Carlos Mélo na Galeria Kogan Amaro

16/ago

 

 

O artista multimídia Carlos Mélo reflete sobre o Nordeste em exposição inédita na Galeria Kogan Amaro. Obras em diferentes suportes utilizam-se de jogos de imagens e palavras para desmontar o estereótipo da região brasileira. As flexões semânticas são características marcantes no trabalho processual de Carlos Mélo. É a partir delas que o artista articula e ativa determinados assuntos, como a questão do lugar, especificamente o Agreste e o Nordeste, locais investigados pelo artista na exposição “Transes, rituais e substâncias”, cartaz da Galeria Kogan Amaro, Jardim Paulistano, São Paulo, SP.

 

 

Pinturas, fotografias, esculturas, desenhos e painel de neon são alguns dos suportes do conjunto de 16 obras inéditas exibidas na mostra. Em comum, elas buscam desfazer a ideia de nordeste, construindo um novo campo simbólico. “Todo meu trabalho artístico em torno das questões do nordeste tem como objetivo desmontar o estereótipo do Nordeste como o lugar com determinada comida, um sotaque determinado e com o chão rachado. A minha perspectiva é de uma região contemporânea, industrial e tecnológica, aonde as questões se dão a partir de uma realidade que não depende necessariamente da localização geográfica, mas sim de um campo simbólico.”, explica o artista.

 

 

Três esculturas têxtis da série “Overlock”, apontam para a forte produção da indústria de jeans no Agreste do Pernambuco. As obras são produzidas com diversos tecidos produzidos artesanalmente por uma cooperativa de costureiras que utilizam resíduos de fabricas de confecções. As esculturas criam uma forte referência às golas do maracatu, a mantos cerimoniais, e trazem uma reflexão em torno da modelagem e customização (paetês e spikes) das confecções de jeans na indústria no interior do estado.

 

 

Durante o período em que se aprofundava sobre a indústria têxtil, Carlos constatou o número crescente de motos com a finalidade de transporte de mercadoria, tanto no agreste, como no interior do Brasil, além do grande número de motoboys na cidade devido à pandemia. O resultado é a escultura com capacetes “Cascos”, produzidas com resíduos de capacetes em desuso pelos motoboys de Itu onde o artista residiu e coletou em cooperação com a Associação de Motoboys da cidade.

 

A série “Abismos” apresenta três autorretratos que carregam referências ao Nordeste. Em um deles, a figura com cabeça de carranca, cria uma forte relação com as mitologias do Rio São Francisco e seus projetos de transposição representado com a cabeça de uma carranca, em outro desenho o homem parece flutuar coberto de ossos bovinos carregando entres as mãos um ramalhete de flores, e a terceira imagem traz um corpo barroco onde é possível notar um conjunto de ossos, capacete e flores sobre parte do corpo vestido com uma calça jeans.

 

 

Uma série de fotografias e um backlight, advindos de uma performance de longa duração compõem a série “Sapukaia” (ave que grita ou galinha, no vocabulário tupi). Nela, o artista aparece vestido com um paletó em meio a uma paisagem com galinhas vivas sobre o seu corpo. “Os meus trabalhos artísticos ocorrem a partir do ritual e do transe. Eles surgem a partir da ativação deste lugar, deste território. No caso, este trabalho ativa novos campos simbolistas em meio ao impacto cultural e ambiental causado pela presença das indústrias na região.”, pontua Carlos Mélo.

 

 

Texto curatorial

 

 

Carlos Melo é uma invenção de si mesmo. Artista, humanista, escritor e poeta. Pernambucano, estudioso, de fala branda. Carlos é uma fera! Conquistou prêmios, bolsas e reconhecimentos públicos. Seu trabalho fala com as vísceras. Essa exposição revela uma parte da sua obra. Desenhos, pinturas, fotografias, esculturas, vídeos e performance. Tudo para nos fazer sentir o gosto da sua terra. Carlos incorpora mitos e tradições religiosas em sua poética visual. Retomando ritos e costumes dos povos originários. Carlos é um pesquisador e desbravador da nossa língua. Expandindo significados e interpretações. Carlos Melo é um artista completo. Dos pés a cabeça. Seu legado é uma esfinge. Tenho muito orgulho e admiração pelo seu trabalho e pela nossa amizade.

