Prêmio CCBB Contemporâneo

24/nov

Contemplada com o Prêmio CCBB Contemporâneo, Carla Chaim inaugurou a mostra “Colapso da Onda”, CCBB Rio de Janeiro, Centro, Rio de Janeiro, RJ, com uma instalação de grande dimensão, criada especificamente para o espaço expositivo, e um livro de artista, de formato intimista, também inédito. Em comum entre os dois está o grafite em pó.

 

A instalação, que tem o mesmo título da individual, ocupa 80 m² e é construída com pó de grafite. A artista determinou metade da sala para “desenhar” no piso um retângulo que, girado 5º sobre seu eixo central, faz parte da forma subir a parede. Sobre a área delimitada, Carla polvilha manualmente 50 quilos de pó de grafite com uma peneira caseira. Já para aplicar o material na parede, a artista inventou uma técnica com compressor para pulverizar e fixar o grafite.

 

A arquitetura da sala faz parte da obra, sendo suporte da instalação, e o espectador experimenta um diálogo com o trabalho, que muda de feição virtualmente, dependendo da posição do visitante.

 

– O grafite em pó sugere uma matéria constituída de milhões de pontos que se unem e se transformam em um plano homogêneo, se tornando objeto, palpável, um desenho no espaço”, descreve a artista.

 

A pesquisa de Carla Chaim amplia o campo do desenho para além de traços sobre o papel. As questões do desenho são levadas para vídeos e instalações. Em “Colapso da Onda, o grafite, elemento corriqueiro e universal para desenhar, não é usado para traçar linhas ou delinear formas. Reduzido a pó, o grafite deixa de ser ferramenta para existir como matéria pura que preenche uma superfície determinada. O resultado é uma forma densa e opaca.

 

O segundo trabalho da exposição é um livro-obra, intitulado “Multiverso”, de 60 páginas, em que o pó de grafite é aplicado com algodão sobre as folhas dobradas aleatoriamente – as dobraduras diferem em cada uma. Ao serem abertas, as páginas revelam composições variadas. O original foi escaneado e impresso em offset, com tiragem de 500 exemplares, que serão distribuídos ao público. No período da mostra, haverá livros para o visitante manusear.

 

O crítico carioca Fernando Cocchiarale sugere, no texto de apresentação, que é bom descartar leituras estritamente formais da obra de Carla, favorecidas pela geometrização de parte de seus trabalhos. Os projetos da artista não estão a serviço da invenção formal, mas da formulação espacial de campos de experiência”. Cocchiarale propõe ainda um possível pano de fundo para a produção da artista: “o das poéticas de resistência à espetacularização que permeia a lógica do mercado.”

 

 

Sobre a artista

 

Carla Chaim, nasceu em São Paulo, SP, 1983 cidade onde vive e trabalha. É bacharel em Artes Plásticas pela FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado, onde também fez pós-graduação em História da Arte. Entre os prêmios que recebeu, estão: Prêmio CCBB Contemporâneo, e o Prêmio FOCO Bradesco ArtRio, ambos em 2015, Prêmio Funarte de Arte Contemporânea [SP] e Prêmio Energias na Arte, no Instituto Tomie Ohtake [SP], onde participou também das exposições “Os primeiros dez anos”, 2011, e “Correspondências”, 2013. A artista fez residências artísticas em Arteles, Finlândia, 2013; Halka Sanat Projesi, Turquia, 2012; The Banff Centre for the Arts, Canadá, 2010. Em 2014, fez a individual “Pesar do Peso”, na Galeria Raquel Arnaud, SP, e “Norte”, em Lisboa, no Carpe Diem Arte e Pesquisa, e participou das coletivas “Afinidades”, no Instituto Tomie Ohtake e “Entre dois Mundos”, no Museu Afro-Brasil, SP. Carla tem obras nas coleções Ella Fontanals-Cisneros, Miami, EUA, Museu de Arte do Rio – MAR, RJ, e Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, Brasília.

 

 

Sobre Prêmio CCBB Contemporâneo 2015-2016

 

Em 2014, pela primeira vez, o Banco do Brasil incluiu no edital anual do Centro Cultural Banco do Brasil um prêmio para as artes visuais. É o Prêmio CCBB Contemporâneo, patrocinado pela BB Seguridade, que contemplou 10 projetos de exposição, selecionados entre 1.823 inscritos de todo o país, para ocupar a Sala A do CCBB Rio de Janeiro. O Prêmio é um desdobramento do projeto Sala A Contemporânea, que surgiu de um desejo da instituição em sedimentar a Sala A como um espaço para a arte contemporânea brasileira. Idealizado pelo CCBB em parceria com o produtor Mauro Saraiva, o projeto Sala A Contemporânea realizou 15 individuais de artistas ascendentes de várias regiões do país entre 2010 e 2013. A série de dez individuais inéditas, começou com o grupo  Chelpa Ferro (Luiz Zerbini, Barrão e Sergio Mekler), seguido das mostras de Fernando Limberger (RS-SP), Vicente de Mello (SP-RJ) e Jaime Lauriano (SP). Depois da de Carla Chaim (SP), vêm as de Ricardo Villa (SP), Flávia Bertinato (MG-SP), Alan Borges (MG), Ana Hupe (RJ) e Floriano Romano (RJ), até julho de 2016. Entre 2010 e 2013, o projeto que precedeu o Prêmio, realizou na Sala A Contemporânea exposições de Mariana Manhães, Matheus Rocha Pitta, Ana Holck, Tatiana Blass, Thiago Rocha Pitta, Marilá Dardot, José Rufino, do coletivo Opavivará, Gisela Motta&Leandro Lima, Fernando Lindote, da dupla Daniel Acosta e Daniel Murgel, Cinthia Marcelle, e a coletiva, sob curadoria de Clarissa Diniz.

