Natureza franciscana

26/fev

O MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo, Parque do Ibirapuera, Av. Pedro Álvares
Cabral, s/nº – Portão 3, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Natureza franciscana”, uma noção contemporânea da relação colaborativa entre o ser humano e a natureza. Com curadoria de Felipe Chaimovich, a mostra é organizada a partir das estrofes do “Cântico das Criaturas”, canção escrita por Francisco de Assis, provavelmente entre 1220 e 1226, reconhecida como texto precursor das questões referentes à ecologia.

 

Para contemplar a linha de arte e ecologia, o curador selecionou artistas que utilizam elementos da natureza em suas produções, reunindo 18 obras da coleção do museu somadas a 19 empréstimos, totalizando 37 trabalhos que são exibidos em diferentes suportes como fotografia, desenho, gravura, vídeo,  livro de artista, instalação, obra sonora, objeto, escultura e bordado. “As obras originam-se de relações com os elementos descritos no Cântico: sol, estrelas, ar, água, fogo, terra, doenças e atribulações e, por fim, a morte”, explica Chaimovich, um estudioso da obra de Francisco de Assis há 15 anos.

 

 

Sobre a exposição

 

Dividida conforme os elementos citados na canção” Cântico das Criaturas”, de Francisco de Assis, a mostra começa com o sol representado pela fotografia em cores “Lâmpada”, de 2002, da artista Lucia Koch, ao lado das fotografias em preto e branco “The celebration of light”, de 1991, de Marcelo Zocchio, e dos 12 livros da série “I got up”, 1968/1979, do japonês On Kawara.

 

O elemento água é tematizado pelas fotografias “A line in the arctic #1” e “A line in the arctic #8”, 2012, do paulistano Marcelo Moscheta, e pelas obras relacionados ao projeto Coletas, da artista multimídia Brígida Baltar, que incluem imagens da série “A coleta da neblina”, entre 1998 e 2005, cinco desenhos em nanquim sobre papel de 2004, a escultura em vidro” A coleta do Orvalho” de 2001 e o vídeo “Coletas” de 1998/2005.

 

Em contraponto, o fogo é simbolizado pelo vídeo “Homenagem a W. Turner”, de 2002, de Thiago Rocha Pitta, e pelos vestígios de fumaça sobre acrílico e sobre papel feitos pela escultora e desenhista Shirley Paes Leme. O elemento ar fica a cargo da escultura “Venus Bleue”, do artista francês Yves Klein. As estrelas são apresentadas por meio de sete fotografias do alemão Wolfgang Tillmans. Representando a terra, são expostas 30 caixas de papelão cheias de folhas e galhos de árvore embalados em plástico, papelão e fotografias em cores, instalação feita em 1975, por Sérgio Porto, além do relevo em papel artesanal, de 1981, de Frans Krajcberg.

 

As doenças e atribulações são tematizadas pela instalação “Dis-placement”, 1996-7, de Paulo Lima Bueno: numa sala com mobiliário, frascos de remédio, rosas, lona, giz e tinta, o artista demonstra os caminhos percorridos por ele para alcançar e tomar todos os remédios para combater os efeitos da Aids, antes do surgimento dos coquetéis anti-HIV. A artista “Nazareth Pacheco” exibe série de fotografias em preto e branco, de 1993, que mostram a malformação congênita do lábio leporino, dentes, raio-x e objeto de gesso.
Por fim, a morte é representada pelo último tecido bordado por José Leonilson antes de falecer, em 1993. Permeando a exposição, a instalação sonora “Tudo aqui”, de 2015, da artista Chiara Banfi, alcança todo o espaço expositivo e abrange todos os elementos representados.

 

 

A palavra do curador

 

Francisco de Assis pode ser considerado fundador da ecologia. Para ele, o ser humano tem uma relação de colaboração com os elementos naturais: a natureza não é subordinada aos interesses humanos. Embora o ser humano se posicione como uma parte singular da natureza, os demais elementos devem ser tratados por nós como membros de uma só família universal.

 

Francisco de Assis escreveu uma letra de música com suas ideias: o “Cântico das Criaturas”. Desde jovem ele cantava trovas de amor em francês. Nos últimos anos de sua vida, escreveu o “Cântico” na língua de sua terra natal, na Itália; nele, os diversos elementos naturais e as fases da vida são acolhidos como irmãos e irmãs.

 

Depois da morte de Francisco de Assis, em 1226, os Franciscanos incentivaram um novo olhar para o universo, enxergando nele traços de uma mesma geometria que uniria o pensamento humano aos elementos naturais. Os Franciscanos incentivaram a descoberta da perspectiva a partir dos estudos da geometria da luz e, assim, o nascimento da arte fundada no desenho em perspectiva.

 

Reunimos aqui artistas que colaboram com elementos da natureza e da vida em seus trabalhos. As obras estão agrupadas conforme as partes do “Cântico” de Francisco de Assis: sol, estrelas, ar, água, fogo, terra, doenças e atribulações, morte. A relação entre arte e ecologia torna-se evidente ao compreendermos a posição fundadora de Francisco de Assis em nossa cultura.

 

Artistas convidados: Lucia Koch, Marcelo Zocchio, On Kawara, Marcelo Moscheta, Brígida Baltar, Thiago Rocha Pitta, Shirley Paes Leme, Yves Klein, Wolfgang Tillmans, Sérgio Porto, Frans Krajcberg, Paulo Lima Buenoz, Nazareth Pacheco, José Leonilson e Chiara Banfi.

