Na Cidade das Artes Bibi Ferreira.

16/set

O artista Luiz Pizarro inaugura grande mostra individual, a partir de 21 de setembro na Cidade das Artes Bibi Ferreira, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ.

“Oníricas” trata do desejo de um mundo mais harmônico, forjado no humanismo, na arte, na beleza, e no fazer. A exposição, que ocupará quatro espaços na Cidade das Artes, ainda que não seja uma exibição retrospectiva de sua obra, será uma das mais relevantes em sua trajetória artística. Além de novas pinturas da série “Metapaisagens”, mostra realizada com muita repercussão no Paço Imperial em 2023, Luiz Pizarro apresentará instalações interativas e colaborativas e outras proposições artísticas.

“Em nossas vidas, as relações pessoais e comunitárias desafiam nosso dia-a-dia, nossos sonhos por algo mais lúdico, mais poético, mais consensual em termos de sociedade e vida comunitária, elementos esses pertencentes a cada uma das propostas de trabalhos e de ações artístico-educacionais que ali serão ativadas junto ao público”

Ocupando as duas galerias do espaço, além do saguão de entrada para os teatros e a área externa coberta, serão expostas 15 pinturas em acrílica sobre telas de médios a grandes formatos produzidas entre 2023 e 2024, e três grandes instalações interativas e colaborativas. Outras três proposições artístico-educacionais também contarão com a participação do público para sua realização.  A mostra ficará em cartaz gratuitamente até 03 de novembro, e depois seguirá em março para o Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz, no Museu Comunitário Palacete Princesa Isabel, situado em Santa Cruz também na Zona Oeste.  Luiz Pizarro, que dá aulas de desenho e pintura no Parque Lage, lançará, em breve, um livro sobre Educação através da Arte, com ênfase em sua experiência como educador principalmente em museus como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, MAM Rio, onde ocupou o cargo de Curador de Educação de 2013 a 2020.

Entre as instalações, estão:

Cubo dos Desejos, trabalho interativo e colaborativo, cuja execução conta com a participação dos visitantes.  A partir de um cubo de arestas em madeira, os visitantes passam barbantes coloridos por tantos pontos, ganchos, quanto forem as letras de seu nome, pensando num desejo para o planeta. Ao final de várias intervenções, teremos ali uma trama de fios coloridos que registram e simbolizam todos os nomes e desejos que por ali passaram.

Tarrafas ao Mar

Trabalho também interativo e colaborativo, parte de uma rede de pesca suspensa no espaço da sala de exposição, na qual cada visitante anotará num post it da cor de sua preferência, o nome de uma pessoa que ame e outro de uma pessoa em quem confia. Trata-se de fazer uma reflexão sobre a diferença entre amar e confiar que nem sempre se conjugam na mesma pessoa. Esse post-it será, então, colocado numa pequena garrafa plástica que será pendurada em local de sua escolha na rede de pesca.

Contornos do Ocaso

Instalação inédita, imersiva, composta por 25 “pergaminhos”, cada um com cinco imagens, monotipias em papel seda branco de ladrilhos desbotados da piscina onde o artista costuma nadar, além de folhas secas de sua própria casa, abordando o acaso da transformação da matéria pelo tempo e da construção de novas imagens a partir dessa desconstrução temporal. Expostas como uma floresta flutuante no espaço da sala de exposição, permite que o visitante circule através dela vivenciando diferentes perspectivas do olhar sobre a obra e sobre si mesmo dentro dela. O “Ocaso”, declínio do sol, ou em livre interpretação poética, o fim de algo, significa na verdade, segundo ele, o retorno de outras possibilidades de vida, de recomeço. Como o sol que renasce a cada ocaso, a vida recomeça a cada momento de desconstrução dela mesma, como novos estímulos que surgem pelo desaparecimento do que era tido como perene e real.

Além dessas instalações, o artista promoverá também ações “sócio-emocionais” a partir da ativação de outros trabalhos e proposições artísticas para o público. São trabalhos com desenho cego e música e outro a partir do desenho de rosto concomitante através de vidro do espaço e consequente impressão também em papel seda para ser presenteado. Finalizando, Luiz Pizarro ainda propõe que o público se posicione com relação a alguma das obras de sua preferência e, a partir de uma selfie, participe da confecção de mais uma monotipia com sua própria imagem ali registrada.