 

 

Até 04 de janeiro de 2016.

Na dotART em Belo Horizonte

16/nov

A renovada Galeria dotART, bairro Funcionários, Belo Horizonte, MG, apresenta na galeria 1, a exposição coletiva “O dia se renova todo“, e na galeria 2, a primeira exposição individual do fotógrafo Fabiano Al Makul denominada “Outros olhos para ver”. No mesmo dia, lança os livros/obra “Galáxias“, de Antonio Dias e Haroldo de Campos e “Galpão Gaveta“, de Paulo Climachauska. Com 41 artistas e 50 obras a coletiva “O dia se renova todo dia” apresenta: pinturas, desenhos, fotografias, gravuras, objetos e esculturas. Os artistas foram convidados pelo curador Wilson Lazaro, diretor artístico da galeria, que exibe a primeira grande mostra e apresenta o conceito da nova identidade da dotART, desenvolvida pelo designer Felipe Taborda.

 

 

O time escalado para as duas exposições e lançamentos é composto dos mais diversos idiomas visuais: Adriana Varejao, Janaína Tschape, AnishKapoor, Leonilson, Cássio Vasconcellos, Pedro Varela, Paul Morrison, Richard Serra, FransKrajcberg, Rubem Ludolf, Tomás Saraceno, Ivan Navarro, Sarah Morris, PhilipeDecrauzat, Lygia Pape, Rubem Valentim, Rubem Ianelli, Alexander Calder, Iole de Freitas, Nelson Felix, Cildo Meireles, Michael Craig-Martin, Antonio Dias, Paulo Pasta, Paulo Climaschauska, Volpi, Andy Warhol,Wanda Pimentel, Lucia Laguna, Marina Saleme, Celso Orsini, Nelson Leirner, Anna Maria Maiolino, Paulo Campinho e Marina Rheingantz.

 

 

Sobre Antonio Dias e o livro obra “Galáxias”

 

Antonio Dias nasceu em 1944, em Campina Grande, na Paraíba e, ainda criança mudou-se para o Rio de Janeiro. Artista multimídia, tem a pintura como elemento de forte presença em seu trabalho. Em meados dos anos sessenta, ganhou uma bolsa do governo francês e foi morar em Paris. Depois de um longo período no exterior, entre Milão, na Itália, e Colônia, na Alemanha, volta, em fins dos anos noventa, a dividir seu tempo com o Brasil, onde tem residência no Rio de Janeiro. O projeto desenvolvido por Antonio Dias junto com Haroldo de Campos (1929-2003) no começo da década de setenta, leva o mesmo nome do famoso livro-poema do poeta concretista – “Galáxias”. E, mais de quarenta anos depois, ganha a participação da designer Lucia Bertazzo em sua produção. Com edição de 93 exemplares, e grande formato – 70cm x 50cm com 7cm de altura – “Galáxias” é um estojo de fibra de vidro revestido em tecido, que contém, em cada exemplar, um conjunto de 32 objetos feitos pelo artista, agrupados e acondicionados em dez caixas de madeira impressa com peles, tema presente em sua obra. Esses objetos – foram realizados manualmente – revêem a trajetória artística de Antonio Dias no período dos anos setenta. A realização de “Galáxias”, a cargo da UQ/ Aprazível Edições, demandou quatro anos de cuidadoso trabalho, com centenas de provas e protótipos, e grande diversidade de materiais empregados: tecido, acrílico, foam, plástico, algodão, pergaminho. As formas de impressão também variam entre fotogravura, tipografia, hot stamping, serigrafia e pouchoir. Metade da edição foi adquirida por colecionadores e importantes museus: MAC de Niterói (Coleção João Sattamini), MAM Rio (Coleção Gilberto Chateaubriand), Pinacoteca  de São Paulo e MoMA de Nova York.

 

 

Sobre Paulo Climachauska e o livro obra “Galpão Gaveta”

 

A obra de Paulo trabalha, sobretudo, com a operação de subtração e de retirada. Trata-se de um déficit que vai além da abstração numérica e se aproxima de questões econômicas, sociais e políticas, mesmo quando o artista elege a natureza como tema. No texto que acompanha a obra de 7 itens e 18 exemplares está escrito: “O Galpão Gaveta, este que você acabou de ler, começou a ser habitado em junho de 2012. Galpão é o lugar em que o extrato dos seres e o sumo das coisas se depositam. Eles podem ser habitados, sim!, por poéticas e por traços. É o que decidiu fazer Paulo Climachauska ao recolher réguas e compassos, telas e tintas, papéis e espelhos. Tudo colecionado dentro de seu imaginário e transformado em matéria-viva: o Galpão Gaveta.” Uma gaveta pode ser uma obra de arte? Pode. Uma não, muitas. O Galpão Gaveta, invento que se atribui ao artista Paulo Climachauska, traz dentro de si uma multidão de objetos. Vamos contar?

