Homenagem a Aldemir Martins

19/dez

 

Em cartaz na Choque Cultural, Jardim Paulista, São Paulo, SP, exposição “Aldemir em casa” reúne trabalhos do artista cearense, que completaria 100 anos em 2022.

Através da apresentação de esboços, cadernos de estudo, desenhos sobre papel e uma pintura-desenho em nanquim sobre tela, “Aldemir em casa” traz uma celebração do desenho de Aldemir Martins, que em 1956 recebeu o prêmio máximo da Bienal de Veneza e grande reconhecimento internacional. Em cartaz até 20 de janeiro, a mostra reúne obras que, em sua maioria, datam de 1948 a 1968, entre elas os primeiros esboços de gatos, um caderno da época em que o artista viveu em Roma, retratos de sua esposa, Cora, em casa, e uma parede com sete desenhos que perfazem uma linha cronológica da filha, Mariana Pabst Martins – que assina a curadoria da exposição.

“Através de uma escolha muito pessoal dos desenhos presentes nessa mostra, eu quis iluminar a personalidade  do trabalho do meu pai, expressa na precisão e fluidez do gesto, na intimidade com a pena e o pincel, no rigor do pensamento e no prazer do traço”, explica Mariana. Como o título sugere, “Aldemir em casa” aborda o fazer do artista num contexto de intimidade.

Afirma Mariana Pabst Martins que “…meu pai desenhava todos os dias, o tempo todo, no quarto ou na sala, conversando com amigos ou quieto no seu silêncio pessoal. A imagem dele desenhando vem acompanhada do barulho da pena riscando o papel e do cheiro de nanquim. O gesto elegante e fluido que resultava num traço longo e curvo convivia com a rispidez das hachuras rápidas tracejadas com vigor”.

Marina Pabst Martins procurou colocar lado a lado as nuances gestuais que pode observar cotidianamente com “Aldemir Martins em casa”. Assim, o núcleo principal da mostra traz o exercício do desenho nas mais diversas abordagens, seja em trabalhos de elaboração complexa e densas, seja de mínimos desenhos de pouquíssimos traços. “Não distingui esboços, rabiscos, estudos ou desenhos aparentemente mais bem acabados: para Aldemir não havia nenhuma hierarquia entre os desenhos feitos no papel que forrava a mesa de trabalho daqueles produzidos num papel 100% algodão ou num Schoeller martelado: ambos eram dignos de serem bem emoldurados e expostos”, ela explica.

 

 

Mul.ti.plo exibe José Resende

16/dez

 

“Rotação e Translação” traz esculturas inéditas de um dos nomes de maior destaque da arte contemporânea brasileira. É a primeira mostra do artista paulista no Rio de Janeiro após mais de uma década, quando expôs no MAM, em 2011. Com texto crítico de Ronaldo Brito, exposição vai até 24 de fevereiro de 2023, com obras que conversam com o espaço da galeria.

Aos 77 anos e com mais de 50 anos de uma sólida e exitosa carreira, o artista paulista volta a expor na capital carioca depois de uma década. Em sua última exposição na cidade, em 2011, ele ocupou o saguão monumental do MAM. Dessa vez, o desafio foi criar obras que conversassem com o espaço da galeria no Leblon. Assinando o texto da mostra está um dos mais relevantes pensadores do país, o crítico de arte e professor Ronaldo Brito, que também participou do projeto no MAM. Na Mul.ti.plo, José Resende apresenta 14 obras inéditas em materiais como latão, mola latonada, cobre e cabo de aço. A exposição de José Resende na Mul.ti.plo abre-se em dois tempos. No primeiro, estão obras maiores, que se desdobram delas mesmas, como numa experiência de multiplicação. São cinco esculturas de parede (de cerca de 260 x 80 x 40 cm) e duas de chão (de aproximadamente 45 x 42 x 115 cm), elaboradas a partir de tubos de latão articulados com cabo de aço. “Uma peça sai da outra, mas cada uma tem uma unidade diferente e uma relação de mobilidade com o espaço da galeria”, explica o artista. Em contraponto, estão seis esculturas menores, de cerca de 45 x 42 x 115 cm, que trabalham a questão da tensão e também do movimento a partir de hastes e molas.