 

 

De 27 de fevereiro a 05 de junho.

Elegia para Israel Pedrosa

23/fev

Mestre Pintor Israel Pedrosa, adeus.

Breve notícia sobre o sonho do sonhador.

por Jacob Klintowitz

 

 

Na sua última semana entre nós Israel Pedrosa e eu falamos várias vezes por telefone. No dia 5 de fevereiro, ele estava contente por ter terminado o seu monumental livro “Dez aulas magistrais. Genealogia da cor inexistente.” e a sua voz estava risonha. A distância nos permite imaginar e eu via a sua alegria. No dia 7.2, num domingo, Israel morreu.

 

A minha opinião sobre as “Dez aulas…”,  se transformou, a seu pedido, numa epígrafe do livro. Seremos quatro no frontispício: Dante, Petrarca, Marco Luchesi e eu. Como sempre, quando homenageamos a obra do Israel, somos nós os honrados, como foi neste caso, ao me colocar junto com estes três gigantes.

 

 

A minha epígrafe é a seguinte:

 

“Não conheço nenhum livro nos séculos vinte e vinte e um que seja capaz de educar a nossa sensibilidade tanto quanto este “Genealogia da Cor Inexistente”. Talvez por não desejar nos convencer de nada, mas apenas contar de seu extremo amor aos deuses da arte, este livro seja ainda mais eficaz e comovente. Israel Pedrosa pertence a esta família artística dos que ampliam a nossa percepção. Muito jovem percorri bibliotecas à procura da minha verdadeira identidade. É uma felicidade, já provecto, encontrar num só livro tão claro panorama de artistas iluminados capazes de elevar a nossa sensibilidade e nos tornar mais humanos.”

 

Eu sabia do extremo amor de Israel Pedrosa por Cândido Portinari, seu mestre e amigo. Para alegrá-lo eu escrevi também uma frase para abrir o capítulo dedicado a Portinari. A lealdade histórica para Israel Pedrosa era um princípio fundamental de vida. Aliás, para mim, também.

 

 

Epígrafe para “Portinari”.

 

“Eu o considero o marco afirmativo do nosso modernismo,  criador de uma obra monumental, autor da odisseia sobre a nossa vida e a nossa gente. Além disto, a qualidade estética de Portinari, a grandeza de seus temas, a ousadia de interpretação e a coragem de escolha de assuntos, com dificuldades infinitas, o caracterizam como um grande artista. “

 

“Portinari é o narrador de mitos, o nosso Homero. E na sua obra encontramos a imobilidade da tragédia, o tempo paradigmático do símbolo e a ausência da agitação do simples drama. Portinari é a tessitura que organiza e forma a base da arte brasileira, a marca da nossa maturidade, o ponto alfa, do qual podemos contemplar o nosso panorama.”

 

Israel Pedrosa  teve o sonho mais nobre que um artista pode ter; ele sonhou em pintar com a luz. E a sua vida foi a vivência desta vontade. A sua pesquisa sobre a cor e a refração da cor e a possibilidade de pintar também com a cor física, celebrada no livro “Da cor à cor inexistente”, é um momento nobre da arte no século vinte.  Pedrosa, pintor e professor, pintou e ensinou e a sua última aula levou 20 anos de preparo e é este “Dez aulas magistrais”.

 

Existem homens cuja vida é idêntica ao seu destino, a tal ponto que não podemos distinguir um do outro. Israel Pedrosa foi um destes raros. É impossível imaginar a vida de Israel Pedrosa sem a sua longa pesquisa sobre as cores e sobre o seu destino de acrescentar à sensibilidade da nossa época a poética do pintor: eu sou um pintor, disse Paul Klee. Israel Pedrosa poderia ter dito: eu sou um pintor que pinto a luz com a luz.

 

Durante os últimos vinte anos Israel Pedrosa estudou os métodos de pintar, “à maneira de”, dos seguintes artistas, que costumava chamar de “meus Deuses”: Leonardo da Vinci, Hieronymus Bosch, Vermeer de Delft, William Turner, Paul Cézanne, Vincent Van Gogh, Paul Klee, David Alfaro Siqueiros, Cândido Portinari, Jackson Pollock.  E durante este período escreveu e pintou a vida secreta, intima, destes artistas, para ele, Mestres Divinos. Ele nos contou e demonstrou como eles sentiam e como eles tornaram às suas intuições em obras primas.

 

Ao cabo de 20 anos, o último raio de sol de sua visão terminou com a última pincelada. Israel estava praticamente cego. Uma semana depois, eu acrescentei a minha opinião sobre este livro que acompanhei passo a passo, desde a ideia original, o primeiro desejo, até a sua finalização.

 

Na quarta feira, dia 4, ele me telefonou e disse que soubera tardiamente que o Octávio Araújo morrera. “Éramos quatro em Paris: Octávio, Gruber, Ventura e eu. Agora só resta eu e Ventura e ele está doente”. Ele me pediu que eu enviasse o texto que escrevi quando da morte do Octávio. Ele sabia que eu consideraria a grandeza do Octávio. Eu prometi e enviei o “Canto para Octávio Araújo”. Foi o último texto que o Israel Pedrosa leu, o relato da vida do seu velho amigo Octávio Araújo no que ela tinha de único escrito por este seu amigo de uma geração mais recente.

