Obras de Oswaldo Goeldi

30/maio

A galeria Bergamin & Gomide, Jardins, São Paulo, SP, apresenta a exposição “O Universo de Oswaldo Goeldi”. A obra de Oswaldo Goeldi impressiona pela amplitude e profundidade das questões que apresenta. Homens que vagam pelas superfícies negras da cena urbana, pescadores que trabalham em condições extremas, o mar como cenário frequente, personagens desconhecidos que no fundo não conseguem ocultar um sentimento de mistério e solidão.

 

Serão expostos 35 trabalhos do artista que virou referência mundial no campo da gravura. Ao invés de apresentar a sua obra de forma cronológica, temática ou formalista, o grupo de obras na exposição obedece uma sequência de associações que acontecem de forma fluída e subjetiva. Entre as obras selecionadas (xilogravuras, desenhos e aquarelas) estão aquelas com as temáticas mais marcantes de seu trabalho: a solidão, a vida cotidiana dos pescadores e dos homens urbanos.

 

Nas palavras do próprio artista “os fenômenos da natureza me empolgam – trovoadas, ventanias, nuvens pesadas, céu e mar, sol e chuva torrencial e noites cheias de mistério, pássaros e bichos. Os dramas da alma humana me consomem. Sinto-me bem com os simples e às vezes me confundo com eles.”

 

 

Sobre o artista

 

Gravador, desenhista, ilustrador e professor, Goeldi nasceu no Rio de Janeiro, em 1895, onde faleceu em 1961. Expôs na 25ª Bienal de Veneza em 1950 e ganhou o Prêmio de Gravura da 1ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1951. Sua obra já participou de mais de uma centena de exposições póstumas no Brasil, Argentina, França, Portugal, Suíça e Espanha. Hoje, Goeldi é venerado no meio artístico e suas obras são matérias de referência no campo da gravura no mundo todo. Foi no ano de 1923, que iniciou experimentos com xilogravura com o intuito de “impor uma disciplina às divagações a que o desenho o levava”. Em depoimento ao crítico e poeta Ferreira Gullar conta ter sentido “a necessidade de dar controle a estas divagações”. Goeldi é considerado pelos experts como o Pai da Gravura Nacional.

 

 

De 02 de junho a 02 de julho.

Na Marcelo Guarnieri/SP

25/maio

A Galeria Marcelo Guarnieri, Alameda Lorena, Jardins, São Paulo, SP, será ocupada pela produção atual da artista plástica Ana Paula Oliveira. Sua primeira individual na galeria nomeada de “Círculo de giz e um pouco sobre sólidos”, dá prosseguimento às criações com vidro, chumbo e taxidermia, do mesmo modo em que também avança em suas pesquisas espaciais. A trajetória da artista é pontuada pela criação de instalações que nascem a partir da tensão entre atração e repulsa e entre estabilidade e desequilíbrio. O resultado visual causa uma mescla de estranhamento e interesse, que sempre desperta o olhar e a aproximação.

 

Os materiais e procedimentos operados por Ana Paula Oliveria partem desde a tradição escultórica – mármore e fundição – até materiais considerados ordinários e não nobres – borracha, plástico, graxa. Eles funcionam na produção da artista como mediadores entre o artesanal e o industrial, entre a tradição e seu desmantelamento. É possível observar essas oposições no trabalho “Vetores”, no qual a artista faz uma cópia da estátua grega “Discóbolo”, – executada pela primeira vez em torno de 455 a.C -, no entanto, a escultura atual é feita em alumínio com espadas de São Jorge saindo de algumas das articulações do corpo do imponente atleta. A utilização de materiais vivos é uma operação quase sempre orquestrada pela artista. Em trabalhos anteriores, era possível encontrar pássaros, borboletas, galinhas, peixes e jabuticabeiras, que conviviam durante o período expositivo com o público – galinhas se empoleiravam nas esculturas, borboletas nasciam de partes de peças de mármore e passarinhos faziam de comedouro materiais colocados no ambiente.

 

Todos os trabalhos da exposição emulam um movimento, seja ele percebido pelo público ou algo invisível, as plantas crescem e se desenvolvem durante a exposição, os pássaros taxidermizados “Manon” na série “Vistaña”, simulam um voo pelas placas de vidro. O mesmo acontece em “Círculo de giz e um pouco sobre sólidos”, na qual chapas-lâminas de vidro assimétricas cortadas a laser criam uma incomum perspectiva de espaço. Cada vidro é puxado por uma ave moldada a partir do corpo de um animal real e fundida em chumbo. Essas chapas-lâminas são sustentadas por sólidos geométricos que criam o peso necessário para o trabalho.

 

Na obra “Para Avistar”, Ana Paula Oliveira utilizou um banco que pertencia a seu pai fundindo-o com uma peça modelada em ferro que atravessa a parede e forma uma instalação que anula a possibilidade do ato de sentar. Por fim, um outro tipo de ocupação espacial é o que acontece com a “Vai que Vai”, no vídeo, uma sequência de imagens em câmera lenta exibem o momento da quebra de placas de vidro e a queda dos peixes de chumbo e de borracha. As imagens simulam o movimento das águas e a subida dos peixes durante a piracema, no entanto, o ato nunca se completa.

 

 

A palavra da artista

 

“Um espaço nunca é vazio. Ele pode ser constituído por linhas e até ser palco para o movimento dos objetos”.

 

 

De 04 até 15 de julho.

Things that fit in my hand

13/maio

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro apresenta a exposição individual “Gabriela Machado – Things that fit in my hand”, que apresentará uma grande e inédita instalação da artista. Conhecida por seu trabalho como pintora, ela agora vai mostrar o resultado de sua pesquisa em porcelana, em uma grande instalação composta por cerca de 250 peças, produzidas nos últimos três anos. Esta é a primeira exposição individual da artista no MAM. A curadoria é de Fernando Cocchiarale.

 

No amplo espaço do segundo andar do Museu, que tem 1.800 metros quadrados de área, estará uma grande mesa, de 16m x 3,5m, onde serão colocadas as esculturas em porcelana, com formas e tamanhos variados, que vão de 3cm a 80cm. Grande parte delas estará sobre bases, criadas pela própria artista em materiais diversos, como madeira, argila, porcelana, gesso e silicone. Estas bases possuem desenhos e texturas. A cor, um  elemento marcante em seu trabalho como pintora, também estará presente em algumas peças. Algumas bases, como as de argila, serão produzidas no próprio MAM, durante o processo de montagem, que levará cerca de dez dias.

 

Gabriela Machado vê nas esculturas um desdobramento de seu trabalho de pintura, onde produz obras em grandes dimensões. Os mesmos elementos encontrados nelas aparecem nas esculturas – cor, gesto, camada e, principalmente, a curiosidade da artista pelas possibilidades dos materiais. “As esculturas trazem muito da minha pintura, como a questão do barroco, do gesto… Elas têm o mesmo olhar, é um trabalho irmão. Tanto nas  pinturas quanto nas esculturas, trabalho com a questão do olhar, da base e do espaço”, conta a artista.

