Novo ciclo expositivo

17/jun

 

 

A Casa de Cultura do Parque, Altos de Pinheiros, São Paulo, SP, idealizada por Regina Pinho de Almeida, inicia um novo ciclo com três novas exposições em seu espaço. A Galeria do Parque recebe a coletiva “AR”, com trabalhos de Guto Lacaz, Lenora de Barros e Wagner Malta Tavares e texto de Juliana Monachesi. O Projeto Gabinete expõe Sementes no Bolso de Marcelo Pacheco com texto de Fernanda Pitta e o Projeto 280 X 1020 exibe Paisagem, um desenho de Adrianne Gallinari. A direção artística é de Claudio Cretti.

 

 

AR – Guto Lacaz, Lenora de Barro e Wagner Malta Tavares

 

 

O encontro inédito de três artistas de gerações diferentes, mas com conexões que remetem à ludicidade em seu trabalho proposto pela Casa de Cultura do Parque, estabelece diálogos que ressaltam o ponto comum da ironia e da graça em sua produção, fazendo alusões ao universo Pop, à diversão, à contemporaneidade.

 

 

“Guto Lacaz e Lenora de Barros iniciam suas trajetórias entre o final dos anos 70 e início dos 80. Artistas múltiplos, transitam por diversas linguagens como o objeto, a fotografia, a instalação – todos presentes nesta exposição. Embora partam de poéticas distintas em suas pesquisas, os dois artistas têm vários pontos de convergência que aparecem com frequência em suas produções. Wagner Malta Tavares, dialoga fortemente com essas questões, criando uma mitologia contemporânea e atualizando interesses que nos remetem tanto à antiguidade clássica como ao Pop contemporâneo. Desse modo, é flagrante o olhar do artista para a obra de seus colegas, como se fizessem parte de uma entidade que pensa a arte agindo na sensibilidade com diversão e mistério, tornando-se um enigma para os sentidos de fruição diante das obras”, explica Claudio Cretti.

 

 

Em AR, todos os trabalhos possuem um certo cinetismo. Enquanto as obras da série ELETRO LIVROS de Guto Lacaz permanecem estáticas, elas podem ser acionadas pela interação do público e colocadas em movimento. “Guto Lacaz apresenta três de seus Eletro Livros (inéditos em São Paulo), em que elegantes e sintéticos motores (sem carenagem) põem em movimento um detalhe de uma ilustração de um livro de seu acervo pessoal. Não existe mutilação do objeto, que Lacaz considera sagrado, mas duplicação ou amplificação de um elemento afetivamente escolhido para mover a página antes inerte. Esse ar engendra, em cada Eletro Livro, um novo enredo que prolonga a narrativa subjacente, a do livro em questão”, pontua Juliana Monachesi.

 

 

Já nas criações de Lenora de Barros, sua obra prioritariamente sonora resulta da movimentação, pelo público, da peça estática na sala de exposição. Nas palavras de Juliana Monachesi “para Lenora de Barros, o mundo se transforma em função do lugar onde fixamos a nossa atenção. O visitante de AR escuta a voz da artista entoando o mantra cageano. Nesse concerto para caixas de som surround, intitulado O Que Ouve, ledebe – na alcunha sintética que ela utiliza no Instagram – dirige-se direta e claramente ao público, convidando ao cuidado com o outro e com o mundo atual.”

 

Os trabalhos de Wagner Malta Tavares, em sua totalidade, são acionados por energia elétrica, ficando em constante movimento. “O ar “sobre o pasto inédito da natureza mítica das coisas”, para usar um fragmento de verso da “Máquina do Mundo” de Drummond, reverbera em toda a exposição. Ele anima as esculturas São João, Fantasma e Figura Ajoelhada, na mesma medida em que asfixia, por sua ausência, a obra Bermudas (aquário)”, explica Juliana Monachesi.

 

 

 “Acho que o mundo muda porque a gente respira. Quando a gente nasce, inspira e passa a vida toda trocando com o mundo; nessa troca a gente se transforma. E então, quando morre, a gente expira, devolvendo para o mundo tudo o que foi vivido, mas de um jeito totalmente modificado”, afirma Wagner Malta Tavares.

 

 

“AR não é uma exposição retiniana. Som, vento, trabalho que se mexe. Essa é uma exposição que coloca o espectador em movimento”, define Claudio Cretti

 

 

Projeto Gabinete – Marcelo Pacheco |Sementes no bolso

 

 

As pinturas a óleo do artista são elaboradas em suportes diversos e distintos, em sua maioria resultado de seus achados em discretos garimpos urbanos. O resultado pictórico tende a uma abstração geométrica oriunda do universo popular.

 

 

Na visão de Fernanda Pitta, “para essa exposição, o artista fez adentrar o ateliê, aqui e ali, refugos, restos de marcenaria, vazios de coisas úteis, que foram sendo colhidos por Marcelo Pacheco no seu perambular cotidiano. Nesse espaço de trabalho, que também é uma espécie de refúgio de coisas, são reconfigurados à medida que vai os envolvendo com cores, rotacionando suas posições originais, ou combinando-os entre si.. Alguns performam colunas infinitas e singelas nos seus dentes desiguais, outros sugerem teclas de um instrumento sonoro, meio canhestro e divertido, construído para um gigante invisível, capaz de tocar uma harmonia silenciosa. Talvez ela também seja um pouco desajeitada, mas aí reside sua graça.”

 

 

Projeto 280 x 1020 – Adrianne Gallinari | Paisagem

 

 

Um único desenho, mas de grandes dimensões, compõe o trabalho de Adrianne Gallinari. Apesar de tender a abstração, a obra é uma grande paisagem, não figurada; uma paisagem não de observação, mas ‘inventada’, feita em giz de cera sobre tecido. Um desenho quase obsessivo, onde a artista vai construindo esse imenso trabalho com riscos pequenos até cobrir toda a área.

