Mucki Botkay na Galatea Salvador.

10/out

A Galatea anuncia a exposição “Mucki Botkay: janelas imaginárias”, com abertura no dia 17 de outubro, quinta-feira, das 18h às 21h, Salvador, BA.

A artista carioca Mucki Botkay apresenta pela primeira vezsuas pinturas com miçangas em uma grande exposição individual. Inspirada pela exuberância das paisagens naturais do litoral do Rio de Janeiro e da Bahia. Mucki Botkay cria peças que aguçam não só a visão, mas também o tato, pelo movimento e textura alcançados através dos bordados com as contas de vidro. Em uma espécie de zoom in, a artista vai ao detalhe da paisagem, depurando-a até de repente tornar o real abstrato. Essa decomposição da natureza em formas e cores é um convite à contemplação e à imaginação de um universo vivo e abundante. Por isso as obras de Mucki Botkay são como janelas imaginárias, título de sua exibição individual apresentada pela Galatea.

A exposição conta com texto crítico assinado pelo curador Leonel Kaz, que tem acompanhado a produção da artista nos últimos anos. Ele diz: “Há anos, visitei no Centre Pompidou, em Paris, uma exposição de Ghada Amer, artista egípcia renomada que foi uma das pioneiras da arte contemporânea com bordados, fibras tingidas, incrustações têxteis. Era uma pintura e não era. Era uma escultura na parede e não era. Era, apenas, o que deveria ser: um bordado que superava o artesanato contido em si mesmo e ganhava foros de grande arte. O mesmo ocorre no caso de Mucki. Há décadas, ela se debruça sobre panos. Nos panos, criou cores. Sobre as cores, refez caminhos, trajetórias, pontos e pespontos. Agora, com miçangas, cria uma forma nova, singular. Afinal, a função do artista não é a de criar algo fora do banal para acrescentar ao mundo o que ainda não foi visto? É o que ela consegue fazer com as telas bordadas, em que os fios invisíveis sustentam miçangas que fazem brotar uma paleta de cores diante de nossos olhos. A obra de Mucki reverbera o que a mata tem a dizer.”

Personagens instigantes de Fernando Coelho.

09/out

A Paulo Darzé Galeria convida para a abertura da exposição “Malabares”, do pintor Fernando Coelho que será de 17 de outubro a 16 de novembro, às 19h na Rua Dr. Chrysippo de Aguiar, 8, Corredor da Vitória, Salvador, BA. Curadoria de Bené Fonteles.

O conjunto de obras desta exposição sofre da armadilha que o próprio artista criou para si mesmo, instigando sua imaginação a sempre sobrepor camadas de papéis previamente pintados ou não, a serem colados, lixados e repintados com outras imagéticas vindas entre o sonho e a realidade.

São pinturas-armadilhas que nos cabem e descabem, pois é inevitável sermos surpreendidos pelas suas espertezas e acabarmos fascinados pelos personagens instigantes e transgressivos que parecem existir e vibrar na memória ancestral do artista.

As cores da fé.

08/out

A procissão do Círio de Nazaré é o tema de exposição com intervenções artísticas de Rose Maiorana sobre fotos de Tarso Sarraf, aberta à visitação em Belém do Pará. Fé, devoção e tudo que envolve a romaria do Círio de Nazaré: o encontro do olhar sensível do fotógrafo Tarso Sarraf com as matizes coloridas da artista plástica Rose Maiorana homenageiam um dos eventos mais icônicos de Belém do Pará. A exposição “Cores da Fé” poderá ser visitada até o dia 04 de novembro, no bairro Batista Campos, na Galeria de Arte do CCBEU.

Pessoas que transitam pela procissão do Círio de Nazaré, as fitas coloridas da época ciriana, entre outros registros eternizados no trabalho de ambos relata, através destas imagens, a força exercida pelo Círio de Nossa Senhora de Nazaré. Cenas marcantes de momentos da quadra nazarena, como a Trasladação, a motorromaria e a chegada de romeiros oriundos de municípios diversos do Pará para acompanhar a programação da festividade, tudo poderá ser conhecido pelo público que for visitar a mostra dos dois artistas amazônicos. Além das obras, serão apresentadas imagens de Nossa Senhora de Nazaré customizadas pela artista Rose Maiorana.

