Obra de Aguilar em livro

10/mar

O Museu da Casa Brasileira, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, recebe dia 13 de março, para o lançamento do livro “José Roberto Aguilar: 50 Anos de Arte”, do pintor, escultor, escritor, curador, músico e performer. Com textos de Solange Lisboa, introdução de Nelson Aguilar e design de Fernanda Sarmento, é uma retrospectiva da carreira do artista, com cerca de 250 pinturas e 250 fotografias documentais que representam suas principais obras, inserindo-as em seu contexto original e traçando, assim, um panorama da cena cultural brasileira desde a década de 1960 até os dias atuais.

 

Composto por dois volumes, o livro apresenta trabalhos reunidos entre 1960 e 1989, no primeiro tomo, e de 1990 a 2010 no segundo, sendo os capítulos organizados por décadas, apresentando as pinturas de cada período, bem como páginas contextuais com fotos históricas, críticas, documentos e itens relativos a outras áreas além do campo das artes plásticas. Em geral, a publicação revela a facilidade que Aguilar possui de passear por diferentes suportes com total desenvoltura. Nesses 50 anos, o multiartista transitou entre a pintura – além de vídeoarte, vídeoinstalações e performances – e a liderança da “Banda Performática”, que mistura pintura, música, teatro e circo. A admiração pela literatura e pela mitologia torna tais assuntos sempre presentes em sua produção, ao se apropriar da escrita e dos signos, fazendo-os e “transcriando-os” como elementos integrantes em suas telas.

 

Com ritmo dinâmico de leitura, o livro acrescenta informações que podem ser consideradas genuínos recortes da cultura brasileira das últimas cinco décadas, no intuito de construir um relato histórico da relevante obra de Aguilar, bem como da cultura de vanguarda no Brasil.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em São Paulo em 1941, começou a participar da vida cultural brasileira em 1958, através do movimento “Kaos”, manifestação vanguardista de Jorge Mautner que incluía sessões de poesia, literatura e performance. Realizou sua primeira exposição em 1961. Em 1963, foi selecionado para a Bienal Internacional de São Paulo. Participou, em 1965, da mostra Opinião-65, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Recebe o Prêmio Itamaraty na Bienal de São Paulo, em 1967, onde volta a expor em 1969. Na década de 60, centraliza sua ação em seu atelier. Na virada dos anos70, se viu obrigado a viver no exterior, morando em Londres, onde realizou exposição em Birmingham. Retorna ao Brasil em 1973, e faz exposições no Rio e em São Paulo. Vive em Nova York entre 1974 e 1975, onde começa a realizar um trabalho pioneiro de vídeoarte. Participou de vídeoperformances no Beaubourg, em Paris, e no Festival de Vídeoarte de Tóquio, em 1978. Participa novamente da Bienal de São Paulo em 1979. Na década de 80, desenvolve grande atividade como pintor, realizando diversas exposições, inclusive na Alemanha e nos Estados Unidos. Paralelamente, reforça sua imagem de artista multimídia através de inúmeras performances, da criação e apresentações da Banda Performática, da realização de montagens e espetáculos em praças públicas. Compõe músicas, grava discos, escreve e edita livros. Desenvolve suas ligações com a religiosidade e a capacidade humana de transcendência. Nos anos 90, deu continuidade às suas múltiplas atividades e realizou duas mega exposições com quadros de grandes dimensões, no MASP e no MAM/SP (1991 e 1996), além de exposições no exterior. Tornou-se diretor da Casa das Rosas, São Paulo, SP, entre 1996-2002. Trabalhou como representante do Ministério da Cultura em São Paulo até 2007.

Iole de Freitas em novo livro

09/dez

No dia 12 de dezembro, às 18h, Iole de Freitas lança o livro “Para que servem as paredes do museu?”, que documenta sua atuação na Casa Daros,  quando participou do“Programa de residência de pesquisa”, entre 2011 e 2013. O lançamento acontece na própria Casa Daros, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ.

