Multiarte: Fortaleza exibe Tomie Ohtake

06/nov

No próximo dia 21 de novembro, Tomie Ohtake completará 100 anos. A Galeria Multiarte (leia-se Max Perlingeiro), Aldeota, Fortaleza, CE, foi convidada por Ricardo Ohtake, diretor do Instituto Tomie Ohtake, a integrar o conjunto de instituições e galerias em torno desta grande homenagem a Tomie apresentando obras recentes da artista. Convém assinalar que a ligação afetiva de Tomie Ohtake com Fortaleza data dos anos 1990. Nesta ocasião a artista visitou a cidade e lá fez bons amigos e voltando com regularidade.

 

A presente exposição apresenta um conjunto de obras da sua última produção datada de 2013. São pinturas monocromáticas que mostram a grande capacidade da artista em busca da criação. Entretanto o seu processo criativo, gesto e cor continuam de forma marcante. Nove gravuras em metal de grandes dimensões, constituindo um conjunto raro de uma série praticamente esgotada. E uma escultura de grande formato.

 

 

Sobre a artista: palavras de Agnaldo Farias

 

“Tomie Ohtake, como sempre perseverando na busca da depuração, preparou ao longo dos últimos meses de trabalho contínuo, filtrado por sua costumeira insatisfação, três conjuntos de telas, cada um deles focados numa única cor, ou quase isso. Dois grupos compostos por cores primárias – amarelo e azul -, e o terceiro por uma cor secundária, verde, resultante da soma das outras duas. Os três conjuntos são praticamente monocromáticos, a exceção corre por conta da presença, em algumas das telas verdes e azuis, do vermelho, ou seja, da terceira cor primária. A inclinação imediata é dizer que o vermelho entra de forma discreta, como se ele fosse capaz disto. Pois não é, ainda mais tendo por fundo cores tão intensas, como o azul e o verde empregado pela artista. Qualquer aprendiz sabe que o simples contato entre cores primárias e secundárias, por adjacência ou, pior ainda, sobreposição, é conflitivo. Embora cada conjunto apresentado nesta exposição concentre-se numa cor, todos três têm como denominador comum o mesmo gesto, isto é, a mesma pincelada curta e circular, cuja justaposição e sobreposição combinadas produz o mesmo efeito, a mesma atmosfera cromática arejada como um tecido cuja trama é mais ou menos densa mas sempre esgarçada, deixando ver, ou melhor, atraindo o olhar para dentro de si, convidando-o a mergulhar em suas profundezas, flutuar nas formas enunciadas, devolver-se à luz exterior que incide sobre ela, sobre a porções de branco que lhes constitui. Esses gestos não são guiados pelo acaso, não se justificam pelo puro prazer de existir, como uma ação sem finalidade que se completa em si mesma…”

 

 

A palavra de Ricardo Ohtake

 

“Essas obras são marcadas por texturas resultantes de rápidas pinceladas, cujas curvas remetem à geometria característica de Tomie. São “pinturas para ver”, segundo o crítico Agnaldo Farias, em referência ao cuidadoso e aprofundado olhar que esses trabalhos exigem. Contemplar a exposição torna-se, então, um processo de descoberta e imersão no gesto construtivo da artista”.

 

 

Atividade complementar

 

Como atividade complementar a Multiarte convidou o crítico de arte Agnaldo Farias, curador do Instituto Tomie Ohtake, para proferir uma palestra sobre a produção atual da artista, dia o2 de dezembro às 19h.

 

De 07 de novembro  20 de dezembro.