 

 

Marcos Amaro – julho de 2021

 

 

Sobre o artista

 

Riacho das Almas, Pernambuco – Brasil, 1969.
Carlos Mélo é um artista plástico brasileiro, nascido em Permanbuco, uma região formada por uma cultura complexa vista por várias nações africanas, algumas tribos indígenas e europeias de origem Moura. Seus trabalhos passam por vídeo, fotografia, desenhos, instalação, escultura e performance, em uma investigação do lugar que o corpo ocupa no mundo. Através de anagramas e ações de performance, o artista aborda imagens e palavras praticando o contorcionismo semântico. Busca convergir o corpo em situações de interação com o ambiente e imagens conceituais que sugerem que seja definido de forma relacional, operando simultaneamente um resgate de aspectos da formação cultural brasileira. Para Suely Rolnik, “a obra de Carlos demarca um território, ou melhor, o estabelece. Como nos animais, isso é feito por meio de dispositivos sempre ritualizados, que são, sobretudo, ritmos. No entanto, diferentemente dos animais. Aqui, o ritual e seu ritmo mudam constantemente; são inventados a cada vez, dependendo do ambiente em que são feitos e do campo problemático que procuram enfrentar, para isso o artista se instala na imanência do mundo, aos pés do real vivo, apenas apreensível pelo carinho.”

 

 

Idealizou e realizou a 1ª Bienal do Barro do Brasil, Caruaru (2014). Participou de exposições coletivas como a 3ª Bienal da Bahia, Salvador (2014); No Krannert Art Museum, Universidade de Illinois, Champaign, EUA. (2013); No Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife (2010 e 1999); No Itaú Cultural, São Paulo (2008, 2005, 2002 e 1999); Entre outras. Exposições individuais foram realizadas na Galeria 3 + 1, Lisboa, Portugal (2010); No Paço das Artes, São Paulo (2004); E na Fundação Joaquim Nabuco (Recife, Brasil, 2000). Foi vencedor do Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça de Artes Plásticas (2006). Vive e trabalha em Recife.

 

 

Arte andina

13/ago

 

 

A exibição de “Nosso Norte é o Sul” tem como ponto de partida peças têxteis produzidas pelas culturas Inca, Huari e Nazca, na região dos Andes – que hoje abrange os territórios do Equador, Peru, Bolívia e Chile – relacionando-as à experimentação de formas geométricas das vanguardas do século XX e por diversos artistas contemporâneos na América Latina. São têxteis andinos, além de cerca de 30 artistas, que exploram a relação entre arte e ofício, apresentando um panorama da arte em nosso continente desde o período pré-colombiano até os dias de hoje. A coletiva apresenta textos críticos de Paul Hughes e Tiago Mesquita, e acontece de 21 de agosto a 23 de outubro de 2021, na galeria Bergamin & Gomide, localizada à Rua Oscar Freire, Jardins, São Paulo.

 

 

Na Casa Flávio de Carvalho

 

A mostra “Maria Lira Marques: Obras recentes”, com texto crítico do curador Rodrigo Moura, apresenta pinturas em que a artista utiliza o barro como matéria prima, criando um imaginário próprio da fauna e flora sertaneja; o resultado são obras que se destacam pela textura orgânica, cuja paleta de cores remete às técnicas desenvolvidas ao longo de gerações no Vale do Jequitinhonha, local onde nasceu e vive até hoje. A exposição acontece de 21 de agosto a 23 de outubro, na Casa Flávio de Carvalho, Alameda Ministro Rocha Azevedo, 1052, Jardins, São Paulo, SP.

