Bechara lança livro na Lurixs

21/nov

No próximo dia 26 de novembro de 2019, às 19h, será lançado na Lurixs: Arte Contemporânea, Leblon, Rio de Janeiro, RJ, o livro “José Bechara – Território Oscilante”, com selo da Barléu Edições. O livro será distribuído para as principais livrarias de todo o país. José Bechara é um artista ativo no circuito nacional e internacional da arte contemporânea, e este livro reúne sua produção de 2010 a 2019. Três críticos de arte e curadores de diferentes países que acompanharam seu trabalho na última década são os autores dos textos: António Pinto Ribeiro (Lisboa, 1956), Beate Reifenscheid (Gelsenkirchen, Alemanha, 1961) e David Barro (Ferrol, Espanha, 1974). O editor Carlos Leal, que já publicou mais de 50 livros dedicados à arte, desde que criou a Barléu em 2002, comemora: “Este é sem dúvida o mais bonito!”. “É o único em que usei a quinta cor, que vai trazer um grande impacto visual ao leitor”, afirma. “O livro é gostoso de ler, e as esculturas, pinturas e instalações de José Bechara são belíssimas, e bem destacadas na publicação”. O livro tem capa dura, 240 páginas e trilíngue (português/inglês/espanhol) – foi mantido o idioma original de cada texto: em alemão, espanhol e português -, projeto gráfico de Rico Lins, formato: 26 x 27cm e tiragem de dois mil exemplares.

 

Neste momento, trabalhos de José Bechara podem ser vistos em exposições em várias partes do planeta: na coletiva “Walking Through Walls”, que celebra os 30 anos da queda do Muro de Berlim, com curadoria de Sam Bardaouil e Till Fellrath, na Gropius Bau, na capital alemã (até 19 janeiro 2020); na Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra – A Terceira Margem, com curadoria de Agnaldo Farias, Lígia Afonso e Nuno de Brito Rocha, em Portugal (até 29 de dezembro de 2019); e na edição da BIENALSUR 2019 realizada no Museu Nacional de Riyadh, Arábia Saudita, com a coletiva “Recovering Stories, Recovering Fantasies”, em curadoria de Diana Wechsler (até 5 de dezembro de 2019). Até o próximo dia 15 de dezembro está em cartaz na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, “José Bechara – Território Oscilante”, uma grande mostra dedicada a sua obra, com curadoria de Luiz Camillo Osorio.

 

Galeria BASE, exposição com visão feminina

19/nov

A Galeria BASE, Jardim Paulista, SP, de Daniel Maranhão, exibe “ANNA”, com cerca de 25 obras de Anna Bella Geiger e Anna Maria Maiolino e curadoria de Paulo Azeco. Nesse momento, faz-se por bem destacar a presença feminina na construção e na crítica sociocultural da nação. Como posiciona o curador,” são arquitetas de sua história e fazem parte do importante capítulo da arte Latina como peças fundamentais da luta feminista”.

 

O fato de estarem ligadas a efervescente cena cultural da cidade de Nova Iorque dos anos 1950 e 1960, e absorverem a revolução estética causada pela Bienal “Pop” de São Paulo de 1967, é ponto chave para o início dessa exposição. A escolha dos trabalhos priorizou o papel como suporte, tanto com obras únicas como múltiplos, da década de 1960, onde sua produção é de inquestionável importância.

 

“Burocracia”, de Anna Bella Geiger, produzida no período da ditadura militar, “…questiona a função e a natureza da obra de arte no âmbito do capitalismo, refletindo sobre o poder coercivo da arte como instituição, inquirindo sobre a função, a natureza e o poder repressor do Estado brasileiro” diz Paulo Azeco. Esse trabalho vem acompanhado de um importante guache da série visceral, onde a artista sobrepôs cartões recortados.

 

Anna Maria Maiolino participa com algumas “obras únicas de séries consagradas, como “Cartilhas”, “Marcas da Gota” e as xilogravuras produzidas em 1967 – “Ecce Homo”, “Glu Glu” e “Anna” – que marcam sua incursão pelo cordel e pela Pop Arte”, diz Daniel Maranhão.

 

“Ações falam mais que palavras”, dizem as ruas. Então, o melhor registro da importância das artistas agora são os eventos nos quais ou protagonizam ou estão envolvidas. “Geiger, acaba de encerrar a exposição individual “Aqui é o Centro”, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), e se prepara para uma grande individual o MASP, com abertura prevista para o próximo dia 29 de novembro, intitulada “Brasil nativo/Brasil alienígena”. Já Maiolino, atualmente está com 9 vídeos em exposição no MASP, além de uma grande mostra individual na premiada Whitechapel Gallery, em Londres. Ambas têm obras nos mais importantes museus do mundo, a exemplo do MoMa, Tate, Centre Pompidou, Reina Sofia, além dos nacionais MASP, MAM/RJ, MAM/SP, Pinacoteca de SP, dentre outros”, especifica Daniel Maranhão.

 

“As Annas dessa exposição empunham sua arte de maneira sistemática, cada qual a sua maneira, como ferramenta de denúncia de uma cultura misógina ao mesmo tempo que apontam no feminino o norte dos novos tempos”, define Paulo Azeco.

 

Em “Anna”, dois expoentes da cultura brasileira exibem trabalhos que atestam a importância e o desafio do feminino.

 

Coordenação: Daniel Maranhão, Leonardo Servolo, Cássia Saad.

Abertura: 23 de novembro de 2019, sábado, das 15 às 18h.
Período: 27 de novembro a 20 de dezembro de 2019.

 

Cildo Meireles na Mul.ti.plo

18/nov

Sem expor no Rio de Janeiro há cerca de uma década e em uma galeria carioca há mais de trinta anos, Cildo Meireles inaugura mostra na Mul.ti.plo Espaço Arte, no Leblon. A exposição “Múltiplos Singulares” abre dia 19 de novembro, às 19h, permanecendo em cartaz até 19 de janeiro de 2020.