 

Com essa obra, a artista conclui uma etapa de seu questionamento “Para que servem as paredes do museu?”, que continuará a provocar reflexões e novas obras. A pesquisa envolveu a criação de uma obra gigantesca em meio à instabilidade da restauração da casa, em 2011, quando teve de trabalhar em condições “fugazes e temporárias”, para usar uma expressão da própria artista.

 

– No livro está o cerne de todo o trabalho realizado para a pesquisa na Casa Daros – comemora a artista. Na pesquisa, a ideia central foi acompanhar o processo de transformação do edifício, e projetar “utopias para lugares que estão mudando, junto com as ideias”, aponta Eugenio Valdés Figueroa, diretor de arte e educação da Casa Daros.

 

O livro também traz imagens da grande instalação de 100 metros quadrados criada pela artista para a inauguração da Casa Daros, em 2013, além de desenhos, maquetes, esboços e protótipos que nunca foram exibidos na sua totalidade, embasados por um texto que resume o processo: – Foram seis cadernos com anotações e esboços desse trabalho, conta a artista.

 

Uma entrevista de Iole de Freitas com Eugenio Valdés Figueroa é outro acréscimo importante. Os dois falam sobre as fases do projeto e o relacionam com momentos anteriores da obra da artista.

 

– Quero deixar claro que este não é um livro-catálogo, acrescenta Iole. Ao lado da “invasão” de ondas verdes (de policarbonato) há desenhos super delicados. São verdadeiros esboços de arquiteturas impossíveis, revela.

 

Confeccionado em três tipos de papel, o livro tem 104 páginas.

Miguel Rio Branco, o livro

06/dez

A Luste Editores lança “Out of Nowhere”, do pintor, fotógrafo, diretor de cinema e artista plástico multimídia Miguel Rio Branco. O livro é um registro da instalação homônima, criada para a 5ª Bienal de La Habana, 1994, e apresenta uma reflexão do artista sobre a obra e suas inspirações. A exposição “Out of Nowhere” passou por diversos países, sendo composta por fotografias, recortes do jornal nova-iorquino Police Gazette (anos 1920), além de stills de filmes antigos e “flashbacks” de suas criações anteriores.

 

As imagens que permeiam o livro foram capturadas na Academia de Boxe Santa Rosa, Lapa, Rio de Janeiro, e mostram figuras do bairro encontradas pelo artista: boxeadores, meninos de rua, jovens prostitutas, marginais. Além deste trabalho, a publicação conta com registros – feitos pelo próprio artista – da instalação, fotografias de outras séries, um texto curatorial de Ligia Canongia, e um depoimento de Miguel Rio Branco. Com uma visão mais atenta, o trabalho surge como uma retrospectiva das imagens e dos assuntos da própria obra de Miguel Rio Branco, uma recuperação geral de seu olhar e das coisas que lhe interessam, ainda que captadas por fragmentos espaciais e memoriais.

 

Nas palavras de Ligia Conongia: “Out of Nowhere coloca de imediato, a partir do próprio título (“Fora de Lugar Nenhum”), a questão da superação dos limites, espaciais e temporais. Funde passado e presente, descentraliza todo e qualquer eixo de percepção (…).”