 

Coletiva de Arte naïf

11/ago

 

A Galeria BASE, São Paulo, SP, abre a exposição “Eles já estavam aqui”, com curadoria de Paulo Azeco e coordenação artística de Daniel Maranhão, exibindo, aproximadamente, 50 obras. Os trabalhos apresentados possuem um pluralismo de cores e formas, composições e olhares de artistas nativos dos mais distintos cenários brasileiros. “Sem nos atermos às discussões de nomenclaturas da Arte “dita” popular, como ingênua, espontânea, naïf ou não erudita, nos apraz apresentar um conjunto potente, extenso e, sobretudo, plural”, explica Daniel Maranhão.

 

 

Os artistas selecionados

 

 

“são indivíduos cuja criatividade espelha um viver assumido, onde a imaginação reintegra e reinventa os objetos do existir. (…..) O fazer artístico, como processo vital ligado a condição humana, encontra nos artistas dessa exposição seus canais amplificadores, onde a partir da sabedoria e das experiências herdadas, transcendem o ato do simples fazer alcançando o “Sonho”, como na frase de Ferreira Gullar (‘a arte existe porque a realidade não basta… O que eu quero é sonho’)”, define o curador.

 

Foram reunidas obras importantes, entre pinturas e esculturas, de nomes como Agnaldo dos Santos, Artur Pereira, Conceição dos Bruges, Chico da Silva, GTO, José Antônio da Silva, José Bezerra, Lorenzato, Maria Auxiliadora, Mestre Guarany, Mestre Nuca, Mirian, Nino, Nhô Caboclo, Poteiro, Ranchinho, Véio, acrescido de Rubem Valentim, que representam o que há de maior destaque.

 

 

Como um presente adicional ao público, a mostra apresenta um recorte de uma valiosa coleção particular, resultante de décadas de aquisições feitas sob o olhar apurado de seu proprietário, cujo projeto é criar um museu para receber o conjunto completo. Possivelmente, essa será uma das últimas oportunidades de se admirar essas obras antes que elas sejam alocadas no novo espaço.

 

 

Em relação aos artistas da mostra

 

 

“São subversores inconscientes de um padrão tanto de processo quanto de criação e por isso sua potência merece ser vista e pensada como força motriz essencial para a formação de uma identidade cultural verdadeiramente Brasileira”, conclui Paulo Azeco.

 

A Galeria BASE cumpre todos os protocolos sanitários determinados pelas autoridades competentes referentes a COVID 19.

 

 

Até 18 de Setembro.

 

 

Gabriel Chaim na Zipper Galeria

09/ago

 

 

 

Neste momento, não podemos fazer uma exposição romântica”. Com esta frase o curador Marcello Dantas definiu a tonalidade da segunda mostra individual de Gabriel Chaim, “Devolvo Ouro”, cartaz da Zipper Galeria, Jardim América, São Paulo, SP.

 

 

A exposição reúne fotografias produzidas pelo artista na Terra Indígena Yanomami, na fronteira entre os estados de Roraima e Amazonas, regiões de Surucucu e Palimiu. Gabriel Chaim acompanhou durante dois meses a ação do Exército e da Polícia Federal contra o garimpo ilegal naquele lugar. Lá, as condições geológicas justificam a presença do ouro. Já o garimpo ilegal e os sistemáticos ataques aos povos Yanomami são justificados por omissões políticas, em curso há décadas.

 

 

Por isso, o lastro para precificação dos trabalhos presentes na exposição é o grama do ouro. A mostra destinará os recursos arrecadados com a comercialização das obras ao Conselho distrital de saúde indígena yanomami e Ye’kuana.

 

 

“O povo Yanomami vem sendo recentemente massacrado por uma sucessão de eventos originados pelo garimpo ilegal em suas terras. Essa exposição do fotógrafo Gabriel Chaim aborda as recentes condições e imagens capturadas naquele território. Diante da sequência de injustiças e ilegalidades que contornam o comércio do ouro ilegal no Brasil, estamos propondo uma nova situação onde as coisas devem ser devolvidas ao seu lugar de direito”, afirma o curador Marcello Dantas.

