ArtRio, evento adaptado às normas de segurança.

15/out

 

Neste ano de 2020, ano diferente de todos os outros, a ArtRio completa a sua 10ª edição. Confiante na importância das feiras de arte para o mercado e reforçando seu propósito em desenvolver um trabalho focado na valorização da arte brasileira e latino-americana, a ArtRio apresenta, até 18 de outubro, dois modelos de evento. A feira presencial acontecerá na Marina da Glória, em formato reduzido e diferenciado, e a feira virtual na plataforma ArtRio.com.

 

Instalada na Marina da Glória, Rio de Janeiro, RJ, a ArtRio ocupará – até  dia 18 de outubro – o pavilhão principal, com a presença de cerca de 40 galerias. Seguindo todos os protocolos de segurança indicados pelos órgãos competentes, incluindo a exigência do uso de máscara, a disponibilização de álcool gel e o distanciamento social. O número de visitantes será limitado e com indicação de horário de entrada e tempo de permanência. Na área externa da Marina teremos o MIRA, programa de videoarte com curadoria de Victor Gorgulho.

 

Novidade anunciada para setembro é a inauguração da Casa ArtRio, no bairro do Jardim Botânico. Nesse espaço serão realizadas palestras, debates, conversas com artistas e curadores, além de exposições especiais. Esse espaço será permanente, com agenda prevista para todo o ano.

 

Dando continuidade ao trabalho de acessibilidade a arte desenvolvido ao longo dos últimos 10 anos, a ArtRio vai levar para a plataforma digital toda programação realizada na Casa ArtRio.

 

Acreditamos que não podemos parar com todo o trabalho que desenvolvemos para a ArtRio – o importante é buscar alternativas e novos formatos. Temos um forte compromisso com toda a cadeia do mercado de arte. Ao mesmo tempo, entendemos que, neste momento, a segurança de todos está em primeiro lugar. Teremos, em 2020, uma edição da ArtRio adequada ao cenário atual, seguindo com seu padrão de excelência e trazendo novas experiências para todos. A edição digital vai possibilitar que esse ano a feira quebre barreiras e chegue a um público mais amplo, que pode estar em qualquer lugar do mundo.”, indica Brenda Valansi, presidente da ArtRio.

 

ArtRio Digital

 

A ArtRio foi a primeira feira de arte do mundo a lançar, ainda em 2018, um marketplace para venda online. Neste ano, está sendo desenvolvida uma plataforma que irá permitir a sensação de visitação da feira e das galerias presentes, incluindo diversos detalhes sobre as obras, artistas e histórico. Um chat vai permitir a conversa direta com os galeristas, além de canais para comunicação por vídeo, facilitando a visualização das obras e negociações. A edição virtual contará ainda com intensa programação de eventos como palestras, mesas redondas, performances e visitas guiadas programadas para todos os dia da feira.

 

De acordo com o relatório “The Art Market 2020 – Art Basel and UBS”, o mercado de arte e de antiguidades online alcançou em 2019 o total de US 5,9 bilhões. Esse montante representa 9% do valor das vendas no mercado de arte global por valor. Entre as vendas on-line em 2019, 57% foram realizadas para novos compradores. Enquanto a maior parte das transações online das galerias (77%) conectam compradores e vendedores com mais de 1.000 km de distância, cerca de 18% estavam dentro de um raio de 500 km, incluindo 11% dos compradores a menos de 50 quilômetros de distância.

 

Os colecionadores Millenials (em geral nascidos entre 1979 e 1995) foram os usuários mais regulares dos canais online, com 92% comprando neste modelo. 36% desses millenials que compraram online pagaram mais de US$ 50,000 por uma obra de arte, incluindo 9% que gastaram mais de US$ 1 milhão.

 

Sobre a ArtRio

 

Mais do que uma feira de arte de reconhecimento internacional, a ArtRio é uma plataforma com um calendário ativo durante todo o ano, realizando diferentes programas sempre com o intuito de aproximar artistas e galerias de seu público, estimular o conhecimento e valorizar a produção de novos artistas, incentivar a criação de novo público para a arte e disseminar o conhecimento da arte em projetos de acessibilidade e educação. Desde o início do distanciamento social, a ArtRio vem realizando de forma digital, em suas redes sociais e na ArtRio.com, conversas com artistas e curadores, mostras de vídeo arte, convocatórias de fotografia, além da atualização da agenda de mostras exposições das principais galerias e instituições culturais do Brasil e do mundo.