 

Não tenho vontade de dizer, como Simone de Beauvoir, no seu magnífico “A cerimônia do adeus”, quando da morte de Sartre: ”Sua morte nos separa. Minha morte não nos reunirá.”. Eu sinto que as pessoas significativas permanecem amalgamadas conosco, fazem parte indissolúvel do que somos.

Obra e livro de Paulo Pasta

15/dez

A Galeria Millan, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta até 19 de dezembro, a nova exposição individual de Paulo Pasta “Há um fora dentro da gente e fora da gente um dentro”, verso do poeta Francisco Alvim. A mostra marca a inauguração do novo espaço da Galeria: o Anexo Millan e a exposição ocupará simultaneamente os dois endereços da Millan na cidade.

 

No espaço tradicional da galeria serão expostas telas abstratas, marcadas por uma intensa e ambígua atmosfera cromática e refinada estrutura geométrica, que são responsáveis por seu inquestionável protagonismo na pintura contemporânea brasileira. Mas junto delas será possível ver uma das paisagens produzidas recentemente pelo artista tomando como ponto de partida o entorno de sua cidade natal, Ariranha.

 

No Anexo Millan, situado a poucos metros de distância da galeria, o mesmo processo de fricção estará presente no bloco expositivo. Dedicado às paisagens, o novo espaço abrigará ainda uma enorme pintura feita na parede. Na abertura, foi lançado livro “Fábula da Paisagem”, com 28 paisagens do artista.

Fotografia de moda

24/nov

A Luste Editores promove o lançamento do livro “Quadros de Moda – Fotografia Contemporânea na Moda Brasileira”, com curadoria de Graziela Peres, Paulo Martinez e Waldick Jatobá, dia 26 de novembro, quinta-feira, às 19h, na Livraria Cultura, no Shopping Iguatemi São Paulo, Jardim Paulistano. No intuito de criar uma reflexão sobre o tema proposto, a publicação reúne trabalhos de 29 fotógrafos, atuantes e de extrema relevância na construção da indústria de moda no país, e aborda o lado artístico na realização das imagens, destacando o olhar preciso do artista em seu processo criativo.

 

Deixando de lado a sedução dos elaborados editoriais de moda, os profissionais Graziela Peres, Paulo Martinez e Waldick Jatobá se unem para a criação deste projeto pioneiro, um compêndio de fotografia de moda brasileira, sob a perspectiva do fotógrafo como artista. “Artista esse cuja missão primordial, e ao mesmo tempo misteriosa, é a de obter a impressão real do movimento, que está sempre relacionada com a dinâmica cotidiana”, comentam os curadores. Após inúmeras reuniões e uma pesquisa aprofundada e criteriosa em acervos que contemplam mais de 5 mil imagens, surgiu a publicação impar com o padrão de qualidade da Luste Editores. Além das obras mais icônicas de cada fotógrafo, o livro ainda conta suas trajetórias, experiências e “marcas registradas” na hora de capturar as cenas. Citando alguns nomes que compõem este poderoso time de artistas com imagens publicadas: André Schiliró, Bob Wolfenson, Daniel Klajmic, Felipe Morozini, Gui Paganini, Isabel Garcia, Jacques Dequeker, Klaus Mitteldorf, Renato de Cara e Vicente de Paulo, entre vários outros.

 

Ao evidenciar a linguagem artística de cada fotógrafo, “Quadros de Moda – Fotografia Contemporânea na Moda Brasileira” oferece uma gama de imagens que transcende a eficácia de textos e conceitos teóricos, uma vez que tais fotografias relatam, por si só, as mudanças culturais e de comportamento, bem como os momentos históricos e rupturas sociais ocorridos no Brasil – vistos, aqui, sob uma ótica por trás das grandes criações, editoriais e desfiles. Nas palavras de Luciane Fransciscone, gerente geral de marketing das Lojas Renner, apoiadora do projeto: “E qualquer semelhança com a arte não é mera coincidência. O fotógrafo extrai do momento sua própria obra, a partir de um olhar particular e delicado para as muitas possibilidades a sua frente. Escreve sem lápis e papel: basta um clique”.

 

Fotógrafos: Andre Schiliró, André Passos, Bob Wolfenson, Claudia Guimaraes, Cristiano Madureira, Daniel klajmic, J. R. Duran, Fabio Bartelt, Felipe Morozini, Fernado Louza, Gil Inoue, Gui Paganini, Gustavo Zylbersztajn, Henrique Gendre, Isabel Garcia, Jacques Dequeker, Klaus Mitteldorf, Marcelo Gomes, Marcelo Krasilcic, Marcio Simnch, Murillo Meirelles, Nicole Heiniger, Paulo Bega, Paulo Vainer, Renato de Cara, Rogério Cavalcanti, Tiago Molinos, Vavá Ribeiro, Vicente de Paulo.

EAV Parque Lage/ livro 40 anos

17/nov

A Escola de Artes Visuais do Parque Lage promove dia 18 de novembro de 2015, às 19h, o lançamento do livro “O que é uma escola livre?” (Oca Lage e Editora Cobogó, 2015), uma compilação de mais de cem depoimentos escritos especialmente a convite da diretora da instituição, Lisette Lagnado. A publicação reúne mais de cem depoimentos de artistas, críticos, poetas, pensadores, professores, estudantes, curadores e dirigentes de instituições no Brasil e no exterior, que responderam à pergunta: “O que é uma escola livre?” Na noite de lançamento haverá leitura de trechos do livro, projeções no Palacete de imagens históricas, a cargo da artista Tina Velho e seus alunos do Núcleo de Arte e Tecnologia da EAV, em sincronia com obra sonora de Franz Manata e Saulo Laudares.  

