10ª Bienal do Mercosul

22/out

A cerimônia oficial de abertura da 10ª Bienal do Mercosul, que ganhou a titulação geral de “Mensagens de Uma Nova América”, ocorre nesta sexta-feira, dia 23 (e até 06 de dezembro), no Santander Cultural, Centro Histórico, Porto Alegre, RS. Está sendo anunciada a presença de membros da Diretoria e do Conselho de Administração, equipe curatorial desta edição, artistas, patrocinadores e parceiros.
A mostra “Antropofagia Neobarroca”, situada no Santander Cultural estará aberta para visitação.As demais mostras abrem para visitação no sábado, 24 de outubro. Em exibição obras dos mais importantes artistas latinos de diversas épocas como dentre outros, Maria Martins, Iberê Camargo, Tunga, Ione Saldanha, Hélio Oitica, Tomie Ohtake, Estevão Silva, Wesley Duke Lee, Amílcar de Castro, Carmelo Arden Quin, Cruz Diez, Tunga, Cildo Meireles, Adriana Varejão, Carlos Asp, João Fahrion, Liuba, Pedro Américo, Oswaldo Maciá, Rubén Ortiz-Toreres, Romanita Disconzi, Avatar Morais, Paulo O. Flores, Didonet Thomas, Francisco Ugarte, Luiz Zerbini e Daniel Lezama.

 

 

Mostras, Espaços Expositivos e Horários

 

Modernismo em Paralaxe
MARGS – Praça da Alfândega, s/n – Centro
Horário: De terça a domingo, das 9h às 19h

 

Biografia da Vida Urbana
Memorial do Rio Grande do Sul – Praça da Alfândega, s/n – Centro
Horário: De terça a domingo, das 9h às 19h

 

Antropofagia Neobarroca
Santander Cultural – Praça da Alfândega, s/n – Centro
Horário: De terça a sábado, das 9h às 19h. Domingo, das 13h às 19h

 

Marginália da Forma / Olfatória: o cheiro na arte
A poeira e o mundo dos objetos/Aparatos do Corpo
Usina do Gasômetro – Av. Pres. João Goulart, 551 – Centro
Horário: De terça a domingo, das 9h às 21h.

 

Plataforma Síntese
Instituto Ling – R. João Caetano, 440 – Três Figueiras
Horário: De segunda a sexta, das 10h30 às 22h. Sábado, das 10h30 às 21h. Domingo, das 10h30 às 20h

 

Programa Educativo e a obra A Logo for America – Alfredo Jaar –

Centro Cultural CEEE Erico Verissimo – R. dos Andradas, 1223 – Centro Histórico
Horário: De terça a sexta, das 10h às 19h. Sábado, das 10h às 18h

Frantz na Mamute

19/out

A Galeria de Arte Mamute, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, convida para a mostra “Temporal”, do artista Frantz. Por ocasião da participação do artista na 10a Bienal do Mercosul, a galeria organiza uma exibição individual com um conjunto de obras abrangendo pouco mais de 25 anos da sua produção, com uma série de trabalhos inéditos. Partindo do processo de produção de Frantz, no qual o artista forra ateliês de outros artistas  para, depois de um tempo, recolher o material e então editar o que será considerado obra, a exposição abriga um conjunto de trabalhos de Frantz a partir de uma perspectiva mais sombria do que geralmente associa-se a ele. Uma profusão de pretos e brancos toma conta do espaço expositivo e nos leva a lançar um olhar mais silencioso sobre as grossas camadas pictóricas. São pinturas, carimbos, potes e livros que nos mostram os lentos processos de acúmulo dos quais sua obra nos fala. Com curadoria de Bruna Fetter, “Temporal” se propõe a realizar uma leitura sutil da obra de Frantz, extrapolando possíveis temporalidades (nas quais o piso do ateliê do artista do inicio dos anos 90 é apresentado juntamente com potes finalizados há cerca de dois meses) e desdobrando suas conexões espaço-temporais para além do(s) ateliê(s).

