Arquiperiscópio no Oi Futuro

28/out

 

Com curadoria de Paulo Herkenhoff, o Oi Futuro apresenta, pela primeira vez, no dia 03 de novembro, um panorama da múltipla produção do artista André Severo, com obras que buscam referências na História da Arte para falar sobre as relações humanas, a natureza e a imagem

 

O Oi Futuro inaugura, no dia 03 de novembro, a exposição “André Severo – Arquiperiscópio”, com seis obras inéditas do artista gaúcho, compostas por mais de 150 trabalhos, e seis vídeos, que ocuparão o pátio externo, o hall e os níveis 2, 3 e 4 do centro cultural. Com curadoria de Paulo Herkenhoff, a mostra apresenta um panorama da obra de André Severo, artista múltiplo que começou sua trajetória há 27 anos e realiza sua primeira exposição individual no Rio de Janeiro.

A exposição apresenta diferentes vertentes do trabalho do artista que estarão reunidas pela primeira vez em uma exposição. Em comum, todas buscam referências na História da Arte para falar sobre as relações humanas, a natureza e a imagem.

 

“A obra de André Severo é sobre a circulação da arte-imagem. Sua despojada presença em vídeos, fotografias, livros e exposições escamoteia a complexidade desse desafio. Nem sempre o público tem consciência de que se depara com uma proposta de arte e que é um alvo deste projeto. Para o artista, toda circulação cultural é uma forma de contrato social com a recepção”, diz o curador Paulo Herkenhoff, que vem planejando esta exposição há cerca de três anos.

 

A exposição terá obras que trazem elementos chaves da produção de André Severo, mostrando ao público um panorama de seu pensamento. “Minha produção é cíclica; a maneira como os trabalhos estão articulados no espaço, em “Arquiperiscópio”, traz referências da minha produção ao longo dos últimos 20 anos, ao mesmo tempo em que revelam o ponto de pensamento em que estou no momento”, diz o artista.

 

O nome da exposição, “Arquiperiscópio”, faz uma alusão ao objeto ótico – cujo funcionamento é baseado na associação de dois espelhos, permitindo uma visão ampliada e de longa distância – para dar conta da obra e trajetória múltipla de André Severo, que também é curador e produtor. “Entendo tudo o que faço como uma coisa só. Trabalho compulsivamente e cada trabalho é uma parte do todo, do que sou, que me ajuda a entender os processos poéticos, mas também de busca e questionamento existencial”, diz.

 

“Seu modelo óptico é o arquiperiscópio, com um regime polissêmico, múltiplo, errante, plurívoco, heterotópico. Iconógrafo, devorador de Cronos, Severo é onívoro. O arquiperiscópio não se prende a espelhamentos nem à geometria rasa, sendo, pois, anticaleidoscópio”, ressalta o curador Paulo Herkenhoff. “Em resumo, o artista considera arte toda e qualquer ação sua que faça no sistema de arte, como ainda a curadoria da XXX Bienal de São Paulo, como uma dimensão poética de sua própria arte, as propostas que faz aos curadores de suas mostras pessoais, a direção de instituições culturais, palestras, entre outras. Isto é seu arquiperiscópio”, ressalta.

 

Obras em exposição

 

Rastro (Gustave Le Grey) – No pátio do Centro Cultural Oi Futuro estará uma grande instalação, de 14mX2m, feita a partir de uma imagem de Gustave Le Grey, um dos mais importantes fotógrafos franceses do século XIX. Severo ampliou essa imagem em formato de cartaz lambe-lambe e colou nas ruas. Tempos depois, esses cartazes foram retirados, trazendo todos os elementos que estavam atrás, e também tudo o que foi sobreposto, além das interferências climáticas, como sol e chuva, aos quais os trabalhos foram expostos. “São quatro imagens, que, como já passaram pela rua, tiveram diversas interferências. É quase como um palimpsesto ao contrário, com camadas que vão se sobrepondo de trás para frente”, diz o artista, que, ao longo de sua trajetória, realizou diversas ações na rua.

 

A Onda – Série de pinturas inéditas nas quais André Severo reproduz uma série de trabalhos de Gustave Courbet (França, 1819 – 1877), pioneiro do realismo francês. “Entre os anos de 1850 e 1872, Courbet produziu uma grande série de pinturas que ele intitulou “A onda”.  Em um mundo desprovido da figura humana, estas ondas estão entre as pinturas mais abstratas de Courbet, e muitas parecem ter sido inventadas em vez de observadas. Essas obras não somente deram início às tendências modernas de Manet e dos impressionistas, mas também ao expressionismo abstrato americano dos anos 1940 e 1950” afirma. Segundo Severo, as suas pinturas não pretendem ser uma releitura de Courbet e estão mais para um ato performativo de busca de entendimento de sua obra. “Eu poderia falar, ler ou escrever sobre as pinturas, mas, dentro de meu processo, para entender, de fato, as transformações inauguradas por Courbet, preciso fazer com que essas pinturas ganhem corpo, preciso entender pelo gesto”, diz o artista, que, para esse projeto, estudou a técnica que Courbet usava e criou obras em escalas maiores do que as originais – em uma escala que faz referência aos expressionistas abstratos que foram influenciados por Courbet. “Eu tento reproduzir as obras, e elas acabam tendo uma semelhança bem impressionante com as originas; mas o ponto mais interessante para mim é quando erro, quando não consigo copiar o gesto e alguma outra coisa aparece na pintura”, ressalta. Atrás das pinturas, há o nome do Courbet, deixando marcado de onde vem a referência.

