Obras de Anna Braga no Paço Imperial

16/mar

 

O Paço Imperial inaugura na próxima quarta-feira, dia 22 de março, a exposição “Anna Braga – Submersões”, com um panorama da obra da artista multimídia, que há 20 anos não faz uma exposição individual em uma instituição no Rio de Janeiro. Com curadoria de Fernando Cocchiarale, serão apresentadas 36 obras, entre instalações, pinturas, desenhos, fotografias, vídeos e objetos inéditos, pertencentes a três séries distintas: “Ternas Peles”, “Memória Submersa” e “Puro Álibi”. Os trabalhos, que ocuparão três salões do Paço Imperial, trazem como temas centrais a ecologia, a violência e questões de gênero. Até 21 de maio.

“Todos os trabalhos são em técnica mista, nos quais utilizo pintura, desenho, colagem, vídeo e fotografia na mesma obra. Faço interferências sobre o que encontro visualmente, dando outros significados para a imagem, transformando-a em algo completamente diferente”, conta a artista, nascida em Campos do Goytacazes, radicada no Rio de Janeiro, após ter passado um longo período no exterior, principalmente no Uruguai.

“As obras realizadas por Anna Braga nos colocam diante de imagens impregnadas de nexos que, como rastros, desenham um percurso de relações ao redor de temas como a destruição ambiental, a degradação urbana e a violência social, contextos encadeados em diversas situações nos trabalhos da artista. As três séries aqui reunidas – Memória Submersa, Ternas Peles e Puro Álibi – abarcam indagações entrecruzadas pelo próprio enredamento que caracteriza as sociedades contemporâneas e seus conflitos de identidade, classe, gênero, cor e grupo étnico”, afirma o curador Fernando Cocchiarale.

Na primeira sala estará a série “Memória Submersa”, que reflete, de forma poética, sobre ecologia, a partir do distrito de Atafona, em São João da Barra, no litoral campista, que está desaparecendo após sucessivas ressacas do mar. Através deste trabalho a artista faz uma veemente crítica à destruição da natureza, partindo de um exemplo local para falar globalmente sobre a questão da ecologia. Esta obra foi exposta originalmente no Museu Nacional de Brasília, em 2017. No Paço Imperial, no entanto, ela será acrescida de novos elementos, sendo composta por 17 trabalhos, entre obras bidimensionais, que estarão penduradas na parede, esculturas-objetos, instalações, um vídeo 3D e uma animação. Assim que entrar na exposição o público verá os vídeos, que ocuparão todas as paredes, fazendo uma imersão dos espectadores na obra.

“O que retorna à superfície, em poesia faz lembrar coisas que submergiram. A memória afetiva posta à prova vem contrariar o fenômeno natural das marés – quando arte não deixa apagar da memoria aquilo que se foi para sempre. Embora com isso não se reduza o sentido trágico da desaparição, a arte vem traduzir em metáforas essa melancolia e inexorável realidade”, afirma a artista.

Seguindo o percurso da exposição, na segunda sala estará a série “Ternas peles”, composta por sete trabalhos nos quais a artista cria interseções entre o nu artístico das estátuas gregas e imagens femininas presentes em antigos classificados de jornais da seção de termas e massagens. Anna Braga intervém manualmente nos periódicos, com pintura ou desenho e os fotografa, exibindo-os de três formas diferentes: como se fossem filmes usados para a impressão; impressos, mostrando a aproximação com a estatuária grega, e em uma instalação que se assemelha à cabeça da Medusa, com longas faixas feitas a partir da página em negativo, como fios de filmes. Com esta instalação, a artista pretende falar sobre o silêncio imposto sobre as mulheres e sobre os corpos trans. O resultado é uma potente reflexão sobre questões de gênero, a partir de corpos dissidentes, marginalizados e transexuais. “Neste trabalho destaco a luta social do ser humano para ter suas próprias opções sexuais e fazer delas o que bem entender. É mais um problema estrutural que a sociedade acumula”, ressalta.