 

Com curadoria de Paulo Venancio, o artista exibe objetos e gravuras de diferentes formatos e materiais, produzidos ao longo de cinco décadas. Algumas peças são inéditas e serão apresentadas ao público pela primeira vez. De importância fundamental na internacionalização da arte brasileira, Cildo é um dos mais conceituados artista brasileiro na cena contemporânea mundial, com obras no acervo da Tate Modern (Londres, Inglaterra), Centro Georges Pompidou (Paris, França), MoMA (Nova York, EUA), Museu Reina Sofía (Madri e Barcelona), entre outros.

 

Cildo Meireles realizou sua última retrospectiva no Rio de Janeiro no ano 2000, apresentada no Museu de Arte Moderna. Na atual exposição na Mul.ti.plo, sendo gestada há dois anos, o público poderá ver um conjunto importante de obras, que lidam com noções de Física, Economia e Política, temas recorrentes nas obras de Cildo Meireles. Entre as 16 peças reunidas, quatro são inéditas e estão sendo produzidas em segredo. As surpresas só serão reveladas no dia da abertura.

 

“A ideia da mostra se consolidou há dois anos, no meu ateliê, com o Paulo Venancio, a partir de um objeto criado há décadas que sintetiza a instalação-performance “Sermão da Montanha: Fiat Lux”, apresentada há exatos 40 anos, em 1979, no Centro Cultural Candido Mendes. Foi uma provocação à ditadura militar, durando apenas 24 horas. Muito pouca gente viu. Desde então, guardo essa maquete e agora, finalmente, concluí o trabalho”, explica o artista. “Eu também já tinha combinado uma exposição na Mul.ti.plo com o meu amigo Maneco Müller”. Sócio da galeria, Maneco dá uma pista de outra obra surpresa da mostra: a participação da locutora Iris Lettieri, cuja voz ecoou por décadas, anunciando as partidas e chegadas no aeroporto do Galeão, no Rio. “Um dia, Cildo me revelou um projeto, concebido nos anos 70, que só poderia ser realizado com a voz única dela. Não perdi tempo. Fui ao encontro de Iris e conseguimos realizar o desejo do Cildo, com a mesma fala impecável e inesquecível”, explica Maneco.

 

“A exposição apresentará múltiplos de Cildo Meireles, que trazem em si o pensamento das grandes instalações do artista”, explica o curador. Uma delas, por exemplo, tem ligação com “Metros”, trabalho apresentado numa emblemática exposição na Documenta, em Kassel, Alemanha, em 2002. “Os objetos e gravuras reunidos exemplificam o pensamento de grandes trabalhos de Cildo, sendo alguns pouco vistos”, diz ele. O público poderá conferir uma nova edição das notas de “Zero Dólar” (1978-1994).

 

Considerado um dos artistas mais importantes de sua geração, o premiado Cildo Meireles possui obras no acervo de uma das maiores instâncias de consagração da arte contemporânea do mundo, a Tate Gallery, onde expôs ao lado de Mark Rothko, em 2008. Obras do artista fazem parte também da Coleção Cisneros (NY e Caracas), Pérez Art Museum (Miami, EUA), Fundação Serralves (Lisboa, Portugal), Inhotim (Brumadinho, Brasil), MAC (Niterói, Brasil), etc. Com sucessivas participações na Bienal de Veneza (Itália) e na Documenta (Kassel, Alemanha), Cildo traz no currículo ainda exibições individuais no MoMA e no Metropolitan, em Nova York. Atualmente, o artista está com uma grande exposição em São Paulo, SP, no SESC Pompeia. “Para essa individual no Rio, procurei reunir o mais significativo conjunto de múltiplos do Cildo, numa espécie de retrospectiva, de forma que as duas se complementassem”, conclui Paulo Venancio.

 
Sobre o artista

 