 

“Como celebrar os quarenta anos de uma das instituições mais cultuadas da cidade por seu compromisso com a redemocratização do país e a emergência de novos valores?”, indaga Lisette Lagnado no texto de apresentação. “Este modesto livro se propõe a interrogar o futuro de uma escola de arte consagrada por uns e outros como ‘lugar anárquico’ ou espaço para trocas, ‘jardim da oposição’ e invenção de percursos, espaço mítico de experiência e formação de plateias”, explica. “Longe de pretender ser exaustivo, procurou-se dar voz às múltiplas e contraditórias expectativas em torno da missão de uma escola de arte no século 21”. Lisette Lagnado conta que os depoimentos poderiam ter até trezentas palavras, serem “uma única frase, ou ainda virem na forma de uma imagem”. “A publicação contemplou professores fundadores e atuais, ex-diretores, ex-alunos e estudantes em vias de formação, além de artistas e figuras públicas que tenham passado pela EAV ou se dediquem à difusão da arte e da cultura”, destaca.

 

Marcio Botner, presidente da Oca Lage, organização social que administra a Escola, instituição pertencente à Secretaria Estadual de Cultura, diz que a EAV Parque Lage “é o Taj Mahal da cultura”. “Foi um presente de amor de Henrique Lage para sua mulher, a cantora lírica Gabriella Besanzoni”, e que seria “importante conhecermos o passado e entendermos o presente para darmos um salto para o futuro. Isto é que é liberdade!”. Para a elaboração do livro, Lisette Lagnado coordenou uma comissão editorial integrada por Fernando Cocchiarale, Helio Eichbauer e Roberto Conduru (que formam a Comissão de Ensino da Escola), Marcio Botner, e Marcelo Campos, coordenador do Memória Lage, projeto selecionado pelo Edital Petrobras 2012, que reuniu, catalogou e digitalizou cinco mil documentos do acervo da EAV Parque Lage. “O que é uma escola livre?” integra uma série de atividades em torno das comemorações dos 40 anos da Escola de Artes Visuais do Parque Lage.

 

 

Sobre a EAV Parque Lage

 

Fundada em 1975 pelo artista  Rubens Gerchman (1942-2008), que a dirigiu até 1979, a EAV Parque Lage é uma referência no país pela liberdade criativa e seu caráter pluridisciplinar, e também está intimamente ligada à cidade do Rio de Janeiro, por suas atividades artísticas e culturais. Foi cenário de emblemáticos filmes do Cinema Novo, como “Terra em Transe” (1967), de Glauber Rocha, e “Macunaíma” (1969), de Joaquim Pedro de Andrade, e ainda de “O homem do Rio” (1964), de Philippe de Broca, com Jean-Paul Belmondo e Ariane Mnouchkine. A Escola de Artes Visuais do Parque Lage ocupa uma área de cerca de 175 mil metros quadrados, à beira da Floresta da Tijuca, e aos pés do Corcovado, e tanto sua área verde, com variedade de espécies da Mata Atlântica, como seu conjunto arquitetônico, são tombados como patrimônio paisagístico, ambiental e cultural pelo IPHAN. Seu Palacete-sede foi construído em 1924 pelo empresário Henrique Lage para sua mulher, a cantora lírica Gabriella Besanzoni (Roma, 1888-1962), e o casal se notabilizou pelas festas e saraus que ofereciam à sociedade da época.

 

 

Sobre a Cpobog

 

Criada em 2008, a Editora Cobogó é especializada na publicação de livros sobre arte e cultura contemporâneas. Entre os diversos títulos lançados estão livros de Andy Warhol (A filosofia de Andy Warhol  e Popismo), Hans Ulrich Obrist (Hans Ulrich Obrist – Entrevistas vols. 1 a 6, Caminhos da Curadoria); Ariane Mnouchkine (A arte do presente);  John Cage (De segunda a um ano);  Merce Cunningham (O dançarino e a dança), além das coleções Dramaturgia, com importantes textos do teatro contemporâneo brasileiro e internacional, e O Livro do Disco, que mergulha no universo de álbuns emblemáticos da história da música brasileira e internacional. Em artes visuais, o catálogo da editora inclui as monografias bilíngues dos artistas brasileiros contemporâneos Adriana Varejão, Erika Verzutti, Nuno Ramos, Efrain Almeida, Rivane Neuenschwander, Paulo Nazareth, Laura Lima, Rodrigo Andrade, Luiz Braga, Alexandre da Cunha e Paulo Monteiro, entre outros. Além disso, também foram publicados os panoramas Pintura Brasileira séc. XXI, Desdobramentos da Pintura Brasileira séc. XXI, Fotografia na Arte Brasileira séc. XXI e Outras Fotografias na Arte Brasileira séc. XXI.

 

Livro de Inos Corradin

16/nov

O crítico de arte Jacob Klintowitz comunica que o pintor Inos Corradin homenageará a sua cidade de eleição, Jundiaí, São Paulo, SP, com uma exposição de pinturas na bela sede do SESC. Também na programação, o lançamento do livro de sua autoria sobre o trabalho do artista, denominado “O ilusionista na estrada”. O conhecido crítico afirma ainda que terá “….a alegria de dar uma palestra sobre o extraordinário percurso de sua pintura e o diálogo que ela mantém com a Commedia dell’arte e com a nossa época”.

