Miguel, Rose Afefé, Vulcanica Pokaropa e Yanaki Herrera.

“Diante do que emerge num recorte de tantas inscrições, enxergamos confluências que criam um corpo comum. Memória e aceleracionismos; ecologias, trabalho e capital; cosmologias; e o reencantamento pela arte. Que a atmosfera proporcionada por estes artistas do Abre Alas 2023 reforce esses bons ventos de retomada.”

“Com mais de 500 inscrições, vemos que a arte resiste mais uma vez, atenta, em vários Brasis. Agradecemos a todes inscrites e ao nosso trio mágico, feminino e plural, composto por Bruna Costa, Lia Letícia e Vivian Caccuri, que reuniu forças e construiu o enredo para esse desfile. Com os olhos bem abertos, amarrou em laços sutis o que hoje apresentamos a vocês. No Rio ou em Sampa, tá bonito de ver!”

 

Encruzilhada Gentil | Rua Gonçalves Ledo, 17 – Centro

Progamação de abertura:

DJ Galo Preto (@brunobalth) DJ Tata Ogan (@tataogan)

Performances de artistas selecionades do Abre Alas 18

Concurso de Fantasias Gentil valendo uma noite no Hotel Meu Cantinho

Como parte da programação do CIGA de Verão da ArtRio, em uma parceria entre A Gentil Carioca e o Solar dos Abacaxis, o Abre Alas 18 vai ter Cortejo com Reviravolta de Gaia do coletivo #florestadecristal e a Bateria Balança Mas Não Cai! A concentração aconteceu no Solar dos Abacaxis (Rua do Senado, 48), com saída para A Gentil Carioca (Rua Gonçalves Ledo, 17).

 

O evento teve apoio Beck’s

 

A GENTIL CARIOCA | RIO DE JANEIRO

Rua Gonçalves Lêdo, 11 e 17 sobrado – Centro

 

A GENTIL CARIOCA | SÃO PAULO

Travessa Dona Paula, 108, Higienópolis

A Natureza das Coisas

10/fev

 

Radicada em São Paulo desde 1998, a escultora cubana Alina Fonteneau já teve duas de suas obras expostas no jardim do Museu Brasileiro de Escultura. Feitas de fibra de vidro, às vezes, suas peças levam dois meses ou três meses para ficar prontas. “Inspiro-me na natureza”, explica a artista e complementa: “As cores vivas que utilizo são as das frutas e das flores.”

Agora o próximo passo de Aline Fonteneau obedece a curadoria do crítico Marcus Lontra Costa e entra em cartaz a partir de 11 de fevereiro com a exposição individual “A Natureza das Coisas” na Galeria Dila Oliveira, Jardim Paulista, São Paulo, SP.

Encontro de escultor e crítico

07/fev

 

A Mul.ti.plo Espaço Arte, Leblon, Rio de Janeiro, RJ,  promove no dia 14 de fevereiro um encontro entre o escultor José Resende, um dos maiores nomes da arte contemporânea brasileira, e o crítico e professor Ronaldo Brito, um dos mais respeitados pensadores do país. O bate-papo gira em torno da exposição “Rotação e translação”, que apresenta 14 obras inéditas em latão, mola latonada, cobre e cabo de aço de Resende. Ronaldo Brito, que possui uma parceria profissional de longa data com o artista, é quem assina o texto da mostra, que termina no dia 24 de fevereiro, na Mul.ti.plo.

A entrada é franca e o encontro acontece em 14 de fevereiro, uma terça-feira, às 18h30, como desdobramento da mostra na galeria.

Aos 77 anos de idade e com mais de 50 de uma sólida e exitosa carreira, José Resende está de volta à capital carioca depois de uma década. Em sua última exposição na cidade, em 2011, ele ocupou o saguão monumental do MAM. Dessa vez, o desafio foi criar obras que conversassem com o espaço da galeria no Leblon.

A exposição abre-se em dois tempos. No primeiro, estão obras maiores, que se desdobram delas mesmas, como uma experiência de multiplicação. São cinco esculturas de parede (de cerca de 260 x 80 x 40 cm) e duas de chão (de aproximadamente 45 x 42 x 115 cm), elaboradas a partir de tubos de latão articulados com cabo de aço. “Uma peça sai da outra, mas cada uma tem uma unidade diferente e uma relação de mobilidade com o espaço da galeria”, explica o artista. Em contraponto, estão seis esculturas menores, de cerca de 45 x 42 x 115 cm, que trabalham a questão da tensão e também do movimento a partir de hastes e molas.

