No MAM de Salvador

09/jan

O público baiano poderá conhecer e ver a obra do pintor Aurelino dos Santos a partir do dia 15 de janeiro, quando o Museu de Arte Moderna da Bahia abre a exposição do artista plástico, mostra que leva o seu nome, com texto e curadoria de Caetano Dias, apresentando cerca de 50 obras do acervo da Paulo Darzé Galeria e de coleções particulares.

 

 

Sobre o artista

 

Aurelino dos Santos é um artista popular. Esta palavra não no sentido de conhecido, para aquele que está na mídia ou se torna referência numa conversa sobre arte, mas popular na acepção de um homem do povo, que vive uma vida simples, numa casa simples, em local de extrema simplicidade, arredio a conversas – não sabe ler nem escrever, apenas grafa o nome como se desenhasse, e tem grande dificuldade de penetração no universo da linguagem, mas criador de um trabalho primordialmente com a pintura, com composições onde a geometria é o que mais chama atenção. Aurelino dos Santos já ultrapassou os 70 anos de idade. Nasceu em 1942. Vive numa casa de extrema simplicidade nos arredores de Ondina, bairro de Salvador, e produz arte compulsivamente. É um autodidata, que escolheu ou foi escolhido pela pintura para realizar sua trajetória na vida. E mesmo com tudo isto pontuando sua existência exibe uma arte sutil e requintada na sua criação, criando obras onde a geometrização é uma característica, marcada por uma representação de planos, formas e cores, construindo paisagens, ao mesmo tempo vistas de perfil e de cima, com cores às vezes fortes ou monocromáticas, outras suaves e vibrantes. Suas obras acumulam um misto de referências variadas, que passa pelo barroco, chegando ao concretismo e o neoconcretismo, formulando paisagens que traduzem a vida urbana de uma maneira única, formadas por triângulos, retângulos, quadrados e círculos, planos verticais e horizontais, uma geometria pessoal e uma visão misteriosa para o indecifrável da criação de uma obra de arte, ao levar quem vê seu trabalho para um envolvimento com o desconhecido, o secreto, o mistério, o encantado, e o encantamento que fascina no primeiro olhar. A sua arte é pintar. Falar sobre Aurelino é falar de sua pintura.

 

 

Trecho de um ensaio

 

Para sua exposição individual no Museu Afro-Brasil, Aurelino – A Transfiguração do Real, onde foram mostradas mais de cem peças, Urania Tourinho Peres escreveu um longo ensaio, fruto de suas conversas com o pintor e sua formação de psicanalista, com o título “Porque é beleza”, onde inicia com estas palavras: Ainda que não se saiba exatamente o que é a loucura em suas variadas formas de manifestação, e, sobre a obra de arte muita interrogações nos acompanhem, Aurelino dos Santos é reconhecido como louco e artista. Não é sem admiração e assombro que contemplamos sua arte. Sua produção traz a marca de um estilo que confere à sua pintura uma unidade. Quem tem acesso à sua obra não sente dificuldade em identificá-lo em sua produção e afirmar: “Este é um Aurelino” – maneira habitual de reconhecimento de um artista, na qual a obra ganha a identidade do autor”.

Galeria Aberta Amílcar de Castro

19/dez

 

A Fundação Clóvis Salgado, Belo Horizonte, MG, dando sequência à série de inaugurações de 2018, apresentou ao público da capital mineira, a nova Galeria Aberta Amílcar de Castro. O espaço, localizado entre as galerias Arlinda Corrêa Lima e Genesco Murta no Palácio das Artes, abriga a exposição “Corte”, uma mostra de média duração que reúne esculturas em diferentes tamanhos de um dos principais expoentes do neoconcretismo brasileiro: Amílcar de Castro.

 
A inauguração da Galeria Aberta Amílcar de Castro reforça a diretriz da FCS em valorizar a arte produzida em Minas Gerais durante a atual gestão (2015-2018). Neste ano, inclusive, toda a programação artística da instituição foi norteada por diferentes manifestos, dialogando diretamente com o Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade, que completa 90 anos em 2018. E em junho de 2019, inicia-se a comemoração do centenário de nascimento e Amílcar de Castro, um dos signatários do Manifesto Neoconcreto.