 

 

Trabalho corporal

 

Outra relação entre as pinturas e a escultura é o trabalho corporal. Para realizar suas pinturas, Gabriela Machado coloca grandes painéis no chão e pinta com nanquim em bastão, com movimentos rápidos, andando sobre a tela. As esculturas também exigem o trabalho corporal. “Uso a argila da porcelana por ser este um material bastante resistente e, ao mesmo tempo, maleável. Através dessa fluidez, consigo construir tudo o que a força da minha mão permite, pois este é o fio condutor do trabalho: fazer até o limite da força, da percepção e das possibilidades que o material pode alcançar”, afirma a artista. As esculturas não trazem as mesmas cores fortes e vibrantes das suas pinturas, mas a cor está presente na instalação, tanto em algumas peças quanto em algumas bases. Chamam a atenção algumas peças com cores mais intensas, que foram produzidas em Portugal. “O esmalte português é mais colorido que o daqui. As peças produzidas lá têm cores mais fortes”, explica.

 

O trabalho de Gabriela Machado traz muitas influências do barroco. A relação da artista com a arte vem desde criança. "Morava em uma casa do século 18, com afrescos pintados por José Maria Villaronga. Meu pai gostava muito do cuidado com a recuperação dos afrescos e da arquitetura da casa. Pude assistir de perto a riqueza desse trabalho detalhado, ao longo da minha infância", conta. Formada em arquitetura e urbanismo, Gabriela Machado participou de trabalhos de restauração antes de se dedicar exclusivamente às artes plásticas, a partir de meados dos anos 1980.

 

 

Sobre a artista

 

Gabriela Machado nasceu em Santa Catarina, em 1960. É formada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Santa Úrsula. Estudou gravura, pintura, desenho e teoria da arte na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Suas mais recentes exposições foram a coletiva “Múltiplos” (2015), do projeto Carpe Diem – Arte e Pesquisa, no Palácio das Artes, em Lisboa; “Para o pequeno lago verde” (2014), no Museu do Açude, Rio de Janeiro; o trabalho “Caderno” (2014), no Oi Futuro Flamengo, e a mostra “Rever”, no Paço Imperial (2012), no Rio de Janeiro. Ganhadora do prêmio “Mostras de artista no exterior”, do Programa Brasil Arte Contemporânea, da Fundação Bienal de São Paulo (2010), em 2011 realizou a exposição “Os Jardins de Lisboa em Gabriela Machado”, na instituição Carpe Diem, em Lisboa. No mesmo ano, participou da coletiva II Mostra do Programa Anual de Exposições do Centro Cultural São Paulo. Em 2010, participou da mostra “Coisário Cassino Museu”, onde exibiu as duas obras doadas ao Museu da Pampulha através do Prêmio Marcantonio Vilaça de Artes Plásticas. Em 2009, realizou a exposição “Doida Disciplina”, na Caixa Cultural do Rio de Janeiro e de São Paulo. Em 2008, foi contemplada com o Prêmio Marcatonio Vilaça em aquisição coletiva da Fundação Ecco, Brasília. Dentre suas exposições individuais destacam-se ainda a mostra “Desenhos”, no CCBB Rio (2002); as exposições no Centro Universitário Maria Antônia (2002), em São Paulo, na Neuhoff Gallery de Nova York  (2003), e no Largo das Artes (2007), no Rio de Janeiro; e o “Projeto Macunaíma” (1992), na Funarte, no Rio de Janeiro. Das exposições coletivas destacam-se: “Desenho Contemporâneo” (2002), no CCBB São Paulo e na Caelum Gallery, em Nova York; “Novas Aquisições Coleção Gilberto Chateaubriand” (1998), no MAM Rio; a mostra no Paço Imperial (1998), no Rio de Janeiro; 1ª Bienal Nacional da Gravura (1994), em São Paulo; a mostra no Centro Cultural São Paulo (1993); X Bienal do Desenho de Curitiba (1991); Projeto Macunaíma (1992/1990), na Funarte, no Rio de Janeiro, entre outras. O trabalho de Gabriela Machado está presente em importantes coleções brasileiras, como as de Gilberto Chateaubriand/MAM Rio de Janeiro, José Mindlin, George Kornis, João Carlos Figueredo Ferraz, Charles Cosac, Museus Castro Maya, Instituto Brasileiro de Arte e Cultura, Centro Cultural Cândido Mendes, Fundação Catarinense de Cultura (MASC), Fundação ECCO, do Museu de Arte da Pampulha, e do Centro Cultural São Paulo. Faz parte também da coleção da Squire, Sanders & Dempsey (Arizona, EUA), Arizona State University Art Museum (Arizona, EUA) e Ted G. Decker (Arizona, EUA).

 

 

De 21 de maio a 03 de julho.

Iole de Freitas na Bahia

10/maio

Uma das mais celebradas artistas da cena contemporânea ocupa com suas esculturas todo o espaço da Roberto Alban Galeria, Ondina, Salvador, BA, apresenta a exposição “Iole de Freitas – A escrita do movimento”, com um site specific e 12 obras, entre inéditas e históricas, da artista mineira radicada no Rio, um dos expoentes do panorama contemporâneo. Com uma celebrada trajetória que inclui exposições no MoMA de Nova York, e na Documenta 12, em Kassel, Alemanha, Iole de Freitas ocupará todo o espaço da galeria, e criará no local um trabalho com 3,5 metros de diâmetro e seis metros de altura. Em junho, será lançado um livro-catálogo da exposição, com entrevista dada pela artista a Marc Pottier, curador da exposição, em design gráfico de Bitty Nascimento e Silva. A Roberto Alban Galeria representa Iole de Freitas na Bahia.

 

Além do site specific, estarão na Roberto Alban Galeria seis obras “Sem título” feitas este ano especialmente para esta mostra, em chapas de aço inox, como as duas esculturas com 2,20 metros e 2,45 metros, e outras quatro com dimensões que variam de 75cm a 40 centímetros. As obras recentes e inéditas mantêm a mesma investigação sobre a relação entre peso e leveza – “os grandes vôos e grandes escalas”, como observa Iole de Freitas – que a artista vem desenvolvendo desde 2000, e que passaram a ser feitas, desde 2013, com chapas de aço pesadas. Ela conta que esta investigação foi “radicalizada” na exposição realizada no Espaço Monumental do MAM Rio de Janeiro, entre julho de 2015 e abril último. E é o desdobramento deste trabalho, em outra escala, que será visto na Galeria Roberto Alban. “Esses trabalhos guardam a mesma tensão interna, e a investigação entre peso e leveza, já que trabalho com pesadas chapas de aço, e não com policarbonato”.

 

O curador Marc Pottier selecionou para “A escrita do movimento” dois trabalhos de 2013, em policarbonato e tubos de aço inox, que marcaram a produção desde 2000, um deles uma coluna vertical, com 2,70 metros. Estarão ainda na exposição outros quatro trabalhos emblemáticos feitos por Iole de Freitas em 1992 e recriados em 2013, em que utiliza telas metálicas em aço inox, latão e chapa de cobre. Na entrevista que estará no catálogo da exposição, o curador indaga à artista: “por que a palavra ‘dança’ surge tantas vezes quando estamos lendo os textos sobre seu trabalho?”, e pede para que ela comente o movimento que se vê em sua obra. “De fato a ideia  de movimento está impregnada tanto nas sequências fotográficas feitas a partir de fotogramas dos filmes Super 8 e 16 mm, nos anos 70, como nas grandes instalações realizadas em 2000 no Centro de Arte Hélio Oiticica, na Documenta de Kassel em 2007 e no MAM Rio em 2015/16. Ela percorre diversos e contínuos momentos da minha linguagem até hoje”, responde Iole.