 

 

A palavra do autor e crítico de arte

 

A seguir, um recorte mínimo do que Jacob Klintowitz já escreveu sobre o artista e cuja síntese emocional é: “…ao fim e ao cabo, em Inos Corradin todo mar é lua e toda lua é sonho”.
“A alma manifesta do trabalho de Inos Corradin, aquele que o acompanha desde sempre, o Ilusionista, o mágico, este artista da transformação e das aparências…”.

 

“Talvez Inos Corradin seja só um pintor poeta, esteja entre aqueles cuja obra pretenda traçar um mapa do labirinto incompreensível e indecifrável que é a nossa vida neste universo feito de formas que englobam formas e de presenças que não vemos”.

 

“O cotidiano, para os paisagistas, adquire uma notável identidade. De certa maneira, ao imaginar ou colher um fragmento, o paisagista inventa a paisagem: ele acorda a memória do Paraíso.”

 

 

A partir de 24 de novembro.

Na dotART em Belo Horizonte

A renovada Galeria dotART, bairro Funcionários, Belo Horizonte, MG, apresenta na galeria 1, a exposição coletiva “O dia se renova todo“, e na galeria 2, a primeira exposição individual do fotógrafo Fabiano Al Makul denominada “Outros olhos para ver”. No mesmo dia, lança os livros/obra “Galáxias“, de Antonio Dias e Haroldo de Campos e “Galpão Gaveta“, de Paulo Climachauska. Com 41 artistas e 50 obras a coletiva “O dia se renova todo dia” apresenta: pinturas, desenhos, fotografias, gravuras, objetos e esculturas. Os artistas foram convidados pelo curador Wilson Lazaro, diretor artístico da galeria, que exibe a primeira grande mostra e apresenta o conceito da nova identidade da dotART, desenvolvida pelo designer Felipe Taborda.

 

 

O time escalado para as duas exposições e lançamentos é composto dos mais diversos idiomas visuais: Adriana Varejao, Janaína Tschape, AnishKapoor, Leonilson, Cássio Vasconcellos, Pedro Varela, Paul Morrison, Richard Serra, FransKrajcberg, Rubem Ludolf, Tomás Saraceno, Ivan Navarro, Sarah Morris, PhilipeDecrauzat, Lygia Pape, Rubem Valentim, Rubem Ianelli, Alexander Calder, Iole de Freitas, Nelson Felix, Cildo Meireles, Michael Craig-Martin, Antonio Dias, Paulo Pasta, Paulo Climaschauska, Volpi, Andy Warhol,Wanda Pimentel, Lucia Laguna, Marina Saleme, Celso Orsini, Nelson Leirner, Anna Maria Maiolino, Paulo Campinho e Marina Rheingantz.

 

 

Sobre Antonio Dias e o livro obra “Galáxias”

 

Antonio Dias nasceu em 1944, em Campina Grande, na Paraíba e, ainda criança mudou-se para o Rio de Janeiro. Artista multimídia, tem a pintura como elemento de forte presença em seu trabalho. Em meados dos anos sessenta, ganhou uma bolsa do governo francês e foi morar em Paris. Depois de um longo período no exterior, entre Milão, na Itália, e Colônia, na Alemanha, volta, em fins dos anos noventa, a dividir seu tempo com o Brasil, onde tem residência no Rio de Janeiro. O projeto desenvolvido por Antonio Dias junto com Haroldo de Campos (1929-2003) no começo da década de setenta, leva o mesmo nome do famoso livro-poema do poeta concretista – “Galáxias”. E, mais de quarenta anos depois, ganha a participação da designer Lucia Bertazzo em sua produção. Com edição de 93 exemplares, e grande formato – 70cm x 50cm com 7cm de altura – “Galáxias” é um estojo de fibra de vidro revestido em tecido, que contém, em cada exemplar, um conjunto de 32 objetos feitos pelo artista, agrupados e acondicionados em dez caixas de madeira impressa com peles, tema presente em sua obra. Esses objetos – foram realizados manualmente – revêem a trajetória artística de Antonio Dias no período dos anos setenta. A realização de “Galáxias”, a cargo da UQ/ Aprazível Edições, demandou quatro anos de cuidadoso trabalho, com centenas de provas e protótipos, e grande diversidade de materiais empregados: tecido, acrílico, foam, plástico, algodão, pergaminho. As formas de impressão também variam entre fotogravura, tipografia, hot stamping, serigrafia e pouchoir. Metade da edição foi adquirida por colecionadores e importantes museus: MAC de Niterói (Coleção João Sattamini), MAM Rio (Coleção Gilberto Chateaubriand), Pinacoteca  de São Paulo e MoMA de Nova York.

