Cores vivas de Jan Kaláb

09/mai

 

 

No dia 14 de maio termina a exposição “Calor”, primeira individual do destacado artista tcheco Jan Kaláb, na Galeria Movimento, Gávea, Rio de Janeiro, RJ. A exposição já começa com a pintura na fachada da casa em que está a galeria, seguindo pelas escadas até o espaço interior. Jan Kaláb usou as cores vivas e os tons degradês de seu trabalho, ao fazer esta intervenção.   Para o curador Ulisses Carrilho, o trabalho de Kaláb, à luz dos acontecimentos mundiais recentes, sugere algo de “nuclear, bombástico, de energia, de onda de calor, onda térmica”. “E as formas também parecem celulares, microscópicas, como um zoom in”.

 

 

Depois de ser pioneiro no grafite na República Tcheca, e em seguida revolucionar a arte urbana naquele país, Jan Kaláb, nascido em Praga em 1978, ganhou o mundo com suas pinturas de cores vibrantes, em telas com formatos diversos montadas em chassis que ele mesmo constrói. Nos últimos dois anos expôs em Xangai, Miami, Bruxelas, Paris, Madri, Basel e Londres, e é muito ativo no circuito internacional de arte desde 2001. Adora o Brasil, em que esteve quando expôs nas coletivas “De Dentro e de Fora”, no MASP, em 2011, e na primeira Bienal de Grafite no MUBE, em São Paulo, em 2010.

 

 

Conversa com Xadalu

 

 

Seguindo a parceria com a Fundação Iberê Camargo, o artista visual Xadalu Tupã Jekupé e o curador de arte Cauê Alves se reúnem, aqui no Instituto Ling, Porto Alegre, RS, para conversar com o público sobre a exposição “Antes que se apague: territórios flutuantes”, que estará em cartaz na Fundação Iberê a partir do dia 14 de maio. A mostra aborda a questão do apagamento da cultura indígena na região oeste do Rio Grande do Sul, onde diversas etnias foram dizimadas. Restaram algumas poucas escritas em livros históricos. Das 19 obras, 14 foram produzidas para a exposição. A atividade é gratuita e acontece nesta quinta, às 19h, em formato híbrido, online pelos canais no Youtube de ambas as instituições e presencial no Instituto Ling. Com vagas limitadas no presencial, a distribuição de senhas iniciará uma hora antes da atividade.

 

 

Tiago Sant’Ana na Alban, Salvador

05/mai

 

 

O próximo cartaz da Alban Galeria, Ondina, Salvador, BH, será a exposição “Estrelas flamejantes em manhã de sol”, do artista visual Tiago Sant’Ana, com abertura no dia 12 de maio, às 19 horas. Essa é a primeira mostra do artista baiano na galeria e reúne mais de 20 obras inéditas, especialmente produzidas para a ocasião, dando destaque à linguagem da pintura. O ensaio crítico que acompanha a exposição tem autoria de Marcelo Campos, curador-chefe do MAR – Museu de Arte do Rio e professor da UERJ. O título da exposição é inspirado num texto da década de 1960 do escritor americano James Baldwin, no qual ele tece uma comparação entre a mobilidade social do homem negro da diáspora e elementos celestes. Tendo esse ponto de partida, Tiago Sant’Ana traça uma metáfora em que céu, lua, luz e sombra dão visualidade a um conjunto de trabalhos onde a masculinidade negra assume uma posição central.

 

 

O conjunto principal de pinturas – em acrílica sobre tela e aquarela sobre papel – trazem uma associação do sol com uma posição de poder e da lua como uma alegoria para pensar em ciclos de vida e amadurecimento. Essa imagem se torna proeminente em trabalhos como “Sete luas”, em que, com olhar distante, como um sonhador, um homem é circundado pelo satélite natural da Terra em diferentes fases.

 

 

“Nesta exposição, eu criei uma série de imagens de poder. Seja um poder pelo dado energético dos próprios astros que figuram nas telas, seja porque esses homens retratados possuem uma complexidade e uma posição altiva frente à audiência. Eles têm um rosto nítido apresentado, possuem tensão e particularidades”, comenta o artista, cuja pintura é sua linguagem artística de pesquisa mais recente.