 

 

Nas palavras do crítico Agnaldo Farias, “do pulso que doma a energia e a faz convergir para as pontas dos dedos que prendem o instrumento ao braço que permite que a mesma energia flua livremente como vontade de desbordamento, a artista vai compendiando os gestos, ponderando que a leveza do risco coincide com o desejo de deixar o suporte – tecido, papel, parede…- falar e que o traço grosso e regular, obsessivo a ponto de fazer com que as cifras se embaralhem, criando uma rede espessa, significa o contrário, que o som e o desenho do signo surgiram em função de nosso desejo de aplacar o som do mundo. “Palavras são desenhos”, afirma a artista, ao mesmo tempo em que propõe que as imagens sejam entendidas como escrituras.”

 

 

Até 19 de Setembro.

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Latinidade no MALBA

07/jun

 

 

A mostra “Fuora de serie” no MALBA, Buenos Aires, Argentina, propõe um diálogo entre duas artistas latino-americanas unidas no mesmo ponto criativo: o trabalho e a redefinição dos limites da pintura. Por meio de procedimentos e conhecimentos sobre pintura – e também sobre cultura urbana, arte moderna, design e natureza -, Leda Catunda (São Paulo, 1961) e Alejandra Seeber (Buenos Aires, 1968) produzem obras que absorvem tudo ao seu redor.

 

 

Exibem imagens de uma beleza estranha que aparecem entre camadas de tecidos, pinceladas e espaços alterados. Atendendo a este fio condutor que conecta cenas culturais e épocas distintas, a exposição reúne obras, estudos, esquetes e documentos históricos e recentes que permitem enfocar os seus percursos iniciados entre as décadas de oitenta e noventa no caso de Catunda e no final dos anos noventa para Seeber. Da mesma forma, no âmbito da exposição, será desenvolvido um programa público de palestras, workshops e ativações para pensar os modelos e discursos artísticos que foram determinantes nesta genealogia da arte contemporânea.

 

 

Curador: Francisco Lemus.

 

 

Até 09 de agosto.

 

 

Segundo espaço da Bergamin & Gomide

20/maio

 

 

A Bergamin & Gomide tem o prazer de anunciar a inauguração do seu segundo espaço expositivo, localizado na Vila Modernista, a poucos metros da galeria no bairro dos Jardins, em São Paulo. A casa, que permitirá à galeria dobrar seu programa de exposições, foi projetada em 1933 pelo multifacetado artista Flávio de Carvalho, e conta com um ensaio de Guilherme Wisnik, crítico de arte e arquitetura.

 

 

O espaço abre ao público no sábado, dia 22 de maio, com a primeira exposição individual de José Resende na Bergamin & Gomide. A exposição apresenta duas instalações inéditas produzidas pelo artista, uma localizada na fachada lateral e outra que ocupa a área central do hall de entrada, além de uma seleção de obras que datam desde 1975.

 

 

Entrada gratuita

 

Sábado, 22 de maio  –  das 10 às 19 horas
Alameda Ministro Rocha Azevedo 1052, Jardins, São Paulo

 

*Lembramos que o uso de máscara é obrigatório e pedimos que evitem aglomerações.

Reabertura do MARGS

12/maio

 

 

Estamos agradecidos e recompensados pela aprovação do público, que se sentiu seguro e confiante para ir ao MARGS, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, cumprindo as regras visitação. Estas são imagens do dia da nossa reabertura, terça-feira, 11 de maio.

 

 

O MARGS retorna com 2 exposições inéditas, ocupando 8 salas e galerias, além do foyer do Museu:

“Lia Menna Barreto: A boneca sou eu – Trabalhos 1985-2021”

“Bruno Gularte Barreto: 5 CASAS”

 

 

Neste primeiro momento, e em acordo com a legislação vigente, o MARGS reabre para visitação sob agendamento, em 2 modalidades:

Visita presencial sem mediação

Visita presencial com mediação

 

 

Os agendamentos devem ser feitos pelo Sympla:

www.sympla.com.br/produtor/museumargs

 

 

O período de visitação segue de terça a domingo, das 10h às 19h (último acesso 18h), sempre com entrada gratuita.

Na “Visita presencial com mediação”, são 2 faixas de horários, para grupos de até 6 pessoas: 11h às 12h e 14h às 15h, de terça a sábado.

 

 

Para a reabertura, o MARGS adotou uma série de medidas de segurança sanitária e de regras para acesso e visitação, com o objetivo de criar um ambiente seguro e que ofereça uma experiência que possa ser aproveitada da melhor maneira. A  preparação do Museu incluiu sinalização informativa sobre regras a serem cumpridas pelos visitantes, instalação de dispensadores de álcool desinfetante pelo percurso da visitação e a implementação de um protocolo de sanitização dos espaços de circulação coletiva e de superfícies de uso comum (banheiros, corrimões, elevador).

 

 

Entre as regras, estão limitação do número de visitantes a 15 simultâneos, uso obrigatório de máscara, medição de temperatura e respeito à distância de 2m.

 

O retorno do Museu está sendo tratado com muito cuidado e responsabilidade, assegurando a saúde dos funcionários e dos públicos. Como instituição pública, estamos seriamente empenhados com o compromisso de reduzir as possibilidades de contágio, colaborando para oferecer condições de segurança sanitária à sociedade como um todo.

 

 

Estaremos monitorando o transcorrer da reabertura e as alterações estipuladas pela legislação frente à pandemia.

Manteremos o público informado sobre qualquer atualização dos protocolos.