O nome da exposição, “Rotação e translação”, partiu do texto crítico de Ronaldo Brito e se refere a uma frase do artista norte-americano Carl Andre. “Em resposta à perplexidade diante de suas peças literais, o escultor minimalista insistia que elas tinham, sim, base: a terra. José Resende pontuaria – a terra, em movimento de rotação e translação”, escreve Ronaldo, que também assinou o texto da exposição no MAM-RJ em 2011.

Conhecido por suas obras em grande escala, como a monumental instalação com vagões pendurados com cabo de aço, em São Paulo, em 2011, José Resende tem várias obras em locais públicos no Rio de Janeiro. Uma delas é a escultura apelidada de “O passante”, no Largo da Carioca, e “A Negona”, no corredor cultural do Centro. “José Resende é um criador de exceções. Sua poética, sempre renovada, traz uma potência que se revela a cada novo trabalho”, diz Maneco Müller, que comanda a Mul.ti.plo em parceria com Stella Ramos.

 

Sobre o artista

José Resende nasceu em São Paulo, SP, em 1945. Vive e trabalha em São Paulo, SP. Formado em Arquitetura pela Universidade Mackenzie, São Paulo, cursou gravura na FAAP. Em 1963 estudou com Wesley Duke Lee e, entre 1964 e 1967, foi estagiário no escritório do arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Em 1966, fundou com Nelson Leirner, Wesley Duke Lee, Geraldo de Barros, Carlos Fajardo e Frederico Nasser a Rex Gallery and Sons. Em 1967, ganha o Prêmio de Aquisição da 9ª Bienal de São Paulo. Em 1970, realiza exposição individual no MAM-RJ e no MAC-USP. No mesmo ano, funda com Carlos Fajardo, Frederico Nasser e Luís Baravelli o centro de experimentação artística Escola Brasil, onde lecionou por quatro anos. Em 1974, realiza exposição individual no MASP, São Paulo. Em 1980, recebe menção honrosa na representação do Brasil na 11ª Biennale de Paris. No mesmo ano, edita a publicação sobre arte “A Parte do Fogo” junto com um grupo de críticos e artistas. Em 1984, recebe bolsa da John Simon Guggenheim Memorial Foundation, residindo em NY até 1985. Em 1988, participa da 43ª Bienal de Veneza. Em 1992, Participa da Documenta 9, Kassel, Alemanha. José Resende desenvolveu ao longo de sua carreira uma atuação pungente dentro do debate da arte e da cultura no Brasil, sobretudo entre 1960 e 1980, época da Ditadura militar. A partir da década de 1990, desenvolve inúmeros projetos, permanentes e temporários, especialmente para espaços urbanos. Além de expor diversas vezes na Bienal Internacional de São Paulo (9ª, 17ª, 20ª e 24ª) e em importantes instituições nacionais e internacionais ao longo dos seus mais de 50 anos de carreira. Seus trabalhos figuram em importantes coleções públicas como o MoMA (Museum of Modern Art), Museu de Arte Moderna de São Paulo e Pinacoteca do Estado de São Paulo. Sua última exposição foi na Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, em dezembro de 2021.

 

Maxwell Alexandre em Madrid

06/fev

 

A Gentil Carioca tem o prazer de convidar a todes para “Novo Poder: passabilidade”, primeira exposição individual de Maxwell Alexandre na Espanha, no Centro Cultural La Casa Encendida, em Madrid. A mostra encontra-se em exibição desde o dia  02 de fevereiro.

Na série Novo Poder, o artista explora a ideia da comunidade preta dentro dos templos consagrados de contemplação da arte contemporânea: galerias, museus e fundações. Para isso, ele dá ênfase a 3 signos básicos: as cores preta, branca e parda. A cor preta atua como o corpo preto manifestado pela figuração de personagens; a cor branca representa o cubo branco espelhando o espaço expositivo assim como o conhecimento acadêmico; e a cor parda representa a obra de arte e também faz autorreferência ao próprio papel que é o suporte principal da série. Outros signos fazem um papel secundário, assim como o dourado, que muitas vezes aponta para a dignidade e eleva tudo ao campo do sagrado, do espiritual. Um outro signo que vem ganhando progressivamente importância dentro de Novo Poder é a Moda, que nesse contexto funciona em uma direção similar enquanto ferramenta de elevação da autoestima. Por consequência, o elemento da Moda se apresenta como uma espécie de desafio à ideia colonial de que sensibilidade e beleza são elementos que não pertencem a pessoas melanizadas.

