Glauco Rodrigues, novo livro

20/set

Destacando a genialidade de Glauco Rodrigues, no dia 21 de setembro, a Danielian Galeria, Rio de Janeiro, RJ, promove o lançamento do livro “Glauco Rodrigues – crônicas anacrônicas, e sempre atuais, do Brasil” que homenageia a vida, a obra e a vitalidade do artista. O livro faz uma revisitação histórica de Glauco Rodrigues, apresentando a importância e relevância atemporal de sua obra pictórica. Nome de alto prestígio no cenário artístico nacional, Denise Mattar assina o livro sobre Glauco Rodrigues no qual é reforçada a importância e a grandiosidade do artista.

 

Além de textos de época como os de Roberto Pontual (1978) e Frederico Morais (1986), a publicação apresenta dois textos contemporâneos da autora do livro, a curadora Denise Mattar, e uma entrevista com o crítico francês Nicolas Bourriaud, feita por José Teixeira de Brito.

 

O livro apresenta duas importantes séries feitas por Glauco nos anos 1970: “A carta de Pero Vaz de Caminha” e “A Lenda do Coati-Puru”. O intenso trabalho de pesquisa contou com a assessoria de Norma de Stellita Pessoa, viúva do artista. Em 16 de outubro será a vez da badalada Livraria da Vila em São Paulo receber o lançamento. O livro estará à venda na Livraria da Travessa (Rio), Livraria da Vila (Jardins, São Paulo, SP) e Livrarias Curitiba.

 

Zanine no MAM – Rio

09/set

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, MAM – Rio, Parque do Flamengo, Rio de janeiro, RJ, apresenta a partir de 14 de setembro e até 17 de novembro, a exposição “Zanine 100 anos – Forma e Resistência”, com 18 obras feitas pelo consagrado arquiteto, designer, artista, paisagista e professor José Zanine Caldas (1919 – 2001), dentro de sua profunda pesquisa sobre nossas madeiras. Com curadoria de Tulio Mariante, curador de design do MAM, as obras selecionadas integram a emblemática e profícua produção de Zanine entre o final dos anos 1960 e 1980, conhecida como “móvel-denúncia”. As peças, feitas em madeira maciça, denunciavam de maneira pioneira o desmatamento das florestas brasileiras. Tulio Mariante destaca que Zanine “coletava as madeiras em restos de abates, muitas vezes irregulares, como forma de denúncia, como forma de resistência”.

 

Mais do que apenas móveis, os especialistas consideram esses trabalhos como esculturas funcionais, maneira de o artista expressar sua percepção de nossa cultura. O processo de criação era lento, com a utilização de ferramentas tradicionais como serrote, enchó, formão, plaina, e tendo como mão de obra os canoeiros da Bahia. Várias das peças expostas foram criadas no período em que Zanine Caldas viveu em Nova Viçosa, Bahia, anos 1970 até 1980, onde instalou uma oficina que se tornou ponto de encontro de grandes nomes da cultura brasileira, como Oscar Niemeyer, Carlos Vergara, Chico Buarque, Amelia Toledo, Odete Lara entre outros. Lá, ele construiu a famosa casa na árvore para o artista Frans Krajcberg.

 

Com esta homenagem, é a terceira vez que o MAM realiza uma exposição sobre José Zanine Caldas. Sua primeira mostra individual no Museu foi em 1975, e a segunda em 1983, quando construiu, junto aos jardins, uma casa de madeira. A produção de “Zanine 100 anos – Forma e Resistência” é da família de Zanine Caldas, com o apoio de Etel Design e Escritório de Arte Marcela Bartolomeo.

 

São destaques da exposição as peças “Namoradeira”, o “Redário”, a escultura em madeira pequi, a mesa de jantar e o aparador com tampo de vidro criados em Nova Viçosa nos anos 1970, o sofá feito em ilhéus em 1980, entre outras.

 

Lançamento de livro

 

Por ocasião da exposição “Zanine 100 anos – Forma e Resistência”, será lançado o maior e mais abrangente livro sobre sua trajetória. Publicado pela Editora Olhares e R&Company Gallery, de Nova York, o livro será bilíngue (port/ing), com capa dura e formato 25cm x 30cm, terá 300 páginas, e textos de Amanda Beatriz de Palma Carvalho, Lauro Cavalcanti e Maria Cecilia Loschiavo dos Santos, com ensaio fotográfico de André Nazareth. O lançamento está previsto para o próximo dia 24 de setembro dentro da exposição no MAM, e depois será feito em diversas cidades.