Preparamos um Guia de Regras para Acesso e Visitação com os protocolos e medidas de segurança sanitária:

 

 

http://www.margs.rs.gov.br/…/Guia-Plano-de-Retorno-e…

 

 

Aguardamos sua visita!

 

 

Panorama da arte contemporânea brasileira

15/abr

 

O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro apresenta, a partir do dia 14 de abril de 2021, a exposição inédita “1981/2021: Arte Contemporânea Brasileira na coleção Andrea e José Olympio Pereira”, com 119 obras de 68 artistas, pertencentes à magnífica coleção do casal carioca, radicado em São Paulo há mais de 30 anos. Nos últimos anos, Andrea e José Olympio constam na lista publicada anualmente pela prestigiosa revista ARTnews como um dos 200 maiores colecionadores de arte do mundo. O CCBB RJ está adaptado às novas medidas de segurança sanitária: entrada apenas com agendamento on-line (eventim.com.br), controle da quantidade de pessoas no prédio, fluxo único de circulação, medição de temperatura, uso obrigatório de máscara, disponibilização de álcool gel e sinalizadores no piso para o distanciamento.

O conceito desta mostra chama a atenção para a importância do colecionismo no Brasil. “Arte é o alimento da alma, ela amplia o mundo, te leva para lugares, te leva a sonhar. O colecionismo é fundamental, além de sustentar a produção artística, é também uma forma de cuidar das obras, uma grande responsabilidade”, diz o casal, que começou a coleção na década de 1980 de forma despretensiosa, estudando e visitando exposições e leilões de arte. Hoje, possuem cerca de 2.500 obras. “Temos na coleção somente trabalhos com os quais estabelecemos alguma relação. Pode ser uma obra que nos toca ou nos perturba, mas que mexe de alguma forma conosco. Poder expor a coleção é um privilégio para nós. É uma oportunidade de dividir a coleção com o grande público, de rever algumas obras e de vê-las em diálogo com outras, ganhando um novo significado”. O curador Raphael Fonseca foi convidado a pensar uma narrativa para a exposição a partir da coleção. A mostra ocupará as oito salas do primeiro andar do CCBB RJ a partir de núcleos temáticos, com obras de importantes artistas, de diferentes gerações, cobrindo um arco de 40 anos de arte contemporânea brasileira. A exposição conta com obras em diferentes linguagens, como pintura, instalação, escultura, vídeo e fotografia. “A ideia é que o público veja cada sala como uma exposição diferente e que tenha uma experiência distinta em cada uma delas. Os contrastes e a diversidade da arte brasileira serão visíveis a partir da experiência do espectador”, afirma Raphael Fonseca.

Sem seguir uma ordem cronológica, a exposição traz desde trabalhos produzidos em 1981, como a escultura “Aquário completamente cheio”, de Waltercio Caldas, e a fotografia “Maloca”, de Claudia Andujar, até a pintura “De onde surgem os sonhos” (2021), de Jaider Esbell, mais recente aquisição da coleção. Obras raras, como pinturas de Mira Schendel (1919 -1988), produzidas em 1985, também integram a mostra, que apresenta, ainda, obras pouco vistas publicamente, dos artistas Jorge Guinle, Laura Lima, Marcos Chaves e da dupla Bárbara Wagner e Benjamin de Burca.

PERCURSO DA EXPOSIÇÃO

A exposição será dividida em oito salas, intituladas a partir do nome de obras presentes em cada um dos espaços. “Os trabalhos que dão título às salas norteiam o tema e os demais, criam um diálogo ao redor, sendo alguns mais literais e outros nem tanto”, diz o curador Raphael Fonseca.

Na primeira sala, intitulada “A Coleção”, estará uma única obra: a instalação homônima do artista paulistano Pazé. Feita em adesivo vinilico, ela cobrirá todas as paredes do espaço com a imagem de uma coleção de pinturas, onde, nos diversos quadros, há personagens que olham para os visitantes. A instalação, de 2009, é apresentada de forma inédita na exposição, com novos elementos. “É um trabalho que pensa a coleção, assim como a exposição”, afirma o curador.

A segunda sala, “Coluna de Cinzas”, parte da escultura de Nuno Ramos, de 2010, em madeira e cinzas, medindo 1,87m de altura, para falar sobre o tempo, sobre a morte e sobre a brevidade da vida. Desta forma, no cofre estará o vídeo “O peixe” (2016), de Jonathas de Andrade, sobre uma vila de pescadores onde há o ritual de abraçar os peixes após a pesca, como um rito de passagem. Nesta mesma sala estarão as obras “Isto é uma droga” (1971/2004), de Paulo Bruscky, uma assemblage de caixas de remédio; “Stereodeath” (2002), de Marcos Chaves, composta por fotografia e relógio, e o vídeo “Nanofania” (2003), de Cao Guimarães, em Super 8, onde, cadenciados por uma pianola de brinquedo, pequenos fenômenos acontecem, como a explosão de bolhas de sabão e o salto de moscas.

A terceira sala da exposição é a maior de todas, com 42 obras, e chama-se “Costela de Adão”, inspirada na pintura de Marina Rheingantz, de 2013. “É um núcleo basicamente sobre paisagem, tema que tem bastante destaque na coleção”, afirma o curador Raphael Fonseca. Nesta sala, estão obras de Amelia Toledo, Ana Prata, Brigida Baltar, Claudia Andujar, Daniel Acosta, Daniel Steegmann Mangrané, Efrain de Almeida, Fabio Morais, Jaider Esbell, Janaina Tschape, Jorge Guinle, Leonilson, Lucas Arruda, Lucia Laguna, Marina Rheingantz, Mauro Restife, Paulo Nazareth, Paulo Pasta, Paulo Nimer Pjota, Rodrigo Andrade, Rosana Ricalde, Sandra Cinto, Vania Mignone e Waltercio Caldas.