Na galeria de Roberto Alban

04/nov

Chama-se “Conversa Tranquila na Praia da Paciência” o título da exposição individual do artista plástico Paulo Whitaker a realizar-se na Bahia. A mostra – inédita – dá prosseguimento a programação da Roberto Alban Galeria de Arte, Ondina, Salvador. É a primeira vez que Salvador recebe uma mostra significativa do trabalho pictórico de Paulo Whitake, com 21 óleos sobre tela que refletem sua produção atual. O artista já vem sendo exposto, premiado e elogiado pela crítica em diversos lugares do Brasil e do mundo. Além de integrar o acervo de diversas coleções privadas e públicas, como o Instituto Cultural Itaú e o Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Whitaker foi prêmio de aquisição da Pinacoteca de São Paulo neste ano de 2013 e do MAC- USP em 1993, através do Prêmio Gunther de Pintura. Também em 2013, outra obra do artista foi doada ao acervo do MAC-USP a partir da escolha de seu atual diretor, Tadeu Chiarelli.

 

Paulo Whitaker tem uma presença expressiva no cenário nacional desde a década de 1980, afirmando-se internacionalmente como um dos expoentes do abstracionismo brasileiro. Participou da 3ª Bienal do Mercosul, 2001, em Porto Alegre; da 25ª edição da Bienal Internacional de São Paulo, 2002 e da Biennale de Montreal, 2007, no Canadá. Ainda na década de 1990, foi artista residente na Alemanha, E-Werk Freiburg, e duas vezes no Canadá, Plug In e The Banff Centre for the Arts. Sua obra despertou a merecida atenção de nomes importantes da crítica e curadoria brasileira e internacional, como Ivo Mesquita, curador e diretor da Pinacoteca de São Paulo, Frederico Morais, figura central na crítica e curadoria brasileira e um dos criadores e curador geral da 1ª Bienal do Mercosul, Jacopo Crivelli Visconti, curador italiano de atuação internacional residente em São Paulo, e Wayne Baerwaldt, curador da Alberta College of Art + Design.

 

A obra de Paulo Whitaker desafia o próprio universo da pintura e a composição tradicional de seus elementos: cores, formas, manchas, linhas, planos que não têm o compromisso de representar o mundo; alfabetos que não se deixam decodificar. Sua pintura põe em cheque os limites entre abstração e figuração e convida o público para uma conversa mais intrigante do que tranquila. Apenas diante de sua pintura, ao vivo, os olhos mergulham em toda sua matéria, mas nunca atingem o fundo do seu mistério. Segundo o próprio artista: “A espinha dorsal do que é hoje o meu trabalho vem de 1989, quando criei um alfabeto próprio de formas e conteúdos. Desde então as minhas construções e formas vêm se desenvolvendo. É como se fosse a criação de uma música instrumental, por exemplo”.

 

 

Sobre o artista

 

O artista plástico vive e trabalha em São Paulo, cidade onde nasceu em 1958. Pintor e desenhista, Paulo Whitaker formou-se em Educação Artística na Universidade para o Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina – Udesc/SC, em 1984. Com uma sólida carreira nacional, suas obras estão em acervos de importantes instituições e museus como: Museu de Arte de Santa Catarina – MASC; Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM/SP; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, MAC/USP; Museu de Arte Contemporânea do Paraná – MAC/PR; Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado – MAB/Faap e Pinacoteca do Estado de São Paulo. Entre diversas exposições, participou da 25ª edição da Bienal Internacional de São Paulo em 2002. Entre 1991 e 1992, foi artista residente no Plug In, em Winnipeg, no Canadá, em E-Werk Freiburg, na Alemanha, e, em 1999, no The Banff Centre for the Arts, também no Canadá. Naquele mesmo ano participou da exposição Arte Contemporânea Brasileira sobre Papel no MAM, em São Paulo, e, em 2001, participou da 3ª Bienal do Mercosul em Porto Alegre. Já em 2007, ele participou da Biennale de Montreal, no Canadá. Paulo Whitaker recebeu, em 1993, o Prêmio Gunther de Pintura do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo e, em 1998, no VI Salão Nacional Victor, o Grande Prêmio no Museu de Arte de Santa Catarina.

 

 

De 07 de novembro a 07 de dezembro.