 

Academia – série com 12 trabalhos, compostos por cerca de 50 desenhos cada, na qual o artista faz uma referência às academias do século XVIII e XIX, onde os artistas aprendiam a desenhar copiando obras de outros artistas. Os trabalhos são feitos em grandes formatos, medindo 2,15m X 1,60m cada e, juntos, formam um enorme painel de desenhos justapostos e sobrepostos. “Cada um dos desenhos que compõem esta série foi produzido a partir de releituras que realizei de artistas de diferentes nacionalidades, contextos e tempos. A ideia básica era a de tentar aprender a “linguagem” que cada um destes criou para produzir sua poética pessoal. Estão, para mim, em jogo aqui, ideários que me levam a ponderar que nossa relação com o sensível não é passiva; que em nossa relação com as imagens sempre está em jogo algo além da aquisição de conhecimento; e que a apropriação do sensível não acontece somente através da percepção. Assim, o ato de desenhar, de produzir uma releitura de outrem, por exemplo, aparece aqui como uma forma de incorporar um sensível distante e fazê-lo existir, de outra forma, aqui e agora – uma possibilidade de adquirir esse sensível e incorporá-lo à minha própria esfera poética”, afirma Severo.

 

Inventário – Inventário é um trabalho em aberto, composto por milhares de pequenas colagens que trazem relacionadas, em cada uma delas, uma imagem, uma palavra e uma gota de sangue do artista, que é diabético e precisa fazer a medição de glicose diariamente. Na mostra, serão apresentados 120 desses trabalhos, escolhidos entre milhares. “É um trabalho sobre vínculos, que associa imagem, palavra e corpo”, ressalta o artista.

 

El Mensajero – série de textos produzidos a partir de uma colagem de trechos de diversos livros do poeta mexicano Octávio Paz (1914 – 1998). Na exposição, serão apresentados 12 desses textos, alguns espalhados pelos andares do prédio do Oi Futuro. “Produzidos originalmente no contexto de uma trilogia de exposições que realizei entre os anos de 2015 e 2021, os textos aparecem aqui como uma espécie de condutor poético/conceitual para a visitação e funcionarão como pontuações para as obras que iremos apresentar na mostra”, afirma o artista.

 

Passagem – videoinstalação composta por 14 vídeos elaborados a partir da animação de uma seleção de fotografias dos estudos de movimentos realizados por Eadweard Muybridge entre os anos de 1883 e 1887. Para a realização desta instalação, o artista selecionou 56 pranchas dos mais de 700 estudos realizados por Myubridge. Para a confecção de cada vídeo, em que vemos homens e mulheres (de diversas idades e etnias) caminhando da esquerda para a direita, nus e enfileirados, foram selecionadas e animadas (a partir da sequência fotográfica original) quatro pranchas – resultando, ao final, em uma espécie de procissão em que 56 pessoas caminham sem sair do lugar. Tendo como possível leitura uma espécie de passagem entre a morte e a ressurreição, a instalação retrata indivíduos isolados, fora do tempo e advindos de distintos setores da vida, marchando na mesma direção, cada um viajando a seu próprio ritmo e de sua própria maneira. “Não há começo ou fim para a procissão de indivíduos; e o fluxo constante de pessoas não sugere ordem ou sequência aparente. Não há retorno. Como viajantes, eles se movem em um espaço intermediário entre dois mundos rumo a um destino desconhecido”, pondera o artista. “É a culminância da exposição. Ao longo da mostra, o público vai experimentar o corpo, a direção do movimento e as diversas formas de caminhar, uma vez que o prédio é uma subida”, diz o curador Paulo Herkenhoff.

 

Completam a mostra o vídeo “Ensaios para o fim”, que mostra explosões de bombas atômicas, que será exibido nas TVs do térreo do Centro Cultural Oi Futuro, e a obra “Arquiperiscópio TV”, com uma edição de diversos filmes do artista, que estará no videowall, também no térreo.  Os vídeos “Meridional” e “Estada” estarão no Nível 4 e a intervenção “Isto fala”, nos painéis do Museu das Comunicações e Humanidades (Musehum). Também farão parte da exposição livros editados por André Severo, ampliando o panorama sobre o artista. A mostra será acompanhada de um catálogo, a ser lançado ao longo do período da exposição, com texto do curador Paulo Herkenhoff e imagens das obras em exposição no Centro Cultural Oi Futuro e de outras obras do artista, expandindo, ainda mais, o panorama sobre a obra de André Severo.

 

Sobre o artista

 

