Nova mostra de Isabel Becker

14/jun

 

 

Encontra-se em exibição no Martha Pagy Escritório de Arte, Brasília, DF, a recente série de trabalhos da fotógrafa Isabel Becker. Inspirada no modernismo da arquitetura de Brasília, Isabel Becker inova nessas obras, dessa vez sem empregar o fugaz registro do momento do click instantâneo, que até hoje norteou seu trabalho, para se aventurar em fotografias estudadas, usando a luz e a sombra como tintas.

 

Partindo da luz mais dura, e suas sombras sobre as fachadas da capital, a artista recria desenhos dentro do desenho da obra monumental criada por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Os brise-soleils e os cobogós, recursos de ventilação muito usados nessas fachadas, se transformam em ilusões de ótica, bem ao gosto do Optical Art dos anos 70. A influência dos azulejos de Athos Bulcão aparece no formato quadrado dos quadros. Os fragmentos arquitetônicos que protagonizam o trabalho de Isabel Becker foram mapeados com a contribuição da arquiteta candanga Graziela Pires. Foram locais cuidadosamente escolhidos de maneira a transmitir o máximo da força e dos conceitos da arquitetura local. Com curadoria de Christiane Laclau da Artmotiv essa exposição marca um novo momento de Isabel Becker.

 

Sobre o espaço

 

Martha Pagy Escritório de Arte representa e agencia artistas de gerações e linguagens diversas, acompanhando o desenvolvimento de suas carreiras e produção para a inserção de seus trabalhos no mercado da arte contemporânea. Com a proposta de criar um espaço que permita ao espectador um contato mais exclusivo e intimista com a arte, Martha Pagy trouxe a galeria para sua casa, em 2013, apresentando as obras num ambiente e cenário propícios à fruição e à reflexão, e incentivando o colecionismo. De 2007 a 2012 dirigiu a galeria Largo das Artes, Centro Histórico do Rio, onde realizou exposições de arte contemporânea com nomes do Brasil e do exterior, e promoveu o lançamento de jovens talentos na cena artística brasileira. Foi uma das responsáveis pela formulação do perfil de atuação do Centro Cultural Banco do Brasil no Rio de Janeiro, na função de diretora de programação e patrimônio, desde sua inauguração, em 1989, até 2003.

 

Até 23 de agosto.

 

 

Obras inéditas de Antonio Asis no Brasil

13/jun

 

 

A Galeria Simões de Assis, em seu módulo de Curitiba, PR, apresenta uma seleta de obras do artista argentino Antonio Asis. A exposição obedece ao título geral de “Antonio Asis: Partículas Mentais – Obras de 1960 a 2019”.

 

Texto de Matthieu Poirier

 