Cildo Meireles nasceu no Rio de Janeiro, RJ, 1948. Inicia seus estudos em arte em 1963, na Fundação Cultural do Distrito Federal, em Brasília, orientado pelo ceramista e pintor peruano Barrenechea (1921). Começa a realizar desenhos inspirados em máscaras e esculturas africanas. Em 1967, transfere-se para o Rio de Janeiro, onde estuda por dois meses na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA). Nesse período, cria a série “Espaços Virtuais: Cantos”, com 44 projetos, em que explora questões de espaço, desenvolvidas ainda nos trabalhos “Volumes Virtuais” e “Ocupações” (ambos de 1968 – 1969). É um dos fundadores da Unidade Experimental do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), em 1969, na qual leciona até 1970. O caráter político de suas obras revela-se em trabalhos como “Tiradentes – Totem-monumento ao Preso Político” (1970), “Inserções em Circuitos Ideológicos: Projeto Coca – Cola” (1970) e “Quem Matou Herzog?” (1970). No ano seguinte, viaja para Nova York, onde trabalha na instalação “Eureka/Blindhotland”, no LP “Sal sem Carne” (gravado em 1975) e na série “Inserções em Circuitos Antropológicos”. Após seu retorno ao Brasil, em 1973, passa a criar cenários e figurinos para teatro e cinema e, em 1975, torna-se um dos diretores da revista de arte Malasartes. Desenvolve séries de trabalhos inspirados em papel moeda, como “Zero Cruzeiro” e “Zero Centavo” (ambos de 1974 – 1978) e “Zero Dólar” (1978 – 1994). Em algumas obras, explora questões acerca de unidades de medida do espaço ou do tempo, como em “Pão de Metros” (1983) ou “Fontes” (1992). Em 2000, a editora Cosac & Naify lança o livro “Cildo Meireles”, originalmente publicado, em Londres em 1999, pela Phaidon Press Limited. Participa das Bienais de Veneza, 1976; Paris, 1977; São Paulo, 1981, 1989 e 2010; Sydney, 1992; Istambul, 2003; Liverpool, 2004; Medellín, 2007; e do Mercosul, 1997 e 2007; além da Documenta de Kassel, 1992 e 2002. Tem retrospectivas de sua obra feitas no IVAM Centre del Carme, em Valência, 1995; no The New Museum of Contemporary Art, em Nova York, 1999; na Tate Modern, em Londres, 2008; e no Museum of Fine Arts de Houston, 2009. Recebe, em 2008, o Prêmio Velázquez das Artes Plásticas, concedido pelo Ministério de Cultura da Espanha. Em 2009, é lançado o longa-metragem “Cildo”, sobre sua obra, com direção de Gustavo Moura. No mesmo ano, expõe no Museu d´Art Contemporani de Barcelona, Espanha, e no MUAC – Museu Universitário de Arte Contemporáneo, na Cidade do México. Em 2011, realiza a “Ocupação Cildo Meireles”, com curadoria de Guilherme Wisnisk, no Itaú Cultural, São Paulo. Em 2013, expõe no Centro de Arte Reina Sofía, Palácio de Velásquez, com curadoria de João Fernandes, em Madri, Espanha; e também no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto, Portugal. Em São Paulo, apresenta mostra no Centro Universitário Maria Antonia, com curadoria de João Bandeira. Em 2014, expõe em Milão, Itália, no HangarBicocca, com curadoria de Vicente Todolí. No Brasil, expõe na Galeria Luisa Strina, São Paulo; na Dinamarca, na Kunsthal 44 Møen. Em 2015, expõe na Galerie Lelong, Nova York, EUA. Em 2019, abre a grande exposição “Entrevendo”, no SESC Pompeia, São Paulo.

 

Sobre a curadoria

 

Paulo Venancio Filho. Curador, crítico de arte, professor titular na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro e pesquisador do CNPq. Publicou textos sobre vários artistas brasileiros, entre eles Antonio Manuel, Hélio Oiticica, Cildo Meireles, Lygia Pape, Waltércio Caldas, Mira Schendel, Franz Weissmann, Iole de Freitas, Carlos Zilio, Anna Maria Maiolino, Eleonore Koch e Nuno Ramos. Foi curador das seguintes exposicões: O corpo da escultura: a obra de Iole de Freitas 1972-1997(MAM-SP, 1997/Paço Imperial, 1997), Century City: Art and Culture in the Modern Metropolis (Tate Modern, Londres, 2001), Iberê Camargo: Diante da Pintura (Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2003), Soto: A construção da imaterialidade (CCBB, Rio de Janeiro, 2005/Instituto Tomie Othake, 2006/MON, Curitiba, 2006), Anna Maria Maiolino: Entre Muitos (Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2005/Miami Art Central, 2006), Fatos/Antonio Manuel (CCBB, São Paulo, 2007), Time and Place: Rio de Janeiro 1956-1964 (Moderna Museet, Estocolmo, 2008), Nova Arte Nova (CCBB, Rio de Janeiro, 2008), Hot Spots (Kunsthaus Zürich, 2009), Cruzamentos (Wexner Center for the Arts, Columbus, 2014), Possibilities of the Object: Experiments in Brazilian Modern and Contenporary Art (The Fruitmarket Gallery, Glasgow, 2015) e Piero Manzoni (MAM-SP, 2015).

Exposições dos 15 anos do Museu Afro Brasil

13/nov

Museu Afro Brasil inaugura conjunto de exposições em celebração ao 20 de novembro. Walter Firmo, João Câmara, Castro Alves e jovens artistas contemporâneos da Bahia estão entre os destaques das aberturas que também celebram os 15 anos da instituição. Juntas, as mostras reúnem mais de 300 obras.

 

O Museu Afro Brasil, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, gerida pela Associação Museu Afro Brasil – organização social de cultura, promove no próximo dia 20 de novembro, quarta-feira, a partir das 11 horas, a abertura de uma série de exposições em celebração ao Mês da Consciência Negra e em homenagem aos 15 anos da instituição.

 

Integram este largo panorama das artes plásticas do país as mostras: Castro Alves – 150 anos do poema O Navio Negreiro, instalação de Emanoel Araujo, As gravuras aquareladas de Rugendas – Doação de Ruy Souza e Silva, Walter Firmo – Ensaio sobre Bispo do Rosário, Rommulo Vieira Conceição – Tudo que é sólido desmancha no ar, A geometria de Paulo Pereira, Anderson AC- Pintura muralista e Elvinho Rocha – Pinturas do inconsciente. Um painel em homenagem aos 150 anos de nascimento da famosa mãe-de-santo baiana Mãe Aninha (Eugênia Anna dos Santos), fecha o núcleo brasileiro da mostra.

 

Já os artistas estrangeiros estão representados no conjunto de exposições através do trabalho de Alphonse Yémadjè e Euloge Glélé, ambos do Benim, que apresentam as individuais Alphonse Yémadjè – Símbolos dos Reis Ancestrais do Benim e Euloge Glélé – Esculturas dos Deuses Africanos do Benim. Completam a programação expositiva Arte Nativa – África, América Latina, Ásia e Oceania – Coleção Christian Jack-Heymès, que reúne máscaras e esculturas dos quatro continentes visitados pelo colecionador francês radicado no Brasil, e Melvin Edwards – Fragmentos linchados, formada por seis esculturas em ferro deste que é considerado um dos mais importantes artistas estadunidenses de sua geração.