 
De acordo com Augusto Nunes-Filho, apresentar ao público um novo espaço expositivo no Palácio das Artes é, ao mesmo tempo, um reconhecimento do legado do artista e um olhar mais demorado sobre a produção artística em diferentes suportes, como a escultura. “Amílcar de Castro tem papel importante no cenário artístico brasileiro gozando também, há muito, de reconhecimento internacional. Por ser um escultor de mão cheia, foi justa essa vertente escolhida pela Fundação Clóvis Salgado para lhe prestar merecida homenagem com a nomeação do mais recente espaço expositivo do Palácio das Artes, a Galeria Aberta Amílcar de Castro”, destaca o presidente.

 
“CORTE” traça uma linha do tempo na história da produção de Amílcar de Castro ao reunir esculturas produzidas em diferentes momentos da carreira do artista. Vindas diretamente do Instituto Amílcar de Castro, em Nova Lima, as obras representam trabalhos em grande e pequena escala, exemplificando a visão que o escultor tinha sobre dimensionalidades, percepções espaciais e manipulação do ferro.

 

 

Amílcar ao ar livre

 
Para Ana de Castro, diretora do Instituto Amílcar de Castro, a exposição é uma grande homenagem ao escultor e uma lembrança daquilo que mais inspirava o trabalho de Amílcar. “Ao explorar com grande intensidade espaços abertos do Palácio das Artes e nomear este espaço de Galeria Aberta Amílcar de Castro, a Fundação Clóvis Salgado faz referência instantânea ao passado do escultor e cria um lugar onde a percepção se exerce mesclando elementos concretos e orgânicos. A prática sensível conduz a vivências de grande apelo visual”.

 
Um dos destaques do acervo é a obra “Estrela”, uma escultura em ferro, inspirada em um trabalho anterior de Amílcar de Castro, que concedeu ao artista seu primeiro prêmio. Datada do início dos anos 2000, a obra mescla a força do ferro com a sutileza e a precisão dos cortes característicos do escultor mineiro. Ao contrário das outras obras, a peça ficará exposta no Hall de entrada do Palácio das Artes.

 

 

As demais esculturas que integram a exposição “CORTE” são obras que perpassam as décadas de 1950 a 1990. Com dimensões variadas, algumas chegando a medir pouco mais de 30cm. Já outras esculturas chegam aos 2m de comprimento e pesam mais de 5 toneladas.
“CORTE é uma seleção de obras que reúne um amplo e significativo acervo do trabalho de Amílcar. É, também, uma homenagem à trajetória do artista que, aluno da Escola Guignard, observava e se inspirava na paisagem do Parque Municipal. Com essa galeria, celebramos o passado do escultor ao mesmo tempo em que reverenciamos a mistura do concreto, no caso, as esculturas de Amílcar, com a leveza de um espaço aberto, de livre circulação e conectado ao parque”, destaca Augusto Nunes-Filho.

 

 
Até 27 de junho de 2019.

Siron Franco em BH

A Fundação Clóvis Salgado, Belo Horizonte, MG, apresenta a exposição do pintor, desenhista e escultor Siron Franco. Suas obras estão presentes nos mais importantes museus do Brasil, como MNBA (Rio de Janeiro), MON (Curitiba), MASP (São Paulo) e MAC (São Paulo), e a exposição, que tem curadoria de Augusto Nunes-Filho, traz à Galeria Arlinda Corrêa Lima do Palácio das Artes 36 quadros do artista.

 

O trabalho de Siron Franco faz uso de uma paleta de cor escura e flerta com o realismo fantástico, representando imagens irreais na pintura. Com um olhar sutil sobre o cotidiano, o artista retrata situações de violência, por meio de figuras quase monstruosas, mesclando humanos e animais. Seu trabalho usa manchas de tinta, uma característica típica dos artistas da época, mas sua obra não chega a ser classificada como abstrata, já que, segundo o próprio Siron, lida com imagens, sejam elas humanas ou não.