O nome da exposição, “Rotação e translação”, partiu do texto crítico de Ronaldo Brito e se refere a uma frase do artista norte-americano Carl Andre. “Em resposta à perplexidade diante de suas peças literais, o escultor minimalista insistia que elas tinham, sim, base: a terra. José Resende pontuaria – a terra, em movimento de rotação e translação”, escreve Ronaldo, que também assinou o texto da exposição no MAM-RJ em 2011. Os dois têm uma parceria profissional de longa data.

Conhecido por suas obras em grande escala, como a monumental instalação com vagões pendurados com cabo de aço, em São Paulo, em 2011, José Resende tem várias obras em locais públicos do Rio. Uma delas é a escultura apelidada de “O passante”, no Largo da Carioca, e “A negona”, no corredor cultural do Centro. “O convite da Mul.ti.plo para expor novamente no Rio me deu muito prazer. Essa ausência de 11 anos estava para ser cortada. Eu estava me cobrando isso e achando que não cabia ficar tão ausente numa cidade onde fui sempre tão bem recebido e também tenho essa presença em espaços públicos que me envaidece muito”, diz o artista, que expõe pela primeira vez na galeria. “José Resende é um criador de exceções. Sua poética, sempre renovada, traz uma potência que se revela a cada novo trabalho”, diz Maneco Müller, que comanda a Mul.ti.plo em parceria com Stella Ramos.

 

Sobre o artista

José Resende nasce em São Paulo, 1945. Vive e trabalha em São Paulo, SP. Formado em arquitetura pela Universidade Mackenzie, São Paulo, cursa gravura na FAAP. Em 1963 estuda com Wesley Duke Lee e, entre 1964 e 1967, é estagiário no escritório do arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Em 1966, funda com Nelson Leirner, Wesley Duke Lee, Geraldo de Barros, Carlos Fajardo e Frederico Nasser a Rex Gallery and Sons. Em 1967, ganha o Prêmio de Aquisição da 9ª Bienal de São Paulo. Em 1970, realiza uma individual no MAM-RJ e no MAC-USP. No mesmo ano, funda com Carlos Fajardo, Frederico Nasser e Luís Baravelli o centro de experimentação artística Escola Brasil, onde leciona por quatro anos. Em 1974, realiza exposição individual no MASP, São Paulo. Em 1980, recebe menção honrosa na representação do Brasil na 11ª Biennale de Paris. No mesmo ano, edita a publicação sobre arte “A Parte do Fogo” junto com um grupo de críticos e artistas. Em 1984, recebe bolsa da John Simon Guggenheim Memorial Foundation, residindo em NY até 1985. Em 1988, participa da 43° Bienal de Veneza. Em 1992, Participa da Documenta 9, Kassel, Alemanha. José Resende desenvolveu ao longo de sua carreira uma atuação pungente dentro do debate da arte e da cultura no Brasil, sobretudo entre 1960 e 1980, época da ditadura militar. A partir da década de 1990, desenvolve inúmeros projetos, permanentes e temporários, especialmente para espaços urbanos. Além de expor diversas vezes na Bienal Internacional de São Paulo (9°, 17°, 20ª e 24ª) e em importantes instituições nacionais e internacionais ao longo dos seus mais de 50 anos de carreira. Seus trabalhos figuram em importantes coleções públicas como MoMA (Museum of Modern Art), Museu de Arte Moderna de São Paulo e Pinacoteca do Estado de São Paulo. Sua última exposição foi na Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS.

 

Aislan Pankararu – novo artista representado

14/dez

 

A Galatea tem o prazer de anunciar uma nova representação.

Aislan Pankararu nasceu em Petrolândia, em Pernambuco, no Brasil, em 1990. Originário do povo Pankararu, passou a sua infância na aldeia mãe Brejo dos Padres, no interior de Pernambuco, onde sua avó lhe transmitia as tradições dos seus ancestrais. Mais tarde, dirige-se à cidade para estudar, formando-se pela Faculdade de Medicina na Universidade de Brasília. Tendo o costume de desenhar quando criança, Aislan retoma a prática como autodidata no ano de 2019 e decide se dedicar à carreira artística.

O trabalho de Aislan Pankararu nasce da memória de suas origens e da necessidade de entrar em contato e expressar a sua ancestralidade. Produzindo desenho e pintura sobre papel Kraft e sobre tela, o artista se utiliza de elementos pictóricos tradicionais da pintura corporal de seu povo para elaborar os seus traços e figuras. Dotadas de movimento e constituídas pela mistura de tintas e cores, as obras de Aislan Pankararu evocam a riqueza visual e simbólica dos Pankararu a fim de ressaltar a sua luta e resistência.