“War” é a quarta sala, cujo nome vem da obra do artista Rodrigo Matheus, que faz uma alusão ao clássico jogo de estratégia. Esse núcleo traz obras com o tema da violência e conflito, como as pinturas em óleo sobre tela “Azulejaria com incisura vertical” (1999), de Adriana Varejão, e “Caveira” (2007), de Antonio Malta Campos, além da fotografia “Sem título (for sale)”, de 2011, de Paulo Nazareth, do neón “Sex,War & Dance” (2006), de Carmela Gross, da obra “Batalha naval” (2004), também de Rodrigo Matheus, e o “Painel de ferramentas grandes” (2013), de Afonso Tostes.

Seguindo, chega-se à quinta sala, intitulada “Saramandaia”, que é uma escultura em bronze policromado da artista Erika Verzutti, de 2006. “Neste núcleo, é pensando o corpo estranho nas artes visuais, ou seja, o monstro, a mistura entre humano e animal, com um caráter mais surrealista, que podemos encontrar nos desenhos do Cabelo e nas obras da Laura Lima e do Véio”, explica o curador. Nesta sala, estarão 34 obras dos artistas Adriano Costa, Alex Cerveny, Anna Israel, Bruno Novelli, Cabelo, Eduardo Berliner, Erika Verzutti, Gilvan Samico, Ivens Machado, José Bezerra, Laura Lima, Odires Mlázsho, Paulo Monteiro, Tunga, Véio (Cícero Alves dos Santos) e Walmor Corrêa.

Trabalhos que pensam a relação entre documento e ficção, verdade e mentira, estão na sexta sala, “Como se fosse verdade”, cujo nome veio da instalação da dupla Bárbara Wagner e Benjamim de Burca, de 2017, onde retratos de pessoas que passavam por um terminal de ônibus foram transformados em capas de CDs, partindo de um questionário onde esses personagens definiram os cenários, os temas e as expressões que melhor os representariam. Além da instalação, nesta sala também estão obras de Fábio Morais, Iran do Espírito Santo, Laura Lima, Leda Catunda, Leonilson, Maureen Bisilliat, além do trabalho “Carmen Miranda – uma ópera da imagem” (2010), do artista paranaense radicado na Suécia e no Rio de Janeiro, Laércio Redondo, que aborda os problemas da representação do corpo performático de Carmen Miranda, através da obra composta por ripas de madeira, com objetos diversos, e alto-falantes, que transmitem um texto sobre a cantora.

A série de fotos “Blue Tango” (1984/2003), de Miguel Rio Branco, que retrata crianças jogando capoeira, dá nome à sétima sala, cujo tema é o movimento, a dança, “tanto em obras que trazem o corpo quanto na abstração”, ressalta o curador. Neste núcleo também estão obras de Carla Chaim, Emmanuel Nassar, Enrica Bernadelli, Ernesto Neto, Iole de Freitas, Jarbas Lopes, Luciano Figueiredo, Luiz Braga, Dias & Riedweg, Miguel Rio Branco, Mira Schendel e Rodrigo Matheus.

Na oitava e última sala estará a obra “Menos-valia” (2005-2007), da artista Rosângela Rennó, composta por objetos adquiridos na feira Troca-troca, na Praça XV, no Rio de Janeiro. Os objetos foram seccionados de acordo com os respectivos níveis de depreciação no ato da negociação. Desta forma, os objetos mais negociados aparecem multiplicados na obra. “É um trabalho que também pensa o colecionismo, mas de forma oposta da obra de Pazé, que está na primeira sala. Se ali o olhar dele se voltou para o fantasma da tradição da pintura ocidental, o de Rennó se volta para aquilo que é visto como algo a ser reciclado e, talvez, nunca reutilizado. São formas diferentes de se pensar criticamente uma coleção”, diz o curador Raphael Fonseca. A exposição será acompanhada de um catálogo, que será lançado ao longo da mostra.

SOBRE A COLEÇÃO

Com cerca de 2.500 obras, com foco na produção brasileira a partir dos anos 1940 até o momento atual, a coleção Andrea e José Olympio Pereira é uma das mais destacadas do mundo. A visão cultural que o casal tem de sua coleção vai muito além de ceder obras para mostras individuais e coletivas em museus no Brasil e no exterior. Em 2018, com o intuito de não só acondicionar e guardar parte das obras, mas de dar acesso a pessoas, artistas e estudantes de arte, eles alugaram um antigo armazém de café do século XIX e o converteram em um espaço expositivo – o Galpão da Lapa. A proposta é convidar, a cada dois anos, um curador para montar uma exposição a partir das obras da coleção. O casal não costuma adquirir uma só obra de cada artista. “Quando nos interessamos por um artista, gostamos de ter profundidade. Conseguimos entendê-lo melhor desta forma, pois um único trabalho não mostra tudo. É como um livro, no qual não é possível entender a história só com uma página”. José Olympio Pereira contribui para vários museus no Brasil e no exterior, participando dos conselhos dessas instituições. No Brasil, é presidente da Fundação Bienal de São Paulo e participa do conselho do Museu de Arte de Sâo Paulo Assis Chateaubriand (MASP). Em Nova York, participa do The International Council of The Museum of Modern Art (MoMA); em Londres, do International Council da Tate Modern e, em Paris, do Conselho da Fundação Cartier para a Arte Contemporânea (Fondation Cartier pour l’Art Contemporain). José Olympio também faz parte do Conselho da ONG SOS Mata Atlântica. Andrea participa do conselho do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) e é presidente da ONG Americas Amigas, que luta contra o câncer de mama.