Scheffel por ele mesmo, em livro

19/nov

O artista brasileiro Ernesto Frederico Scheffel – radicado na Europa – reconhecido internacionalmente lançou autobiografia durante a comemoração pelos 35 anos da Fundação Scheffel que abriga suas obras em Hamburgo Velho, Novo Hamburgo, RS, onde estão suas mais de 400 obras . Da infância no Vale do Sinos à consagração na Europa, Ernesto Frederico Scheffel tem muita história para contar. E contou, em livro, aos 86 anos, lançando uma autobiografia com detalhes de sua carreira: “Scheffel por ele mesmo”.  Nas palavras do artista, é um registro para a posteridade. “Vou passar a ser mais conhecido”, avaliou, sem esconder, em meio às mais de duas mil páginas dos seus manuscritos, a ansiedade em ver o livro circulando. A realização é do Ministério da Cultura (Lei Rouanet), com patrocínio master de APLUB, patrocínio de Sacor Siderotécnica e Grupo Sinos e copatrocínio de Macrodoce, Johann Alimentos, Fenac e Artecola; apoio de Lauermann Schneider, Associação dos Contabilistas de Novo Hamburgo, ABC da Saúde e Luiz Jacintho Consultoria. A coordenação editorial é de Daniel Henz e Ralfe Cardoso, da Um Cultural, que elaborou o projeto técnico, e a edição de Angelo Reinheimer e Gilmar Hermes.

 

O livro “Scheffel por ele mesmo” é resultado de um trabalho minucioso de narração da trajetória vivida nas idas e vindas entre a região da Toscana, na Itália, que o artista diz ser “sua casa”, e o Vale do Sinos. O livro começou a sair do papel – ou a ir para o papel – em 2008, conta Angelo Reinheimer, curador da fundação. O sonho, no entanto, é bem mais antigo. “Ele sempre rascunhou apontamentos sobre a sua vida”, revela Reinheimer, que acompanha Scheffel desde 1984. São 386 páginas, entre textos e imagens. Quem conhece a Fundação Scheffel não a dissocia da Casa Schmitt-Presser, que preserva a cultura germânica. Uma ao lado da outra, na Rua General Daltro Filho. Só que essa parceira poderia nem ter começado. Na década de 70, quando o casarão que abriga a fundação foi destinado a esse propósito, também a Schmitt-Presser fora oferecida. Scheffel preferiu não aceitá-la. Era espaço demais. Quando soube da possível destruição, decidiu evitar. “Quando fui conversar com o proprietário, a implosão já estava autorizada pela Prefeitura”, lembra. “Ele pediu licença e fez uma ligação. Ouvi quando disse: cancela!” História relatada no livro.

 

Scheffel temobras públicas em Florença, Itália. Prêmios não lhe faltam. Para conquistar notoriedade, entretanto, passou por muitos obstáculos. Em 1947, a primeira grande oportunidade: convite para o Salão Militar de Artes no Rio de Janeiro. A viagem é mais uma das histórias registradas no livro. “Fui levado ao Rio em um avião da FAB [Força Aérea Brasileira]. Eu, no meio das cargas, com uns 15 trabalhos em baixo do braço. Quando cheguei me disseram: tira essa farda e vista-se. A Europa era uma questão de tempo. A partida ocorre em 1959. Antes de chegar à Itália, uma turnê por outros países em busca de aperfeiçoamento. A arte produzida em Florença assemelhava-se muito com a do artista gaúcho, do que decorre a explicação para a ligação maior com os italianos e não com a Alemanha, de onde descendia; ele é mais abstrato: “A alma não tem pátria.” Ernesto Frederico Scheffel é natural de Campo Bom e recebeu em 2004 o título de Cidadão de Novo Hamburgo.

 

 

A palavra do crítico Armindo Trevisan

 

Antes de mais nada, não tentemos enquadrar o artista na moldura de uma determinada corrente artística do século XX. Sua obra, a rigor, passa ao largo dos movimentos revolucionários do início do século, que provocaram terremotos e, ainda hoje, os provocam. Não se descobrem, na obra de Scheffel, subversões, bizarrices e escândalos vanguardistas. Talvez a parte mais polêmica e contestadora de sua produção sejam suas telas e desenhos eróticos, que propõem uma leitura marginal, porém estimulante, de determinados aspectos da sexualidade contemporânea. Afora isso, podemos dizer que Scheffel, sem minimizar a dimensão subversiva da Arte Contemporânea, procura manter-se em águas extraterritoriais.