 

A Artrio 2020 tem patrocínio da XP Investimentos, com apoio da Aliansce Sonae e Rio Galeão. O Belmond Copacabana Palace é o hotel oficial do evento.

 

Até 18 de outubro.

Manifestações contemporâneas

25/set

O Goethe-Institut Porto Alegre fomenta, através de Concurso, manifestações de artistas contemporâneos no âmbito da gravura e suas extensões. Nesta 5ª edição do Concurso de Arte Impressa são apresentadas as produções artísticas de Leandro Machado, José Salvador, Bya de Paula e Guilherme Robaski através de vídeos, imagens, entrevistas e textos publicados em uma página especial no site do Instituto. O conteúdo foi produzido pelos artistas em parceria com as curadoras Izis Abreu e Mel Ferrari. A seleção apresenta tanto trabalhos em gravura quanto obras que colocam a arte impressa em diálogo com outras linguagens e formas de apresentação.

Incêndio florestal destrói troncos que iriam compor intervenção Tulio Dek. Abertura adiada para 25 outubro .

17/set

Exibição adiada

Um devastador incêndio florestal ocorrido no dia 12 de setembro, sábado, em Oliveira de Frades e na Serra dos Candeeiros, próximo a Lisboa, destruiu os 500 troncos de árvores que iriam esta semana para a montagem da intervenção do artista brasileiro Tulio Dek no Jardim do Torel, na capital portuguesa.  Cedidos pelo governo português, os troncos eram oriundos de incêndios anteriores no país. Consternados com a amplitude dos incêndios, que desde julho assolam a região central do país, os dirigentes da Junta de Freguesia de Santo Antonio – que administra o Jardim do Torel – prorrogaram a abertura da exposição para o próximo dia 25 de outubro.

Tulio Dek, comenta o fato: “Fiquei muito triste ao saber do incêndio. Por outro lado, vejo isso como um sinal de que estamos no caminho certo, pois é exatamente este o tema abordado. A vida segue imitando a arte. Acho que quando nos propomos a fazer grandes projetos com o objetivo de mudar o mundo , o mundo também pede uma grande mudança dentro de nós. Remarcada para o dia 25 de outubro, tenho certeza de que a intervenção  terá um impacto ainda maior”.

Matrioshka, mostra coletiva

 

A Bergamin & Gomide, Jardins, São Paulo, SP, e o Projeto Vênus têm o prazer de apresentar a coletiva “Matrioshka”, com obras das artistas Flora Rebollo, Giulia Puntel, Janina McQuoid e Paula Scavazzini. A exposição acontece de 19 de setembro a 31 de outubro de 2020.

“Matrioshka” parte de um processo criativo coletivo através de encontros virtuais entre as artistas, o Projeto Vênus e a equipe da Bergamin & Gomide.

A exposição será em 3 atos porque serão 3 os momentos em que a montagem poderá ser reconfigurada, assim, constitui-se como impermanente, uma vez que o espaço expositivo estará suscetível a transformações conforme as obras vão sendo inseridas, reorganizadas ou retiradas.

Enquanto a exposição estiver em cartaz, o conteúdo de comunicação também seguirá o fluxo dessas novas inserções de obras e diálogos. O público poderá acompanhar simultaneamente nas nossas redes sociais as transições da exposição, bem como a imprensa, que terá acesso aos novos materiais produzidos até o encerramento da coletiva.

Visitação: Segunda a sexta-feira das 10 às 19 horas, sábados das 11 às 15 horas.

 *O uso de máscara é obrigatório em espaços de uso coletivo.

