Zerbini no Galpão Fortes Vilaça

27/fev

Luiz Zerbini retorna a São Paulo para apresentar “Natureza Espiritual da Realidade”,  exposição individual no Galpão Fortes Vilaça, Barra Funda, São Paulo, SP. Através de uma grande instalação e de oito pinturas de grande e médio formato, o artista explora justaposições entre figuração e geometria, natureza e arquitetura. Essas temáticas, frequentes em sua trajetória, são apresentadas com uma complexidade inédita.

 
Em sua pintura, Zerbini parte de imagens fotográficas e as sobrepõe a outros elementos abstratos em uma complexa trama onde figura e fundo se confundem. O modo não-hierárquico como esses elementos são arranjados segue uma lógica interna do processo, em que uma imagem pede por outra sucessivamente, até que a composição se complete. Em Ilha da Maré, essa trama inclui um palco precário com uma galinha, caixas de som, siris, ladrilhos e, finalmente, o mar − ou sua visão particular da água do mar, que permeia ainda outros trabalhos da exposição. Buraco retrata uma caixa com padrões geométricos distintos que é encoberta pela maré. Uma Onda de aspecto ameaçador invade a  maior pintura da exposição, recortada por distúrbios que imprimem ainda mais velocidade à imagem. Em Cachoeira, faixas de cor cruzam a tela e são interrompidas por fragmentos de galhos e pedras, mesclando figuração e geometria de maneira ainda mais complexa.

 
Os trabalhos geométricos da mostra também estão associados à figuração. Algumas obras partem de uma imagem e se tornam totalmente abstratas; outras ganham referências a lugares e objetos em seus títulos. Efeitos óticos norteiam essas pinturas, assim como as experimentações com cor. Em Serra do Luar, uma grade prateada de losangos é sobreposta a outra de quadrados, com intrincado esquema de cores e degradês. Em Ultramarine, um azul denso e opaco  contrasta com as faixas de cores metálicas luminosas em primeiro plano. Os pequenos quadrados coloridos de Chuvisco, por sua vez, confundem o foco da visão e provocam a sensação de miopia.

 
Natureza Espiritual da Realidade − trabalho que dá nome a exposição − é uma instalação composta por dez mesas de madeira, configuradas como vitrines museológicas. O trabalho ganhou sua primeira forma em 2012 quando Zerbini o incluiu na mostra Amor no MAM Rio e, em 2014, recebeu nova composição em Pinturas na Casa Daros, também no Rio de Janeiro. A cada exposição a ordenação das mesas e de seus elementos é alterada, dando ao trabalho um dinamismo constante. Divididas em quadrados, as mesas incluem objetos curiosos recolhidos pelo artista, achados a esmo em viagens ou colecionados por razões pessoais. Conchas, pedras, tijolos, ladrilhos, troncos, plantas, redes de pesca e até mesmo uma nota de dez reais se organizam ora como naturezas mortas, ora como composições abstratas. O tampo de vidro também recebe interferências do artista com grafismos e gelatina colorida, causando alterações na incidência de cor e luz sobre os elementos.

 
Ao estabelecer um diálogo direto com as obras na parede, a instalação pode ser lida como a organização sistemática das referências presentes nas pinturas − um inventário do universo particular do artista. No entanto, é possível também fazer o raciocínio inverso e entendê-la como uma tradução tridimensional do processo pictórico de Zerbini − em especial o modo como organiza elementos tão díspares através de cor e geometria. Natureza Espiritual da Realidade é, portanto, ponto de partida da sua pesquisa, mas ao mesmo tempo o campo de atração de todo o seu trabalho, para o qual todas as coisas parecem convergir.

 

 
Sobre o artista

 
Luiz Zerbini nasceu em 1959, em São Paulo, mas vive e trabalha no Rio de Janeiro desde 1982. Sua obra foi tema de grandes exposições individuais nos últimos anos, entre as quais: Pinturas, Casa Daros (Rio de Janeiro, 2014); amor lugar comum, Inhotim (Brumadinho, 2013); Amor, MAM (Rio de Janeiro, 2012). Sua obra está presente em diversas coleções públicas, entre as quais: Inhotim Centro de Arte Contemporânea (Brumadinho); Instituto Itaú Cultural (São Paulo); Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; e Museu de Arte Moderna de São Paulo. Paralelamente, Zerbini ainda integra desde 1995 o coletivo Chelpa Ferro, com Barrão e Sérgio Mekler, que explora as relações entre as artes visuais e a música.

 

 

De 28 de fevereiro até 28 de março.