Em 2020, em parceria com a comissão de Humanização do Hospital Universitário de Brasília (HUB), onde estudou, realizou sua primeira exposição Abá Pukuá (“Abá” significa “homem” em tupi-guarani e “Pukuá” significa céu em kaypó). Em 2021, inaugurou a mostra Yeposanóng no Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília. No mesmo ano, ilustrou os textos do projeto Teatro e povos indígenas, da n-1 edições; participou da Residência Kaaysá, sob a coordenação de Rodrigo Villela, em São Sebastião, São Paulo; e criou a ilustração utilizada como identidade visual do festival de música Indígenas.BR. Produziu as ilustrações do 1º Festival de Filmes Indígenas do Brasil, que aconteceu no Institute of Contemporary Arts, em Londres.

Em 2022, participou das coletivas NOW, no Museu Inimá de Paula, em Belo Horizonte; Um século de agora, no Itaú Cultural, em São Paulo; e O amanhã possível: história da arte em tempos de crises socioambientais, na Galeria de Artes do Instituto de Artes da Unicamp – GAIA, em Campinas, São Paulo. Seu trabalho está presente no acervo do Instituto Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais.

Daniel Lannes – novo artista representado

13/dez

 

A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, tem o prazer de anunciar a representação do artista Daniel Lannes.

 

Sobre o artista

Daniel Lannes (Niterói, RJ, 1981) vive e trabalha em São Paulo. O artista se formou em Comunicação Social pela PUC-Rio (2006), tendo mestrado em Linguagens Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2012). Pintando desde a sua infância, Lannes passou a se dedicar profissionalmente à produção artística em 2003, ano em que começou a cursar pintura com Chico Cunha e João Magalhães na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Na mesma instituição também foi aluno de Fernando Cocchiarale, Anna Bella Geiger, José Maria Dias da Cruz, Reynaldo Roels e Viviane Matesco.

A pintura de Daniel Lannes se debruça sobre o corpo físico, cultural e histórico, sendo a tríade sexo, poder e violência assunto fundamental para a sua poética. Transitando na fronteira entre o figurativo e o abstrato, suas composições podem trazer ora um nítido retrato de uma figura histórica, ora manchas difusas que sugerem um evento a ser completado pela nossa imaginação. Seu colorismo, fatura e composição, construídos através de pinceladas largas, constituem uma produção que demonstra apuro técnico e vigor experimental na mesma medida. Segundo Daniel Lannes, “…uma pintura bem sucedida é aquela na qual o acidente processual e a intenção narrativa intercalam-se na construção da imagem”. Revela-se, então, o leitmotiv de sua obra: narrar, não explicar.

Daniel Lannes foi ganhador do Prêmio Marcantonio Vilaça 2017/18, selecionado para a residência artística do programa LIA – Leipzig International Art Programme 2016/17, em Leipzig, na Alemanha; e para a residência Sommer Frische Kunst 2015, em Bad Gastein, na Áustria. Em 2013, foi indicado à 10ª edição do Programa de prêmios e Comissões da Cisneros-Fontanals Art Foundation (CIFO). Por duas vezes foi indicado ao Prêmio PIPA, em 2011 e 2013. Entre as suas principais exposições estão as individuais Jaula, Paço Imperial, Rio de Janeiro (2022); A Luz do Fogo, Magic Beans Gallery, Berlim (2017); República, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM Rio (2011); e as coletivas Contramemória, Theatro Municipal de São Paulo (2022); Male Nudes: a salon from 1800 to 2021, Mendes Wood DM, São Paulo (2021); Perspectives on contemporary Brazilian Art (2018); Art Berlin, Berlim; e Höhenrausch (2016), Eigen + Art Gallery, Berlim (2016). Suas obras fazem parte de diversas coleções privadas e públicas, entre elas: Instituto Inhotim, Brumadinho, Minas Gerais; Museu de Arte do Rio – MAR, Rio de Janeiro; Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM Rio; e Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Em maio de 2023, o artista abrirá a sua exposição individual na Galatea. Em breve, mais detalhes serão compartilhados. É, portanto, com muito entusiasmo que anunciamos Daniel Lannes entre os nossos artistas representados.

 

 

Mostra panorâmica

O Instituto Ling, Porto Alegre, RS, inaugura a exposição “Tomie Ohtake: seis décadas de pintura”. A mostra é uma parceria entre o Instituto Ling, Almeida & Dale Galeria de Arte e Studio Prestes. Até o dia 25 de fevereiro de 2023 – com curadoria de Cézar Prestes – , o público poderá conferir na mostra da galeria do centro cultural 12 obras a óleo e tinta acrílica sobre tela.