Na terceira e última sala, estará a série “Puro Álibi”, composta por 12 trabalhos produzidos a partir do detalhe de uma fotografia publicada em um jornal de grande circulação, que mostra uma fila humana em um presídio. Nesta série, a artista destaca as sombras, transformando-as em novas figuras, dando um novo significado para a imagem para falar sobre o tema da violência. “A obra pertence a uma série na qual desenvolvo inúmeras metáforas forjadas em dorsos e posições de intimidação do homem em situações de ameaça. Neste caso específico trata-se de uma fila humana no pátio de uma prisão cujas sombras rastejantes sugerem outras verdades. Verdades que estão sendo realizadas nas imagens criadas pelo poeta entre a realidade, sonhos, temores e perplexidades do homem entre si e o outro, na vida e no tempo”, conta a artista.

 

Sobre a artista

Nascida em Campos dos Goytacazes, RJ, Anna Braga é formada em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com mestrado em Sociologia pela UFRJ e extensão em Filosofia e Arte Contemporânea pela PUC-Rio. Frequentou o ateliê da artista Anna Bella Geiger e os ateliês de Elena Molinari, Maria Freire e Hilda Lopes em Montevidéu, no Uruguai. Fez curso de Arte e Filosofia e Arte Crítica na EAV Parque Lage entre 2000 e 2001 e especialização em Arte e Filosofia na PUC Rio em 2008. Ao longo de sua trajetória, realizou diversas exposições, no Brasil e no exterior. Dentre as coletivas destacam-se: “Obranome”, no Mosteiro de Alcobaça, em Portugal, em 2013, e na EAV Parque Lage, em 2009, “30 anos de videoarte”, na EAV Parque Lage, em 2004, “Questões Diversas”, no Centro Cultural Correios, em 1998, entre outras. Dentre as principais exposições individuais destacam-se: “Visitando Ternas Peles” (2022), no Estúdio Dezenove, “Memória Submersa” (2017), no Museu Nacional da República, em Brasília, “Ternas Peles” (2003), no Palácio do Catete, Museu da República, “Transobjetos” (1996), na Caixa Cultural em Brasília, entre outras. Possui obras em importantes acervos, como Museo de Arte Contemporanea do Uruguai; Centro Cultural da Caixa Econômica Federal, Brasília, DF; Centro Cultural dos Correios e Telégrafos, Museu Postal, Rio de Janeiro e Museo Nacional da República (MUN), em Brasília.

 

 

 

Exposição da Coleção Eduardo Vasconcelos

10/mar

Exposição de arte “Gravado na Alma” abre no Espaço Cultural do Banco da Amazônia. O vernissage será nesta terça-feira (14) e seguirá aberta ao público para visitação gratuita até 05 de maio, no horário das 9h às 17h. Uma obra da artista Maria Perez Solá, que está em destaque na exposição Eduardo Vasconcelos no Espaço Cultural do Banco da Amazônia, em Campina, Belém, PA, é uma exposição de arte que promete ficar gravada na memória dos paraenses. A exposição de gravuras “Gravado na Alma” foi contemplada pelo edital de pautas do Banco da Amazônia e é composta por mais de 71 obras de artistas nacionais e internacionais que compõem o acervo da Coleção Eduardo Vasconcelos.

Segundo a curadora, Vânia Leal, a exposição é formada por trabalhos de artistas cujos percursos seguem várias técnicas e poéticas. “São vias que possibilitam encontros entre linhas, texturas, arquiteturas, animais e paisagens. É um espaço para dizer: gravura ao infinito do tempo e no tempo. Como um laboratório vivo em constante construção na coleção de Eduardo Vasconcelos”, explica.

Grandes nomes das artes plásticas, como Albrecht Dürer, Rembrandt, Goya, Gustave Doré e Picasso produziram gravuras, bem como artistas brasileiros de renome, como Livio Abramo, Sérvulo Esmeraldo, Flávio de Carvalho, Arthur Luiz Pìza e Tarsila do Amaral. No Pará, a gravura ganha força a partir dos anos 1970, com a obra de Valdir Sarubbi, que, junto a nomes de diversas gerações (inclusive posteriores) como Ronaldo Moraes Rego, Osmar Pinheiro, P. P. Conduru, Jocatos, Armando Sobral, Elaine Arruda, Elieni Tenório, Elisa Arruda, Glauce Santos, Jean Ribeiro e Antar Rohit, marcaram seu nome na trajetória da gravura no cenário amazônico.