Sobre os artistas

Rose Maiorana é artista plástica contemporânea. Suas obras são um convite à imersão em um universo de cores e formas que transbordam vida. Tarso Sarraf é repórter fotográfico colecionador de prêmios, com mais de trinta anos de cobertura do Círio. Passou pelos maiores jornais de Belém e agências de notícias internacionais.

A Forma da Luz.

07/out

Obras dos artistas Sergio Camargo e Sergio Lucena encontram-se em cartaz até 30 de novembro na galeria Simões de Assis, Curitiba, PR.

Luz gasta¹

A luz cotidiana, que transpassa por entre os dedos e que vela a face. Gasta, difusa, dispõe-se a encontrar empatias formais em postulados intangíveis. É a trivialidade e a polivalência dessa luz, da sua presença imensa e diária, que rege o fascínio de Sergio Camargo (Rio de Janeiro, 1930 – 1990) e Sergio Lucena (João Pessoa, 1963) e instigam suas relações entre corpo e luz. Ambos compartilham da operação léxica da abstração geométrica em direção a uma dissolução semântica estrita, embora assente luminosas sem uma lógica construtiva, com profundas sensibilidades sobre a influência que massas exercem sobre si e seus trabalhos. Sutil e incisivamente, os artistas interessam-se pelas possibilidades de interação entre a matéria e a luz, desde a formação de sombras e silhuetas em formações grandiosas, à diminuta interação fractal das partículas minerais que atingem a retina – seja os fugidios cristais que sutilmente irrompem dos mármores de Carrara em frações de segundo, seja a madrepérola triturada e misturada às camadas de tinta a óleo que embalsamam as telas.

Na recente série de pinturas por Lucena apresentadas nessa ocasião, feitas no decorrer de 2024, o artista propõe-se a discutir propriedades inerentes ao fazer pictórico e à sua composição luminosa. A navegar em uma densa fatura gasosa, estrutural na medida que é atmosférica, há a incorporação de um elemento monolítico, quase escultórico, sempre presente: decanta e paira uma robusta linha branca horizontal. Sua presença não busca uma divisão dada entre o firmamento e o chão – apesar de sugestões da cultura visual ocidental tendam a essa direção, na magnetização interpretativa de uma paisagem figurativa -, mas a repetição de um elemento compositivo, estrutural, que reafirma a polivalência paradoxal de um corpo denso demonstrar leveza. Há, portanto, um ensejo construtivo que levita, acentuando por contraste o próprio caráter etéreo das pinturas, fazendo-nos confabular sobre as leis físicas que atuam sobre elas – afinal, Lucena interessa-se pela física e pela matéria, oferecendo-as como veículo a uma esfera etérea.

As esculturas de mármore branco de Camargo, seu corpo de trabalho mais reconhecível e quintessencial, almejam a criação de uma áurea pétrea, melhor absorvida por aspectos energéticos e poéticos do que cognitivos e gramaticais. Expoente de um ímpeto construtivista, ainda que desvinculado de coletivos artísticos, constituiu um legado incontornável na manipulação de sólidos em repetidas operações minimalistas. Suas esculturas ambiguamente fractais e monolíticas são aqui apresentadas em bases que repetem a presença do marcante elemento horizontal nas pinturas de Lucena, como em um plinto espraiado que determina uma leve suspensão. Esse sintoma do real, da locação da escultura e da convencionalidade da base permeiam áreas poéticas que enfatizam a ordem do gesto e da transcendência.

A complexidade do trabalho de Camargo se constitui no ponto de inflexão que congrega uma articulação racionalista, a repetir operações formais geométricas, com uma astúcia poética que, além de intrínseca à própria matéria, era ativada pelo cuidadoso sistema gestual e dinâmico de suas composições. O mármore de Carrara, em sua pureza material, apresenta-se como material absoluto, ideal para as experimentações líricas e luminosas em seus arranjos volumétricos. Ainda quando duras em maleabilidade e em léxico formal, suas esculturas propõem aconchegos sólidos gerados por espontaneidades rítmicas, fazendo com que a matéria seja uma ancoragem física em indagações que tendem ao infinito.

