Frida Kahlo – As suas fotografias

12/ago

O Museu Oscar Niemeyer (MON), Sala 3, Curitiba, PR, recebe, pela primeira vez, “Frida Kahlo – as suas fotografias”. A exposição, inédita, reúne 240 fotos do acervo pessoal da artista através de retratos da artista, família e amigos e será exibida no Brasil unicamente no MON.

 

São registros fotográficos da artista desde a infância, tiradas por dois fotógrafos profissionais de sua família: seu pai e seu avô materno. Há também momentos eternizados pela alemã Gisèle Freund e pelo húngaro Nickolas Muray, dois fotógrafos que conviveram com Frida por anos, além de fotografias tiradas pela própria Frida e por outras pessoas, imagens que a pintora gostava de guardar, olhar e se inspirar.

 

Para o curador da exposição, Pablo Ortiz Monasterio, “o acervo reflete de maneira clara os interesses que a pintora teve ao longo da sua tormentosa vida: a família, o seu fascínio por Diego e os seus outros amores, o corpo acidentado e a ciência médica, os amigos e alguns inimigos, a luta política e a arte, os índios e o passado pré-hispânico, tudo isto revestido da grande paixão que teve pelo México e pelos mexicanos”, conta.

 

A mostra é dividida em seis seções: A primeira retrata os pais da artista. Foram as numerosas imagens de seu pai, que fotografava a si mesmo em diferentes ocasiões que deixaram uma marca permanente na pintora: o autorretrato. A segunda destaca a Casa Azul, as primeiras poses de Frida para seu pai e as diversas reuniões que lá aconteceram. A Casa Azul é a residência que foi dos pais da pintora, no bairro de Cocoyacán, na Cidade do México, e que atualmente abriga o Museu Frida Kahlo, de onde vieram as obras desta exposição. A terceira revela o lado íntimo de Frida Kahlo. Há imagens feitas, e estilizadas por ela, recortes fotográficos mutilados, dos quais a artista elimina ou elege alguns dos protagonistas. Na quarta concentra-se os amores. São fotografias de seus amigos mais próximos, familiares, alguns dos seus amantes e, principalmente, Diego Rivera. A quinta traz um numeroso arquivo reunido por Frida, tanto pela qualidade visual, no caso das anônimas, como pelo seu valor, no caso das assinadas por grandes artistas. Nesta seção há desde cartões de visita do século 19 até retratos realizados por autores de destaque da história da fotografia e amigos pessoais. A sexta e última seção é dedicada às imagens relacionadas com as questões políticas.

 

A diretora cultural do Museu Oscar Niemeyer, Estela Sandrini, diz que é uma honra o MON ser o único espaço no Brasil a receber esta mostra. “O público poderá conferir de perto a intimidade de Frida, o olhar da artista sob outros olhares e sob seu próprio ponto de vista”, pontua.

 

 

 

Sobre a artista

 

Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderon, conhecida como Frida Kahlo, nasceu no dia 06 de julho de 1907 em Coyoacan, no México. Em 1925, aos 18, enquanto estudava medicina, sua vida mudou de forma trágica. Frida e o seu noivo Alejandro Gómez Arias estavam em um ônibus que chocou-se com um trem. Ela sofreu múltiplas fraturas, fez várias cirurgias (35 ao todo) e ficou muito tempo presa em uma cama. Foi nessa época que ela começou a pintar freneticamente. Frida sempre se autorretratou – suas angústias, suas vivências, seus medos e principalmente seu amor pelo marido, o pintor e muralista mexicano mais importante do século 20 Diego Rivera, com quem se casou em 1929, e que ajudou Frida a revelar-se como artista.

 

Em 1939 fez sua primeira exposição individual, na galeria de Julien Levy, em Nova York, e foi sucesso de crítica. Em seguida, seguiu para Paris. Lá conheceu Picasso, Kandinsky,  Duchamp, Paul Éluard e Max Ernst. O Museu do Louvre adquiriu um de seus autorretratos. Em 1942 Frida e o marido começaram a dar aulas de arte em uma escola recém-aberta na Cidade do México. Após muitos altos e baixos, como os três abortos e a relação amorosa rodeada por casos extraconjugais dos dois, seu estado de saúde piorou. Em 1950 os médicos diagnosticaram a amputação da perna e ela entrou em depressão. Pintou suas últimas obras, como Natureza Morta (Viva a Vida).

 

Na madrugada de 13 de julho de 1954, Frida, com 47 anos, foi encontrada morta em seu leito. No diário, deixou as últimas palavras: Espero alegre a minha partida – e espero não retornar nunca mais. As obras de Frida Kahlo possuem uma estética muito próxima ao surrealismo com influência da arte folclórica indígena mexicana, cultura asteca, tradição artística europeia, marxismo e movimentos artísticos de vanguarda. Destacou-se ainda pelo uso de cores fortes e vivas. Entre suas principais obras estão: “Autorretrato em vestido de veludo” (1926), “O ônibus” (1929), “Frida Kahlo e Diego Rivera” (1931), “Autorretrato com colar” (1933), “Autorretrato como tehuana” (1943), “Diego em meu pensamento” (1943) e “O marxismo dará saúde aos doentes” (1954).