 

 

Na obra de mais de 2 metros de altura e que dá título à mostra, Tiago Sant’Ana traz um homem vestido com um terno à frente de um céu dramatizado por meio de cortinas. O personagem carrega na mão uma máscara de ouro e possui os pés descalços sob um chão de ladrilhos. A obra remete a uma tradição renascentista dos chamados “retratos de corpo inteiro”, no entanto, trazendo uma pessoa negra – que não era retratada numa posição de centralidade de maneira digna até muito recentemente na História da Arte ocidental. É torcendo esses sentidos e imagéticas, preenchendo brechas na representação ou mesmo torcendo o sentido dela, que a mostra do artista baiano toma corpo. A exposição faz parte do projeto artístico desenvolvido por Tiago Sant’Ana ao longo da sua carreira de trabalhar em intersecção com a história e com a memória. Neste caso específico, ao eternizar pessoas próximas e do seu círculo de amizades, o artista constrói uma espécie de pinacoteca afetiva, tornando esses rostos eternizados dentro da História da Arte.

 

 

Sobre o artista

 

 

Tiago Sant’Ana tem alcançado destaque nacional e internacional, ganhando prêmios como o Soros Arts Fellowship da Open Society Foundation e a Bolsa ZUM do Instituto Moreira Salles. Recentemente, suas obras passaram a integrar o acervo do Denver Art Museum, nos Estados Unidos, e do MASP, em São Paulo. Atualmente, o artista está em cartaz em diversas exposições, como “The silence of tired tongues”, na Framer Framed, em Amsterdam, e “Encruzilhada”, no Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador. Tiago Sant`Ana já participou de uma série de exposições no Brasil e em países como Estados Unidos, Holanda e Reino Unido, a exemplo de “Enciclopédia negra” (2021), na Pinacoteca de São Paulo, “Rua!” (2020) e “O Rio dos Navegantes” (2019), no Museu de Arte do Rio, “Histórias afro-atlânticas” (2018), no MASP e Instituto Tomie Ohtake, “Axé Bahia: The power of art in an afro-brazilian metropolis” (2017), no The Fowler Museum, “Negros indícios” (2017), na Caixa Cultural São Paulo e “Reply All” (2016), na Grosvenor Gallery UK. Suas obras também fazem parte de acervos como o da Pinacoteca de São Paulo, Museu de Arte do Rio e Museu de Arte Moderna da Bahia.

 

 

A exposição é uma realização da Alban Galeria que, com 30 anos dedicados à arte brasileira, realiza um programa expositivo anual com cerca de cinco mostras, promovendo e exibindo a produção artística de nomes consagrados e emergentes do cenário nacional, de diferentes gerações, práticas e regiões do país.

 

 

De 13 de maio até 01 de julho.

 

 

 

Trabalhos inéditos de Betina Abramovitz

04/mai

 

 

 

Entre os dias 05 e 28 de maio Betina Abramovitz apresenta obras inéditas na Rezende Galeria, que sempre abre espaço à exposições temporárias. As obras comparam as surpresas do nosso cotidiano a imprecisão da água na tela e retrata a beleza e a força das árvores, chamando a atenção para a importância da conscientização ambiental coletiva.
Betina Abramovitz sempre foi uma apaixonada por aquarelas, principalmente para retratar o que mais a encanta, a natureza e a água. Aliada à paixão pela aquarela está o interesse pelas árvores. Admiradora de Burle Marx, a artista vem, cada vez mais, estudando sobre o tema. Suas obras já foram expostas, além de em mostras no Rio de Janeiro, como na Hípica, nos Estados Unidos, mais precisamente na Flórida, na 18 edição do Palm Beach Show. Ela foi a mais jovem artista brasileira representada pela Saphira & Ventura Gallery. “Sua desenvoltura é ímpar e espontânea, e ela trabalha a difícil técnica da aquarela com sensibilidade, e mescla a poesia de suas cores, ora vibrantes, ora suaves, revelando habilidade e elegância”, define Saphira, sócio-fundadora e curadora da galeria. Seus trabalhos também foram expostos na Collab Miami Boutique Design Show, ambas em 2021. Quem também elogiou a trajetória de Abramovitz foi o Professor João Cândido Portinari, “Linda obra, sensível, delicadas tonalidades e transparências de verdes, nesta difícil técnica que é a aquarela. Parabéns à jovem artista”, completa.
Na mostra “Raízes da floresta”, Betina expressa sua ligação, desde muito jovem, com espaços ao ar livre e a conexão com os mais diferentes tipos de árvores. Ela conta que sempre morou, e ainda mora, próxima à natureza e isso colabora muito para o seu processo criativo e referências. Além disso, as constantes idas ao sítio da família fazem parte do interesse em retratar as paisagens através das cores e traços em suas aquarelas, uma mídia literalmente fluida, pois a água trabalha com o imprevisível. Ela diz que não apenas o que ela vê, mas os sons das matas que escuta também são inseridos em seus trabalhos. “Gosto de poder utilizar as cores para transmitir calor, frio, vento, emoção e sons”, conta ela. Betina ainda faz questão de mencionar que essa ligação, principalmente com as árvores, tem a ver com a admiração que ela tem pela avó materna, que sempre foi uma fortaleza para todos os membros da família. Uma mulher de coragem, forte e inspiradora. Graduada em design de produto pela PUC-Rio em 2019, Betina vem traçando a sua história na arte e também passou um semestre cursando design gráfico na Parsons The New School for Design, em Nova Iorque. Um de seus objetivos é fazer com que o público dê uma atenção maior às aquarelas, muitas vezes não valorizadas como deveriam. A artista de 28 anos pretende, através desta nova mostra, expor ao público a maravilha da imprecisão da vida através de suas aquarelas, além de atentar para a beleza da natureza  e a vontade e necessidade de preservar. Betina traz a importância de uma conscientização ambiental cada vez maior e conta que vem procurando utilizar materiais mais recicláveis, como pintar em folhas de bananeira, entre outras ideias. “A aquarela não é uma técnica considerada fácil, devido à imprecisão do movimento da água, assim como a vida. Mas não podemos deixar de admirar a beleza dela”, diz Betina.