 

A obra de Scheffel se enraíza na arte do passado, em especial na Arte Renascentista, e, em grande parte, nas expressões que floresceram a partir da segunda metade do século XIX. É tributária, em especial, das correntes do Realismo, do Simbolismo e do Romantismo. Scheffel bebeu de todas as fontes, também das contemporâneas. Mas tudo isso é filtrado por um temperamento que não quer abandonar o próprio caminho, pouco importa para onde este o conduza. Por nossa parte, destacamos alguns aspectos interessantes da contribuição do artista. Sua opção pelo figurativismo, sempre acompanhado por uma meticulosidade técnica que constitui um dos trunfos de sua afirmação pessoal. Cabe aqui uma pergunta: estará a figura exaurida? Terá ela dado o último suspiro? Cremos que não. Um artista contemporâneo chegou até a declarar: “A figura é a Terra Prometida”. Sob esse ângulo, permanecer fiel à figura significa, para Scheffel, tomar partido pela História, e pelas dimensões psicológicas e sociológicas da imagem. Por outro lado, numa conjuntura em que o descartável se torna avassalador, como não impressionar-se com o cuidado que o artista põe na elaboração de suas composições?

 

Em nossa opinião, convém valorizar as aquarelas e as criações gráficas de Scheffel. Pode ser que aí se encontre, senão a expressão maior de sua arte, ao menos uma contribuição de indiscutível atualidade. É preciso, igualmente, levar em consideração a parte documental da obra de Scheffel. Temos aí um artista cujas raízes étnicas estão vivas, cujas ressonâncias psicossociológicas têm tudo a ver com a terra natal, inclusive com o gosto dessa terra. Sabemos que qualquer artista pode chegar à universalidade através de seus trabalhos, mas antes de atingi-la necessita fazer um ato de juramento à sua própria terra – como diria Chesterton. Van Gogh será menos universal por ser holandês? Admitamos: os girassóis de Van Gogh não são, a rigor, holandeses. São girassóis de qualquer parte do mundo. Mas não podemos duvidar de que a mão que os pintou nasceu e aprimorou-se sob os céus de Rembrandt… É essa qualidade invisível que os torna imortais. De igual forma, a obra pictórica, gráfica e escultórica de Scheffel é a de um descendente de alemães que amou a terra de seus ancestrais, a despeito de sua vida, em grande parte, longe dela. É uma obra complexa, instigante, provocadora, com clareiras estéticas surpreendentes, que possui, entre outros méritos, o de repropor uma reflexão permanente e fértil sobre o que a cultura precisa para não se esquecer de si mesma.

Dia 24, Beatriz Milhazes, o catálogo

24/out

Ministério da Cultura, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, Banco Itaú Unibanco, Statoil, Base 7, Associação dos Amigos do Paço Imperial e o Centro Cultural Paço Imperial convidam para o lançamento do catálogo  da exposição “MEU BEM”, individual de Beatriz Milhazes, editado pela Base 7 Projetos Culturais, com textos do curador Frédéric Paul e registros fotográficos dos mais de 60 trabalhos da exposição. Na ocasião, terá um bate-papo com a artista e Lauro Cavalcanti, diretor da Instituição. A conversa acontecerá na Sala Academia dos Felizes, com capacidade para 80 pessoas. Senhas serão distribuídas para o público a partir das 17h.

 

 

Dia: 24 de outubro.

Lançamento de catálogo

10/out

Quarta-feira, 30 de outubro, às 19h, tem visita guiada e lançamento do catálogo da exposição “Umas e Outras”, de Lenora de Barros, com as presenças da artista e da curadora Glória Ferreira, na Galeria Laura Alvim, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, com entrada franca. O catálogo será distribuído aos visitantes neste dia.