 

Castro Alves – 150 anos do poema O Navio Negreiro

 

Instalação criada por Emanoel Araujo, a obra homenageia os 150 anos do seminal poema “O Navio Negreiro”, do poeta romântico e abolicionista baiano Castro Alves (1847-1871). Realizada em diferentes planos, a instalação tridimensionaliza a conhecida litogravura de Rugendas “Escravos negros no porão do navio”, ladeada por plotagens de Hansen Bahia (1915-1978), xilogravurista alemão radicado no Brasil, que ilustram o suplício dos negros escravizados. Também integra a instalação o áudio do célebre poema nas vozes de Caetano Veloso e Maria Bethânia, com participação de Carlinhos Brown.

 

As gravuras aquareladas de Rugendas – Doação de Ruy Souza e Silva

 

As 12 litogravuras icônicas de Johan Moritz Rugendas (1802-1858), recentemente doadas à coleção do Museu Afro Brasil pelo colecionador Ruy Souza e Silva, contextualizam a vida da população negra escravizada do século XIX. Essas imagens foram originalmente publicadas no luxuoso álbum “Voyage Pittoresque dans le Brésil”, editado em Paris pela Casa Engelmann & Cie., entre 1827 e 1835. Rugendas chegou ao Brasil em 1821 como documentarista e desenhista da Expedição Langsdorff, que percorreu 16 mil km pelo interior do país com objetivo de constituir um inventário completo do Brasil.

 

Walter Firmo – Ensaio sobre Bispo do Rosário

 

Interno por quase toda sua vida na Colônia Psiquiátrica Juliano Moreira, no Rio de Janeiro, o artista Arthur Bispo do Rosário (1911-1989) foi retratado neste comovente e único ensaio fotográfico produzido por Walter Firmo no ano de 1985. As imagens expostas captam extraordinários momentos de Bispo, prolífico criador em sua expressividade, muito além de seu inconsciente criativo. No total, a mostra apresenta 23 fotografias.

 

Rommulo Conceição – Tudo que é sólido desmancha no ar

 

Um conjunto de fotografias da série “Entre o espaço que eu vejo e o que percebo, há um plano”, de 2016 – 2017, desenhos sobre fotografias da série “Tudo que é sólido desmancha no ar”, de 2017, e duas esculturas/instalação, entre elas “Duas pias, ou quando o lugar se transforma em conteúdo”, compõe a individual do artista baiano radicado em Porto Alegre, RS.

 

A Geometria de Paulo Pereira

 

Vinte e nove esculturas trazem a público a geometria de caráter quase minimalista da produção do artista. Sua produção é caracterizada por um jogo entre forma e conteúdo a partir do uso de madeira escura como o jacarandá, aliada a cortes metálicos de movimentos sinuosos que alimentam uma imaginação construtiva que torce formas côncavas e convexas.

 

Anderson AC – Pintura Muralista

 

Um total de 14 obras, entre pinturas e infogravuras, colocam o público em contato com a pintura espessa e expressionista do artista baiano, cuja produção, marcada pela consciência de um mundo cheio de diferenças sociais, se relaciona com a produção de murais urbanos.

 

Elvinho Rocha – Pinturas do inconsciente

 

 Élvio Rocha exibe 44 obras, entre pinturas em tinta acrílica sobre tela e guaches sobre papel, que mostram sua representação dos símbolos guardados em seu subconsciente. “Mais que pintura, essa é a revelação de uma mente sequiosa de se comunicar com o universo da criação artística”, escreve Emanoel Araújo, curador da mostra individual.

 

Euloge Glélé – Esculturas dos Deuses Africanos do Benim 

 

Conhecido pelas esculturas de máscaras tradicionais dos gèlèdes, o artista natural do Benim apresenta nesta individual 21 estatuetas de argila cozida com representações de personagens de cerimônias tradicionais encontradas nos terreiros dos povos fon.

 

Alphonse Yémadjè – Símbolos dos Reis Ancestrais do Benim

 

Nesta individual, o veterano artista africano apresenta 10 obras criadas a partir do aplique ou “appliqué”, técnica de junção, justaposição, costura ou enlace de materiais têxteis sobrepostos, cujo conjunto resulta num verdadeiro livro de histórias em quadrinhos.

 

Arte Nativa – África, América Latina, Ásia e Oceania

 

Na exposição são apresentadas 51 esculturas, além de tecidos, indumentária tradicional e colares do antiquário e colecionador francês de arte tribal, radicado em São Paulo desde os anos 1970. O raro e precioso conjunto de peças revela as descobertas de Christian em suas inúmeras viagens por diferentes continentes. O livro “Fetiches – diário de uma coleção de arte tribal” é uma primorosa edição de autor e tem distribuição pela Editora Olhares.

 

João Câmara, Rap e Samba no Dia da Consciência Negra

 

Também será aberta nesta quarta-feira, dia 20 de novembro, às 11h, no Museu Afro Brasil, a exposição “João Câmara – Trajetória e Obra de um Artista Brasileiro”. Com curadoria de Emanoel Araujo, a mostra apresenta um conjunto com cerca de 50 obras (entre pinturas e litografias) do artista paraibano radicado em Pernambuco e conhecido por refletir em sua obra as raízes da cultura nacional.

 

No mesmo dia, paralelamente a abertura das exposições, acontece do lado externo do Museu Afro Brasil, às 11h, apresentação do bloco “Pega o lenço e vai”, de Mauá. O período da manhã do dia 20 reserva ainda o lançamento do livro “Fetiches – Diário de uma coleção de arte tribal”, de Christian-Jack Heymès.

 

Às 16h, no Auditório Ruth de Souza, o premiado MC, poeta e produtor paulista Rincon Sapiência, encerra a programação do dia com um bate-papo aberto ao público. No encontro, o artista falará sobre as influências musicais do oeste africano presentes no single “Meu Ritmo”, seu mais recente videoclipe. Participa do encontro a pesquisadora de danças e ritmos africanos, Kety Kim Farafina.