 

Novo Poder: passabilidade

Na série Novo Poder, o artista Maxwell Alexandre explora a ideia da comunidade preta dentro dos templos consagrados de contemplação da arte contemporânea: galerias, museus e fundações. Para isso, ele dá ênfase a 3 signos básicos: as cores preta, branca e parda. A cor preta, atua como o corpo preto manifestado pela figuração de personagens; a cor branca representa o cubo branco espelhando o espaço expositivo assim como o conhecimento acadêmico; e a cor parda representa a obra de arte e também faz autorreferência ao próprio papel que é o suporte principal da série. Outros signos fazem um papel secundário, assim como o dourado, que muitas vezes apontam para a dignidade e eleva tudo ao campo do sagrado, do espiritual. Um outro signo que vem ganhando progressivamente importância dentro de Novo Poder é a Moda, que nesse contexto funciona em uma direção similar enquanto ferramenta de elevação da autoestima. Por consequência, o elemento da Moda se apresenta como uma espécie de desafio à ideia colonial de que sensibilidade e beleza são elementos que não pertencem a pessoas melanizadas.

Para compreender a totalidade da mensagem que Maxwell transmite nesta série, antes se faz necessário investigar a intenção de sua criatividade em “Pardo é Papel”, uma série que fala sobre um futuro especulativo de glória, vitória, farra, fartura, marra, vaidade e auto-estima para as comunidades negras. E se em Pardo é Papel a projeção da ascensão se dá através da ostentação de bens de consumo como carros, jóias e roupas de grife, em Novo Poder o artista busca a abundância intelectual e simbólica, o acesso à quintessência da produção material ocidental, a Arte. Sabemos que a Moda e a Arte são dois campos da cultura hegemônica ocidental que se consolidaram a partir da modernidade, cada um com suas especificidades, tendo como ponto comum a forte influência que ambos exercem na construção de distinções sociais. Tanto a Arte quanto a Moda atuam em um sistema complexo que legitima determinadas hierarquias, e ambos envolvem aspectos ligados ao desenvolvimento dos conceitos de beleza e valores estéticos. A Moda reforça os valores estabelecidos pela sociedade de consumo, e a Arte provoca esses valores, nos ensinando a sonhar com perspectivas mais críticas. Funcionando em suas instâncias específicas, por um lado a passarela e as revistas de moda; por outro, os museus e as galerias de arte, em alguns momentos, as produções destes dois diferentes campos se cruzam e, em outros casos, os limites são tênues. Sabemos que a Moda, na realidade ocidental, conduz as escolhas e as preferências das pessoas, indicando aquilo que devemos consumir, utilizar, ou fazer. Mas é importante observar que ela atua também como uma forma de manifestação de poder, prestígio e distinção cultural, para além do capital financeiro, sendo, assim como a arte contemporânea, detentora de um grande capital intelectual e simbólico. As roupas, as joias, os cabelos, as telas e as molduras servem como elementos estéticos que agregam valor e status a um corpo, esses símbolos também influenciam no cotidiano e isso acontece principalmente devido a dois fatores: o significado simbólico que eles representam e a experiência física de ostentar algo valoroso. Em outras palavras, um relógio não é apenas um acessório e vestir uma peça que gostamos e com a qual nos sentimos bem, assim como o ato de emoldurar uma obra, pode se traduzir em uma afirmação de poder.