André Severo nasceu em Porto Alegre, RS, 1974. Vive e trabalha em Porto Alegre. Mestre em Poéticas visuais pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Artista visual, curador, produtor, atualmente é diretor do Farol Santander Porto Alegre. Realizou diversos filmes e instalações audiovisuais e participou de inúmeras exposições no Brasil e no exterior. Em 2018, com Marília Panitz, foi o curador da exposição “100 anos de Athos Bulcão”. Entre os anos de 2015 e 2017 realizou “Metáfora”, em parceria com Paula Krause, e “Espelho”, as duas primeiras partes da trilogia de exposições “El Mensajero”, concluída este ano com a exposição “Labirinto”. Com Luis Pérez-Oramas, foi responsável pela curadoria da representação brasileira na 55ª Bienal de Veneza, em 2013, e da XXX Bienal de São Paulo – “A iminência das poéticas”, em 2012, mesmo ano em que publicou o livro “Deriva de sentidos”. Em 2010, foi responsável pela curadoria da mostra “Horizonte expandido”, junto com Maria Helena Bernardes, com quem iniciou, em 2000, as atividades de “Areal”, projeto que se define como uma ação de arte deslocada, que aposta em situações transitórias capazes de desvincular a ocorrência do pensamento contemporâneo dos grandes centros urbanos e de suas instituições culturais. Publicou, entre outros, os livros “Consciência errante”, “Soma e Deriva de sentidos” e “Artes Visuais – Ensaios Brasileiros Contemporâneos” (Funarte). Dentre suas principais premiações destacam-se o Programa Petrobrás Artes Visuais – ano 2001 -; o Prêmio Funarte Conexões Artes Visuais, em 2007; o Projeto Arte e Patrimônio 2007; o Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais 2009; o V Prêmio Açorianos de Artes Plásticas, em 2010; o Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça – 6ª Edição, em 2013; o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2014; o XV Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia 2015; e o Prêmio Sérgio Milliet da ABCA, em 2018 pelo livro “Artes Visuais – Ensaios Brasileiros Contemporâneos”.

 

Sobre o Oi Futuro

 

O Oi Futuro, instituto de inovação e criatividade da Oi para impacto social, atua como um laboratório para cocriação de projetos transformadores nas áreas de Educação, Cultura e Inovação Social. Por meio de iniciativas e parcerias em todo o Brasil, estimulamos e conectamos indivíduos, organizações e redes para a construção de um futuro mais potente, com mais inclusão e diversidade. Na Cultura, o Oi Futuro mantém um centro cultural no Rio de Janeiro, com uma programação que valoriza a convergência entre arte contemporânea e tecnologia. O espaço também abriga o MUSEHUM – Museu das Comunicações e Humanidades, com acervo de mais 130 mil peças. Há 18 anos o Oi Futuro gerencia o “Programa Oi de Patrocínios Culturais Incentivados”, que seleciona projetos em todas as regiões do país por meio de edital público. Desde 2003, foram mais de 2.500 projetos culturais apoiados pelo Oi Futuro, que beneficiaram milhões de espectadores. Apostando no potencial cultural, social, de público e de inovação dos festivais, o Oi Futuro vem impulsionando festivais de diversas linguagens artísticas em todas as regiões do Brasil. Em 2020, 23 festivais foram apoiados pelo instituto por meio do “Programa Oi de Patrocínios Culturais Incentivados” e do “Programa Pontes”, desenvolvido em parceria com o British Council. O instituto também criou e mantém o “LabSonica”, laboratório de experimentação sonora e musical, sediado no Lab Oi Futuro, o “Oi Kabum! Lab”, que promove a formação de jovens de periferia no campo da arte e tecnologia e a curadoria de projetos de intervenção artística urbana.

 

Até 16 de janeiro de 2022.

Intervenção urbana

28/fev

O Projeto “Um índio na cidade” inicia com performance artística com índio e horta medicinal indígena para a sociedade civil cultivar e colher. “Em meio ao caos, o índio chega à cidade para passar seus ensinamentos de amor, compreensão, amizade e carinho com a Natureza”. Começou no Galpão das Artes o projeto “Um Índio na Cidade”, idealizado pelos artistas da CAW, à frente os parceiros do GAU Herik Wooleefer e Ju Yao. O projeto tem várias etapas e se estenderá até o mês de agosto, para lembrar e reforçar a reflexão sobre os valores culturais dos povos indígenas e a importância da preservação e respeito a esses valores. Foram dois anos de pesquisa de campo pelo diretor geral da CAW. A pesquisa foi realizada em tribos indígenas da Amazônia, Espirito Santo, e países do Mercosul, vivenciando os costumes e tradições. As tribos mostram e cultivam a resistência, cultura, ecologia, saúde, arte, força, ensinamentos centenários, fé e sustentabilidade, tudo com uma administração indelével, e economicamente equilibrada, quando não conseguimos ver tal habilidade nas cidades, lembrando da eficiência em preservação e conservação, além dos ensinamentos medicinais naturais. Estima-se que esta população tenha chegado a cinco milhões de habitantes, contudo, hoje são cerca de 300 etnias, com um número muito inferior ao que já foi (421.000). As principais tribos indígenas atualmente no Brasil são: Guarani, Ticuna, Caingangue, Macuxi, Terna, Guajajaras, Ianomâmi, Xavante, Pataxó e Potiguara. Antes da chegada da esquadra de Pedro Álvares Cabral havia ao menos mil. Hoje, os índios brasileiros ainda compartilham 150 línguas e dialetos e parte do repertório que já foi incorporado pelo português, como mandioca, Curitiba, Aquidauana, Iguaçu, tapioca, entre outros. O minimalismo do projeto, foi criado com base na pesquisa, respeitando os costumes e rituais. Talvez seja a arte mais afinada e refinada com o perfeccionismo. Leveza misturada com a atenção humana, sendo fatal movimentos bruscos na sua construção, danificando assim a obra. Uma construção delicada e insistente, fortalecendo o uso da coordenação motora fina com todo o significado cultural e artístico das pinturas corporais indígenas. Paralelamente, Herik Wooleefer deu início à intervenção urbana “Horta Medicinal Indígena”, com plantio de plantas tradicionais, adubadas com lixo orgânico, como casca de ovo, pó de café e casca de banana. Ficando de 01 de março a 30 de agosto, disponível para a sociedade cultivar e colher sem nenhum custo. Oficinas de plantio e consumo de plantas medicinais são oferecidas de modo gratuíto para escolas, como construção de uma geração com menos consumo de agrotóxicos e dependência em medicamentos, quando as ervas indígenas são suficientes.

