Eduardo Masini/Vergara em BH

07/ago

O artista Eduardo Masini inaugura sua exposição individual  intitulada “O Devir” no Museu Inimá de Paula, Centro, Belo Horizonte, MG. As obras e fotografias foram criadas a partir de um convite  do artista Carlos Vergara ao fotógrafo. Serão expostas 70 fotografias, além de um vídeo instalação e uma instalação de Carlos Vergara. Eduardo Masini convidou Carlos Vergara para apresentar “Empilhamento” de 1969, obra emblemática, com cunho político, que tornou-se um marco na carreira do artista.

 

Tudo começou quando em 2010 Carlos Vergara conseguiu uma autorização para visitar o antigo presídio Frei Caneca, no Rio de Janeiro, que estava desativado. Vergara convidou Eduardo Masini para acompanha-lo. Nessa visita, Eduardo fez uma série de fotografias, que deram origem à mostra atual.

 

O diferencial é que as obras foram  impressas em forma de lambe lambe, nome dado aos tipos de cartazes que são colados na rua e aplicados um em cima do outro, geralmente para divulgar shows. Os lambe lambe com as fotos do presídio são sobrepostos a outros lambe lambe com retratos de pessoas normais que aparentemente não pertencem ao presídio. Depois eles foram amassados e a camada superior rasgada de forma que apenas partes das imagens inferiores sejam reveladas. O intuito do artista é remeter à degradação e à poluição visual vista nas celas. As paredes estavam quebradas, mas no que restava via-se fotos pornográficas e páginas da bíblia. “Procurei fazer obras representativas que passavam a energia do lugar” , descreve o artista. Eduardo Masini ainda expõe uma instalação e um vídeo arte. Neste trabalho, cenas plácidas filmadas no presídio ganham movimento gradualmente, culminando na implosão do lugar e nas barras de ferro que restaram.
A mostra marca uma parceria entre duas gerações.

 

De 15 de agosto a 08 de setembro

Waltercio Caldas na Paulo Darzé

31/jul

A Paulo Darzé Galeria de Arte, Corredor da Vitória, Salvador, Bahia, apresenta série de novos trabalhos de Waltercio Caldas, através da exposição denominada “O que é mundo. O que não é”. Waltercio Caldas é um dos maiores nomes da arte contemporânea brasileira e internacional. Esta é uma frase direta que serve precisamente para afirmar a criação de esculturas, desenhos, objetos, livros e maquetes realizados por Waltercio Caldas, um artista que nas palavras de José Thomaz Brum, constrói “com aço inoxidável traços que circunscrevam o ar, deixando permanecer uma relação de contiguidade entre o desenho e o objeto, dotando estes de pausas, e suas linhas de intervalos, como um músico, concretizando esses anseios e os explorando”.

 

Waltercio Caldas nasceu no Rio de Janeiro, em 1946, e nos anos 60 começa a expor. Em sua trajetória realizou exposições individuais em alguns dos mais conceituados museus e galerias do mundo e participou de eventos como a Bienal de Veneza, Itália, e a Documenta de Kassel, Alemanha, tendo obra, entre outros, no acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York. A diversidade de meios com que trabalha e seu absoluto domínio sobre os materiais nos faz pressentir a passagem de uma matéria para a outra, as relações entre pesos, densidades e transparências, e uma obra que se constitui um eterno processo, um fluxo constante que interliga a presença e a ausência, o sólido e o ar, o pleno e o vazio. Experimentação e questionamento, o fluir entre as coisas, a ocupação do espaço, a linha e o ar, um desenho do espaço induzindo o espectador a lembrança da figura, e utilizando uma diversidade de materiais, oferecendo a todos um sentido ou as possibilidades do olhar, num convite a imaginação, é que fazem a obra de Waltercio Caldas ser considerada pela crítica internacional como uma das mais importantes na arte contemporânea internacional.

 

Experimentação e questionamento, o fluir entre as coisas, a ocupação do espaço, a linha e o ar, um desenho do espaço induzindo o espectador à lembrança da figura, e utilizando uma diversidade de materiais, oferecendo a todos um sentido ou as possibilidades do olhar, num convite a imaginação tornaram a obra de Waltercio Caldas destacada pela crítica internacional como uma das mais importantes na arte contemporânea internacional.