Do mesmo modo, a luz embalsamada da pintura de Lucena, construída pela justaposição de dezenas de camadas de tinta a óleo, é atingida a partir da criação de um meticuloso ruído pela adição repetida de massa de tinta. Essa interferência visual, formalmente detectável quando da observação próxima, desempenha papel central na observação das pinturas com distância, ao incitarem um grão luminoso sobre uma superfície aparentemente homogênea. Desse modo, o pintor propõe um minucioso lusco-fusco dentro dos grandes campos de luz, da vibração de uma constelação infinita que emana a docilidade e a força de uma luz que, embora aparentemente contida no retângulo da tela, é sempre apenas citada, homenageada, irrestrita ao plano pictórico por seu aspecto energético e simbólico expansivo.

Os diálogos entre Camargo e Lucena engendram a percepção de correspondências que acontecem em dimensões sensíveis da realidade, seja por afinidades visuais ou por respostas a demandas imateriais transhistóricas. De maneira difusa e sempre presente, ambos os artistas, sejam na pintura ou na escultura, materializam a tentativa do absoluto como um ensaio que recusa o triunfo de um acerto dado e enfatiza o esforço modesto e aventuroso de um diálogo permanente com a matéria artística. Entre planos, entendem a vida e a obra como um palco de propostas.

Mateus Nunes

¹  “Luz gasta” é uma expressão do arquiteto Louis Kahn (1901-1974), utilizada pelo crítico de arte e curador Guy Brett (1942-2021) na epígrafe de um texto sobre o trabalho de Sergio Camargo (BRETT, Guy. “Sergio Camargo: um olhar”. In: Sergio Camargo: Liber Albus. São Paulo: Cosac Naify, 2014, p. 251.).

Obras inéditas de Rossini Perez.

18/set

A Pinacoteca do Estado do Rio Grande do Norte vai receber a exposição “Desdobramentos: Desenhos de Rossini Perez” a partir do dia 19 de setembro. Reunindo 51 obras inéditas do artista potiguar, ficará disponível para visitação até 20 de outubro. Natural de Macaíba, Rossani Perez deixou um legado na arte potiguar, com uma carreira marcada por sua atuação em diferentes países da Europa, América Latina e África, como Senegal, onde lecionou gravura. Vale destacar, que a exposição é a primeira exibição física do artista em Natal desde seu falecimento, em 2020, e oferece uma oportunidade de conhecer um lado menos explorado de sua obra, como seus desenhos.

Sobre a exposição

A exposição “Desdobramentos” tem como objetivo revelar a importância do desenho no processo criativo de Perez, mostrando como essa linguagem se entrelaçou em suas produções. Por isso, as 51 obras que serão apresentadas, serão as originais produzidas entre as décadas de 1960 e 2000 e exploram um traço abstracionista experimental que caracterizou seus trabalhos, em diálogo com a obra de artistas como Iberê Camargo e o gravador franco-alemão Johnny Friedlaender.

Com uma expografia contemporânea, a mostra tem curadoria de Fabíola Alves, Everardo Ramos e Mariana do Vale, professores de Artes Visuais da UFRN, que analisam o lugar do desenho na arte de Rossini Perez. O catálogo da exposição será disponibilizado em formato digital e contará com informações detalhadas sobre as obras e o processo criativo do artista. Realizada pela Fundação José Augusto, Secretaria Estadual de Cultura, Governo do Estado do Rio Grande do Norte, com apoio da Lei Paulo Gustavo e Ministério da Cultura, a exposição é uma parceria com o Instituto Rossini Perez, a Pinacoteca do Estado do RN, o Projeto Shaula – Memória da Arte Potiguar (DEART/UFRN), o Grupo de Pesquisa Matizes (DEART/UFRN), o Laboratório de Acessibilidade (SIA/UFRN) e o Cineclube Gambiarra. As obras fazem parte do acervo pessoal de Rossini Perez, que foi transferido para Natal e motivou a criação, em 2023, do Instituto Rossini Perez, dedicado a preservar, estudar e divulgar a arte desse grande artista potiguar. Composto por inúmeros documentos, obras de arte e livros, o acervo se encontra hoje na Pinacoteca do Estado do RN, e vem sendo objeto de um trabalho de inventário e estudo por professores e estudantes do Curso de Artes Visuais da UFRN.