 

 

Reconhecido pelas investigações visuais em áreas de conflito, crise e outras situações extremas, o artista Gabriel Chaim especializou-se na cobertura de guerra e confrontos por território. Desde 2013, cobre conflitos no Oriente Médio, o que deu origem à sua primeira exposição individual na Zipper Galeria: “Filhos da Guerra: o custo humanitário de um conflito ignorado” (2015). Agora, a galeria encampou o primeiro projeto do artista realizado dentro do Brasil.

 

 

“Infelizmente, as políticas atuais têm encorajado as organizações criminosas que atuam na Amazônia. É urgente o combate ao garimpo ilegal, a redução da impunidade e a proteção dos direitos dos povos indígenas e outros defensores da floresta”, afirma Anna Livia Arida, diretora adjunta da Human Rights Watch.

 

 

Até 28 de agosto.

 

 

 

A Gentil Carioca em São Paulo

 

No ano em que completa 18 anos, A Gentil Carioca expande suas atividades para São Paulo e inaugurou seu novo espaço expositivo numa charmosa vila localizada na Travessa Dona Paula, 108, Higienópolis.

 

 

A galeria chega na capital paulista com a coletiva Bum bum Paticundum Prugurundum, com Aleta Valente, Ana Linnemann, Arjan Martins, Cabelo, Ernesto Neto, Jarbas Lopes, João Modé, José Bento, Laura Lima, Marcela Cantuária, Maria Laet, Maria Nepomuceno, Maxwell Alexandre, OPAVIVARÁ!, Renata Lucas, Rodrigo Torres e Vivian Caccuri.

 

 

Bum bum Paticumbum Prugurundum é no corpo/espírito, no balanço, no equilíbrio. As obras dispostas no espaço de exposição entram numa rítmica temperança, distraem-se no espaço, sem um logos analítico, levadas na subjetividade do som do tambor que o título traz. Bum bum, a subjetividade dos sons, pa ti cum, o ritmo no entendimento do corpo/coração que bate tum tum, cum bum… gera temperança, ou excitação, acalma, serena, levanta, trabalha a alma, cura, repensa prugurundum.

 

“Bum bum Paticumbum Prugurundum

O nosso samba minha gente é isso aí, é isso aí” – Bum Bum Paticundum Prugurundum – Beto Sem Braço e Aluízio Machado

A exposição acontece no espaço físico da galeria com visitação de 10 de agosto a 09 de outubro.

 

Agende sua visita pelo email sampa@agentilcarioca.com.br
De terça à sexta, das 10h às 19h e sábado das 10h às 18h.

 

 

Sergio Augusto Porto na Central

02/ago

 

 


A próxima exposição na Central Galeria, Vila Buarque, São Paulo, SP, abrirá no sábado, dia 07 de agosto. Com curadoria de Diego Matos, “De dentro para fora, da experiência à imagem” é a primeira exposição de Sergio Augusto Porto em São Paulo e, de certa forma, é uma retomada na carreira do artista, pioneiro da arte brasileira nos anos 1970 e que tem no currículo participações de destaque em grandes exposições como a 37ª Bienal de Veneza (1976), a 12ª Bienal Internacional de São Paulo (1973) e o 7 Panorama da Arte Atual Brasileira (1975).

Até 25 de setembro.

A arte entre o sagrado e o profano

19/jul

 

 

A Galeria Evandro Carneiro Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, realiza a exposição “A arte entre o sagrado e o profano”, de 24 de julho a 31 de agosto. A curadoria é de Evandro Carneiro.

 

 

 Ao todo serão exibidas em torno de 140 obras, dentre pinturas e esculturas. Os artistas são diversos, da arte sacra à africana e chinesa, passando pela Escola de Potosi. Serão apresentados trabalhos de Helios Seelinger, Oscar Pereira da Silva, Emeric Marcier, Pedro Américo, Sigaud, Mario Cravo, Manuel Messias, Ceschiatti, Agostinelli, Brennand, Djanira, Rubem Valentim, Mestre Didi, PPL e os contemporâneos Mario Mendonça e Deborah Costa.