Aniversário da galeria A Gentil Carioca.

12/set

A sempre muito aguardada festa de aniversário da galeria A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, contará com a abertura de três exposições simultâneas, o lançamento de duas Paredes Gentil e da nova Camisa Educação. “ENTRA PRA DENTRO”, a exposição individual do artista plástico carioca Miguel Afa, ocupará, no dia 21 de setembro, todo o prédio 17 com aproximadamente 30 pinturas inéditas e uma instalação site specific, enquanto o prédio 11 será dividido em dois ambientes instalativos com obras de Marcela Cantuária e Rodrigo Torres. O evento terá ainda o lançamento das Paredes nos 41 e 42, com intervenções de Jarbas Lopes e Cabelo, e a edição no 90 da Camisa Educação, concebida pelas artistas convidadas Iah Bahia e Siwaju Lima. O tradicional bolo de aniversário surpresa ficará a cargo do coletivo OPAVIVARÁ!. Já a festa na encruzilhada será comandada pelos DJs Ademar Britto, Letgabs e João Penoni, com a participação especial de Vivian Caccuri.

Primeira mostra de Tuli Serpa.

11/set

O Espaço Força e Luz, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, anuncia a abertura da exposição “Véus de Aço”, do artista Tuli Serpa. A mostra é a primeira individual do artista, e conta com instalações em grande escala. As obras estarão em exibição na Galeria O Arquipélago, localizada no primeiro andar até o dia 10 de novembro.

A abertura oficial terá a presença do artista. Além disso, contará também com set de Gabriel Bernardo, conhecido como DJ GB, DJ e produtor cultural que faz parte do Coletivo Arruaça. O DJ Set estará localizado na Rua das Andradas, em frente ao Espaço e, em caso de chuva, será realocado para o interior do edifício. O evento é gratuito e aberto ao público.

Sobre a exposição

“Motos, ocultas sob tecidos que as envolvem, parecem repousar em um sono profundo. A repetição desse cenário evoca uma quietude latente, onde a cobertura atua como um sudário, escondendo a vitalidade e transformando a potência em silêncio.”. É assim que o artista Tuli Serpa relata as ideias por trás da exposição “Véus de Aço”.

Utilizando de alegorias para representar o conceito de tanatose, que é a capacidade que certos animais têm de se fingir de mortos, o artista cria instalações em grande escala usando motos como seu objeto de trabalho. As motocicletas, antes pulsantes, velozes, agora se mostram quietas e inertes.  Através dessa subversão do “ser” moto, com suas estruturas inertes envolvidas por diferentes panos, Serpa nos leva a refletir sobre nossa própria inércia e mortalidade.

A exposição, localizada no primeiro andar do Espaço Força e Luz, na Galeria O Arquipélago, conta com diversas instalações em grande escala, incluindo motos reais e obras imersivas. Ela é a primeira individual do artista.

Sobre o artista

Tuli Serpa é artista visual, produtor de arte e coordenador de palco com mais de dez anos de experiência na produção cultural. Ao longo de sua carreira, atuou em diversos festivais de música e artes cênicas nacionais e internacionais. Nos últimos anos, tem se dedicado ao audiovisual, atuando no departamento de arte e assinando os cenários de três longas-metragens nacionais, além de dezenas de comerciais publicitários. Em sua pesquisa dialoga com signos urbanos, ruídos, contrastes e materialidades, investigando as tensões entre o ambiente urbano e o poético

Obras recentes e inéditas de Luiz Zerbini.

04/set

Celebrando a mudança de nome da galeria, a Maneco Müller | Mul.ti.plo, Leblon, Rio de Janeiro, RJ, abriu uma exibição individual com a produção mais recente de Luiz Zerbini, que acaba de apresentar no CCBB Rio uma grande mostra retrospectiva, atraindo mais de 70 mil visitantes. A exposição “Pedra, metal e madeira” reúne cerca de 20 obras recentes do artista, entre gravuras em metal, litogravuras e monotipias, sendo a maioria inédita. Quem assina o texto crítico é Fred Coelho. A mostra, que vai até 1º de novembro, inclui o lançamento de um livro de grandes dimensões, impresso manualmente, a ser apresentado na ArtRio. A mudança de nome da galeria simboliza a sociedade entre Maneco Müller e Stella Ramos na Mul.ti.plo, desde 2018.