 

1. Um estojo em aço, pintado na cor laranja, de 50 x 40 cm (com 9 cm de altura) que contém… uma gaveta. 2. A gaveta, por sua vez, contém seis outros objetos. 3. O primeiro é uma pintura original sobre cartão telado em cada exemplar. Isso mesmo: um original em tinta acrílica, assinado no verso. 4. O Livro de Areia, revestido em tecido, traz arabescos gráficos do que se passa pela cabeça do artista. 5. Já o Livro dos Espelhos, também revestido em tecido, se entreabre num firmamento de números. 6. Outro estojo contém cinco gravuras e um surpreendente texto, todos impressos em serigrafia sobre acetato, revelando galpões em perspectiva – aqui denominados de “Catedrais”. 7. Uma dupla de esquadros em aço niquelado sai do berço da caixa e ficam de pé, como se esculturas fossem.

 

 

Sobre Fabiano Al Makul

 

Fabiano Al Makul é apaixonado, vai ao mundo pelo coração. Sua pesquisa não é sistemática.Os temas parecem escolhidos ao acaso, como se começasse sempre pela curiosidade. Pode ser uma canção musical, um encontro… e ao fim a imagem é sempre um gesto de afeto. Suas representações formam histórias, têm a ver com a liberdade que existe na ficção. Fantasias e sonhos: esse é sempre o começo do criar desse artista. Ele quer fazer você se emocionar diante das suas criações! Uma boa criação é construída com amor, por nuances de cores e lembranças de lugares. Há um momento especial onde o autor captura a passagem da vida e a coloca junto com o sentir “arte”. A beleza da imagem tem o poder da transformação de cada dia vivenciado, é realidade presente em quase todas as esferas do cotidiano, da estética. Vale lembrar a história da arte e seus segmentos, que conseguiam estabelecer-se porque havia “beleza” em todos os movimentos. A cor, o movimento e a música se unem ao desejo e à fragilidade, em momentos únicos da vida e em cada cena retratada por Fabiano nas suas composições visuais. Sua fotografia cria um frescor raro, que está nos romances, na alma da velha-guarda do samba, nas canções populares, nas viagens, nos lugares, na arquitetura e nas pessoas… cada um, quando entra em contato com sua obra, sente que ele traz à superfície um mundo híbrido, onde os limites entre as culturas, os meios ou linguagens são cada vez mais indefinidos. É com um “olhar de beleza” que poderemos ultrapassar quaisquer fronteiras ainda demarcadas e admirar, sentir e penetrar nas criações exibidas. O artista captura suas imagens no instantâneo da ação de ver, registrando com novo olhar as cenas do cotidiano e “escrevendo” textos com rimas de luz e sombra. Esse é o nosso poeta Fabiano!

 

Sobre a Galeria dotART

 
A dotART foi criada por Feiz e Maria Helena Bahmed nos anos setenta e é pioneira na divulgação e promoção da arte  em Belo Horizonte e no estado de Minas Gerais. Agora, surge a renovada Galeria dotART, que, com planejamento e pesquisa, desenvolve um plano para a carreira de cada um dos artistas que representa na região buscando as soluções mais criativas e eficientes, apoiados em pesquisa, consultoria, curadoria, publicações e gestão de projetos para as instituições.

 

A renovação acontece. Fernando Bahmed e Leila Gontijo são herdeiros de Maria Helena e Feiz, atuam no mercado de arte, e assumem a galeria trazendo novo vigor para os projetos. Luciana Junqueira, passa a fazer parte da dotART. Ao grupo, somam-se Wilson Lazaro, diretor artístico, e toda a equipe: Felipe Taborda, Francisco Santos, Hélio Dalseco, Ivanei Souza, Jéssica Carvalho, Robson Gomes e Sérgio Souto.

 

Ao longo dos últimos 40 anos, vários artistas já passaram pela galeria: Volpi, Amilcar de Castro, Leda Catunda, Frans Kracjberg, Cildo Meireles, Fernando Lucchesi, Marcos Coelho Benjamin, Iberê Camargo, Ianelli, Siron Franco, Bruno Giorgi, Amelia Toledo, Iole de Freitas, Marina Seleme, Sara Ramo, Paulo Campinho, Eduardo Sued, Sonia Ebling, Rubem Valentim, Angelo Venosa, Alexandre Calder, Anish Kapoor, Leonilson, Adriana Varejão, Niura Bellavinha, José Bento, Fabiano AL Makul, Adriana Rocha, Regina Silveira, Gonçalo Ivo, Paulo Pasta, Nelson Felix, Daniel Senise, Iran Espirito Santo, Manfredo de Sousa, Vik Muniz, Fernanda Nanam, Cristina Canale, Ana Horta, Paulo Climachauska, Antonio Dias, Anna Maria Maiolino, Paulo Campinho, José Bechara, Judith Lauand, Hércules Barsotti, Cícero Dias, Celso Orsini, Roberto Magalhães e Wanda Pimentel, entre outros.

 

 

A partir de 25 de novembro.

Legendas: Iole de Freitas

Cassio Vasconcelos

Reconhecimento de Padrões

10/nov

A  BOSSA Gallery, Design District, Miami, Florida, USA, abre “Pattern Recognition”, exposição individual do artista multimídia Fernando Velázquez. O artoista apresenta nove trabalhos autorais com uma instalação, dois vídeos, um objeto de luz e cinco imagens fotográficas com interferências digitais. Velásquez demonstra que as novas tecnologias, antes restritas aos laboratórios de informática, uma vez que conquistam o espaço exterior, necessitam de estruturas novas de pensamento e ação.