 

 

Sobre a artista

 

Nascida em 1945, em Belo Horizonte, Iole de Freitas vive e trabalha no Rio de Janeiro. Estudou na Escola Superior de Desenho Industrial no Rio de Janeiro (ESDI), em 1964 e 1965. De 1970 a 1978 viveu em Milão, Itália, onde trabalhou como designer no Corporate Image Studio da Olivetti. A partir de 1973 produz e expõe seu trabalho artístico. Entre as diversas exposições individuais e coletivas em todo o mundo destacam-se: 9a Bienal de Paris (1975); 15a Bienal Internacional de São Paulo (1981); exposição itinerante “Cartographies” (1993), na Biblioteca Luis Ángel Aranjo (Bogotá, Colômbia), no Museo de Artes Visuales Alejandro Otero (Caracas, Venezuela), na National Gallery (Ottawa, Canadá), no Bronx Museum (Nova York, EUA) e na La Caixa (Madri, Espanha); Bienal Brasil Século XX (São Paulo, 1994); a individual “O corpo da escultura: a obra de Iole de Freitas”, curada por Paulo Venancio Filho, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e no Paço Imperial do Rio de Janeiro (1997);  Projeto de instalações permanentes do Museu do Açude, no Rio de Janeiro (1999); individual no Centro de Arte Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 2000), “Iole de Freitas”, no Museu Vale (Vila Velha, 2004), e “Iole de Freitas”, no Centro Cultural Banco do Brasil (Rio de Janeiro, 2005), todas com curadoria de Sônia Salzstein; 5ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2005). Em 2007 Iole foi convidada para realizar um projeto específico para a Documenta 12, de Kassel, Alemanha, e em 2008 apresentou seu trabalho na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre. Em 2009/2010 expôs na Casa França-Brasil (Rio de Janeiro) e na Pinacoteca do Estado de São Paulo, e participou da mostra “O Desejo da Forma” na Akademie der Kunst, em Berlim, Alemanha. De julho de 2015 a abril último, Iole de Freitas ocupou o Espaço Monumental do MAM Rio de Janeiro com obras de sua nova pesquisa escultórica. Sua trajetória encontra-se documentada em vários textos e publicações de renomados críticos de arte. É representada pela Galeria Raquel Arnaud desde 1988.

 

 

De 18 de maio a 19 de julho.

15 mil flores

O Museu Afro Brasil, Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, Parque Ibirapuera – Portão 10 (acesso pelo portão 3), São Paulo, SP, uma instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, abriu a exposição “A Luz do Mundo onde há Fronteiras” – uma instalação do artista japonês Nobuo Mitsunashi. Utilizando o Hanazumi, uma técnica centenária japonesa, o artista queima as flores em fornos em um processo delicado, onde elas são transformadas em peças de carvão, conservando a sua forma original.

 

Quem visita o Museu Afro Brasil, certamente já viu as esculturas situadas a entrada principal da instituição. Estas esculturas são de Nobuo Mitsunashi, que desde o início do mês está trabalhando em uma majestosa instalação composta por embarcações feitas de terra, madeiras, juta, folhas e bambus, além de flores carbonizadas, na técnica Hanazumi, uma tradicional técnica japonesa que surgiu como um modo de carbonizar flores para serem apreciadas na cerimônia do chá.

 

A exposição “A Luz do Mundo onde há Fronteiras” é um trabalho especialmente desenvolvido para o espaço do Museu Afro Brasil. Mitsunashi busca estabelecer uma rede de intercâmbios com a cultura brasileira por meio de curadorias e projetos especiais. E, desta vez, o artista reuniu na cidade de Mogi das Cruzes, no famoso Casarão do Chá – um patrimônio cultural nacional – uma equipe de assistentes japoneses para auxiliá-lo na produção deste mais novo projeto que se destaca com as 15.000 rosas carbonizadas que eternizam o efêmero, ocupando um espaço de 20m x 30m. Para obter o enegrecimento das rosas que mantém sua forma original, elas são levadas ao forno a uma temperatura de 300ºC por 3 horas, descansando por mais 3 horas para resfriamento.

 

A prática do Hanazumi envolve um antigo costume, de aproximadamente 500 anos, quando frutos, flores e arbustos eram utilizados como ornamentos nas cerimônias do chá e entre samurais generais, traduzindo elegância e nobreza. Dependendo do clã, existiam pessoas especialmente incumbidas de produzir Hanazumis, sendo várias as técnicas secretas e peculiares. Neste cuidadoso processo contra o efêmero, o negrume das peças eterniza a perenidade das formas.

 

Para o artista, o diálogo com o local e sua arquitetura, bem como com as histórias que o Museu Afro Brasil comporta é fundamental. “Vou produzir a minha obra utilizando este ambiente como elemento da própria obra. Serão produzidos os navios que de leste se dirigem ao oeste, expressando desta maneira o fluxo da história. Perto da escada central serão expostas 15.000 Hanazumis de rosas que simbolizarão o descanso dos espíritos.” explica Mitsunashi.

 

Os assistentes japoneses de Mitsunashi, vindos especialmente para este projeto, são: Akari Karugane, Maho Habe, Masashi Ishikawa, Motofumi Aoki, Taku Akiyama, Takuma Asai, Tomoko Mitsunashi e Yumi Arai.

 

 

 

Sobre o artista

 

Nobuo Mitsunashi (1960) graduou-se na Universidade de Arte de Musashino, em Tóquio. É um artista, de origem japonesa, bastante conhecido no cenário brasileiro. Já realizou inúmeras mostras coletivas e individuais em São Paulo. Destacam-se a participação na 21ª Bienal de São Paulo, em 1991; a mostra realizada na Pinacoteca do Estado, em 2002, onde possui obras expostas no acervo permanente da instituição e a exposição “Hanazumi”, mostra individual realizada no Instituto Tomie Ohtake em 2005.

 

Até 10 de julho.

Pensão artística

03/maio

Durante um período de 5 (cinco) dias, o artista visual Fábio Carvalho participa de um projeto de residência artística na região portuária do Rio de Janeiro, chamado “Pensão Artística”. Para esta residência o artista prepara a intervenção urbana “OCUPAÇÃO OLYMPIA”, idealizada especialmente para o projeto Pensão Artística, que consiste da criação de uma série de pequenas obras em papel com desenhos alusivos a atletas (em particular das práticas esportivas mais tradicionais), que serão aplicadas sobre paredes da Gamboa.