Esta primeira exposição de Antonio Asis (Buenos Aires, 1932 – Paris, 2019) no Brasil reúne um conjunto de importantes obras de seu espólio. Ela pretende mostrar, ao longo de uma trajetória de quase 60 anos, a singularidade de um dos inventores e personagens essenciais da arte óptica e cinética. Durante a primeira metade dos anos 1950, Asis teve sua formação na Escuela de Bellas Artes de Buenos Aires – como seu compatriota Julio Le Parc – onde foi iniciado na arte geométrica do Construtivismo e da Bauhaus, bem como na lógica perceptiva da teoria da Gestalt por Héctor Cartier. Este também o introduziu à arte cinética, cuja aparição se deu na exposição “Le Mouvement” (O Movimento), em 1955, na Galeria Denise René em Paris, o que levou Asis a se estabelecer nessa capital em 1956, no coração de sua efervescência estética. Foi-lhe necessário reformar a abstração do pós-guerra, ainda tributária de valores e padrões de composição ultrapassados. Desse modo, ele explorou, durante certo tempo, o gesto circular “livre” e natural da mão, projeções luminosas e gráficas, mas também a geometria colorida de Albers. Isso o levou a criar, entre 1956 e 1960, um sistema estético singular, que excluiu peremptoriamente a pintura de cavalete. Afastou-se, assim, da aura da tela têxtil, esticada no chassis, privilegiando suportes deliberadamente modestos, como o papel, a cartolina ou, por vezes, a madeira, mais adaptados à elevada precisão do traço do compasso e do tira-linhas – privilégio de arquitetos e designers gráficos – assim como aos matizes lisos, planos e regulares da superfície pictórica. Asis usa as boas formas da Gestalt (o círculo e o quadrado) como ponto de partida. Traduz intuitivamente a concepção moderna da realidade micro e macroscópica como um continuum vibrante de partículas, um sfumato atmosférico. A energia dessas partículas pintadas, minúsculos elementos que formam a camada pictórica, desdobra-se não tanto no suporte inerte, mas na mente do espectador, nos recônditos de seu cérebro. A forma geométrica rigorosa, multiplicada e potencializada em uma miríade de signos, desintegra-se ali mesmo, in vivo, num fenômeno vibrante e instável. O conjunto da obra de Asis é, assim, constituído por séries contendo combinações matemáticas potencialmente infinitas, cada obra distinguindo-se por sua estrutura, ou seu “código”, absolutamente únicos, e pelos seus micro-acidentes pictóricos (transbordamentos, empastamentos, marcas do ateliê e outras rebarbas) detectáveis a olho nu. À luz da teoria da informação e da ciência cognitiva, sua linguagem reúne a frontalidade de Mondrian e as “grades ébrias” de Moholy-Nagy. Essa lógica da tremulação emerge em Asis de arranjos mais mecânico. Porém, como sempre, o diabo mora nos detalhes: é se aproximando de cada elemento, distinguindo os múltiplos pequenos acidentes e irregularidades no traçado dos contornos e na aplicação da cor com a ajuda de finíssimos pincéis, que a ação sempre manual do artista aparece. Essa recusa da expressividade (das paixões, que tradicionalmente se liga à policromia), bem como a adoção de uma combinatória que rege a forma, são então associadas à arte programmata, teorizada em 1962 por Umberto Eco, e encontram suas fontes em Jean Arp e Sophie Tauber-Arp. Até sua morte, em 2019, Asis aplicou esse método com excepcional constância, até formar o que aparenta ser – após cerca de sete décadas e com exceção de um punhado de múltiplos – uma imensa mandala budista: diagramas geométricos feitos por monges tibetanos com areia de várias cores diretamente no chão. Na era da serigrafia e da reprodutibilidade mecânica, então adotada por Vasarely ou mesmo Warhol, Asis optou, portanto, pela ação manual, apenas com leve emprego de ferramentas, e, assim, antimoderna. Porém, a história agora lhe dá razão: as primeiras produções dessa gigantesca e sistemática palheta de cores, já desde 1958, foram pintadas em rigorosos matizes lisos, planos, em quadrados ou discos. Elas prefiguram certos capítulos da pintura conceitual e pós-conceitual que viriam mais tarde: por um lado, as pinturas da série Farben de Gerhard Richter (a partir de 1972) e, por outro lado, as Spot Paintings de Damien Hirst (a partir de 1986). Considerando as mundanidades do mercado incompatíveis com a concentração monástica exigida pela sua arte, Asis exerce incansavelmente sua prática no refúgio de seu ateliê parisiense. A esse respeito, a atual organização de um catálogo raisonné, de um comitê científico e da reestruturação do seu espólio e dos seus arquivos, em articulação com várias instituições museológicas, convidam hoje a uma melhor compreensão de sua obra, da qual o próprio artista, com grande modéstia, mas também escaldado pelos anos de esquecimento que a arte cinética conheceu, não quis participar. O exame da obra, tanto na sua totalidade como no detalhe, leva-nos a pensar que a verdadeira singularidade de Asis foi mal compreendida: ele foi também um proponente da arte programada e um precursor da arte conceitual, na medida em que parte da sua prática foi tecida em paralelo à teoria da informação – que se tornaria a “informática”, na qual os dados digitais são exibidos no plano, em grade, de acordo com abcissas e ordenadas, a fim de serem mais bem integrados pelo sujeito. Da mesma forma, ele foi, como Bridget Riley ainda é, um defensor da policromia pictórica, um herdeiro das nuvens neoimpressionistas de Seurat, das teorias das cores de Chevreul e dos “contrastes simultâneos” de cores teorizados pelo casal Delaunay. Asis criou, simultaneamente, “pinturas” autênticas e fenômenos em si. Elas não têm a finalidade de ajudar a apreender melhor o objeto visto; ao contrário, ao recusar a percepção “plena”, jogam contra o olho e não a favor dele. Assim, os padrões de círculos concêntricos – alvos -, sozinhos ou às vezes dispostos em uma grade, abundantes na arte perceptiva de Asis, são tanto visuais quanto antivisuais. Em Interférences (Interferências), por exemplo, anéis concêntricos se sobrepõem como as ondas produzidas por gotas de chuva caindo em uma superfície de água. Mas não nos enganemos, de uma obra a outra, de uma nuvem a uma constelação, de um tabuleiro de xadrez a essa forma-chave aparentemente simples, composta de finos círculos coloridos e concêntricos, e que o artista realizou de 1968 até sua morte: foi o próprio olho que se tornou o alvo.

 

Até 23 de julho.