Livro de Afonso Tostes na Mul.ti.plo

02/mai

 

 

Afonso Tostes lança o primeiro livro sobre sua obra, na Galeria Mul.ti.plo, Leblon, Rio de Janeiro, RJ. “Entre a cidade e a natureza” revê a trajetória do artista a partir de imagens de sua obra e relatos sobre o processo de trabalho, desde o início de sua produção até os dias de hoje.

 

Lançamento ocorre no dia 03 de maio, às 18h, em meio à exposição “As coisas que ainda existem”, onde ele apresenta trabalhos inéditos em carvão.

 

Editado pela Cobogó, “Entre a cidade e a natureza” revê a trajetória do artista a partir de imagens de suas obras e relatos sobre o seu processo de trabalho, desde o início de sua produção até os dias de hoje.

 

Sobre o organizador

 

Daniel Rangel é mestre e doutorando em Poéticas Visuais da Escola de Comunicações e Artes da USP, graduado em comunicação social em Salvador, Bahia. Foi diretor-artístico e curador do Instituto de Cultura Contemporânea (ICCo) em São Paulo, diretor de Museus do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, da Secretaria de Cultura do Governo do Estado e atuou como assessor de direção do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA). Desenvolveu projetos curatoriais para a 8ª Bienal de Curitiba, Brasil (2015), a 16ª Bienal de Cerveira, Portugal (2013) e a 2ª Trienal de Luanda, Angola (2010). Realizou ainda curadorias de mostras individuais de importantes artistas brasileiros, como Tunga, Waltercio Caldas, José Resende, Ana Maria Tavares, Carlito Carvalhosa, Eder Santos, Marcos Chaves, Marcelo Silveira, Rodrigo Braga e Arnaldo Antunes, e com este último recebeu, pela mostra “Palavra em Movimento”, o prêmio APCA 2015, de Melhor Exposição de Artes Gráfica.

 

Sobre o artista

 

Afonso Tostes nasceu em 1965, em Belo Horizonte. No final dos anos 1980, mudou-se para o Rio e iniciou os estudos na Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Laje, onde foi aluno de Daniel Senise, Charles Watson, entre outros. Começou sua trajetória com a investigação de formas orgânicas, inicialmente tendo como suporte a pintura e, mais tarde, voltando-se para a escultura. Sua primeira individual foi feita em 1996, no Centro Cultural São Paulo, onde mostrou suas pinturas. Em 2000, expôs telas de grandes dimensões no Paço Imperial, no Rio. Foi em 2001 que mostrou suas esculturas, na galeria carioca Paulo Fernandes. Desde então, mostra os desdobramentos de sua pesquisa escultórica em exposições como a Bienal do Mercosul (2005), a individual Baque Virado (MAM-RJ, 2011), entre outras. Atualmente vive e trabalha em São Paulo.

 

 

 

 

 

Eu sabia que era desejo

 

 

Exposição no Edifício Vera, Rua Álvares Penteado, 87,  Centro, 1º andar, São Paulo, SP. Com curadoria de Núria Vieira, a coletiva atualiza narrativas surrealistas a partir dos desenhos de Louise Bourgeois. Nos desenhos, pinturas, esculturas e instalações, os artistas materializam o sentimento por combinações entre símbolos, objetos e faturas que evocam o desejo no mais amplo sentido. São páginas de caderno, livros, escritos e manifestações de frases, que aparecem como citações que partem inicialmente dos desenhos de Louise Bourgeois. A exposição pretende abordar a atividade surrealista dialogando com intimidade e até, em um nível de pessoalidade com o desejo. São combinações potentes traduzidas em conjuntos de delicados desenhos, posicionados por ímãs contra a parede, em contraste com móveis antigos, pesados, que carregam história de casas e famílias, como herança, combinados à poesia visual, frases e leituras disponíveis para acesso imediato. Do lado de fora, para dentro da exposição.