 

O lançamento do projeto contou com performance criada pelo artista plástico Herik Wooleefer, sob a curadoria de Ju Yao e participação do ator Rodrigo Becker, representando a chegada do índio, caracterizado com seus trajes e pinturas tradicionais, também criada com detalhes. Expandindo na linguagem teatral infantil para o Teatro Armando Gonzaga, em Marechal Hermes na cidade do Rio de Janeiro nos dias 13,14, 20 e 21 de Abril com presença dos atores, Gustavo Celeste, Guilherme Gandolfo, Geysilane Marques, Matheus Porto, Vitor Senra, Gabi Neves, Alexandre Alves, Alessa Gomes e José Santos, com texto e direção de Herik Wooleefer, reforçando um comportamento social que precisa urgente mudar, para termos um meio ambiente saudável para nós e para as próximas gerações.

 

Intervenção Urbana – “UM ÍNDIO NA CIDADE”

 

De 01 de março a 30 de agosto – segunda a sexta – Grátis

Horário: 09:00 às 16:00 horas

Local: Galpão das Artes Urbanas, Av. Padre Leonel Franca s/nº – Gávea/RJ

Espetáculo Infantil – “UM ÍNDIO NA CIDADE”

Dias 13, 14, 20 e 21 – 16:00 horas – R$ 15,00/meia

Local: Teatro Armando Gonzaga, Av. Gal Osvaldo Cordeiro Farias, 511, Marechal Hermes/RJ.

Brasília extemporânea

04/out

A exposição “Brasília Extemporânea”, em cartaz na Casa Niemayer, Brasília, DF, assinada pela curadora Ana Avelar, propõe obras de artistas que se depararam com essa cidade atual, ou que dialogam com aspectos dela, sejam eles simbólicos, históricos, políticos ou sociais, buscando levar adiante um debate que se deteve, em grande parte e por muito tempo, entre apoiadores e críticos de sua fundação e projeto inicial. São trabalhos de naturezas diversas (instalações, filmes, vídeos, objetos, intervenções), que informam sobre uma realidade negligenciada, mas não menos constituinte, da “capital planejada”.ACasa Niemeyer, é a antiga residência de Oscar Niemeyer, cujo estilo colonial é por si só um fato peculiar dentro das experiências modernistas do arquiteto.

 

 

Artistas participantes

 

Adirley Queirós, Camila Soato, Cao Guimarães, Christus Nóbrega, Clara Ianni, Clarisse Tarran, Diego Castro, Ding Musa, Dora Smék, Gabriela Masson (Lovelove6), Gê Orthof, Helô Sanvoy, Gregório Soares, Isabela Couto, João Trevisan, Joana Pimenta, Karina Dias, Laercio Redondo, Lenora de Barros, Luciana Paiva, Luiz Alphonsus,  Márcio H Mota, Milton Machado, Nuno Ramos, Raquel Nava, Paul Setúbal, Peter de Brito, Vera Holtz e Xico Chaves.

 

 

Até 15 de fevereiro de 2019.

19 artistas na Luciana Caravello

17/nov

Luciana Caravello Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, inaugura, no dia 22 de novembro, a exposição coletiva “Ma”, com cerca de 20 obras recentes e inéditas, que tratam da importância da pausa e do silêncio, em um mundo com tantas informações. Com curadoria de Luisa Duarte, serão apresentadas pinturas, esculturas, objetos e intervenções de 19 artistas: Alexandre Canonico, Ana Linnemann, André Komatsu, Anna Maria Maiolino, Daniel Steegmann Mangrané, Fernanda Gomes, Leticia Ramos, Lucas Simões, Manoela Medeiros, Marcius Galan, Maria Laet, Mira Schendel, Nicolás Robbio, Paloma Bosquê, Rodrigo Cass, Romain Dumesnil, Túlio Pinto, Valdirlei Dias Nunes e Vivian Caccuri.

 

As obras da exposição possuem uma geometria sensível, com cores de baixa intensidade, que se contrapõem ao mundo atual, onde temos sempre muitas imagens, muitas cores e muitas informações por todos os lados. “São obras que caminham na contramão de um presente marcado pelo regime do espetáculo, da aceleração e da hipervisibilidade”, afirma a curadora Luisa Duarte.

 

A maioria das obras da exposição é recente ou inédita e algumas, como dos artistas Paloma Bosquê, Manoela Medeiros, Rodrigo Cass e Vivian Caccuri, foram produzidas especialmente para a mostra. Mesmo seguindo esta linha, a curadora optou por também incluir a obra “Buraco ao Lado”, de Anna Maria Maiolino, que faz parte da série “Desenho Objeto”, de 1976/2005. O emblemático trabalho, que foi incluído por se enquadrar na proposta da mostra, é composto por diversos papeis brancos sobrepostos e recortados, que são colocados dentro de uma caixa de madeira com vidro.

 

Alguns dos trabalhos da exposição possuem cores neutras e delicadas, como é o caso das obras de Fernanda Gomes, feitas com madeira e tinta branca, e Valdirlei Dias Nunes, que apresenta dois relevos em que placas de mdf são envoltas por uma fina camada de madeira de cedro, como se fossem quadros.