“Acreditar na produção artística, no quanto ela representa hoje e para gerações futuras, é a força motriz que impulsiona e dinamiza a coleção. Meu afeto pela arte está gravado na alma, assim como as obras de tantos artistas aqui presentes”, destaca Eduardo Vasconcelos. “Agradeço ao Banco da Amazônia, que, para além de suas atividades financeiras, exerce papel fundamental no fomento ao cenário artístico e na difusão e apoio à cultura, trazendo ao público obras pertencentes a uma coleção privada”, acrescenta.

 

Núcleos da exposição

A curadora explica que a exposição possui quatro núcleos curatoriais: “projeções da natureza mutante”, “corpos passagens”, “formas e desejos da gravura” e “arquiteturas e cartografias imaginárias”.

“Os trabalhos dos artistas que integram a exposição reiteram aproximações e percursos diferentes, criam vertentes distintas entre choques e junções nos núcleos”, avalia. Ainda segundo a curadora, cada núcleo reúne uma sequência de trabalhos expressivos. “No núcleo “projeções da natureza mutante”, por exemplo, os artistas Valdir Sarubbi, Sebastião Pedrosa e Laura Calhoun trazem nas obras uma natureza mais estilizada com diferentes simbologias. Armando Sobral e Ronaldo Moraes Rego gravam desenhos de folha e casca. Diô Viana emerge com força, incisões que remetem gotas que se dissolvem em outras formas da natureza”, explica.

 

Lançamento do catálogo e ações educativas

Ao longo da exposição ocorrerão diversas ações educativas como bate papo com artistas e visitas guiadas para estudantes de escolas públicas, a fim de que adolescentes e jovens tenham contato com a arte. Também ocorrerá o lançamento do catálogo, que será distribuído gratuitamente aos visitantes.

 

A Coleção Eduardo Vasconcelos

Desde 2021, a coleção Eduardo Vasconcelos vem abrindo as portas do acervo pessoal ao público paraense por meio de iniciativas como esta do Banco da Amazônia, que viabiliza edital para selecionar projetos artísticos relevantes à região amazônica. Neste percurso, o colecionador já realizou três mostras a partir de editais similares de incentivo à arte e cultura, cujas exposições nasceram do diálogo entre a curadoria e Eduardo. Sempre convidado para participar de encontros, lives e pesquisas sobre arte e colecionismo, o professor e colecionador de arte Eduardo Vasconcelos tem um acervo de mais de 700 obras entre pinturas, esculturas, fotografias, desenhos e objetos. Há um núcleo só de arte paraense. Movido pela lógica de que a arte deve ser compartilhada, ele decidiu abrir a sua reserva técnica às grandes exposições.

“Temos uma infinidade de obras com elevada importância artística e cultural e que são vistas somente em uma esfera bem restrita. O papel do colecionador de arte não deve se restringir ao mero acúmulo das obras. Permitir que essas obras circulem e tenham visibilidade, contribui para a difusão da cultura e do próprio mercado, envolvendo todos os elos dessa cadeia. Há um papel social e político importante nisso tudo, principalmente na construção de novos olhares para a arte”, diz Eduardo Vasconcelos.

 

 

As gravuras de Santidio Pereira no Uruguai

02/mar

 

Exposição do brasileiro Santídio Pereira abre o calendário de 2023 no dia 10 de março (sexta-feira), da Galeria Xippas Punta del Este. Esta é a primeira exposição individual do artista Santídio Pereira no Uruguai.

“Da Mata ao Morro” apresenta quatro pinturas, seis xilogravuras e seis guaches, um trabalho centrado na grandeza da Natureza, provocando ecos de atenção e reflexões sobre um tema tão latente. Ainda este ano, a mostra segue para a sede da Xippas em Paris.

“À primeira vista, é difícil entender como um artista de 26 anos já expôs em importantes instituições no Brasil e no exterior. Entre eles, o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP); a Pinacoteca do Estado de São Paulo; a Fundação Cartier pour l’Art Contemporain, de Paris; Power Station of Art, Xangai e agora em 2022 sua exposição individual no Iberê em Porto Alegre, Brasil. Além de fazer parte de coleções renomadas, como Cisneros Collection, EUA; Coleção de arte de SESC, São Paulo; Museu de Arte do Rio (MAR), entre muitos outros”, diz Emilio Kalil, diretor-superintendente da Fundação Iberê, que em maio do ano passado recebeu a primeira individual do artista em um museu, “Santídio Pereira – Incisões, recortes e encaixes”.