 

Sobre o artista

 

Autodidata. Nascido em 1919 na cidade baiana de Belmonte, Zanine era autodidata, e começou sua carreira como maquetista dos principais arquitetos modernos brasileiros, como Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. “Quando maquetista, Zanine foi autor de modelos de alta qualidade, e criador capaz de propor aos arquitetos soluções para impasses em seus projetos. Seu talento o levou a percorrer os caminhos da arquitetura e do desenho de móveis que acabaram por lhe conferir o título de Mestre da Madeira”, explica o curador. Zanine obteve reconhecimento não apenas no Brasil, mas também no exterior. No design de mobiliário, conduziu a experiência da Móveis Z, fundada em fins dos anos 1940, em São Paulo, apostando na industrialização para apoiar – e aproveitar – a difusão de um novo estilo de vida trazido pelos ventos de modernidade. Nos anos 1950, foi paisagista e teve uma loja de vasos e arranjos de flores na Avenida Paulista, SP. No final da década se mudou para Brasília para produzir in loco maquetes dos prédios da nova capital em construção. Na década de 1970, viveu entre o Rio de Janeiro, onde praticamente inventou o bairro da Joatinga, e Nova Viçosa, no sul da Bahia, de onde trazia as grandes toras de madeira que marcam sua arquitetura e onde produziu uma linha de móveis pesados, que deixavam se expressar com toda força a madeira descartada no processo de devastação da Mata Atlântica que acontecia na região. Eram chamados de “móveis-denúncia”. Além disso, em sua inquietude, Zanine se envolveu em muitos projetos sociais, teve importante presença na vida acadêmica, mesmo não tendo um diploma, e circulou por diversos países – em especial a França, onde teve exposição individual no Museu de Artes Decorativas do Louvre, em 1989, estabelecendo trocas culturais e de conhecimento técnico. Morreu em Vitória, em 2001.

 

 

 

Pierre Verger e Carybé em livro

04/set

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP, apresenta, de 12 a 28 de setembro, a exposição comemorativa para o lançamento da nova edição do livro “Lendas Africanas dos Orixás” de Pierre Verger e Carybé, publicado pela Fundação Pierre Verger. Para a mostra, foram selecionadas fotografias vintages Palácios Reais de Abomey feitas desde meados da década de 1930 até o final da década de 1970 durante cerimônias de culto aos Orixás na cidade de Salvador da Bahia, no Benin e no Haiti. Este conjunto inclui não somente as cenas dos rituais que Verger presenciou, como também os objetos de culto e os instrumentos musicais, também sagrados. Três fotografias feitas em 1936 em Abomey, no Benin, registram detalhes de alguns dos baixo-relevos que integram a fachada do complexo dos Palácios Reais de Abomey. Construídos pelos povos Fon entre meados do século XVII e finais do século XIX, foram designados pela Unesco em 1985 como Patrimônio da Humanidade. Animais míticos esculpidos nas paredes de argila simbolizavam as características dos reis e suas qualidades como governantes, fazendo da arquitetura também um memorial. Além das fotografias de Verger, poderão ser vistos na exposição os desenhos originais de Carybé que foram produzidos para o livro.

 

Grande clássico da mitologia dos deuses africanos, “Lendas Africanas dos Orixás” é um dos títulos mais procurados por pesquisadores, religiosos e interessados em assuntos da diáspora africana. O livro traz um compilado de lendas, cuidadosamente coletadas por Verger em 17 anos de sucessivas viagens pela África Ocidental, desde 1948, período em que se tornou Babalaô (1950) e quando recebeu do seu mestre Oluô o nome de Fatumbi. Todas essas lendas foram anotadas por Verger a partir das narrativas dos adivinhos babalaôs africanos. O livro foi publicado pela primeira vez em 1985 pela editora Corrupio. Esta nova edição, em capa dura, apresenta como novidades o texto do prefácio assinado por Reginaldo Prandi além de um aplicativo para smartphones que permite ouvir as narrações de todas as lendas do livro feitas por Vovó Cici.

 

No sábado seguinte à abertura, no dia 14 de setembro, Vovó Cici estará presente para narrar essas e outras lendas da cultura dos cultos aos deuses africanos. Vovó Cici é Nancy de Souza, Ebome do Ilê Axé Opô Aganju e contadora de histórias da Fundação Pierre Verger.