 

As obras fazem parte, principalmente, de coleções particulares e a exposição conta, entre outras, com o díptico “Metamorfose” (1979), uma das séries mais famosas do artista, bem como “Sorriso” (1975) e “Espelho” (1975) da série “Fábulas do Horror”. Segundo o curador, “Destacar as obras de Siron Franco é parte do atual programa da Fundação Clóvis Salgado que abre espaço para artistas de todo o Brasil. Com grande satisfação realizamos esse trabalho, que dá acesso à população a obras de grande reconhecimento nacional e internacional, até então inéditas na cidade”, comemora Nunes-Filho.

 

Expondo individualmente pela primeira vez no Palácio das Artes, Siron Franco possui uma admiração especial pelos artistas mineiros. “Minas Gerais é um berço muito instigante da cultura brasileira, na sua música, teatro, artes plásticas e dança, por isso me sinto muito honrado em ocupar uma galeria do Palácio das Artes”, conta. Para o artista, a curadoria é uma oportunidade de revisitar um pouco do seu trabalho. “Todas são obras muito importantes da minha carreira e tenho muito carinho por elas, por isso agradeço muito a oportunidade de expor essa fase do meu trabalho que muita gente ainda não conhece”, comenta.

 

 

Sobre o artista

 

Gessiron Alves Franco, mais conhecido como Siron Franco, nasceu em Goiás, em 1947). Artista plástico brasileiro cuja obra é reconhecida no Brasil e no exterior. Como pintor, alcançou notável reconhecimento em sua participação na 12ª Bienal Nacional de São Paulo (1974). Passou sua infância e adolescência em Goiânia, tendo sua primeira orientação de pintura com D.J. Oliveira e Cleber Gouveia. Começou a ganhar a vida fazendo e vendendo retratos. A partir de 1965, decidiu concentrar-se no desenho. Residiu em São Paulo, frequentando os ateliês de Bernardo Cid e Walter Levi, e integrando o grupo que fez a exposição “Surrealismo e Arte Fantástica, na Galeria Seta”. Muito ligado às questões sociais, o artista realizou uma série de obras sobre o acidente com o Césio 137, elemento radioativo que causaria grandes danos de saúde a várias famílias de Goiânia. Os povos indígenas foram tema de um memorial feito por Siron Franco, em respeito e homenagem ao contínuo massacre dessas populações. A devastação da natureza também é um de seus temas, denunciando a caça e a matança de animais.

 

 

Até 10 de fevereiro de 2019.

Iberê em Brasília

26/out

A Galeria Espaço Cultural Marcantonio Vilaça (SCES), Brasília, DF, exibe a exposição “No Drama”, obra de Iberê Camargo, um dos maiores artistas brasileiros do século 20. Na mostra, um lado menos conhecido, com trabalhos inspirados em literatura, teatro, dança, música e cinema.

 

“No Drama” também apresenta uma série de desenhos, estudos de figurinos e cenários para um projeto de encenação do balé “Rudá”, de Heitor Villa-Lobos, produzido em 1959. Além disso, há uma sessão interativa feita a partir de oito painéis presenteados pelo artista ao amigo Luiz Aranha. Como parte das atividades paralelas, haverá exibição do documentário Magma (2014), de Marta Biavaschi e dois curtas-metragens.

 

Em exibição 53 obras pertencentes à Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre. São desenhos, pinturas e guaches inspirados na música, na dança, na literatura, no teatro e no cinema. Iberê necessitava da paisagem – seja ela humana, natural ou urbana – para pintar. Em “No drama”,o mundo das artes, assunto familiar ao artista e, ao mesmo tempo, mágico, que ele carregava para o ateliê. “Iberê passou por vários momentos, mas ele não muda. O próprio artista estava sempre fazendo uma performance na pintura, ele mesmo quase entra em cena também com aquela coisa de pintar, o recuo”, explica Eduardo Haesbaert, um dos curadores da exposição, ao lado de Gustavo Possamai.

 

 

Até 01 de dezembro.

Exibição de Rochelle Costi

17/out

A fotógrafa Rochelle Costi, realiza a exposição – “Passatempo” -, individual no Museu do Trabalho, Porto Alegre RS. A curadoria é de Gabriela Motta.