 

Ao estilo lambe-lambe, a obra fará as vezes de azulejos de papel, tendo como referência os azulejos de figura avulsa portugueses. A região da Gamboa tem um rico histórico de ocupação portuguesa, sendo a região ainda pontuada por uma série de imóveis antigos de meados do século XIX ao início do XX cujas fachadas encontram-se azulejadas como quando originalmente construídos, dentro da tradição luso brasileira. As imagens de esportistas serão misturadas com ornamentação floral pintadas à mão pelo artista. As imagens de esportistas serão misturadas com imagens mais tradicionais das figuras avulsas portuguesas, em particular motivos florais.

 

As intervenções com azulejos de papel na forma de lambe-lambe de Fábio Carvalho surgiram em fevereiro de 2015, quando o artista realizou uma residência artística em Lisboa, Portugal. Em Lisboa, na intervenção urbana “APOSTO”, o artista criou novos padrões para os azulejos de papel, baseados em padrões tradicionais portugueses, que foram aplicados em diversas fachadas onde os azulejos originais já estavam em falta, por deterioração ou roubo. Os novos padrões criados por Fábio Carvalho foram planejados de forma a se integrarem aos azulejos já existentes. Em alguns casos, foram criados padrões específicos, visando um maior diálogo entre o padrão original da fachada e o criado pelo artista. Os azulejos de papel, ao mesmo tempo que causam um certo estranhamento ao olhar, podem ser algumas vezes facilmente confundidos com os azulejos originais.

 

Os projetos de arte urbana de Fábio Carvalho atuam como pequenas inserções, peças que invadem o espaço quase como um parasita. As intervenções aparecem mais por tensionarem o que já está lá, em vez de impor-se de cima para baixo a um espaço. As intervenções exigem uma certa intimidade para entrar em ação. Eles permanecem dormentes até que você as ative com o seu olhar. Eles não gritam – sussurram.

 

O dia a dia da residência artística e do desenvolvimento da intervenção urbana OCUPAÇÃO OLYMPIA pode ser acompanhado em um álbum de fotos da página do artista no facebook, através do link: http://tinyurl.com/OcupacaoOlympia

 

“Pensão Artística” é um projeto de convivência compartilhada de curto período na Região Portuária do Rio de Janeiro, onde serão realizadas atividades de produção e exibição de obras de arte em um pequeno hotel, numa zona bem degradada, localizado na Rua Camerino, nº 15 (em frente à Praça dos Estivadores). Dani Soter, Daniela Dacorso, Fábio Carvalho e Heberth Sobral foram convidados pelo curador Marco Antonio Teobaldo para a ocupação deste local durante o período de 5 dias, cujos quartos servirão de residência artística para criação e espaço à visitação pública em horários pré-estabelecidos.

 
“Pensão Artística” pretende explorar todas as direções que estão tomando as manifestações artísticas nos espaços urbanos públicos e privados, sobretudo aqueles que carecem de uma ocupação ordenada e planejada. Transformações que ao largo do tempo vêm causando mudanças profundas nas dinâmicas de trabalho e produção. Assim, as redes colaborativas, o intercâmbio de ideias e de ferramentas são agora, elementos essenciais na criação. A revolução radical que causaram as novas tecnologias e a internet permite esse tipo de conexão, mas continua sendo importante a disponibilidade de um espaço físico para a criação e o encontro de artistas e suas propostas.

​​

PENSÃO ARTÍSTICA – ocupação dos artistas: Dani Soter, Daniela Dacorso, Fábio Carvalho e Heberth Sobral. Curadoria de Marco Antonio Teobaldo.

 

 

De 05 a 09 de maio.

 

Horário de visitação: das 11h às 18h (com agendamento)

Rua Camerino nº15 (em frente à Praça dos Estivadores)

 

Eventos complementares no Jardim do Valongo:

 

5 de maio – 18h – Música de Quinta (Karaokê)
6 de maio – 18h – Na mesa com os artistas (bate-papo)
7 de maio – 17h – Batuke de Ciata, com Mestre Riko

Vergara exibe obras inéditas

Entre o sólido e o pastoso, entre o poético e o plástico, entre o desejo de perpetuar e experimentar, assim situa-se a obra atual do artista Carlos Vergara na Mais Um Galeria de Arte, Ipanema, na exposição “Carlos Vergara – Inéditos”, com cerca de 20 obras produzidas recentemente. Com curadoria de Fernando Cocchiarale, a mostra exibe trabalhos feitos com asfalto sobre MDF recortado, realizados a partir de desenhos selecionados em cadernos do artista, dos anos 1970 aos dias de hoje.

 

“Os desenhos nos cadernos me interessavam, mas tinham um caráter de anotação. A proposta dessa exposição é dar a eles a potência do discurso. Vão para a parede como tatuagens”, comenta o artista.

 

Todo o processo de making off da nova série poderá ser visto num vídeo assinado por Inês Vergara, exibido ininterruptamente na vitrine da galeria. A ideia é levar arte de forma gratuita e democrática para quem estiver passando pela calçada.

 

Além das tatuagens, Vergará ocupará a Mais Um Galeria de Arte com quatro múltiplos em 3D da série “Mangue”, iniciada em 2010, que tem como pretexto os manguezais da Barra, região onde o artista realizou intervenções artísticas de caráter público. Pinturas sobre telas, aquarelas e desenhos também estarão reunidos na mostra.

 

 

Até 30 de junho.

Para Ivens Machado

26/abr

O MAM Rio, apresenta uma homenagem ao artista Ivens Machado (Florianópolis, 1942 – Rio de Janeiro, 2015), falecido há um ano, e que ao longo de cinco décadas produziu obras destacadas na cena contemporânea. Com curadoria de Fernando Cocchiarale, serão apresentadas, no Salão Monumental do Museu, dezesseis importantes obras do artista, algumas não vistas pelo público há anos. Estarão esculturas, instalações e desenhos pertencentes à Coleção Gilberto Chateaubriand / MAM Rio, e desenhos e um vídeo do Acervo Ivens Machado, projeto responsável pelo seu legado, a cargo da designer Mônica Grandchamp, colaboradora e amiga próxima do artista.  Ao longo de sua trajetória, iniciada em 1973, quando venceu o V Salão de Verão no MAM, participando a seguir da XII Bienal de São Paulo, Ivens Machado só teve no Museu uma exposição individual, em 1975, embora tenha integrado ali diversas mostras coletivas.

 

“Ivens talvez seja o artista de sua geração mais importante surgido no sul do país, ainda que sua obra tenha florescido no Rio de Janeiro, cidade em que se radicou a partir de 1964”, destaca Fernando Cocchiarale. O curador lembra que Ivens Machado foi “pioneiro da videoarte no Brasil – sua primeira experiência com este meio eletrônico foi feita em 1974, simultaneamente à de outros artistas como Anna Bella Geiger e Sonia Andrade”. “Algumas questões (ou eixos poéticos) atravessam o conjunto da obra de Ivens desde seu florescimento efetivo, lá pelo começo dos anos 1970, até seus trabalhos finais dos dois últimos anos. Tais eixos poéticos resultam de práticas de permanente construção/reversão, acionadas por Ivens para a produção de esculturas contaminadas por métodos e práticas da construção civil popular-comunitária, tanto no que diz respeito aos materiais de que são feitas – cimento, vergalhão, areia, azulejos, pedras etc. – como pelo rústico acabamento dos trabalhos”, observa.