 

Em outros, a ideia da pausa aparece em obras que parecem ter tido o movimento interrompido, como “Cumplicidade #5”, de Túlio Pinto, em que uma grande barra de concreto e uma bola de vidro são segurados por uma corda, e “Corpo de prova n 17”, de Lucas Simões, em que um bloco de concreto não está totalmente apoiado no chão. Em ambas, a sensação é de que os objetos podem se movimentar a qualquer momento. Este também é o caso de “Ponto de Fuga” (2015), de Marcius Galan, em que o artista faz um rasgo na parede, onde coloca uma barra de ferro, que também é apoiada no chão.

 

“Em meio a uma época na qual a arte é convocada a escolher e verbalizar, constantemente, uma posição sobre o mundo, ou seja, possuir um discurso, escolher um lado, narrar situações do âmbito real, ‘Ma’ surge recordando a importância da pausa, do intervalo, do vazio necessário para que algo possa, novamente, ser dito de forma potente”, diz a curadora.

 

O nome da exposição vem da palavra japonesa “Ma”, que pode ser traduzida como a experiência do espaço que inclui elementos temporais e subjetivos. A exposição é a continuação de um projeto recente da curadora Luisa Duarte, que já realizou outras duas mostras seguindo esta mesma linha de pesquisa. O nome da mostra surgiu a partir de um texto da crítica e curadora Kiki Mazzuchelli sobre a obra de Paloma Bosquê, que estava presente em uma dessas mostras.

 

 

Sobre a curadora

 

Luisa Duarte é crítica de arte e curadora independente. É crítica de arte do jornal O Globo, desde 2009. Mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica – PUC-SP. Doutoranda em Teoria da Arte pela UERJ em 2017. Foi por cinco anos membro do Conselho Consultivo do MAM-SP (2009-2013). Foi curadora de diversas exposições e do programa Rumos Artes Visuais, Instituto Itaú Cultural (2005/ 2006); integrou a equipe de curadoria de Hans Ulrich Obrist para a mostra “The Insides are on the Outside”, Casa de Vidro de Lina Bo Bardi, São Paulo, 2013; Foi organizadora, com Adriano Pedrosa, do livro ABC – Arte Brasileira Contemporânea, Cosac & Naify, 2014.

 

 

Sobre a galeria     

 

O principal objetivo da Luciana Caravello Arte Contemporânea, fundada em 2011, é reunir artistas com trajetórias, conceitos e poéticas variadas, refletindo assim o poder da diversidade na Arte Contemporânea. Evidenciando tanto artistas emergentes quanto estabelecidos desde seu período como marchand, Luciana Caravello procura agregar experimentações e técnicas em suportes diversos, sempre em busca do talento, sem discriminações de idade, nacionalidade ou gênero.

 

 

De 22 de novembro a 21 de dezembro.

Millan exibe Mestre

19/jul

Artista português que vem ganhando destaque na cena artística brasileira, Tiago Mestre expõe pela primeira vez na Galeria Millan, Vila Madalena, São Paulo, SP. A mostra “Noite. Inextinguível, inexprimível noite.” empresta seu título do poema “Lugar II” do poeta português Herberto Helder (1930-2015) e reúne um conjunto de 60 obras que exploram a questão da forma e do mito do projeto moderno no âmbito da escultura. Materiais como argila, bronze e gesso dão corpo a obras que se posicionam numa constante negociação entre projeto e imprevisibilidade, entre programa e liberdade expressiva.

 

O conjunto de obras inclui esculturas de diferentes escalas, vídeo, intervenções na arquitetura da galeria e uma grande instalação (elemento paisagístico que organiza toda a exposição). Estes trabalhos remetem aos primeiros intentos humanos de assimilar o natural dentro de um pensamento projetual, mapeando o processo de assimilação da paisagem a partir do intelecto. “A ideia de projeto como pano de fundo, como orquestração de um sistema”, explica o artista.

 

Cada uma das esculturas parece evidenciar um fazer sumário, claramente manual, como se estivesse inacabada ou em estado de puro devir, deixando, muitas das vezes, uma filiação ambígua quanto à sua natureza disciplinar. O uso da cor surge pontualmente, não tanto como sistema, mas antes como recurso que acentua, corrige ou esclarece questões pontuais do trabalho. Essa indefinição semântica, ou transversalidade programática é um dos eixos do trabalho. A problematização da capacidade performática de cada uma das obras é tornada evidente (senão parodiada) em situações como a da escultura de dois morros (obra que a dois tempos é escultura paisagística e nicho para outras obras menores).

 

O vídeo, apresentado no andar superior da galeria, coloca-se como uma espécie de síntese geral da exposição. A imaterialidade deste suporte contrasta de maneira decisiva com o aspecto formal dos restantes trabalhos. Nele, assiste-se a uma transmutação lenta, silenciosa e interminável de formas geométricas e orgânicas, numa referência “apática” ao mito da arquitetura brasileira, à sua relação singular com a natureza e a paisagem.

 

Embora alguns dos procedimentos da arquitetura estejam envolvidos em seu processo – a exemplo dos croquis e as maquetes de estudo – o olhar de Mestre volta-se mais para a percepção da experiência dos corpos no espaço, sejam eles naturais, escultóricos, ou arquitetônicos. Parece ser essa intimidade entre natureza, espaço e forma, que esta exibição de Mestre propõe desvelar.

 

 

Até 12 de agosto.