Karin Lambrecht no Instituto Ling

26/fev

O Instituto Ling, Porto Alegre, RS, apresenta em sua galeria, a exposição “Pintura e Desenho”, individual de Karin Lambrecht.  A mostra traz três grandes obras – duas pinturas e uma instalação, composta por desenhos e materiais diversos. O texto de apresentação é de Glória Ferreira e a museografia ficou a cargo de Ceres Storchi.

 
Trabalhando no campo expandido da pintura e da escultura, Karin Lambrecht usa sucatas e objetos variados, além de pigmentos de cores vibrantes que produz e materiais orgânicos, como sangue animal, carvão, água da chuva e terra. Elementos recorrentes em sua obra como as cruzes, o corpo humano e palavras enigmáticas escritas à mão ou carimbadas, emergem das camadas de tinta e sugerem temas como doença, morte e cura.

 
A instalação “Eu sou tu” – uma tenda de voile na qual é possível deitar-se – é inspirada no capítulo “Neve”, do romance “A Montanha Mágica”, de Thomas Mann, e representa um lugar de cura.

 
Já as pinturas “Encontro” e “Schattenwelt” (mundo das sombras), em acrílico sobre tela, apresentam grandes campos de cor e trazem a cruz como elemento principal, tratando de seu anseio por retomar a dignidade espiritual e simbólica da arte, o retorno ao mundo natural, à religiosidade e à transcendência.

 
Nos desenhos apresentados, como os da série “Perdão”, Karin Lambrecht  incorpora pedaços de tijolos de barro tradicionais, feitos de argila. Elemento comum em sua pintura, a artista emprega este material pela primeira vez em seus desenhos.

 

 

Até 10 de maio.

Afonso Tostes na Galeria Milan

02/fev

A Galeria Millan, Vila Madalena, São Paulo, SP,  abre a temporada de exposições de 2015 com a mostra “Sala de trabalho”, individual de Afonso Tostes, que apresenta nova série de esculturas e primeira mostra do artista na galeria. A exposição ocupa o andar térreo da galeria. Inéditos, os trabalhos exibidos são desdobramentos da série apresentada na exposição “Tronco”, realizada no início de 2014, na Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro. São cerca de 50 esculturas realizadas nos cabos de ferramentas empregadas em diversos tipos de serviços, todas de uso manual: foices, martelos, enxadas, pás, rastelos, forcados, facões e outros.

 
Cada peça é única, não apenas pela intervenção escultórica, também pelo desgaste de uso que cada ferramenta apresenta. A interferência escultórica do artista remete à ossatura humana, em escala real, como se o instrumento fosse a extensão dos corpos que o utilizaram, referindo-se à relação entre o homem e a técnica. A exposição reflete também sobre a convivência de operações rudimentares com as técnicas digitais, que ainda coexistem com processos arcaicos de produção, desigualdade nas relações de trabalho, escravagismo, fome e outros aspectos não superados pelo desenvolvimento tecnológico.

 
Para o artista, o conjunto das peças, entendida como instalação, pode despertar no espectador uma forte carga de memória, uma vez que um dos elementos presentes nas obras é a própria ação do tempo. O artista espera, desse modo, que o público potencialize e expanda o entendimento em relação aos trabalhos expostos.

 

 
Até 28 de fevereiro.

Os gêmeos no Rio

30/jan

 

A instalação, batizada de “O bunker”, obra dos irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo, internacionalmente conhecidos com os gêmeos,  será apresentada ao público neste sábado, no Museu Casa do Pontal, Recreio do Bandeirantes, Rio de Janeiro, RJ.

 

Esta é a primeira obra permanente da dupla  no Rio de Janeiro. O evento de inauguração, marcado para as 15h, ainda contará com bate-papo entre os artistas e a plateia e show musical do compositor  Sibá Vasconcelos.

 

Vagas limitadas! Agendar com antecedência somente por telefone.

 

O Museu Casa do Pontal disponibilizará, no próximo dia 31 de janeiro, serviço de ônibus gratuito para os interessados em visitar a exposição.

 

 

Pontos de embarque:

 

– Largo do Machado (em frente à Igreja), às 14h;

– Praça Santos Dumont (Baixo Gávea), às 14h30.

O retorno está previsto para às 19h com desembarque nos pontos acima.

 

Reservas podem ser efetuadas pelos telefones: 2558-2023 e 995-884-996. Falar com Wal (entre 9h30 e 17h30).