 

 

Até 21 de novembro.

Eliane Prolik no MON

O Museu Oscar Niemeyer (MON), Curitiba, PR, inaugurou nas salas 1 e 2, a exposição “Da matéria do mundo”, da artista Eliane Prolik. A mostra apresenta a instalação “Atravessamento” e três núcleos de esculturas. Com curadoria de Ronaldo Brito, e Denise Bandeira como assistente de curadoria, a exposição se apropria de materiais industriais que possibilitam o desencadeamento de formas abertas e comunicantes relacionadas ao sentido fluido e emblemático da vida contemporânea. A instalação “Atravessamento”, de 160 metros quadrados de eletrocalhas, envolve e captura o espectador com seu engenho, rumor e desvios. A natureza escultórica de sua obra responde à presença física e à experiência ampliada da percepção do corpo em movimento em interações e tensões junto ao lugar, a arquitetura e a cidade.

 

Para Brito, “Da Matéria do Mundo” diz respeito não somente à aparência do mundo contemporâneo, seu aspecto anônimo e industrial, mas à essência de sua forma: o modo aberto, serial e repetitivo como se organiza, no limite do aleatório, estranho com certeza às noções tradicionais de harmonia e equilíbrio. Metafórica e concretamente, as esculturas de Eliane Prolik convidam a um verdadeiro embate físico que pode muito bem vir a se transformar em disponibilidade lúdica”, analisa. A diretora cultural do MON, Estela Sandrini, ressalta que, “muitos dos trabalhos apresentados nesta exposição foram criados para as salas do MON, a fim de estreitar as relações entre a obra, a arquitetura do espaço e a experiência sensorial do espectador”.

 

 

Sobre a artista

 

Curitibana, a artista é graduada em Pintura e possui especialização em História da Arte do Séc. XX pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP). Desde o final dos anos 1980 trabalha com escultura, objeto e instalação. Participou de diversas exposições nacionais e internacionais, como 25ª e 19ª Bienal Internacional de São Paulo (2002 e 1987), I Bienal do Mercosul (1997), Bienal Brasil Século XX (1994), Panorama da Arte Brasileira (1995 e 1991), “O Estado da Arte – 40 anos de Arte Contemporânea no Paraná 1970-2010” (2010) e “PR/BR – Produção da imagem simbólica do Paraná na cultura visual brasileira” (2013), Museu Oscar Niemeyer. Entre suas exposições individuais destacam-se “Projeto Octógono”, Pinacoteca do Estado de São Paulo (2004) e “Capulus”, Centro Universitário Maria Antonia, São Paulo (2003). Recebeu premiações no Salão Nacional e Salão Paranaense. Integra os coletivos de arte “Bicicleta”, “Moto Contínuo” e “Escultura Pública”, além de projetos institucionais no contexto paranaense.

 

 

Da Matéria do Mundo por Ronaldo Brito

 

Da Matéria do Mundo diz respeito não somente à aparência do mundo contemporâneo, seu aspecto anônimo e industrial, mas à essência de sua Forma: o modo aberto, serial e repetitivo como se organiza, no limite do aleatório, estranho com certeza às noções tradicionais de harmonia e equilíbrio. No entanto, insistimos em pedir à arte que nos ofereça preciosos objetos únicos, fechados em si mesmos, seguindo o padrão convencional. Há décadas o Minimalismo norte-americano e a Arte Povera italiana investiram contra semelhante conformismo, em favor de uma arte realmente contemporânea, em contato efetivo com o mundo da vida atual. O trabalho de Eliane Prolik aceitou, decidido, o desafio. Ao longo dos anos, a artista foi cultivando uma empatia sutil e sincera com os materiais comuns do nosso cotidiano urbano, foi apurando uma hipersensibilidade em relação a eles, que acabou por torná-los corpo e alma de sua poética.

 

À falta de um conceito ideal, vamos chamar Núcleos Escultóricos a essas peças de metal regulares, com uma configuração aberta, que se modificam necessariamente segundo as exigências de cada ambiente. Soltas no espaço amplo e generoso do Museu Oscar Niemeyer, elas devem ao mesmo tempo tensioná-lo e atravessá-lo, como dita aliás o título de um dos trabalhos da exposição. Em meio à sensação crescente de opacidade, sensação que parece dominar o denso e populoso século XXI, cabe à arte revelar transparências, abrir espaços, fazer brilhar a luz ali onde se tende a ver apenas impasses e muros intransponíveis. Metafórica e concretamente, as esculturas de Eliane Prolik convidam a um verdadeiro embate físico que pode muito bem vir a se transformar em disponibilidade lúdica.

 

 

Até 16 de novembro.

Bechara na Simões de Assis

25/jul

O artista plástico José Bechara inaugurou exposição individual de seus trabalhos na Simões de Assis Galeria, conceituado espaço situado no Batel, Curitiba, PR. A mostra recebeu edição de um esmerado catálogo com reproduções das atuais criações do importante artista contemporâneo. O texto de apresentação traz a assinatura do crítico de arte e curador Felipe Scovino.