A Gentil Carioca, ano 17

09/set

17 Anos A Gentil Carioca [17 Years A Gentil Carioca]

No dia 06 de setembro seria o 17º aniversário Gentil, gostaríamos muito de celebrar na Encruzilhada, mas nesse ano atípico, nossos planos precisaram ser adiados. Apesar da distância, seguimos fortes e unidxs por essa magia que só a arte é capaz de conjurar. Sobretudo, queremos enfatizar nosso amor e gratidão a cada um que segue apoiando, acreditando, vivendo e escrevendo conosco tantas histórias incríveis. Sejam vocês amigxs, artistas, curadores, críticos, colecionadores, equipe, colaboradores, visitantes, simpatizantes, vizinhança do Saara, ou pessoas que simplesmente circulam pelas redondezas e buscam refúgio em nossos corações. É essa mistura gostosa que faz a Gentil ser A Gentil Carioca!

Os espaços internos da galeria seguem fechados, mas estamos a todo vapor com novos projetos e uma programação que pode ser acompanhada de forma online. Atualmente, na área externa, está em atividade a 36º PAREDE GENTIL realizada pelo coletivo água de beber em parceria com Mais Amor Menos Capital e Taboa Engenharia e o Gentil Apoio da 342 Artes. Você pode ver o projeto, em tempo real, através de nosso site.

Muito obrigado!

 

Equipe A Gentil Carioca

 

Se precisar de mais informações entre em contato pelo correio@agentilcarioca.com.br

Leilão Vivian Pérez

24/jul

Live sobre Goeldi

21/maio

Olá,

 

Esperamos que você e sua família estejam bem.

 

Dando seguimento à série de lives que estamos realizando semanalmente em nosso perfil no Instagram, amanhã, sexta-feira, dia  22 de maio, às 16h (horário de Brasília), o sócio-diretor da galeria Thiago Gomide recebe o curador, crítico e professor de História da Arte Paulo Venâncio Filho para uma conversa sobre o grande artista expressionista tropical Oswaldo Goeldi (1895-1961).

 

Convidamos você também a assistir o vídeo preparado para a exposição do artista na Galeria 32, anexo da Embaixada Brasileira em Londres, onde nosso convidado fala sobre a importância da obra de Goeldi. A exposição celebrou o artista no ano em que se completa o 50º aniversário de sua morte, em 2011, e foi a primeira internacional em 80 anos – a última foi realizada em 1930, em Berna, Suíça.

 

Avesso à cena cultural carioca, o artista encontra nas figuras boêmias e anônimas das ruas do Rio sua inspiração. Para um expressionista voluntariamente exilado, a arte não era ligada a nenhum tipo de idealização do mundo. Era preciso procurar, nos lugares mais afastados, os excluídos, os que ficam à margem das transformações modernas.

 

Sua obra é um constante exercício de lucidez: é pela disciplina artística que aborda a estranheza do mundo. A densidade dos planos de fundo é interrompida por traços angulosos que formam suas figuras, evidenciando assim o peso da realidade. Ela impressiona pela amplitude e profundidade das questões que apresenta. Homens que vagam pelas superfícies negras da cena urbana, pescadores que trabalham em condições extremas, personagens desconhecidos que no fundo não conseguem ocultar um sentimento de mistério e solidão. O isolamento – tema tão atual –, sempre esteve presente em Goeldi; no entanto, não tem um viés escapista romântico, não coloca a arte num plano místico-transcendente; ao contrário, a concebe como um fazer mundano, prático, um exercício permanente de crítica e crônica do mundo vivido.

 

Paulo Venâncio Filho, nosso convidado, é curador, crítico de arte, professor titular na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro e pesquisador do CNPq. Publicou textos sobre vários artistas brasileiros entre eles Hélio Oiticica, Cildo Meireles, Lygia Pape, Mira Schendel, Anna Maria Maiolino e Eleonore Koch, entre outros. Como curador, assinou exposições como “O Ateliê de Oswaldo Goeldi” no MAM-SP em 2012, “Century City: Art and Culture in the Modern Metropolis” na Tate Modern, em Londres (2001), “Iberê Camargo: Diante da Pintura” (Pinacoteca do Estado de São Paulo,2003), “Possibilities of the Object: Experiments in Brazilian Modern and Contenporary Art” (The Fruitmarket Gallery, Glasgow, 2015) e “Piero Manzoni” (MAM-SP, 2015). Doutor em filosofia pela Universidade de São Paulo, também publicou os livros “Imagem Útil, Imagem Inútil”, “Rodrigo Andrade: Resistência da matéria”, “Paulo Monteiro: O interior da distância” e “Cassio Michalany: Como anda a cor”. Dá aulas na pós-graduação da Escola da Cidade e é também professor convidado no Departamento de Artes Plásticas da Unesp.