 

 

Sobre Paulo Climachauska e o livro obra “Galpão Gaveta”

 

A obra de Paulo trabalha, sobretudo, com a operação de subtração e de retirada. Trata-se de um déficit que vai além da abstração numérica e se aproxima de questões econômicas, sociais e políticas, mesmo quando o artista elege a natureza como tema. No texto que acompanha a obra de 7 itens e 18 exemplares está escrito: “O Galpão Gaveta, este que você acabou de ler, começou a ser habitado em junho de 2012. Galpão é o lugar em que o extrato dos seres e o sumo das coisas se depositam. Eles podem ser habitados, sim!, por poéticas e por traços. É o que decidiu fazer Paulo Climachauska ao recolher réguas e compassos, telas e tintas, papéis e espelhos. Tudo colecionado dentro de seu imaginário e transformado em matéria-viva: o Galpão Gaveta.” Uma gaveta pode ser uma obra de arte? Pode. Uma não, muitas. O Galpão Gaveta, invento que se atribui ao artista Paulo Climachauska, traz dentro de si uma multidão de objetos. Vamos contar?

 

1. Um estojo em aço, pintado na cor laranja, de 50 x 40 cm (com 9 cm de altura) que contém… uma gaveta. 2. A gaveta, por sua vez, contém seis outros objetos. 3. O primeiro é uma pintura original sobre cartão telado em cada exemplar. Isso mesmo: um original em tinta acrílica, assinado no verso. 4. O Livro de Areia, revestido em tecido, traz arabescos gráficos do que se passa pela cabeça do artista. 5. Já o Livro dos Espelhos, também revestido em tecido, se entreabre num firmamento de números. 6. Outro estojo contém cinco gravuras e um surpreendente texto, todos impressos em serigrafia sobre acetato, revelando galpões em perspectiva – aqui denominados de “Catedrais”. 7. Uma dupla de esquadros em aço niquelado sai do berço da caixa e ficam de pé, como se esculturas fossem.

 

 

Sobre Fabiano Al Makul

 

Fabiano Al Makul é apaixonado, vai ao mundo pelo coração. Sua pesquisa não é sistemática.Os temas parecem escolhidos ao acaso, como se começasse sempre pela curiosidade. Pode ser uma canção musical, um encontro… e ao fim a imagem é sempre um gesto de afeto. Suas representações formam histórias, têm a ver com a liberdade que existe na ficção. Fantasias e sonhos: esse é sempre o começo do criar desse artista. Ele quer fazer você se emocionar diante das suas criações! Uma boa criação é construída com amor, por nuances de cores e lembranças de lugares. Há um momento especial onde o autor captura a passagem da vida e a coloca junto com o sentir “arte”. A beleza da imagem tem o poder da transformação de cada dia vivenciado, é realidade presente em quase todas as esferas do cotidiano, da estética. Vale lembrar a história da arte e seus segmentos, que conseguiam estabelecer-se porque havia “beleza” em todos os movimentos. A cor, o movimento e a música se unem ao desejo e à fragilidade, em momentos únicos da vida e em cada cena retratada por Fabiano nas suas composições visuais. Sua fotografia cria um frescor raro, que está nos romances, na alma da velha-guarda do samba, nas canções populares, nas viagens, nos lugares, na arquitetura e nas pessoas… cada um, quando entra em contato com sua obra, sente que ele traz à superfície um mundo híbrido, onde os limites entre as culturas, os meios ou linguagens são cada vez mais indefinidos. É com um “olhar de beleza” que poderemos ultrapassar quaisquer fronteiras ainda demarcadas e admirar, sentir e penetrar nas criações exibidas. O artista captura suas imagens no instantâneo da ação de ver, registrando com novo olhar as cenas do cotidiano e “escrevendo” textos com rimas de luz e sombra. Esse é o nosso poeta Fabiano!

 

Sobre a Galeria dotART

 
A dotART foi criada por Feiz e Maria Helena Bahmed nos anos setenta e é pioneira na divulgação e promoção da arte  em Belo Horizonte e no estado de Minas Gerais. Agora, surge a renovada Galeria dotART, que, com planejamento e pesquisa, desenvolve um plano para a carreira de cada um dos artistas que representa na região buscando as soluções mais criativas e eficientes, apoiados em pesquisa, consultoria, curadoria, publicações e gestão de projetos para as instituições.

 

A renovação acontece. Fernando Bahmed e Leila Gontijo são herdeiros de Maria Helena e Feiz, atuam no mercado de arte, e assumem a galeria trazendo novo vigor para os projetos. Luciana Junqueira, passa a fazer parte da dotART. Ao grupo, somam-se Wilson Lazaro, diretor artístico, e toda a equipe: Felipe Taborda, Francisco Santos, Hélio Dalseco, Ivanei Souza, Jéssica Carvalho, Robson Gomes e Sérgio Souto.

 

Ao longo dos últimos 40 anos, vários artistas já passaram pela galeria: Volpi, Amilcar de Castro, Leda Catunda, Frans Kracjberg, Cildo Meireles, Fernando Lucchesi, Marcos Coelho Benjamin, Iberê Camargo, Ianelli, Siron Franco, Bruno Giorgi, Amelia Toledo, Iole de Freitas, Marina Seleme, Sara Ramo, Paulo Campinho, Eduardo Sued, Sonia Ebling, Rubem Valentim, Angelo Venosa, Alexandre Calder, Anish Kapoor, Leonilson, Adriana Varejão, Niura Bellavinha, José Bento, Fabiano AL Makul, Adriana Rocha, Regina Silveira, Gonçalo Ivo, Paulo Pasta, Nelson Felix, Daniel Senise, Iran Espirito Santo, Manfredo de Sousa, Vik Muniz, Fernanda Nanam, Cristina Canale, Ana Horta, Paulo Climachauska, Antonio Dias, Anna Maria Maiolino, Paulo Campinho, José Bechara, Judith Lauand, Hércules Barsotti, Cícero Dias, Celso Orsini, Roberto Magalhães e Wanda Pimentel, entre outros.