 

 

Funcionamento normal: quinta e sexta, das 13h às 17h; sábados, das 11h às 17h

De 07 de maio até 03 de junho.

 

Exposição e livro de Bandeira de Mello

 

 

A Galeria Evando Carneiro Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, convida para o lançamento do livro de Marcelo Silveira, “Bandeira de Mello: a arte de uma vida entre séculos”, e exposição de desenhos do artista no dia 07 de maio, sábado, das 17 às 19h.

 

Expo Joia

28/abr

 

 

A joia autoral pela perspectiva artística

 

 

Art Lab Gallery, de Juliana Monaco, oferece aos artistas e criativos uma nova vertente de apresentação de seus trabalhos ao público com o início do projeto “Expo Joia”. Em sua edição de estreia, o evento que promove o encontro entre a arte contemporânea e a joalheria autoral, conta com 45 participantes, entre artistas e coletivos, e oferece uma conversa sobre esse universo com as sócias da Casulo Escola de Joalheria: Marilia Arruda Botelho e Maria Regina Mazza.

 

 

Uma joia feita por um artista mantém os atributos de uma obra de arte por ser uma criação autoral, com design e propriedades únicas e, em sua maioria, feitas à mão. Muito próxima de serem consideradas como “Wearable art” – “a arte que pode ser vestida”, também conhecida como “Artwear” ou “arte para vestir”, o termo se refere frequentemente a peças de roupas feitas à mão ou jóias projetadas individualmente, criadas como arte fina ou expressiva, que são desenvolvidas em ouro, prata, metais nobres, bronze, cobre, e suportes diversos como a madeira, porcelana, tecidos, e gemas

 

 

A curadoria de Juliana Monaco não propôs demarcações ou atrelamentos a temas, mas limitou as peças a obras autorais: design e criação de joias brasileiras. Convidados a fazer parte em intersecção com os materiais e formas utilizadas pelas jóias feitas à mão, o escultor Emanuel Nunes, de Moçambique e artista representado pela Art Lab Gallery, exibe suas mais recentes criações em metais diversos. A mineira Regina Misk apresenta um gigante colar de parede, feito à mão, em elos de crochê e madeira e Lena Emediato sócia e criativa do Estúdio Leh, traz delicadas instalações de parede que utilizam madeira, e cristais em sua composição.

 

 

Casulo Escola de Joalheria

 

 

A Casulo, de Marilia Arruda Botelho de Albuquerque e Maria Regina Mazza, foi criada pensando na construção da identidade e do pertencimento através da joia ou do adorno. Adornar-se! Enfeitar-se! Desde os primórdios, as jóias e os adornos demonstram sinais de status cultural, social ou religiosos através de amuletos de proteção. A concepção de uma peça, desde a sua criação, está relacionada ao ato explícito da beleza, transformação de materiais que acompanha a evolução da humanidade, contando a história através das joias. A Casulo, escola de joalheria, acredita na transformação, através do ensinamento, da criatividade e da construção.

 

 

Artistas: As Joias da Rainha, AKLEINDESIGN, Alex Gopa, ALL Design, Aparecida Macena, Carla Abras, Carolina Orfaly, EKSI | Ateliê, Elisa Galvão, Flavia Vidal, Helio Kawakami, Inesita Pasche, Ivone Carmen Joias, Jacque Basso, Jane Costa Biojoias, Joias de Rudá, Juliana Slama, Juliana Xavier Joias, JUOLI, labmobili, LECARLE JEWELS, Lena Emediato, Levess Joias by Elisabeth Vessoni, Lisia Barbieri, Lu Gerodetti , Marcel Motta , Maria Regina Mazza, Marilia Arruda Botelho, NEK, Noliver Maison, O Religare – Uma preciosa terapia, Ourivesaria Rio Preto, Ouro Preto Bellas Jóias, Ouroboros Arts by Fernanda Grizzo, Plume Jóias, PYXIS Joias, Raquel de Queiroz Joias, Regina Misk, Sabrina Azoury, Sádhana Jóias, Silvana Imbelloni Vaquero, SK Design, Somma8, Yonne Designer, Zus Studio, Juliana Monaco, escultor Emanuel Nunes, Regina Misk, Lena Emediato, Estúdio Leh.