Raridades com Ranulpho

No ano em que comemora 45 anos de atividades, a Galeria Ranulpho, Bairro do Recife, Recife, PE, iniciou com um dos fatos mais importantes da sua existência, o lançamento do livro sobre o pintor Vicente do Rego Monteiro “Um olhar sobre a década de 60”. Além da sólida trajetória vinculada aos grandes pintores da tradição Modernista, a galeria decidiu cobrir suas paredes, pela primeira vez, com duas exposições de importantes artistas da Arte Contemporânea de Pernambuco. A garimpagem correu paralela aos eventos significativos realizados ao longo do ano. Entre as preciosidades, constam três telas de Lula Cardoso Ayres, uma delas raríssima, da década de 1940. Recentemente adquirido da família de Vicente do Rego Monteiro, da década de 1960 representando um colhedor de cacau. Reynaldo Fonseca, assina a “Anunciação”, datada de 1994. O trabalho de Cícero Dias, que está entre os melhores do artista, foi tirado da coleção particular do marchand Ranulpho. Outro destaque é o conjunto de três pinturas sobre o circo do pintor primitivo Alcides Santos; as obras são da década de 1970, período em que teve uma sala especial na 1ª Bienal Latino Americana, “Mitos e Magia” em São Paulo.

 

Entre outras raridades, uma escultura do Mestre Dezinho, retratando um anjo em madeira maciça de cedro. E de Francisco Brennand, um par de jarrões com 70 centímetros cada, pintados em 1971 em azul e branco, as cores utilizadas em toda azulejaria portuguesa e brasileira. Ainda em destaque, três pinturas representando São Francisco, de autoria de Aldemir Martins, Virgolino e José de Dome. O conjunto exposto apresenta ainda duas antigas obras de Mário Nunes; uma paisagem de Olinda assinada por Rebolo; pinturas de Ado Malagoli; uma ciranda, datada de 1968, de autoria de Orlando Teruz; uma Natureza-Morta de Carlos Scliar e uma pintura de Siron Franco.

 

 

A partir de 07 de novembro.

Kboco na SIM galeria

14/out

A SIM galeria, Curitiba, Paraná, apresenta trabalhos recentes de Kboco. A apresentação é de Felipe Scovino: “Nas recentes obras de Kboco nos deparamos com uma imagem fatiada, retomada e reinventada. Mas que imagem é essa? Qual é o signo que ela revela? São cidades que apresentam uma arquitetura em trânsito, um dinamismo frenético da urbanidade. São obras que não possuem apenas a visualidade da rua mas possuem o cheiro, as incongruências e belezas do nosso entorno.  Não há uma narrativa com começo, meio e fim, porque aliás não há fim. É uma obra em andamento. Nosso olhar se perde – pois não há um centro -, ele é multidirecionado e assim avistamos as inúmeras encruzilhadas, avenidas, ruas, prédios, casas, parques que compõem essas telas. Como uma planta baixa, suas pinturas sobrevoam uma cidade imaginária constituída por inúmeras referências, que variam desde fabulações a indícios de arabescos, torres, portais, pórticos e fachadas. Esta proximidade com a transformação da cidade e o contato com a arquitetura estão conectados desde o início da trajetória do artista. Suas pinturas murais realizadas em cidades com características e formações históricas e temporais tão distintas como Goiânia, Olinda e Porto Alegre auxiliaram na construção de um método muito próprio relacionado a sua percepção sobre o desenvolvimento da cidade, seus males e benefícios.

 

Ainda pensando no alargamento das influências ou diálogos que sua obra realiza, é interessante pensar não apenas nas relações (talvez já óbvias) que as obras de Jean-Michel Basquiat e Keith Haring tiveram não somente para a obra de Kboco mas para a transição entre uma produção artística realizada na rua e seu deslocamento para o cubo branco.

 

O trabalho especialmente produzido para a exposição cria uma associação com as suas telas e além disso, deslocando para a história da pintura, sua obra amplia o conceito de pintura de paisagem. Não seriam paisagens de ordem mimética, mas formas que ao mesmo tempo em que apontam a falência de uma representação figurativa, alcançam novos limites para a pintura. Em suas obras, a fragmentação do objeto leva-nos a duvidar sobre a realidade ou presença de um lugar, e aí surge a necessidade de reunir seus pedaços em uma unidade. Este discurso acerca da paisagem não tem mais ligação com um objeto do mundo natural, mas com a investigação a respeito das próprias circunstâncias que são mobilizadoras dessa transformação da paisagem”.