SOBRE O CURADOR

Raphael Fonseca é pesquisador da interseção entre curadoria, história da arte, crítica e educação. Doutor em Crítica e História da Arte pela UERJ. Mestre em História da Arte pela UNICAMP. Graduado e licenciado em História da Arte pela UERJ. Trabalhou como curador do MAC Niterói entre 2017 e 2020. Entre suas exposições, destaque para “Vaivém” (CCBB SP, DF, RJ e MG, 2019-2020); “Lost and found” (ICA Singapore, 2019); “Riposatevi – Lucio Costa” (MAC Niterói, 2018); “A vida renasce, sempre – Sonia Gomes” (MAC Niterói, 2018); “Dorminhocos – Pierre Verger” (Caixa Cultural Rio de Janeiro, 2018); “Regina Vater – Oxalá que dê bom tempo” (MAC Niterói, 2017); “Bestiário” (Centro Cultural São Paulo, 2017); “Dura lex sed lex” (Centro Cultural Parque de España, Rosario, Argentina, 2017); “Mais do que araras” (SESC Palladium, Belo Horizonte, 2017), “Quando o tempo aperta” (Palácio das Artes – Belo Horizonte e Museu Histórico Nacional – Rio de Janeiro, 2016); “Reply all” (Grosvenor Gallery, Manchester, Inglaterra, 2016); “Deslize” (Museu de Arte do Rio, 2014), “Água mole, pedra dura” (1a Bienal do Barro, Caruaru, 2014) e “City as a process” (Ural Federal University, II Ural Industrial Biennial, Ekaterinburgo, Rússia, 2012). Recebeu o Prêmio Marcantonio Vilaça de curadoria (2015) e o prêmio de curadoria do Centro Cultural São Paulo (2017). Curador residente do Institute Contemporary Arts Singapore (2019) e da Manchester School of Art (2016). Integrante do comitê curatorial de seleção da Bienal Videobrasil (2019). Jurado do Prêmio Pipa (Brasil, 2019) e do Prêmio Mariano Aguilera (Quito, Equador, 2017). Participante do comitê de indicação do Prêmio Prima (2018 e 2020). Autor convidado para o catálogo da 32ª Bienal de São Paulo (2016).

 

 

Até 26 de Julho.

Registro: Fayga Ostrower  

29/mar

 

O MAM Rio como as demais entidades culturais do Rio de Janeiro encontra-se com suas atividades paralisadas. Registre-se a inauguração da mostra panorâmica “Fayga Ostrower: formações do avesso”, ocorrida em 20 de março. Com cerca de 60 trabalhos – entre gravuras, aquarelas, desenhos, tecidos e jóias – a exposição explora a pluralidade da produção da artista. O conjunto possibilita um estudo apurado sobre o abstracionismo informal na arte brasileira e o uso das cores na técnica da gravura.

A atuação de Fayga como teórica e educadora também é destacada. A artista conduziu o curso de composição e análise crítica no MAM Rio, onde lecionou entre 1953 e 1969; escreveu diversos livros e artigos sobre criatividade, processo de criação e arte. Trechos de seus textos, publicações e arquivo documental são apresentados no espaço expositivo, estabelecendo correlações entre a prática em educação e sua criação artística.

A curadoria da exposição “Fayga Ostrower: formações do avesso” é um projeto conjunto da equipe curatorial do museu, com Beatriz Lemos, Keyna Eleison e Pablo Lafuente, e da gerência de Educação e Participação, com Gilson Plano, Daniel Bruno e Shion Lucas. Saiba mais em www.mam.rio

Sobre a artista

Nascida em Lodz, Polônia, em 1920, Fayga Ostrower emigrou para o Brasil em 1934. Estudou artes gráficas na FGV, foi bolsista da Fullbright em Nova York e recebeu numerosos prêmios, inclusive das bienais de São Paulo e de Veneza. Fayga experimentou quase todas as mídias gráficas, incluindo a estamparia. Foi professora no MAM Rio, entre 1953 e 1969; no Spellman College, em Atlanta, nos EUA; na Slade School da Universidade de Londres; em cursos de pós-graduação em várias universidades brasileiras; e lecionou para operários e em centros comunitários. Fayga foi também uma importante pensadora do abstracionismo informal brasileiro e autora de ensaios e livros. A artista faleceu no Rio de Janeiro em 2001. Obras suas integram coleções de museus no Brasil e no exterior.

Bonomi, publicação inédita

18/mar

 

 Uma das mais importantes gravadoras da atualidade, Maria Bonomi, de 85 anos, terá sua trajetória explicitada no livro “Maria Bonomi com a Gravura: do meio como fim ao meio como princípio” (Editora Rio Books), de Patrícia Pedrosa. A publicação inédita será lançada no dia 23 de março, às 18h, através de uma live no canal de Youtube da Editora Rio Books, com a participação da artista, da autora Patrícia Pedrosa, da editora Denise Corrêa e da professora, crítica e historiadora de arte Maria Luísa Távora. Com 140 páginas, o livro parte de obras emblemáticas da artista para discutir a gravura de forma expandida, mostrando o pioneirismo de Maria Bonomi em diversos aspectos.

“O livro fala da forma diferenciada como esta artista lida com a gravura, inserida em seu tempo e, também, como um dos agentes propulsionadores da vanguarda brasileira rumo ao contemporâneo, uma atitude nova em relação a como a gravura tem sido pensada e praticada até agora no Brasil”, afirma a autora Patrícia Pedrosa, cujo livro resulta de sua dissertação de mestrado em Artes Visuais, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Referência como gravadora e muito atuante até hoje, Maria Bonomi aprovou o livro: “Nada ficou para ser acrescentado. Nunca me senti tão despida, mas motivada no passado presente e futuro. Até minhas experiências e indecisões foram promovidas a matéria prima para todos os leitores”, diz a artista, que não parou de trabalhar mesmo durante a pandemia, tendo participado, no ano passado, da Bienal de Xangai de Gravura, na China, com a xilogravura em grandes dimensões “Lena”, medindo 3mX1,20m, e da primeira Trienal Internacional de Artes Gráficas de Livno, na Bósnia-Herzegovina. Além disso, mesmo em isolamento, participou de diversos eventos ligados ao centenário de Clarice Lispector, sua amiga e comadre.