 

 

A palavra da curadora

Temporal

 

Usualmente com a duração de algumas dezenas de minutos, um temporal é um fenômeno atmosférico marcado por chuva forte, vendavais, trovoadas, relâmpagos e raios. Como chuva que cai e molha o solo, por vezes nutrindo-o, outras alagando-o, a pintura de Frantz é alimentada pela tinta que escorre e entranha a tela. Inundação pictórica. Em Temporal, a partir de uma palheta de cores reduzida, céus de tormenta preto e branco preenchem o espaço expositivo e silenciam o olhar. Entendendo o temporal também como uma ideia relativa à temporalidade de objetos e conceitos, a mostra aborda a poética do artista para além de uma relação maniqueísta que opõe o transitório à permanência. Ao entender o tempo como uma dimensão a mais a compor a obra, o artista o incorpora em íntimo diálogo com o espaço e seus limites. Nas palavras de Deleuze: “O tempo já não se reporta ao movimento que ele mede, mas o movimento ao tempo que o condiciona. Por isso o movimento já não é uma determinação do objeto, porém a descrição de um espaço, espaço do qual devemos fazer abstração a fim de descobrir a tempo como condição do ato”.

 

É a partir de tais relações e de ligações afetivas que o trabalho do artista toma forma. Contando com a disponibilidade e generosidade de colegas, Frantz forra paredes e pisos de ateliês que, cobertos, permanecem. Camadas e camadas de tinta vão se sedimentando numa lenta construção que registra processos de outros artistas. Aceitando o passar do tempo de forma displicente, esses espaços recebem respingos de tintas, massas de distintas cores, marcas de latas, pegadas de quem por ali passa,  acúmulo de pó. São vestígio e descarte que, posteriormente, sob o enquadramento do artista, viram obra. Dessa maneira, pinturas se materializam. Pinturas que rompem a bidimensionalidade, podendo ser pisadas, tocadas, manipuladas. Pinturas que advém de distintos endereços, questionando a noção de autoria e dissolvendo a aura da obra de arte. Pinturas que são documento e coleção; e que, através de telas, potes e livros, abrigam o processo e poética de Frantz.

 

Reunindo mais de 25 anos de produção artística, Temporal extrapola esses distintos momentos. Ao colocar o piso do ateliê do artista do inicio dos anos 90 em diálogo com potes finalizados há cerca de apenas dois meses, a mostra busca desvelar como a ação do artista se desdobra em temporalidades mundanas e, do espaço abstrato, constrói variados cenários, potentes em seus fragmentos únicos. Pingos e poças, ventos e trovões. Assim é a produção poética de Franz. Para além de breves momentos de desague, atemporal.

 

 

Sobre o artista

 

FRANTZ Rio Pardo/RS. (1963). Mora e mantém atelier em Porto Alegre, onde se dedica as Artes Plásticas, desenvolvendo várias técnicas, como desenho, aquarela, gravura, mas dedicando-se mais intensamente a pintura.  1982 – “Pichações” Museu de Arte do Rio Grande do Sul – Porto Alegre RS; 1983 – “OS NOVOS”, Espaço Cultural Yázigi, Porto Alegre RS; 1987 – “Exercícios Para Um Grande Impasse” Galeria Macunaíma FUNARTE – Rio de Janeiro RJ.; 1988 – “Esculturas-Estruturas” Museu de Arte do Rio Grande do Sul – Porto Alegre RS; 1984 – “Coletiva Pinturas e Desenhos” 11 artistas Gaúchos Paço das Artes – São Paulo SP; – “Panorama 84 Arte Sobre Papel” Museu de Arte Moderna – São Paulo SP; 1985 – “Caligrafias e Escrituras” Galeria Sérgio Millet Instituto Nacional de Artes . Plásticas / FUNARTE; – “XVII Salão Nacional de Artes Plásticas” Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – FUNARTE – Rio de Janeiro RJ; – “Artistas Gaúchos” Museu de Arte Contemporânea – Montevidéu – Uruguay; 1994 – “Coletiva de Novos 94” – Palácio das Artes – Belo Horizonte – MG.

 

 

Sobre a curadora

 

Bruna Fetter é Doutoranda em História, Teoria e Crítica de Arte pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRGS. Tem se dedicado a pesquisar questões que envolvem legitimação e constituição de valor na Arte Contemporânea. Também é curadora das mostras Da Matéria Sensível: Afeto e Forma no Acervo do MAC/RS (Porto Alegre/2014); O Sétimo Continente (Zipper Galeria, São Paulo/2014); Lugar Qualquer (Casa Triângulo, São Paulo/2013). Co-curadora das exposições Mutatis Mutandis, com Bernardo de Souza (Largo das Artes, Rio de Janeiro/2013); e Cuidadosamente Através, com Angélica de Moraes (Centro Cultural da Funarte, São Paulo/2012).