 

Durante os anos 1980 Rochelle Costi não era apenas uma artista que vivia em Porto Alegre. Rochelle vivia, trabalhava com e atuava na cena cultural local, tendo a própria cidade, seus
personagens e lugares como matéria prima de sua produção artística. O Hotel Majestic em meio a sua transformação em Casa de Cultura Mário Quintana, em 1984, foi palco de um preview da exposição da artista, “Vivo Retrato”, que iria circular por varias cidades do Brasil nos anos seguintes.

 

A Usina do Gasômetro antes de ser um espaço cultural da cidade está em seus registros fotográficos. O bar Ocidente, um dos lugares mais icônicos da contracultura nacional, onde o movimento punk e o público LGBTQ+ sempre conviveram, com toda a sua fauna ensandecida, como canta Nei Lisboa na música Berlim, Bom Fim também figura na sua produção do período, como o próprio Nei. Isso tudo ao lado da turma da Casa de Cinema, do Falcão (ator), das bandas Os Replicantes, DeFalla, TNT, Cascaveletes, das festas no Scalp, da escadaria da Igreja das Dores, da ponte do Guaíba, do morro da TV. Rochelle Costi estava em todos esses lugares e com todos esses sujeitos, fotografando-os, expondo, criando situações e gerando imagens nas quais é possível acompanhar, além das inquietações estéticas da artista, a própria cidade em transformação.

 

Exatos trinta anos após mudar-se para São Paulo, Rochelle Costi retorna com sua primeira individual na cidade. Passatempo, a exposição que a artista apresenta no Museu do Trabalho é um olhar para esse tempo que passou, mas um olhar de hoje, capaz de nos fazer rir e refletir sobre as transformações da cidade, das relações sociais, do nexo sempre tensionado entre os sujeitos e o lugar em que vivem. Essa mirada sobre sua trajetória, e acima de tudo sobre a trajetória da cena cultural da cidade nos faz lembrar, principalmente, que as conquistas sociais, culturais, humanistas, não são definitivas. São avanços que fazem parte de um processo em permanente negociação e que, novamente, se vêem ameaçados pela ascensão de um conservadorismo que enxerga no outro uma ameaça e não um espelho da sua própria humanidade contraditória.

 

É assim que, ao articular registros, resíduos, amostras de obras desenvolvidas ainda no início de sua trajetória, a artista atribui aos trabalhos, através de seus novos formatos e contextos, significados outros, condizentes com o cenário político e cultural que vivemos na atualidade. Há uma Porto Alegre de ontem e há uma Porto Alegre de hoje, e a proximidade entre ambas mobiliza

reflexões sobre os rumos e desvios das políticas sócio-culturais da cidade, das cidades.

 

 

Abertura: dia 20 de outubro, sábado, às 19 horas.

Hildebrando de Castro na Bahia

05/out

O pintor Hildebrando de Castro retorna a Salvador, Bahia, para nova exposição individual na Paulo Darzé Galeria. A mostra tem por título “EDP”, na qual apresenta uma série de pinturas, – projeto que se iniciou no final de 2016 -, após dois anos de trabalho contínuo. ”Decidi tirar férias em Lisboa. Logo após o desembarque, na primeira manhã, resolvi fazer uma caminhada pela borda do rio Tejo, pois o dia estava lindo e ensolarado. Para minha surpresa, me defrontei com o incrível conjunto arquitetônico da EDP ainda em construção. Fiquei fascinado com aqueles dois prédios e comecei imediatamente a fotografar. Esquecendo que tinha prometido a mim mesmo não pensar em trabalho nessa curta temporada, voltei ali, nos nove dias em que lá fiquei, para fotografar os prédios em diferentes horários do dia, aproveitando as variações da luz. Foi com este material em mãos que propus a Paulo e Thais Darzé fazer nossa segunda exposição”.