 

Ocupando lugar de destaque no Salão Monumental estará a grande instalação “Cerimônia em três tempos” (1973), que será montada como na versão original, vencedora do V Salão de Verão do MAM Rio. Em uma referência a um açougue, a obra traz sobre um ambiente de  plástico branco três mesas de azulejos brancos, que recebem o sangue que pinga de uma carne pendurada. Na extensa parede de doze metros de comprimento, será projetado o vídeo “Encontro/Desencontro” (2008), de 12 minutos, de Ivens Machado, em codireção de Samir Abujamra. Nele, atores e acrobatas fazem um percurso que vai desde a extinta Perimetral, até uma cena poética em que balançam nus, suspensos em cordas.

 

A curadoria optou por não fazer divisões espaciais, ampliando a visão do espectador do conjunto da exposição, que ocupará ainda os dois espaços contíguos com as esculturas e os desenhos.

 

 

Esculturas e desenhos

 

“Mesas” (1996), em concreto armado, madeira e ferro, não é vista desde 2003. “Tapete” (1979), em concreto armado e vidro, foi exposta há sete anos. A exposição terá ainda uma das mais importantes obras de Ivens Machado, “Mapa Mudo” (1979), um mapa do Brasil feito com cacos de vidro verde cravados sobre cimento. Realizada durante a ditadura militar, a imagem evoca, ao mesmo tempo, as exuberantes florestas brasileiras e os muros das residências bem protegidas, sendo também um símbolo das fronteiras sociais e políticas no país. Em relação às esculturas, Fernando Cocchiarale acentua que “há que considerar também a reversão simbólica desses métodos e práticas representada pela precariedade anticartesiana dos resultados específicos destas obras que sequer correspondem aos quesitos funcionais das construções populares, fator que atribui a esses trabalhos um teor contradiscursivo”.

 

O curador destaca que estarão na exposição os primeiros três desenhos de Ivens Machado, dois de 1974 e um de 1980, em que fez, à mão, pautas sobre cadernos. Mais tarde, o artista passou a intervir “diretamente na operação das máquinas de pautar da indústria de cadernos, ou no velamento de pautas com tintas corretoras de estêncil para mimeógrafo”. “Marco inicial do florescimento poético de Ivens, a questão se manifesta de outra maneira, mas com o mesmo sentido e intenção contradiscursivos”. “Aqui o teor espacial normativo das pautas de caderno é desconstruído graficamente, por meio de linhas que se rompem ou quebram a uniformidade da página original, por meio de desvios e sinuosidades, ou são ‘corrigidas” por corretores de estêncil”, explica.

 

A série de dezesseis desenhos “Fluidos Corretores” (1976), com corretor para estêncil sobre papel, da Coleção Gilberto Chateaubriand / MAM Rio, ocupa uma extensão de quase dez metros, e será complementada com outro desenho da série, de 1974, feito com caneta sobre folha de caderno.

 

 

 

Sobre o artista

 

Ivens Machado (Florianópolis, SC, 1942 – Rio de Janeiro, RJ, 2015). Escultor, gravador e pintor. Estudou gravura na Escolinha de Arte do Brasil (EAB), no Rio de Janeiro, onde foi aluno de Anna Bella Geiger (1933). Em 1974, fez sua primeira exposição individual na Central de Arte Contemporânea, no Rio de Janeiro. Participou quatro vezes da Bienal de São Paulo – em 1981, 1987, 1998 e 2004 -, e também esteve na Bienal de Paris e na Bienal do Mercosul, em Porto Alegre. Possui esculturas públicas no Palazzo di Lorenço, na Sicilia, Itália, no Paço Imperial, Rio de Janeiro, no Jardim das Esculturas do MAM, São Paulo, no Jardim da Luz, na Pinacoteca de São Paulo, no Jardim das Esculturas do MAM, Salvador, e no Largo da Carioca, Rio de Janeiro (atualmente retirada até a finalização da reurbanização do Centro da Cidade). Sua última exposição individual foi na Casa França-Brasil, em 2011. Além dela, merecem destaque a exposição “Encontro/desencontro” (2008), no Oi Futuro; “Acumulações (2007), no Paço Imperial; “O Engenheiro de Fábulas” (2001), apresentada no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, na Pinacoteca do Estado, em São Paulo, no Museu de Arte Contemporânea, em Curitiba, e no Museu Ferroviário da Vale do Rio Doce, em Vitória. Em 1975, ele realizou uma exposição individual no MAM Rio. Dentre suas principais exposições coletivas estão: “Lines”, na Hauser & Wirth, em Zurique , na Suiça e “On the Edge: Brazilian Film Experiments of the 1960s and Early 1970s”, no MoMA, em Nova Yok, ambas em 2014; “Sobrenatural”, na Estação Pinacoteca, em São Paulo e “Fato aberto: o desenho no acervo da Pinacoteca do Estado”, em 2013/2014; ”Violência e Paixão”, no MAM Rio e no Santander Cultural, no Rio Grande do Sul, em 2002; “Palavra Imagem”, no MAM Rio, e ”Espelho Cego”, no Paço Imperial e no MAM SP, ambas em 2001; ”Século 20: arte do Brasil-Brasil+500”, na Fundação Caloustre Gulbekian, em Portugal, em 2000; “Vista Assim Mais Parece um Céu no Chão”, 16oSalão Nacional de Artes Plásticas, no MAM Rio, e “Terra Incógnita”, no CCBB Rio, ambas em 1998; “Re-Aligning Vision”, no Museo del Barrio, em Nova York, em Arkansas, Austin, Monterey e Miami, nos EUA, e em Caracas, na Venezuela, em 1997; “A Fronteira dos Vazios – Livro  Objeto”, no CCBB Rio, em 1994; “A Caminho de Niterói” – Coleção João Sattamini, no Paço Imperial, em 1992, e no Centro Cultural São Paulo, em 1993; “Brasilian Contemporary Art”, no MAC – SP e “Brasil Segni D’Arte”, em Veneza, Milão, Florença e Roma, na Itália, ambas em 1993, entre outras.

 

 

 

Acervo Ivens Machado

 

 

O Acervo Ivens Machado é o projeto responsável pela gestão do acervo pessoal do artista, com curadoria da designer Mônica Grandchamp, amiga de longa data de Ivens Machado. Selecionado pelo Prêmio Funarte de Incentivo às Artes Visuais em 2015, para mapeamento da obra de Ivens Machado, e inscrito no Rumos Itaú Cultural 2016 – com resultado previsto para maio – o Acervo Ivens Machado tem como missão a catalogação da produção do artista, sua manutenção e visibilidade. Mônica Grandchamp é formada em desenho industrial pela Faculdade da Cidade, com pós-graduação iniciada em História da Arte e Arquitetura, na PUC-Rio, é professora de História da arte e História do design no Senac-RJ, desde 2011.