A artista nascida na Itália e radicada no Brasil desde criança transgrediu diversas tradições estabelecidas nas artes, como o aumento das dimensões da gravura, criando obras em tamanhos monumentais. Além disso, ela desloca a função original da matriz da gravura, transformando-a em objeto, colocando-a no centro de suas reflexões. Este mesmo pensamento está em suas criações de obras públicas e instalações, que partem da lógica da gravura. Sempre à frente do seu tempo, utilizou a informática a seu favor e, no início da década de 1970, já afirmava que dois pontos eram imprescindíveis para a atualização de sentidos na arte: a integração com a tecnologia e a integração no sentido social de reprodução.

O nome do livro “Maria Bonomi com a gravura: do meio como fim ao meio como princípio” foi escolhido pelo fato de a artista não usar a gravura apenas como fim, como sendo a arte final. Ao contrário do entendimento moderno, a artista utiliza a gravura também como meio para todas as suas criações. “Bonomi entra de cabeça no informalismo e a gravura é seu grande trampolim no salto para o desconhecido contemporâneo, no qual a pauta é a impureza, o híbrido, o não limite, e para ela o meio é o princípio de todas as suas experimentações e ousadias. A gravura é o princípio para instalações, esculturas, murais, relevos, ilustrações, monumentos públicos, intervenções e até mesmo… gravura!”, conta a autora.

No livro, sem obedecer a uma ordem cronológica, Patrícia Pedrosa parte de 18 trabalhos emblemáticos de Maria Bonomi para discutir questões relacionadas à gravura. As obras foram escolhidas a dedo e cobrem um arco de 1957 a 2016.  “A autora identifica as tensões conceituais provocadas por Maria Bonomi, aspectos históricos, rupturas com a tradição moderna, uma artista sempre afinada com seus tempos existenciais, integrando-se à produção artística contemporânea”, escreve a professora, historiadora e crítica de arte Maria Luísa Távora no prefácio do livro.

A íntegra da entrevista de Maria Bonomi concedida à autora também está no livro, mostrando um olhar reflexivo sobre sua produção e sobre o mundo da arte, revelando uma artista muito antenada com as questões da cena contemporânea. Com uma linguagem simples, a publicação é interessante não só para estudantes de arte e história da arte, mas também para todos que tenham interesse pelo assunto e que desejem ampliar seus conhecimentos sobre a arte brasileira.

Obras em destaque no livro

Na capa do livro está a instalação “Sobre a Essência: Os Sete Horizontes do Homem” (1998). “Esta obra é um tratado histórico sobre a gravura que a atualiza na contemporaneidade”, afirma a autora. A instalação é inspirada na sobreposição dos materiais necessários para se produzir uma gravura, como suporte, matriz, tinta e papel. No caminho entre o conceitual e o simbólico, a artista traz, em camadas, areia, sal, vidro, carvão, argila, cimento e terra, sobre espelho, por cima de uma base coberta por textos, como uma página gigante de um livro.

Dentro do livro, a primeira obra com a qual o leitor se depara é “Circumstantian” (2014), uma instalação escultórica efêmera, pendente, composta de 15 xilogravuras inscritas em 21 quadrantes de 4mX4m entre cabos e espelhos, feitas em papéis recicláveis e alumínio degradável, suspensa a 30 m do solo. As imagens impressas pelo processo digital resultam do escaneamento de xilogravuras feitas segundo o método tradicional, impressas em papel japonês. “Para Maria Bonomi, o salto do artístico-manual para o digital é um voo para o infinito das possibilidades gráficas. Esta obra reúne diversas questões cruciais para o entendimento da gravura como ideia praticada no presente”, ressalta a autora.

A primeira obra de arte pública da artista, “Ascensão” (1974), em concreto, que fica na Igreja Mãe do Salvador (Cruz Torta), São Paulo, também ganha destaque. Com essa obra, Bonomi inicia a transposição do pensamento gravador para um mural de concreto, um imenso plano vertical com traços, sulcos e relevos, em estreita relação com a arquitetura. Outras obras públicas, como “Etnias: do Primeiro e Sempre Brasil” (2008), em argila, bronze e alumínio, localizada no Memorial da América Latina, em São Paulo, também ganham destaque no livro. Nesta obra, a artista contesta o conceito de obra prima. Para esta instalação, ela requisitou a ajuda de índios das aldeias Krukutu e Tenonde Porã. Os painéis de argila, alumínio e bronze foram moldadas em barro e as imagens trabalhadas em relevos, entre a escultura e a gravura. “Esta obra discute o Brasil como nosso lugar de fala, em que somos todos estrangeiros, e os primeiros habitantes, os indígenas, excluídos”, ressalta a autora.

Outra obra pública que ganha destaque no livro é “A Construção de São Paulo” (1998), uma homenagem ao colega e também gravador Evandro Jardim, na Estação de metrô Jardim São Paulo, onde ela transpõe o ideário gráfico para o concreto, evocando a ideia da xilogravura. Na instalação, dois imensos cubos com quatro faces cada, de concreto armado, pairam sobre as cabeças dos passantes. Os sulcos e relevos de sua superfície dialogam com os planos de concreto liso das paredes e estrutura dos túneis do metrô.