 

Sobre a artista

Japonesa naturalizada brasileira Tomie Ohtake (1913-2015), é reconhecida como um dos principais expoentes do abstracionismo no Brasil. Nascida em Kyoto, Japão, Tomie Ohtake chegou ao Brasil em 1936 e, impedida de voltar devido ao início da Guerra do Pacífico, acabou permanecendo no país. Começou a pintar com quase 40 anos, incentivada pelo artista japonês Keiya Sugano. Participou de 20 Bienais Internacionais, 120 exposições individuais e quase 40 mostras coletivas, entre o Brasil e o exterior, além de receber 28 prêmios. A abertura será nesta quarta-feira, 14 de dezembro, com um encontro com o curador para uma visita mediada, às 19h30min.

 

 

Inserções na Galeria Patrícia Costa

08/dez

 

Adriano Mangiavacchi completa mais de 40 anos de trajetória e exibe novas obras. Em 1982, o artista italiano Adriano Mangiavacchi fazia sua primeira individual no Parque Lage. Quatro décadas depois, ele apresenta obras recentes e inéditas na mostra “Inserções”, na Galeria Patrícia Costa, Copacabana, Av. Atlântica, 4.240/lojas 224 e 225 e no dia 17, na Casa de Petrópolis, na Serra Fluminense. Sob a curadoria de Claudia Saldanha, a exposição reúne mais de 18 trabalhos produzidos entre 2018 e 2022. Utilizando o processo de “seripintura” – termo concebido pelo artista que reúne as qualidades da pintura e da serigrafia -, ele produz telas de formatos diversos aglutinadas, como se fossem peças de outdoors, compondo uma única obra.

“Porque ‘Inserções’? Inserir é incluir! Inclusão de várias partes diferentes para criar uma união harmoniosa. Inserir é entrar, é pertencer, é entregar-se, é mergulhar, é aprofundar. Enfim, In-ser-ção é o ato de “ser” in!”, define o artista.

São inserções casuais, que resgatam paisagens com o colorido de amarelos, laranjas e verdes, presentes na natureza brasileira que Mangiavacchi tanto admira. As cores resultam da mistura de tintas acrílicas, depois numeradas, meticulosamente, para dar origem à sua própria paleta. Em alguns quadros, usa tintas iridescentes, resultando em reflexos metalizados.

“Adriano apropria-se da paisagem do Rio como alguém que conhece profundamente a cidade. Um observador assíduo, que de tanto testemunhar a vida de seus habitantes e a própria paisagem, acaba por apaixonar-se por seu objeto de desejo”, diz a curadora, Claudia Saldanha.

 

O fascínio que a arte urbana exerceu sobre Mangiavacchi

Aos sete anos de idade, Adriano Mangiavacchi já reproduzia a textura aveludada das flores com seus lápis de cor. Na década de 1970, vem para o Brasil e conhece Luiz Aquila, quando passa a frequentar o seu curso de pintura, em Petrópolis. Em 1980, Adriano assume de fato a vocação pela arte, ingressando no grupo de Paulo Garcez, com quem aprende a disciplina de trabalho, a procura da linguagem, a postura crítica. Retoma seu fascínio pela poesia urbana. Em 1986, véspera de eleições, documentou os restos de propagandas que cobriam os muros da cidade. A dramaticidade e espontaneidade dessas intervenções acabaram por influenciar uma fase marcante de sua carreira, em um momento de grande potencial pictórico. “A cidade é uma fonte de inspiração extraordinária”, afirma.

 

Até 14 de janeiro de 2023.