 

Texto de Fernando Cocchiarale

 

 

Esta mostra homenageia Ivens Machado, artista recentemente falecido, cuja contribuição para a história da arte brasileira das últimas cinco décadas ainda está por ser criteriosamente estabelecida. A maior parte das peças aqui expostas pertence ao MAM (coleção Gilberto Chateaubriand e coleção MAM), complementadas com obras do Acervo Ivens Machado, projeto responsável pela gestão do acervo pessoal do artista. Pioneiro da videoarte no Brasil (sua primeira experiência com este meio eletrônico foi feita em 1974, simultaneamente à de outros artistas como Anna Bella Geiger e Sonia Andrade, por exemplo), sua produção nessa mídia é marcada pela criação de situações em que o poder e seu tenso exercício é corporificado por atores que podem atuar em interação com o artista ou sem ele. Ivens talvez seja o artista de sua geração mais importante surgido no sul do país, ainda que sua obra tenha florescido no Rio de Janeiro, cidade em que se radicou a partir de 1964. No entanto algumas questões (ou eixos poéticos) atravessam o conjunto da obra de Ivens desde seu florescimento efetivo, lá pelo começo dos anos 1970, até seus trabalhos finais dos dois últimos anos. Tais eixos poéticos resultam de práticas de permanente  construção/reversão,acionadas por Ivens para a produção de esculturas contaminadas por métodos e práticas da construção civil popular-comunitária, tanto no que diz respeito materiais de que são feitas − cimento, vergalhão, areia, azulejos, pedras etc. – como pelo rústico acabamento  dos trabalhos. Há que considerar também a reversão simbólica desses métodos e práticas representada precariedade anticartesiana dos resultados específicos destas obras que sequer correspondem aos quesitos funcionais das construções populares, fator que atribui a esses trabalhos um teor contra-discursivo. Nos desenhos manuais de pautas de caderno, nos trabalhos em que Ivens interveio diretamente na operação das máquinas de pautar da indústria de cadernos ou no velamento de  pautas com tintas corretoras de estêncil para mimeógrafo marco inicial do florescimento poético de Ivens a questão se manifesta de outra maneira, mas com o mesmo sentido e intenção  contra-discursivos. Aqui o teor espacial normativo das pautas de caderno é desconstruído graficamente, por meio de linhas que se rompem ou quebram a uniformidade da página original por meio de desvios e sinuosidades, ou “corrigidos” por corretores de estêncil.

 

 

 

De 30 de abril a 26 de junho.

Pinakotheke São Paulo/Segall

19/abr

A Pinakotheke Cultural, Morumbi, São Paulo, SP, apresenta na presente exposição, mais de sessenta trabalhos, a maioria proveniente de coleções da família Segall. Estão representadas as diversas linguagens utilizadas pelo artista tendo o papel como suporte:xilogravura, gravura em metal, aquarela e desenhos a tinta preta e grafite. Além dos papéis, a mostra é pontuada por esculturas e pinturas sobre tela, algumas inéditas, como as duas cenas de Meissen, Alemanha, feitas durante a Primeira Guerra Mundial.
Há obras de diferentes épocas, desde os primeiros anos do século 20, quando ele transitava entre a cidade natal de Vilna, na Lituânia – na época parte do Império Russo – e as cidades de Berlim e Dresden, onde frequentou as academias e fez parte do Expressionismo alemão. Os trabalhos mostrados nesta exposição se estendem até os anos 1950, passando pelo período que viveu em Paris, de 1928 a 1932.

 
Vida em Meissen

 
Logo depois da Alemanha declarar guerra à Rússia, em agosto de 1914, os cidadãos russos que viviam em Dresden foram levados para a cidade vizinha de Meissen, famosa por sua porcelana. Em seus escritos autobiográficos Segall fala de sua situação de “prisioneiro civil de guerra”. Em 1915, quando pintou as duas telas desta exposição –“Praça do mercado em Meissen I”, de 1915,e “Praça do mercado em Meissen II”, de 1915 -, sabemos que ele estava ali. Ao lado do pintor Alexander Neroslow, saía com frequência em caminhadas para documentar aspectos da cidade e dos arredores, além de produzir retratos dos amigos.

 
“Verdade interior”

 
A produção do período europeu presente nesta mostra tem nas xilogravuras seus melhores exemplos. Feitas na Alemanha na segunda metade dos anos 1910 e na década seguinte, elas se aproximam das gravuras primitivas, por motivos estéticos e ideológicos. A gravação é marcada por uma simplificação brutal das formas, mostrando que nessa época Segall já estava sintonizado com o Expressionismo alemão, ao dar à sua obra gráfica a força de um panfleto. Os expressionistas se utilizaram dessa linguagem simplificada e veemente, para conduzir à imediata apreensão dos conteúdos, impregnados das ideias políticas e sociais de esquerda que caracterizaram o movimento. Segall explora esse contraste decisivo entre o preto das superfícies carregadas de tinta e o espaço em branco cavado na matriz, como seus predecessores Erich Heckele Karl Schmidt-Rottluff – criadores em 1905 de “A Ponte”, primeiro agrupamento do Expressionismo alemão – ou como Conrad Felixmüller e Will Heckrott, integrantes, como ele, da segunda geração dos expressionistas.  As gravuras de Segall têm como referência o tema do eterno judeu errante, as recordações de sua cidade e os ritos da ortodoxia judaica que povoaram sua infância. A forte impressão que guardou de Vilna, ocupada e arrasada pelos alemães em 1915, também repercutiu em seu espírito solidário – os mortos, mesmo anônimos, eram os de Segall. A devastação da cidade e o desaparecimento de grande parte dos homens deu origem a cenas como “Viúva”, de 1919, e “Viúva e filho”, de 1918, uma mulher grávida tem ao lado o menino de mãos estendidas à espera de uma esmola. Os corpos acuados e as cabeças e olhos imensos dão a dimensão do desamparo humano dessas vítimas da guerra, e esses personagens trágicos têm presença insistente em toda a obra de Segall.
Na xilogravura “Enterro”, de 1915, o branco ilumina a dramaticidade teatral do assunto. O corpo do morto atravessa a cena em diagonal, apoiado no retângulo de um caixão simples de madeira, comum nos enterros judaicos, e sua cabeça é uma máscara negra e paira à direita, em contraste com os rostos brancos dos três personagens que acompanham o enterro. Os olhos vazados, são de desesperança e assombro em presença da morte.
Também são desse período as xilogravuras “Oração lunar”, c. de 1917, “Cabeça de rabino”, de 1919, “Jovem orando”, de 1920 e “Mãe e filho”, de 1921, nas quais a estética expressionista se associa ao repertório pessoal do artista, para dar ênfase à sua “verdade interior”, conforme expressão sua. Em todas elas, as áreas em branco invadem os corpos criando personagens duplos, vidas partidas entre luz e sombra. Nesse sentido, cabe destacar a gravura “Mulheres errantes – II”,versão de 1919, na qual as máscaras dos personagens compõem, com o fundo de formas geométricas, um fantasmagórico tabuleiro de xadrez. Em “Mãe e filho”, de 1921, os rostos unidos são invadidos por um branco simbólico, pelo vazio que anula as personalidades. Nas duas folhas comemorativas em que ele grava homenagens à mãe – falecida quando Segall tinha dezesseis anos – e à avó, o texto em hebraico é uma associação de caracteres geométricos cavados em tábuas de ressonâncias bíblicas.