 

 

De 18 de outubro a 16 de novembro.

Anna Bella Geiger, Mostra Síntese em BH

08/out

“Mostra Síntese”, como sugere o nome, levou à Galeria Murilo Castro, Savasi, Belo Horizonte, MG, um recorte da obra da artista plástica Anna Bella Geiger. Conhecida por uma vasta e ininterrupta produção artística, Anna Bella Geiger, hoje com 80 anos de idade, está entre os poucos artistas brasileiros surgidos no começo dos anos 50 ainda em ação na atualidade. A exposição reúne 32 obras, desenhos e gravuras produzidos em épocas diversas; vídeos; duas pinturas; trabalhos fotográficos; além de dois “Fronteiriços” e peças tridimensionais (como os rolos/scrolls, recentemente produzidos). “É, portanto, uma mostra única, já que pode contribuir para a compreensão dos liames existentes entre o processo criativo pessoal de Anna Bella e as transformações experimentadas pela produção artística brasileira a partir do pós-guerra”, analisa o crítico Fernando Cocchiarale.

 

Sua obra inovadora, é marcada por uma veia irônica trazendo sempre à tona questões ideológicas do universo das artes e do contexto político. Em 1974 participou de uma mostra de videoarte na Filadélfia, que foi considerada a primeira exibição pública de vídeos brasileiros. Em Belo Horizonte, além da Galeria Murilo Castro, a artista tem obras na exposição “ELLES: Mulheres Artistas na coleção do Centro Pompidou”, no Centro Cultural Banco do Brasil, organizada pelo Centro Georges Pompidou/Musée National d’Art Moderne, na França, que traz um olhar contemporâneo de mulheres inovadoras. Ao longo dos 60 anos de sua produção artística, Anna Bella Geiger vem mantendo notável atualidade, posto que, frequentemente, ultrapassa o âmbito de sua dinâmica processual específica, para somar-se à de outros artistas que contribuíram para as transformações ocorridas na arte do país ao longo desse extenso período.

 

“Questões formuladas no âmbito da arte só se consumam por meio da criação de sistemas que as distinguem de discursos meramente ideológicos, transmitidos por meio da palavra falada ou escrita. O sucesso do sistema Geiger resulta da superação desses discursos por intermédio de uma ordem espacial gráfica de teor geográfico, pela apropriação de materiais de trabalho e mídias diversos, elaborados isoladamente ou combinados às instalações e aos objetos atualmente produzidos. De seu cais poético, a obra de Geiger segue viva, experimental e surpreendentemente contemporânea”, completa Cocchiarale.

 

 

Sobre a artista

 

Anna Bella Geiger nasceu no Rio de Janeiro em 1933. É escultora, pintora, gravadora, desenhista, artista intermídia e professora. Com formação em língua e literatura anglo-germânicas, inicia, na década de 1950, seus estudos artísticos no ateliê de Fayga Ostrower (1920 – 2001). Em 1954, vive em Nova York, onde frequenta as aulas de história da arte com Hannah Levy no The Metropolitan Museum of Art – MET (Museu Metropolitano de Arte) e, como ouvinte, cursos na New York University. Retorna ao Brasil no ano seguinte. Em 1960 participa do ateliê de gravura em metal do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM/RJ, onde passa a lecionar três anos mais tarde. Em 1969, novamente em Nova York, ministra aulas na Columbia University. Em 1982, recebe bolsa da John Simon Guggenheim Memorial Foundation, em Nova York. Publica, com Fernando Cocchiarale, o livro “Abstracionismo Geométrico e Informal: a vanguarda brasileira nos anos cinquenta”, em 1987.

 

Até 19 de outubro.