 

 

De 20 de outubro a 04 de dezembro.

O caos na arte de Marcelo Gandhi

13/out

O universo caótico das grandes cidades, a globalização determinando novas relações entre as pessoas, a crise de representação que, sintomaticamente, atinge em cheio o homem urbano. Em meio a essas reflexões, nasce e se fortalece a arte do potiguar Marcelo Gandhi, cuja mostra individual, intitulada “Suco de Máquina”, poderá ser vista Roberto Alban Galeria, no bairro de

 

 

Ondina, Salvador, BA.  

 

A exposição será composta por, aproximadamente, 15 obras de médio a grandes formatos, entre desenhos sobre papel e sobre tela, um objeto em alumínio fundido, uma animação e projeções de alguns outros trabalhos. A mostra, como explica o próprio Marcelo Gandhi, é fruto de sua incursão, “rotineira e incessante”, pela cidade de São Paulo, onde passou a viver desde que saiu do Rio Grande do Norte há alguns anos.

 

“A partir das minhas relações e reflexões de estar numa metrópole complexa como São Paulo, o desenho foi assumindo um caráter mais cartográfico, caótico, evidenciando também a minha condição de nordestino, negro, árabe, assim como o meu posicionamento objetivo e subjetivo dentro dessa grande centrifuga”, define Gandhi.

 

A relação crítica e provocativa com a cidade, ainda assim, não elimina as possibilidades de um viés mais intimista e universal do artista diante do novo paradigma do mundo em rede, “onde não há mais lugar centralizador e, sim, vários pontos de disseminação e circulação de informação”.  Para Gandhi, seu trabalho artístico adquire a partir daí um perfil divergente dentro dessa grande rede: “Uso e abuso da repetição, da arte conceitual, da pop arte, resignificando, assim, uma cosmogonia particular no meio dessa gênese coletiva. Assumo que o corpo da minha obra é híbrido, misturado ..uma perfeita metáfora do Brasil com todas suas contradições e contundências”. Segundo ele, essa metáfora se traduz por interrogações que perpassam questões como signo, fronteira, gênero, política, economia, sociedade, sexualidade, espiritualidade.

 

Em desenhos, Marcelo Gandhi começou trabalhando com nanquim e papel, herança da sua formação universitária e ibérica, depois incorporou também telas e canetas coloridas e até pintura. “Tenho me colocado em experimentação, observando como a linha se comporta em outras superfícies e suportes. A cor, pra mim, surgiu de um esgotamento do uso do preto e branco e também da dinâmica de avanço inerente ao próprio trabalho, pois chega um momento em que o próprio trabalho diz pra onde você tem que ir ou o que deve fazer. A arte é um sistema vivo e dinâmico, um motor contínuo sem começo nem fim”, sintetiza.

 

 

Toy art e Walt Disney

 

O caráter questionador e estético da obra carregada de abstração de Gandhi é reconhecido pelo curador e crítico de arte Bitu Cassundé, que apresenta a mostra da Roberto Alban Galeria. Analisando sua trajetória, ele diz que os desenhos do artista adquiriram mais recentemente uma nova estruturação e são contaminados por eixos do universo dos toy art, dos ready mades de Marcel Duchamp, dos quadrinhos, do cinema e do ocultismo. “Impossível não citar também influências diretas como Walt Disney, Jeff Koons, bonecos Playmobil, Farnese de Andrade, Louise Bourgeois, H.R. Giger, Andy Warhol, Basquiat, etc.“, afirma.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em Natal no ano de 1975, Marcelo Gandhi formou-se em arte-educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Transitando pela música, performance e desenho, foi selecionado  para a Bolsa  Residência EXO, do Itaú Cultural/ Ed. Copam, em São Paulo. Participou também, em 2006, do projeto Rumos, promovido pelo Itau Cultural em São Paulo. Em 2007, realizou a sua primeira individual na Pinacoteca do Rio Grande do Norte. Em 2012, integrou a exposição Metro de Superfície, no espaço Paço das Artes, na USP/SP. Algumas de suas obras pertencem a acervos como Centro Cultural Dragão do Mar, em Fortaleza (CE) e Pinacoteca do Rio Grande do Norte.