 
Expressionismo eslavo

 
A obra gráfica de Segall produzida na Alemanha e presente nesta exposição se completa com duas litografias, “Família”, de 1920, em que o corpo feminino estende-se em diagonal como nas telas “Gestante”, de 1919 e “Encontro”, de 1920, cuja composição, na unidade das cabeças e das mãos, repete as soluções da pintura “Dois seres”, de 1919. As coincidências não são casuais. Ao contrário, a reafirmação frequente de certas soluções plásticas é um dos elementos certificadores da poética segalliana.  Há ainda duas gravuras em metal –“Margarete”, c. de 1921, vigoroso retrato da primeira mulher do artista, e uma imagem da série “Mendigos II”, de 1922/ 23, nas quais já estão presentes os traços exatos e as formas geométricas características da Nova Objetividade, tendência que influenciou toda a arte alemã dos anos 1920.

 
Figuras e retratos

 
“Homens à mesa”, c. de 1910 e “Velho de quepe dormindo”, c. de 191, são os desenhos mais antigos desta exposição, povavelmente feitos em Vilna em uma das viagens de férias para visitar a família, quando Segall frequentava a Academia de Dresden. Também nos primeiros desenhos, a escolha dos personagens retratados – velhos, viúvas, mendigos, doentes – segue a indicação de um olhar sem demagogia, compassivo para com os desfavorecidos e marginalizados. Nesses e em outros desenhos que faz mais adiante, é frequente Segall retratar tipos e não individualidades exacerbadas, ao contrário, por exemplo, de seu contemporâneo e amigo Otto Dix, fundador, junto com ele, da Secessão de Dresden- Grupo 1919.
Quando Segall se dedica a figuras femininas como o delicado “Margarete deitada”, c. de 1915, as linhas se suavizam; traços distendidos envolvem a figura em repouso. No retrato de “MobBarzinsky”, de 1917, ou em “Moça de franja”, c. de 1920, e “Retrato feminino”, c. de 1920, as cabeças têm destaque no centro do papel e os retratados vêm igualmente para o primeiro plano. O grafite e o crayon acentuam detalhes aqui e ali, ora o nariz, o pescoço, as olheiras, trabalhando pela expressividade do conjunto. “O Retrato de homem” c. de 1919, um óleo com a transparência da aquarela, também nos encara. “Moça de busto nu”, c. de 1920 é um nu sem erotismo, perturbador na anatomia frágil da modelo. Em “Jovem sentada”, c. de 1920, o grafismo rápido esboça mais do que um retrato (talvez Margarete) e tem uma inquietante permanência em nosso espírito.

 

 

Paisagem brasileira

 
Ao emigrar para o Brasil em fins de 1923, a paisagem humana de Segall altera-se completamente. Ele vê o novo país como uma festa exótica, longe das tensões do mundo europeu, com novas formas e cores a lhe oferecer, um país que lhe revelou “o milagre da cor e da luz”. Fascinado pelos tipos de negros e pela vegetação dos trópicos, surgem “Jovem negra”, c. de 1925, também em aquarela; “Retrato de homem com a mão no rosto”, c. de 1925; e vários desenhos da série “Plantas tropicais”, c. de 1925.
“Três gaivotas e respiradouros” de 1930 é uma gravura da série “Emigrantes”, em que o navio e os detalhes da embarcação dialogam com as aves e o mar à volta, cenário da aventura dos emigrantes. A série “Mangue” – famosa zona de prostituição do Rio de Janeiro, cantada em prosa e verso- está representada por três obras: a xilogravura “Mulher do Mangue com espelho”, de 1926, a ponta-seca “Mulher do Mangue com cactos”, de 1927 e o desenho a pincel “Figuras no Mangue”, c. de 1928.
“Nu de costas”, c. de 1928, aquarela, focaliza uma anatomia feminina mais generosa do que as do período alemão. Os desenhos de nus femininos dos anos 1930 são um capítulo à parte, estendendo sobre o papel a languidez convidativa dos corpos femininos. A sensualidade de linhas curvas e suaves desenha o “Casal”, c. de 1930, que inverte os planos da pintura “Dois nus”, de 1930, na qual o homem ocupa o primeiro plano e a mulher aparece atrás, deitada, parcialmente encoberta pelo corpo masculino sentado à sua frente.
Dois desenhos a grafite de 1936, com o mesmo título -“Mulher nua deitada” – são exemplos dessa sensualidade distraída que Segall retratou como ninguém. O poder de permanência de tais nus femininos encontra seu ápice na série que tem Lucy Citti Ferreira como modelo. Por outro lado, ela aparece identificada na companhia de instrumentos musicais, em obras de diferentes técnicas. “Lucy com violão”, c. de 1936, é um esboço rápido, bem-humorado, enquanto “Lucy com acordeão”, de 1936, compõe um tema que seria retomado em mais de uma pintura sobre tela. Também são de acentuado cunho erótico os desenhos “Casal”, c. de 1945, de linhas limpas, sem interrupção, “Casal abraçado”, c. de 1950, reforçado com insistência pela caneta de tinta vermelha, e o relevo em bronze “Encontro”, de 1954, em que o brilho do metal destaca a anatomia dos corpos. Outra escultura, “Duas mulheres”, de 1936, repete soluções exploradas nos anos 1920. Os corpos juntos e a amarração das mãos, ao centro, transformam os dois personagens femininos em apenas uma entidade.
A família está representada no desenho “Jenny”, c. de 1930, traçado com tinta sépia a pincel e em “Ossi”, de 1931, – Oscar, o filho mais novo -, feito em Arcachon, no período em que o casal Segall viveu na França. A mãe com seus filhos, tema constante, ganha corpo na compacta “Maternidade”, de 195, em bronze.
Cenas do campo e naturezas-mortas surgem em um momento de tranquilidade e vida junto da família, durante a estada francesa. É quando Segall começa a esculpir e, também na pintura, os objetos e animais ganham em presença corpórea, adquirem uma qualidade tátil. As cores se aproximam da solidez e opacidade da argila – ocres,marrons e brancos invadem as telas. “Vacas no campo”, de 1931, e “Natureza-morta com vaso ornamentado”, c. de 1931, são exemplares nesse sentido e prenunciam a matéria densa das paisagens de Campos do Jordão. Dessa época também são as idílicas aquarelas “Animais com pinheiros”, de 1931, cena de inspiração chagalliana, e “Nora”, c. de 1931, a filha de Victor Rubin, amigo e protetor de Segall em Dresden. Após a partida de Lucy para a França, em 1947, Mira Perlov torna-se sua modelo. Ela está presente em três obras aqui exibidas, feitas por volta de 1952. Em tinta preta ou bistre e aquarela, Segall se deteve na bela e delicada figura da jovem.