 

Através deste link, você pode encontrar uma seleção de obras de Owaldo Goeldi.

 

Para mais informações, entre em contato conosco.

 

Obrigado e até breve,

Equipe Bergamin & Gomide

Novo espaço na Simone Cadinelli

13/mar

Quando abriu a exposição “A vulnerabilidade da solidez”, com uma instalação inédita da artista carioca Isabela Sá Roriz, em uma edificação que estava desocupada ao lado, Simone Cadinelli Arte Contemporânea passa a ocupar mais um espaço – o terceiro – na vila situada na Rua Aníbal de Mendonça, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ.

 

Apostando na relação entre arte/arquitetura/urbanismo, e assim reverberando as discussões provocadas pela escolha da UNESCO de o Rio de Janeiro, este ano, ser a Capital Mundial da Arquitetura – por conta da realização em julho do Congresso Mundial de Arquitetura – Simone Cadinelli convidou Isabela Sá Roriz para fazer esta intervenção. Com materiais compostos por polímeros (macromoléculas) de diferentes densidades, como cera – principalmente de abelha – látex e silicone, a artista investiga estratégias de potência e intensidade dos corpos, diante das tentativas de controle das percepções.

 

“Já que nossa sociedade é uma construção disforme, e que passamos por vários processos autoritários de formatação, quis apresentar distorções de corpos, fluxos, insubordinações de materiais, o disforme enquanto potência, em contraposição e tensão, às contenções geométricas e aos processos de formatação”, explica Isabela Sá Roriz. A artista quis propor uma diferente relação do corpo e a espacialidade, “com potência e intensidade”. “A cera, com uma densidade diferente, um sólido maleável, geométrico, apresenta uma estrutura de formatação, mas ao mesmo tempo é um material que está contido, na imanência de derreter, de sair, escorrer. É, portanto, uma solidez temporária, capaz de ser transformada”, diz.

 

O trabalho parte de um questionamento da artista: “Como resistir à autoridade das formas?” Ela se interessa em discutir “a borda entre corpo e espaço e a permanente troca e produção de conhecimento entre eles”. “Portamos os espaços que habitamos no corpo, na carne, assim seus processos de formação seguem conosco”.

 

O crítico João Paulo Quintela, no texto que acompanha a exposição, afirma que “a melhor das pretensões é a instabilidade”. “A escultura não funciona aqui como categoria mas como um estado. Desimpedido, solto e escorrido. A reiteração de um estado frugal dos sólidos. O molde não serve à artista como ferramenta de compressão mas sim de transbordamento. Se por um lado o molde oferece ao material um lugar para acoplar-se, por outro a dinâmica proposta pela artista favorece a superação do espaço ofertado. A forma se dá em relação com o molde e não por determinação dele”, observa.

 

Para Simone Cadinelli, “as intervenções urbanas e a arquitetura proporcionam mudanças significativas e renovação de espaços em diversas escalas nas ruas, bairros e cidades”. Com a iniciativa, ela pretende “dar um novo sentido, experimentar algo que proporcione uma mudança positiva, assim como a arte tem o poder de se manifestar”.

 

Sobre a artista

 