Nascido num pequeno povoado no interior do estado do Piauí, nordeste brasileiro, desde criança Santídio Pereira já demonstrava aptidão com as artes através das atividades socioeducativas do Instituto Acaia. O interesse pela xilogravura foi tomando corpo e, atualmente, é o principal suporte de sua pesquisa artística, cuja característica mais importante é a utilização de diversas matrizes em uma mesma composição, técnica ao qual ele denomina “incisão, recorte e encaixe”, o que subverte a função da multiplicidade tão característica da gravura. Dessa forma, as impressões sobrepostas acumulam camadas espessas de tinta em cores diferentes para recriar elementos da sua memória afetiva, como a fauna, flora, pessoas e objetos que fizeram parte de seu contexto. Dentre seus trabalhos mais emblemáticos estão os pássaros da Caatinga do Piauí e as bromélias da Mata Atlântica.

A exposição “Da Mata ao Morro” pode ser visitada até 30 de abril.

Galeria Xippas

Ruta 104, km 5 – Manantiales

Punta del Este – Uruguai

Artistas de diversos estados no Memorial

01/mar

 

Abrindo o calendário de exposições de 2023 do Memorial Getúlio Vargas, Glória, Rio de Janeiro, RJ, a exposição coletiva “Memória do Futuro” apresenta no dia 04 de março, das 12h às 17h, e exibe até o dia 16 de abril, pinturas, instalações, fotografias, desenhos, esculturas e objetos de 23 artistas de diferentes estados do Brasil, que refletem o lastro temporal da memória como condutor de um futuro possível e de suas subjetividades.

Com curadoria de Shannon Botelho, “Memória do Futuro” tem a memória como construção de identidade, invenção de si, de coletividade, de singularidade e de sociedade. A mostra traz os artistas Consuelo Vezarro, Cristina Canepa, Danielle Cukierman, Débora Rayel Eva, Federico Guerreros, Gláucia Crispino, Leda Braga, Lili Buzolin, Lucy Copstein, Marcia Rosa, Michaela A F, Odette Boudet, Renata Carra, Riyosuke Komatsu, Rosa Hollmann, Rosana Spagnuolo, Rose Aguiar, Sandra Gonçalves, Sheila Riente, Suzana Barbosa, Tuca Chicalé Galvan, Vitória Kachar, Yohana Oizumi.

 

Filme e exposição de Glauco Rodrigues

31/jan

 

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS, Porto Alegre, instituição da Secretaria de Estado da Cultura do RS – Sedac, apresenta o Cine Verão Tropical pelo Programa Público da exposição “Glauco Rodrigues – TROPICAL”, atualmente em exibição no Museu. Será um ciclo com 5 sessões do filme “Glauco do Brasil” (2015), no Auditório do MARGS, nos dias 01, 11, 15 e 25 de fevereiro e 16 de março, sempre às 16h. Esta última contará com a participação do diretor do documentário, o cineasta Zeca Brito. As sessões são abertas ao público e gratuitas, com limite de 60 lugares por ordem de chegada. “Glauco do Brasil” tem duração de 90 minutos e classificação indicativa livre.

Ocupando duas salas do 2º andar do MARGS (Galeria Iberê Camargo e Sala Oscar Boeira), a exposição “Glauco Rodrigues – TROPICAL” permanecerá em exibição até 16 de abril. A visitação é gratuita e ocorre de terça a domingo, das 10h às 19h (último acesso às 18h30). Visitas mediadas para grupos podem ser agendadas pelo email educativo@margs.rs.gov.br.

 

Sobre o filme

O documentário “Glauco do Brasil”, apresenta, a partir de entrevistas e arquivos, a trajetória de vida de Glauco Rodrigues (1929 – 2004). Acompanha as mudanças nas concepções artísticas do artista, partindo dos anos iniciais em Bagé até sua estadia no Rio de Janeiro. O filme inicia com um depoimento do artista, concedido ao diretor Zeca Brito, quando este possuía apenas 12 anos. Além de depoimentos do artista, constam entrevistas com nomes de destaque no campo artístico nacional, como os críticos Frederico Morais e Ferreira Gullar, Gilberto Chateaubriand – seu pricipal colecionador -, o músico João Bosco, o escritor Luis Fernando Veríssimo, a atriz Camilla Amado, e o curador francês Nicolas Bourriaud.