 

Visita guiada na Z42Arte

30/nov

 

Será realizada uma visita guiada às exposições “Nascer de terras”, de Amanda Coimbra, e “Esqueça de mim”, de Marcelo Albagli, na Z42Arte, Cosme Velho, Rio de Janeiro, RJ. No dia 03 de dezembro, sábado, às 16h, será realizada uma visita guiada com a curadora Fernanda Lopes e os artistas Amanda Coimbra e Marcelo Albagli nas exposições “Nascer de terras” e “Esqueça de mim”, em cartaz até o dia 17 de dezembro na Z42 Arte, no Cosme Velho. A visita é gratuita e aberta ao público. Com curadoria de Fernanda Lopes, as mostras ocupam todo o espaço expositivo do casarão no Cosme Velho com obras inéditas, que partem de fotografias de momentos históricos e de personalidades importantes da história para criar, através do desenho, poéticas distintas. “Independentes entre si, as exposições de Amanda e Marcelo revelam a pesquisa recente e inédita de dois jovens artistas que vivem e trabalham no Rio de Janeiro, e, vistas em conjunto, permitem a reflexão sobre questões atuais como o estatuto da imagem, a prática do desenho na arte contemporânea e a construção/invenção da memória”, diz a curadora Fernanda Lopes. As exposições têm o patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro através do Edital Retomada Cultural RJ2.

 

Serviço: curadora Fernanda Lopes, Marcelo Albagli e Amanda Coimbra, Z42 Arte

 

 

Publicação de Waltercio Caldas

29/nov

 

Material impresso faz parte da exposição “Livro Espelhos Consequências” em cartaz na galeria do Leblon até 02 de dezembro. Além de fotos dos trabalhos, a publicação inédita traz anotações do artista, surgidas no decorrer do processo de criação. Lançado pela Mul.ti.plo Espaço Arte, no Leblon, o material impresso faz parte da mostra “Livros Espelhos Consequências”. Além de fotos das 14 obras inéditas, a publicação traz anotações de Waltercio Caldas, retiradas de sua caderneta de trabalho. A publicação é gratuita e está disponível para todos que visitarem a exposição.

A exposição na Mul.ti.plo traz a assinatura poética do artista, de relacionar objetos que à sua visão pertencem à mesma família, entre eles os livros e os espelhos. As consequências ficam por conta da reverberação da mostra em outras atitudes, como na publicação, por exemplo. É a terceira vez que o artista expõe na galeria carioca – a primeira foi em 2012, com múltiplos; e a outra em 2017, com desenhos.

Waltercio Caldas trabalha a partir do conhecimento poético dos objetos e das coisas. Na mostra, ele chega a formas extremamente rigorosas e precisas, carregadas de sugestões impossíveis de serem traduzidas em outras linguagens. “A obra de arte entra em nossa vida de forma transversa, como algo que não conhecemos, inaugurando sua própria presença. Me interessa esse aparecimento, essa perplexidade inicial”, diz ele, que prioriza em sua prática artística a tridimensionalidade. “Por enfatizar novos aspectos da gravidade, do peso e das matérias, as obras surgem pondo entre parêntesis sua inserção no mundo”, afirma.

O reconhecimento da obra de Waltercio Caldas não encontra fronteiras. Sua arte é tanto poética quanto precisa. Segundo texto do crítico e professor Paulo Sérgio Duarte, “não existe arte contemporânea que não seja experimental. Sabemos disso desde Adorno e sua Teoria Estética. Mas existe algo em Waltercio Caldas além do experimentalismo: um ascetismo que não se confunde com aquele da Minimal Art. Trata-se de uma economia que não é avessa ao campo semântico, à polissemia dos significados. Isso estimula a experiência da obra”.

 

 

 

Artistas populares

17/nov

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A Galeria Jacques Ardies, Vila Mariana, São Paulo, SP,  fecha a agenda de 2022 com a “Coletiva de Arte Popular” que apresenta obras de 16 artistas brasileiros, e exibe um recorte da produção recente no campo da arte popular nacional, destacando temas da vida cotidiana, experiências pessoais, festas, paisagens campestres e urbanas, além da beleza da natureza.
Visto que a missão da galeria é incentivar a Arte Popular Brasileira, foram selecionados artistas contemporâneos para “um evento festivo para comemorar o fim do ano e apresentar os artistas vivos e pintando sem parar”, diz Jacques Ardies. “Esses artistas têm em comum a sutileza com que retratam os temas ligados à natureza e ao dia a dia. Usando as cores com habilidade, eles transmitem em cada um de seus quadros a alegria, o lirismo e o otimismo característicos do povo brasileiro”, explica o curador. São eles: Ana Denise, Ana Maria Dias, Barbara Rochlitz, Bebeth, Cristiano Sidoti, Edivaldo Barbosa, Edna de Araraquara, Enzo Ferrara, Francisco Sevetino, Helena Coelho, Isabel de Jesus, Lucia Buccini, Luiz Cassemiro, Mara Toledo, Sônia Furtado, Vanice Ayres.
A humanidade e a arte não podem funcionar um sem o outro. Temos o desejo ardente de criar com qualidade ações culturais. A arte popular é definida como a expressão representativa da cultura de um país. No Brasil encontramos vários artistas populares espalhados por todas as regiões do país. As obras do segmento são de altíssimo reconhecimento estético e artístico. Os artistas se inspiram em sua regionalidade, crenças, lendas e costumes típicos de sua cultura.
A cultura popular é a principal raiz dessa arte. Autodidata, o artista popular dedica seu tempo livre, sua folga do trabalho para criar sua arte. Se conseguir sucesso, ele acaba se profissionalizando e vivendo da sua arte. Seu papel é fundamental para o desenvolvimento intelectual, formação de opinião, inclusão social, educação e por fim, é a forma mais incrível de fazer com que as pessoas enxerguem o mundo mais civilizado. “Comemorando o fim do ano de 2022 com uma exposição coletiva dos melhores artistas ativos da nossa arte popular, temos trabalhos artísticos multifacetados que representam os variados costumes regionais do Brasil”, diz Jacques Ardies.
Até 22 de dezembro.