Atravessando seus quase 50 anos de produção, a poética de Luiz Zerbini destaca-se por uma voluptuosa e desconcertante paisagística, combinando vegetação, ambientes urbanos, fabulação, memória e alegorias. A recente produção em monotipia e gravura em metal do artista é fruto do encontro dele com o Estúdio Baren, criado pelo editor e impressor carioca João Sánchez. Há quase uma década, Zerbini e João pesquisam diversas formas de imprimir monotipias, misturando técnicas e materiais, papéis, matrizes e pigmentos. Mais recentemente, o artista carioca Gpeto passou a colaborar também com o Estúdio Baren, juntando-se à produção de monotipias de João Sánchez e Luiz Zerbini.

O destaque da mostra na galeria são as gravuras em metal inéditas nas quais Luiz Zerbini se debruça sobre uma das mais tradicionais técnicas de impressão artesanal do mundo. Há cerca de cinco anos, Zerbini vem se dedicando a experimentações nesse campo graças à proximidade com o Estúdio Baren. A Maneco Müller | Mul.ti.plo surgiu como espaço natural da mostra dessa produção por conta da parceria da galeria com o Estúdio Baren e a amizade de longa data tanto com Luiz Zerbini quanto com João Sánchez.

Na mostra estão cinco obras em água-forte e água-tinta sobre papel de algodão em preto e branco, com edição limitada de 30 exemplares, no formato de 78 X 53 cm. “Num momento de enorme sucesso da sua carreira, Zerbini expande-se por outra frente, com a possibilidade de escapar da demanda permanente da pintura. Nas gravuras em metal, ele está podendo repensar as imagens de suas telas, oferecendo a elas novas dinâmicas, novas camadas, novas possibilidades. Isso leva a um outro caminho de debate sobre sua obra. A oportunidade de se desafiar, de se arriscar, experimentar, traz um incrível frescor e força aos novos trabalhos”, explica Fred Coelho. Os desenhos de Zerbini, feitos a ponta-seca e buril sobre a superfície do metal, revelam-se no papel com uma incrível sutileza de tons e força da forma. “Aqui o tempo da impressão é outro. O processo em metal é trabalhoso, lento, complexo. Exige muita dedicação. É coisa de um mundo que não existe mais. Sempre tive vontade de me dedicar a isso, mas nunca tive chance. Agora com o João Sánchez encontramos esse caminho”, revela Luiz Zerbini.

Já as 12 monotipias são exemplares únicos, com dimensões de 107 x 80 cm, impressas em papel de algodão. Tirando as obras apresentadas na exposição MASP em 2022, incluindo quatro originais utilizados para ilustrar a edição do livro “Macunaíma, o herói do Brasil”, de Mário de Andrade (Editora Ubu, 2017), e outra sobre a Guerra de Canudos, a coleção de monotipias reunida é inédita. Mais do que representações de vegetação, nas monotipias de Luiz Zerbini são as próprias plantas e objetos entintados que são colocados na prensa, imprimindo e dando relevo com sua textura ao papel. “Quando descobri a possibilidade de utilizar as folhas como matriz, fiquei muito interessado. A partir daí começamos a experimentar outros materiais. Fomos fazendo uma pesquisa enorme”, comenta o artista sobre a parceria com o Estúdio Baren.

Sapos, lagartixas, jacarés, ratos e cobras de borracha.

03/set

A artista Lia Menna Barreto exibe na OCRE Galeria, Cidade Baixa, Porto Alegre, RS, uma exuberante instalação composta de bichos de plásticos.