 

A exposição na Galeria Marcelo Guarnieri marca o lançamento do livro em São Paulo. “Lendas Africanas dos Orixás” foi lançado apenas na Bahia, em agosto, durante a Festa Literária Internacional do Pelourinho – FLIPELÔ, no Centro Histórico de Salvador. Em 14 de setembro o livro será lançado no Rio de Janeiro, na Livraria da Travessa.

 

Sobre o artista

 

Pierre Verger – 1902 – Paris, França – 1996 – Salvador, Bahia. Além de fotógrafo, Pierre Verger era também etnólogo, antropólogo e pesquisador. Durante grande parte de sua vida, esteve profundamente envolvido com as culturas afro-brasileiras e diaspóricas, direcionando uma especial atenção aos aspectos religiosos, como os cultos aos Orixás e aos Voduns. Antes de chegar à Bahia, no Brasil, em 1946, Verger trabalhou por quase quatorze anos viajando pelo mundo como fotógrafo, negociando suas imagens com jornais, agências e centros de pesquisa, e em Paris, mantinha ligações com os surrealistas e antropólogos do Museu do Trocadéro. Nos quatro anos que antecederam sua chegada, passou pela Argentina e pelo Peru, trabalhando por um tempo no Museo Nacional de Lima. Ao chegar no Brasil, colaborou com a revista O Cruzeiro e em Salvador, onde foi viver, pôde registrar, de uma maneira muito particular, o cotidiano de uma cidade essencialmente marcada pela cultura da África Ocidental. Seu fascínio por aquilo ou por aqueles que fotografava ia além da imagem, havia um interesse pelo contexto, suas histórias e tradições, algo que pode ser notado não só em seu trabalho com a fotografia, mas também com a pesquisa. Pierre Verger integra-se de tal maneira à Bahia e sua cultura que em 1951 passa a exercer a função de ogã no terreiro Opô Afonjá de Salvador e no Benin, África, torna-se babalaô.

Livro “Escultura, objeto, 3D”

29/jul

O MAM Rio lançou o livro “Escultura, objeto, 3D” (Editora Barléu, 14x21cm, 104 páginas, 1.500 exemplares), um ensaio inédito de Reynaldo Roels (1951-2009), organizado pela pesquisadora Rosana de Freitas. Intelectual refinado, Reynaldo Roels Jr. foi figura marcante e querida no universo da arte carioca, onde exerceu vários cargos, entre eles o de curador do MAM, de 2007 até a sua morte repentina em 2009, e diretor da Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage, entre 2002 e 2006.

 

“O ensaio inédito deixado por Reynaldo Roels Jr. discorre sobre as mídias tridimensionais, desde os relevos narrativos do renascimento italiano até as ‘esculturas’ mais recentes, que programaticamente rejeitam tal rótulo. O silêncio historiográfico ao qual a escultura foi submetida, em favor de uma História da Arte eminentemente pictórica, é aqui, a um só tempo, analisado e rompido”, comenta Rosana de Freitas. O texto foi escrito por Reynaldo Roels Jr. inicialmente em 1992 para um curso no Solar do Barão, em Curitiba, depois atualizado por ele em 2003 para um curso que ministrou no Parque Lage.

 

A trajetória profissional de Reynaldo Roels Jr. se entrecruza com diversos momentos da história recente do MAM Rio, de onde foi curador de 2007 até a sua morte súbita em 2009, e coordenador do Núcleo de Pesquisa do Museu de 1991 a 1992. Foi ainda curador da Coleção Gilberto Chateaubriand de 1997 a 2000, e diretor da Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage entre 2002 e 2006, e crítico de arte do “Jornal do Brasil”, de 1985 a 1990.

 

Opiniões

 

“Reynaldo Roels Jr. exercia a curadoria como um permanente exercício de zelo e de amor à arte. Catalogou, desenvolveu o banco de dados e foi curador da Coleção Gilberto Chateaubriand por três anos.” Carlos Alberto Chateaubriand

 

“Dono de vasta cultura, Reynaldo foi um intelectual completo. Transitava com desenvoltura entre a música, a literatura e as artes plásticas, cuja prática dominava, o que veio enriquecer seu trabalho crítico.” Helio Portocarrero

 

“Professor e crítico de arte admirável, suas aulas e seus artigos levaram informação e inspiração a gerações de artistas, estudantes e amantes das artes.” Nelson Eizirik

 

Sobre a oganizadora

Rosana Pereira de Freitas. Historiadora da Arte, professora da Escola de Belas Artes da UFRJ, atuando junto ao bacharelado em História da Arte e ao PPGAV/Progarama de Pós-graduação em Artes Visuais.