 

Novas formas geométricas de Michelle Rosset

10/jun

 

A BELIZARIO Galeria, Pinheiros, São Paulo, SP, exibe até 09 de julho a mostra “A Extensão do Hiato”, da artista plástica Michelle Rosset onde são exibidas séries de trabalhos inéditos criados durante o período da pandemia que abrangem suportes e técnicas diversas como colagens, fotografias e esculturas onde, “através da manipulação e dos movimentos destes materiais, observo as novas formas geométricas e trabalho nas possibilidades e arranjos possíveis entre elas”, explica a artista. O texto crítico é de Shannon Botelho e a curadoria de Orlando Lemos.

Durante o período de afastamento social a que todos foram submetidos, a artista começou a observar, com mais atenção, os objetos de sua casa e as novas formas que surgiam no espaço quando tocadas pelos raios de sol; as sombras projetadas nos espaços se transmutam em contornos estéticos oferecendo novas formas artísticas que possibilitavam novos significados. Mente inquieta, a artista começa a questionar as distâncias e o próprio espaço ação que vem a servir como base para o título da mostra – “A Extensão do Hiato” – já que, aos olhos de Michelle Rosset, “extensão” pode se referir à distância entre as pessoas enquanto “hiato” sugere separação. Isolada em seu processo de criação, a artista busca compreender fatores como o tempo, o lugar e as distâncias, criando pontes entre o local de confinamento, o lar feminino e o universo fragilizado; integrando o lar feminino ao mundo masculino através da utilização da trena de madeira, objeto característico do mundo masculino da construção civil. “Com um ponto de partida de apenas um objeto, procuro transformar através da dobra e do corte as múltiplas possibilidades de visualização”, diz a artista. O resultado da pesquisa gera obras com uma forte relação entre geometria e cor, onde a forma triangular dos reflexos da luz solar decompõe a luz branca em um espectro de cores.

Nas palavras de Shannon Botelho, “…a cor, como estrutura e instância do tempo, tornou-se a própria coesão da poética formulada por Michelle. Mas como falar da pujança das cores e não situar a sua função estrutural nas formas geométricas? Pois, há algo despontando na pesquisa da artista, que é a noção construtiva da cor que formula engates e áreas de jogo, onde as experiências visuais tecem seu sentido não narrativo, mas puramente abstrato”. Michelle Rosset faz com que o público busque por novas formas de comunicação onde o “falar” não seja necessariamente a principal. Através dos grafismos, a artista desconstrói as cifras de comunicação para redefinir um novo formato de fala! “A Extensão do Hiato” é, portanto, a face palpável de uma duração que se configura como resultado da experiência de Michelle Rosset, seu embate com a percepção do tempo – e do espaço – no ato criador”.  afirma Shannon Botelho.

Nova exposição de Tatiana Blass

 

A Galeria Milan, Pinheiros, São Paulo, SP, exibe de 11 de junho a 08 de julho trabalhos recentes de Tatiana Blass sob curadoria de Camila Bechelany.

Há um movimento dúbio de apagamento e revelação, de construção e desconstrução, de intervalo e continuidade na atual produção da artista Tatiana Blass que leva o espectador a duvidar do que realmente se passa diante de si mesmo. A reflexão da curadora e crítica Camila Bechelany sintetiza a nova exposição de Blass.

Em O fim continua (2022), nova instalação construída pela artista para o espaço da galeria, uma mangueira de ferro que se encontra no interior da Galeria Millan goteja água que, então, escorre pelo piso até o andar inferior da construção, atravessando a arquitetura e marcando o espaço com um rastro de ferrugem.

“O encontro com a obra de Tatiana Blass nos leva a um lugar de risco, onde a certeza nos escapa. Em uma perspectiva ampla, o trabalho mais recente da artista parece querer lidar com uma leitura e uma reflexão recorrentes a respeito do tempo, criando materialidades para um elemento ocultado, que aparece tanto em suas pinturas quanto nas obras tridimensionais”, escreve Bechelany no texto que acompanha a exposição.

A partir de um procedimento similar ao da instalação, Blass realizou um conjunto de esculturas intituladas Reviravolta (2022), criadas com mangueiras de borracha e de ferro entrelaçadas em formato de uma fita de Möbius. Trata-se de uma investigação sobre o espaço topológico infinito que atravessa a história da arte no Brasil desde a segunda metade do século XX. É uma alegoria da continuidade do fim que não diz respeito ao término, aniquilação ou encerramento, mas sim da reconfiguração formal e material de modos de existência no espaço e no tempo. Continuidade e fim, maleabilidade e rigidez, forma e conteúdo, são contrastes dissolvidos e espelhados em toda a exposição.

“A produção de Tatiana Blass é marcada pela prática constante da pintura e por um experimentalismo em torno da matéria. Seja a obra uma escultura, um objeto, uma instalação ou um vídeo, ela é sempre atravessada pela problematização pictórica – que evidencia questões de volume, enquadramento e encaixe – e pela presença da linha na composição”, pontua Bechelany.