José Damasceno na Casa França-Brasil

22/dez

A Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “José Damasceno – Cirandar Todos”, com quatro instalações inéditas de José Damasceno, destacado artista da cena contemporânea. Com curadoria de Ligia Canongia, as obras têm em comum o diálogo com a arquitetura do espaço.

 
Na área central da Casa França-Brasil estará a instalação “Cirandar Todos”, que dá nome à exposição e será constituída por 150 manequins de madeira, de trinta centímetros de altura, unidos uns aos outros por um ímã não aparente, que será colocado em suas mãos, sem qualquer outro aparato de colagem ou sustentação, formando um círculo de aproximadamente nove metros de diâmetro. A instalação tem uma relação com a antiga e popular dança infantil da ciranda. Outra questão discutida neste trabalho é a escala “criando uma atmosfera ao mesmo tempo lúdica e desconcertante”, diz a curadora Ligia Canongia. “A instalação com essas miniaturas tem por princípio o embate com a escala monumental da Casa França-Brasil, subvertendo as expectativas e o uso que dela se faz habitualmente. O elemento surpresa e a perplexidade que tal obra deverá provocar são parte constituinte da concepção do artista”, afirma. As instalações “Monitor-Crayon”, “1/4” e “BRmm” estarão nas salas laterais, e também dialogam com a arquitetura da Casa França-Brasil.

 
“Monitor-Crayon” é um grande painel, de 240cm x 350cm x 9cm, composto por 75 mil peças de giz de cera, pesando ao total quase uma tonelada, justapostos apenas por encaixe, sem nenhum tipo de cola. O acaso é um fator primordial neste trabalho, em que as peças de giz são retiradas das caixas (25 mil ao todo) e embaralhadas, criando uma paleta de cores aleatórias. Este trabalho é um desdobramento da obra apresentada na exposição “Viagem à Lua”, no Pavilhão Brasileiro da Bienal de Veneza, em 2007. A formação abstrata da imagem colorida “que daí advém produz um pulsar constante no olhar do espectador e relaciona-se com o processo dos pixels nas transmissões televisas, como se a obra os materializasse em objetos”, ressalta a curadora.

 
Na mesma sala, estará a escultura “1/4” (2013/2014), composta por duas elipses sólidas de aço cortén, medindo 40cm x 27,5cm x 4cm, sendo que uma estará na parede e a outra no chão, “perfazendo um círculo imaginário e apenas sugerido, que, na imaginação do público, continuaria seu percurso cortando a parede e o chão. Dois pequenos objetos, portanto, supondo a enorme circularidade que perfuraria e costuraria os espaços da Casa França-Brasil”, conta a curadora.

 
Em outra sala estará a obra “BRmm” (2003/2014), pensada para um dos espaços da exposição, composta por uma colagem de centenas de recortes de papel jornal, no formato do mapa do Brasil. A colagem tem a forma da quina da sala onde estará exposta, em tamanho real, com seus vértices e arestas. Depois de pronta, a obra é então suspensa do teto, em meio ao espaço expositivo, reproduzindo o canto da sala, a confluência entre paredes e teto. “A própria sala de onde provêm as arestas/colagens obtidas, logo em seguida, as deve acolher numa continuidade imersiva de formas e espaços. A reconfiguração do espaço tornado objeto é ao mesmo tempo hipótese dadas aquelas linhas construídas com os recortes de papel jornal, substrato projetivo”, afirma José Damasceno. “Tal trabalho, com esse deslocamento dos cantos para o centro, potencializa e simultaneamente subverte o espaço onde se encontra. Mais uma vez, como em ‘1/4’, existe o propósito de materializar o intangível”, ressalta a curadora. Em 2003, uma versão inicial e diferente deste trabalho foi apresentado na exposição “Descubra as diferenças (experiência sobre aresta cinemática entre lugar-modelo simulado)”, no espaço Culturgest, em Porto, Portugal.

 
A exposição será acompanhada de um catálogo com texto de Ligia Canongia, a ser lançado no próximo dia 07 de fevereiro de 2015, com uma conversa aberta entre a curadora, o artista e o filósofo José Thomaz Brum.