 

 

Pintura contaminada pela poeira do mundo

Texto de Felipe Scovino

 

No Brasil, o legado das tendências construtivas, ao longo da segunda metade do século XX, foi uma constante com algumas variáveis. A geração que se estabeleceu logo após o fim do neoconcretismo teve influências tanto da Pop quanto da arte conceituai, ainda que tenha criado uma linguagem muito própria e inventiva, sem abdicar em maior ou menor grau do abstracionismo geométrico, como foram os casos, por exemplo, de Antonio Dias, Carlos Vergara, Cildo Meireles, José Resende, Rubens Gerchman e Roberto Magalhães. Outras pesquisas estéticas, tais como as de Mira Schendel, Paulo Roberto Leal e Raymundo Colares, tiveram uma aproximação maior com as tendências construtivas e, sem dúvida, arquitetaram uma condição nova e abrangente para essa pesquisa. As obras desses três artistas, por exemplo, criaram uma superfície pictórica orgânica e fluída.

 

 

Era um novo entendimento sobre como o construtivismo tendia cada vez mais a um discurso sobre o sensorial. José Bechara e uma determinada parcela da geração em que está incluído — como Carlos Bevilacqua, (as primeiras obras de) Ernesto Neto e Raul Mourão — estendem essa vertente ao trabalharem de uma forma harmônica e orgânica com o metal – seja o aço, o ferro ou o cobre — como material para esculturas ou, especialmente no caso de Bechara, como matéria pictórica. Um primeiro ponto que sempre me chamou a atenção em sua obra foi o fato de substituir a tela branca por uma superfície suja, poeirenta, impregnada de história, que são as lonas usadas de caminhões. Esse é o primeiro passo para entendermos o aspecto orgânico — expressão clichê, mas que, aqui, perde efetivamente sua impotência para ganhar outra validade — de sua obra e como a forma cria mais uma variável para esse acento geométrico na arte brasileira. O artista sobrepõe camadas de tempo ao fazer uso de processos de oxidação daquele material. Bechara incorpora a morosidade da oxidação como condição para a aparição do aleatório. As modificações que ocorrem — marcas, texturas e manchas — tecem uma sobreposição de volumes, cor e textura. Em outros momentos, ele divide a lona entre uma parte marcada por esse processo de oxidação e outra, pelas marcas que foram adquiridas por aquele material ao longo de seu uso na estrada. São linhas construídas ao acaso, signos de memória, que passam em um gesto poético a serem incorporados como pintura.

 

 

Ademais, o artista faz uso da grade, elemento simbólico da gênese da pintura construtiva (vide os construtivistas russos e Mondrian) que, no pós-guerra, ganha distintas leituras (de Robert Ryman a Agnes Martin, passando por Gerhard Richter e Lygia Pape), como uma possibilidade real e precisa de criar uma perspectiva ilusória. Segundo Dan Cameron, “a grade lentamente se desenvolveu de um dispositivo usado para ajudar a criar uma ilusão espacial para um sistema que se impôs sobre o espaço propriamente dito.” A grade declarou a modernidade da arte ao ajudá-la a conquistar sua autonomia e, “em parte”, a dar as costas à natureza. Para Sennet, “a convicção de que as pessoas podem expandir os espaços infinitamente — através de um traçado em grade — é o primeiro passo, geograficamente, de neutralizar o valor de qualquer espaço específico.” Em Bechara, a grade aparece como um ato transformador. Antes de tudo, porque as linhas que a delimitam são tortas, sujas e erradas, assim como toda a superfície da lona. Há uma outra ordem para essa composição geométrica, minimalista e precisa. Suas obras são sobrevoadas por uma atmosfera ruidosa, poluída, violenta, urbana, na qual caos e ordem estão misturados. E é exatamente por isso que sua obra é extremamente real e viva. De alguma forma, a velocidade e a dinâmica que fizeram parte da história daquelas lonas são transferidas para as composições criadas pelo artista. E, ainda, a grade em determinados momentos parece avançar sobre o espectador, e em outros recua como se o que interessasse fosse tornar visível as figuras que são construídas aleatoriamente pelo processo de oxidação e por suas próprias linhas, tortas e precárias. E esse grito de defeito, de que algo deu errado que faz as obras de Bechara serem demasiadamente humanas. Ao aproveitar o que já vem dado pela lona — riscos e manchas —, o artista cria um novo repertório de traços e linhas que magistralmente equilibra passado (história e memória) e presente (a ressignificação da pintura — e por que não do desenho? — e da própria ideia de gestualidade).