 

“Pattern Recognition”, obra principal da mostra que domina o espaço expositivo da galeria, é um instalação interativa de Fernando Velázquez, em 12 canais de vídeo, que possibilita escapar das limitações da memória. Em doze cenas que preenchem o campo de visão, temos uma experiência de imersão, de sequestro dos sentidos. Ao movimentar-se pelo espaço o publico modifica o vídeo que é transmitido nas telas através do sensor Kinect.

 

As imagens base, em sincronismo oscilante, são captadas por um drone, que estende o olhar por ângulos sedutores em uma floresta. Captadas a partir da parte mais elevada, simulando uma câmera de segurança vigiando a floresta, as imagens são modificadas pela presença do público que, ao passar em frente aos monitores, fazem aparecer um vídeo em fast motion com imagens de natureza em tempo acelerado. Ou seja: temos o contraponto do tempo cronológico da natureza, ou natural, versus o tempo acelerado da ação humana atuando junto ao meio ambiente. Versão semelhante da obra foi apresentada pelo artista em exposição no Rio de Janeiro em 2015.

 

Para Lucas Bambozzi, “ o que vemos é um sistema de visão. Temos um enigma, que não precisa ser decifrado, mas percebido, observado”. O trabalho de Fernando Velázquez, para estar completo, além de solicitar, necessita da participação do espectador. A coordenação é de Liliana Beltran.

 

 

De 09 de novembro a 14 de dezembro.

Encontro com o artista – 19 de Novembro, às 18hs.

Sete artistas na Anita Schwartz

04/nov

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “Silêncio impuro”, com 16 obras dos artistas Artur Lescher, Cadu, Carla Guagliardi, Nuno Ramos, Otavio Schipper, Tatiana Blass e Waltercio Caldas. Com curadoria de Felipe Scovino, serão apresentadas esculturas, instalações, fotografias e vídeos, onde “o som é um índice, pois as obras operam com o seu lado negativo no qual ele (som) é silenciado. O que existe, ou melhor, aquilo que se expande pelo espaço é a imagem do som, isto é, as mais distintas suposições que podemos ter sobre qual som poderia ser ouvido se finalmente aquilo que o impede (uma amarra, uma solda, ou ainda o livre entendimento de que a obra possa ser compreendida também como uma partitura) fosse revelado ou reinterpretado”, explica o curador.

 

Da artista Carla Guagliardi estarão as esculturas “O lugar do ar” (2015), e “Partitura” (2012), em que “tudo parece ruir ou estar prestes a desabar, mas por outro lado as obras evidenciam uma dinâmica que é própria da natureza do som: querem o ar”, diz o curador, que vê uma ligação direta desses trabalhos com as fotografias da série “Partitura” (2010), de Artur Lescher: “Estão lá o ruído, o som, a música, mas acima de tudo o silêncio como vibração”. Ele vê esta mesma ligação com o trabalho “Hemisférios” (2015), de Cadu, onde “a condição de partitura também se faz presente”. Esta situação é semelhante à obra da série “Pagão” (2010), de Nuno Ramos, em que objetos musicais estão fixados no meio de uma pedra-sabão. Também estará na exposição o relevo sobre papel “Für Elise” (2006), de Cadu. Da artista Tatiana Blass estará o vídeo “Metade da fala no chão – Piano surdo” (2010), no qual o piano é coberto por uma mistura de cera e vaselina que vai impedindo, progressivamente, que ele produza sons. Já a instalação “Lá dentro” (2010), de Waltercio Caldas, feita com aço inox, granito, vinil e fios de lã. “Como os intervalos de uma partitura, ele constrói silêncios, dita ritmos, auxilia na compreensão da vibração”. Do artista Otavio Schipper estarão quatro trabalhos em bronze da série “Empty Voices” (2011). “A obra de Schipper, em especial, assim como a de Guagliardi, pertencem ao ar, porque é nesse lugar que se constrói uma superfície vibrátil, virtual e potente. As obras da exposição revelam uma potência sem igual: um inesperado sussurro que não para de vibrar em suas estruturas”, diz o curador.

 

 

Até 06 de fevereiro de 2016.

Cotidiano Radical CaixaRio

27/out

A Caixa Cultural, Galeria 4, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a exposição inédita “Cotidiano radical”, do artista mineiro Marco Paulo Rolla. Com curadoria de Cristiana Tejo, a mostra reúne múltiplas linguagens artísticas, que buscam radicalizar a percepção do público sobre a relação com objetos e rotinas. Na abertura, o artista fará a performance “Café da manhã”.

 

“Cotidiano radical” revela um amplo espectro do trabalho de Marco Paulo Rolla. São objetos, pinturas e instalações que desafiam o público. Ambientes e situações familiares ao espectador surgem de maneira surpreendente, subvertendo ordens e questionando a dependência moderna de ferramentas, dispositivos, equipamentos e tecnologia.

 

Além da performance da abertura, serão apresentadas mais duas em vídeo durante toda a mostra: “Confortável” e “Canibal”. Nelas, o artista utiliza os limites do corpo para fazer uma constante provocação, buscando quebrar noções cristalizadas daquilo que é vivenciado no dia a dia.

 

Destaques ainda para a obra “Picnic”, de 2000, pertencente ao acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, e já foi exposta na Bienal do Barro, em Caracas, e na Feira Arco, em Madri, e para a série de pinturas “Eletrodomésticos”, produzidas entre 1990 e 1992.