 

Suzana Queiroga no MAC Niterói

02/out

O Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Mirante da Boa Viagem s/n, Boa Viagem,  Niterói, RJ, apresenta a exposição “Olhos d’Água”,  de Suzana Queiroga, artista contemplada com o 5º Prêmio de Artes Marcantonio Vilaça – MINC – Funarte. A mostra apresenta uma grande escultura de ar (inflável) : “Olhos d’Água”, que será doada ao acervo do MAC  como contrapartida do prêmio. Sob a curadoria de Guilherme Vergara, também serão expostas três séries de sete desenhos, três vídeos e uma pintura todos inéditos.  Ainda em outubro a artista vai realizar uma exposição na galeria Artur Fidalgo e uma instalação em homenagem a Hilda Hilst na vitrine da Livraria da Travessa, Ipanema. “Olhos D’água” é um trabalho que se relaciona com a questão da morte do pai de Suzana, na década de 1960, em um acidente aéreo na Baía de Guanabara próximo ao aeroporto Santos Dumont, enquanto sua mãe ainda estava grávida da artista.  O MAC fica exatamente em frente ao aeroporto que seria o destino de um pouso que não aconteceu.

 

A palavra da artista

 

“A localização do museu foi essencial para esse projeto. Lido com essas memórias simbolicamente, o despedaçamento e dissolução do corpo no mar, o fado, a espera de quem jamais virá. É um contato cada vez maior que faço com minha origem portuguesa. Para mergulhar nessa proposta, precisei pesquisar e abrir recentemente, junto com minha mãe, os arquivos que ela não via desde a época do acidente, as matérias do jornal, as cartas de amor de um para o outro, os diários do meu pai, telegramas, enfim, toda uma sorte de coisas que fizeram com que eu pudesse passar a conhecê-lo, e houve sintonias incríveis, os desenhos dele em azul, diários dele com as capas no mesmo azul que eu uso, telegramas de minha mãe falando de azul. Aos poucos, conheço esse homem com uma memória construída no hoje, o que talvez revestirá, com algum tipo de membrana esse buraco enorme que sempre senti dentro do peito”, declara a artista.

 

“Neste momento estou  profundamente ligada a uma paleta de azuis profundos, azuis violetados, cinzas azulados e oceanicamente esverdeados. Minha relação com as cores agora só passa pelo que é céu, densidade atmosférica, ar, nuvem, e também mar, oceano e profundidade. Tenho um respeito tão grande pela cor, que é como se essa fosse algo que pairasse acima de tudo, pois a cor é a própria luz, e o seu comportamento mutante, desviante, relativo e infinitamente plural é de uma poesia imensa a qual penso que poucos artistas conseguem tocar. Sinto que não é uma operação meramente técnica ou objetiva, não basta saber as misturas e conhecer os pigmentos. Existe uma resposta maior que a cor me dá e que é proporcional ao quanto eu consigo me aproximar mais e mais delicadamente de seus sutis momentos de transformação vibracional. A cor “ideia” logo me vem como algo pronto, idealizado, e plenamente dominado, porém, a cor que “realmente” torna potente as minhas intenções diante de um trabalho somente será obtida a partir de uma busca, revalidada a cada instante, num percurso no qual é exigida a totalidade de minha atenção”, completa.
Suzana Queiroga começou a trabalhar com infláveis há 10 anos, pelo anseio de ampliação dos limites da pintura. “Ver a pintura fora do plano, no espaço. O material transparente, os reflexos do espaço em torno na película de PVC colorido se relaciona com aspectos da pintura, tais como transparências, manchas e pinceladas”, explica.

 
 
De 05 de outubro a 08 de dezembro.