 

Exibindo Cildo Meireles

07/nov

Exposição “Entrevendo – Cildo Meireles”, obedece a curadoria de Júlia Rebouças e Diego Matos e encontra-se em exibição na Área de Convivência, Galpão e Deck do Sesc Pompeia, São Paulo, SP. A mostra abrange obras e projetos desde o início de sua produção, nos anos 1960, até os dias atuais, em diferentes linguagens artísticas e meios de expressão.

 

Cildo Meireles é um artista incontornável para a arte contemporânea brasileira e internacional. Desde suas primeiras obras desenvolvidas em desenho, que datam de 1963, até o presente, Meireles tem engendrado uma produção tão diversa quanto rica, em que proposições conceituais e sua materialização formal se dão em complexa simplicidade. De maneira análoga, as relações entre forma e conteúdo, poesia e política, abstração e figuração engajam de maneira abrangente o público com a experiência artística. Os trabalhos desdobram-se em distintos suportes, sendo amplamente reconhecido por suas instalações, mas também fazendo-se notar por sua obra em desenho, escultura, pintura, trabalhos sonoros, performances, entre outros.

 

A exposição busca elaborar a multiplicidade de acepções da ideia de sentido na obra de Meireles: modalidade de sensações (tato, visão, olfato, paladar, audição), a faculdade de compreender, perceber; tino, senso; pontos de vista; direções, orientações de movimento; significados; alvos, fins, propósitos, o que parece englobar não apenas aspectos conceituais e teóricos concernentes à obra do artista, mas também distintos suportes e linguagens. Os jogos semânticos e as distintas camadas de percepção, sensação e entendimento são caros ao artista, que com sua produção promove imediato engajamento do público e ao mesmo tempo o envolve numa diversificada trama de possibilidades de experiência.

 

Em um espaço de mais de 3000m2, a mostra poderá ser vislumbrada na Área de Convivência, Galpão e Deck. “Entrevendo foi pensada para dialogar com essa condição democrática e generosa que vemos no Sesc Pompeia. É importante apresentar a produção de Cildo Meireles para um público grande e diverso, fazê-lo participar e se engajar com sua obra, em diferentes linguagens, suportes e temas”, diz a curadora Júlia Rebouças. Ela também conta que, durante a curadoria, guiou-se pela ideia polissêmica de sentido associada à obra de Cildo, navegando por conceitos como sensação, compreensão, sinestesia, escala, direção e propósito.

 

Por dentro da exposição

 

Um total de 150 obras, criadas por Cildo entre os anos 1960 e os dias de hoje. “Entrevendo”, a obra que nomeia a mostra, encontra-se exposta na Área de Convivência e convida o visitante a caminhar contra um ventilador de ar quente em uma instalação cilíndrica.

 

No mesmo espaço, está “Amerikkka” (1991/2013), obra inédita no país e que faz nascer uma América a partir de aproximadamente 17 mil ovos de madeira e 33 mil balas de armas de fogo.

 

Outra grande instalação é “Missão, Missões” (Como construir catedrais) (1987/2019), que será apresentada em um novo formato, circular, e pensa os processos missionários de catequização de indígenas a partir de milhares de moedas, ossos de boi, centenas de hóstias. Essas são apenas três de um total de 150 trabalhos fundamentais para compreender a arte brasileira.

Até 02 de fevereiro de 2020.

 

Bruce Conner na Bergamin & Gomide

05/nov

Em sua quarta exposição do ano, Bergamin & Gomide, Jardim Paulista, São Paulo, SP, apresenta uma exposição individual do artista norte-americano Bruce Conner, trazendo mais de 20 obras de arte que ao longo da carreira do artista revolucionaram o cinema e a vídeo arte. Bruce Conner produziu desenhos, esculturas de montagens, pinturas, gravando colagens e fotografias, no entanto, foram seus filmes que definitivamente distinguiram a originalidade de sua obra, sendo reconhecida como uma das figuras mais importantes da contracultura do século XX.

Além de fotografias e desenhos, uma estrutura especial será construída para o filme BREAKAWAY (1966), uma espécie de caixa de instalação dentro da galeria, fornecendo a experiência imersiva ao universo de Bruce Conner. No filme que inspirou o título da exposição, Conner apresenta Toni Basil, sua amiga, dançarina, coreógrafa e cantora, dançando na frente de um fundo preto. Lá, ele implementa zoom estonteante de câmera, efeitos estroboscópicos e cortes rápidos que transformam a coreografia de Basil em um espetáculo psicodélico de movimento pulsante e hipnotizante. Segundo Basil, o filme nasceu de um processo colaborativo, de uma cooperação entre os dois artistas que misturaram os meios de vanguarda social, sexual, artístico e de emancipação. Surgiu como um trabalho híbrido de filme de dança ou cinema de metrô, cinema underground e videoarte, aproveitando as aspirações utópicas que permeiam o pop americano na cultura da década de 1960. A carreira de Toni Basil também vai além de seu desempenho no BREAKAWAY. Ela foi recentemente convidada pelo cineasta Quentin Tarantino a coreografar seu filme “Era uma vez em Hollywood”. Em entrevista ao The New York Times, Tarantino declarou que ele considera Basil a “Deusa do Go-Go”, estilo de dança que nasceu em boates nos anos 1960.

Simultaneamente à exposição “BREAKAWAY” na Bergamin & Gomide, o IMS Paulista – Instituto Moreira Salles – apresentará uma agenda especial de trabalhos dedicada ao corpo de Bruce Conner. O programa inclui palestras com Michelle Silva, do Conner Family Trust, além de retrospectiva de sua filmografia, destacando filmes como A MOVIE (1958), COSMIC RAY (1961), CROSSROADS (1976), entre outros.