 

 

Em sua série mais recente, Bechara intensifica a aparição da grade, pois sua composição se torna mais fechada e apresenta sucessivas camadas que, ao se sobreporem, “apagam” a “pele” da lona. Todavia, o plano se torna ainda mais dramático — como se a um olhar leigo fosse possível criar drama apenas e tão somente pelo cruzamento de linhas verticais e horizontais, e é aqui que a deflagração poética transforma a banalidade e o ordinário em um acontecimento mágico e encantador — com a incapacidade em denotarmos o que é figura ou fundo, pois a perspectiva se transforma amplamente em uma experiência ilusória. A oxidação, porém, continua presente e cria zonas gráficas e de interferência cromática que continuam transformando essas obras em uma espécie de canteiro de obras. E um processo sucessivo de decantamento (ao aplicar a emulsão sobre a lona, a oxidação derivada desse processo precisa de um repouso para a sua ação) e encantamento. Bechara é um artista incansável, pois estão lá gravados, na lona, sua força, sua participação, sua investigação de materiais e técnicas; como uma experiência biológica, assistimos ao jogo de forças e presença que a emulsão de cobre ou aço, o uso da palha de aço e a corrosão derivada desse processo realizam sobre a superfície da lona.

 

 

Suas esculturas não constituem uma outra fase de produção em relação às pinturas, pois são diálogos pertinentes e imbricados. Sua mais recente série de obras, denominada Enxame ou estudos para uma aproximação de suspensos (2013-14), torna clara essa aproximação. Ela possui um papel intermediário nessa aproximação entre a bidimensionalidade e o ar. São caixas de madeira cujo interior é formado pela sobreposição, com pequenos intervalos, de placas de vidro. Sobre as placas, há a aplicação de tinta spray de distintas cores que, como um pincel, imprime um preciso e livre jogo de formas geométricas. No fundo de algumas dessas caixas, placas de madeira cortadas, que acentuam não só o legado construtivo na obra de Bechara mas também a pesquisa sobre cor e planaridade que tanto interessa a sua produção. Na construção de uma relação óptica e ilusória, essas obras parecem lançar ao espaço as linhas e campos de cor, fazendo que com que elas bailem por entre os vidros.

 

 

E essa constituição de um desenho no espaço que cria o diálogo entre suas pinturas e esculturas. Especialmente na série Esculturas gráficas, a tridimensionalidade pertence mais ao ar do que à terra. E essa imagem advém principalmente pelo fato de Bechara equilibrar cheio e vazio, o dentro e o fora. Seus volumes preenchidos de ar nos fazem ver aquelas formas como estruturas gráficas suspensas do papel e tendo o espaço como seu habitat. Mesmo sendo esculturas, ficam na fronteira entre a bidimensionalidade e a tridimensionalidade. E mais um fator que nos ajuda a compreender essa fronteira borrada é como o artista continua a investigar a cor. Esses monocromos tridimensionais elevam a cor que estava no plano do papel ou da lona para a superfície. Criam formas gráficas suspensas que se equilibram minimamente, transmitindo uma sensação de precariedade e instabilidade, entre o balanço de preenchidos de vazio e outro com grande carga cromática. Não me parecem que ocupam o espaço de uma forma vigorosa e pesada, mas pousam sobre ele. Há uma sensação de que o peso foi retirado daquelas estruturas, e elas simples e decisivamente ganharam leveza e um ritmo que as leva a ocuparem e se infiltrarem naquela área de uma maneira cadenciada. Por outro lado, a série Open House traz uma velocidade caótica e desorganizada. E importante relatar que, nesse percurso de experimentação acerca do espaço, a casa é um arquétipo freqüente na obra do artista. Entretanto, é uma casa que procura ser esvaziada, como presenciamos na série em questão, pois, ao mesmo tempo que parece desejar ser ocupada pelo vazio, expulsa o que contém ou que estava sendo mantido em âmbito privado. As duas séries de esculturas se situam em uma zona de conflito, porque, nessa imagem dionisíaca e hostil de uma escultura que se faz no turbilhão do caos, o artista quer demonstrar que “o vazio tem solidez, é uma matéria.” E um vazio que se coloca como personagem de um enredo trágico.

 

 

 

Desde 24 de julho.

Mesa-redonda e Lançamento

21/jul

A Galeria Mamute, novo espaço de arte contemporânea, situado no centro histórico de Porto Alegre, RS, convida para mesa-redonda com os artistas residentes Andreia Vigo, Nelton Pellenz, Walter Karwatzki e a curadora Niura Borges.  Serão abordados o processo criativo e as produções desenvolvidas durante o projeto de residência artística  em vídeo da Galeria Mamute, a “Videoresidência Território Expandido”.

 

Neste mesmo dia ocorrerá o lançamento do catálogo do projeto e DVD com as obras dos artistas.  “Videoresidência Território Expandido” foi contemplado  com o Prêmio Rede Nacional Funarte Artes Visuais 10ª Edição.

 

 

Local: Galeria Mamute, Rua Caldas Júnior, 375, dia 23 de julho, às 18h.

 

Galeria Beatriz Abi-Acl exibe Júlio Hubner

26/jun

Em sua nova exposição individual, Júlio Hübner muda radicalmente seu estilo para fazer uma reflexão sobre a importância das vias públicas em nossa sociedade e exibe a série “Via Pública ou Marginal – Trajetos da Nação sem Noção”. na galeria de arte Beatriz Abi-Acl, bairro Lourdes, Belo Horizonte, MG.

“A rua sempre exerceu em mim um grande fascínio”. Assim, Júlio Hübner começa a falar sobre as suas mais recentes obras, inspiradas nos espaços públicos.