A falta de interesse das periferias e favelas pela arte contemporânea, afirma Maxwell Alexandre, é um programa construído. Esse é um segmento de elite e também de distinção social mesmo entre os ricos. Para aqueles que têm iates, helicópteros, mansões e piscinas como bens corriqueiros, a arte torna-se uma referência para dizer quem é mais sofisticado. Dessa maneira, quem tem um quadro valioso na parede de casa e pode compreender o artista deu seu tempo, se destaca. Do mesmo modo acontece no meio da Moda, a sensação de entrar numa loja Louis Vuitton é parecida com a sensação de entrar no Louvre, ao ocupar esses espaços o sentimento de exclusão grita dentro do corpo negro, já para o corpo branco o sentimento geralmente é de pertencimento. O cruzamento da produção artística de Maxwell Alexandre com o universo da Moda, surge de uma construção que vem se desenvolvendo desde os tempos em que ele adentrou os corredores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Por ser aluno do curso de Design, Maxwell teve acesso aos laboratórios de Moda, onde pôde recolher o material necessário para suas experimentações: retalhos de papel pardo repletos de rascunhos e anotações que eram descartados nas aulas de modelagem. A partir da sua condição de estudante, ele tateou materiais descartados nesses espaços como uma alternativa para criar trabalhos, apesar da falta de recursos econômicos que existiam naquele momento. Ao se deparar com esse material, o artista alcançou pouco a pouco a intimidade necessária para germinar as primeiras pinturas que dariam origem à série “Pardo é Papel”.

Pintar personagens negros com atitude e posições de poder naqueles fragmentos de papel usados para construir roupas, foi uma interseção poderosa que Maxwell Alexandre encontrou para enfatizar a afirmação de que tanto a Arte quanto a Moda são sustentáculos que edificam a sociedade atual. Deste modo, ao relacionar os espaços expositivos da Arte e da Moda, o artista afirma que estes são celeiros de cultura que estão profundamente conectados a uma posição de poder, considerando que a instância superior do circuito da Moda é a passarela, e o da Arte é o museu. Espaços que precisam ser reivindicados por corpos pretos, já que ali a história é legitimada, pois são nesses lugares onde as narrativas e a construção de imagens são manipuladas. É neste sentido que a série Novo Poder propõe a transmutação da realidade, gerando imagens de pessoas melanizadas dentro das exposições de arte, caminhando com elegância, como “catwalks” pelas exposições.

Essa familiaridade, tratada pela primeira vez na exposição de La Casa Encendida, é fruto de um processo de assimilação e incorporação, ou mesmo entendimento e vivência, dos códigos de ambos os campos, que conferem a esses indivíduos confiança e auto estima. Essas florescem em um porte ou postura de tranquilidade e confiança; uma passabilidade, emanada de dentro pra fora. Quer dizer, uma caminhada que não é somente uma passagem efêmera pelo espaço, mas uma conquista de quem aprendeu a pertencer e usufruir destes lugares e do gozo estético com segurança e tranquilidade.

 

Texturas, entrelaçamentos e urdiduras

01/fev

 

A primeira coletiva de 2023 da Simões de Assis em São Paulo reflete sobre as possibilidades têxteis dentro da produção visual latino-americana.

“Tramas e Tecituras” reúne diversos artistas que, em suportes distintos e a partir de processos variados, exploram os caminhos da costura, do bordado, da apropriação, sobreposição e colagem têxtil, e de todas as histórias contadas a partir de fios, lenços, telas, panos, texturas, entrelaçamentos e urdiduras.

A mostra traz obras inéditas e recentes de André Azevedo, Elizabeth Jobim, Ernesto Neto, Mariana Palma, Martin Soto Climent, Mestre Didi, Yuli Yamagata, além de artefatos criados pelos artesãos haitianos Georges Valris e James Recule, que exploram a natureza narrativa das bandeiras e tapeçarias historicamente desvalorizadas pela produção contemporânea.

Exibição da coleção de Vera e Miguel Chaia

30/jan

 

A Arte 132 Galeria, Moema, São Paulo, SP, exibe exposição “Tridimensional: Entre o sagrado e o estético”, um recorte da coleção particular de Vera e Miguel Chaia, que reúne um conjunto de 46 obras. Entre telas, objetos e esculturas de 35 diferentes artistas brasileiros. A mostra apresenta desde nomes consagrados a jovens talentos do cenário artístico brasileiro. A curadoria é assinada por Miguel Chaia, Laura Rago e Gustavo Herz.