 

 
SOBRE JOSÉ DAMASCENO

 
José Damasceno nasceu no Rio de Janeiro em 1968. Possui obras em importantes instituições no Brasil e no exterior, como Cisneros Fontanals Art Foundation (CIFO), em Miami, EUA; Colección Jumex, no México; Daros-Latinamerica, em Zurique, na Suiça; Fundación Arco, em Madri, na Espanha; Fundación La Caixa, em Barcelona, na Espanha; Helga de Alvear, em Caceres, na Espanha; Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais; Museu d´Art Contemporania de Barcelona (MACBA), em Barcelona, na Espanha; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museum of Modern Art (MoMA), em Nova York, EUA, e The Israel Museum, em Jerusalém, em Israel. Dentre suas principais exposições individuais estão: “Plot”, na Holborn Library, em Londres, em 2014; “Storyboard: José Damasceno – Monográficas”, no Centro Cultural São Paulo, em 2012; “Integrated Circuit”, na Thomas Dane Gallery, em Londres, Inglaterra, e “Estudios Paragraficos”, no Distrito 4, em Madri, na Espanha, ambas 2010; “Conjunto sequência lugar”, na Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio de Janeiro, em 2009; “Coordenadas y Apariciones”, no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madri, na Espanha, em 2008; “Viagem à Lua”, no Pavilhão Brasileiro da 52ª Bienal de Veneza, na Itália, em 2007; “Vale o Escrito”, Projeto Parede, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 2005; “Observation Plan”, no Museum of Contemporary Art, em Chicago, EUA, e “Cinematograma”, no Projeto Respiração da Fundação Eva Klabin, no Rio de Janeiro, em 2004; “Cinemagma”, no Museu Ferroviário do Espírito Santo, em Vitória, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; no Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, em Recife, e no Espaço Cultural Contemporâneo Venâncio, em Brasília, ambas em 2001, entre outras.

 

 

 

Projeto Cofre

 
José Damasceno convidou o artista Antonio Malta (1961, São Paulo) para participar do “Projeto Cofre”, espaço na instituição que abriga trabalhos feitos especialmente para o local. O artista apresentará três pinturas, em óleo sobre tela, medindo 50cm x 60cm cada. “São imagens em estado bruto: formas tomando forma, figuras boiando na tela. Essas pinturas também têm um pouco de matéria, que é um elemento que supostamente age na direção contrária da representação. Mas, na minha ‘poética’, tudo se mistura: figuras, formas, matéria, imagem e imitação”.

 

 

 

Texto da curadora

 
José Damasceno – Cirandar todos

 
Cirandar todos é o título de uma das obras que José Damasceno apresenta na exposição, a peça central na Casa França-Brasil, e que acabou por intitular a mostra por inteiro. É provável, portanto, que essa nomeação seja índice de algo maior do que ela mesma. O título parte do cancioneiro popular infantil, que toda criança brasileira conhece: “Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar, vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar.”

 
A partir da inversão da ordem das palavras – de “vamos todos cirandar” para “cirandar todos”–, já existe a ideia de um jogo a considerar. A roda de dança, que a canção supõe, está ali representada por 150 manequins de madeira ligados por ímãs, formando um círculo com diâmetro de 9 metros, mas a dança não acontece, a situação é estática e o movimento é apenas intuído pelo espectador.

 
Ora, o paradoxo desse mover estático tem sido uma das principais questões da obra de José Damasceno, uma vez o artista buscar sempre uma sensação rítmica, cinética ou progressiva em superfícies, acontecimentos ou matérias congeladas. Em seu trabalho, as coisas aparentes e concretas funcionam como propulsoras de um móbil imaginário, que estaria em constante deslocamento, mas que apenas mental ou conceitualmente “aparece”. Existiria, então, na obra, uma mobilidade e um congelamento potenciais e oscilantes, pois que o enunciado nodal do trabalho problematiza, em paroxismo, a questão do movimento.

 
Outra hipótese inusitada seria a ideia de contrapor à monumentalidade da instituição e sua imponente arquitetura uma pequena roda de ciranda, leve, sutil e de escala extremamente reduzida. Importante relevar, contudo, que a sutileza do trabalho não compromete de forma alguma a potência de sua pulsão imaginária nem a ressonância ativa de seu silêncio.O princípio geral de fazer girar, cirandar e transformar o espaço real governa, afinal, o conjunto de todos os trabalhos.

 
A exposição por si mesma produz um evento, outro devir arquitetônico, expandido e inesperado. A partir de situações escultóricas que surgem ao longo da Casa, e que mobilizam de forma surpreendente sua própria feição física, o artista provoca o deslocamento e a reinserção dos espaços em uma dinâmica extraordinária. O espaço é tratado como um campo de situações instáveis, onde as ações poéticas intervêm de forma descontínua, transformando o perfil linear dos lugares numa ocorrência insuspeitada. Assim, José Damasceno promove outra espécie de lugar, imaginário, onde o nonsense e as relações excêntricas definem o campo aberto da linguagem.
Ligia Canongia

 

 

 

Inauguração: 16 de dezembro de 2014, às 19h30

 
Até 22 de fevereiro de 2015.