 

 

O asfalto áspero, as placas de sinalização de trânsito, as pessoas andando apressadamente contra o tempo, os veículos cruzando para um lado e outro. Tudo estava acomodado em seu subconsciente, até que alguns acontecimentos fizeram aflorar todo esse fascínio. O grito “vem pra rua”, ouvido nas manifestações populares nos meados do ano passado, o levou literalmente para a rua e fez brotar a necessidade de traduzir plasticamente esse sentimento.

 

 

Da mesma forma que a mobilização popular lhe serviu de inspiração, ao visitar países europeus em 2013 ficou fascinado com as autopistas alemãs, onde pode exercer o prazer de dirigir em alta velocidade. Não lhe passaram despercebidas algumas sinalizações de trânsito bem diferentes das usadas em nosso País. Daí, o grande desafio de levar para as telas essa nova inspiração. “A rua é rude, o asfalto é áspero, por isso a solução encontrada foi representá-la tal como ela é, trocando apenas o cinza do asfalto pelo negro texturizado e as faixas ou cores, representadas com espessas camadas de tinta acrílica, o que ressaltou a qualidade das obras, tirando-as do lugar comum das tradicionais pinturas”, destaca o artista.

 

 

Nesse novo trabalho, ele rompe com seu estilo de pintar a sensualidade do corpo, estilo esse que lhe rendeu prêmios, como “Honra ao Mérito Artístico Cultural”, concedido pela Academia Brasileira de Arte e Cultura e pela Secretaria Estado de Cultura do Governo de São Paulo. “Com o passar do tempo, deparei-me com a necessidade de novos desafios”, explica. Agora, as 20 obras que integram a mostra individual intitulada “Via Pública ou Marginal – Trajetos da Nação sem Noção”, são mais concretas.

 

 

Na montagem da exposição, Júlio Hübner vai projetar sobre um políptico composto por seis telas de 1,80 cm x 1,80 cm, sombras de manifestantes nas ruas de Belo Horizonte. De forma simples e minimalista, onde o menos é mais, Júlio Hübner transforma os símbolos encontrados nas ruas em imagem que produzam significados diferentes se vistas sozinhas ou em conjunto. É o caso das obras “Princípio, “Meio” e “Fim”, com faixas desencontradas representando o povo que, com a ajuda das redes sociais, consegue se alinhar em busca de uma melhor administração pública. Já a obra “Governados, desgovernados e governantes” representa o símbolo maior da Capital Federal.

 

 

 

De 03 a 27 de junho.

 

Experimentos em Narrativas

16/jun

Galeria Mamute, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, abriu a exposição “Sobre Tempos e Narrativas”, individual de Marcelo Gobatto. A mostra “Sobre tempos e Narrativas” apresenta o produto de investigação do artista visual Marcelo Gobatto sobre o tempo, cujo ponto de partida é o filme-ensaio produzido durante sua pesquisa de doutorado. Ao lado de produções mais recentes, são apresentados fragmentos de narrativas e imagens de algumas produções realizadas entre 2000 e 2008 junto com cenas de filmes emblemáticos dos diretores do cinema moderno como Michelangelo Antonioni, Alain Resnais, Robert  Bresson, Ingmar Bergman e Yazujiro Ozu.

 

Ao explorar o uso de fotografias, relatos e paisagens sonoras, Marcelo Gobatto cria ficções sobre nossas relações com a memória, o afeto e o real. A disposição das obras no espaço da Galeria Mamute e algumas estratégias de difusão utilizadas pretendem que a exibição,  em seu conjunto, proponha um questionamento (talvez político, mas sempre poético e filosófico) sobre nossa percepção do tempo e do espaço.

 

 

Até 05 de julho.

Téti Waldraff no MAC-RS

09/jun

O Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, inaugura a exposição “JARDIM EM FLOR”, uma panorâmica de 25 anos da artista Téti Waldraff. A mostra entra em cartaz na Galeria Xico Stockinger, 6º andar da Casa de Cultura Mario Quintana, Porto Alegre, RS. A curadoria é da crítica de arte Paula Ramos.

 

 

Texto do diretor do MAC-RS

 

A exposição JARDIM EM FLOR da Téti Waldraff é uma intensa e radiante ode a vida, aquela que pulsa na natureza e é apreendida com sensibilidade pela artista em centenas de desenhos e objetos, com múltiplas formas e cores, traduzindo na sua arte, cheia de força e verdade próprias, o significado do “exercício experimental de liberdade”, como Mario Pedrosa conceituava o fazer artístico. O que também podemos sentir na obra da Téti é a capacidade infinita que o verdadeiro artista tem de se deslumbrar com a natureza e a vida.

 

André Venzon

 

 

Texto da curadoria

 

Uma das lembranças mais vívidas de Téti Waldraff (Sinimbu, RS, 1959) é do período em que, menina, percorria e observava o primoroso jardim mantido pela mãe. O amor que Dona Íris devotava às plantas e o modo como distribuía as espécies, harmonizando formas e cores, foram alimentando desde cedo o olhar e a sensibilidade de Téti, que, quando percebeu, também cultivava jardins. Reais ou fictícios, eles são como a própria artista: lúdicos, desembaraçados, obsessivos. E, fundamental: plenos de memórias e afetos.