 

Hildebrando de Castro já se apresentou na Bahia (na Paulo Darzé Galeria) a exposição “Ilusões do real”, pinturas em acrílica sobre tela e mdf. Na trajetória de Hildebrando de Castro temos inicialmente, em grande parte, como tema o corpo humano, intercambiado por suas narrativas, elaborações e o simbólico que expressam, ou partes dele em sua fragmentação, com especial relevo para o coração, mais seres humanos e bonecos para falar de uma infância ou de uma vida perversa, com figuras insólitas, até chegar ao urbano, com as últimas mostras, e a ilusão do real, jogo de formas e cores, por sua incidência da luz e da sombra, da composição e de combinações, chegando a alguns momentos a colocar a pintura na tridimensionalidade, apresentando objetos.

 

A obra de Hildebrando de Castro é uma obra de representação, os trabalhos possuem como base a fotografia. Não uma fotografia tirada a esmo, mas preparada em seu cenário para tal, o que nos leva a estarmos diante de trabalhos, seja figurativo ou geométrico, em não procurar a realidade em si, mas sua estreita vinculação ao real, sendo uma arte com origem essencialmente na pintura, arte que começou crítica, irônica, de beleza estranha ao mostrar a banalização da vida e da morte, do prazer e da dor, com uma visão que colocava em primeiro plano as obsessões, os fetiches, as exceções, percorrendo o simbólico, e com um humor bem preciso ao tratar a tudo isto. Temática que os críticos colocam como procurando representar aspectos eróticos, religiosos, kitsch. Dessa forma, a geometria. o figurativismo, e a luz continuam um elemento importante nas pinturas do artista. Não à toa seus trabalhos não começam com croquis, mas com fotografias.

 

 

Sobre o artista

 

Hildebrando de Castro nasceu em Olinda, PE, em 1957. Passou sua infância e se desenvolveu profissionalmente no Rio de Janeiro. Autodidata, realizou sua primeira exposição individual no Museu Nacional de Belas Artes, ainda nos anos 1980. Viveu onze anos entre Paris e Nova York e desde 2004 vive em São Paulo. Seu trabalho sempre operou no terreno da representação figurativa, valendo-se da estratégia de empregar o enquadramento e a luz da fotografia como referência para a construção da pintura. Os primeiros trabalhos com pastel seco foram ponto de partida para as experimentações pictóricas que o levaram ao domínio do óleo e da acrílica. Em sua nova série, a realidade da “objetiva” traz substrato para unir geometria e representação, e estabelecer vínculos com o construtivismo e suas vertentes. Em 2013 duas obras do artista foram incorporadas ao acervo do MAC USP.

 

 

De 19 de outubro a 17 de novembro.

Brasília extemporânea

04/out

A exposição “Brasília Extemporânea”, em cartaz na Casa Niemayer, Brasília, DF, assinada pela curadora Ana Avelar, propõe obras de artistas que se depararam com essa cidade atual, ou que dialogam com aspectos dela, sejam eles simbólicos, históricos, políticos ou sociais, buscando levar adiante um debate que se deteve, em grande parte e por muito tempo, entre apoiadores e críticos de sua fundação e projeto inicial. São trabalhos de naturezas diversas (instalações, filmes, vídeos, objetos, intervenções), que informam sobre uma realidade negligenciada, mas não menos constituinte, da “capital planejada”.ACasa Niemeyer, é a antiga residência de Oscar Niemeyer, cujo estilo colonial é por si só um fato peculiar dentro das experiências modernistas do arquiteto.

 

 

Artistas participantes

 

Adirley Queirós, Camila Soato, Cao Guimarães, Christus Nóbrega, Clara Ianni, Clarisse Tarran, Diego Castro, Ding Musa, Dora Smék, Gabriela Masson (Lovelove6), Gê Orthof, Helô Sanvoy, Gregório Soares, Isabela Couto, João Trevisan, Joana Pimenta, Karina Dias, Laercio Redondo, Lenora de Barros, Luciana Paiva, Luiz Alphonsus,  Márcio H Mota, Milton Machado, Nuno Ramos, Raquel Nava, Paul Setúbal, Peter de Brito, Vera Holtz e Xico Chaves.

 

 

Até 15 de fevereiro de 2019.

O Poder da Multiplicação

13/set

Artistas contemporâneos do Rio Grande do Sul e da Alemanha apresentados na exposição lidam com as questões referentes à arte reprodutível de maneiras muito diferentes em exibição no MARGS, Porto Alegre, RS.