Além das esculturas centrais, a exposição traz o que Blass descreve como  “três esculturas em ação” – obras feitas em cera e contendo elementos condutores de calor que paulatinamente deformam a figura esculpida – e três conjuntos inéditos de pintura: a série Os sentados (2022) e Os de pé (2022), inspiradas em fotografias de cenas de teatro; a série de pinturas Bagunça (2022); bem como Pintura que derrete (2022), realizadas com tinta e cera sobre metal que se desfaz lentamente a partir de um mecanismo de condução de calor ativado pela presença do espectador.

No decorrer do período expositivo, a Galeria vai lançar uma brochura com fotografias e poemas inéditos realizados pela artista durante os últimos dois anos. É uma publicação que reverbera as pesquisas poéticas de Tatiana Blass em torno do esgarçamento da linguagem visual e simbólica, e da continuidade do fim como produtor de modos de existência no espaço e no tempo. Como afirma a artista em trecho de O fim continua,  um dos poemas que compõem a publicação, “Nada se acaba, só muda de superfície”. Além da brochura, a Galeria Millan também vai lançar um catálogo da exposição com texto curatorial assinado por Camila Bechelany.

Nova exibição na Gomide&Co.

 

A exposição de obras de Niobe Xandó & Ernesto Neto entra em cartaz na Gomide&Co., Jardim Paulista, São Paulo, SP. Ernesto Neto comparece na abertura para uma conversa informal.

Sobre a exposição

“As composições de Neto e Xandó talvez se cruzem no lusco-fusco da floresta que os instiga: no caso de Neto, ora as formas da selva pendem em gotas tão leves e permeáveis quanto robustas e repletas de ingredientes simbólicos e ancestrais, conciliando queda e suspensão, duração e fragilidade; ora, sob a forma de utensílios inúteis, enfrentam o furor do tempo da produtividade e nos convidam ao repouso. No caso de Niobe, que afirmou que “a violência do mundo” lhe parece “um desafio”, as formas se apresentam como vultos inconstantes, desordenados, tão florais quanto carnívoros: flores híbridas que se consomem, se desafiam, se rebelam – confundem-se, enfim, no êxtase secreto da noite fecunda e caudalosa da mata”, comenta Julia de Souza para o ensaio crítico que acompanha a mostra.

Visitação até 30 de julho.

Esculturas e objetos de Rafael Bqueer

08/jun

 

Conhecida por trabalhos de performances, fotos e vídeos, a artista Rafael Bqueer criou, pela primeira vez, esculturas e objetos tridimensionais, que serão apresentados a partir do dia 11 de junho e até 17 de julho, na exposição “Boca que tudo come”, na C. Galeria, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ. Com curadoria de Paulete Lindacelva, serão apresentadas dez obras inéditas, criadas este ano, inspiradas no carnaval, mas que também se desdobram em temas que a artista já vinha trabalhando, como o universo Drag Themonia e a luta por questões raciais e de gênero. No dia da abertura, às 17h, será realizada uma visita guiada com a artista e a curadora.

“Meu trabalho percorre o universo das escolas de samba e da cultura drag. Estes novos trabalhos trazem esse universo da fantasia, dos adereços, da maquiagem. É como se eu tivesse tirado esses elementos do corpo, dando a eles uma nova forma”, diz Bqueer. “Sinto este trabalho como uma prática de desuniformizar, de criar também uma trama de propósitos, de refazer os tecidos da linguagem com nós”, acrescenta a curadora.

As obras são compostas por paetês, pedrarias e tecidos diversos, elementos que fizeram parte do carnaval de 2020 e foram doados pela escola de samba Grande Rio para a artista. “As alegorias exuberantes dos barracões são transportadas para a galeria como alegorias da própria língua e confirmam sua presença no trabalho como algo vasto de muita suntuosidade e de potencial transformador do material”, ressalta a curadora Paulete Lindacelva.

Muito ligada ao carnaval, Bqueer foi destaque da escola campeã deste ano, cujo tema foi Exu, que também inspirou a artista na criação das novas obras. “O desfile da Grande Rio deste ano foi uma das principais referências para a criação de vários trabalhos e também do título da exposição, em referência a Exu. Mastigar os universos e vomitar um novo projeto”, conta a artista, que começou sua história com o carnaval em Belém, onde trabalhou em diversos desfiles, incluindo o da Império de Samba Quem São Eles, uma das maiores agremiações paraenses, além de ter trabalhado em diversas escolas cariocas dos grupos D, B e A.

“É a gênese e uma boca com fome que não se sacia. Pela boca de Exu tudo passa. A fome de Exu não cessa, pois é pela sua boca que tudo acontece, conflui, compartilha. Na boca de Exu se instaura o mistério de todo acontecimento vivo. Engole para devolver de maneira ambívia! O que ultrapassa a ideia de antropofagia, pois é muito mais antigo e é na diferença que o mistério acontece”, ressalta a curadora.