A incessante fábrica de Lia Menna Barreto

Tapetes de jacaré, bobinas de sapo, pizzas de lagartixa. Produtos variados: vende-se a metro ou a granel, no varejo ou no atacado. Há 21 anos, a fábrica de Lia Menna Barreto segue funcionando incessantemente, nunca parou. Lia se insere na esteira diversa da ousada Geração 80 da arte brasileira. Propondo experimentações de materiais e linguagens possíveis à criação artística, coube a essa turma de jovens artistas reinventar modos de pensar e fazer em arte, subvertendo formas de pintar, gravar, desenhar e esculpir, ampliando-se para uma cartela infinita de meios e procedimentos. Em Fabricados, a artista apresenta parte da coleção de produtos derivada da instalação in situ Fábrica, obra emblemática da 4ª. Bienal do Mercosul (Porto Alegre/Brasil, 2003). Na proposição, instalou uma sala de produção no meio do Armazém A5 do Cais do Porto. Quadrado, com divisórias de PVC e vidro, o chão de fábrica mantinha um regime de produção onde nós, operários-assistentes, produzíamos, em série, dezenas, senão centenas, de objetos modulares, a partir de bichinhos de brinquedo. Para a realização das tarefas do dia, repetindo uma técnica de prensagem criada pela artista utilizando ferros de passar roupa, água e papel manteiga, montávamos objetos de aparência estranhamente familiar a partir da manipulação de sapos, lagartixas, jacarés, ratos e cobras de borracha, famosos itens de preço barato das saudosas lojas de 1,99 ou made in China. Construíamos tapetes, mandalas, estrelas, flores, bolos e pizzas. Na ocasião, a obra viva exibia ao público, do horário de abertura ao encerramento de suas operações fabris, o pensamento de uma artista inquieta, revelado no labor e na fantasia do processo criativo. Temporária e efêmera, a fábrica se apresentava como um trabalho continuamente inacabado e, ao mesmo tempo, múltiplo em si. Nenhum dia era o mesmo dia na linha de produção pois, a cada 24 horas, acontecia de um jeito diferente, revelando-se como uma obra de difícil apreensão. Não diferente, a mostra que se apresenta hoje, continua fugindo da obviedade. Na esperança de encontrarmos obras docilizadas no ambiente da galeria, a montagem e a exibição das peças subvertem a lógica de exposição e atualizam as regras de apreciação e consumo de obras de arte. Os fabricados de Lia voltam ao circuito como produtos, vendidos a metro ou em peças únicas, separados ou combinados, grandes ou pequenos, ao gosto do freguês. Um tanto irônico, a artista nos apresenta mais um desdobramento de sua constante, irreverente e espetacular produção. Com 40 anos de carreira, a produção da artista atualiza o repertório singular de conceitos operatórios que traz em sua caixa de ferramentas: derreter, grudar, misturar e prensar ampliam-se para cortar, medir, negociar e outros tantos verbos de ação que seu trabalho demande inventar. Revela, portanto, que há sempre uma surpresa no caminho a surgir, que reconfigura continuamente as rotas do trabalho da artista. Pois, mesmo no ato insistente de uma comprometida e incessante produção, sempre abre-se espaço para o desvio. Surpresas do processo: o começo de uma nova linha de produção.

Sandro Ka/artista visual, professor e pesquisador (EBA/UFMG), ex-operário-assistente da Fábrica.

A riqueza cultural de Eduardo Ver

27/ago

Devido às dificuldades logísticas causadas pelas enchentes que atingiram o estado do Rio Grande do Sul, a abertura da exposição “Sacro Ofício” de Eduardo Ver foi primeiramente adiada. E agora, vale conhecer a riqueza cultural e simbólica do Brasil através das 16 xilogravuras únicas de Eduardo Ver, que destacam as influências e tradições indígenas, negras e caboclas no Espaço Força e Luz, no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, Centro Histórico, Porto Alegre, RS.