 

 

De 15 de outubro a 16 de novembro.

Os incríveis anos 60

09/out

A Pinacoteca Ruben Berta, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, exibirá a exposição “OS INCRÍVEIS ANOS 60 – britânicos na Pinacoteca Ruben Berta”, um verdadeiro tesouro escondido. Por ter sido poucas vezes mostrada na sua totalidade, e por não existirem telas com este perfil na maioria dos museus brasileiros, a exposição é uma rara oportunidade de apreciar o trabalho de artistas britânicos vistos como visionários nos anos 60, época culturalmente revolucionária.

 

A exposição apresenta peças criadas por nomes que no calor daqueles “anos incríveis” já haviam conquistado importantes lugares no mundo das artes como Graham Sutherland, John Piper, Kitaj e Alan Davie. Mas também de um artista, como Allen Jones, naquele momento apenas iniciando uma carreira que o tornaria, como os demais, uma referência da Arte Pop no mundo inteiro. Outros tantos, ao longo das décadas seguintes atuariam com trajetórias constantes, seja como professores, ou projetando-se no mercado de arte internacional, como Michael Buhler ou Mario Dubsky.

 

As linguagens destes trabalhos – consoantes com as profundas mudanças da sociedade dos anos 60 – influenciaram sucessivas gerações de brasileiros que miraram nestas expressões atuantes na Inglaterra. Estas obras que aportaram na capital do Rio Grande do Sul são representativas dos desdobramentos lírico, expressionista e informal da pintura e apontam para a consagração dos elementos pictóricos que compuseram a Arte Pop, em especial nos procedimentos gráficos desenvolvidos pela publicidade e pela propaganda.

 

A Pinacoteca Ruben Berta foi doada à Prefeitura de Porto Alegre em 1971 pelos Diários e Emissoras Associados, conglomerado pertencente à Assis Chateubriand. O magnata das comunicações empreendeu entre 1965 e 1967 a criação de cinco museus – entre eles a Pinacoteca Ruben Berta – instalados em diversas regiões do país. Um dos nichos destas coleções era formado por obras de artistas britânicos adquiridas em galerias londrinas obras de Alan Davie, Michael Buhler, Allen Jones, John Johnstone, Neville King, Bill Maynard, John Piper, Patrick Procktor, Graham Sutherland, Mario Dubsky e Peter Behan.

 

 

De 13 de outubro a 30 de novembro.

Bate-papo no Recife

30/set

O Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Rua da Aurora, Boa Vista, Recife, PE, convida para o dia 01 de outubro, às 19h, quando será realizado um bate-papo no Mamam com os curadores Agnaldo Farias e Valquíria Farias e o artista Gil Vicente para discutir a exposição “Inimigos”, atual cartaz na casa.

Delson Uchôa na SIM Galeria

A pintura é o assunto central da exposição individual de Delson Uchôa, que entra em cartaz na SIM Galeria, Batel, Curitiba, PR. A mostra reúne pinturas e fotografias do consagrado artista alagoano “que buscam conversar com olhos de quem sabe ouvir”. A pintura é apresentada como um conto, com alto teor de narrativa.

 

“Enquanto pinto, penso, e o pensamento permanece preso, ele é o espírito da pintura. Esse é o princípio. Então essas pinturas convidam para uma conversa. Há casos que elas falam sozinhas, há casos em que elas mandam me chamar, aí conversamos juntos.E são só ensinamentos. Por isso, a conversa é longa entre a pintura pensante, o autor, e quem contempla a obra”, explica Uchôa.

 

Uma fluidez própria da água aparece de maneira direta ou indireta em todas as grandes pinturas que integram a mostra, como “Oceano e Equinócio”, ambas de 2012. “O Oceano propõe uma luz transgênica, uma totalidade luz-cor. Ele é auto idêntico. Gosto da pintura porque ela ensina os homens a ver o sensível e o místico. A pintura é boa para o homem, ela nos ajuda a dialogar”, acredita.