Ulrike Ottinger – Retrospectiva

01/out

O setor de Mostras-Coordenação de Artes Plásticas, a Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria da Cultura de Porto Alegre e o Goethe-Institut Porto Alegre vão expor fotografias acerca da produção cinematográfica e fotográfica da cineasta Ulrike Ottinger. A exposição pode ser visitada no porão do Paço Municipal , Centro Histórico, Praça Montevidéu, Porto Alegre, RS. A artista, que faz parte da mesma geração dos diretores Rainer Werner Fassbinder  e Werner Schroeter, dois dos principais expoentes do cinema alemão do pós-guerra, é autora de obra extremamente original, que a colocou entre os realizadores de vanguarda em seu país a partir da primeira metade da década de 70. Os filmes de Ulriker Ottinger atraíram a atenção da crítica por sua peculiar visão de mundo, pela profusão de referências eruditas e por sua extravagante direção de arte.

 

De 11 de outubro a 08 de novembro.

9ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre

19/set

Se o clima for favorável

 

 

Si el tiempo lo permite

 

 

Weather Permitting

 

 

 

O título da 9ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS, “Se o clima for favorável”, em português, “Si el tiempo lo permite”, em espanhol, e “Weather Permitting”, em inglês, foi proposto como um lema para sugerir que diferentes climas – atmosférico, emocional e político – estão no centro do projeto. Por mais que o clima possa ser uma preocupação pública (ecológica e econômica), ele também é substância material (física e psicológica). Então, essa frase tão corriqueira é um convite para ponderar sobre quando e como, por quem e por que algumas obras de arte e ideias carecem de ou têm visibilidade física ou cultural em um determinado momento. Desde as etapas iniciais de planejamento, as promessas curatoriais envolveram identificar, propor e reformular os cambiantes sistemas de crenças e avaliações de experimentação e inovação, encontrar recursos naturais e culturas materiais sob uma nova luz e especular sobre as bases que marcaram as distinções entre descoberta e invenção. Seu objetivo era suscitar questões ontológicas e tecnológicas por meio de práticas artísticas, da produção de objetos e de nódulos de experiência. Isso deu forma às três principais iniciativas públicas desta 9ª Bienal: Portais, previsões e arquipélagos, uma exposição de arte contemporânea apresentada em diversos museus da cidade; Encontros na Ilha, uma série de discussões e publicações; e Redes de Formação, um programa pedagógico em arte. Compõem a exposição obras históricas e novas, além de obras históricas criadas a partir de projetos colaborativos comissionados e novos projetos realizados a partir do programa Máquinas da Imaginação, desenvolvido com empresas, centros de pesquisa e comunidades no Brasil. De maneiras singulares e inter-relacionadas, essas iniciativas se concentram conceitualmente na interação entre natureza e cultura, e nas maneiras pelas quais os artistas visuais lidam com fenômenos desconhecidos, imprevisíveis e aparentemente incontroláveis. Eles levam em conta as causas e efeitos naturais que impulsionam os homens em suas viagens e deslocamentos sociais, os avanços tecnológicos e o desenvolvimento mundial, as expansões verticais no espaço e as explorações transversais ao longo do tempo.

 

 

Espaços expositivos e Artistas

 

Usina do Gasômetro, artistas: Aurélien Gamboni & Sandrine Teixido – Daniel Steegman Mangrané – David Medalla – Eduardo Navarro – George Levantis – Gilda Mantilla & Raimond – Hans Haacke – Hope Ginsburg – Koenraad Dedobbeleer – Nicholas Mangan – Sara Ramo – The Otolith Group – William Raban

 

Santander Cultural, artistas: Allan McCollum – Audrey Cottin – David Zink Yi – Elena Damiani – Erika Verzutti – Faivovich & Goldberg – Fernando Duval – Fritzia Irizar – Jason Dodge – Jessica Warboys – Lucy Skaer – Pratchaya Phinthong – Robert Rauschenberg – Suwon Lee – Thiago Rocha Pitta – Trevor Paglen

 