Variações técnicas de Ricardo Villa

 

Luciana Caravello Galeria SP, Itaim Bibi, São Paulo,  apresenta “Tudo está Acontecendo”, primeira exposição individual do multiartista paulistano Ricardo Villa na cidade, no Espaço GEMA, com 15 trabalhos com suportes plurais resultantes de uma pesquisa iniciada em 2006 onde o artista ‘busca compreender as implicações e determinações do capital na construção da realidade social’.

“O conjunto de trabalhos que será apresentado, procura demonstrar como a economia se estabeleceu como “ciência oficial”, onde a vida passa a ser tratada como uma questão numérica, descartando tudo fora do escopo do cálculo; ilustrando como a lógica neoliberal busca invadir todos os aspectos das relações sociais e reduzi-los a sua função econômica”, explica o artista. Para Marcio Harum, “em uma era de hegemonia das narrativas econômica, enquanto vai sendo constantemente reafirmada a construção de mundo, o artista Ricardo Villa reflete sobre a ideia de civilização, ao chamar a nossa atenção para outras possibilidades de organização das mentalidades em um planeta cada vez mais ciente de sua própria vulnerabilidade.”

“Tudo está Acontecendo” é o momento em que Ricardo Villa dedica-se a destacar a simultaneidade e determinação das metodologias econômico/sociais que constroem a experiencia social. As obras escolhidas, derivadas de uma pesquisa ativa a 16 anos e ainda em andamento, mantém a utilização do papel moeda dialogando com alguns trabalhos anteriores em concreto e tecido. Segundo o artista, “os trabalhos que produzo são muito variados em termos de técnica; trabalho com vídeo/animação, desenho, colagem, tecelagem, dobradura, tradução, fotografia, etc. A pesquisa/tema tende a variar na medida em que avança, compondo um mesmo campo de interesse.”

Para dar feitio às suas obras, no momento de sua concepção, Ricardo Villa “parte da necessidade de compreender o que determina nossas vidas, nossas convicções, pontos de vista sobre o mundo. O método para isso é viver e buscar estratégias de conversação e construção de afetos.”

“O pensamento por trás da pesquisa artística e o universo das relações do capital que afetam a vida e a produção de artistas no sistema de arte são a tônica deste trabalho.” Marcio Harum

 

Sobre o artista 

Ricardo Villa (São Paulo, 1982) – Vive e trabalha em São Paulo. Formado em Arte e Cultura fotográfica pelo Centro Universitário Senac (bolsista Prouni). Entre suas principais exposições estão: “Até Começar a parecer ordem” (individual), Luciana Caravello Arte Contemporânea (2017). “São Paulo não é uma cidade, Invenções do centro”, Sesc 24 de maio (2017); “ Modos de Ver o Brasil: Itaú Cultural 30 anos” (2017), OCA/SP; “Como Atravessar Paredes”, Prêmio CCBB Contemporâneo (individual) Centro Cultural Banco do Brasil/RJ (2016); ArtePará (2016); Encontro de Mundos, Museu de Arte do Rio/MAR (2015); “Falso Movimento” Luciana Caravello Arte Contemporânea (2014); “Vanitas” Central Galeria de Arte (2011); “Abre-Alas15”, A Gentil Carioca (2018) e residência Re:uso JACA Centro de Arte e Tecnologia BH/SA.

 

Até 17 de dezembro.