Eduardo Srur – Farol

28/nov

A Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, um espaço da Secretaria de Estado de Cultura, apresenta a instalação “Farol”, de Eduardo Srur, que ficará na lateral da instituição. Réplica de um farol marítimo com seis metros de altura por quatro metros de diâmetro, a instalação é revestida por 20 mil ratos de borracha. A obra abrigará uma cúpula cenográfica, simulando a sinalização náutica dos portos. “Farol” foi apresenta no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, em 2013.

 

“A obra representa um farol negro, distante do porto e deslocado de sua função original, que aponta para uma realidade invisível da metrópole: o submundo que o público não vê e desconhece. Atualmente a população de ratos nas grandes cidades supera em até 15 vezes a humana”, conta o artista. Com diversas intervenções urbanas no currículo, Eduardo Srur se utiliza do espaço público para chamar a atenção para o cotidiano das cidades sempre como o objetivo de ampliar a presença da arte na sociedade. Assim como trabalhos anteriores do artista, Farol provocará o olhar e a reflexão do público para uma nova estética e uma perspectiva alterada da realidade.

 

“Farol” tem o patrocínio da Citroën do Brasil, a partir da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro, reafirmando o compromisso da empresa em sua parceria com a Casa França-Brasil, iniciada em 2011. Desde então, a marca é a patrocinadora oficial de exposições do espaço cultural, como “O ser e o aparecer” (2011), de Valerie Belin; “Chance” (2012), de Christian Boltanski, e “Lugar de Reflexão” (2013), de Cristina Iglesias. “Esta é mais uma ocasião para a Citroën reforçar as relações que mantêm há muitas décadas com o mundo da cultura e da arte. A ambição da marca sempre foi ultrapassar os limites da experiência automobilística, buscando inspirações nas diversas linguagens da arte”, destaca Laurent Barria, diretor de Marketing da Citroën do Brasil.

 

 

Sobre o artista

 

Eduardo Srur nasceu em São Paulo, em 1974. Formado em Artes Plásticas e Comunicação pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). Realizou diversas intervenções urbanas, dentre elas: “O Aquário Morto”, no Acqua Mundo, no Guarujá, em São Paulo, em 2014; “Cataventos”, na Praça Júlio Prestes, e “Bicicletas”, na estação de trem Júlio Prestes, ambas em São Paulo, em 2013; “Carruagem”, na Ponte Estaiada da Marginal Pinheiros, em São Paulo, em 2012; “Labirinto”, no parques Ibirapuera, Villa Lobos, Juventude e Ecológico do Tietê, em São Paulo , em 2012; “PETS – A Caminho do Oceano”, na represa Guarapiranga, em São Paulo, também em 2012; “A Arte Salva”, no Congresso Nacional, em Brasília, em 2011; “Touro Bandido”, na Cow Parade, em São Paulo, em 2010; “Nau”, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, em 2010; “Sobrevivência”, em monumentos públicos na cidade de São Paulo, em 2008; “Palmitos”, no Parque Villa Lobos, em São Paulo, em 2008; “Caiaques”, no Rio Pinheiros, em São Paulo, em 2006; “Antenas”, no MuBE, em São Paulo, em 2006; “Acampamento dos Anjos”, em Metz e Nuit Blanche, na França, em 2005; “Atentado”, em outdoors na cidade de São Paulo, em 2004, entre outras. Dentre suas principais exposições coletivas estão: “Food”, no SESC Pinheiros, em São Paulo, em 2014; “O Cotidiano na Arte”, na Sala de Arte Santander, em São Paulo, e a mostra na Fundation Izolyatsia, em Donetsk, na Ucrânia, ambas em 2013; “Urban Research at Director Lounge”, em Berlim, na Alemanha, e “Le Printemps de Setembre”, em Toulouse, na França, embas em 2012; “After Utopia”, no Centro per l’arte Contemporanea, em Prado, na Itália, em 2009; “Quase Líquido”, no Itaú Cultural, em São Paulo, em 2008; “Les Rêves du Château”, em Nyon, na Suiça, e “Body as Spetacle”, no Museum of Modern and Contemporany Art Rijeka, na Croácia, ambas em 2007; “The Great Outdoors”, no Impakt Festival, em Utrecht, na Holanda, “Interface”, em Dijon, na França, “Observatori06”, em Valência, na Espanha, “9ª Bienal de Havana”, em Cuba, “Espaço Aberto/Espaço Fechado: Sites for sculture in modern Brazil”, na Fundação Henry Moore, em Leeds, na Inglaterra, “Paradoxos Brasil”, no Instituto Itaú Cultural, em São Paulo, e no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, ambas em 2006; entre outras.