Isabela Sá Roriz nasceu em 1982, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Artista visual, mestre em Linguagens Visuais pela UFRJ (2012), onde por quatro anos foi professora temporária no curso de Artes Visuais/Escultura da Escola de Belas Artes. Ganhou o primeiro lugar na XX Bienal de Santa Cruz de La Sierra, em 2016, e foi finalista do III Prêmio Reynaldo Roels Jr., em 2018, e selecionada para o programa de imersões artísticas, ambos na EAV Parque Lage, em 2019. Participou do Programa Incubadora Furnas Sociocultural, que abrigou e investiu em artistas plásticos emergentes. A artista participou de mostras no Brasil e no exterior em importantes espaços culturais, como: Fundação Eugênio de Almeida, em Évora, Portugal, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Solar dos Abacaxis, Museo de Arte Contemporáneo de Santa Cruz de La Sierra, Bolívia, e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. A construção de alguns de seus trabalhos evoca instabilidades físicas para desestabilizações ideológicas, propõem uma ação confrontadora diante de perspectivas dominantes e resignações pessoais, construindo pequenos “ataques” subjetivos, apontamentos poéticos, entendendo também a impermanência de sua temporalidade. Assim, “a instância política é poética, e entendo o espaço como uma categoria produtiva, um acontecimento, o local das transformações sociais e não um fundo à priori homogêneo ou heterogêneo, onde as ações se estabelecem”. Ganhou as bolsas de pesquisa Formação Deformação – Qualquer Direção fora do centro, na EAV Parque Lage, 2018; Capes (Mestrado), 2011; e Iniciação Artística e Cultural, UFRJ (Graduação), 2006 e 2007.

 

A exposição fica em cartaz até o dia 04 de abril.

 

Como olhar para trás”, na Z42 Arte

A exposição – coletiva temática – “Como olhar para trás”, com obras inéditas das artistas Ilana Zisman, Maria Amélia Raeder, Mariana Sussekind e Priscila Rocha, ocupam todo o espaço expositivo da Z42 Arte, Cosme Velho, Rio de Janeiro, RJ. Com curadoria de Fernanda Lopes, a mostra traz o tema da memória, em diferentes aspectos, através de obras produzidas em diversos suportes, como fotografia, instalação, desenho, pintura e objeto. “A exposição apresenta possibilidades de estudo sobre a memória: memória como invenção, como tornar presente algo que está ausente, como reconstrução de algo que ficou, que é presença, e também o que sobrou da memória de algo que não se conhece. Muitas vezes a memória aparece como rastro, como pista, como insinuação”, diz a curadora Fernanda Lopes. A ideia da mostra surgiu a partir de um grupo de estudo das artistas com a curadora. Ao longo de seis meses, elas se encontraram para discutir seus trabalhos e questões relacionadas a eles e identificaram que todas vinham, mesmo que de formas diferentes, tratando sobre o tema da memória em suas produções.

 

Percurso da exposição

 

No hall de entrada do casarão de 1930 que abriga a Z42 Arte estará uma única obra: “Museu de História (Des)natural” (2019), da artista Priscila Rocha, composta por uma mesa de mármore com peças em gesso dispostas como se estivessem em uma vitrine de museu, inclusive com legendas descritivas. “A ideia da construção da memória está presente nesse trabalho, onde faço uma brincadeira entre a ficção e a realidade”, diz a artista. Nesta vitrine, estará um pedestal construído com imagens de soldadinhos, um brinquedo comum da infância, fundidos, quase irreconhecíveis; um retângulo de gesso que lembra um campo de batalha e pequenas peças, também com a imagem dos soldadinhos, muitas delas em pedaços, com a legenda “flashes”, como se fossem flashes de memória. “Pelo fato de serem facilmente reconhecidos e reproduzidos em diversas culturas, localidades e épocas, pensei nas imagens e significados destes brinquedos como memória de infância e a relação desta com o espaço. Inevitavelmente pensei na banalização da guerra, nas condecorações, nos motivos levianos, na relação com o consumo, nas indústrias que ela alimenta e é alimentada, chegando novamente na indústria do brinquedo e nos brinquedos de guerra e como a questão da memória e do esquecimento é articulada neste ciclo no qual a brincadeira se insere”, conta Priscila Rocha.

 

As quatro salas seguintes serão ocupadas cada uma por uma artista. Na primeira delas, à direita, estarão obras de Ilana Zisman, como “Arquivo 1”, da série Lavagem ou Taharah (ritual judaico pelo qual o corpo passa antes de ser enterrado, que respeita e dignifica o corpo), que mede 170cm X350cm e é composta por vários pedaços de papel de seda tingidos de tons de vermelho, colocados uns sobre os outros. “As unidades podem remeter à vida ou à morte”, explica a artista, que tinge cada um dos papéis manualmente. A curadora Fernanda Lopes ressalta que “os trabalhos têm uma forte presença física, mas, ao mesmo tempo, são feitos com materiais frágeis que nos remetem à ideia de sofrimento, por estarem amontoados e terem a cor vermelha, que nos lembra o sangue, a carne”. A pesquisa da artista parte de uma busca sobre a história de sua família, que viveu o holocausto, mas cujos registros são poucos, e seu trabalho fala sobre “aqueles que foram privados da sua história, que a tiveram eliminada pela violência e pelo esquecimento”. “Apesar do tema, a obra pode ser enquadrada no sofrimento de muitas minorias”, acrescenta a curadora.