Fonte: Portal Saiba Mais.

As diversas mídias  de Nelson Leirner.

17/set

A CAIXA Cultural Recife foi o espaço escolhido para a primeira exposição com obras do artista Nelson Leirner após seu falecimento em 2020. A mostra “Nelson Leirner: Parque de Diversões” ficará em cartaz até 10 de novembro com 74 trabalhos do artista, entre objetos, pinturas, colagens e outros, com curadoria de Agnaldo Farias. Na abertura houve uma visita guiada com o curador e Agnaldo Farias realizou palestra aberta ao público. No dia 10 de novembro, às 16h, será realizada outra visita guiada, desta vez com Júlia Borges Arana, produtora executiva da Phi, correalizadora da mostra.

Famoso por utilizar meios e mídias pouco tradicionais, Nelson Leirner estudou engenharia têxtil e pintura, na década de 1950. O resultado dessa base é a construção de uma história versátil e bem-humorada em evidência nos trabalhos produzidos nos últimos 20 anos da vida de Nelson Leirner reunidos nessa exposição, que foi pensada para a CAIXA Cultural. Foram selecionadas pinturas, fotografias, estatuetas, imagens de miniaturas, obras em tapeçaria, técnicas mistas, colagens, releituras da Mona Lisa e objetos onde a ironia dá o tom e que fazem um passeio pelo “parque de diversões” que era a mente de Nelson Leirner, um dos mais versáteis artistas contemporâneos nacionais.

Algumas obras da série “Assim é… se lhe parece”, por exemplo, trazem colagens que misturam o universo da Disney com mapas e mundos. Outras obras como “Missa móvel dupla” e “Futebol” são pontos de destaque para que o público observe como o artista respeita o poder dos fetiches religiosos. Além dos interesses espirituais e materiais, perpassados por vetores econômicos e ideológicos: não escapam os brinquedos das crianças, os bonequinhos, os stickers que elas grudam nos cadernos para ornamentar, colecionáveis que assumem uma outra função aos olhos curiosos do visitante frente à aglutinação de elementos.

No desenho curatorial não faltam referências históricas de Nelson Leirner com exemplares de séries e ações importantes realizadas nas décadas de 1960 e 1970. “Nosso objetivo aqui é mostrar a obra onívora que se alimenta de aspectos da vida cotidiana, mas não só, também discute a figura do artista – esse homem incomum, esse gênio que as plateias cultuam com uma admiração, como diria o pernambucano Nelson Rodrigues, “verdadeiramente abjeta”; discute a natureza da obra de arte – ou aquilo que habitualmente é entendido como sendo arte -; e, por fim, discute a sobredeterminação de ambos pela história, pelo modo como estão enredadas num jogo”, explica o curador.

Sobre o artista

Nascido em São Paulo em 1932, foi um pioneiro da arte intermídia e uma figura central na vanguarda brasileira. Após residir nos EUA e estudar pintura com Joan Ponç, Nelson Leirner se destacou por suas apropriações e performances inovadoras, como a “Exposição-Não-Exposição” e o envio de um porco empalhado ao Salão de Arte Moderna de Brasília. Fundador do Grupo Rex e premiado na Bienal de Tóquio, incorporou elementos da cultura popular em suas obras e recebeu diversos prêmios, como o APCA de Melhor Exposição Retrospectiva, em 1994, e ampliou sua atuação para design e cinema experimental. Reconhecido internacionalmente, Nelson Leirner fez sua carreira transgredindo desde o princípio, como artista e como professor, responsável pela formação de toda uma geração de artistas.​

Anunciando Dashiell Manley.