 

 

 

Até 05 de janeiro de 2015

Malu Fatorelli na Galeria Laura Alvim

27/nov

A aproximação entre o espaço e a passagem do tempo, a produção como “arquitetura de artista”, vinculada ao lugar onde se expõe e à construção dos trabalhos são pilares de “Clepsidra – Arquitetura líquida”, individual de Malu Fatorelli, que a Galeria Laura Alvim inaugura sob curadoria de Glória Ferreira.

 

As obras desta mostra – videoinstalações, gravuras, vídeos e desenhos – acolhem o tempo na relação com a paisagem do entorno, marcada pela repetição das ondas do mar de Ipanema. A vídeoinstalação, que batiza a exposição, reproduz na sala em frente à praia o princípio da clepsidra, o relógio de água do antigo Egito, um vaso cheio do líquido, com um pequeno orifício, que o deixa escoar lentamente. A medida em que a água escorre, surge uma marcação do tempo no interior do recipiente.

 

Malu Fatorelli criou uma projeção panorâmica em 360º do mar de Ipanema sobre todas as paredes da sala. No vídeo, o líquido “escoa” lentamente, até o rodapé, deixando ver linhas, como pautas de caderno, que marcam o tempo.

 

Em 2008, a artista criou uma série de chaves de aço com banho de cobre, nas quais o segredo reproduz o skyline da Lagoa Rodrigo de Freitas. Uma delas serve de base para uma projeção sobre uma tela-mesa, sobre a qual uma fonte luminosa se movimenta, criando sombra e reflexo que aludem a uma espécie de relógio de sol. Este trabalho é intitulado O lugar do tempo (2010).

 

Panorama da Lagoa Rodrigo de Freitas (2008) é um círculo formado por doze chaves sobre arquitetura, perpendiculares à parede. A incidência de luz projeta o desenho do segredo, trazendo a paisagem de outro bairro para dentro da galeria.

 

Mar de dentro (2014) é uma frottage (decalque) a partir de um vitral da escada interna da Casa de Cultura Laura Alvim,  remetendo às ondas do mar. A série de 10 Desenhos vazantes (2014), em grafite e têmpera sobre papel, tem referência na recriação da maré. O vídeo Caderno de mar (2014) são pequenas imagens do mar de Ipanema em preto e branco sobre papel japonês.

 

Em Suíte líquida (2014), uma espécie de ampulheta líquida, a água azul escorre sobre tiras largas de papel japonês de fibra longa, da parede ao chão, e forma desenhos incontroláveis, que tingem o papel de acordo com as condições de umidade e temperatura do espaço.

 

Treze desenhos, sob o título de Espaço sobre tempo (2014), partem da imagem do mar de Ipanema, com variações de luz. Neste conjunto, Malu intervém com grafite, pigmento, relevo seco, e têmpera, do claro para o escuro ou vice-versa, denotando a passagem do tempo.

 

 

Sobre a artista

 

Artista plástica, arquiteta, mestre em Comunicação e Tecnologia da Imagem (ECO-UFRJ) e doutora em Artes Visuais (EBA-UFRJ), Malu Fatorelli é professora adjunta do Instituto de Artes da UERJ. Foi Artista Visitante na Escola Internacional de Gráfica de Veneza, Itália; na Ruskin Sckool of Drawing and Fine Arts da Universidade de Oxford, Inglaterra, com bolsa do British Counsil; no Headland Center for the Arts, CA, EUA; no Instituto Gedok, Munique, Alemanha; e na Universidade de Calgary no Canadá. Possui obras nas seguintes coleções públicas: Biblioteca Nacional de Paris, França. / Linacre College, Oxford, Inglaterra. / Centro Cultural Cândido Mendes, RJ. / Centro Internacional da Gráfica de Veneza, Itália. / Fundação Cultural de Curitiba, PR. / Solar Grandjean de Montigny, PUC, RJ. / SESC, RJ. / Museu da Chácara do Céu, RJ. / MAC Niterói / Museu Nacional de Belas Artes, RJ / EAV Parque Lage, RJ / Pinacoteca do Estado de São Paulo, SP.  Vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil.

 

 

 

De 03 de dezembro a 08 de março de 2015.