Com quase 3 metros de largura, a xilogravura “A Ponte” (2011) também ganha espaço no livro. “Para Bonomi a arte tem que alcançar o maior número de pessoas, e ‘A Ponte’ pode ser considerada esse acesso para o outro, e a gravura, no aspecto de sua reprodução em múltiplos originais tem este sentido”, conta Patrícia Pedrosa.

“Popessuara” (2016), uma xilogravura feita de forma tradicional também está no livro. “Para a transgressora Maria Bonomi, a arte é o território da liberdade humana por excelência e, nesse espaço, se permite fazer até a arcaica, artesanal, rudimentar, atemporal e analógica xilogravura, pura e simplesmente”, justifica a autora.

Além dessas, outras onze obras são ressaltadas no livro, por apresentarem aspectos inovadores, que promovem uma discussão sobre a gravura e o fazer artístico. “Para mim o conteúdo de meu trabalho foi tão sentido e não apenas analisado que habilita o leitor, seja ele leigo ou não, a viajar seguramente pelos caminhos da Arte. Mastiga até os detritos e os restitui como meios para desvendar o sagrado”, afirma Maria Bonomi.

Sobre a artista

Maria Bonomi nasceu em 1935 em Meina, nas proximidades de Milão, Itália, de mãe brasileira e pai italiano, mudando-se em 1944 para o Brasil com sua família em decorrência das turbulências da II Guerra. Inicialmente, estuda pintura e desenho. Em 1953, a artista visita uma exposição do gravador Lívio Abramo (1903-1992), torna-se sua aluna e em 1960 era sua assistente no Estúdio Gravura. Esse intervalo de tempo é um período intenso de estudos e trabalho no exterior e no Brasil: em 1955, em sua primeira exposição fora do Brasil, expõe gravura. Realiza a sua primeira individual em São Paulo, em 1956. Em 1958 recebe bolsa de estudos da Ingram-Merrill Foundation e estuda no Pratt Institute Graphics Center, em Nova York, com o pintor Seong Moy (1921-2013). Em paralelo, cursa gravura com Hans Müller e teoria da arte com Meyer Schapiro (1904-1996), na Columbia University, também em Nova York. De volta ao Brasil, frequenta a Oficina de Gravura em Metal com Johnny Friedlaender (1912-1992), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM/RJ, em 1959. Sua carreira revela uma artista plural: pintora, gravadora, ilustradora, cenógrafa, figurinista, muralista, professora, curadora. Doutora pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo – ECA/USP. Dentre muitas exposições no Brasil e no exterior, foi a artista convidada na Printmaking Base de Guanlan, na China, participando da Bienal Internacional de Guanlan em 2014.

Sobre a autora

Patrícia Pedrosa é artista visual e pesquisadora. Formou-se em Gravura em 1994 e fez Mestrado em Artes Visuais em 2016, ambos na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Publicou o livro “Oficina de litografia”, em coautoria com Kazuo Iha, pela Rio Books, em 2020. Atualmente, dá prosseguimento às suas pesquisas que tratam de gravura no doutorado em curso na mesma instituição. Dentre os resultados desses estudos destaca a participação no livro Histórias da Escola de Belas Artes: Revisão Crítica de sua História (2017), com o texto “A Oficina de Litografia e a EBA”. Foi Professora Substituta na EBA – UFRJ de 2016 a 2018 e é Professora Docente I – Secretaria de Estado de Educação – RJ desde 2008. Realiza individuais e participa de coletivas desde 1992, dedicando-se a ministrar cursos, workshops e oficinas, atuando principalmente com gravura, desenho e história da arte. Tem obras nos acervos do Centro Cultural Paschoal Carlos Magno (Niterói, RJ), Museu Casa da Xilogravura (Campos do Jordão, SP), Museu Florestal (São Paulo, SP) e no Museu do Trabalho (Porto Alegre, RS). Seu ateliê fica em Petrópolis, RJ, onde reside e trabalha.

Serviço: Lançamento do livro “Maria Bonomi com a Gravura: do meio como fim ao meio como princípio”, de Patrícia Pedrosa.

Lançamento: 23 de março de 2021, às 18h.

Preço: R$ 75

140 páginas

Formato: 16cmX23cm

Venda on-line com preço promocional de lançamento: R$65,00 www.riobooks.com.br

Prêmio em Artes gráficas

12/mar

 

 

O Núcleo de Estudos Marcello Grassmann, São Paulo, SP, anuncia o I Prêmio Marcello Grassmann – artes gráficas. Uma realização do Ministério do Turismo, Secretaria Especial da Cultura e Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.

O I Prêmio Marcello Grassmann – artes gráficas é para artistas que inscreverem um projeto inédito em gravura.
As inscrições estão abertas de 07 de março a 07 de abril de 2021, para trabalhos inéditos em gravuras produzidas por artistas visuais brasileiros.

Três artistas selecionados terão acompanhamento com as juradas artísticas, receberão R$ 8.000,00 cada um e terão suas obras expostas na XXIX Semana Cultural Marcello Grassmann, que acontece online em setembro de 2021.

A convite do Núcleo, Luise Weiss, Maria Bonomi e Mayra Laudanna formam o corpo de juradas artísticas responsáveis pela seleção e acompanhamento dos processos artísticos dos artistas.

Confira a convocatória em

nucleomarcellograssmann.org.br/premio

Duas artistas no Projeto “Interações”

03/mar

 

A LONA, Galeria, Centro, São Paulo, SP, e Anexo, inicia o Projeto INTERAÇÕES que irá ocupar, alternadamente, seus dois espaços expositivos. Em uma sequência de mostras, os artistas representados pela LONA são agrupados de forma a transmitir mensagens tanto únicas como uníssonas em exposições coletivas. As mostras estarão disponíveis para visitas com agendamento e em formato virtual nas plataformas digitais da galeria.