Memorial do Rio Grande do Sul, artistas: Anthony Arrobo – Beto Shwafaty – Cao Fei – Cinthia Marcelle – Daniel Santiago – Edgar Orlaineta – Fernanda Laguna – Liudvikas Buklys – Malak Helmy – Mario Garcia Torres – Marta Minujín – Michel Zózimo – Nicolás Bacal – Tania Pérez Córdova – Ekphrasis: Alta Tecnología Andina – Ana Laura López de la Torre – Aurélien Gamboni & Sandrine Teixido – Bik Van der Pol – Christian Bök – Eduardo Kac – Fritzia Irizar – Grethel Rasúa – Marta Minujín – Trevor Paglen – Zhenia Kikodze sobre Yuri Zlotnikov

 

MARGS, artistas: Allora & Calzadilla – David Medalla – Jason Dodge – Luis F. Benedit –Luiz Roque – Mario Garcia Torres – Mira Schendel – Takis – Tony Smith – Trevor Paglen

 

Curadoria: Sofía Hernández Chong Cuy

 

 

Até 10 de novembro.

Inéditos ou quase…

10/set

“Inéditos ou quase…”, é uma exposição que reúne exemplos de várias décadas da criação artística de Vera Chaves Barcellos. Esta visão panorâmica da produção da artista ocupa, pela primeira vez, a Sala dos Pomares da Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, RS, e mostra cerca de 30 obras. A curadoria é de Ana Albani de carvalho e traz desde objetos inéditos dos anos 60, obras em xerografia e fotografia manipulada dos anos 70 e 80, até trabalhos mais recentes incluindo um vídeo e dois livros de artista.

 

Vera Chaves Barcellos foi uma das primeiras artistas gaúchas a problematizar a relação entre imagem fotográfica e texto através de sua série “Testartes”, iniciada na década de 1970, o que levou a artista a representar o Brasil na Bienal de Veneza, em 1976. No TESTARTE VII, o público poderá ver o caderno com o relato da pesquisa psico-social realizada com estudantes gerada a partir deste trabalho.

 

 

As obras da panorâmica

 

Muitos trabalhos inéditos da artista (em séries) são apresentados pela primeira vez, como: “Cadernos para Colorir”; “Cadernos de Leonardo”; “On ice”, 26 fotos p&b realizada em coautoria com Flávio Pons e Claudio Goulart, a partir de uma performance em um lago congelado em Amsterdã, em 1978; o selfportrait irônico, “Meus pés”, composto de 30 fotografias dos pés da própria artista; “Do aberto e do fechado”, trabalho dos anos 70, em imagens agora digitalizadas e em novo e grande formato; “Epidermic Scapes”, de 1977,  cópias fotográficas p&b, com impressões sobre papel vegetal, com 9 imagens originais da época; “Comparações”, 4 colagens com fotografias e desenhos; “Telegrama Planetário”, de 1974; “O Grito”, de 2006, e “Fêmme Aeroporto”, de 2002, inéditos no Brasil, apresenta imagens apropriadas da mídia; “Atenção II”, de 1980, uma fotografia reproduzida em dezenas de detalhes, em xerografia; “Arroio Dilúvio” e “Consum”, ambos de 2013, livros de artista com impressões digitais; completando a panorâmica, os inéditos “Auto-retrato no espelho”, fotografia digital colorida de 2013, com a imagem da artista duplamente refletida no espelho e “Falso Andy Warhol”, em xerografia, de 1987, obra irônica, uma apropriação de uma foto de Man Ray retratando Meret Oppenheim e, numa paródia de Andy Warhol, a artista exacerba a questão da apropriação de imagens.

 

 

A palavra da curadora

 