 

 

#tbt na Carpintaria

25/jun

A Carpintaria, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a mostra coletiva #tbt com seleto elenco de artistas da cena contemporânea nacional como Adriana Varejão, Barrão, Beatriz Milhazes, Carlos Bevilacqua, Erika Verzutti, Ernesto Neto, Iran do Espírito Santo, Jac Leirner, Janaina Tschäpe, Leda Catunda, Lucia Laguna, Luiz Zerbini, Mauro Restiffe e Valeska Soares.

 

De acordo com a linguagem do Instagram, a hashtag #tbt – sigla para “throwback thursday” ou em tradução livre “lembrança de quinta-feira” – é utilizada para legendar imagens que datem de algum momento do passado, seja ele longínquo ou recente. A exposição toma este deslocamento temporal como mote para reunir obras realizadas entre a década de 80 e o início dos anos 2000, investigando as diferentes poéticas e temáticas presentes no limiar da produção dos artistas que integram o conjunto. O impulso de lançar um olhar retroativo ao presente evoca o famoso quote do teórico canadense Marshall McLuhan: “olhamos o presente através de um espelho retrovisor, marchamos de costas em direção ao futuro”.

 

Na ocasião da abertura, a Editora Cobogó promove o lançamento do livro de Carlos Bevilacqua no Rio de Janeiro, monografia que percorre os 30 anos de carreira do artista carioca através de reproduções de obras, estudos e anotações. A publicação conta com introdução do próprio artista, depoimentos de colegas, texto crítico de Paulo Sergio Duarte e entrevista concedida a Luiz Camillo Osorio.

 

De 27 de junho a 27 de agosto.

 

 

O universo de Emanoel Araujo

11/jun

Será dia 13 de junho, às 19 horas, na Paulo Darzé Galeria, Salvador, Bahia, o lançamento do livro “O Universo de Emanoel Araujo”.

 

O livro “O Universo de Emanoel Araújo” contém textos e imagens sobre a vida e a obra do artista, através da apresentação de 180 trabalhos, representados nas variadas fases e meios de sua criação: cartazes, livros, xilogravuras, esculturas em aço, madeira, concreto, fibra de vidro,  máscaras, painéis em mármore, concreto e granito, gravuras, totens, relevos, estruturas, biombos, mostrando neste panorama sua produção, onde se vê explicitamente a raiz africana, nagô e iorubá, e o interesse nato do artista pela cultura popular baiana e as tradições modernistas brasileiras e europeias.

 

Com rica complementação de fotos e textos de Claudio Leal, Odorico Tavares, Hugo Loetscher, Waldeloir Rego, além do próprio Emanoel Araújo, como o que abre a publicação, sobre São Paulo, e ao final um caderno com artigos, entrevistas e pensamentos, denominado “Reflexos”, onde o artista descreve fatos de sua trajetória, homenageia amigos e reflete sobre a fundação do Museu Afro Brasil, entre outros. A publicação é uma edição limitada de três mil exemplares, pela Capella Editorial, e contou com o patrocínio da Biolab, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

 

 

Sobre o artista

 