 

Sobre o artista

 

Bruce Conner nasceu em 1933, em McPherson, Kansas, Estados Unidos da América. Iniciou sua carreira no final dos anos 1950 como artista multimídia, reconhecido por suas assemblages, esculturas surrealistas, filmes de vanguarda, pinturas, gravuras e desenhos.

Conectado com os movimentos revolucionários e contraculturais do século XX, como os poetas Beat e a cena punk, fez inovações funcionais, geralmente usando montagens de imagens existentes e incorporando música pop em seus filmes. Sua estética única e senso experimentalista inspiraram gerações de cineastas. Embora tenha sido precursor do gênero videoclipe e chamado como “o pai da MTV”, Conner evitou todos os esquemas de classificação sobre sua própria produção artística, e nunca comprometer-se com o mainstream e permanecer leal ao seu visual e conteúdo conceitual. Bruce Conner deixou um legado extenso e realizou ao longo de sua carreira várias exposições coletivas. Recentemente, seu corpo de trabalho foi apresentado em um show retrospectivo no IMS Paulista – Instituto Moreira Salles – apresentará uma agenda especial de trabalhos dedicada ao corpo de Bruce Conner. O programa inclui palestras com Michelle Silva, do Conner Family Trust, além de retrospectiva de sua filmografia, destacando filmes como A MOVIE (1958), COSMIC RAY (1961), CROSSROADS (1976), entre outros. IMS Paulista – Instituto Moreira Salles – apresentará uma agenda especial de trabalhos dedicada ao corpo de Bruce Conner. O programa inclui palestras com Michelle Silva, do Conner Family Trust, além de retrospectiva de sua filmografia, destacando filmes como A MOVIE (1958), COSMIC RAY (1961), CROSSROADS (1976), entre outros. Bruce Conner deixou um extenso legado e participou de inúmeras exposições individuais e coletivas. Recentemente o San Francisco Museum of Modern Art – SFMoMA, MoMA de Nova Iorque e o Museu Nacional Reina Sofia, em Madrid apresentaram exposição retrospectiva de sua obra. O artista faleceu aos 74 anos, em 2008, na cidade de San Francisco, Califórnia.

 

De 05 de novembro a 05 de dezembro.

 

Mostra inédita de No Martins

01/nov

A Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea, Gamboa, Rio de Janeiro, RJ, exibe a exposição “Aos que foram, aos que aqui estão e aos que virão”, do artista visual paulistano, No Martins, curadoria de Marco Antonio Teobaldo. O artista aponta o seu interesse para as questões vividas pela população negra no Brasil, cuja perspectiva da desigualdade torna-se material fértil para a sua produção artística. Segundo análise do curador da mostra, “…a violência contra o povo negro que parece nunca ter cessado, é evidenciada na poética de No Martins, que emociona com a força de seu grito silencioso”.

 

Em recente viagem para África, para o programa de residência artística Angola Air, No Martins deu continuidade à pintura dos retratos iniciados no Brasil, da “série Pretos Novos”, em pequenos formatos e que remetem às fotografias 3×4, com rostos de pessoas que ele conheceu e fotografou, cujos ancestrais bantos foram brutalmente mortos e sepultados no Cemitério dos Pretos Novos (1789 – 1830). No Martins desenvolveu uma pesquisa sobre a rota escravocrata a partir do porto de Luanda, que resultou na performance que dá o título desta mostra, “Aos que foram, aos que aqui estão e aos que virão”, na qual ele acende três velas com 1,70 de altura e mais de 50 quilos cada uma, na praia do Museu da Escravatura. Este trabalho é apresentado em vídeo e propõe uma reflexão sobre o passado, presente e futuro, em que nesta linha tênue do tempo, a partida daquelas pessoas escravizadas para as Américas, ainda afeta a vida de seus descendentes nos dois continentes.

 

Na noite da abertura da exposição, ocorreu o debate “Arte Contemporânea de Angola a Diáspora”, que se propõe a gerar um diálogo intergeracional sobre arte contemporânea africana e afrodescendente, no qual foi tratada a relação entre decolonialidade ética e estética. Este recorte atravessa tempo espaço e as próprias lutas, com a participação do artista angolano Kapela Paulo, considerado o papa da Arte Contemporânea em seu país, da artista afro-escocesa Sekai Machache e de No Martins, mediado por Ana Beatriz Almeida, colaboradora da 01.01 Art Platform.

 

 

 

Galeria Kogan Amaro/Zürich

29/out

A Galeria Kogan Amaro, Löwenbräukunst, Limmatstrasse 270 8005 Zürich, Switzerland, apresenta – até 21 de dezembro – exposição que reúne Frans Krajcberg e Nazareth Pacheco com curadoria de Ricardo Resende. A mostra reúne obras emblemáticas dos artistas, criações que seduzem pela beleza da matéria e forma de expressar duras realidades.

 

“A beleza salvará o mundo”. A frase do escritor russo Fiódor Dostoievski, nunca foi tão atual, pois é justamente quando tantas coisas vão mal em torno de nós que é necessário falar da beleza do planeta e do humano que o habita.” A afirmação do filósofo búlgaro Tzvetan Todorov exprime o cerne da exposição “Dangerous beauty: The essence of forestry and humanity in the works of Nazareth Pacheco and Frans Krajcberg”.