 

Na parede oposta a essa grande obra estarão três pinturas feitas sobre camadas de papéis vegetais, que são transparentes. “Esses trabalhos trazem outro aspecto da minha pesquisa, que fala que o passado não pode ser olhado como foi. Ele é nebuloso e sua opacidade traz a não certeza ou evidência do que aconteceu. Utilizando um papel translucido e colocando-os sobrepostos, tento falar de como não se consegue ver as capas do tempo, porque parece uma coisa só. Coloco as formas em diálogo. Não se pode mudar o passado- no meu processo, recolho os restos e experimento como eles podem chegar no presente”, explica a artista.

 

Com trabalhos voltados, nos últimos anos, para o jornal como objeto central de investigação, Maria Amélia Raeder apresentará, na sala seguinte, a grande instalação “Estratégia para permanecer” (2019), com 320 desenhos feitos em nanquim sobre papel vegetal, “reproduzindo” uma imagem que foi publicada no jornal The New York Times. Os desenhos são feitos a partir de um método desenvolvido por ela que permite a criação de infinitos percursos dentro da mesma imagem. “Parece o percorrer de um labirinto, só que ao invés do objetivo do percurso ser encontrar uma saída, a intenção é manter-se nele o maior tempo possível”, explica a artista, que ressalta, ainda, que “o resultado desse exercício de permanência não pretende ampliar a visualidade da imagem nem sua comunicação; acaba, talvez, apenas por reforçar a invisibilidade das imagens jornalísticas – sua vocação ao esquecimento”, afirma a artista.

 

A folha de jornal onde a imagem foi publicada orginalmente estará exposta, mas com as imagens e os textos recortados, apenas deixando visível a legenda da foto. “Os desenhos resultantes deste processo contêm, cada um, o rastro de um percurso diferente. O mistério que há no rastro instiga um olhar mais atento e investigativo. Não mostro a imagem original porque a intenção é proporcionar ao espectador uma pausa investigativa, um alargamento do tempo de permanência no trabalho”, diz Maria Amélia Raeder. No corredor ao lado, a mesma pagina de jornal estará reproduzida quatro vezes, mas com as imagens cobertas pelas cores utilizadas na padronização da reprodução da imagem pelo jornal.

 

Seguindo o percurso da exposição, chega-se na sala com as obras de Priscila Rocha, que além da vitrine no hall de entrada da Z42, apresentará pinturas, objetos e instalações também partindo da imagem dos soldadinhos de brinquedo. Marcas de pegadas desses soldados aparecem na pintura “Valsa ensaiada” (2019) e bonecos e pedaços de mármore fragmentados estão em “Favor não brincar” (2019). Em sua pesquisa sobre os soldadinhos, Priscila Rocha chegou na folha de acanto e na memória histórica que ela carrega. “Há diversos significados ao longo do tempo, como se entrelaçou com o militarismo e como se disseminou como estética ornamental apagando seus significados históricos”, afirma. Com isso, serão expostos desenhos em que a folha de acanto aparece, além de um livro de artista com o contexto histórico, além de uma linha do tempo explicativa (como normalmente há em museus históricos). Por coincidência, as grades de ferro das portas de sala que será ocupada pela artista possuem folhas de acanto, assim como as sancas em gesso. A artista instalará, ainda, um papel de parede com imagens dessas folhas na sala.

 

No último salão expositivo, estarão os trabalhos de Mariana Sussekind que acompanhou, ao longo de nove meses, o desmonte de um apartamento após a morte de sua proprietária. Sessenta fotografias desse processo irão compor a instalação “No dia que tiraram os lustres”, uma “pesquisa sobre o processo de olhar para trás, reolhar, descartar e preservar”, conta a artista. “Mariana fotografou o apartamento compulsivamente, com luz natural, sem interferência. As fotos, de tomadas diferentes e até algumas repetidas, serão montadas de forma instalativa, como se estivesse montando um filme, destacando como a memória é montada”, afirma a curadora Fernanda Lopes.