 

 

A palavra da curadora

 

“Toda a ambiência da obra de Marco Paulo Rolla é inspirada no barroco: cores quentes, dramaticidade e luz”, explica Cristiana Tejo. “E neste contexto, que remete ao clássico, ao erudito, é evidenciada a relação contemporânea do homem com os objetos, o desejo de possuí-los, a expectativa de felicidade contida neles. É ao mesmo tempo uma ironia e uma crítica ao fetiche capitalista do consumo”, finaliza a curadora.

 

 

Sobre a curadora

 

Cristiana Tejo fez a curadoria e cocuradoria de vários projetos no Brasil e no exterior, entre eles o Made in mirrors, que envolveu intercâmbio entre artistas brasileiros e estrangeiros. Autora de Paulo Bruscky – a Arte em todos os sentidos (2009) e Panorama do pensamento emergente (2011), hoje vive e trabalha entre Recife e Lisboa.

 

 

Sobre o artista

 

Marco Paulo Rolla é natural de São Domingos do Prata, MG, 1967. Vive e trabalha em Belo Horizonte, é criador, coordenador e editor do CEIA (Centro de Experimentação e Informação de Arte). Realizou exposições individuais e coletivas no Brasil, Alemanha, Argentina, Holanda, Finlândia e Itália. Mestre em Artes pela Escola de Belas Artes da UFMG em 2006, é professor da escola Guignard UEMG desde 2009, onde criou e implementou a disciplina de Performance. Seus trabalhos encontram-se em coleções no Museu de Arte Moderna de São Paulo, no Instituto Itaú Cultural de São Paulo, no Museu de Arte da Pampulha, de Belo Horizonte, no Centro Cultural Inhotim, em Brumadinho, MG, e na Funarte, no Rio de Janeiro.

 

 

Até 20 de dezembro.

Not Vital no Paço Imperial

23/out

O Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a obra do célebre escultor suíço Not Vital na primeira exposição institucional do artista na América do Sul. Aos mais de 60 anos de idade e com uma carreira que perpassa quatro décadas, Vital surge como pensador singular e original, cuja prática artística envolve filosofias sobre habitação e vida material. Acostumado a um estilo de vida nômade, Not Vital é um incansável viajante e explorador curioso. Sua obra busca inspiração e admiração em muitos lugares distintos e díspares que, ao longo do tempo, chamou de lar. Criado no pequeno vilarejo de Sent, situado na região elevada e montanhosa do vale Engadin, na Suíça, Vital, desde então, viajou ao redor do mundo. Primeiro fixou residência em Nova York, durante a década de 1980, e, depois, internacionalmente, entre continentes, montou estúdios e construiu esculturas arquitetônicas como habitações transitórias em centros urbanos e vastas paisagens desde o Cairo, Patagônia, no Chile, até Agadez, em Níger, Pequim, na China, Flores, ilha da Indonésia, e no Rio de Janeiro. A mostra foiorganizada por Olivier Renaud-Clément.

 

Envolvendo-se com as impressões culturais locais e assimilando-as em sua prática artística mais ampla, Vital traz obras nesta exposição que exploram o relacionamento entre materialidade, forma e significado; elas apresentam temas familiares que o artista concebe de modos totalmente inesperados. “HEADs” de 2013-2015 é um novo conjunto de obras que traz outra concepção do retrato e atravessa o representacional com o abstrato. Vital buscou inspiração na forma do Buda, que encontrou durante uma viagem ao Laos, em 2013. Transformando a intensa espiritualidade e incrível beleza do ídolo em sua linguagem escultural especial, Vital reduz a representação figurativa a contornos sutis que negam qualquer conceito de expressão individualizada. Desse modo, tanto separadas como coletivamente, as esculturas de Vital evocam as formas mais antigas da arte pré-histórica. Contudo, confeccionada em aço monocromático altamente refletor, sua obra pertence enfaticamente aos avanços tecnológicos da sociedade atual. Desde 2008, quando instalou seu estúdio no distrito artístico de Caochangdi, em Pequim, Not Vital vem colaborando com artesãos chineses especializados para produzir esculturas em aço inoxidável. Para a série “HEADs”, a técnica de revestimento por deposição física de vapor foi empregada de forma a criar superfícies refletoras muito polidas e luminosas. Dominando a presença física dos próprios espaços que habitam, as silhuetas ameaçadoras das esculturas de Vital mobilizam o espectador em um remoinho de reflexõesfluidas.

 

 

Numa instalação que ocupa uma parede inteira de uma galeria, Not Vital apresenta “750 Knives”, obra de 2004. Para esta obra, o artista fincou 750 lâminas de tamanhos variados na parede. Do outro lado, as pontas afiadas projetam-se para fora. Neste trabalho de minimalismo imbuído de poesia, Vital cria um relacionamento entre a obra de arte e o espectador que é ao mesmo tempo ameaçador e instigante. Embora desconcertante em sua devastadora violência, a parede possui uma energia tranquila e poderosa, oferecendo uma imagem de beleza surreal. Incitando a forma escultural da obra com uma surpreendente estética de pintura, as sombras criam desenhos em fluxo, um contrapeso para os óbvios atos de provocação.