 

 

Artistas e obras

 

 

Vergara

E as gravuras que são pinturas

 

Os pigmentos foram emancipados pela poética de Vergara, foram elevados a uma potência léxica e, simultaneamente, a uma função sintática na pintura. Tanto produzem sentidos quanto estruturam essa produção de significados.

 

 

Marcelo Chardosim

Procuram-se pessoas que gostem de Alvorada!

 

De modo pragmático ou poético, Marcelo Chardosim desenvolve seu trabalho arte-vida apostando nas atitudes do cotidiano, na educação emancipadora, nas coisas que estão ao nosso lado e pelas quais podemos e devemos lutar.

 

 

Hélio Fervenza

Arte do desencontro

 

Ocorre que, aparentemente, não há nada nos parênteses fixados na superfície do museu. As perguntas, pouco a pouco, fazem-se outras: se não há nada, tudo cabe? O público, diante desses sinais, está fora ou está dentro?

 

 

Flavya Mutran

Desmemórias

 

Apostando na relação entre fotografia e objeto, Mutran propõe uma reflexão abrangente sobre a tecnologia como fenômeno social no qual novas questões estéticas nos convocam para outro tipo de percepção

 

 

Helena Kanaan

Da matéria aos fluxos da natureza, dos tempos e da vida

 

Os procedimentos litográficos desenvolvidos por Helena Kanaan constituem princípios que remetem ao deslizante e ao escorregadio do informe

 

 

Rafael Pagatinie

Sua estratégia artística: por um retrato calado contra o colapso da memória

 

Se há um artista do circuito contemporâneo da arte, no Brasil, obcecadamente dedicado a subverter e construir variadas imagens potentes que aludem à história política do país permeada pela violência, esse nome é Rafael Pagatini.

 

 

Xadalu

Um olhar etnográfico

 

Os procedimentos artísticos que utiliza com a matriz serigráfica despertam de modo inspirador uma reflexão sobre esses signos e suas relações étnicas com os lugares que sua obra ocupa.

 

 

Regina Silveira

A reprodutibilidade e o poder, mesmo

 

O eixo em torno do qual se move e estrutura-se a obra de Regina Silveira é formado por processos e poéticas que expandem linguagens nascidas da expressão gráfica.

 

 

Ottjörg A.C.

Histórias ocultas

 

As gravuras de Ottjörg A.C. estão carregadas de sentidos históricos. As marcas, as fissuras, os cortes nas superfícies, assim como seus processos de impressão e escolhas de matrizes, ampliam as possibilidades de compreensão das narrativas históricas.

 

 

Thomas Kilpper 

Vestígios impressos da História

 

O compromisso contra todas as formas de opressão política marca a obra artística de Thomas Kilpper, sempre, reportando-se a um contexto local ou a um projeto.

 

 

Hanna Hennenkemper

Uma arqueologia da impressão

 

Desenhar e gravar são, para Hanna Hennenkemper, atividades corporais, sendo que essas também devem transparecer no resultado.

 

 

Olaf Holzapfel

Uso gráfico de ambientes locais

 

A produção artística de Olaf Holzapfel abrange as mais diversas mídias, como pintura e gravura, escultura, instalação, fotografia e filme.

 

 

Tim Berresheim

Multiplicação múltipla

 

Com o auxílio de ferramentas como aplicativos de realidade aumentada ou do aixCave – um sistema de realidade virtual da RWTH, Universidade de Aachen, que permite a recepção imersiva e interativa de imagens ‒, algumas obras selecionadas podem ser contempladas de maneira múltipla.

 

 

Vera Chaves Barcellos

Desnaturar o dispositivo: Inflexões Fotopictográficas

 

Inquirir as especificidades dos meios da arte tem sido algo recorrente em práticas da arte contemporânea por artistas que trabalham com imagens de imagens. A reutilização de imagens preexistentes, emprestadas dos meios de comunicação de massa, muitas vezes, passa por transformações plásticas para questionar regimes visuais da arte, como mostram trabalhos da artista Vera Chaves Barcellos.