 

Essa é penúltima mostra da programação 2013 da Galeria, espaço da Secretaria de Estado de Cultura (SEC). Nela, Lenora de Barros exibe 65 colunas publicadas no “Jornal da Tarde”, de São Paulo, na década de 1990, vídeos inéditos, apresentados em díptico e tríptico, e uma intervenção sonora.

 

A exposição “Umas e Outras” está aberta ao público até 17 de novembro.

 

Nazareno em livro

27/set

A Galeria Emma Thomas, jardins, São Paulo, SP, lançou o livro “Num lugar não longe de você”. A edição exibe parte da produção dos últimos dez anos de criação do artista plástico Nazareno. O livro contempla notavelmente os desenhos do artista que em sua obra gráfica mescla o uso de imagens/ palavras/textos (pelos quais é conhecido) os mesmos são plenos de observações ora irônicas, ora poéticas acompanhadas de imagens alusivas a temas associados ao sujeito contemporâneo frente aos desafios cotidianos em sua busca por uma possível transcendência. O material traz um grande número de imagens de obras finalizadas, além de exibir registros dos cadernos de esboços e diários de imagens pessoais possibilitando ao leitor uma aproximação aos elementos que fazem parte do imaginário do artista.

 

Sobre o artista

 

Nazareno, São Paulo, SP, 1967. Vive e trabalha em São Paulo, SP. Nazareno aborda em suas obras aspectos relativos à memória, infância, contos de fadas, narrativas… bem como a fragilidade do sujeito contemporâneo frente à impossibilidade de transcendência. Realizadas em variadas mídias como desenho, esculturas, instalações, vídeos, gravuras, entre outras, são trabalhos que potencializam a atenção do espectador pelo caráter de sua miniaturização evidenciando outras realidades e eventualmente conduzindo o adulto/espectador a um estranhamento em seu rebaixamento a uma condição infantil. Com uma  carreira que conta com exposições nacionais e internacionais nos últimos quinze anos, além de prêmios e publicações em revistas, catálogos e livros de arte as obras do artista estão em diversas coleções públicas e privadas.

CONVITE

Neste sábado, 28/09, às 17h, acontece a palestra da psicanalista, pesquisadora e curadora Flávia Corpas com o tema “As coisas do mundo: a vida e a obra de Bispo do Rosário”, no Cinema 1 da CAIXA Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ, como parte da mostra “Walter Firmo: Um Olhar Sobre Bispo do Rosário”.

 

A palestra tem entrada franca e as senhas começam a ser distribuídas 1 hora antes.

 

Flávia Corpas lançou, em agosto último, o livro “Arthur Bispo do Rosário – Arte Além da Loucura”, onde reúne textos inéditos de Frederico Morais, o crítico e curador que descobriu – ou inventou, como ele mesmo diz – o artista Arthur Bispo do Rosário. O livro, bilíngue (com versão em inglês), obteve o primeiro lugar na seleção de projetos de patrocínio da Prefeitura do Rio de Janeiro através do edital Pró-Artes Visuais 2011.

Dois livros de arte

23/ago

Marta Martins: Narrativas ficcionais de Tunga

 

O lançamento do livro da Marta Martins, lançamento da Editora Apicuri, será lançado com palestra da autora no Salão Nobre do Parque Lage, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, às 18 horas do dia 06 de setembro.

 