 

Com curadoria de Ricardo Resende, diretor artístico da galeria, encontram-se em exibição trabalhos icônicos da paulista Nazareth Pacheco e do polonês Frans Krajcberg (1921 – 2017). Expoente de uma geração de artistas que despontou entre as décadas de 1980 e 1990, tempo em que o País entrava em ebulição com pautas relacionadas à mulher, Nazareth Pacheco tomou sua condição feminina e sua biografia, em particular as narrativas relacionadas à história de seu corpo, como matéria-prima para suas obras tridimensionais. Sua obra é sobre a vida transformada em objetos belos, aparentemente adornos para o corpo, feitos com a matéria plástica – lâminas, agulhas, anzóis, sangue e cristais – para cortar e dilacerar a memória do corpo “retratado” na sua ausência física.

 

Krajcberg encontrou no Brasil o que precisava após perder toda a família durante a II Guerra Mundial. Chegou no Brasil em 1948 e firmou residência no Rio de Janeiro. É o amante das florestas, teve a natureza como principal fonte de inspiração para sua obra e a explorava através de formas e aspectos cromáticos em pigmentos naturais, esculturas e gravuras. Tal qual um ativista que grita pelas plantas e animais, Frans escancara para o mundo a exuberância da sua obra feita de troncos, cascas, flores e folhas, revelando sua intimidade com a alma das florestas e matas.

 

Em comum, ambos os artistas tratam de questões audazes, perigosas, que seduzem pela beleza da matéria e pela forma de expressar duras realidades. “A beleza na obra de Pacheco e Krajcberg é a expressão de temas dramáticos sem cair ou resvalar para o trágico e feio”, explica o curador. “Pelo contrário, não estão tratando da beleza simplista e inocente no sentido semântico da palavra, comumente associada aquela ideia de um pôr do sol bonito ao fim da tarde”, completa.

 

Sobre os artistas

 

Nazareth Pacheco cursou Artes Plásticas na Universidade Presbiteriana Mackenzie em 1983. Desde 1980, desenvolve obras tridimensionais relacionadas com processos vivenciados pelo corpo. Feminino, histórico, literal ou simbólico. Os artefatos que cercam o corpo são transmutados em objetos e instalações que a beleza e o brilho muitas vezes travestem como dor e o sofrimento. Frequentou o curso de monitoria da 18ª Bienal de São Paulo, sob a orientação do historiador e crítico de arte Tadeu Chiarelli, em 1985. Em Paris, frequentou o ateliê de escultura da École Nationale Supérieure des Beaux-Arts, em 1987. Em 1998, Nazareth participou da 24ª Bienal Internacional de São Paulo. Já em 2002, tornou-se mestra na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) com a dissertação “Objetos Sedutores” e orientação de Carlos Fajardo. Nos últimos anos, participou de diversas coletivas no Brasil e no exterior, além de ter frequentado o “Salon” de Louise Bourgeois em Nova York, entre 1999 e 2006. Nazareth vem expondo há três décadas em galerias e museus no Brasil e no exterior, tanto em mostras individuais quanto coletivas.

 

Frans Krajcberg (Kozienice, Polônia, 1921 – Brasil, Rio de Janeiro, 2017), chegou no Brasil em 1948, quando residiu inicialmente no Paraná, partindo em seguida para o Rio de Janeiro. Antes disso, já havia estudado Engenharia e Carpintaria na cidade de Leningrado, na antiga União Soviética, e Artes em Stuttgart, na Alemanha. Em 1951, participou da 1a Bienal Internacional de São Paulo e, em 1957, naturalizou-se brasileiro. Participou, ainda, da XXXII Bienal de Veneza, recebendo o prêmio Cidade de Veneza, em 1964. Tem a natureza como inspiração. Krajcberg passou por um período importante na Europa (1958 – 1964) e em Minas Gerais (1964 – 1972), que o aproximou ainda mais da natureza, passando a explorar suas formas e aspectos cromáticos, através de pigmentos naturais. Depois passou a viver no sul da Bahia, no Sítio Natura, em Nova Viçosa, onde permaneceu até o final de sua vida, nessa fase assumiu um trabalho com caráter mais escultórico, tendo a biodiversidade como fonte de inspiração e o que vem dela como matéria prima. É conhecido não apenas por suas esculturas, mas também por seus desenhos, gravuras e fotografias.

Na Roberto Alban Galeria

24/out

Mostra reúne obras do Geraldo, Fabiana e Lenora de Barros, nomes de destaque na arte contemporânea brasileira. Artista múltiplo por excelência, respeitado no Brasil e no exterior por seus trabalhos em fotografia, design, pintura, gravura e desenho industrial, entre outras linguagens, o paulista Geraldo de Barros compôs com suas duas filhas, Lenora e Fabiana, uma família de destaque nacional no âmbito das artes contemporâneas.

 

É essa família que a partir do dia 31 de outubro ocupará a Roberto Alban Galeria, Rua Senta Púa, 53, em Ondina, Salvador, Bahia, apresentando, pela primeira vez em um mesmo espaço, um conjunto representativo de suas principais obras. A mostra, denominada Em Forma de Família, encerra com relevância a programação deste ano da galeria.

 

Pioneiro mundialmente reconhecido da fotografia abstrata, fundador do movimento da arte concreta e designer de grande relevância, Geraldo de Barros (1923-1998) transpôs os limites do país e da própria arte produzida no Brasil por sua irreverência conceitual e domínio linguístico em diferentes campos artísticos, notadamente vanguardistas e experimentais. Presentes na exposição em Salvador, suas famosas Fotoformas, fotografias realizadas entre 1946 e 1951, revolucionaram a fotografia brasileira ao apresentar imagens que tanto podiam ser vinculadas ao Construtivismo como ao Cubismo, bem como a poéticas ligadas ao Expressionismo. A partir da reordenação de elementos, o artista criou uma nova composição em que estão sempre presentes as questões sociais e urbanas, além da inquietude diante da relação entre a arte e a sociedade.