Amélia Toledo, Dobras da Memória

10/set

Uma das precursoras da arte interativa no Brasil, Amélia Toledo chega à Galeria Murilo Castro, Belo Horizonte, MG, com a exposição “Dobras da Memória”. Gratuita e inédita, a mostra integra a quarta edição do Circuito 10 Contemporâneo e fica aberta à visitação até o próximo dia 29 de setembro. São cerca de 25 obras icônicas, escolhidas por Marcus Lontra Costa – mesmo curador de “Lembrei que Esqueci”, exposição dedicada à trajetória da artista plástica paulistana, que ganhou dois grandes prêmios de crítica, no ano passado.

 
“Dobras da Memória” é um marco para a galeria Murilo Castro, que agora passa a representar Amélia Toledo (1926-2017) em Minas Gerais. “Estamos muito honrados em representar esta grande artista e fazer sua primeira exposição depois de ‘Lembrei que Esqueci’, eleita a melhor exposição de 2017 pela Associação Brasileira de Críticos de Arte”, afirma Murilo Castro. “Conheci a obra de Amélia quando ainda era colecionador, há mais de 30 anos. Agora, depois de mais de um ano de negociações, chegamos a esse formato. Faremos não só essa mostra, mas também garantiremos uma presença mais significativa da artista na ArtRio 2018”, completa o galerista.

 

De acordo com Marcus Lontra Costra, a arte de Amélia Toledo buscava a criação coletiva e a aproximação com as pessoas  – características que resultaram em trabalhos como as “Esferas de Resina”, as “Marcianitas” e as “Esferas Hápticas”. “São experiências, na maioria das vezes, lúdicas e despojadas de critérios e dos materiais eruditos, que poderiam vir a engessar suas sinceras e afetuosas empreitadas abstratas. Objetos lúdicos à espera do toque, do abraço e do envolvimento, cheios de poesia e sedução”, afirma o curador.

 

Ganham destaque na mostra as esculturas “Dragões Cantores” (2007) – concebidas com pedras em estado bruto e esculpidas pelo impacto causado pelas ondas do mar sobre um pilar de concreto bruto –-e “Impulsos” (1999-2017), composto por pedras parcialmente polidas, como quartzo, ametista e calcita. Amélia tem uma presença muito importante na arte brasileira e na arte interativa em particular, porque sempre foi muito altiva nesse sentido. Suas obras são como se estivessem saindo dela mesmo, ela não criava se preocupando com o mercado”, sublinha Murilo Castro.

 

4º Circuito 10 Contemporâneo

 

Unir forças para formar novos públicos, fomentar e renovar o mercado da arte em Belo Horizonte. Esses são alguns dos objetivos do 10 Contemporâneo, projeto pioneiro que reúne, desde 2016, algumas das principais galerias de arte da capital mineira. Juntas, as galerias vêm promovendo uma série de ações colaborativas e populares – sendo a principal delas o Circuito 10 Contemporâneo, cuja quarta edição teve início no último dia 1º e segue até 29/9, simultaneamente em nove galerias.

 

Nesta edição, além da Galeria Murilo Castro, participam AM Galeria, Beatriz Abi-Ackl, Celma Albuquerque, Lemos de Sá, Manoel Macedo, Orlando Lemos, Periscópio e Studio Cícero Mafra. Cada galeria realiza uma exposição inédita, com obras de artistas locais e nacionais, de diferentes gerações e linguagens, que vão de pinturas a esculturas, passando por desenhos, colagens, bordados e fotografias.

 

 

Sobre a Galeria Murilo Castro

 

A Murilo Castro é uma galeria de arte contemporânea inaugurada em 2002 na capital mineira. Por meio de exposições e representação de artistas, a galeria destaca artistas estabelecidos, em meio de carreira e talentos emergentes que atuam local e internacionalmente. Além do programa de exposições, e participação feiras de arte nacionais e internacionais, a Galeria Murilo Castro realiza uma série de palestras que conectam a comunidade, profissionais de arte e artistas para gerar respostas às questões sociais e culturais, desenvolvendo uma relação mais próxima entre os artistas e público interessado em aprender e colecionar arte contemporânea.