 

A instalação conta com um áudio ambiente, que ajuda a construir a ideia de memória e de passado. “São tempos distintos e desorganizados que criam uma narrativa lacunar onde o espectador é convidado a construir sua própria montagem. Uma grande história em andamento, mas que nunca dará conta de traduzir o que foi”, afirma Mariana Sussekind.

 

Sobre as artistas

 

Ilana Zisman Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formada em Psicologia na Universidade Santa Úrsula-RJ, fez cursos livres na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Filosofia e Arte Contemporânea na PUC-Rio, Processo Criativo com Charles Watson e curso de Especialização em saúde mental no Instituto de Psiquiatria da UFRJ. Desenvolve, desde 2015, uma pesquisa artística através do que chama “tecnologia do fragmento”, na tentativa de reconstruir uma memória do inenarrável e do silêncio. Investiga como materiais que remetem às histórias podem ser utilizados para acessar um passado fraturado no tempo.

 

Maria Amélia Raeder Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Possui Pós-graduação em Arte e Filosofia pela PUC-Rio, especialização em artes pelo The Art Institute of Houston-USA e graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Bennett-RJ. Fez cursos livres na The Glassell School of Art (Houston-USA), na Associacion Estimulo de Bellas Artes (Buenos Aires-AR), na EAV-Parque Lage, na Escola Sem Sitio, no Paço Imperial, no Ateliê Mundo Novo, de Charles Watson, e participou do Laboratório de Estudos em Arte Contemporânea de Frederico Carvalho – UFRJ (RJ-Brasil). Pesquisa as camadas de significação das imagens, em especial na produção de sentido das imagens nas mídias de comunicação.

 

Mariana Sussekind Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formada em Comunicação Visual pela PUC-Rio, pós-graduada em Fotografia na UCAM e em Cinema Documentário na FGV, com mestrado em Comunicação e Estética na ECO-UFRJ. Desde 2001 trabalha com montagem de cinema e vídeo se aprofundando em vídeoarte e documentário e leciona teoria e prática de montagem em cursos de cinema. Através da experimentação, do descontrole das imagens, e de uma angustiante observância do tempo, a artista mergulha no território feminino, onde seu corpo é a medida, a forma justa de suas possibilidades no agora.

 

Priscila Rocha Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Pós-graduada em história da arte e da arquitetura pela PUC-Rio, frequentou durante sua formação cursos do Parque Lage, no Rio de Janeiro, no Instituto Tomie Othake e na FAAP, em São Paulo. Pesquisa as relações dos vestígios do tempo no espaço e como o homem se relaciona com eles. Busca encontrar nessa memória espacial, elementos que possam ser apreendidos e ressignificados artisticamente por técnicas distintas, sublimando a experiência desapropriada.

 

Sobre a curadora

 

Fernanda Lopes vive e trabalha no Rio de Janeiro. Doutora pelo Programa de Pós-Graduação da Escola de Belas Artes da UFRJ, Fernanda Lopes atua como Curadora Assistente do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. É organizadora, ao lado de Aristóteles A. Predebon, do livro Francisco Bittencourt: Arte-Dinamite (Tamanduá-Arte, 2016), e autora dos livros Área Experimental: Lugar, Espaço e Dimensão do Experimental na Arte Brasileira dos Anos 1970 (Bolsa de Estímulo à Produção Crítica, Minc/Funarte, 2012) e “Éramos o time do Rei” – A Experiência Rex (Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça, Funarte, 2006). Entre as curadorias que vem realizando desde 2008 está a Sala Especial do Grupo Rex na 29ª Bienal de São Paulo (2010). Em 2017 recebeu, ao lado de Fernando Cocchiarale, o Prêmio Maria Eugênia Franco da Associação Brasileira dos Críticos de Arte 2016 pela curadoria de exposição Em Polvorosa – Um panorama das coleções MAM-Rio.

 

De 12 de março a 11 de abril.