 
Fiel às origens

 
O ano de 1927 traz a Segall uma dupla tristeza – os falecimentos de Oscar, o irmão com o qual tinha maior afinidade, e de seu pai Abel Segall, que vivia no Brasil desde 1924. Abel com a filha mais nova, Lisa, são os últimos da família a deixar Vilna. A morte do pai é assunto de um desenho a grafite em que aparecem registrados o dia e a hora do acontecimento – “O pai do artista morto” (10/02/1927, 7h30) – e no qual a assinatura de Segall é posta em russo, reafirmando, na presença do pai falecido, as suas origens.
O trágico acontecimento é tratado ainda em óleos sobre tela como “Fim de começo”, de 1929, em que o patriarca aparece ao lado do pequeno “Mussi” (Maurício, filho mais velho de Lasar e Jenny), em xilogravuras –“Pai Segall”, de 1927, “Artista em vigília fúnebre”, c. de 1927, “Vigília fúnebre”, c. de 1927,na água-forte “Kaddish”, de 1927, e na pintura “Vigília fúnebre”, c. de 1928, escura e monocromática, que repete a composição da xilogravura de mesmo título. Na parte superior da pintura, a homenagem do artista na inscrição em hebraico “Pai Segall” (Aba Segall). Ele não deixou, até os últimos anos de vida, de lembrar sua ligação com a ortodoxia religiosa, à qual esteve exposto desde criança. O tema da tela “Judeu com livro de orações”, c. de 1954, rendeu outras pinturas, desenhos, aquarelas e guaches.

 
Campos do Jordão

 
Em Campos do Jordão, região que Segall conheceu em 1935, ele se entregou ao registro poético das florestas e do campo, seus habitantes e grupos de animais que pontuavam a paisagem montanhosa da chamada Suíça brasileira. O delicado “Morro com casas e animais”, c. de 1937, faz lembrar a análise de Mário de Andrade sobre o desenho, chamando a atenção para o caráter mais necessário dele, o de “ser um fato aberto como a poesia. Cada desenho é uma palavra, uma frase. Uma confidência”.
Caminhando pelas estradas de Campos do Jordão com seu bloco de papel ou com suas telas e tintas, Segall explorou em inúmeros trabalhos feitos “do natural”, as árvores, vistas de fora ou de dentro dos bosques. O que interessava a ele era principalmente a arquitetura dos troncos, curvos ou retos, em agitação dionisíaca-“Floresta”, de1951, – ou em ordenamento apolíneo –“Floresta”, de 1955. Alguns desses apontamentos deram origem a pinturas a óleo como a “Floresta fechada”, de 1954, construída por faixas verticais em que não há luz ou qualquer vislumbre de céu. A série “Florestas”, com que Segall se despede da vida, parece indicar seu caminho para a sublimação dos temas e para a verticalização das formas, permanecendo fiel, no entanto, à sua convicção figurativa.
Apesar das florestas de Segall serem florestas e não arte abstrata, como quiseram alguns críticos, o que conta nelas não é a representação do real, mas o valor simbólico da matéria sensual e silenciosa da qual são feitas. Nelas, respiramos Segall, não o ar rarefeito da região montanhosa de Campos do Jordão. E essa aproximação com o artista e sua obra só acontece pela via do sentimento e não da razão. Lembrando mais uma vez Susan Sontag, “em vez de uma hermenêutica, precisamos de uma erótica da arte. Desarmados, temos mais capacidade de perceber que cada esboço, cada pintura, gravura ou escultura de Segall é um documento de identidade impossível de falsear”.

 

 

Texto : Vera d´Horta/Setembro de 2015

 
Até 28 de maio.

Viva o Povo Brasileiro!

O Centro Cultural Correios, Centro Histórico, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Viva o Povo Brasileiro!”, um panorama poético da arte popular brasileira sob a curadoria de Denise Mattar. Em exibição cerca de 150 obras de arte popular criadas pelos mais representativos nomes de diversas regiões do país como Mestre Vitalino, Jadir, João Egídio, Nhô Caboclo, Zezinha, Isabel, Galdino, Ranchinho, Miranda, Bajado, Miriam, Paul Pedro Leal, Chico Tabibuia, Julião, Ana das Carrrancas, Noemisa, Rita Loureiro, Heitor dos Prazeres, J. Borges, Aurelino entre muitos outros.

 

A proposta da exposição “Viva o povo brasileiro!” é a de mostrar ao público a extrema beleza das diversas formas da arte espontânea brasileira. O conjunto mapeia obras de vários estados exibindo uma visão abrangente que enaltece a qualidade dos trabalhos. As técnicas vão da pintura à escultura em amadeira, cerâmica, ex-votos e tábuas votivas, relevos e objetos. O temas abordam desde os santos às festas, cenas do cotidiano e animais selvagens. Uma explosão de cor, ritmo e alegria, permeada de lirismo, poesia e até de certa melancolia.

 

Segundo a curadora Denise Mattar, estamos finalmente assistindo ao crescimento do prestígio da arte popular brasileira com museus e importantes coleções, ressaltando sua importância, originalidade e requinte: “A exposição Viva o povo brasileiro! pretende revelar esse tesouro e mostrar ao público obras que pertencem a coleções particulares e que nunca foram vistas. A arte popular brasileira sempre foi mais valorizada pelos estrangeiros, e isto acontece desde a colonização. Nomes como o francês Jean de Léry (1536 – 1613), que escreveu sobre a arte plumária indígena, o suíço Blaise Cendrars (1887 – 1961), que encantou-se com a arte do povo mineiro, a italiana Lina Bo Bardi (1914 – 1992), que criou na Bahia um Museu de Arte Popular e realizou a antológica exposição “A mão do povo brasileiro”, são apenas alguns exemplos.”

 

As obras selecionadas pela curadora Denise Mattar e pelo pesquisador Roberto Rugiero, que responde pela consultoria da mostra,  fazem parte das coleções de João Maurício de Araújo Pinho e Irapoan Cavalcanti, duas das mais importantes e completas do Brasil. O projeto expográfico é assinado por Guilherme Isnard.

 

 

Artistas participantes:

 

Agostinho de Freitas | Alcides Pereira | Alcides Santos | Ana das Carrancas | Ana do Baú | Anésio Julião | Antonia Leão | Antonio de Dedé | Artur Pereira | Bajado | Benedito | Bento Sumé | Cícera Fonseca | Chico da Silva | Chico Tabibuia | Dona Eli | Emídio de Souza | Geraldo de Andrade | GTO | Gina | Guma | Heitor dos Prazeres | Isabel | Jadir | João Egídio | J. Borges | J. Coimbra | João Alves | José Antônio da Silva | José de Freitas | Antônio Julião | Júlio Martins | Lafaete | Licídio Lopes | Louco | Luis Antônio |  Maria Auxiliadora | Maria de Beni | Mestre Cunha | Mestre Galdino | Mestre Guarany | Mestre Vitalino | Miriam | Miranda | Mudinho | Nhô Caboclo | Nilson Pimenta | Nino | Noemisa | Nuca | Oziel | Paulo Pedro Leal| Placidina | Ranchinho | Resendio | Rita Loureiro | Romildo | Roberto de Almeida | Roberto Vital |  Sil | Tarcísio Andrade | Timbuca | Tonico Scarelli |Ulisses Pereira | Valentim Rosa | Véio | Vicente Ferreira | Waldomiro de Deus | Willi de Carvalho | Zé Cordeiro | Zé do Chalé | Zezinha | Zezinho de Tracunhaém.

 

Até 13 de junho.