 

Utilizando novamente a parede como tela, o artista cria uma obra site-specific para o Paço Imperial que traz uma grande semelhança com os vestígios explosivos de uma guerra de bolas de neve. Em “Snowball Wall”, obra de 2015, Vital emprega a arte performática, jogando contra a parede “bolas de neve” de gesso, cujas formas se rompem com o impacto. O artista usou gesso durante toda a sua carreira e explicou muitas vezes que a atração pelo material origina-se do fato que, por um curto período, o gesso toma a consistência da neve. Transformando e elevando formas corriqueiras em criações extraordinárias, ricamente imbuídas de sentido e significado, Not Vital combina uma diversidade de impressões duradouras e experiências pessoais de terras estrangeiras e populações locais que coletou ao longo de muitos anos. A gênese do trabalho de Vital explora com intensidade seu estilo de vida nômade, mas é igualmente influenciada por seu relacionamento, na infância, com a natureza e sua casa nos Alpes suíços. Essa tensão comanda relacionamentos líricos e contrastantes, que exploram temas de cultura e natureza, abstração e mutação, artifício humano e espécie animal, contextualizando também a beleza misteriosa e o jogo conceitual tão profundamente enraizados na essência da obra de Not Vital. Junto com a exposição no Paço Imperial, Not Vital está construindo uma “House to Watch the Sunset”, no Ji-Paraná, perto de Manaus.

 

 

Sobre o artista

 

 
Nascido em 1948 em Sent, na Suíça, Not Vital estudou em Paris e Roma antes de se mudar para Nova York em 1974. Escultor, Vital é também pintor, construtor de pontes, casas e torres, nômade e eterno explorador. Atualmente, mora e trabalha entre o Rio de Janeiro, Pequim e Sent. Not Vital realizou mostras institucionais individuais em: Museo d’Arte di Mendrisio, Mendrisio, Suíça (2015); Musées d’Art et d’Histoire, Genebra, Suíça (2014); Isola di San Giorgio Maggiore, Veneza, Itália (2013); Ullens Centre for Contemporary Art, Pequim, China (2011); Museo Cantonale d’Arte di Lugano, Suíça (2007); The Arts Club of Chicago, EUA (2006) e Kunsthalle Bielefeld, Alemanha (2005). Em 2001, participou da 49º Bienal de Veneza (com curadoria de Harald Szeeman). Sua obra compõe acervos públicos ao redor do mundo, tais como: Carnegie Institute, Pittsburg, EUA; Dallas Museum of Art, Dallas, EUA; Solomon R. Guggenheim Museum, Nova York, EUA; Kunstmuseum Bern, Berna, Suíça; Kunsthalle Bielefeld, Bielefeld, Alemanha; Kunstmuseum Luzern, Lucerna, Suíça; Musées d’Art et d’Histoire, Genebra, Suíça; Museum of Fine Arts, Boston, EUA; Museum der Moderne, Salzburgo, Áustria; Philadelphia Museum, Filadélfia, EUA; The Museum of Modern Art, Nova York, EUA; The Ashmolean Museum, Oxford, Reino Unido; The Brooklyn Museum, Brooklyn, EUA; Toyota Municipal Museum of Art, Aichi, Japão.

 

 

Até 29 de novembro.

Exposição de Cinthia Marcelle

22/out

A terceira mostra individual de Cinthia Marcelle, “em-entre-para-perante”, próximo cartaz da galeria Silvia Cintra + Box 4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, abriga uma instalação com pinturas e objetos.

 

Nas paredes, uma série de tecidos listrados, cujas linhas pretas foram pintadas de branco, ficam pendurados bem ao alto, remetendo à imagem de um pátio central de um presídio.

 

No chão, um conjunto de objetos encobertos por cadarço negro, instrumentos que sugerem, em sua maioria, ferramentas utilizadas em situações de fuga. O público caminha em um estreito corredor, em um jogo de oposições entre o que está em cima e o que está embaixo, o que está descoberto e encoberto, solto e atado.

 

 

O conceito da artista

 

Interessa à artista pensar os conceitos de cárcere e fuga, investigando o espaço simbólico (e histórico) dos presídios brasileiros de um ponto de vista de quem vê de fora, de quem experimenta os confinamentos (econômico-sociais e psicológicos) do fora, os limites do dia-a-dia, projetando, ao mesmo tempo, de dentro de seu exercício estético, uma linha de fuga.

 

 

Sobre a artista

 

Cinthia Marcelle nasceu em 1974, Belo Horizonte, Brasil. Graduada em Belas Artes na Universidade Federal de Minas Gerais (1997-1999). Seu trabalho tem circulado em significantes exposições incluindo Bienal de Havana, Cuba (2006), Bienal de Lyon, França (2007), Panorama da Arte Brasileira, São Paulo e Madri (2007 – 2008), Bienal de São Paulo, Brasil (2010), No Lone Zone, Tate Modern, Londres (2012), Triennial of New Museum, Nova York (2012), Sala de Arte Publico Siqueiros, Cidade do México (2012), Dundee Contemporary Art, Escócia (2012), Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2013), Bienal de Istambul, Turquia (2013), Bienal de Sharjah, Emirados Árabes (2013 e 2015), Secession, Viena (2014). Vencedora de prêmios como o International Prize for Performance, Trento, Italy (2006), Annual TrAIN Artist in Residency award at Gasworks, Londres (2009) e The Future Generation Art Prize, Kiev (2010). Vive e trabalha em São Paulo.

 

 

Até 28 de novembro.