Sobre o artista

Eduardo Ver nasceu em 1979, em São Paulo-SP. Vive e trabalha em São Paulo-SP. Desde muito jovem, Eduardo Ver já praticava o desenho como uma ferramenta lúdica para se conectar com outras histórias. O interesse pela Xilogravura, seu principal foco de pesquisa, deu-se a partir da sua experiência na Universidade Cruzeiro do Sul, no começo dos anos 2000. Foi também durante esse período que o artista bateu a porta do Atelier Piratininga, onde permaneceu por mais de sete anos, até 2012. Sob orientação do artista gravador Ernesto Bonato, Eduardo Ver aperfeiçoou-se na técnica e produção da gravura, encontrando de fato a prática que o guiaria na sua trajetória como artista. A técnica utilizada por Eduardo Ver aplica diversas camadas de impressão sobre o papel, ou seja, para cada xilogravura, ele produz várias matrizes, que são sobrepostas até atingir um certo grau de tridimensionalidade. Segundo o artista o objetivo é atribuir ritmo às obras, fazendo com que todos os elementos convivam em harmonia, num verdadeiro estado de confraternização. A “magia” dessa complexidade processual proporciona ao espectador um tipo de transe visual, proposto pelo artista para estabelecer uma relação direta com os rituais de Umbanda, religião de matriz africana e brasileira, que abriga o mesmo sincretismo identificado no trabalho de Eduardo Ver. Essa mistura de referências nos trabalhos do artista geralmente está associada a elementos da natureza, como plantas e animais, figuras de Orixás e de santos católicos, além de objetos alegóricos. Símbolos da Geometria Sagrada também são identificados, juntamente com outros que fazem alusão tanto aos povos originários do Brasil, quanto ao Sufismo, religião mística do Islamismo, como os arabescos, por exemplo. A todo esse inventário cultural diversificado, o artista atribui uma paleta elegante de cores, inspirada pelos exercícios de observação das plantas que encontra na natureza e nas floriculturas próximas da sua residência, na zona leste da cidade de São Paulo. Nos seus quase vinte anos de produção artística, Eduardo Ver desenvolveu uma cadência conceitual bastante original e um rigor técnico e formal apurado, muito dos quais adquiridos a partir da sua experiência com projetos gráficos. De seu estúdio, chamado por ele de “Gráfica talhando em silêncio”, saem por exemplo ilustrações para publicações, como livros de cordéis, cartazes e lambes, que podem ser encontrados nos espaços urbanos de São Paulo.

Bate-papo com Rose Afefé n’A Gentil Carioca

20/ago

Será no dia 24 de agosto, o encerramento da exposição “A vergonha quase me tirou a memória”. A Gentil Carioca e Rose Afefé convidam para uma conversa que começará às 14h na galeria e terá seu desfecho no Solar dos Abacaxis, onde a artista apresenta a obra-cidade “Terra do Pé Vermelho”.

A conversa começa n’A Gentil Carioca, onde a artista falará sobre a sua exposição “A vergonha quase me tirou a memória”, atualmente em exibição na galeria; o texto crítico é de Luiz Zerbini. As obras presentes na mostra surgem a partir de recortes das muitas recordações que Rose Afefé carrega de sua vida e infância no interior da Bahia. A artista, que em 2018 realizou a obra “Terra Afefé – uma microcidade levantada com terra na região da Chapada Diamantina” – traz desdobramentos da poética desse território em pinturas e instalações inéditas.

O bate-papo segue no Solar dos Abacaxis, onde Rose participa da exposição coletiva “Por uma outra ecologia: o que a matéria sabe sobre nós”, sob a curadoria de Matheus Morani e Thiago de Paula Souza. Nesta mostra, Rose Afefé apresenta o processo de fundação de uma nova cidade, chamada “Terra do Pé Vermelho”. A obra-cidade, concebida de forma fragmentada, tem como principal objetivo a circulação e redistribuição de recursos econômicos. Segundo Matheus Morani, “Rose a funda como um manifesto, estabelecendo um ecossistema financeiro que beneficia diretamente os moradores simbólicos desta Terra, em uma taxa de contrapartida social revertida à materialização de seus sonhos no valor de aquisição de cada uma destas fachadas. Assim como Terra Afefé, a Terra do Pé Vermelho se abre às comunidades para que habitem em seus mais diversos usos e desejos.”

E sábado é o último dia para visitar a exposição “Arqueologia de si”, de Novíssimo Edgar, que tem texto crítico da curadora Tamar Clarke-Brown.