 

“Neurocondução”, trabalho mais recente de Delson Uchôa na mostra, faz uma conexão do artista com a paisagem e a topografia, e também enfatiza a relação dele com uma cor que viaja e se transforma no tempo. O título é uma das inúmeras referências biológicas e clínicas com que Delson, formado em Medicina, povoa sua história nas artes plásticas, como explica Daniela Name no texto de abertura da exposição.  A obra é uma tela feita de lona muito grossa com desenho em preto feito a partir das linhas de dobra (como um origami). Essa superfície foi exposta ao ar livre, à ação do sol e da chuva.

 

“Neurocondução” fala da condição carnal da minha pintura, da eletricidade da cor; do sensível e sensitivo fio condutor, axônio. Quando o assunto é a apresentação do corpo médico ao corpo da pintura, da pele humana a pele da tela, do vermelho venoso purpúreo, ao sangue arterial oxigenado. O meu vermelho é o encarnado”, informa Uchôa, informando que “Entretela”, uma das obras da exposição, também é resultado da construção de uma “tela cultivada”.

 

Delson também usou os elementos e cores de sombrinhas, daquelas feitas de nylon made in China, como referência de cor para pinturas e também compor cenários que foram registrados em fotos da série “Bicho da Seda”, realizada no sertão nordestino. Algumas obras da série integram a individual na SIM Galeria.

 

De acordo com o artista, no seu trabalho a foto aparece mais como um suporte, portanto a obra se torna uma pintura expandida.  “O bicho da seda é um projeto que prioriza  a luz do sol, aconteceu no cerrado,  no descampado luminoso luz tórrida, árida paisagem, atmosfera e temperatura fabulosa para estridente palheta. A pintura se instala, ou seja, é construída com a cor das sombrinhas chinesas”, contextualiza.

 

“Quando o bicho é personagem, sua imagem conversa com o teatro, performance, vídeo, cinema, fotografia, e então o Bicho testemunha o entorno, ele é um reporte, um brincante.  Ele é mitologia, ele sou eu”, conclui.

 

O artista estará – em novembro – com uma exposição no Ludwig Museum, na Alemanha. Considerado um dos nomes mais importantes da Geração 80, Delson Uchôa tem obras que compõe as coleções permanentes da Pinacoteca de São Paulo, da Fundação Edson Queiroz, do MAC de Niterói, do Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), do Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (Recife), do Museu Nacional de Belas Artes,  e também do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Nos últimos anos, o artista também foi convidado para participar da Bienal de Veneza, Bienal do Cairo, Bienal de Havana, na Bienal Internacional de Curitiba (2013), e na 24ª Bienal de São Paulo.

 

 

Sobre a SIM Galeria

 

Fundada em 2011 em Curitiba, a SIM Galeria nasceu para atuar como um espaço difusor de arte contemporânea, exibindo artistas brasileiros e internacionais com investigações nos mais variados suportes:  pintura, fotografia, escultura e vídeo. Ao longo dos últimos três anos, a SIM foi palco de uma série de mostras individuais e coletivas organizadas por curadores convidados, como Agnaldo Farias, Jacopo Crivelli, Denise Gadelha, Marcelo Campos, Fernando Cocchiarale e Felipe Scovino. A galeria também é responsável pela assinatura de catálogos e outras publicações. A SIM ainda trabalha em conjunto com instituições brasileiras e estrangeiras com o intuito de promover exposições e projetos de artistas nacionais e internacionais.

 

 

De 01 a 31 de outubro.

A cor fremente de Gonçalo Ivo

28/set

A Galeria Simões de Assis, Curitiba, PR, inaugura exposição individual de pinturas de Gonçalo Ivo. O catálogo desta nova exibição traz textos assinados pelo escritor angolano – também artista plástico – Valter Hugo Mãe e Felipe Scovino, crítico de arte e curador que responde pela apresentação do artista expositor.

 

 

Sobre o artista

 

Não apenas mais um colorista

Felipe Scovino

 

Duas pesquisas ou situações simbólicas me chamam a atenção na experiência de presenciar o trabalho de Gonçalo Ivo: a sua capacidade de criar módulos distintos de experiência cromática em suas telas e a abertura para a ideia de uma partitura na maneira como compõe, e aqui leiam com o duplo sentido que essa palavra pode ter (fazendo um enlace tanto com a composição de uma música quanto a ideia de criação que ela também possui), a aparição da linha.