Dividida em dois pilares, o sagrado e o estético, Tridimensional mescla de forma não-linear os temas centrais. Supõe-se que cada artista ou obra se aproxima ora mais ora menos do sagrado ou do estético; em algumas obras, o sagrado pode ser mais explícito e, em outras, menos. O conceito de sagrado é aqui entendido no seu significado amplo de religioso, venerável, ritualístico, mítico, alquímico e metafísico – centrado nas questões do corpo e da sociabilidade, e aparece representado por cinco elementos – sangue, vinho, água, fogo e alimento. O estético é compreendido como a linguagem que, no desenvolvimento histórico da arte, em um processo autônomo e profano, opera revoluções nas formas de expressão, rompendo claramente vínculos com áreas externas à própria arte. O tridimensional aparece em restrito relacionado à forma das telas, objetos e esculturas – todas as obras apresentam três dimensões e/ou perspectivas de relevo.

 

Sobre o processo curatorial

Três questões nortearam as reflexões abordadas pelo conjunto de obras expostas: Será possível perceber na arte contemporânea vestígios do sagrado? O que pode haver em comum entre a arte e o sagrado? E, ainda, a arte contemporânea, ao ganhar autonomia, fortalecendo seu significado estritamente estético, abandona o mítico, a religiosidade e a religião na busca da revolução da linguagem?

Entre os destaques da exposição, aparecem Artur Lescher, Carmela Gross, José Resende, José Leonilson, Leda Catunda, Marcelo Cidade e Tunga.

A história da coleção de Vera e Miguel Chaia se confunde com a própria história da arte contemporânea brasileira. O casal começou a colecionar há 45 anos e, durante esse período, reuniu um acervo ímpar. Eles se conheceram em 1969, quando cursavam a Faculdade de Ciências Sociais da PUC-SP, e logo descobriram o amor em comum pelas artes, passando a visitar, juntos, exposições. Começaram adquirindo gravuras e nunca mais pararam. Assim surgia uma das mais importantes coleções de arte contemporânea brasileira. “Tridimensional – Entre o sagrado e o estético” será uma oportunidade para que os espectadores conheçam um recorte desse acervo.

Evento de encerramento: Recital de piano, em 11 de março, sábado, às 11h30.

Até 11 de março.

 

Paisagens naturais de Rebecca Sharp

 

A exposição “Terrestres”, individual de Rebecca Sharp, inaugurou a programação de 2023 da Sé Galeria, Vila Modernista, São Paulo, SP.

Em seu novo conjunto de obras, a artista substitui as paisagens metafísicas criadas dentro do ateliê por paisagens naturais. Desde 2019, Rebecca Sharp tem se dedicado à pintura pela observação ao ar livre.

Brasileira radicada nos Estados Unidos, suas obras têm elementos das Montanhas Rochosas nos arredores de Boulder, cidade em que vive, e também de Montana, Wyoming, Novo México, Havaí, além de cidades brasileiras como Ponta Negra e Ibiúna.

Em exibição até o dia 04 de março.

 

 

Formas botânicas fabuladas

27/jan

 

Thalita Hamaoui apresenta “Gaia: seu corpo, sua carne, seu sopro”, sua primeira exposição individual na Galeria Simões de Assis, Jardins,  São Paulo,  com curadoria de Priscyla Gomes. O conjunto inédito é formado por pinturas de média e grande escala, nas quais a artista desenvolve paisagens inventadas e imaginadas, descoladas de lugares reais ou espécies existentes. Ao contrário, Thalita Hamaoui extrapola os limites do cientificismo e do figurativismo, abdicando da observação ou da fidelidade representacional, em favor de imagens fantásticas, repletas de organicidade. As formas botânicas fabuladas e os espaços tomados por gestos pictóricos reverberam de um trabalho a outro, como se as figuras estivessem em constante metamorfose, contaminando todas as obras ao redor. As pinturas de Thalita Hamaoui são como exercícios constantes de fusão e distanciamento, pulsão e análise, ritmo e respiro, dando vida à magia do inesperado.

Até 25 de fevereiro.

 

Inéditos de Felipe Rezende

Em sua primeira exposição individual na Galeria Leme, Butantã, São Paulo, SP, Felipe Rezende apresenta sua produção mais recente, composta de pinturas à óleo sobre lona de caminhão e desenhos em nanquim e grafite, todos inéditos. Com curadoria de Tiago Sant’Ana, “O último buritizeiro” permanece em cartaz de 02 de fevereiro até 10 de março.

Neste conjunto de trabalhos, Felipe Rezende combina observações de seu cotidiano com elementos da cultura pop, como personagens de animes e quadrinhos, em prol da constituição de uma narrativa visual. Nas obras presentes na mostra, o artista amplia seus assuntos de interesse e passa a incorporar os debates sobre as questões ambientais e os fluxos migratórios para São Paulo.