 

 

Dias 29, 30 de abril e 01 de maio.

Horário evento: sexta-feira, sábado e domingo, das 11 às 19h

Conversa com a Casulo – dia 29 de abril, sexta-feira, às 18h30

Local: Art Lab Gallery/Rua Oscar Freire, 916 – Jardins, São Paulo, SP.

 

 

 

Formas cerâmicas de Rodrigo Torres

 

 

A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeito, RJ, apresenta a exposição individual “Livro de Quartzo”, por Rodrigo Torres. A mostra convida a ver de perto uma expansão não apenas técnica, mas também conceitual do corpo de obras que revelam um estado convulsivo e catártico de sua criação. Rodrigo Torres tensiona a dimensão “decorativa” das cerâmicas, exibindo esculturas que evocam formas diversas, nos permitindo, ainda, experienciar suas insuspeitadas potencialidades sonoras e musicais. Feitas de fogo, água, ar e terra, uma a uma, e juntas em um desconcertantemente belo coletivo de seres enigmáticos, parecem não temer a nada nem ninguém.

 

 

“Certa noite, após um estrondo desavisado, acordou atônito em meio a um sonho fragmentado, despedaçado em cacos pelo chão de seu ateliê. Limpou seus olhos – em busca de ver o mundo como se o mirasse pela primeira vez, novamente, quem sabe – e mirou o ambiente ao seu redor.

 

 

Não era o apocalipse per se, tampouco se tratava de uma tragédia anunciada.

 

 

Havia fogo e barro, argila em brasa, pedaços robustos de cerâmica espalhados por todo o chão, como que estendido feito um tapete vermelho a encaminhá-lo para um novo mundo”.

 

 

Trecho do texto “O artista, um arqueólogo do futuro”, 2022 por Victor Gorgulho

Até 30 de julho.

 

 

As possibilidades da argila

27/abr

 

 

 

Sob a titulação de “poros e acúmulos”, entra em cartaz a exposição individual de Carla Santana no Aquário, espaço frontal da Carpintaria, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, dedicado a introduzir novas vozes do circuito. A mostra reúne um conjunto de obras inéditas que reforça o interesse da artista carioca pela argila e suas possibilidades. A partir da mistura do barro com pigmentos naturais extraídos da terra, Carla Santana produz uma massa aquosa que ela deposita sobre o papel e trabalha por meio de um processo de subtração e acúmulo, criando um surpreendente vocabulário morfológico.

 

 

“A minha relação com a argila tem uma dimensão de materializar o imaterial. O barro é uma máscara de expurgação de dores internas, uma via para criar uma narrativa sobre o meu corpo”, explica a artista. O papel se transforma em pele sobre o qual ela cria texturas que se assemelham a poros, a veias e a vísceras, uma lupa sobre corpos – humanos e animais – tingidos de tons de mostarda, terracota, branco e preto, com inserções pontuais de azul.

 

 

Formada em teatro, tendo trabalhado nas companhias Terraço Artes Integradas e Mundé, Carla Santana adentra o universo artístico a partir do palco, refletindo acerca da dimensão narrativa do corpo. Referenciando essa fase formativa, ela esgarça a experiência sensorial e faz do elemento tátil peça primordial de sua prática. No início de sua trajetória depositou a argila sobre o próprio corpo; depois, adentrou ao processo de modelagem e escultura, para chegar a uma dimensão instalativa do material e então desmanchá-lo até transformá-lo em tinta. A foto-performance em preto e branco que integra a exposição sintetiza seu trabalho: um corpo imerso de cabeça na argila. “Eu preciso do acúmulo para subtrair e criar uma imagem, a foto também é sobre o acúmulo, uma montanha de argila. Da terra viemos, para a terra voltaremos”, conclui.

 

 

Sobre a artista

 

 

Carla Santana nasceu em São Gonçalo, Rio de Janeiro, 1995. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Dentre suas exposições destacam-se: Vou ao redor de mim, Centro Cultural Paschoal Carlos Magno (Niterói, Brasil, 2019); Submersiva – Ato 1, Auroras (São Paulo, Brasil, 2021); Crônicas cariocas, MAR – Museu de Arte do Rio (Rio de Janeiro, Brasil, 2021); Engraved into the Body, Tanya Bonakdar Gallery (New York, USA, 2021); Escrito no corpo, Carpintaria (Rio de Janeiro, Brasil, 2020) e Sob a Potência da Presença, Museu da República (Rio de Janeiro, Brasil, 2019).

 

 

Até 18 de junho.