Anita Schwartz: Otavio Schipper e Tove Storch

24/nov

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a exposição “Folha Branca”, feita em conjunto pelo artista brasileiro Otavio Schipper e pela artista dinamarquesa Tove Storch, com curadoria da também dinamarquesa Aukje Lepoutre Ravn, curadora do Röda Sten Konsthalle, importante espaço de arte contemporânea na Suécia.

 

“Na exposição, quero enfatizar e jogar com dois pontos comuns de interesse: a poética e os mecanismos de percepção. Temas clássicos, mas representativos, tanto do trabalho de Tove quanto de Otavio”, afirma a curadora.

 

No grande salão térreo, com 200 metros quadrados e pé direito de mais de sete metros, será apresentada uma instalação inédita, feita em conjunto pelos dois artistas, e pensada para o espaço da galeria. A instalação será composta por um trabalho de Tove, que será uma espécie de biblioteca, com prateleiras de seda. Em espaços vazios desta biblioteca estarão os trabalhos de Schipper, que o artista está produzindo especialmente para esta exposição. As obras fazem parte de uma série recente, “Memória Ótica”, e são compostas por objetos como óculos e fotografias antigas. “Esses trabalhos exploram a nossa relação com a memória coletiva e cultural dos objetos”, conta Schipper. “A biblioteca é um lugar de conhecimento histórico e você acessa esse conhecimento através de um ato de concentração, um ato de leitura. Esse é o mesmo sentimento que o espectador terá aqui, mas de forma abstrata”, explica a curadora Aukje Lepoutre Ravn.

 

Otavio Schipper conheceu a curadora Aukje Lepoutre Ravn e a artista Tove Storch durante uma residência artística em Nova York em 2013 na Residency Unlimited, e as convidou para desenvolver este trabalho em colaboração, que será apresentado pela primeira vez nesta exposição.

 

No segundo andar da galeria Otavio Schipper apresenta uma série de obras que fazem parte da série “Memória Ótica”, como a instalação “A Velocidade da Luz”, obra que fez parte da mostra “The Wizard’s Chamber” no Kunsthalle Winterthur, na Suiça em 2013.

 

 

De 27 de novembro a 17 de janeiro de 2015.

Conchas, caramujos e caracóis

10/nov

Anna Letycia, um dos grandes expoentes da gravura brasileira, acaba de finalizar a nova produção de trabalhos que serão expostos na Galeria Marcia Barrozo do Amaral, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, na mostra “Arte em Papel”. São dez gravuras inéditas em técnica mista e colagens; uma nova versão do seu universo de conchas, caramujos e caracóis. Nessa mostra, Anna Letycia exibe peças únicas, já que os diversos elementos têm formas e cores variadas e maneiras distintas de apresentação.

 

 

Sobre a artista

 

Anna Letycia moldou sua carreira a partir de expressivos e sóbrios traços geométricos, apresentando-se em técnicas diversas como ponta seca, água forte, água tinta, açúcar com guache mas também é conhecida por suas pinturas. Começou estudando pintura com Anna Letycia moldou sua carreira a partir de expressivos e sóbrios traços geométricos, apresentando-se em técnicas diversas como ponta seca, água forte, água tinta, açúcar com guache mas também é conhecida por suas pinturas. Começou estudando pintura com Bustamante Sá e mais tarde, pintura com Ivan Serpa. Participou de cursos de gravura com Goeldi, Iberê Camargo e Darel. Sua gravura passou pelas fases dos caramujos, formigas, verduras e frutas, pássaros, tatus, caixas, caracóis geométricos, até chegar á novas imagens.Sua gravura passou pelas fases dos caramujos, formigas, verduras e frutas, pássaros, tatus, caixas, caracóis geométricos, até chegar á novas imagens.

 

Artista militante e vencedora, Anna Letycia foi premiada na Bienal dos Jovens de Paris, na Bienal de Pequim e no Salão Nacional de Arte Moderna, entre outros eventos. Já realizou mais de 15 mostras individuais e participou de coletivas, como as bienais internacionais de Veneza, Tóquio e Florença, dentre outras no Brasil e no exterior. Em seu longo percurso, ela foi cenógrafa e figurinista do Teatro Tablado, tendo sido parceira da amiga Maria Clara Machado em peças como “O cavalinho azul” e “A bruxinha que era boa”, e trabalhou com Jorge Amado no jornal “Paratodos”. Em 1975, fundou, juntamente com Aloísio Magalhães, Thereza Miranda, Márcia Barroso do Amaral, Bárbara Sparvoli, Dadá Carvalho Brito e Haroldo Barroso, a galeria de arte Gravura Brasileira, em Copacabana, a primeira – no Rio de Janeiro – dedicada à comercialização de gravura e desenho. Também fez a curadoria da exposição “Os inumeráveis estados do ser”, em 1997, para celebrar o Museu de Imagens do Inconsciente, de Nise da Silveira, Anna Letycia chegou a ser presidente da sociedade de amigos do museu. Ainda atuou como carnavalesca da União de Jacarepaguá, onde criou um enredo sobre Mestre Valentim, em 1963; e criou, em 1977, a Oficina de Gravura do Museu do Ingá, em Niterói, RJ.