Emanoel Araujo nasceu em 15 de novembro de 1940, em Santo Amaro da Purificação. Descendente de três gerações de ourives veio a se tornar aprendiz de marceneiro e talhador, e ainda criança, aos 13 anos, passou a trabalhar na Imprensa Oficial da sua cidade, em linotipia e composição gráfica. Esta experiência do fazer foi fundamental na sua formação, tanto no domínio técnico, quanto no da expressão. Após completar o curso secundário mudou-se para Salvador, com planos de cursar Arquitetura. Na capital começou a frequentar exposições, visitar museus e ateliers, levando-o então a ingressar na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia. Realizou sua primeira exposição individual aos 20 anos, ainda na Bahia, mas já mostrava sua obra em 1965 na Galeria Bonino, no Rio de Janeiro, e na Galeria Astreia, em São Paulo. Ao longo dos anos, acrescentou ao seu currículo dezenas de exposições individuais e coletivas, não apenas em vários Estados brasileiros como em diversas partes do mundo – México, Cuba, Chile, Nigéria, Israel, Japão, Estados Unidos e alguns países da Europa. Foi contemplado no decorrer da sua carreira com considerável número de prêmios, entre os quais a Medalha de Ouro da III Bienal Gráfica de Florença, Itália (l972), dois prêmios (gravura e escultura) por linguagens distintas, sendo, em 1974, considerado o melhor gravador do ano, e em 1983 o melhor escultor do ano, ambos concedidos pela Associação de Críticos de Arte de São Paulo. Em 2007 recebeu o Prêmio Ciccillo Matarazzo – ABCA – Associação Brasileira de Críticos de Arte por sua contribuição à Arte e à Cultura brasileira. Muitas de suas obras estão em coleções particulares, edifícios públicos, e em Museus como o Museu deArte Moderna/RJ; Fundação Rockfeller/NY, USA; Austin/Texas, USA; Arte Moderna de Firenze/Itália; County Museum/Los Angeles, Califórnia, USA; Arte Contemporânea/SP; Sidney/Austrália; Kansai/Japão; Arte São Paulo-MASP/SP; Arte de Brasília/DF; Palácio do Itamaraty/Brasília, DF; Nacional de Belas Artes/RJ; Brennand/PE; Museu de Pernambuco/PE. Além da atividade como artista, se tornou um dos principais gestores da área cultural no Brasil, tendo dirigido o Museu de Arte da Bahia (1981 a 1983), a Pinacoteca do Estado de São Paulo (1992 a 2002), tendo tornado esta última um dos mais importantes museus do Brasil. Em 2004 criou o Museu Afro Brasil, sediado em São Paulo, onde atualmente é Diretor Executivo e Curador. Sua última exposição na Bahia foi em outubro de 2011, na Paulo Darzé Galeria, com o título “Geometria do medo”, apresentando 21 relevos, todos brancos. Com esta mostra encerra seus quase vinte e cinco anos sem que realizasse uma exposição na Bahia.

 

Nazareth Pacheco na Kogan Amaro

27/maio

Expoente de uma geração de artistas que despontou entre as décadas de 1980 e 1990, tempo em que o País entrava em ebulição com pautas relacionadas à mulher, Nazareth Pacheco tomou sua condição feminina e sua biografia, em particular as narrativas relacionadas à história de seu corpo, como matéria-prima para suas obras tridimensionais. Após um mergulho no passado, em meio às lembranças afetivas, a artista emergiu dando vida a trabalhos inéditos, agora exibidos em “Registros/Records”, individual na Galeria Kogan Amaro, Jardim Paulista, São Paulo, SP..

A mostra reúne trabalhos que evidenciam sua produção artística dos últimos cinco anos, período em que Nazareth Pacheco viveu o luto de seus pais, figuras importantes em sua trajetória e formação, e algumas tantas intervenções cirúrgicas em seu corpo, decorrentes de um problema congênito que a acompanha desde a infância. É assim que a artista conjuga passado e presente, ideia aparente em Registros (2019), instalação feita a partir de recortes de exames médicos seus e dos seus pais. Fincada no teto da Galeria, a obra se esparrama até o chão e faz lembrar uma espécie de cascata, densa e fluida como a vida.

Nazareth cresceu em um ambiente de incentivo aos trabalhos artesanais, com mãe e avó adeptas ao tricô e ao bordado. Foi com elas que aprendeu o ofício, na época de extrema importância para lhe ajudar a desenvolver habilidades com as mãos, que também passaram por processos cirúrgicos. É dessa memória que surge Vida (2019), trabalho composto por camisolas de sua mãe, vestes distintas e delicadas, hoje apresentadas com restauros de pérolas e cristais, uma ressignificação singela para as avarias deixadas pelo tempo. A intimidade com os objetos clínicos é uma constante na vida e na obra da artista, não apenas pelas sucessivas operações, mas, também, por sua figura paterna. Em homenagem a seu pai, médico neurologista, Nazareth exibe DELE (2018), uma tríade de instrumentos fundidos em bronze. Sem medo ou pudor, Nazareth Pacheco convida o público a imergir em seu íntimo. É o que faz na série Momentos (2017), na qual exibe registros em polaroids do pré e do pós-operatório de uma de suas inúmeras cirurgias.

Na ocasião da abertura, a artista lançou um livro que documenta seus mais de 30 anos de trajetória. Intitulado “Nazareth Pacheco”, a publicação foi idealizada pela artista e contou com a colaboração de colegas de longa data. O livro foi organizado por Regina Teixeira da Costa e contempla análises de autores de diversas gerações, como Ivo Mesquita, Marcus Lontra da Costa e Tadeu Chiarelli, além de críticas inéditas assinadas por Cauê Alves e Moacir dos Anjos.