 

Pode-se dizer que tudo, na sua obra, é resultado de encontros. Para Téti, é essencial vaguear pela cidade, deixar-se surpreender pela natureza, respirar o mato verde do distrito de Faria Lemos, no interior de Bento Gonçalves, onde mantém ateliê. Os registros desses percursos, depois elaborados, manifestam-se nos diários da artista, nos quais escreve, projeta, risca, colore, fixa imagens e impressões. Anotações pessoais e, ao mesmo tempo, documentos de trabalho, esses cadernos revelam procedimentos similares aos verificados em seus desenhos e objetos: sobreposição, aglutinação, colagem, costura, embrulhamento, amarração.

 

Tais processos despontaram no final dos anos 1990, quando, perguntando a si mesma se ainda poderia pintar uma paisagem, Téti trocou os materiais tradicionais por uma miríade de tecidos, lantejoulas, flores de plástico, botões e artefatos hodiernos frequentemente qualificados como kitsch. Fascinada por seus brilhos, transparências e texturas, passou a construir jardins ambulantes, cujos títulos sugerem a capacidade de ressignificação de nossas bagagens cotidianas.

 

Organizada como uma pequena antologia, a mostra articula trabalhos de mais de 25 anos de perseverante e contínua produção, escancarando o transbordamento de emoções dessa artista e arte-educadora que resolveu fazer da vida um ato potente de arte.

 

Paula Ramos

 

Mediação educativa para a exposição

 

A artista ministrará ainda a oficina: “TRIPADEIRAS… EXTENSÕES QUE ANIMAM!” para professores, estudantes de arte e interessados inaugurando o Espaço Vasco Prado do MACRS, no 6º andar da CCMQ, como espaço educativo do Museu. A atividade pedagógica tem como objetivos principais: Atiçar a observação cotidiana para que seja possível constituir memórias afetivas dos espaços que habitamos e a partir desta percepção recriar /inventar/propor novas geo-grafias; Buscar a essência do convívio com a natureza, sem o compromisso de imitar ou reproduzir o real; Explorar a forma, a cor e a linha da natureza, ativando as memórias já constituídas; Construir metáforas singulares; Experimentar o exercício de pintura/desenho expandido, visando procedimentos construtivos artísticos contemporâneos;

 

Desencadear questionamentos sobre intervenções artísticas no espaço. A oficina será desenvolvida no turno da tarde, das 13h30min às 17h30min (4 horas), em sete momentos de trabalho em grupo, partindo de uma visita guiada com a artista à exposição, passando pela processo de criação de “tripadeiras” individuais até a troca destes trabalhos entre os participantes ao final do processo. As datas e inscrições da oficina serão divulgadas no facebook.com/contemporanears, a partir do dia 11 de junho.

 

 

Sobre a artista

 

Téti Waldraff nasceu em Sinimbu, RS, 1959. ) Possui Licenciatura em Educação Artística, Feevale, Novo Hamburgo, RS, 1979; Licenciatura em Artes Plásticas, Instituto de Artes da UFRGS, Porto Alegre, RS, 1984; Bacharelado em Artes Plásticas – Habilitação Desenho, Instituto de Artes da UFRGS, Porto Alegre, RS, 1986. Com formação complementar em curso de desenho com Carmen Moralles, Atelier Livre, Porto Alegre, RS, 1980/1982; Curso de desenho com Marcos Coelho Benjamim, 16º Festival de Inverno, Universidade Federal de Minas Gerais, Diamantina, MG, 1983; Curso de pintura com Karin Lambrecht, Instituto Goethe, Porto Alegre, RS, 1983; entre as exposições individuais realizadas destacam-se: “Finitus… ou configurar a geografia por um instante”, intervenção no Espaço Cultural de Arte Contemporânea Torreão, Porto Alegre, RS, 1994; e “Téti Waldraff.- Bagagem de Jardim”, Kunsthalle Köln-Lindenthal, Kulturgalerie Bi Pi´s Köln, Alemanha, 2006.

 

 

 

De 10 de junho a 10 de agosto.

Julia Kater na SIM galeria

05/jun

A SIM galeria, Curitiba, Paraná, exibe nova série de trabalhos fotográficos realizados por Julia Kater. A apresentação desta mostra individual da artista é apresentada por Eder Chiodetto. Julia Kater exibe um conjunto especial de imagens em sua particular técnica constituída de relevo seco sobre fotografia impressa em algodão.

 

 

O elogio do encontro

 

Uma garota se curva até o solo e nesse movimento suas costas desenham um arco que casualmente ecoa e dá novo sentido ao conjunto de árvores que estão ao fundo. Figura e fundo, assim captados, não podem mais se dissociarem diante de nossa visão. Ambos passam a ter uma conexão física tão intensa, que tendem a deixar de ser primeiro e segundo plano, para se manifestarem como uma superfície homogênea.