 

 

A mostra será aberta ao público SEM VERNISSAGE devido à pandemia, durante o horário de visitação da galeria, de segunda a sábado, das 10h às 19h. Durante o período das novas medidas restritivas na cidade sancionadas pela Prefeitura do Rio, a mostra será exibida ao público de forma on-line a partir de uma exposição virtual no website www.evandrocarneiroarte.com.br e nas redes sociais da galeria. A exposição será aberta ao público durante o horário de visitação da galeria, de segunda a sábado, das 10h às 19h.

 

 

O Shopping Gávea Trade Center, quando aberto, está funcionando com obrigatoriedade do uso de máscaras e fornece álcool em gel e medição de temperatura para quem entra. Não há necessidade de agendar a visita, pois o espaço é grande e sem aglomerações.

 

 

 A arte entre o sagrado e o profano

 

 

Entorno de fé, promessas, ritos e festas, mitos e lendas, medos, superstições e crenças, a arte sempre expressou a cultura humana, na linguagem própria de cada tempo e de cada espaço. Cabem neste cenário, tanto os aspectos sagrados quanto os profanos da vida. Mas o que os diferencia e aproxima? Para Mircea Eliade, “O sagrado manifesta-se sempre como uma realidade inteiramente diferente das realidades ‘naturais’. (…) Ora, a primeira definição que se pode dar ao sagrado é que ele se opõe ao profano.”  (“O Sagrado e o Profano”, Martins Fontes, 2020, p. 16-17)

 

 

Porém, para muitas culturas a natureza é sacralizada. Mitologias e cosmogonias diversas através da história da humanidade demonstram uma relação tão paradoxal quanto fundamental entre o sobrenatural e a natureza, deuses e homens, seres mágicos e hábitos profanos, bestiários e a floreta, bruxas e dragões, corpos e espíritos, Deus e o Diabo.

 

 

Longe de se desejar separar o supra-natural da natureza, ou dicotomizar o bem e o mal, mantemos aqui, por meio da ideia do paradoxo e da livre expressão, sempre possível através da arte, uma concepção de mundo em que cabem o bordel e o altar, o templo e o tempo, o pecado e a devoção mais pura, os ícones mais elevados das imagens sacras, mas também as fantasmagorias do maravilhoso pagão, em símbolos e alegorias expressas nas pinturas e nas esculturas que ora apresentamos.

 

 

Laura Olivieri Carneiro

 

O impacto da Pandemia

14/jul

 

 

 

A Simone Cadinelli Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, de 14 de julho a 27 de agosto, “Latinamerica 2020”, conjunto de trabalhos produzidos desde o início da pandemia pela artista Gabriela Noujaim. Os trabalhos estarão reunidos em um espaço dedicado à artista, e também em uma caixa, com edição limitada. O conjunto é composto por serigrafias em diversos suportes, como uma máscara cirúrgica – com imagens visíveis e “ocultas”, em tinta ultravioleta e só reveladas com luz negra -, um vídeo (em pendrive) e um livro trilíngue (port/esp/ingl) com depoimentos de sete mulheres que relataram suas experiências durante o período da pandemia em 2020.

 

 

O conjunto de obras foi iniciado em abril do ano passado quando a artista imprimiu o mapa da América Latina, em vermelho, sobre máscaras cirúrgicas, que em seguida foram enviadas para profissionais da saúde e para mulheres de diversas regiões e áreas de atuação. Como parte do trabalho, as mulheres, em seu ambiente de trabalho, fizeram selfies com a máscara, e enviaram a foto para a artista. Os retratos dessas mulheres integram um vídeo feito também em 2020, e ilustram sete relatos, sobre suas experiências durante a pandemia, que estão no livro. Será exibido ainda na galeria o vídeo “Mulheres Latinamerica 2020” (3′ 33″), que está em um pendrive na caixa-experiência de Gabriela Noujaim.

 

 

A palavra da artista

 

 

O impacto da pandemia nas mulheres se tornou algo latente, revelando questões extremamente urgentes na América Latina, como as condições precárias de trabalhos informais – cuidadoras e empregadas domésticas, por exemplo – além do aumento da violência contra a mulher, e ainda os casos de mortes pelo vírus entre as indígenas.