 

Sobre o diretor

Zeca Brito (1986) é cineasta. Foi diretor do Instituto Estadual de Cinema do Rio Grande do Sul. Possui mestrado em Artes Visuais pela UFRGS, com ênfase em História, Teoria e Crítica, e graduação em Realização Audiovisual pela Unisinos e em Poéticas Visuais pela UFRGS. Dirigiu e roteirizou longas-metragens como “O Guri” (Canal Brasil), “Glauco do Brasil” (Canal Brasil), “Em 97 Era Assim” (Canal Brasil), “A vida Extra-Ordinaria de Tarso de Castro” (Canal Brasil), “Grupo de Bagé” (Canal Curta!), “Legalidade” (Telecine Cult) e “Trinta Povos” (Canal Curta!).

 

Sobre a exposição e o artista

Nascido em Bagé, Glauco Rodrigues ficou notabilizado pela sua atuação nas importantes realizações do denominado “Grupo de Bagé” e dos Clubes de Gravura criados nos anos 1950. Assim, seu nome costuma figurar junto aos artistas Glênio Bianchetti, Danúbio Gonçalves e Carlos Scliar. Esse Glauco Rodrigues relacionado à representação do homem e das paisagens do campo, do trabalho rural da pecuária e dos tipos e costumes regionais – ligado, portanto, ao gaúcho e à cultura campeira sulina – foi desde então bastante celebrado. Inclusive pelo MARGS, como atesta a história das exposições do Museu. Depois de partir, no final dos anos 1950, para experiências no Brasil e na Europa, fixando-se a seguir no Rio de Janeiro, Glauco Rodrigues dá um direcionamento ao seu trabalho em que passa a fazer da história e da cultura brasileiras o maior interesse e tema privilegiado de sua produção. A exposição enfoca esse “Glauco tropical”, que surge nos anos 1960, explorando os temas de uma identidade brasileira vivenciados a partir da experiência carioca. Com seu inconfundível grafismo e colorido na figuração de acento pop, são obras nas quais Glauco Rodrigues explora fatos, estereótipos, tipos e complexidades da história e da cultura brasileiras, de forma crítica e analítica.

A mostra apresenta uma seleção de 49 obras do Acervo Artístico do MARGS, onde o artista está representado por mais de 300 trabalhos. A maior parte foi adquirida em 2018, através da generosa doação de Norma de Estellita Pessôa, viúva do artista. Desde então, essas obras foram sendo submetidas a processos de restauração, possibilitando agora que estejam em condições de exibição para esta que é uma primeira apreciação pública do conjunto, a partir de um recorte temático e que cobre um período dos anos 1960 a 90.   Com curadoria de Francisco Dalcol, diretor-curador do MARGS, e Cristina Barros, curadora-assistente do MARGS, “Glauco Rodrigues – TROPICAL” integra 2 programas expositivos em operação no Museu que são aqui interligados: “Histórias ausentes”, voltado a resgates e revisões históricas, e “História do MARGS como história das exposições”, que aborda a história institucional do Museu.

 

Universo lúdico de descobertas

12/jan

 

Em exibição na Casa do Parque, Alto de Pinheiros, São Paulo, SP, a exposição de Leando Muniz, “Domingo” encontra-se em seus últimos dias. Resguardar a importância do contato entre o mundo da arte e a produção, aliando a criação ao processo de desenvolvimento do produto e a adequação do mesmo nas diversas situações socioeconômicas, são aplicadas e subvertidas de diversas maneiras na arquitetura doméstica brasileira.  Revisitando a estética dos quintais, que comumente cumprem a função prática de não apenas serem um espaço de lazer mas, sobretudo, de serviço, a exposição “Domingo”, de Leandro Muniz, explora, com uma nova série de pinturas diretamente nas paredes do espaço expositivo e outras  realizadas sobre tecidos de tricoline, um universo lúdico e de descobertas, ao mesmo tempo que nos coloca diante de novas formas de pensar os suportes e as maneiras de produzir arte nos dias de hoje.

Com texto crítico do curador independente, pesquisador e professor, doutorando Tarcísio Almeida, “Domingo” ocupa dois espaços expositivos da Casa, sendo eles o “Projeto 280×1020” e “NoDeck”, ao lado de  “Amálgama do tempo”, de Flávia Ribeiro, José Spaniol e Tiago Mestre e Hoshigaki, de Mariana Serri.