 

 

A partir de 25 de novembro.

Legendas: Iole de Freitas

Cassio Vasconcelos

Mauricio Nahas no Museu Afro Brasil

10/nov

O Museu Afro Brasil, Parque do Ibirapuera, acesso pelo porão 3, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, recebe a exposição “D​o Pó da Terra”,​ com 50 imagens em preto e branco feitas pelo fotógrafo Mauricio Nahas no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. A mostra, que tem curadoria de Diógenes Moura, faz parte de um projeto que envolve o lançamento de um livro de fotografias e de um longa documentário, todos produzidos com um mesmo objetivo: revelar quem são e como vivem os artistas da região, em sua maioria mulheres.

 

O projeto “D​o Pó́ da Terra”,​ idealizado pelo produtor e agente fotográfico Fernando Machado, tem como objetivo lançar um novo olhar – mais verdadeiro e sensível – sobre a produção artística em cerâmica e argila dos moradores da região conhecida por sua realidade miserável. Desemprego, seca, altas taxas de mortalidade, alcoolismo, violência e o solo condenado pela monocultura do eucalipto fizeram com que o Vale do Jequitinhonha recebesse o apelido de Vale da Miséria.

 

No ano que o Museu Afro Brasil comemora 11 anos de história, seu Diretor Curador, Emanoel Araujo comenta: “Por certo a sensibilidade de Mauricio Nahas foi tocada pelas paisagens do magnífico rio Jequitinhonha e por sua gente – rostos, mãos de barro batido, sofrimento, muito sol e nuvens cortando a dureza desse mesmo sol que anuncia um céu estrelado para amenizar a noite desse lugar sagrado e profético, o palco da criação desses magníficos artistas” e complementa: “São homens e mulheres, doces criaturas do sertão, livres nas suas imaginações como o pó da terra. Vive toda essa gente a criar outras gentes, outras formas, outras cenas que muitas vezes se tornam realidade, que transcendem a realidade da própria vida, uma espécie de sonho que se realiza das mãos cheias de barro fazendo nascer as fantasias idealizadas.”

 

Em 2013, Fernando Machado e Mauricio Nahas decidiram percorrer o Vale para documentar em um filme a vida em comum entre a figura humana e a natureza das coisas. “O Vale é como uma joia rara, valiosa, que precisava ser vista, preservada e entendida como tal”, conta Fernando Machado. Foram 3.300 quilômetros rodados em sete cidades: Santana do Araçuaí́, Caraí, Minas Novas, Itinga, Coqueiro do Campo, Itaobim e Ladainha. Lá encontraram mulheres fortes, chefes de família, que convivem com alcoolismo, pobreza, falta de perspectiva e abandono dos companheiros que muitas vezes migram por conta do desemprego. Mulheres que através do trabalho artesanal encontraram a chance de sustento para a família. É o caso de dona Zezinha (Maria José Gomes da Silva), uma das artesãs mais prestigiadas da região, que já́ teve seus trabalhos expostos na sede da ONU, em Nova York, em 2013. Outra personagem marcante – e uma das pioneiras entre as artistas do Vale – é dona Izabel (Izabel Mendes da Cunha), criadora das famosas noivas de cerâmica que hoje caracterizam a arte local. Ela começou o trabalho com a argila quando criança, incentivada pelo desejo de ter uma boneca e por ver sua mãe e sua avó fazerem panelas e potes.

 

“Os artesãos do Vale do Jequitinhonha (também naïfs) se apropriam de um instante para em seguida imortalizá-lo em suas obras: o barro, a química da água, a percepção de tudo o que está entre as mãos, a vida/corpo como um filtro. Uma espécie de espelho íntimo onde estão representados os desejos e as esperanças de ir do ontem e do hoje ao muito além. Trata-se de um ato de perpetuação. Da construção de um mundo que surge do interior profundo” explica o curador, Diógenes Moura.

 

As imagens do documentário, que será́ lançado no primeiro semestre de 2016 e que tem produção da Notorious Films e direção de Mauricio Nahas, f​oram captadas em 2013. Já as fotografias que estão no livro e na exposição foram produzidas no começo de 2015 em uma segunda viagem ao Vale, com o objetivo de fotografar as paisagens e personagens mais marcantes. O livro “D​o Pó da Terra” (Edições Notorious Films/208 páginas) tem imagens de Mauricio Nahas e textos de Diógenes Moura, Emanoel Araújo e Fernando Machado, e será́ lançado no mesmo dia da abertura da mostra.

 

 

De 12 de novembro a 03 de janeiro de 2016.

 

A Amazônia de João Farkas

15/out

Entre 1984 e 1993, João Farkas fez várias viagens à Amazônia brasileira para registrar o processo de ocupação da região impulsionada pelo garimpo. João Farkas não só fotografou o cotidiano dos garimpeiros, mas, também, dos ribeirinhos e da própria floresta – sua beleza, o trabalho dos seringueiros e o processo de desmatamento. As incursões do fotógrafo pela região da Amazônia renderam 12 mil fotos, destas, a Galeria Marcelo Guarnieri, selecionou 34 imagens para a exposição “Amazônia”, que estreia no próximo dia 24 de outubro, na unidade Jardins, em São Paulo, SP, inspirada no livro   “Amazônia Ocupada” (Edições Sesc e Editora Madalena), com 120 imagens, que chegará às livrarias em novembro deste ano.