12/set

A Simões de Assis, São Paulo, Curitiba, Balneário Camboriú, anuncia a representação do artista Dashiell Manley, baseado em Los Angeles, em colaboração com Jessica Silverman e Marianne Boesky. Conhecido por suas obras que exploram a interseção entre pintura, escultura e vídeo, Dashiell Manley investiga temas como tempo, narrativa e a materialidade da imagem.

O artista possui obras em acervos importantes como The Hammer Museum, JPMorgan Chase Art Collection; Los Angeles County Museum of Art; Museum of Contemporary Art, Los Angeles; Palm Springs Art Museum, Pomona College Museum of Art e Santa Barbara Museum of Art.

Primeira mostra de Tuli Serpa.

11/set

O Espaço Força e Luz, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, anuncia a abertura da exposição “Véus de Aço”, do artista Tuli Serpa. A mostra é a primeira individual do artista, e conta com instalações em grande escala. As obras estarão em exibição na Galeria O Arquipélago, localizada no primeiro andar até o dia 10 de novembro.

A abertura oficial terá a presença do artista. Além disso, contará também com set de Gabriel Bernardo, conhecido como DJ GB, DJ e produtor cultural que faz parte do Coletivo Arruaça. O DJ Set estará localizado na Rua das Andradas, em frente ao Espaço e, em caso de chuva, será realocado para o interior do edifício. O evento é gratuito e aberto ao público.

Sobre a exposição

“Motos, ocultas sob tecidos que as envolvem, parecem repousar em um sono profundo. A repetição desse cenário evoca uma quietude latente, onde a cobertura atua como um sudário, escondendo a vitalidade e transformando a potência em silêncio.”. É assim que o artista Tuli Serpa relata as ideias por trás da exposição “Véus de Aço”.

Utilizando de alegorias para representar o conceito de tanatose, que é a capacidade que certos animais têm de se fingir de mortos, o artista cria instalações em grande escala usando motos como seu objeto de trabalho. As motocicletas, antes pulsantes, velozes, agora se mostram quietas e inertes.  Através dessa subversão do “ser” moto, com suas estruturas inertes envolvidas por diferentes panos, Serpa nos leva a refletir sobre nossa própria inércia e mortalidade.

A exposição, localizada no primeiro andar do Espaço Força e Luz, na Galeria O Arquipélago, conta com diversas instalações em grande escala, incluindo motos reais e obras imersivas. Ela é a primeira individual do artista.

Sobre o artista

Tuli Serpa é artista visual, produtor de arte e coordenador de palco com mais de dez anos de experiência na produção cultural. Ao longo de sua carreira, atuou em diversos festivais de música e artes cênicas nacionais e internacionais. Nos últimos anos, tem se dedicado ao audiovisual, atuando no departamento de arte e assinando os cenários de três longas-metragens nacionais, além de dezenas de comerciais publicitários. Em sua pesquisa dialoga com signos urbanos, ruídos, contrastes e materialidades, investigando as tensões entre o ambiente urbano e o poético

Reflexões sobre a inclusão e a diversidade.

09/set

O artista visual Mauricio Kaschel apresenta até 26 de outubro a exposição “Atípico”, no Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba (MACC), SP, sob curadoria de Claudia Lopes, onde apresenta uma proposta sobre a reflexão dos padrões sociais estabelecidos, celebrando a singularidade de cada indivíduo e questionando conceitos de normalidade e anormalidade. O artista desenvolveu uma produção que desafia as convenções estéticas e narrativas tradicionais. Utilizando uma paleta monocromática e o papelão como suporte, suas obras dialogam com a solitude e a introspecção, convidando o público a refletir sobre a inclusão e a diversidade. Suas figuras solitárias, em poses meditativas, expressam a complexidade de sua experiência como indivíduo.

A curadora Claudia Lopes destaca que a exposição “Atípico” é um manifesto visual que questiona as normas sociais e celebra a diferença. Segundo ela, “ao desvendar os mistérios do papelão e da cor, o artista nos convida a olhar além das aparências e a reconhecer a beleza na diversidade humana”. Essa abordagem introspectiva é fundamental para a compreensão do trabalho de Mauricio Kaschel, que utiliza sua arte como uma ferramenta para explorar sua identidade e o lugar do indivíduo na sociedade. Sua produção é marcada por uma técnica autodidata que alia experimentação a uma meticulosa atenção aos detalhes. Sua escolha pelo suporte rústico e imperfeito reflete seu desejo de criar uma conexão direta com a realidade material e as deficiências existentes na vida cotidiana. Cada corte no papelão simboliza as cicatrizes da existência humana, refletindo sua jornada pessoal e artística.