 

Sobre o artista

Leandro Muniz nasceu em São Paulo, em 1993. Atua como artista e curador. Formado em artes plásticas pela USP, é assistente curatorial no MASP. Foi repórter na revista seLecT entre 2019 e 2021 e fez parte do grupo de estudos Depois do Fim da Arte, coordenado por Dora Longo Bahia. Já expôs em espaços e projetos como o Museu de Arte do Rio, Casa de Cultura do Parque, Galeria Aura, DAP Londrina, Espaço das Artes USP, Sesc, Fábrica Bhering, Casa Alagada, Ateliê397, entre outros. Foi curador das mostras Pulso (Bica plataforma, 2021), Torrente (Galeria Karla Osório, 2020), Esquadros (Partilha, 2020), migalhas (Galeria O Quarto, 2019), Lampejo (Galeria Virgilio, 2019), Disfarce (Oficina Cultural Oswald de Andrade, 2017), entre outras. Seus textos podem ser encontrados em publicações e portais como Arte que acontece, Relieve Contemporáneo, Terremoto e Revista Rosa, além de catálogos e exposições. Ministra regularmente cursos e conferências em espaços como MASP, Pinacoteca, Plataforma Zait e EBAC.

 

Espaço democrático

Lugar Comum é um projeto de Vik Muniz localizado na Feira de São Joaquim, na cidade de Salvador, Bahia. Com quatro exposições anuais, o projeto tem como objetivo democratizar o acesso à arte contemporânea e aproximar o público de importantes nomes do meio artístico. Em uma espécie de negociação com a arte pública, a iniciativa tem como objetivo trazer o cubo branco característico das galerias de arte para lugares inesperados. A exposição atual é “Cordão Forte” de Maria Nepomuceno. Até 05 de fevereiro.

Conjunto de obras Poéticas

11/jan

Encerra no dia 15 de janeiro a exposição “Dar Bandeira”, que teve abertura no dia 07 deste mês abrindo a programação de exposições de 2023 na Villa da Ladeira, Cosme Velho, espaço de extensão da Galeria Le Salon H, de Paris, no Rio de Janeiro.

A exposição “Dar Bandeira”, com curadoria de Shannon Botelho e a participação de 18 artistas contemporâneos, que “…apresentam um conjunto de obras de poéticas, estéticas e suportes diferentes para legitimar bandeiras”.

Com trajetórias conhecidas no circuito da arte, os artistas Ana Coutinho, André Vargas, Benoit Fournier, Beto Fame, Carolina Bezerra, Cibele Nogueira, Cibelle Arcanjo, Cristina Suzuki, Gabriela Noujaim, Guilherme Kid, Ivar Rocha, a dupla Leandro Barboza e Gustavo Speridião, Maria Raeder, Mariana Guimarães, Matheus Ribs, Os Bandeiras – Renato Bezerra de Mello, Mayra Rodrigues e Rogério Reis -, Pedro Carneiro e Sandra Lapage assinam bandeiras emblemáticas para a atual história do Brasil.

“Dar Bandeira” reúne diversas propostas de bandeiras, desde o símbolo nacional à possíveis interseções de linguagens de bandeiras. “A expressão “dar bandeira” possui muitas conotações, porém uma define melhor o conjunto de obras apresentados na Vila da Ladeira, que é a entrega de uma mensagem codificada em gestos artísticos. O projeto nasce de uma necessidade de celebrar a possibilidade de tecer recomeços políticos num país fraturado pela conjuntura social, econômica e política vividas nos últimos anos”, explica Shannon Botelho.

“Em Dar Bandeira, propomos que cada bandeira afirme a pluralidade na unidade. Cada artista é um indivíduo pensante e atuante, marcado por sua poética, mas que compõe a beleza da pluralidade no desejo de uma realidade mais democrática, justa e possível”, afirma o curador.

A mostra ocupa todo o espaço expositivo da Villa da Ladeira, casa principal do arquiteto José Zanini Caldas, no bairro do Cosme Velho, com construção datada de 1977. O espaço é um lugar dedicado a eventos artísticos em sinergia com a atividade da Galeria Le Salon H. Segundo Yaël Halberthal e Philippe Zagouri, diretores da Le Salon H, “este projeto de apresentar bandeiras é uma maneira de celebrar este novo espaço e ratificar a nossa ligação com a cena artística brasileira”.