 

 

Hugo França, galeria em Trancoso

13/jul

 

 

Criada para receber exposições contemporâneas e de design, Galeria Hugo França, Trancoso, Bahia, será inaugurada no dia 15 de julho com mostra de obras inéditas do artista.

 

 

Ocupando 300 metros quadrados, em meio à Mata Atlântica, para viver, respirar e inspirar arte.  Hugo França abre suas portas recebendo a exposição “A escultura e o mobiliário na produção de Hugo França”, onde dezenas de obras, com muitos pontos que as diferem, dialogam e refletem pontos divergentes e convergentes, sempre com a natureza viva como ponto de união.

 

 

O projeto é grandioso, como as obras do artista, e tem planos ainda maiores para o futuro. A Galeria Hugo França começou a sair do papel no último ano, quando a usual ponte aérea São Paulo-Trancoso deixou de ser parte da rotina e levou o artista a fazer do destino baiano sua morada. Quase como uma atividade terapêutica, a calmaria dos dias ensolarados ganhou agito com a idealização, detalhamentos e construção do espaço.

 

 

Instalado a 10 km do Quadrado, conhecido ponto da região, em uma área de 50 mil metros quadrados, dos quais 20 mil são de pura Mata Atlântica, a localização faz da visita à galeria um verdadeiro circuito turístico, já que fica situada exatamente entre Trancoso, Caraíva e Porto Seguro.

 

 

O projeto, concebido por Hugo França, foi pensado com estética brutalista e formas geométricas para estabelecer um pano de fundo, tanto para a área externa que é cercada por uma vegetação exuberante, como para garantir a neutralidade da área interna. Com pé direito de 9 metros, o local traz grandes vãos abertos, onde luz, ventilação e natureza interagem. Mas os planos vão ainda mais longe. Além de um formato independente de parcerias com outras galerias para receber mostras e artistas, futuramente, serão construídos chalés que servirão de abrigo para residências artísticas, tornando a Galeria Hugo França um hub de criação, arte e autoconhecimento. Algumas fronteiras separam. Outras funcionam como um diálogo que provoca uma reflexão sobre os dois lados. Em muitos casos, elas despertam o interesse pela busca por um ponto em comum e acabam evidenciando diferenças e similaridades que transformam muros em linhas tênues. Em meio às formas, utilidades claras e inutilidades propositais, a mostra é um convite ao diálogo.

 

 

A palavra do artista

 

 

Mais do que um local de exposição, idealizei a galeria como um convite para uma experiência de arte. De um lado, as obras, de outro, a natureza que tanto me inspira. Também é possível fazer uma visita ao meu atelier e acompanhar parte do processo de criação, além de conhecer o local onde ficam as madeiras com as quais trabalho, verdadeiras relíquias que resgatamos com muito respeito e cuidado. Essa exposição é uma oportunidade de colocar as pessoas frente a frente com esses dois universos criativos que estão muito presentes nas minhas obras. A funcionalidade de uma peça a torna um mobiliário, mas não a impede de protagonizar um ambiente com seu apelo escultórico. Uma escultura, aparentemente, não tem função, mas seria muita injustiça fazer essa afirmação, já que faz total diferença em uma ambientação.

 

 

Sobre o artista

 

 

Hugo França nasceu em Porto Alegre, RS, em 1954. Em busca de uma vida mais próxima da natureza, mudou-se para Trancoso, na Bahia, no início da década de 1980, onde viveu por 15 anos. Lá, percebeu o grau de desperdício na extração e uso da madeira, vivência que pautou seu trabalho. Artista muito requisitado, suas esculturas constam no acervo de grandes museus nacionais e internacionais.

 

 

Sobre a Exposição “A escultura e o mobiliário na produção de Hugo França”

 

 

A inauguração da Galeria Hugo França e a visitação à exposição “A escultura e o mobiliário na produção de Hugo França” respeitarão as normas sanitárias e poderão ser feitas de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Em julho, mês inaugural, as visitas também poderão ser conduzidas pelo próprio Hugo França, mediante agendamento.