Embarca-Ações virtuosas

20/jun

Intervenção urbana na Praça XV tem o objetivo de fazer as pessoas desacelerarem, com uma série de atividades, que incluem instalações artísticas, performances, música, dança, teatro, etc. Nesta terça-feira, dia 20 de junho, a Praça XV será ocupada das 15h às 20h, por uma grande intervenção urbana gratuita, que tem o objetivo de fazer as pessoas desacelerarem. Para isso, haverá instalações artísticas, performances, shows de música, dança, palestras, medição de pressão arterial, bike truck, etc. “O objetivo geral do projeto é realizar uma intervenção artística coletiva transformando um cenário urbano de passagens e correrias diárias em um campo imantado de ações virtuosas. Lançando o dia internacional do “decrescimento sereno” inspirado nas teorias de Serge Latouche (filósofo-economista francês) conclamamos os transeuntes – trabalhadores em seu retorno para casa a desacelerar as rotinas de angústias, des-Atenção e des-Afetos do dia-a-dia”, explica o curador Luiz Guilherme Vergara.  

 

Dentre os trabalhos apresentados estará a instalação “Fome”, de Carlos Vergara, composta por feijões que formam a palavra fome, a obra “Ambientes infláveis”, de Hugo Richard, a instalação “Faixa Democrática”, de Martha Niklaus, Suely Farhi e Adriana Maciel, a “Mandala de Sal Grosso”, de Jacira JL, entre outros. Haverá, ainda, o “coletor de angústias”, onde a artista Clarice Rosadas desenhará as angústias dos transeuntes.  Também haverá dança, teatro, massagens, medição de pressão arterial e muitas outras atividades gratuitas.  

 

O projeto nasceu da ideia das artistas – pesquisadoras, Lívia Moura (Mestrado Estudos Contemporâneos da Arte – UFF) e Gabriela Bandeira (Graduação em Artes – UFF), com curadoria de Luiz Guilherme Vergara, trazendo para dentro da sala de aula dos cursos de Graduação em Artes e Produção Cultural da UFF um convite para agir no mundo. Assim formou-se esta rede de ações coletivas de transfigurações de afetos no cotidiano. Inspirada também nas teorias de Serge Latouche do Decrescimento Sereno / Feliz, Lívia Moura traz a proposta de ação coletiva – “Vendo Ações Virtuosas” – ativando intervenções urbanas e iniciações humanas para uma alfabetização emocional”; Gabriela Bandeira, propõe um ativismo poético e afetivo, “Em-Barca”, coletando múltiplas respostas para a questão “Você já viu o mar hoje?”.

 

Propositalmente, o evento será realizado na Praça XV, com o objetivo de atingir as milhares de pessoas que entram e saem diariamente da estação das barcas.

 

Programação:

15h- Início da intervenção

– Venda de produtos e alimentos no triciclo Imantado da Vendo Ações Virtuosas

– Sessão “Lange-rir” com Leticia Mattoso (venda de langerie e bate- papo com drinks)

-Escultura de Suco Verde com Priscila Piantanida

 

Nuvens:

Ações que acontecerão entre, a favor e contra os fluxos dos transeuntes em direção às barcas

– Você já viu o mar hoje? com Gabi Bandeira

– Ambientes Infláveis com Hugo Richard

– Faça sua Fé: distribução gratuita de Santinhos com Carol Cortes

– Peça para Viver: Joana M Caetano e Ana Resende

– Sinapses: Grupo Icó, Dasha Lavrennikov e Nora Nóra Barna com grupo de graduação de artes e produção da UFF: mestrandos do Curso de Pós Graduação da UFF: Estudos Contemporâneos da Arte e Cultura e Territorialidade

– Conectores: Diana Koler e Rafa Éis

– Faixa DEMOCRÁTICA – Martha Niklaus, Suely Farhi e Adriana Maciel.

-Entrevistas com os transeuntes sobre o “Lançamento do Dia Internacional do Decrescimento Sereno” com estudantes de graduação da UFF. Sobre a pressa nossa de cada dia?

 

15h às 18h

Atividades sobre as “Mesas Baldias” de Nuno Sacramento:

-Tire sua pressão- Tempo é Vida! (Enfermeiros despressionando)

-Massagem Nativa com Niara do Sol

-Portal de limpeza (laboratório de mandalas e amuletos com as artistas Jacira JL, Sondra Santos e Jeniffer)

– Coletor de Angustias (a artista Clarice Rosadas desenha as angustias dos transeuntes)

-Bate- papo sobre novas economias com Gabriela Valente (Sistema B), Niara do Sol (hortas/hospitais comunitários), Livia Moura ( VAV) e Luiz Guilherme Vergara (UFF)

 

18h:

Danças circulares do fogo com Carol Cortes em torno da mandala de sal grosso

e Tupife (bloco de pífanos e tambores)

 

Ambiente:

-Cartazes do colaboratório da ESDI (UERJ)

-Triciclo Imantado do VAV

– Mesas baldias do Nuno Sacramento

-Cadeiras de Marcia Brandão

-Feijões de Carlos Vergara

-Mandala de sal grosso de Jacira JL

-Estandartes Gabrila Macena e Mariana Monteiro

 

Local, dia e hora: Praça XV, Centro, Rio de Janeiro, RJ, terça-feira, dia 20 de junho, das 15h às 20hs, curadoria de Luiz Guilherme Vergara – Entrada franca

Mostra de Eduardo Frota

20/out

 

Diferentemente das outras exposições de que participou em Porto Alegre, com grandes esculturas construídas a partir de pequenos módulos de madeira, desta vez o artista cearense Eduardo Frota utiliza a própria arquitetura do prédio para compor sua obra. As portas, os vidros das janelas internas, a escada que conduz à reserva técnica do acervo de máquinas, tudo foi removido de seu lugar de origem, para, na sequência, ser recodificado como se fosse desenho ou pintura nas paredes da Sala de Exposições. As partes, assim reinstauradas, dão outra fisicalidade ao todo, reinventando o espaço arquitetônico do velho galpão de madeira do Museu do Trabalho, Centro Histórico, Porto Alegre, RS.