Os trabalhos também abordam a questão do racismo, trazendo suas experiências com os desfiles das escolas de samba, arte drag e a cultura de massa das periferias para questionar os símbolos eurocêntricos de poder, bem como a ausência de narrativas afro-brasileiras e LGBTQIA+ na arte-educação e em instituições de arte. Paralelamente a seu trabalho como artista visual, Bqueer tem um trabalho como drag queen e é uma das fundadoras do coletivo paraense Themônias. O grupo, formado em 2014, reflete, já no nome, a estética distante do padrão das drags luxuosas e subverte o fato dos corpos LGBTQIA+ terem sido historicamente demonizados. “Isso tudo também está presente nesses novos trabalhos, a estética da monstruosidade, do exagero, do brega”, ressalta Rafael Bqueer, que foi selecionada pela Bolsa ZUM 2020, do Instituto Moreira Salles, com uma série de quatro curtas-metragens do projeto Themônias, que tratam da cena drag-themônia amazônica.

Sobre a artista

Rafael Bqueer nasceu em Belém, Pará, 1992. Vive e trabalha entre Rio de Janeiro e São Paulo, tem formação em Artes Visuais pela UFPA. Trabalha com múltiplas plataformas, como fotografia, vídeo e performance. Em seu trabalho, investiga o impacto do colonialismo e da globalização por meio de ícones da cultura de massa recontextualizando as complexidades sociais, raciais e políticas do Brasil. Participou de exposições nacionais e internacionais, destacando: “Against, Again: Art Under Attack in Brazil”, Nova York (2020), e a individual “UóHol”, no Museu de Arte do Rio (2020). Artista premiada na 8º Edição da Bolsa de fotografia da Revista ZUM – Instituto Moreira Salles (2020) e na 7º edição do Prêmio FOCO Art Rio (2019).  Participou da 6º edição do Prêmio EDP nas Artes do Instituto Tomie Ohtake (2018) e da 30ª edição do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo-CCSP (2020). Atualmente, além da exposição individual “Boca que tudo come”, na C. Galeria, a artista também participa das exposições coletivas “Crônicas Cariocas” e “Enciclopédia Negra”, no Museu de Arte do Rio (MAR), “Zil, Zil, Zil”, no Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica (RJ) e “Misturas”, no Galpão Bela Maré (RJ). Suas obras fazem parte das coleções do Museu de Arte do Rio (MAR), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) e Museu do Estado do Pará (MEP).

Sobre a Galeria

A C. Galeria é uma galeria de arte contemporânea que, através de novas ideias e formatos, contribui para uma nova forma de fazer e pensar o colecionismo da arte. Dirigida por Camila Tomé, a galeria surgiu em 2016 e está localizada no Jardim Botânico onde desde então apresenta um programa que auxilia e desenvolve nacional e internacionalmente a carreira de seus artistas representados. A C. Galeria propõe projetos plurais de arte contemporânea e abre espaço para discussões sobre ativismo, arte e vida sendo representante dos artistas Bruno Weilemann, Diego de Santos, Eloá Carvalho, Emerson Uýra, Laura Villarosa, Marcos Duarte, Maria Macedo, Paul Setúbal, Piti Tomé, Rafael Bqueer, Ruan D`Ornellas e Vítor Mizael.

Primeira individual européia

06/jun

 

 

O artista brasileiro Mundano exibe novas criações na Galeria Kogan Amaro, Zurich, de 11 de junho até  22 de outubro. Mundano é um artista e ativista cultural brasileiro cujas obras têm sido vistas tanto nas ruas como em museus e galerias. As obras em “Made in Brazil”, sua primeira exposição individual na Europa, parecem a princípio ser sedutoras e mordedoras. Uma série de pinturas retrata cenas de floresta nebulosa, enquanto várias esculturas aparecem, em inspeção próxima, para representar bifes de carne. Mas o verdadeiro tema destas obras altamente carregadas é tudo menos divertido: o corte claro e a queima de vastas faixas da floresta tropical amazônica, para criar terras de pastagem para gado cujas carcaças abatidas serão enviadas ao redor do mundo.

 

“Esta exposição é a prova de um crime”, diz o artista. “A população bovina do Brasil é mais do que sua população humana, e nós exportamos 80% da carne”.