“Atípico” também integra a condição neuro divergente de Mauricio Kaschel em sua prática artística. Diagnosticado no Espectro Autista nível 1 aos 35 anos, encontrou na arte um meio de expressão que transcende as limitações impostas pelas normas sociais. “Atípico” é, portanto, uma afirmação de sua identidade e não uma celebração da neurodiversidade, abordando temas como autenticidade, autorreflexão e alerta social. A mostra propõe uma reflexão sobre as relações humanas no contexto da arte contemporânea. O trabalho de Mauricio Kaschel valoriza a autoaceitação, desafiando as normas e expectativas da sociedade. Claudia Lopes observa que, em um mundo que frequentemente busca conformidade, “Atípico”, um grito de liberdade e aceitação, celebrando a pluralidade humana em todas as suas formas, convida o público a um diálogo introspectivo. Nas profundezas do azul, por exemplo, o artista encontra os segredos antigos, os mistérios do universo ecoando nas dobras do material. Cada obra é uma dança entre luz e sombra, um eco das palavras não ditas que reverberam na memória do observador. “Atípico” se posiciona como uma reflexão profunda sobre a arte e a condição humana, explorando suas complexidades e o fazer artístico como meio de expressão individual e coletiva. A exposição oferece ao público uma oportunidade única de se engajar com questões fundamentais sobre a identidade, a diferença e a inclusão, através do olhar sensível e da técnica apurada de Mauricio Kaschel.

Sobre o artista

Maurício Kaschel (Campinas, SP) – iniciou sua trajetória artística aos 12 anos, com uma exposição no Hospital de Câncer Infantil Boldrini, onde foi tratado de uma grave condição de saúde. Graduado em Cinema pela Faculdade de Cinema e Mídias Digitais (Brasília, DF), dedicou uma década ao audiovisual, atuando como roteirista e colorista. Publicou livros infantis e infantojuvenis, e exerceu diversas funções além de professor de artes e storytelling. Em 2022, redirecionou seu foco para as artes visuais, sendo reconhecido em 2023 com o prêmio do 45º Salão de Artes Plásticas Waldemar Belisário, em Ilhabela, SP. Participou de residência artística no Ateliê Ziriguidum, em Poços de Caldas, MG, e já expôs suas obras em diversas mostras, individuais e coletivas, incluindo “Caminho” (2023), Salão de Arte UNIVAP (2024) e a XX Mostra de Arte do Vale do Paraíba (2024).

Pancetti na Casa Fiat de Cultura

04/set

O público brasileiro conhecerá uma das últimas obras de Pancetti – inacabada -, além de documentário inédito e instalação imersiva com experiência poética. O mar sempre provocou fascínio nos homens. Os mistérios escondidos nas águas salgadas atraem, há séculos, o olhar de exploradores, pesquisadores, estudiosos, e de artistas. No Brasil, José Pancetti retratou como ninguém o beijo entre o mar e a areia. Sua poesia e delicada sobriedade serão reveladas na primeira exposição do artista em Belo Horizonte, MG, com pinturas de marinhas, paisagens, retratos e naturezas-mortas. “Pancetti na Casa Fiat de Cultura: o mar quando quebra na praia…”, que fica em cartaz até 17 de novembro.

A exposição tem curadoria de Denise Mattar e apresenta um conjunto de 46 trabalhos realizados entre 1936 e 1956, alguns deles nunca antes exibidos para o público, além de uma cronologia ilustrada e uma instalação imersiva, que reúne músicas de Dorival Caymmi, imagens e sons do mar. Também será apresentado um documentário inédito, produzido por Ula Pancetti, neta do artista. Na abertura ocorreu um bate-papo com a curadora Denise Mattar e Ula Pancetti. Toda a programação da Casa Fiat de Cultura é gratuita.