 

Julia Kater cria, em diversos momentos de sua trajetória como artista visual, hiatos que interrogam a fotografia no seu nascedouro. A linguagem que surgiu com a intenção de mimetizar a realidade por meio da perspectiva renascentista – criando assim a ilusão de tridimensionalidade num suporte plano – vê-se desvelada dessa pseudo potência nas várias estratégias criadas por Kater.

 

Kater parece sequestrar as distâncias entre aqui e acolá, entre o que está próximo e o que parece distante. Ao subtrair esses espaços que distam figura e fundo, os corpos se amalgamam em sobreposições que sugerem novos desenhos, novas intersecções que criam um novo e inesperado organismo. Inesperado? Talvez nem tanto para quem, no desafio de observar atentamente a paisagem e seu entorno, perceba cenários em movimentos contínuos, que se alternam e se recombinam o tempo todo. As séries de Kater nos dizem que nada é estático, tudo está apto a ser recriado com novas informações, cores e texturas.

 

Ao raptar os espaços que a fotografia, de fato, não nos mostra – mas para os quais nossa percepção visual foi culturalmente treinada pela história da arte e da representação para assimilá-los – Kater cria colisões que geram o que podemos nomear de eventos escultóricos efêmeros.

 

As inéditas obras da série “Um e Outro”, criadas para essa primeira individual de Kater na SIM Galeria, apontam novos desdobramentos na busca incessante por esses eventos escultóricos fortuitos, que a artista tem apreendido nos últimos anos. Os planos fotográficos agora se rebelaram a ponto de escaparem da moldura que os encerravam, como nas séries “Ao Mesmo Tempo” e “Lugar do Outro”, por exemplo.

 

Essa inesperada cisão, que gera dois corpos isolados, traz elementos renovados para as relações entre figura e fundo e parece criar um novo foco de interesse da artista, que consiste na fatura quase impossível de se representar no mesmo plano, que é a relação entre o observador e o que este observa na paisagem.

 

Novamente uma garota – será a mesma que curvou as costas diante das árvores? – sugere com sua postura, que está observando algo num horizonte que não nos é possível enxergar. Apenas sugere porque Kater oblitera nossa visão do rosto da garota interceptando-a bruscamente com outro quadro, outro plano. Somos levados instintivamente a pensar em causa e efeito: a garota flerta com a paisagem e, nessa deambulação, ela é envolvida quase inteiramente por aquilo que vê.

 

Se nas séries anteriores o evento escultórico se dava pelo confronto e justaposição de dois corpos distintos, que tendiam a criar um novo desenho-organismo, agora em “Um e Outro”, temos um observador que é tomado por aquilo que ele observa. É ele quem elege na paisagem o elemento que irá transformá-lo. Nessa inversão sutil de ponto de vista, a artista parece se ausentar momentaneamente e deixar de orquestrar os encontros entre figura e fundo, para que o observador fotografado por ela lhe indique aquilo que tem o poder de transformá-lo pelo sentido da visão.

 

O estilete com o qual a artista criou as conhecidas incisões na superfície das suas fotografias, para revelar novas camadas significantes sob a paisagem, nesse instante foram transferidos para os olhos dos personagens que ela encontra em seu cotidiano.

 

Escultóricos, orgânicos e desafiadores, esses novos trabalhos de Julia Kater fazem uma espécie de elogio ao encontro entre pessoas, paisagens e histórias. Afinal, são sempre os encontros que nos propiciam transformações nos roteiros que seguimos, desenhando no fluxo contínuo da vida.

 

Eder Chiodetto

 

 

 

Sobre a artista

 

Julia Kater nasceu em Paris, França, em 1980. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Possui formação em fotografia pela Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM, São Paulo, SP, Brasil. Entre suas premiações encontram-se 2012, Residência Artística, Carpe Diem Arte e Pesquisa, Lisboa, Portugal e em 2011, Prêmio Funarte de Arte Contemporânea, São Paulo, Brasil. Realizou exposições individuais em 2014, Caixa Cultural Brasília; Galeria Vitrine, Brasília, DF; 2013, Projeto 3C, Centro de Criação Contemporânea, Salvador, BA; 2012, Galerie Virginie Louvet, Paris, França; Ao Mesmo Tempo, Fundação Abraço, Lisboa, Portugal; Lugar do Outro, Zip´up, Galeria Zipper, São Paulo, SP. Entre as exposições coletivas que participou destacam-se: 2013, Carla Chaim, Julia Kater, Marcia de Moraes, Casa do Brasil em Bruxelas, Bélgica; 2012, Soma, Genebra, VL Contemporary, Suíça, Inventário da Pele, Fotografia Contemporânea Brasileira, Curadoria Eder Chiodetto, SIM Galeria, Curitiba; 2011, Carla Chaim, Julia Kater, Marcia de Moraes: Um de Três. Prêmio Funarte de Arte Contemporânea, Galeria Flávio de Carvalho, Complexo Cultural, Brasilia, DF, About Change, Banco Mundial, Washington, EUA, Outras Perspectivas, Espaço Texprima, São Paulo, SP, Idioma Comum, Artistas da CLPL na Coleção da Fundação PLMJ, Lisboa, Portugal; 2010, Projeto Dobradiça, Curadoria Eder Chiodetto, Arterix, São Paulo, SP, 12º Salão Nacional de Arte de Itajaí, Itajaí, SC, Incompletudes, Curadoria Mario Gioia, Galeria Virgílio, São Paulo, SP, Fidalga no Paço, Paço das Artes, São Paulo, SP, SP-ARTE, site specific, Pavilhão da Bienal, São Paulo, SP; 2009, Projeto Tripé, Natureza, SESC Pompéia, São Paulo, SP.