 

E isso não é pouco. Imagino que o leitor desse texto deva estar cansado da quantidade de subterfúgios e pouca vitalidade que uma parcela da chamada pintura contemporânea possui. Gonçalo se mantém à parte disso. Sua obra transita entre dois mundos muito próprios da história da arte brasileira e mundial. Suas referências internacionais variam entre a delicadeza e o misterioso abstracionismo de Paul Klee, a experiência arrematadora do abstracionismo geométrico de Vieira da Silva, a cor-luz pulsante de Rothko e os color fields de Barnett Newman, para me ater a alguns. No campo brasileiro, sua pesquisa cria conexões com a passagem entre o moderno e o contemporâneo, o ponto paradigmático da experiência de maturidade da arte brasileira. Estou me atendo ao período de aparecimento, ransformação e quiçá diferença que as obras de matriz construtiva introduzem de forma ampla no país. É a geração de Hércules Barsotti, Hermelindo Fiaminghi, Ivan Serpa, Volpi e Willys de Castro.

 

Acredito que foram guias espirituais, mestres, que Gonçalo acompanhou atentamente e que deles, entre outros, extraiu a essência de suas pesquisas e simultaneamente criou, Gonçalo, a sua própria trajetória. Percebam a semelhança e ao mesmo tempo as marcas pessoais de Volpi e Gonçalo ao compararmos a série “Ogiva” do primeiro e o tríptico azul em madeira realizada pelo último e exposto nessa mostra. A imagem de uma arquitetura religiosa, a relação não fortuita entre espaço e plano e finalmente a tridimensionalidade da pintura são pontos em comum, além da experiência com a têmpera, técnica renascentista, artesanal, utilizada pelos dois pintores em suas obras. Contudo, penso que aqui Gonçalo cria o seu caminho próprio. É a experiência com a cor que traduz isso. O artista cria uma corporeidade para a cor; não da forma como Hélio Oiticica fez e relata em seus textos mas como uma cor que possui matéria e significativamente espessura, “odor”, pois ela é toda corpórea, física, maleável. Há um fascínio ou investimento para que o olhar se converta em algo tátil. E mesmo quando a expande para o espaço, com seus objetos em madeira, que por sua vez criam um diálogo interessante e consistente com arte africana, há um desejo de continuar falando sobre pintura e não exatamente sobre tridimensionalidade ou escultura.

 

É perspicaz o fato de que Gonçalo particulariza os módulos de cor em sua pintura. Faz uso de um vocabulário geométrico mas não é exatamente a forma abstrata, imagino, a sua real preocupação mas as (inúmeras) qualidades e aparições que a cor venha a possuir. Para cada campo que constrói a cor ganha um significado e uma aparição ao mundo muito própria: pode se exibir com uma matéria áspera, suave, delicada, retraída, pulsante. É a maneira como orienta as pinceladas e o número e a forma como realiza as investidas de tinta sobre a tela que fazem essa percepção de que a cor em Gonçalo seja sempre diferente.  Não há separação,também, entre tela e moldura, pois esta é criada à revelia pelo artista. É comum vermos linhas verticais pintadas lado a lado definindo o que seria o papel da moldura. É na aparição da linha, por sinal, que assistimos à gestualidade do artista e seu embate com um suposto entendimento de que a pintura geométrica é racional e rigorosa. Está lá, na pintura de Gonçalo, assim como em Mondrian, guardadas as devidas especificidades de cada obra, uma linha torta e assumidamente humana. Descrevendo outra qualidade da linha de Gonçalo, percebemos o quanto ela é harmônica e musical. Aliás, a aproximação entre música e pintura já fica evidente na escolha dos títulos das obras (contraponto, acorde, prelúdio, etc). A  qualidade intervalar que é construída por meio dos módulos de cor me leva a crer que suas pinturas, agrupadas em um conjunto, podem ser lidas também como uma partitura. As linhas como notas a serem lidas que logo reverberam uma melodia que atravessa o espaço em que essas obras estejam habitando. É algo mágico e inventivo perceber essas centelhas que têm uma função inacreditável: nos tornar mais sensíveis ao que nos cerca, percebermos um instante de crença no homem para além da barbárie que assistimos todos os dias. Claro, não há som mas a ideia de que possam ser percebidas para além de sua materialidade e possam, portanto, criar vida em um outro regime, agora de escuta, é sensacional. Ampliar essa capacidade da pintura é demonstrar que, a contragosto de alguns, a pintura não morreu. Pelo contrário, o artista nos ajuda a entender que há muitos caminhos, sentidos e existências para essa técnica milenar. Portanto, a obra de Gonçalo não se traduz como um exercício de persistência da geometria ou de balancear, contrapor e/ou associar cores mas fundamentalmente provocar um estado de inovação do campo pictórico e associá-lo às mais distintas imagens e qualidades. Repito: a fabricação dessa operação não é para muitos.