Na obra que dá título à exposição,  o artista retrata no centro da composição Dona Ozelina e um buriti ao fundo. Ao redor dessa figura é possível notar uma colheitadeira, um balde e uma bacia cheios de frutos da planta, demonstrando duas formas distintas de colheita e plantio e um aviação agrícola expelindo agrotóxico. No topo esquerdo da composição um Koffing – personagem venenoso do anime Pokémon – veste um chapéu de cowboy.

Ozelina é moradora do quilombo Cacimbinha, no oeste baiano. A região vive um intenso conflito entre dois projetos antagônicos, de um lado os camponeses, geraizeiros e comunidades tradicionais, que vivem dos recursos hídricos abundantes da região, do cultivo do buriti e do conhecimento da biodiversidade do Cerrado e de outro o modelo do agronegócio, que hoje ocupa 150 mil hectares com plantio de soja, milho e algodão, de acordo com relatório da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM).

“Felipe desenvolveu uma maneira de criar a partir daquilo que ele observa e se relaciona no cotidiano, mas ele não para por aí, porque ele funde elementos dessa realidade tangível com outras figuras, que muitas vezes vem do universo do sonho, dos quadrinhos, da cultura pop. Ele utiliza esses elementos para fazer uma espécie de bricolagem, que vai justapondo diferentes elementos nessa atmosfera, que ele cria em prol da constituição de uma narrativa”, comenta o curador Tiago Sant’Ana.

A escolha da lona de caminhão como suporte para suas pinturas extrapola uma decisão exclusivamente matérica, contribuindo como uma metáfora do trânsito de pessoas, de elementos, de imagens de um lugar para o outro.

“Essas lonas viajam, deslizam nas estradas e carregam consigo uma sorte de desgastes do tempo, de marcas que ficam inscritas em suas fibras. Elas são uma estratégia, que o Felipe utiliza para tratar desses fluxos de migração, de finitude, de passagem do tempo”, acrescenta Tiago Sant’Ana.

 

Obras de Ivens Machado na Carpintaria

26/jan

 

“Tucci Russo, Torino, 1983″ apresenta pela primeira vez no Brasil, na Carpintaria, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, cinco esculturas de Ivens Machado que foram expostas originalmente na Galleria Tucci Russo, em Turim.

Tucci Russo foi um antológico marchand italiano dedicado a promover expoentes da Arte Povera, e as obras de Ivens Machado compartilham com o movimento a fusão da fatura manual com procedimentos industriais, a reabilitação de materiais da construção civil, e a reintrodução de uma fisiologia corporal e carga libidinal nos espaços de arte. Após a exposição na Tucci Russo, Ivens Machado expõe na Nouvelle Biennale de Paris a convite do crítico e curador italiano Achille Bonito Oliva.

As quatro esculturas de chão são como livros abertos de concreto sobre finas pernas de metal. As “páginas” são abas espessas que se abrem em três ou quatro facetas. Cada faceta exibe uma determinada consistência, estabelecendo um contraste tanto cromático quanto textural entre o concreto cru e aquele pigmentado com óxido em tons terrosos, avermelhados. As variações em dimensões, tratamentos e distribuições de informação sobre a escultura dá a cada uma um caráter específico, como se fossem criaturas de uma mesma matriz que ganham autonomia própria.

A única escultura de parede da presente exposição traz a primeira incorporação de Ivens Machado das telas de arame que se tornaram recorrentes em seu trabalho. A variedade cromática das esculturas de chão passa a uma paleta ascética de preto e cinza. O concreto e o óxido reaparecem como o material principal, mas a tela de arame de onde pendem pedaços de concreto dá à obra uma mobilidade e leveza contraditórias com o seu peso.

O uso que Machado fez de materiais da construção civil – a tela de arame, o aço, o concreto, fragmentos de azulejo e cacos de vidro – e o caráter estrutural-arquitetônico que as esculturas apresentam, aproxima a exposição de uma casa suspensa entre a construção e a demolição. À época, a crítica italiana Luciana Rogozinski descreveu os trabalhos como “flores da ruína”, expressão que encerra bem a coexistência sempre contraditória, frequentemente violenta, entre a fluência orgânica das formas de Ivens e o seu material bruto, os escombros de onde parte sua elaboração plástica.