 

Com energia incansável, Mundano dedicou-se a uma missão de vida de criar um legado ambiental e social com sua arte – uma missão que o levou, nos últimos quinze anos, a dar palestras, montar exposições e encenar intervenções em mais de quarenta cidades ao redor do mundo, incluindo o Brasil. Considerado pela Much-awarded na área de arte pública, direitos humanos, criatividade e inovação digital, Mundano é um TED Fellow e fundador da ONG Pimp My Carroça, que leva seu nome de um corpo de trabalho de Mundano iniciado em 2007, quando o artista começou a usar suas habilidades de pintura para embelezar os carrinhos de madeira e metal, cenouras, usados por catadores de lixo no Brasil para transportar lixo e recicláveis como os carrinhos usados por pessoas de rua em todo o mundo, mas raramente notados de forma comemorativa.

 

A arte e o ativismo de Mundano são construídos sobre uma grande tradição avançada por uma geração de artistas conceituais dos anos 80 e 90, cuja fúria sobre os males sociais os inspirou e os capacitou a fazer obras de arte revolucionárias. Hoje, o século XXI enfrenta uma crise ainda mais maciça – como abordar a própria saúde do Planeta Terra? – e uma nova geração de artistas está enfurecida e engajada. Essencial para o DNA da arte de Mundano é o engajamento comunitário, que promove a transmissão de conhecimento, insights, práticas e sabedoria para nossos semelhantes mortais. Qual deve ser nosso legado, pergunta Mundano através de seu trabalho, e como todos nós podemos praticar uma melhor administração de nosso amado mundo?

 

Simon Watson

 

Sobre o artista

 

Utilizando a arte para marcar seu posicionamento social, ambiental e político, o paulistano MUNDANO há mais de 15 anos exerce efetivamente o artivismo como ferramenta de transformação social. Defensor de causas ambientais e dos direitos humanos universais, fundou em 2012 a ONG Pimp My Carroça, e o aplicativo Cataki, ambos voltados para a conexão entre geradores de resíduos e os catadores de material reciclável. O resultado do seu trabalho abriu portas para replicar essas ações artivistas mundo afora – mais de 20 países visitados realizando murais, exposições, graffiti, palestras, parcerias e integrando programas globais como o TED Fellows. Nos últimos anos, vem desenvolvendo uma intensa pesquisa de materiais, coletando resíduos dos maiores crimes ambientais da história do país, criando assim seus próprios insumos a partir desses dejetos:   lama tóxica, cinzas das queimadas das florestas e óleo derramado nas praias do nordeste. Esses resíduos se transformam em obras de denúncia, seja por meio do graffiti, em esculturas, telas ou nas empenas de prédios. Sua última obra, com mais de 1000m2, homenageia os brigadistas das florestas que apagam os incêndios criminosos – em uma releitura da obra “O Lavrador de Café” de Cândido Portinari, Mundano usa cinzas das queimadas de 4 biomas brasileiros: Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Cerrado e Pantanal para criar essa gigantesca pintura como um símbolo contra o desmatamento ilegal.

 

Sobre o curador

 

Nascido no Canadá e criado entre a Inglaterra e os Estados Unidos, Simon Watson é um curador independente e educador artístico baseado em Nova York e São Paulo. Veterano de trinta e cinco anos no cenário cultural em três continentes, Watson concebeu a curadoria de mais de 300 exposições para galerias e museus e consultou programas de coleção de arte para inúmeros clientes institucionais e privados. Durante as últimas três décadas, Watson trabalhou com artistas emergentes e pouco conhecidos, trazendo-os à atenção de novos públicos. Sua área de especialização curatorial está identificando artistas visuais com potencial excepcional, muitos dos quais são agora reconhecidos internacionalmente na categoria blue-chip e são representados por algumas das galerias mais famosas e respeitadas do mundo.

 

 

Símbolos nacionais

 

 

No ano em que se comemora o bicentenário da Independência do Brasil, a Galeria Movimento, Gávea, Rio de Janeiro, RJ,  apresenta a partir do dia 09 de junho, das 18h às 21h, a exposição “Re-Utopya”, primeira grande individual do artista Hal Wildson, nascido em 1991 no Vale do Araguaia, região de fronteira entre Goiás e Mato Grosso, com obras em diferentes suportes que fazem uma revisão crítica da história de nosso país. Os trabalhos, recentes e inéditos, mostram as várias séries que compõem a pesquisa poética a que o artista se dedica, onde memória, esquecimento, identidade e a palavra são suas ferramentas para pensar em um futuro possível para o país, e para o povo brasileiro, “ainda em formação”. Símbolos nacionais, máquina de escrever, digitais, primeiros registros históricos do povo brasileiro são usados nas obras em exposição, que tem texto crítico do artista e curador Divino Sobral.

 

Atualmente morando em São Paulo, Hal Wildson é conhecido principalmente por seu trabalho com imagens criadas a partir de uma datilografia extrema, e sua obra “República da Desigualdade – Meritocracia seja Louvada” (2018-2020) foi vista em rede nacional na abertura do documentário especial “Mães do Brasil”, produzido pela Favela Filmes e KondZilla Filmes, com direção de  Kelly Castilho e John Oliveira, e exibida pela Globo em dezembro. Naquele trabalho, imagens de arquivos nacionais de trabalhadores brasileiros, fotografias autoriais e registros da infância do artista são plasmadas em notas de “zero real”.