 

 

De 10 de junho a 12 de julho.

Marcos Duarte no MAC/Niterói

04/jun

A instalação VOCÊ JÁ VIU UM?, de Marcos Duarte, será exposta na área externa do MAC, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, durante o período de realização da Copa do Mundo de 2014. A obra nos remete à dimensão lúdica e híbrida da materialidade do tatu-bola, um ser estranho, hábil no curvar-se em si mesmo para se defender, adotando forma de bola. Esta singular forma de defesa, paradoxalmente, facilita sua captura e contribui com sua condição de vulnerabilidade na natureza.

 

Nas 11 peças que se distribuem no espaço, bola e bicho mesclam seus atributos híbridos. São sólidos, múltiplos, em escala ampliada, que exaltam a singularidade daquele que, como mascote da Copa do Mundo de 2014, se destina a desaparecer no fluxo de um evento espetacular. A intenção é de resgatar, simbolicamente, o tatu-bola do vácuo que acompanha sua popularidade repentina e fugaz, no momento singular de interferência em uma paisagem que expressa seu acolhimento através de sua natureza essencialmente curva, em contraponto ao ícone arquitetônico de Oscar Niemeyer, às margens da Baía de Guanabara. O artista é um dos representados da MUV gallery, o novo espaço de Camila Thomé e Stephanie Afonso.

 

 

De 07 de junho a 24 de agosto.

Nuno Ramos na Fundação Iberê Camargo

30/maio

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, apresenta a mostra “Nuno Ramos – Ensaio sobre a dádiva”. Pensando o conceito antropológico de dádiva  – troca entre dois objetos distintos com base em valores simbólicos, e não econômicos  – o artista desenvolveu o trabalho especialmente para o espaço do 4º andar da Fundação, em diálogo com a arquitetura do edifício. Na exposição, que tem curadoria do crítico de arte e filósofo Alberto Tassinari, objetos se lançam no vão do espaço expositivo e ocupam o interior das salas, acompanhados por dois curtas-metragens intitulados “Dádiva 1 – copod’águaporvioloncelo”  e “Dádiva 2 – cavaloporPierrô”, desenvolvidos pelo artista e produzidos em Porto Alegre pela Tokyo Filmes.

 

Toda a instalação gira em torno dessas duas trocas, que se desdobram em três formas: escultura, vídeo e réplica da escultura. Na sala de “Dádiva 1”, um pedaço de barco – elemento recorrente na obra de Nuno – se projeta sobre o parapeito da sala, sustentando um violoncelo sobre o vão do átrio e fazendo a ligação entre ele e o copo d’água. Na parede oposta, é exibido o curta-metragem correspondente, que mostra uma mulher recolhendo o copo d’água na praia, trocando o objeto por um violoncelo em um bar e devolvendo o violoncelo para a água. No roteiro original de Nuno, um mar calmo remete à metáfora purificadora da água marinha, porém, durante a produção, o mar virou o rio Guaíba e a Lagoa dos Patos.

 

O espaço dedicado a “Dádiva 2” recebe um trilho de montanha russa que lança um cavalo de carrossel no vazio e o liga a Pierrô, aqui representado por um aparelho de som que toca o samba “Pierrô Apaixonado”, de Noel Rosa e Heitor dos Prazeres. O curta apresenta a história de um Pierrô, interpretado pelo artista plástico Eduardo Climachauska, que é sequestrado por motociclistas em Porto Alegre e preso em uma casa, sendo devolvido um cavalo em seu lugar. Segundo o curador, a personagem tradicional e carnavalesca da Commedia dell’Arte, que, pela mão de artistas do início do século XX,  vira Pierrô Lunar, encarnação do artista, repete sua transformação na mostra de Nuno.

 

Na sala central, são colocadas réplicas em tamanho real das duas esculturas das salas anteriores, uma em latão e outra em alumínio, interligadas por tubos de vidro em que circulam dois líquidos diferentes, representando o sono e a vigília. Além das esculturas, são expostas gravuras produzidas pelo artista no Ateliê de Gravura da Fundação, com auxílio técnico de Eduardo Haesbaert.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em 1960, Nuno Ramos tem formação em Filosofia pela USP e se debruça sobre diversas formas artísticas, como pintura, desenho, escultura, vídeo, instalação, poesia, prosa e ensaio.  Na juventude, participou do ateliê Casa 7, integrando a Geração 80, responsável pela volta à pintura e fortemente influenciada por Iberê Camargo. Em “Ensaio Sobre a Dádiva”, o público porto-alegrense terá a oportunidade de conferir de perto o trabalho de Nuno Ramos.

 

 

Até 10 de agosto.