Exposição de Hilal Sami Hilal

A Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ,  apresenta a exposição “Lugar de Passagem”, com mais de trinta obras de Hilal Sami Hilal, celebrado artista capixaba de origem síria, que já soma 50 anos de trajetória. A mostra é centrada no site specific “Artigo 3º”, um painel na técnica que criou e é uma característica de sua produção: o cobre vazado, rendado, filigranado. A obra, de 14,5 metros de comprimento por 3,5 metros de altura, composta por nomes de pessoas, atravessará a nave central da Casa França-Brasil, como um delicado muxarabi (treliça típica da arquitetura árabe). Criadas também especialmente para a mostra, estarão monotipias em papel de algodão feito à mão e vários pigmentos, da série “Alepo”, nos quais o público verá, nitidamente, os objetos decalcados. Entre elas, uma porta de 2,10 metros de altura, uma instalação com 40 monotipias sobre objetos pessoais e utensílios cotidianos, como roupas, pratos, copos e talheres, e ainda um grupo de obras onde o papel registrou azulejos partidos, quebrados. Também de 2024 são as duas obras “Sem título”, da série “Atlânticos”, em cobre, corrosão e oxidação, com 130cm de altura.

Em torno do site specific “Artigo 3º”, os curadores Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto reuniram várias obras emblemáticas de Hilal Sami Hilal, como a instalação “Sherazade” (2007/2024), com 160 livros, com 80 mil páginas interligadas, ocupando aproximadamente uma área de cem metros quadrados no chão da entrada da exposição. “Lugar de passagem é também o lugar da arte, da vida”, diz Hilal Sami Hilal. Composto por nomes de pessoas, o título do trabalho é uma alusão ao terceiro artigo da Constituição brasileira, de 1988: “Construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. A ideia dos nomes veio originalmente a partir dos amigos do artista que o presenteavam com roupas de algodão, transformadas por ele em matéria-prima para fazer o papel artesanal. A esses nomes ele foi acrescentando outros. “É uma pele, transparente, e os nomes ficam como signos estéticos, os cidadãos brasileiros”, diz Hilal Sami Hilal. A obra é um desdobramento de um trabalho feito em 2003 para a exposição “Sal da Terra”, no Museu Vale, em Vila Velha, Espírito Santo, com curadoria de Paulo Reis (1960-2011).

O patrocínio da exposição é da Enel e do Governo do Estado do Rio de Janeiro/Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, através da Lei de Incentivo à Cultura. A organização é da MLC Produções Culturais.

Em cartaz até 20 de outubro.

Brasileiros em Nápolis

19/ago

A exposição “Vai, vai, saudade” apresenta a multitude da arte brasileira na Itália, com curadoria de Cristiano Raimondi. A mostra encontra-se no Madre – museo d’arte contemporanea Donnaregina, Via Luigi Settembrini, 79, 80139, em Nápolis. Apresentando a produção de artistas brasileiros, tem como destaques obras como In-mensa, de Cildo Meireles, a Via Sacra da Amazônia (Amazon Via Crucis), de Hélio Melo, o Livro da Arquitetura nº II, de Lygia Pape, além de diversas obras de Miriam Inez da Silva e de Sidney Amaral, uma sala dedicada a Heitor dos Prazeres e uma instalação de Lúcia Koch.

A salas que compõem a exposição são “notas de viagem” que se fundem para formar um itinerário expositivo livre, mas interligado de temas formais e conceituais, espirituais e terrenos, políticos e geográficos que, em conjunto, formam a base de uma narrativa que segue uma lógica novelesca. A série Via Sacra da Amazônia, de Hélio Melo, fez parte da exposição solo do artista realizada na galeria Almeida & Dale, São Paulo, SP, em 2023 com curadoria de Jacopo Crivelli Visconti.

A palavra do curador

Na visão do curador Raimondi, o Brasil é “Um país que provou ser capaz de construir uma identidade baseada na valorização do multiculturalismo e na fusão de múltiplas linguagens, desafiando a abordagem eurocêntrica e monolítica da história da arte”.