Até 15 de junho.

Fotolivro na São Paulo Flutuante

15/maio

 


“Noite Insular: Jardins Invisíveis” é resultado de uma imersão de cinco meses em Cuba, e apresenta fotografias analógicas que tomam como ponto de referência o imaginário marítimo e exploram um conceito subjetivo de “insularidade”, evocando tensões entre o senso de isolamento e o anseio por cruzar os limites da ilha. Lançamento na galeria São Paulo Flutuante, Rua estados Unidos, 2186, Jardim América, São Paulo, SP, dia 20 de maio de 2019, ás 19h. O fotógrafo baiano Rodrigo Sombra lança seu fotolivro “Noite Insular: Jardins Invisíveis”, editado por Patricia Karallis e publicado pela prestigiada editora britânica Paper Journal. O evento de apresentação do fotolivro acontece simultaneamente em São Paulo, onde está com exposição homônima em cartaz, e em Londres, na Tate Modern. A publicação é resultado de uma imersão de cinco meses em Cuba e tem por referência o imaginário marítimo da ilha, explorando uma concepção subjetiva de “insularidade”. Traço decisivo da cultura cubana, a insularidade se faz sentir na obra de Sombra para além do seu sentido meramente geográfico. Neste projeto – composto por exposição na Galeria São Paulo Flutuante, sob curadoria de Regina Boni, e pelo presente fotolivro -, o conceito serve como chave para explorar as dinâmicas do desejo na Cuba contemporânea, evocando tensões entre o senso de isolamento e o anseio por cruzar os limites da ilha.
Ao tomar conhecimento de uma convocatória de projetos a serem editados como fotolivro pela Paper Journal, em 2018, Rodrigo Sombra inscreveu “Noite Insular: Jardins Invisíveis” e, entre 421 projetos enviados, foi um dos três selecionados. “A Paper Journal foi sempre uma referência, um norte para mim. Devo muitas descobertas à Paper Journal, ela foi sempre uma clareira à qual eu podia recorrer, um espaço aberto ao risco no mundo fotográfico. Ter sido selecionado para editar meu primeiro fotolivro com eles foi como uma confirmação de que os caminhos que eu intuía no meu trabalho poderiam encontrar ressonância com as coisas que eu mais me identifico na fotografia contemporânea”, comenta o fotógrafo.

A edição do livro ocorreu ao longo de vários meses, a partir de um diálogo frequente com a editora da Paper Journal, Patricia Karallis. Nos dizeres de Sombra: “Sinto que as rimas visuais, a força narrativa, o sentido de conjunto, cresceu muito a partir do olhar de Patricia. Ela é uma editora engenhosa. Consegue não apenas extrair um sentido narrativo, um efeito dramático, da combinação de imagens, como é atenta às variações de cor e atmosfera no sequenciamento das fotos”. Em 2018, fotógrafo e editora fizeram uma prévia do fotolivro, apresentada na feira de livros de arte do MoMA, em Nova Iorque. Após colherem várias respostas e a partir desses comentários sobre a prévia, foram realizadas seguidas revisões na edição. No início de 2019, Sombra retornou a Cuba para fotografar uma última vez, e assim foi fechada a edição final com alguns acréscimos.

Acerca do projeto, Rodrigo Sombra destaca que fotolivro e exposição são similares sob diversos aspectos, uma vez que várias das imagens que estão expostas na Galeria São Paulo Flutuante aparecem no livro. Além disso, o fotógrafo ainda comenta: “As relações contraditórias com o estrangeiro em Cuba; a questão da insularidade, o imaginário marítimo; a iconografia popular urbana; a estética construtiva: todos esses dados perpassam as fotos que compõem a série nas duas plataformas, livro e galeria. Por outro lado, sinto que o livro alterna a presença usual dos retratos com mais imagens de paisagens e naturezas mortas. Sondar os espaços vazios, tentar entender como como os dilemas da vida em Cuba se exprimem em vestígios dispersos pela paisagem, era algo importante para mim, e isso aparece com força no livro”.