 

 

Cromatismo

Valter Hugo Mãe

 

Por vezes imagino que nos salvamos de toda a matéria e viramos apenas identidades que
habitam a cor. A cor é um substantivo da matéria. Tenho sempre a impressão de que se rebela contra adjetivá-la e se torna tudo, como um ser que espera. As cores esperam. Enquanto lemos a luz, a cor torna-se alguém. Sabe coisas e é alguém. Um dia, desintegrados, talvez sejamos esplendorosa e unicamente participações na luz. A pintura de Gonçalo Ivo é mais do que um estudo da cor, é uma escola para a cor. Ali, ela aprende. Amadurece, como animal efectivamente caçado, que não pode mais deixar de assumir sua evidência no mundo. Cada tela é uma classe, feita de superior mestria, onde a luz incide para se adorar já não enquanto acaso mas enquanto inteligência. É esta a diferença entre a cor por consciência e a casual. O trabalho de Gonçalo Ivo, cientista desta arte, é um modo de revelação, não enquanto delirante tentativa mas exatamente enquanto pronúncia de sábio que chega cada vez mais perto do que não se podia ver. As suas telas existem como provas de um gesto de luz semelhante ao gesto de Deus. A luz sabe o que faz. Nas telas de Gonçalo Ivo a luz aprende a fazer.

 

 
A arte deixa cair o figurativo porque a realidade exposta já não é suficiente, talvez nunca o
haja sido e a insatisfação dos artistas esteve sempre comprovada, até tragicamente. A
libertação da arte em relação à obrigação de representar, ou de apresentar cabalmente o seu significante, é fundamental para adentrar um espaço mental, que não deixa de ser também uma dimensão da realidade, caracterizado por uma imprecisa questão para uma ainda mais imprecisa resposta. Chegar à questão é o desafio, obter alguma resposta é a absoluta improbabilidade. O trabalho de Gonçalo Ivo pode ser a negação total da matéria para que a alma de cada coisa se liberte apenas no comportamento da luz. Neste sentido, faz-me sentir como a espiritualidade de tudo. Uma espiritualidade bastante que advém exclusivamente do poder da arte. Salvas da sua contingência material, todas as coisas se apresentam como atributos apenas mentalmente consideráveis, que é modo racional, pragmático, para se referir questões de alma. Gosto de pensar que as telas de Gonçalo Ivo são o despido dos corpos, corpos nenhuns, porque ainda assim se manifestam de modo fremente, o que comprova a sua intensa existência, como intensas podem existir outras realidades também insondáveis.

 

 
Aquém da transcendência, muitas coisas são suficientemente transcendentes, vulgo, coisas da arte. Aludindo à ideia de despir matéria, a pintura de Gonçalo Ivo lembra tecidos, isso que as manualidades inventaram para protecção e adorno e que se faz do intrincado de fios ínfimos. A ideia de intrincado interessa-me. Ainda que nos deparemos com a impressão de uma limpeza tremenda, o rigor da pintura de Ivo é uma forma de virtuosa ourivesaria da cor. Igual a facetar um diamante, o ofício deste pintor é o de depuração do comportamento da luz. Sim, como dizia, as suas telas são escolas para a cor. Ela, ali, aprende.

 

O belo poeta Martin Lopez-Vega (no perfeitíssimo catálogo Contemplaciones, editado na
Espanha pela Papeles Mínimos) diz que nas telas de Gonçalo Ivo, profundamente planas, não há relevo, apenas geografia. Gosto muito. Tudo passa a ser sobretudo um lugar, como se pudéssemos efetivamente entrar num espaço sem, contudo, nada se definir por inteiro. Somos acolhidos, mas o que nos acolhe é a pura liberdade. Se as suas telas fossem tecidos, estaríamos sob eles ainda que o ato de observar nos crie a sensação de permanecermos sobre ou diante das coisas. Na arte, e porque é uma transcendência específica, o dentro e o fora, o cima e o baixo, podem simplesmente ser predicados inutilizados. Na arte, e porque provavelmente é a única transcendência existente, o dentro e o fora, o cima e o baixo, podem simplesmente ser predicados inutilizados. Tudo no trabalho de Gonçalo Ivo o explica. Essa convicção de que, na geografia, existe afinal caminho para o lado de lá da matéria, como aferição de uma alma, como passeio pela luz, colhendo cores igual a quem colhe um ramo generoso de rosas. Amo rosas.