 

 

De 04 a 20 de dezembro. 

Em Ribeirão Preto

04/nov

A Galeria Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto, apresenta a exposição individual da artista Elisa Bracher. A artista possui uma produção de mais de duas décadas e transita entre diferentes linguagens como o desenho, gravura, escultura e fotografia. A exposição apresentada exibe trabalhos realizados na década 90 e algumas produções recentes.

 

Ocupando todo o espaço da galeria, as obras são divididas de um lado pelas esculturas de madeira, gravuras e lençóis de chumbo e, do outro lado, pelas esculturas em ferro. Ao percorrer o espaço nos deparamos com as obras que se agigantam em relação ao espectador: o corpo que transita entre os trabalhos é confrontado a criar novas relações espaciais devido às grandes escalas das obras.

 

Esculturas em madeira: os trabalhos de Elisa, pesados em sua estrutura e leves em sua composição visual, sempre estão em tensão. As esculturas de madeira têm em sua composição as marcas do corte e o desgaste do tempo. Elas se equilibram escoradas em sua própria estrutura e em arranjo totêmico exibem toda a sua força e grandeza, maiores que o corpo humano, colocam-se no espaço imponentes a confrontar quem as observa.

 

Esculturas em ferro: as linhas das esculturas em ferro refazem o espaço, não o rebatendo, mas criando outros espaços em sua concepção dentro/fora. Ao avistar o trabalho com um certo distanciamento, as peças remetem a uma ordenação e concepção formalista, de perto isto é quebrado devido à irregularidade do material empregado. Do mesmo modo como nas esculturas de madeira, as marcas do feitio estão presentes, com um maçarico, Elisa esculpe as barras de ferro, dando ao material uma nova forma repleta de textura e deformidades.

 

Gravuras: as gravuras feitas com maquinários industriais evocam uma sofisticada articulação entre técnica/intuição: delicadeza de linhas e massas negras obtidas num processo de gravação de intenso embate entre matéria e ferramenta. Nesta articulação constrói-se uma poética que transita entre paisagens e memórias sob a forma de densas áreas negras e frágeis linhas que cortam o branco do papel.

 

A escala de grande proporção equiparada ao tamanho de um ser humano, repensa a imagem gravada e é observada com determinado distanciamento.  Aqui a gravura traz um embate corpo a corpo com o espectador, convidando-o a integrar e adentrar por entre as linhas que cortam o branco e entre o negro profundo que nos afasta de qualquer definição que limite e determine o espaço, como parede/fundo; finito/infinito.

 

Lençóis de chumbo: Os lençóis de chumbo são recortes que descem em paralelo à parede, possuem uma densidade que, ao contrário da gravura, não nos dá a possibilidade dos brancos, os olhos percorrem a estrutura da obra parando nas linhas formadas pelas sobreposições do material. Tais trabalhos têm um desenvolvimento recente na produção da artista e seguem concomitantes a outras técnicas.

 

 

Sobre a artista

 

Elisa Bracher, nasceu em 1965  em São Paulo, cidade onde vive e trabalha. Formada em artes pela FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado. Foi artista residente no The Article Circle, Noruega, Pólo Norte, 2014; no Atelier Iberê Camargo, 2006 e Out There – Sainsbury Centre For Visual Arts Norwich, Inglaterra, 2005. Participou de diversas exposições individuais e coletivas, destacando-se nas seguintes instituições: MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo; MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; MAM – Museu de Arte Moderna da Bahia; Estação Pinacoteca do Estado de São Paulo; Centro Cultural São Paulo; Museu Nacional Belas Artes; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo; Paço Imperial – Rio de Janeiro; Musée d’Art Contemporain de Bordeaux; Centre de La Gravure et de I ‘Image Imprimée – Bélgica. Seus trabalhos fazem parte de diversas coleções públicas e privadas: Fundação Cultural de Curitiba; Museu Nacional de Belo Horizonte; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu de Arte Moderna da Bahia; Centro Cultural São Paulo.

 

 

Até 25 de novembro.