 

Mais sobre o projeto “Noite Insular: Jardins Invisíveis”:

“Sua ida a Cuba é o encontro com um nó histórico, cultural, geopolítico e existencial”, afirma Caetano Veloso, a respeito da obra de Sombra, no texto de apresentação. “Ao invés de esconder ou congelar as figuras humanas e seus entornos em formalismo frio, tais composições sublinham-lhes o mistério, a sensualidade, o desamparo e o prazer de ser. Sombra revela-se um artista verdadeiro e um observador sensível. A beleza de suas fotos reside na aventura humana de quem capta e de quem é captado. Isso leva quem as vê a pensar mais longe e sentir mais fundo”, diz o compositor sobre “Noite Insular: Jardins Invisíveis”. O título da série é inspirado num poema do escritor cubano José Lezama Lima. Para o fotógrafo Rodrigo Sombra, “Noite Insular: Jardins Invisíveis” explora os estímulos da presença estrangeira em Cuba, cada vez mais intensos desde a recente abertura cultural e econômica da ilha. Ao abordar as relações contraditórias entre os cubanos e a influência estrangeira, Sombra esboça uma estética de forte apelo geométrico. Com frequência, a base documental de suas imagens se perde em jogos de linhas e sombras que aspiram à abstração. Descortina-se assim a de visão uma Cuba insuspeitada, em tudo avessa às imagens exóticas do turismo ou à grandiloquência da propaganda revolucionária. À diferença das multidões celebradas nas fotografias oficiais cubanas, em suas fotos Sombra privilegia o indivíduo. Nelas, veem-se corpos esquivos, frequentemente sombreados, que nos interrogam sobre o que vemos, e também sobre aquilo que é ocultado. Sua câmera se abre ainda aos signos da cultura popular: símbolos religiosos, tatuagens, logomarcas esportivas e bandeiras estrangeiras, rastros dos novos imaginários a povoar a ilha interior dos cubanos.

 

Sobre o artista

Rodrigo Sombra. Fotógrafo baiano, nasceu em Ipiaú, em 1986. Em 2012, integrou a exposição coletiva “Uma visita ao Benin – Fotografias de uma Viagem”, no Museu Afro Brasil, em São Paulo, com curadoria de Emanoel Araújo. Também participou de coletivas no Rayko Photo Center e Dryansky Gallery, em San Francisco, Califórnia, onde viveu por três anos. Em 2018, “Noite Insular: Jardins Invisíveis”, sua série sobre a Cuba contemporânea, foi selecionada para ser editada como livro pela revista e editora britânica Paper Journal. Foi um dos 3 artistas selecionados pela Paper Journal em uma convocatória que recebeu mais de 400 projetos de todo o mundo. O livro será lançado em maio de 2019, em Londres e em São Paulo.

 

Sobre a editora Paper Journal

Lançada em 2013, a revista impressa e on-line Paper Journal é atualizada regularmente com entrevistas, reportagens, visitas a estúdios e resenhas de fotolivros. Tem como objetivo oferecer o que há de melhor em artes visuais contemporâneas. É única e apresenta tipos diferentes de fotografia, de fotógrafos desconhecidos ou novos e de nomes estabelecidos. Nossos colaboradores variam entre jornalistas, editores de moda, estilistas, fotógrafos e profissionais do setor. Em 2018, passamos de on-line para off-line, com nossa primeira edição impressa. Esta edição foi lançada em Londres, na Webber Gallery, bem como na New York Art Book Fair, e foi nomeada para o Lucie Award na categoria Revista de Fotografia do Ano. Paper Journal 01 é vendida em todo o mundo, em livrarias e lojas especializadas. Com sede em Melbourne, Londres e em Nova York, e com colaboradores de todo o mundo, a Paper Journal continua a crescer com uma série de exposições independentes, publicações impressas, palestras e eventos.

Fotos de Murilo Salles

06/maio

O cineasta e fotógrafo Murilo Salles lança um livro e faz a exposição de um trabalho seu ainda inédito: a fotografia ensaística. Em exposição, ampliações em tamanhos variados, sendo ao todo 18 fotos. A abertura e o lançamento do livro serão no dia 07 de maio, às 19h, na Mul.ti.plo Espaço Arte, Rua Dias Ferreira, 417 – Sala 206, Leblon, Rio de Janeiro, RJ. A exposição fica em cartaz até 1º de junho. “Murilo Salles Fotografias 1975-1979”, da Numa Editora, apresenta 116 fotografias escolhidas dessa época, feitas entre 1975, no set de “Dona Flor e seus dois maridos”, e 1979, no set de “Cabaré Mineiro”.