10ª Bienal do Mercosul

A cerimônia oficial de abertura da 10ª Bienal do Mercosul, que ganhou a titulação geral de “Mensagens de Uma Nova América”, ocorre nesta sexta-feira, dia 23 (e até 06 de dezembro), no Santander Cultural, Centro Histórico, Porto Alegre, RS. Está sendo anunciada a presença de membros da Diretoria e do Conselho de Administração, equipe curatorial desta edição, artistas, patrocinadores e parceiros.
A mostra “Antropofagia Neobarroca”, situada no Santander Cultural estará aberta para visitação.As demais mostras abrem para visitação no sábado, 24 de outubro. Em exibição obras dos mais importantes artistas latinos de diversas épocas como dentre outros, Maria Martins, Iberê Camargo, Tunga, Ione Saldanha, Hélio Oitica, Tomie Ohtake, Estevão Silva, Wesley Duke Lee, Amílcar de Castro, Carmelo Arden Quin, Cruz Diez, Tunga, Cildo Meireles, Adriana Varejão, Carlos Asp, João Fahrion, Liuba, Pedro Américo, Oswaldo Maciá, Rubén Ortiz-Toreres, Romanita Disconzi, Avatar Morais, Paulo O. Flores, Didonet Thomas, Francisco Ugarte, Luiz Zerbini e Daniel Lezama.

 

 

Mostras, Espaços Expositivos e Horários

 

Modernismo em Paralaxe
MARGS – Praça da Alfândega, s/n – Centro
Horário: De terça a domingo, das 9h às 19h

 

Biografia da Vida Urbana
Memorial do Rio Grande do Sul – Praça da Alfândega, s/n – Centro
Horário: De terça a domingo, das 9h às 19h

 

Antropofagia Neobarroca
Santander Cultural – Praça da Alfândega, s/n – Centro
Horário: De terça a sábado, das 9h às 19h. Domingo, das 13h às 19h

 

Marginália da Forma / Olfatória: o cheiro na arte
A poeira e o mundo dos objetos/Aparatos do Corpo
Usina do Gasômetro – Av. Pres. João Goulart, 551 – Centro
Horário: De terça a domingo, das 9h às 21h.

 

Plataforma Síntese
Instituto Ling – R. João Caetano, 440 – Três Figueiras
Horário: De segunda a sexta, das 10h30 às 22h. Sábado, das 10h30 às 21h. Domingo, das 10h30 às 20h

 

Programa Educativo e a obra A Logo for America – Alfredo Jaar –

Centro Cultural CEEE Erico Verissimo – R. dos Andradas, 1223 – Centro Histórico
Horário: De terça a sexta, das 10h às 19h. Sábado, das 10h às 18h

Frantz na Mamute

19/out

A Galeria de Arte Mamute, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, convida para a mostra “Temporal”, do artista Frantz. Por ocasião da participação do artista na 10a Bienal do Mercosul, a galeria organiza uma exibição individual com um conjunto de obras abrangendo pouco mais de 25 anos da sua produção, com uma série de trabalhos inéditos. Partindo do processo de produção de Frantz, no qual o artista forra ateliês de outros artistas  para, depois de um tempo, recolher o material e então editar o que será considerado obra, a exposição abriga um conjunto de trabalhos de Frantz a partir de uma perspectiva mais sombria do que geralmente associa-se a ele. Uma profusão de pretos e brancos toma conta do espaço expositivo e nos leva a lançar um olhar mais silencioso sobre as grossas camadas pictóricas. São pinturas, carimbos, potes e livros que nos mostram os lentos processos de acúmulo dos quais sua obra nos fala. Com curadoria de Bruna Fetter, “Temporal” se propõe a realizar uma leitura sutil da obra de Frantz, extrapolando possíveis temporalidades (nas quais o piso do ateliê do artista do inicio dos anos 90 é apresentado juntamente com potes finalizados há cerca de dois meses) e desdobrando suas conexões espaço-temporais para além do(s) ateliê(s).

 

 

A palavra da curadora

Temporal

 

Usualmente com a duração de algumas dezenas de minutos, um temporal é um fenômeno atmosférico marcado por chuva forte, vendavais, trovoadas, relâmpagos e raios. Como chuva que cai e molha o solo, por vezes nutrindo-o, outras alagando-o, a pintura de Frantz é alimentada pela tinta que escorre e entranha a tela. Inundação pictórica. Em Temporal, a partir de uma palheta de cores reduzida, céus de tormenta preto e branco preenchem o espaço expositivo e silenciam o olhar. Entendendo o temporal também como uma ideia relativa à temporalidade de objetos e conceitos, a mostra aborda a poética do artista para além de uma relação maniqueísta que opõe o transitório à permanência. Ao entender o tempo como uma dimensão a mais a compor a obra, o artista o incorpora em íntimo diálogo com o espaço e seus limites. Nas palavras de Deleuze: “O tempo já não se reporta ao movimento que ele mede, mas o movimento ao tempo que o condiciona. Por isso o movimento já não é uma determinação do objeto, porém a descrição de um espaço, espaço do qual devemos fazer abstração a fim de descobrir a tempo como condição do ato”.

 

É a partir de tais relações e de ligações afetivas que o trabalho do artista toma forma. Contando com a disponibilidade e generosidade de colegas, Frantz forra paredes e pisos de ateliês que, cobertos, permanecem. Camadas e camadas de tinta vão se sedimentando numa lenta construção que registra processos de outros artistas. Aceitando o passar do tempo de forma displicente, esses espaços recebem respingos de tintas, massas de distintas cores, marcas de latas, pegadas de quem por ali passa,  acúmulo de pó. São vestígio e descarte que, posteriormente, sob o enquadramento do artista, viram obra. Dessa maneira, pinturas se materializam. Pinturas que rompem a bidimensionalidade, podendo ser pisadas, tocadas, manipuladas. Pinturas que advém de distintos endereços, questionando a noção de autoria e dissolvendo a aura da obra de arte. Pinturas que são documento e coleção; e que, através de telas, potes e livros, abrigam o processo e poética de Frantz.