 

O recorte apresentado propõe a releitura de uma visão singular de “Amazônia Ocupada”, de João Farkas. Durante este ano, o projeto do fotógrafo se desdobrou em alguns caminhos:  a individual na galeria, mostrando Sesc Bom Retiro, o livro, a caixa portfólio e uma exposição no Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto. “O que diferencia esta mostra na Galeria  Marcelo Guarnieri – além do lançamento do livro e da caixa portfólio – é que o eixo curatorial recai para a seleção que prima pela liberdade de escolha e o tratamento diferenciado das imagens – sendo muitas delas inéditas ao público, que complementam a visão geo-etnográfica da exposição apresentada anteriormente no Sesc”, afirma João Farkas.

 

Destacam-se as imagens que mostram o cotidiano e a beleza da expressão dos corpos e rostos que compõem este cenário, como nas fotografias “Jovem Kaiapó”, “Índio Uru-Eu-Wau-Wau”, dos garimpeiros, lavradores e das trabalhadoras de bordéis flutuantes. Por outro lado, a espacialidade, a luz, a textura e as linhas geográficas em vistas áreas, imagens de troncos, minas, leitos de rios e garimpos.

 

A caixa portfólio (feita exclusivamente para a mostra) possui apenas 7 (sete) exemplares com 18 fotografias (40 x 27 cm – cada) acondicionadas em caixa de madeira executada pelo Instituto ACAIA.

 

 

Amazônia e Fotografia

 

Ainda criança, João Paulo Farkas esteve na Amazônia com a família. “Aquilo tudo me impressionou muito, desde as feiras e os mercados, com suas frutas, peixes, farinhas, tucupis, até o rosto das pessoas com mistura de sangue indígena. As ruas de Belém com suas mangueiras centenárias e, particularmente, uma visão aérea num voo entre Manaus e Belém, em que víamos de cima aquele rio imenso com seus meandros e igarapés penetrando o tapete verde da mata Amazônica, como se fosse um atlas escolar ao vivo. Aquela imagem nunca me abandonou”, declara.

 

Depois disso, ele foi impactado pelas fotos de grandes revistas, como Manchete, National Geographic e, também, pelos livros de George Love e Claudia Andujar, impressos pela Gráfica Praxis no final da década de 70, que lhe mostraram uma maneira diferente de fotografar a região. “Também tem um gosto muito especial para mim o fato de que a Amazônia estava no radar do fotográfico e cinematográfico Thomaz Farkas, meu pai, a quem eu devo boa parte de minha formação humanística e o amor pelo Brasil e pelo povo. Ele adoraria estar aqui pra ver isto na parede”, completa.

 

Para Farkas, a fotografia sempre terá uma relação direta com a realidade e a leitura que um fotógrafo faz daquilo que o cerca, seu espaço e tempo, e pode impactar o seu público. “Desde que não se abuse desta mídia, a fotografia pode ter um papel de despertar, de mostrar, fazer conhecer. Mas uma coisa mudou desde o final do século 20. Hoje, a fotografia tem que trabalhar muito mais pela sensibilidade do que pela mera exibição de algo. Já não basta mostrar. Com os públicos muito mais expostos a imagens de todos os tipos, o ‘como’ se fotografa passou a ser tão importante quanto o ‘que’ se fotografa”.

 

 

Sobre o artista

 

João Paulo Farkas sempre esteve em contato com a fotografia. Após se graduar em Filosofia pela Universidade de São Paulo, mudou-se para Nova York, onde estudou no International Center of Photography e na School of Visual Arts. Foi fotógrafo correspondente das revistas Veja e IstoÉ e também trabalhou como editor de Fotografia. Ganhou o prêmio ABERTE e Bolsa Vitae de Artes/Fotografia. Seus trabalhos fazem parte de importantes acervos e museus brasileiros e integram o acervo do ICP (International Center of Photography). Em 2015, 16 imagens do fotógrafo passam a integrar o acervo da Maison Européenne de la Photographie, em Paris.

 

 

De 24 outubro a 28 de novembro.

Catálogo de Temporama

05/ago

Neste sábado, dia 08 de agosto, às 16h, o MAM-Rio, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, lança o catálogo da exposição “Temporama”, de Dominique Gonzalez-Foerster, com as presenças da artista, do curador Pablo Leon de la Barra e da atriz Denise Milfont. A mostra, que tem curadoria de Pablo Léon de la Barra, ocupa uma área de 1.800 metros quadrados no segundo andar do MAM, e traz obras emblemáticas da artista produzidas entre 1985 e 1991, que foram reconstruídas pela primeira vez para esta exposição.

 

Está ainda em “Temporama” um único trabalho produzido este ano “uma piscina abstrata” com aparições fotográficas da artista caracterizada como Marilyn Monroe. Dominique Gonzalez-Foerster, que integrou a Documenta XI, em Kassel (2002), ganhará em setembro deste ano mostra no Centre Pompidou, em Paris, e em abril do ano que vem no prestigioso espaço K20, em Düsseldorf, Alemanha. Ela é uma das mais importantes artistas da sua geração, com obras históricas na produção artística internacional dos últimos vinte anos, que sempre integram importantes exposições. Esta é a primeira exposição individual da artista em uma instituição brasileira.

 

A mostra pode ser vista até este domingo, dia 09 de agosto.