 

A intervenção “Associações Disjuntivas” teve uma primeira versão em 2009 no Alpendre – Casa de Arte, Pesquisa e Produção, espaço de arte independente que existia em Fortaleza, do qual Frota foi um dos fundadores e coordenador do núcleo de artes visuais. Eduardo Frota é reconhecido nacionalmente sobretudo por suas esculturas em madeira, às vezes em escalas monumentais, como as peças que apresentou em 2002 na histórica 25ª Bienal de São Paulo, com curadoria de Paulo Herkenhoff, ou os carretéis gigantes que empilhou em 2005 no Museu Vale, em Vila Velha, no Espírito Santo.

 

 

De 19 de outubro a 27 de novembro.

Ponto Transição

31/ago

O Centro de Artes Visuais da Funarte / MinC realiza, a exposição “Ponto Transição”, que reúne trabalhos de 30 artistas e coletivos contemporâneos de diversas linguagens e tendências, articulados em um circuito de espaços no interior da Fundição Progresso. As obras foram selecionadas pelos curadores artísticos Luiza Interlenghi, Sonia SalcedodelCastillo e Xico Chaves, do Centro de Artes Visuais da Funarte/MinC, a partir do grande universo de artistas que participaram nos últimos doze anos de editais da instituição, em um amplo processo de mapeamento da produção de artes visuais que envolveu críticos de todo o país. “Ponto Transição” integra a programação cultural dos Jogos Paralímpicos no Rio de Janeiro, e os trabalhos expostos compreendem intervenções urbanas, poemas visuais, fotografia, audiovisuais, videoinstalações, esculturas, objetos, trabalhos de coletivos artísticos e outras formas de múltipla expressão.  Haverá ainda uma intensa programação de performances e conversas abertas ao público, com artistas e pensadores.

 

Muitas obras foram feitas especialmente para esta exposição, como é o caso dos artistas Alex Hamburger, Alexandre Dacosta, Ana Muglia, Franklin Cassaro, Helena Trindade, Hugo Houayek, João Modé, Raul Mourão, Ricardo Basbaum, com João Camillo Penna, Thomas Jeferson, Coletivo Vade Retro Abacaxi, Valéria Costa Pinto, Victor Arruda e Wlademir Dias-Pino, com Regina Pouchain. Outros artistas irão recriar trabalhos emblemáticos, como Ana Vitória Mussi, Armando Queiroz, Chang Chi Chai, Eduardo Coimbra, Elisa de Magalhães, Irmãos Guimarães, Marcio Zardo, Marcos Bonisson, Marcos Chaves, Martha Niklaus, Ricardo Aleixo, Ronald Duarte, Suzana Queiroga, Tchellod`Barros e Tina Velho. A Galeria Transparente, projeto com curadoria de Frederico Dalton, terá um território na exposição para uma programação própria de performances, com os artistas Nivaldo Carneiro, TetsuoTakita, Rodrigo Munhoz, Pedro Paulo Domingues, Helena Wassersten, Crioulos de Criação, Coletivo S.T.A.R., Clarisse Tarran& Edu Mariz, Monica Barki, Lilian Amaral e André Sheik.

 

Para Xico Chaves, diretor do Centro de Artes Visuais da Funarte, “…a exposição traduz um momento de transição das artes visuais, que o Brasil representa bem”. “Estamos em uma transição mundial, global. As artes visuais estão acolhendo experimentações que não podem ser realizadas no campo de outras linguagens. Nas artes visuais essas manifestações encontram uma liberdade e um espaço de concepção e amplitude irreversíveis”, afirma. “Neste momento de transição, você vai encontrar uma diversidade múltipla, e não uma sequência de performances similares”. Ele destaca que a Funarte “tem como função estimular o que não está no mercado”. “Institucionalmente tem que atender a esses processos de experimentação”.

 

“Ponto Transição” também coloca em evidência o trabalho curatorial. Xico Chaves acentua que “esta é uma oportunidade de trazer a curadoria de volta à instituição, que conta com profissionais altamente qualificados”. “A Funarte criou um campo de expansão permanente, aceleradíssimo, em que foi tudo incorporado: poesia visual, performances, intervenções urbanas, coletivos, uma nova abordagem sobre o objeto, novas tecnologias, obras que não se classificam de uma forma só, sem excluir as expressões artísticas convencionais.

 

 

 

Arte em campo instável

 

Luiza Interlenghi situa a exposição em um recorte da arte em campo instável, área que pesquisa há quatro anos. “Buscamos mostrar as poéticas de artistas que se posicionam em uma transição, entre espaços tradicionais da arte e os não artísticos, galerias e ruas, subvertendo a relação do trabalho com as instituições”, explica. “Outra discussão que está presente em trabalhos de vários artistas é a liquidez de fluxo, de sociedade de transição, de uma cultura movente, que demanda sempre um posicionamento individual a cada momento”. Ela ressalta que esta é uma discussão já travada nas ciências sociais por ZygmuntBauman e Anthony Giddens, mas “que permite um olhar para esta produção contemporânea que lida com este fato de uma maneira poética, lúdica, às vezes crítica”. “A curadoria acolheu a transição, os processos, as linguagens dos artistas, e dialogou com o espaço da Fundição. Vai haver um espaço de reflexão, de conversa, de estar, uma sala multiuso, com vídeos, publicações de arte, disponíveis para o público”, destaca.