Sobre o museu

O Museo d’Arte Contemporanea Donnaregina, também conhecido como Museo Madre, ou Museu de Arte Contemporânea Donnaregina, é um museu de arte contemporânea em Nápolis, na Campânia, no sul da Itália. Está alojado no Palazzo Donnaregina, que lhe foi adaptado pelo arquiteto português Álvaro Siza Vieira.

Em exibição até 30 de setembro.

Nara Roesler SP exibe Julio Le Parc

05/ago

Exposição Julio Le Parc: Couleurs, 50 obras recentes e inéditas do gênio da arte cinética estarão em exibição na Galeria Nara Roesler São Paulo, Jardins, SP, a partir do dia 08 de agosto.

Trata-se da exposição “Julio Le Parc: Couleurs” do grande mestre da arte cinética. Pinturas, desenhos, um móbile em grandes dimensões, com quatro metros de altura por três metros e meio de largura, e duas estruturas luminosas – em que a luz interage diretamente com as placas cromáticas, provocando um efeito luminoso vertical e ascendente – ocuparão dois andares da Nara Roesler São Paulo. Ativo aos 96 anos, o artista argentino radicado em Paris desde os anos 1950, deu à exposição um título em francês, que significa “Cores”.

Entre as obras, está um conjunto de treze pinturas da série “Alquimias”, criadas este ano que, vistas de longe parecem nuvens cromáticas que vibram, e de perto se percebem as mínimas partículas de cor presentes nas composições. Nesses trabalhos que têm tamanhos que variam de três metros a 1,5 metro, Julio Le Parc se debruça sobre o estudo da cor, suas diferentes paletas e os resultados obtidos a partir da interação entre elas. Sua paleta é constituída de catorze tonalidades, que vem utilizando desde 1959, e que vai desde tons mais quentes, como o vermelho e o laranja, até os mais frios, como o azul e o roxo. No entanto, nas “Alquimias”, as cores são reduzidas a pequenos fragmentos, como se fossem partículas, que se agrupam e se organizam de diferentes maneiras. Vistas de longe, o espectador tem a sensação de estar diante de nuvens cromáticas que vibram conforme as tonalidades se friccionam entre si, mas, de perto, ficam visíveis as partículas de cor presentes nas composições.

Outra série pictórica presente na mostra na qual Julio Le Parc coloca lado a lado faixas de cor que vão dos tons mais quentes aos mais frios, e que através de esquemas sinuosos as cores se intercalam, criando uma superfície dinâmica. São elas “Ondes 174” (2024), “Gamme 14 couleurs Variation 8” (1972/2024), “Gamme 14 couleurs Variation 7” (1972/2024) e “Théme 72-7” (1973/2023), todas elas em tinta acrílica sobre tela.

Obras tridimensionais de Julio Le Parc, uma de suas marcas de beleza e de experimentos cinéticos, estão também na exposição: “Mobile Color” (2024), com placas de acrílico colorido suspensas por fio de nylon, totalizando quase quatro metros de altura por 3,5m de largura, em que o artista propõe a mesma transição cromática nas séries de pinturas expostas; e as duas estruturas luminosas – “Continuellumière” (1960/2023) e “Continuellumière – verte” (1960/2023), ambas em madeira, acrílico, luz e folha colorida, que contém placas de acrílico coloridas com padrões geométricos. Uma vez acesas, a luz interage diretamente com as placas cromáticas, provocando um efeito luminoso vertical e ascendente.

Um conjunto de 27 desenhos feitos em técnica mista sobre papel, com 29x21cm cada um, chamados de “Proyectos para alquimia”, revela ao público o processo criativo e experimental de Julio Le Parc, nos estudos de cor feitos para suas pinturas da série “Alquimia”. O principal interesse poético de Julio Le Parc é o estudo do movimento, que ao longo de sua trajetória foi explorado das mais diversas maneiras: por meio de pinturas, experimentações com espelhos e outras superfícies reflexivas, instalações, motores e mesmo instalações mais ousadas, como o conjunto que realizou para a Bienal de Veneza de 1966 que, para incluir o espectador, transformou a instalação em um parque de diversões.

Até 19 de outubro.