Vivências reais e fictícias de Gilberto Perin

29/ago

“Linha d’Água” e “Sem Identificação” são duas séries de fotografias que serão expostas pelo fotógrafo Gilberto Perin, nas Salas Negras do MARGS,

Museu de Arte Ado Malagoli, Porto Alegre, RS, com abertura no dia 05 de setembro, às 19 horas. Os dois conjuntos, segundo Perin, têm como ponto em comum “uma visita às salas escuras da alma, com se expressou o cineasta Ingmar Bergman se referindo ao sentido da Arte”.

 

Na primeira série, “Linha d’Água”, são apresentados 25 dípticos onde Gilberto Perin cria uma autoficção com associações e vivências reais ou fictícias. As imagens têm a reminiscência como elemento catalizador mas, muitas vezes, a fronteira entre a realidade e a ficção é indefinida e nebulosa. “Portanto, o voo – ou o mergulho – é livre”, explica o conhecido fotógrafo.

 

A ideia de utilizar a relação entre duas imagens é encontrar novos significados para cada fotografia ao se combinar com outra, ganhando um novo significado numa forma de poética visual. As fotografias colocadas lado a lado podem estimular ao espectador a sua própria ficção nas imagens associadas à infância, vida adulta ou envelhecimento.

 

O fotógrafo russo Nikita Pirogov diz que “…o díptico é a combinação do passado e do presente, das tradições e das suas novas ramificações. Os dípticos foram utilizados pela primeira vez na Grécia Antiga, muito antes da invenção da Imprensa. Eles vieram na forma de duas ou mais placas de argila para o texto de gravação ou imagens”.

 

“Sem Identificação”, a segunda série que Gilberto Perin apresenta, é uma crítica irônica e reflexiva de um tempo desconcertante, repleto de informações e mensagens visuais. Perin, junto aos os modelos que posaram nus, criou fotografias explorando imagens icônicas ou, simplesmente, imagens que surgiram espontaneamente no momento do ensaio fotográfico.

Em tempos de selfies, “Sem Identificação” tem concepção simples e direta onde a nudez é apenas a parcela aparente daquilo que não é revelado sobre a nossa identidade e pensamento. Gilberto Perin através de suas imagens pergunta “…que indivíduos somos nessa sociedade que têm impulsos tão primitivos a ponto de anular a identidade do outro?”.

 

 

 

Sobre o artista

 

 

Gilberto Perin, formado em Comunicação Social pela PUC-RS (1976), fotógrafo, diretor de cena e roteirista. Algumas exposições individuais: “Fotografias para Imaginar” (2013 e 2015), no Instituto dos Arquitetos do Brasil e Pinacoteca Aldo Locatelli, as duas em Porto Alegre: “Vestiário” (2013), no Museu do Futebol de São Paulo; “Camisa Brasileira” (2010 a 2018), Porto Alegre, no interior do Rio Grande do Sul, na França e Itália; “Conexões Infinitas” (2009), no Centro Cultural Erico Verissimo, em Porto Alegre. Algumas coletivas:“Queer Museu” (2017 e 2018), em Porto Alegre e no Parque Laje no Rio de Janeiro; “A Fonte de Duchamp, 100 Anos de Arte Contemporânea”, MARGS, Porto Alegre; “Objectif Sport” (2016), circuito internacional da Aliança Francesa, em Porto Alegre na Galeria La Photo; “Manifesto: Poder, Desejo, Intervenção” (2014), MARGS, Porto Alegre; “The Beautiful Game: o Reino da Camisa Amarela” (2014), Museu dos Direitos Humanos do Mercosul, Porto Alegre; “De Humani Corporis Fabrica”, MARGS, Porto Alegre; “Cromo Museu” (2012), MARGS, Porto Alegre. Dois livros de fotografias publicados: “Camisa Brasileira” (2011); e “Fotografias para Imaginar” (2015). Tem fotografias publicadas em jornais e revistas brasileiras e do Exterior; além de fotografias em capas de livros e obras em museus, entidades culturais e coleções particulares.

 

 

Até 04 de novembro.