O livro “Narrativas ficcionais de Tunga” é adaptação da tese de Marta Martins, professora de desenho, artista, teórica e crítica, e, mais recentemente, fotógrafa. Marta se debruça sobre as obras de Tunga, artista que “mantém um alto nível de qualidade formal em seus trabalhos, não importando a natureza dos materiais utilizados, e (que) conquistou amplo espaço de atuação, tornando-se um dos nomes mais reconhecidos da arte brasileira no exterior”. A proposta da autora “ao incursionar por suas obras de distintos modos” é mostrar que o trabalho do artista, por meio de diversas experimentações estéticas, gera toda sorte de enigmas, introduzindo-se também noutras instâncias teóricas, como a psicanálise e as ciências sociais. Suas esculturas, instalações, vídeos, textos, desenhos, fotografias e até as pessoas utilizadas como mais um material de trabalho em suas instaurações, permitem configurações abertas em cada montagem. O espaço de tensão formal relacionado com questões próprias das artes visuais abriga ao mesmo tempo, em sua obra, uma série de desvios e licenças de cunho alegórico e ficcional, além de um explícito hibridismo nas suas formas e conceitos. Assim, materiais como seda, lâmpadas, cobras, metais, ossos e agulhas, somados a corpos humanos, textos e filmes, formam o vertiginoso e mutante universo narrativo do artista. Nada parece ser definitivo, nem mesmo neutro ou vazio, pois a peculiar rasura com a qual a natureza da linguagem se constitui é dobrada e disposta em camadas ao longo de seu inesgotável processo. Precisão teórica, abordagem aguçada e, principalmente, admiração pela produção de Tunga se combinam e nos proporcionam, por meio de um texto inteligente, uma reflexão perspicaz e apaixonada a respeito das “narrativas ficcionais” do artista plástico.

 
Sobre a autora

 

Marta Martins é ensaísta e fotógrafa. Nasceu em Santana do Livramento, RS, em 1962, vive e trabalha desde 1983 em Florianópolis, SC. Possui graduação em Licenciatura Plena em Educação Artística pela Universidade do Estado de Santa Catarina (1988), mestrado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1995) e doutorado em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina (2005). Atualmente é professora–titular da Universidade do Estado de Santa Catarina. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Artes Plásticas, atuando principalmente nos seguintes temas: Desenho, Teoria da Modernidade, Literatura, Arte Contemporânea, Teoria da Imagem, História e Crítica da Arte, e Fotografia.

 

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Lygia Pape e Hélio Oiticica por Fernanda Pequeno

 

A curadora e crítica de arte Fernanda Pequeno lança no dia 07 de setembro, no Armazén 1, Pier Mauá, Praça Mauá, Rio de Janeiro, RJ, livro com o selo da Editora Apicuri sobr a obra dos artistas Lygia Pape e Hélio Oiticica.

 

Fernanda Pequeno parte de conversações e fricções entre as poéticas dos artistas Hélio Oiticica e de Lygia Pape para frisar semelhanças, acentuar diferenças e apontar aproximações e divergências entre as duas linguagens. Uma das questões que permearam toda a análise foi a existência de conflitos políticos e sociais — por conta do momento político dos anos 1960-70 no país — que inter­feriram e nortearam a produção de ambos os artistas, que introjetaram certa contradição ou ambiguidade. Pape e Oiticica optaram por um viés de produção altamente experimental, e seu caráter político e trans­gressor configurou-se pela negação do que estava instituído e por uma confiança no engajamento da jovialidade brasileira abrindo possibilidades de escrita de uma ou mais histórias, mesmo que fosse necessário herdar e deglutir influências estrangeiras.

 

A própria autora atribui a sua escolha por Lygia Pape e Hélio Oiticica quase que como uma intuição, espécie de “afinidades eletivas”. Apesar de Hélio e Pape já terem sido muito revistos pela história da arte moderna, não deixa de ser legítimo buscar possibilidades de novas leituras, principalmente na obra do Hélio. E foi isto que Fernanda conseguiu, ao rever a produção dos dois artistas.

 

Sobre a autora

 

Fernanda Pequeno é curadora, crítica de arte e professora de Artes Visuais e História da Arte do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp/Universidade do Estado do Rio de Janeiro — Uerj). Doutoranda em Artes Visuais, na linha de pesquisa História e Crítica da Arte, pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas-Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde foi bolsista Capes/UFRJ. Realizou estágio de doutorado (bolsa-sanduíche Faperj) no Research Centre for Transnational Art, Identity and Nation (TrAIN — Chelsea College of Art & Design, Londres). É mestre em Artes pelo Programa de Pós-Graduação em Artes da Uerj. Vem realizando curadorias e publicando textos em revistas acadêmicas, magazines, folders e catálogos de exposições desde 2002.