 

Até 31 de agosto.

Roberto Alban apresenta Willyams Martins

29/jul

A Roberto Alban Galeria de Arte, Ondina, Salvador, Bahia, apresenta a exposição “Peles do Cárcere“, individual de Willyams Martins, que ocupará o espaço expositivo com 30 obras inéditas. As obras apresentadas fazem parte da série “Peles Grafitadas”, compostas por imagens das superfícies murais das cidades através da técnica de remoção e deslocamento. Desta vez, o artista pesquisou e descolou imagens desgastadas existentes nas paredes da Penitenciária Lemos Brito, onde os presidiários imprimiram suas expressões subjetivas durante anos.

 

Em “Peles do Cárcere”, Willyams Martins expõe todo o trabalho de pesquisa realizado no Complexo Penitenciário. “A parede do presídio torna-se um suporte mediador de onde se retiram signos de referências sociais e artísticas, deslocando uma produção visual, um repertório de identificação”, explica o artista. A arte de Martins traz assim um olhar cuidadoso e com aspectos etnográficos sobre a vida no cárcere, ao mesmo tempo em sintonia e em oposição ao cotidiano estritamente urbano da vida moderna.

 

A mostra “Peles do Cárcere” busca lançar um olhar diferenciado das imagens comuns existentes nas superfícies das paredes internas, externas e do urbanismo. “As imagens que estavam encarceradas formam uma polifonia de significados produzindo uma conexão entre o perto e o longe, o interno e o externo, aquilo que foi extraído da parede encarcerada e que agora está livre”, diz o artista.

 
As imagens que compõem a mostra foram retiradas do presídio através da técnica de remoção, onde se utiliza voille e resina de poliéster aplicado sobre a imagem para remover a “pele” das superfícies.

 

 
Sobre o artista

 

O artista visual Willyams Martins vive e trabalha em Salvador, Bahia. É mestre em Artes Visuais, Escola de Belas Artes, Universidade Federal da Bahia. A arte feita por Willyams Martins tem como fonte de inspiração, além do urbanismo, a música e a estética do punk nacional. Martins foi um dos fundadores da banda “Dever de Classe” nos anos 80. Possui ampla experiência em oficinas em diversas instituições culturais, como, por exemplo, as de “laboratório instantâneo” em arte contemporânea apresentada no MAM-BA, relacionados à 29 Bienal de São Paulo – Obras selecionadas. Suas obras transversais são permeadas pela articulação de diversos campos estéticos. Participou do documentário “paredes que hablam”, para a TV do México e da Argentina. Participou de uma exposição coletiva em Bogotá – Colombia. Realizou exposição individual na Estação Central do Metrô de Belo Horizonte – MG. Foi selecionado para a 11ª Bienal Nacional de Santos, e seu trabalho intitulado “peles grafitadas”, foi premiado pelo Braskem de Cultura e Arte, além de ter sido selecionado em diversos editais, etc. Atualmente foi selecionado com a oficina “salinas compartilhada” para o Programa BNB de Cultura – Edição 2012, como também foi citado na tese de doutorado: Enterros: Momentos Específicos, de Rebeca Stumm. Já foi professor de Pintura  e Teoria e Técnica de Pintura, na EBA – UFBA. Atualmente é professor de Desenho VI (murais) e Processos Artísticos pela mesma Escola.

 

 

De 02 a 31 de agosto.

Julio Plaza Poética | Política

26/jul

 

O livro “Julio Plaza Poética | Política”, é uma cuidadosa publicação da Fundação Vera Chaves Batcellos, Viamão, RS, contemplada no Projeto Conexão Artes Visuais Minc/Funarte/Petrobras por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. O primeiro lançamento ocorreu em Porto Alegre, no Santander Cultural, e o próximo será em São Paulo, no MASP. O lançamento será precedido das palestras de Inês Raphaelian, artista plástica, curadora independente, gestora e produtora cultural e Omar Khouri, poeta, artista gráfico, editor, historiador e crítico de linguagens.