 

Um vídeo poético, feito durante o processo de criação da obra “Singularidades” (2020/2022), viralizou, e alcançou a marca de mais de cinco milhões de visualizações no Instagram, sendo compartilhado também por artistas, como Vik Muniz.

 

Reinauguração e Exposição

03/jun

 

 

 

O Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN) reinaugura a exposição permanente do Museu Memorial Pretos Novos, Gamboa, Rio de Janeiro, RJ, sob a curadoria de Marco Antonio Teobaldo, no próximo dia 09 de junho, que foi construída sobre três eixos principais:

 

 

  1. Matriz Africana – na qual o visitante poderá compreender melhor sobre as diferentes civilizações africanas antes de serem escravizadas e suas contribuições para as ciências, tecnologias e artes.

 

  1. Mercado da escravidão no Brasil – foi traçado um percurso temporal desde a chegada dos primeiros grupos de escravizados, a brutalidade que eram submetidos e a constituição do Complexo do Valongo, no ápice do tráfico escravagista no Rio de Janeiro.

 

  1. A tentativa de apagamento da memória da escravidão na Pequena África, o descobrimento do sítio arqueológico pela família Guimarães dos Anjos e os seus desdobramentos.

 

O curador atenta que é preciso ampliar o campo de visão para uma abordagem mais realista e menos colonialista sobre a escravidão no Brasil. O sítio arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos é uma ferida aberta na sociedade e se apresenta como testemunho de um genocídio africano em terras brasileiras. Esta falta de entendimento histórico fomenta a manutenção de uma sociedade brasileira racista e violenta.

 

 

Novas escavações e laboratório de arqueologia interativo já têm data para começar

 

 

Cinco anos após a última escavação, a equipe de arqueologia do (PPGArq/Museu Nacional/UFRJ) volta a campo para realizar novas buscas. Sob o comando da professora Dra. Andrea Lessa, o início do trabalho está previsto para julho, exatamente no local destinado ao novo laboratório. Com uma proposta, até então, inédita, um dos principais objetivos é comparar os estudos já realizados nas escavações anteriores, com esta nova área que nunca foi tocada. ”Estou muito entusiasmada com essa nova etapa da pesquisa, uma vez que será escavada uma área diferente do cemitério, mais central. Assim, por um lado, será possível verificar se as informações inicialmente obtidas sobre a dinâmica de ocupação são válidas para todo o espaço; e ao mesmo tempo esperamos encontrar um número maior de estruturas funerárias intactas, o que será fundamental para ampliarmos o entendimento sobre as práticas funerárias e sobre os indivíduos ali enterrados”.

 

 

A dra. Andrea Lessa destaca ainda que esta pesquisa busca revelar um pouco mais sobre a vida e a morte dos cativos africanos, atores sociais protagonistas na formação social e cultural brasileira. ”Após tanto tempo de esquecimento, reconhecer o Cemitério dos Pretos Novos Novos como um importante patrimônio nacional e como um local sagrado para a população afrodescendente representa um resgate histórico obrigatório e um meio eficaz de preservação da nossa memória”, conclui a arqueóloga. Além das informações atualizadas levantadas a partir das pesquisas arqueológicas, o espaço expositivo terá um laboratório arqueológico que vai permitir ao público na galeria acompanhar de perto o trabalho dos profissionais, através de uma janela generosa.

 

 

Em 08 de janeiro de 1996, os Guimarães dos Anjos faziam uma descoberta que mudaria definitivamente o rumo de suas vidas e da história carioca quando, a partir da reforma de sua residência na Gamboa, foi encontrado o Sítio Arqueológico Cemitério dos Pretos Novos – logo no primeiro dia de obra durante uma manutenção na casa em que vivem até os dias de hoje. Desde a sua fundação, em 13 de maio de 2005, a família tem se mobilizado para preservar o sítio arqueológico e reverenciar a memória dos quase 60 mil corpos despejados naquele pequeno terreno. A presidente do IPN, Merced Guimarães dos Anjos revela que a resistência de sua família durante todos esses anos garante a continuidade das ações. ”O que, de fato, interessa é poder preservar este patrimônio e colaborar para que esta história não seja esquecida jamais”; reitera a diretora.

 

 

Programação dobrada com abertura da exposição ”Erva Santa”, do artista visual Geleia da Rocinha.