 

 

Insólitos e Concretos na Arte Aplicada

13/ago

No mercado há mais de três décadas, a galeria Arte Aplicada, Jardins, São Paulo, SP, tem como principal foco a diversidade. A galeria marcou o início da carreira de artistas hoje renomados, como Guto Lacaz e Palatnik, entre muitos, e também do argentino León Ferrari no Brasil, e mantém ainda olhos abertos para o futuro, apostando sempre em novos nomes. O próximo cartaz da Arte Aplicada é o pintor Herton Roitman, com 20 obras das séries inéditas “Insólitos e Concretos“, curadoria de Sabina de Libman, com assamblage, colagens e pinturas. Na mesma ocasião, realiza o lançamento do livroIntensa Magia“, da jornalista, escritora e dramaturga portuguesa, radicada no Brasil, Maria Adelaide Amaral.

 

Seguindo uma constante em seu trabalho, Herton Roitman utiliza-se de objetos e materiais não inerentes à pintura na criação da série “Insólitos”. Com obras tridimensionais – feitas a partir de fragmentos pinçados na realidade urbana da cidade – Roitman transmite sua influência teatral, cenográfica. Já em “Concretos”, o artista exibe seu lado criterioso e perfeccionista, ao utilizar-se, organizadamente, de formas geométricas e de cores intensas, remetendo seu trabalho a um conceito, de certa forma, utópico. Sintonizado com o tempo e com o mundo que o cerca, Roitman define-se como um observador, imerso em um grande centro urbano caótico, porém inspirador: “Me encantam as grandes cidades….Tenho minhas defesas, como a musica que é minha grande paixão. Meu trabalho é minha interferência no meio deste caos”.
Livro
Por sua vez, Maria Adelaide Amaral retrata, em “Intensa Magia”, um lançamento da Giostri Editora, apresenta uma comédia dramática focada na relação familiar. O tema é discorrido a partir do aniversário do patriarca da família, Alberto, indivíduo descontente com a vida e amargo, que decide expor, de maneira inesperada, as insatisfações familiares acumuladas ao longo dos anos. As declarações ocorrem na mesma data em que Zezé, sua filha mais nova, faz o anúncio de seu noivado.
Sobre o artista

 

Herton Roitman nasceu em Porto Alegre, RS. Pintor e gravador, reside e trabalha em São Paulo, SP, desde 1968. Formou-se como ator pela Universidade Federal de Minas Gerais. Estudou desenho, tecnologia da cor e História da Arte em cursos de extensão universitária pela mesma Universidade. Foi coordenador cultural de artes cênicas da Fundação Itaú Clube de 1978 a 1987. De 1979 a 1984 foi professor de educação artística nos colégios Palmares e Galileu Galilei. Desde 1986 dedica-se exclusivamente às artes visuais realizando exposições individuais e coletivas em salões e galerias profissionais no Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.

 

 

Sobre a escritora

Maria Adelaide Amaral  é jornalista, escritora e dramaturga, sua primeira peça foi “A Resistência”, 1975, mas o primeiro texto montado foi “Bodas de Papel”, em 1978, em São Paulo. Publicado em 1986, “Luísa, Quase uma História de Amor”, deu-lhe o prêmio Jabuti de melhor romance daquele ano. O convite para a TV veio em 1990, quando Cassiano Gabus Mendes a chamou para escrever com ele a novela “Meu bem, meu Mal”. Autora de vários romances, adaptações e traduções de textos teatrais, sua biografia “A emoção libertária”, escrita por Tuna Dwek, foi publicada pela Imprensa Oficial.

 

 

De 17 a 31 de  Agosto.