 

Os seus últimos trabalhos, vinculados à série Sobras, com várias fotos inéditas que serão apresentadas na mostra em colaboração com o Instituto Moreira Salles (RJ), revelam um artista que sempre desafiou os limites entre o público e o privado. Isto é atestado no mobiliário UNILABOR, com o seu design apurado e modular, produzido de acordo com princípios coletivistas revolucionários. Vale lembrar que alguns trabalhos de Geraldo Barros integram o acervo de diversos museus do mundo, a exemplo do MoMA, de Nova Iorque (EUA).

 

Interação familiar

 

A naturalidade com que as obras da exposição Em Forma de Família interagem entre si é um testemunho do poder dos laços familiares e da força da arte como um legado a ser transmitido de geração para geração. A própria Lenora de Barros admite que herdou do pai o seu lado mais performático, que é um traço marcante em sua obra. ”Ele se autofotografava com chapéus, roupas diferentes, era um apaixonado pelo cinema noir”, observa Lenora, artista visual e poeta reconhecida internacionalmente, que constrói uma obra marcada pelo uso de diversas linguagens: vídeo, performance, fotografia, instalação sonora e construção de objetos. No seu trabalho, a artista desenvolve esse lado performático nas chamadas fotos-performance, algumas construídas como sequências fotográficas em que representa diferentes personagens.

 

As primeiras obras criadas por Lenora podem ser colocadas no campo da “poesia visual” a partir do movimento da poesia concreta da década de 1950. Palavras e imagens foram os seus primeiros materiais. Um de seus trabalhos mais significativos, produzido em 1979 com registro fotográfico da irmã, Fabiana de Barros, é Poema, que estará presente na mostra Em Forma de Família. Nesse trabalho, a artista aparece tocando as teclas de uma máquina de escrever com a própria língua, um tema que reaparecerá em obras como Língua Vertebral (1998) e Linguagem (2008).

 

Já Fabiana de Barros, que vive em Genebra (Suiça), também identifica em seu trabalho artístico um ponto coincidente com a visão que Geraldo tinha da questão social: “Assim como ele, que sonhava com um mundo igualitário, produzindo uma arte para todos, tenho uma preocupação em estabelecer uma relação direta com o público, privilegiando o contato humano e o contexto social”, justifica, observando que uma de suas obras mais famosas, o Fiteiro Cultural – um quiosque de madeira que se abre nos quatro lados e funciona como um centro cultural itinerante – nasceu para atender às necessidades e desejos da comunidade, tendo sido instalado em diversas cidades do mundo.

 

Assim como sua irmã Lenora, Fabiana de Barros enveredou pelos caminhos da arte contemporânea, utilizando variados recursos multimídias – fotografias, vídeo, colagem, internet. A interação com o outro coloca-se como um eixo primordial em seu trabalho, que se traduz em instalações, intervenções, arte pública e virtual, web art. No ciberespaço, Fabiana encontrou as melhores condições para aproximar-se do seu público, através de sites de visitas e espaços para manifestações dos visitantes, propondo viagens a outras culturas. No Brasil, obteve seu maior reconhecimento ao participar da 25ª Bienal de São Paulo, em 2002.

 

Até 11 de janeiro de 2020.

 

Cerâmicas de Kimi Nii

23/out

A Galeria Kogan Amaro, Jardim Paulista, São Paulo, SP, apresenta esculturas inéditas de Kimi Nii. A artista nipo-brasileira exibe criações inspiradas em elementos da natureza e revela sua concepção minimalista de paisagem

 

Luz e elementos da natureza despertam encantamento da artista nipo-brasileira Kimi Nii. Ela encontrou no Brasil uma rica variedade de tons, espécies e cenários naturais que inspiram suas criações, esculturas minimalistas, nas quais convida o espectador a construir paisagens mentais. Essa é a proposta da exposição “Montanha das nuvens brancas”, individual que Kimi Nii estreia em 26 de outubro, com curadoria de Ricardo Resende.

 

A intimidade com a cerâmica proporciona à artista a habilidade de fundir elementos da cultura japonesa, guardados em sua memória e bagagem, com referências brasileiras, captadas a partir de sua vivência no País. Autora de uma pesquisa centralizada nas formas e luzes da natureza, as obras de Kimi Nii se assemelham a paisagens e aludem sobre dois lados do mundo.

 

Nascida em Hiroshima, dois anos após a explosão da bomba atômica, a artista mudou-se aos nove anos de idade para São Paulo, e seu fascínio pela luz e a natureza brasileira a fizeram ficar.

 

Em “Montanhas das nuvens brancas”, Kimi Nii apresenta formas cilíndricas que se repetem, mas sem nunca se igualarem, e mimetizam a forma das nuvens brancas sobre a ação do vento. “As nuvens são mágicas para mim e, nessa exposição, quero trazer os extremos opostos: a terra e o céu”, explica a artista.

 

“É proposto pela artista o silêncio entre as nuvens que estão espalhadas pelas alturas da sala expositiva e as formas cônicas alinhadas no chão, organizadas em uma linha reta que desenha em perspectiva para quem adentra a sala”, explica o curador.

 

Em contraposição, formas cônicas são alinhadas de modo a remeter às formas montanhosas. Em meio a essas duas estruturas, estão peças que apontam para plantas da família dos Hibiscos, chamadas de fauna pela artista, concebidas a partir de sua investigação sobre as formas dessas espécies e sua dinâmica na natureza.

 

O minimalismo é um dos traços fundamentais da poética de Nii, que conserva em suas cerâmicas a essência da matéria, da forma e da cor do barro, despindo-as de elementos supérfluos e fazendo delas formas exuberantes. A produção da artista é pautada na organicidade e apenas naquilo que lhe parece fundamental. “A obra de Kimi Nii é sobre a vida transformada em objetos belos e harmoniosamente organizada com a matéria da argila”, sintetiza

 

Ricardo Resende

Até 23 de novembro.