O uso da fotografia e a exploração das qualidades intrínsecas da imagem técnica são procedimentos recorrentes na produção de Vera Chaves Barcellos, desde o início de sua trajetória artística. Alinhada com a vertente conceitual desde o final dos anos 1960, a importância concedida pela artista ao plano das ideias nunca se dá em detrimento da materialidade ou do apuro formal. Dito de forma mais precisa, o interesse de Vera Chaves pela imagem e pela fotografia passa pela atenção à forma, ao lugar e ao contexto de apresentação, assim como é direcionado ao exercício da linguagem e às referências ao próprio campo da arte e à sua história. A investigação sobre as relações entre pensamento e percepção constitui outro fundamento para a abordagem dos trabalhos reunidos nesta exposição, na medida em que a conduta perceptiva ou imaginativa do receptor/espectador é um dos focos de pesquisa da artista. O recurso à série, por sua vez, é outro ponto de conexão entre vários trabalhos apresentados em Inéditos ou Quase, por sua recorrência na produção de Vera Chaves ao longo destas quatro décadas de atividade. Mais do que um desejo de elaborar um tipo de narrativa visual, o trabalho com séries de imagens sinaliza o caráter processual da produção de uma obra artística, conectando o momento de sua concepção ao seu destino. Destino que se manifesta ao propiciar o compartilhamento de uma experiência estética que desestabilize as certezas e os lugares-comuns da vivência cotidiana. Ao atingir este caráter emancipador pouco importa se vemos uma obra pela primeira ou pela milésima vez.

 

 

Até 14 de dezembro.

Três: Xico, Vasco e Iberê

03/set

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS,  abriga, no quarto andar de sua sede, a exposição “Xico, Vasco e Iberê – O ponto de convergência“, que propõe conexões entre as obras desses três artistas ligados por dimensões temporais e espaciais. Trabalhando simultaneamente na Porto Alegre dos anos 80, os três pensaram os mesmos temas e estabeleceram uma relação de coleguismo e amizade. A fim de ilustrar essa ligação, a mostra traz retratos feitos por Iberê Camargo de Vasco Prado e de Xico Stockinger, as cabeças de Iberê e de Xico esculpidas por Vasco e outras duas feitas por Xico retratando Vasco e Iberê. Esse triângulo formado pelos artistas tem curadoria do crítico de arte e professor da USP, Agnaldo Farias. Partindo da volta de Iberê a Porto Alegre em 1982, após 30 anos no Rio de Janeiro, ela apresenta uma seleção de obras que versam sobre a condição humana, a qual – seguida pelo desenho – é ponto de convergência entre as ideologias e poéticas próprias de cada um dos artistas.

 

Entre as principais obras de Xico Stockinger expostas, destacam-se os “Gabirus”, série de esculturas que ressalta as condições de vida do homem nordestino. Os corpos deformados e nus, com características animalescas que enfatizam o horror social, são uma espécie de denúncia à inércia e ao pouco caso nacional. Em oposição a eles e no mesmo espaço de tempo, encontram-se as “Magrinhas”, série de figuras femininas longilíneas de forte aspecto sensual.

 

Vasco Prado é representado por “Acrólito”, escultura em madeira e bronze na qual trabalhou durante quase trinta anos. Nela, o tempo se sobrepõe em camadas marcadas pelo buril do artista, evidenciando seu processo de trabalho com a madeira a cada pequena decisão tomada. Segundo Agnaldo Farias, a obra, carregada de certo aspecto mágico ou religioso, evoca não apenas esculturas tradicionais de tribos africanas, mas ainda máscaras mortuárias (representadas pela cabeça e pelos pés em bronze) que carregam as feições do morto através do tempo – promovendo um encontro entre presente, passado e futuro.

 

“Tudo te é falso e inútil V” e “No vento e na terra”, de Iberê Camargo, ressaltam a mudança ocorrida nessa época em seu trabalho – que passa de telas carregadas, com uma espessa camada de tinta, grande força gestual e um gradual afastamento da representação a figuras humanas  e uma camada mais fina de tinta sobre a tela. Aqui, o homem é representado  em toda sua desgraça e solidão, em telas amplas e cheias de espaço vazio; são postos em evidência os abismos humanos, que também são os abismos do artista.

 

Nesse sentido, a condição humana como ponto de convergência leva o espectador ao longo da exposição, evidenciando tanto as peculiaridades, semelhanças e relações entre os trabalhos dos três artistas gaúchos quanto ao coleguismo estabelecido por eles no ofício artístico. Dois escultores e um pintor ligados não apenas pelo contexto histórico e social, mas também por suas próprias inquietações e angústias.

 

 

De 05 de setembro a 17 de novembro.