 

 

Poesia expandida

 

Sonia Salcedo acentua que as obras da exposição lidam com essa questão da arte fora do cubo hermético, branco. “Buscamos reunir elementos das artes visuais que tratassem desse aspecto, esta confluência dessas linguagens mais transitórias, que deu origem a esta proposta de ‘Ponto Transição’, ao invés de objetos de arte convencionais”. Ela acentua que a expografia não será apenas uma arquitetura expositiva, e sim “uma extensão, no espaço, do conceito curatorial”. “A exposição lida com essas camadas de um processo de hibridização da arte, no qual as categorias, os modos antes evocados para uma classificação, essas barreiras são destituídas, desmoronam, e nos estilhaços há uma migração de linguagem, meios, suportes, em que se encontra um terreno muito profícuo da poesia expandida, que é pra onde converge meu entendimento do fazer curatorial”, explica. Ela acrescenta que a curadoria buscou “familiarizar o espaço com a poética que cada artista está desenvolvendo”. “Não existe um roteiro, uma circulação linear”, diz.

 

 

De 1º a 18 de setembro.

Muro de Som

13/ago

Muro de som é o projeto do artista Floriano Romano, sob curadoria de Guilherme Bueno, idealizado especialmente para o Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas, no bairro de Santa Teresa, centro do Rio de Janeiro. O artista constrói um ambiente sonoro dentro do mundo – uma casa sonora – através dos seguintes trabalhos:

 

– Cúpulas sonoras [duas] estarão na escada de acesso ao pátio da casa. Elas contam histórias que apontam para um mundo possível e não para o que se passou na construção. É ficção e não documento;

 

– Espreguiçadeiras [três] se situam no mirante do Parque das Ruínas. São munidas de alto-falantes, na cabeceira, com som de mar, que contrasta com a paisagem, aqui entendida como ondas de luz. Romano propõe o hábito da escuta, deslocando o sonido  do mar para a espreguiçadeira;

 

– Muro de som são duas paredes de 330 x 170cm instaladas no coração da edificação, com 32 alto-falantes incrustrados em cada uma, que emitem som de vento. Esse registro foi feito com a expiração do artista;

 

– Binóculos sonoros [três] ficam no ponto mais alto do prédio.  Cada um aponta para uma ruína ou um castelo. Eles emitem histórias ficcionais, relacionando ruínas com memória, com história e com sonho. Se o visitante quiser mover o binóculo para além do limite determinado pelo artista, ouvirá uma espécie de microfonia.

 

A expressão “muro de som” ficou conhecida na cultura popular pelas técnicas de gravação do produtor musical americano Phil Spector nos anos 1960|70. “Resumidamente, tratava-se de uma camada de fundo criada pela execução de um mesmo som por vários músicos, como em uma orquestra, com a particularidade de usar guitarras e outros instrumentos da música pop (sem abrir mão de coros, conjuntos e instrumentos clássicos), provocando a sensação de ser envolvido por uma massa invisível, uma atmosfera sonora”, explica o curador Guilherme Bueno.

 

Muro de Som foi contemplada pelo Programa de Fomento à Cultura Carioca da Secretaria Municipal de Cultura (SMC).

 

 

Sobre o artista

 

 

Floriano Romano nasceu no Rio de Janeiro,1969. Doutorando em Linguagens Visuais e professor-assistente de escultura na Escola de Belas Artes da UFRJ. Ele  trabalha com intervenções urbanas e sonoras, abertas à participação do público. Entre os prêmios e bolsas conquistados pelo artista estão: Prêmio CCBB Contemporâneo e Programa de Fomento Viva a Arte da Prefeitura do RJ (2015), Prêmio Projéteis de Arte Contemporânea [Funarte] e o Prêmio Marcantônio Vilaça, da Funarte (2012);  Prêmio Interações Estéticas da Funarte com o trabalho “Sapatos Sonoros” (2009) e Prêmio Projéteis de Arte Contemporânea com a performance Sample Way of Life” (2008). Sua performance com a mochila sonora “Falante” foi premiada no Salão de Abril, Fortaleza, em 2007, e participou da coletiva “Futuro do Presente”, no Itaú Cultural São Paulo. Em 2000-1 ganhou a bolsa de Artista Residente pela Câmara Municipal do Porto, Portugal, e, em 2008, a Bolsa de Estímulo às Artes Visuais da Funarte, com o projeto de intervenção urbana “Lugares e Instantes”. Ele fez mostras individuais na Galeria Laura Alvim em 2013,  “Sonar”, no CCBB RJ, em 2016, “Errância” e foi um dos participantes do projeto HOBRA – Residência Artística Holanda Brasil, no Rio, também em 2016. Entre várias outras coletivas, Romano realizou, em 2011, o projeto INTRASOM no MAM Rio e participou das coletivas Panorama da Arte Brasileira no MAM SP e “Voces Diferenciales”, em Havana, Cuba. Em 2009 integrou a 7ª Bienal do Mercosul, “Grito e Escuta”. Esteve na “Mostra Desenho das Ideias” com a ação sonora “Crude”, de Guilherme Vaz, usando a arquitetura do museu como instrumento para a composição, e na “Mostra Absurdo”, com seus “Chuveiros Sonoros”. Participou da coletiva “Desenhos&Diálogos” em 2010, na Anita Schwartz, RJ, através da qual expôs também na ArtRio 2011.

 

 

De 14 de agosto a 25 de setembro.