Porto, 12 de abril de 2015.

 

 

De 01 a 31 de outubro.

Paralelos Urbanos: 10 fotógrafos

17/set

A exposição “30 / 34º S – Paralelos Urbanos” tem início no Centro Cultural CEEE Erico
Verissimo, Centro Histórico, Porto Alegre, RS. Trata-se de um projeto com dez fotógrafos de três cidades, Buenos Aires, Montevidéu e Porto Alegre que promoverá quatro exposições até maio de 2017, que buscam descobrir que cidades são essas que, entre os paralelos 30 e 34, pulsam no sul da América do Sul.

 

O olhar de Alfredo Srur, Andrés Cribari, Carlos Contrera, Fábio Rebelo, Fabrício Barreto,Francisco Landro, Gabriel García Martínez, Gilberto Perin, Lena Szankay e Lorena Marchetti traduz a cidade onde vivem ou como sentem a ação dela sobre o seu cotidiano. Suas fotografias exigem um olhar atento, pois provocam reflexões ou um convite à poesia urbana de Buenos Aires, Montevidéu e Porto Alegre.

 

 

Esta é a primeira etapa do projeto. Em 2016, os artistas realizarão mostras em Buenos Aires

(previsão de lançamento em maio) e Montevidéu (setembro de 2016). Durante as estadas em

cada município, o grupo produzirá novas imagens que serão apresentadas no encerramento,

em exposição prevista para maio de 2017 em Porto Alegre.

 

 

De 17 de setembro a 24 de outubro.

Leda Catunda em Fortaleza

15/set

Leda Catunda realiza curso e exposição individual com curadoria de Jacopo Crivelli Visconti. A mostra “Leda Catunda Seleção de obras de 1985 a 2015”, entra em exibição no Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza, CE. A mostra consiste na exposição de várias obras de grandes formatos realizadas nos últimos dez anos, algumas inclusive que se estendem para o piso numa mistura de pintura-objeto com instalação.

 

 

O curso de “Pintura Contemporânea” será realizado entre os dias 16, 17, 18 e 19 e tem como objetivo introduzir e discutir conceitos da história da arte moderna e contemporânea através de exercícios de pintura. Serão propostos diversos procedimentos de pintura, procurando-se com isso colocar em discussão as diferentes atitudes presentes na arte contemporânea com relação a essa técnica. O workshop está dividido em 4 dias para a realização de exercícios que serão propostos aos alunos, um exercício por aula e no último dia serão discutidos os trabalhos individuais de cada participante. Na introdução de cada exercício serão apresentados os conceitos relacionados com cada tema proposto e serão rapidamente analisadas as obras de artistas que inauguraram procedimentos, introduzindo assim, novas questões no universo da pintura. Abordando manifestações desde o início da modernidade no século XIX até artistas que vem trabalhando e reformulando ações na pintura, sob ponto de vista semelhante nos dias de hoje. Inscrições: pelo e-mail cultura@bnb.gov.br ou na recepção do CCBNB. Vagas: 20 vagas.

 

 

A exposição estende-se até 24 de outubro.

Cartão-postal para colorir

04/set

Uma série de seis cartões postais ilustrados pelo artista Leandro Selister são distribuídos gratuitamente na loja Koralle no Santander Cultural, Centro Histórico, Porto Alegre, RS. A proposta do artista envolve a retirada dos postais para que pintem as ilustrações em preto & branco, escrevam mensagens e enviem para qualquer lugar do Brasil. Encontra-se destinada no local uma caixa de coleta para receber os cartões já endereçados, com postagem e custo feitos pelo próprio Santander Cultural. A iniciativa, que traz imagens do prédio histórico de 1932, um projeto do artista catalão Fernando Corona, visa estimular a volta da escrita e buscar outra forma de comunicação em nosso mundo atual totalmente regido pela digitação.