INTERAÇÕES 1

As artistas Cristina Elias e Thais Stoklos exibem 21 trabalhos, entre pinturas, desenhos, instalações e vídeos no ANEXO LONA.

Cristina Elias traz “Releituras de Hokusai”, onde faz uma reescritura particular do traço do artista japonês por meio de técnicas diversas, que se interpenetram: desenho e tricô. Esse resultado pode ser visto em desenhos, pinturas e uma instalação. “O meu processo criativo prioriza a ação, aquilo que se está fazendo, ao objeto (estático) de arte. (….) Por isso, dada a relação intrínseca entre ação do corpo e objeto, chamo meus trabalhos de objetos-ação. Além disso, trabalho na intersecção entre as artes visuais e as artes do corpo (especificamente o Butô japonês) e, o que vou expor é o resultado de anos de treino psicofísico nessa zona de interação”, define Cristina Elias. “Partindo do movimento, seja especificamente das mãos ou do corpo de forma sistêmica, a artista dá continuidade à pesquisa iniciada há 10 anos com a abstração do texto em imagem e da aplicação de uma forma sinestésica de percepção à produção visual”, define Duilio Ferronato.

Em diálogo com as obras de Cristina tem-se o trabalho de Thais Stoklos, no momento representado pela série “Déficit” onde a artista apresenta trabalhos compostos por desenhos, instalação e vídeos, onde o gesto se torna visível através de apagamentos de uma ação insistente. “A palavra “déficit” significa: aquilo que está faltando para completar uma conta; o que falta para preencher certo valor ou quantidade; aquilo que está faltando para completar um todo. O “déficit” abala uma expectativa comum, surpreende o esperado, e indica uma nova atenção “, define a artista. Há interação, “porque os dois atos opostos são criadores. O impulso de criar já pressupõe a possibilidade de erro e este, então, já estimula uma insistência, um ajuste, uma renovação do olhar. Os trabalhos apresentados falam da informação dada através do rastro do gesto, onde a inclinação inata da combinação é a resistência das potências contrárias. O diálogo entres elas é o que faz se aprimorar”, explica Thais Stoklos.

Projeto INTERAÇÕES

Por falta de imunidade, foram excluídas as possibilidades de encontros. A simples perspectiva de interação sugere contaminação.” As relações dos últimos 2 anos entre os artistas da Lona Galeria têm se mostrado fecundas e incomuns. O grupo vem mantendo constante contato, trocando ideias e analisando ações mútuas. O contato artístico é tanto antropofágico como apropriador; basta um olhar e a transformação já principia. Artistas se contaminam de propósito com ideias, imagens e conversas. Não há lugar para barreiras. Os processos artísticos interessam tanto quanto o resultado e, as provocações constantes que surgem de todas as partes, sejam na área criativa ou comercial, nos mantém em alerta constante”, explica o coordenador Duilio Ferronato.

Com INTERAÇÕES, pretendem discutir os processos e alcançar uma nova etapa de amadurecimento artístico, institucional e comercial.

“Os 2 primeiros anos nos mostraram diversas possibilidades, que firmamos nossa convicção de que incentivar o processo artístico é o que nos deixa animados para os próximos lances.”

De 06 de março até 17 de abril.

Iole de Freitas no Sul

26/fev

 

A exposição “Decupagem”, individual de Iole de Freitas é o cartaz atual do Instituto Ling, Porto Alegre, RS. A curadoria traz a assinatura de João Bandeira.

Decupagem

Vinda do vocabulário cinematográfico, significando ações que produzem continuidades a partir de recortes, a noção de decupagem poderia caracterizar sumariamente a extensa produção de Iole de Freitas, em mais de quatro décadas de atividade artística. Como se pode ver nas obras e documentos desta exposição, desde os anos 1970 seu trabalho se desdobra em continuidades que, em boa parte, vivem de sua disposição entrecortada. Da faca que avança rompendo um tecido, em um de seus filmes daquela época, até os desvios com que tubos metálicos e placas de policarbonato recortam os espaços onde se instalam ao lançarem-se neles, em obras mais recentes. Pode-se pensar também nas sequências fotográficas em que um corpo se entrega ao olhar apenas na medida mesma em que se reflete em fragmentos, nos trabalhos em que diversos materiais industrializados encadeiam suas diferenças, no entrelaçar complexo de telas e fios metálicos de seus relevos ou nas novas esculturas de aço que, como várias de suas instalações, interrogam-se sobre até que ponto o atravessamento de formas em contraposição chega a constituir um ser.

Iole também decupa minuciosamente o que intenciona produzir. Mas permitindo-se alterações de percurso durante o confronto direto com as propriedades dos materiais que utiliza em suas obras. E em função de sua situação, isto é, do leque de relações que se estabelecem entre elas e os espaços em que se encontram, modificando-se reciprocamente. Nesse constante ir e vir, o desenho, em suas mais diversas maneiras, parece ser o principal instrumento de condução, decupando o fazer – seja a rápida notação de uma ideia vislumbrada, o diagrama para um filme, a procura repetida da melhor impulsão de uma curva numa peça tridimensional ou o comentário gráfico de uma instalação já realizada.

Associados a outros documentos da artista mostrados aqui, muitos desses desenhos possibilitam entrever a intuição e o raciocínio vertidos no trabalho, que revertem-se, para ela e para nós, em obras – incluindo desenhos. No entanto, assim como obras quando prontas não são, em si, um fim – dado que é justamente quando sua vida pública pode começar –, os desenhos diversos não são apenas testemunhos de origem. Entre anotações, projetos, estudos de elaboração variada e o que já obteve o estatuto de obra, tudo na fluidez tensa da produção de Iole de Freitas parece manter no horizonte as articulações do próprio movimento.

João Bandeira

curador

Até 29 de maio.