 

As obras da série “Alguidar” trazem o talento e olhar do artista, nascido e criado na favela da Rocinha, através de ervas sagradas utilizadas nos ritos das religiões de matriz africana para a galeria de arte contemporânea. O curador do IPN, Marco Antonio Teobaldo, destaca que desde sua fundação (em 2005) o espaço se transformou em um lugar de respeito à memória daqueles que por ali passaram, mas principalmente de resistência. ”A exposição “Erva Santa” marca a reabertura da galeria de arte contemporânea e se apresenta como um instrumento de divulgação dos saberes das religiões de matriz africana e também como inspiração para o combate ao racismo religioso, que vem crescendo nos últimos anos, sobretudo no estado do Rio de Janeiro” – acrescenta Marco Antonio Teobaldo.

 

Além do Museu Memorial e da Galeria de Arte Contemporânea, o IPN também conta com uma Biblioteca e um auditório constantemente ocupado com a programação de oficinas ao longo de todo o ano. Após quase dois anos de distanciamento social, o Museu já se encontra funcionando normalmente. As visitações gratuitas acontecem às terças-feiras das 10h às 16h. As pagas são de quarta à sexta das 10h às 16h e aos sábados  das 10h às 13h com ingressos a R$20,00 (inteira) e R$10,00 (meia entrada).

 

Sobre o IPN

Descoberta do sítio arqueológico.

 

O sítio arqueológico Cemitério dos Pretos Novos (1769 – 1830) é uma das principais provas materiais mais contundentes e incontestáveis encontradas até hoje sobre a barbárie ocorrida no período mais intenso do tráfico de seres humanos. Foram depositados neste cemitério os restos mortais de dezenas de milhares de africanos brutalmente retirados de sua terra natal e trazidos à força para o trabalho escravo. Apesar de ser considerado o maior cemitério de escravizados deste gênero nas Américas, o terreno destinado aos ”sepultamentos” é muito pequeno e ocupa ”apenas” quatro imóveis da Rua Pedro Ernesto. Os vestígios arqueológicos e históricos são provas da ação violenta e cruel sofrida pelos africanos que não resistiram aos maus tratos da captura e viagem transatlântica.

 

Fundação do IPN

 

Devido ao descaso das autoridades e morosidade na realização de pesquisas, a família Guimarães dos Anjos decidiu fundar o Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN), nove anos após a descoberta do sítio arqueológico, em 13 de maio de 2005. O IPN é uma organização não governamental, apartidária e sem fins lucrativos, que tem por missão pesquisar, estudar, investigar e preservar o patrimônio material e imaterial africano e afro-brasileiro, com ênfase ao sítio histórico e arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos, valorizando e salvaguardando parte da memória diaspórica e identidade cultural brasileira.

 

Texto: Priscila Bispo  Imagens: Alex Ferro

 

Expo Jóia II

02/jun

 

 

Agora com um propósito mais amplo e concreto, a Art Lab Gallery abriga “Expo Joias II”, – feira de joias autorais -, sob curadoria de Juliana Monaco, nos dias 04 e 05 de junho, à Rua Oscar Freire, 916,  Jardins, São Paulo, SP. A partir dessa edição, a “Expo Joia II”, além de propiciar uma oportunidade  aos criativos de estarem presentes em contato direto com o público, eles também vão poder utilizar o momento tanto como uma plataforma de inclusão social como inserção no mercado de trabalho. A parte relacionada à técnica e ao “fazer joia” pode ser ensinada em cursos e faculdades mas o contato com o público, com o real mercado, é muitas vezes dificultado pela falta de contatos e conhecimento das regras de funcionamento do mesmo.

 

A Art Lab Gallery surge como um facilitador para esse encontro e dinamiza esse primeiro contato, fomentando o trabalho complementar dos joalheiros artistas. 37 criativos, entre joalheiros, artistas plásticos e designers estarão presentes, apresentando diretamente ao público suas peças, com a oportunidade única de falarem sobre suas criações, inspirações bem como disponíveis a novas propostas de mercado.

 

Criativos

 

Alexandra Hardt, Andreia Nince, Boreale Joias, Casulo Escola de Joalheria, Cris Lezo, Danilo Ramos Funes, Elcio Maiani, Elisa Fracchiolla, Fernanda Delpizzo, Flávia Vidal, Graphis Escola de Desenho, Helio Kawakami, Inesita Pasche, Jacque Basso, Jú & Co., Juliana Xavier Joias, Kathy Naturaleza, labmobili, LECARLE JEWELS, Lena Emediato, Lisia Barbieri, Luciana Laborne, Magia da Prata, Maison Borogodó, Marcel Motta, Marla Designer, Nogh, Or Noir, Pedro Sérgio Chaves, Perséfone.lab, Plume Joias, Poemário, PYXIS Joias, Rafael Ilhescas – Joalheria Emocional, Sabrina Azoury, SK Design, Ville des Folies.