Entre as obras, o público poderá apreciar “Auto-vida” (1945), autorretrato emblemático de Pancetti, em que o artista mescla realidade, imaginação e ironia; “Retrato de Francisco” (1945), que mostra um menino negro tendo ao fundo a paisagem de um morro de São João del-Rei, cidade onde o artista viveu uma temporada; “O Chão” (1941), obra que deu ao artista o Prêmio de Viagem ao Exterior do Salão de Belas Artes; “Praça Clóvis Bevilacqua” (1949), obra pintada das janelas do Palacete Santa Helena, local onde dividiam o ateliê os artistas Volpi, Rebolo, Mário Zanini, Manoel Martins, entre outros; “Floresta, Campos do Jordão, SP” (1944), cidade onde o artista passou algumas temporadas para tratamentos de saúde e que é frequente em sua obra; “Pescadores” (1956), obra incomum na produção de Pancetti, que retrata a pesca do xaréu, em Salvador; “Lagoa do Abaeté” (1952), obra que retrata o encanto do artista pela cor das águas, da areia e dos panos das lavadeiras; “Paisagem de Itapuã” (1953), obra emblemática de Pancetti, que deu início à Coleção Gilberto Chateaubriand, uma das mais importantes do país; “Coqueiros de Itapuã” (1956), obra da última fase da pintura de Pancetti, momento em que o artista alcança uma plenitude criativa; além de “Composição – Bahia Interior o meu atelier, Itapoan” (1957), obra inacabada, que pertence à família do artista e é inédita para público. As obras provêm de coleções privadas de instituições do Brasil: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu Nacional de Belas Artes, Museu de Arte Moderna de São Paulo e Museu de Arte Brasileira da FAAP.   

As marinhas são a sua faceta mais conhecida, mas ele também pintava naturezas-mortas, paisagens e retratos, em obras singulares e muito poéticas. Para o presidente da Casa Fiat de Cultura, Massimo Cavallo, a paixão do pintor inspira a instituição a oferecer essa mostra. “A galeria da Casa Fiat de Cultura ganha a leveza, a profundidade e a brisa do mar que sempre estão presentes nas obras de Pancetti. Para sentir, basta contemplar.”

Filho de imigrantes italianos, José Pancetti foi pintor, escultor, desenhista e gravador.  Também foi pintor de paredes e militar da Marinha Brasileira – ofício que influenciou fortemente a sua obra e a relação com o mar. Nasceu em Campinas (SP), mas logo cedo se mudou para São Paulo. Seu pai era pedreiro, mestre-de-obras e músico e a mãe era camponesa. Por causa das dificuldades financeiras, foi enviado à Itália, ainda jovem, onde ingressou na Marinha Mercante. A infância difícil e as privações da adolescência deixaram marcas profundas na personalidade e na saúde de Pancetti, assim, o ingresso na Marinha Brasileira foi um alívio para as suas atribulações. O pintor teve seu talento descoberto na Marinha. Começou pintando um camarote e logo passou a pintar postais e tampas de caixas de charutos. A partir daí, seu interesse pela pintura se intensificou e chegou a estudar por um curto período no Núcleo Bernardelli (Rio de Janeiro), um ateliê livre que tinha orientadores em vez de professores.

A curadora da mostra, Denise Mattar, destaca que Pancetti sempre foi um pintor original e intensamente pessoal. “Seu temperamento solitário e a formação quase autodidata permitiram o surgimento de uma obra particular plena de lirismo, melancolia e poesia – uma obra que emociona. Sem estar preocupado com uma brasilidade teórica, Pancetti retratou amorosamente a nossa gente, a nossa luz e o nosso mar.”

A exposição “Pancetti na Casa Fiat de Cultura: o mar quando quebra na praia…” é uma realização da Casa Fiat de Cultura e do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Conta com o patrocínio da Fiat, copatrocínio da Stellantis Financiamento, do Banco Stellantis, do Banco Safra, da Usiminas e da Sada. O evento tem apoio institucional do Circuito Liberdade, além do apoio do Governo de Minas e do Programa Amigos da Casa.