 

Reunindo mais de 25 anos de produção artística, Temporal extrapola esses distintos momentos. Ao colocar o piso do ateliê do artista do inicio dos anos 90 em diálogo com potes finalizados há cerca de apenas dois meses, a mostra busca desvelar como a ação do artista se desdobra em temporalidades mundanas e, do espaço abstrato, constrói variados cenários, potentes em seus fragmentos únicos. Pingos e poças, ventos e trovões. Assim é a produção poética de Franz. Para além de breves momentos de desague, atemporal.

 

 

Sobre o artista

 

FRANTZ Rio Pardo/RS. (1963). Mora e mantém atelier em Porto Alegre, onde se dedica as Artes Plásticas, desenvolvendo várias técnicas, como desenho, aquarela, gravura, mas dedicando-se mais intensamente a pintura.  1982 – “Pichações” Museu de Arte do Rio Grande do Sul – Porto Alegre RS; 1983 – “OS NOVOS”, Espaço Cultural Yázigi, Porto Alegre RS; 1987 – “Exercícios Para Um Grande Impasse” Galeria Macunaíma FUNARTE – Rio de Janeiro RJ.; 1988 – “Esculturas-Estruturas” Museu de Arte do Rio Grande do Sul – Porto Alegre RS; 1984 – “Coletiva Pinturas e Desenhos” 11 artistas Gaúchos Paço das Artes – São Paulo SP; – “Panorama 84 Arte Sobre Papel” Museu de Arte Moderna – São Paulo SP; 1985 – “Caligrafias e Escrituras” Galeria Sérgio Millet Instituto Nacional de Artes . Plásticas / FUNARTE; – “XVII Salão Nacional de Artes Plásticas” Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – FUNARTE – Rio de Janeiro RJ; – “Artistas Gaúchos” Museu de Arte Contemporânea – Montevidéu – Uruguay; 1994 – “Coletiva de Novos 94” – Palácio das Artes – Belo Horizonte – MG.

 

 

Sobre a curadora

 

Bruna Fetter é Doutoranda em História, Teoria e Crítica de Arte pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS. Tem se dedicado a pesquisar questões que envolvem legitimação e constituição de valor na Arte Contemporânea. Também é curadora das mostras Da Matéria Sensível: Afeto e Forma no Acervo do MAC/RS (Porto Alegre/2014); O Sétimo Continente (Zipper Galeria, São Paulo/2014); Lugar Qualquer (Casa Triângulo, São Paulo/2013). Co-curadora das exposições Mutatis Mutandis, com Bernardo de Souza (Largo das Artes, Rio de Janeiro/2013); e Cuidadosamente Através, com Angélica de Moraes (Centro Cultural da Funarte, São Paulo/2012).

 

 

De 20 de outubro a 04 de dezembro.

Retorna a Lisboa

14/out

Depois de passar 30 dias na Residência Artística HS13rc entre fevereiro e março deste ano, o artista plástico Fábio Carvalho retorna a Lisboa para realizar a segunda fase do projeto de “intervenção urbana APOSTO”. Na primeira fase do projeto, o artista criou dois novos padrões de azulejos, a partir de fotos de peças da série “Delicado Desejo”. A série “Delicado Desejo” é composta por armas de fogo criadas a partir de um patchwork de diversas rendas.

 

 

Os novos padrões de azulejos foram impressos em papel, e depois aplicados em fachadas de prédios lisboetas onde os azulejos originais já estavam em falta, por deterioração ou roubo. Nenhum azulejo real foi encoberto pelos azulejos de papel do artista.

 

 

Além dos dois novos padrões de azulejo criados, em um caso particular Fábio Carvalho criou um padrão específico, “sob medida”, visando um maior diálogo entre o padrão original na fachada e o criado pelo artista. É exatamente este aspecto que será ampliado nesta segunda fase da da intervenção urbana “APOSTO”, batizada como “APOSTO 2.0”. O artista irá criar uma grande variedade de novos padrões para seus azulejos de papel, cada qual destinado a apenas um único padrão português original. Desta forma, cada fachada será completada com um desenho de azulejo desenvolvido especialmente para aquele prédio.

 

 

Além d”APOSTO 2.0″,  Fábio Carvalho levará para Lisboa a intervenção urbana “OCUPAÇÃO MONARCA”, iniciada em agosto deste ano no Rio de Janeiro. Em Lisboa, o lambe lambe da “OCUPAÇÃO MONARCA” também assumirá a forma de azulejo de papel, para ser aplicado em portas e janelas lacradas com cimento em imóveis abandonados, e em alguns casos específicos, como complemento às faltas de azulejos em fachadas.

 

 

Nesta intervenção temos como base a icônica imagem de um soldado em uniforme camuflado e armado com um fuzil, com asas de borboleta saindo de suas costas, que pode ser encontrada em uma variedade de outros trabalhos do artista, acompanhada de novos desenhos, todos advindos do universo militar: tanques de guerra, granadas, bombas, pistolas, facões, entre outras, ornamentados por uma variedade de flores. Esta série foi criada como uma referência aos azulejos de figura avulsa portugueses.