Durante cinco anos, após ter fotografado “Dona Flor e seus dois maridos” e já considerado um dos mais talentosos fotógrafos do cinema brasileiro, com apenas 25 anos, Murilo se jogou na estrada com sua Nikon F2 a tiracolo. Ele rodou o mundo, de Nova York a Paris, Roma e Maputo, até voltar ao Brasil para as filmagens de “Cabaré Mineiro”. Nesse tempo, produziu um trabalho de pesquisas e treinamento que revela porque Murilo se torna, tão precocemente, uma referência como fotógrafo de cinema. Murilo ainda fotografou “Eu te amo”, “O beijo no asfalto” e “Tabu” até que passou a se dedicar à direção. Em 1984, lançou o seu primeiro longa-metragem, o premiado “Nunca fomos tão felizes”, seguido de “Faca de dois gumes”, “Como nascem os anjos”, “Nome próprio”, entre outros filmes de ficção e documentários. Voltou à fotografia em grande forma com “Árido Movie”, em 2004.

“As fotografias nesses cinco anos serviram, principalmente, para treinar o árduo caminho no uso da cor, do contraste e nos limites da exposição. Uma experiência que foi intensa e radical”, comenta Murilo no texto do livro, que tem projeto gráfico de Rara Dias, parceira também na escolha das fotos e das composições temáticas entre elas. Mauricio Lissovsky assina o ensaio crítico e o livro conta ainda com uma cronologia do autor. Mas não esperem título, lente e demais informações sobre cada foto. “Não coloco título nem digo onde tirei minhas fotografias porque isso não é importante. O que interessa é a imagem. No título do livro está escrito o período em que elas foram realizadas porque acho importante perspectivar a época que estava fazendo essas fotos. A mais nova tem 40 anos!”

“As fotografias do Murilo são posteriores ao cinema não em virtude da cronologia ou da desconstrução, mas porque vieram depois da condenação da fotografia à imobilidade e em contraposição ao seu confinamento. Suas fotos vieram depois do cinema porque recusam a premissa de que o movimento seja uma prerrogativa do mundo que o cinema apenas imita ou reproduz. Não sai ao encalço dos objetos móveis, como fazem os fotógrafos fascinados pela velocidade, pelo milésimo de segundo; são os próprios movimentos do cinema que sua fotografia busca. Em outras palavras, sua câmera não persegue a imobilidade do mundo, para eventualmente interrompê-lo; ela se alimenta da própria mobilidade do quadro.”, escreveu Mauricio Lissovsky em seu texto no livro.

Um livro para a História

11/mar

A marchand brasileira Cérès Franco, será motivo de livro. Radicada na França desde os anos 1960 e após desenvolver no Brasil – com Jean Boghicci – uma famosa exposição na qual reuniu jovens artistas contemporâneos franceses e brasileros no MAM-Rio. Fixando-se em Paris, lá criou a Galerie L’Oeil de Boeuf que serviu de esteio a diversos artistas brasileiros e latinos que fugiam  das ditaduras em seus países durante os anos 1970. Agora, ganhará um livro contando a história de sua coleção.

 

A editora Lelivredart publicará um volume dedicado a Cérès Franco, suas escolhas artísticas, suas reuniões e seus compromissos que constituem a essência de sua coleção: “Cérès Franco, História de uma coleção”. O autor, Raphaël Koenig, é doutor em Literatura Comparada pela Universidade de Harvard. Sua tese foi dedicada à recepção da arte dos loucos e da arte brut pelos avant-gardes, de Prinzhorn a Dubuffet. Seu projeto editorial parte de uma simples observação: há uma relação quase simbiótica entre a trajetória biográfica de Cérès Franco e a constituição de sua coleção.

 

Os grandes colecionadores gradualmente segregam em torno deles uma espécie de concha ou casulo, um habitat que se assemelha a eles e que testemunha seu caráter, suas prioridades pessoais, políticas e estéticas, e os acidentes significativos de suas trajetórias biográficas …

 

Este livro não será um catálogo raisonné de sua coleção, mas sim, através da narrativa biográfica, propor uma série de janelas abertas sobre as principais obras da coleção, apreendidas na especificidade de seus respectivos contextos históricos. Este livro também destacará a importância de Paris como centro do mundo da arte após 1945, destacando a notável expansão internacional da coleção Cérès Franco.

 

Jean-Hubert Martin, Diretor Honorário do Museu Nacional de Arte Moderna Centro Pompidou de Paris, ex-presidente do Museu Nacional de Arte Africana e Oceânica em Paris, também curador de grandes exposições, incluindo “Les Magicians de la terre” em 1989 e a exposição “Carambolages” mais recentemente no Grand Palais, escreverá o prefácio do livro.