 

 
Sobre o artista e os textos

 

“Julio Plaza Poética | Política” é a primeira publicação no Brasil dedicada ao artista e reúne textos assinados por artistas e pesquisadores como Alexandre Dias Ramos, o poeta Augusto de Campos, Cristina Freire, o filósofo espanhol Ignacio Gómez de Liaño, Regina Silveira, Vera Chaves Barcellos, além de um artigo de apresentação assinado pelo próprio Julio Plaza, artista falecido em 2003. Espanhol radicado em São Paulo desde 1973, Julio Plaza engajou-se em praticamente todos os desenvolvimentos tecnológicos das artes, do videotexto, à holografia, à arte digital, pioneiro que foi em várias dessas experiências, envolvendo novos suportes e novas mídias. O livro inclui imagens de suas obras, desde as primeiras criações nos anos 1960, na Espanha, até suas últimas produções no Brasil com cronologia do artista. O livro traz encartado um DVD com o documentário “Julio Plaza – o poético e o político”, de 30min.

 

 
Sobre o livro

 
A presente publicação visa suprir uma lacuna na quase inexistente bibliografia disponível sobre Julio Plaza, cuja obra permanece credora de estudo e pesquisa. A artista Regina Silveira (companheira de Julio Plaza entre 1967 e 1987) recupera em depoimento memórias pessoais da convivência nos primeiros anos de Julio Plaza no Brasil e de suas experiências na Universidade de Porto Rico. Vera Chaves Barcellos faz referência ao curso Proposições Criativas, realizado por Plaza, em 1971, em Porto Alegre, junto a um grupo de alunos do Instituto de Artes da UFRGS .Cristina Freire tece um panorama da arte no Brasil, onde insere Julio Plaza, vindo de uma tradição construtivista espanhola dos anos 1960, e destaca sua afinidade com o concretismo brasileiro. A obra construtivista de Julio é abordada em texto produzido na década de 60, ainda em época anterior a sua vinda para o Brasil, cujo autor é o então jovem poeta e filósofo espanhol Ignacio Gómez de Liaño. O poeta Augusto de Campos narra como foi seu encontro artístico com Julio Plaza, e como dele resultaram as obras em parceria como os célebres poemas-objeto “POEMÓBILES”, e também “CAIXA PRETA” e “REDUCHAMP”, livros de artista que brincam com os limites de texto e imagem, arte e literatura. A publicação contém também um extrato do depoimento do próprio artista sobre sua obra e trajetória, por ocasião da sua apresentação como candidato a professor assistente na ECA, USP, em 1994. O último capítulo é assinado por Alexandre Dias Ramos e destaca a exposição Julio Plaza: Construções Poéticas realizada em 2012, na Sala dos Pomares da Fundação Vera Chaves Barcellos.

 

 
Sobre o documentário

 
A publicação é acompanhada pelo vídeo “Julio Plaza – o poético e o político”, com direção de Hopi Chapman e Karine Emerich, da Flow Films, e foi produzido pela FVCB com apoio do MAC/USP, para a exposição realizada em 2012 na Sala dos Pomares. O documentário em média-metragem foi gravado na Espanha e no Brasil, traz depoimentos de artistas e intelectuais que conviveram com Julio Plaza. Compondo um interessante mosaico sobre a personalidade artística e a abrangente obra de Plaza, o documentário reconstitui sua trajetória desde as primeiras exposições, como a do grupo de vanguarda e novas tendências, Grupo Castilla 63 (realizada em 1963 na Espanha), sua vinda em 1967 ao Brasil, integrando a representação espanhola para a 11ª Bienal Internacional de São Paulo, e sua transferência em 1969 para Porto Rico, onde organiza uma das primeiras mostras de arte postal das Américas e também quando inicia sua atividade de professor, na qual permaneceria, posteriormente, no Brasil, até o fim de sua vida, ligado à ECA/USP, FAAP, PUC/SP e UNICAMP, formando e influenciando gerações de artistas. Vera Chaves Barcellos gravou pessoalmente em Madrid os testemunhos de Luis Lugán, precursor da arte tecnológica espanhola; de Julián Gil, veterano artista expoente do concretismo espanhol e Ignacio Gómez de Liaño, escritor e filósofo, todos, de uma maneira ou outra, vinculados à arte experimental e às vanguardas poéticas espanholas da década de 1960. No Brasil, foram gravados depoimentos das artistas Regina Silveira, Lenora de Barros, e Inês Raphaelian além do fotógrafo gaúcho Clóvis Dariano. E ainda Cristina Freire, pesquisadora e vice-diretora do MAC-USP, Gabriel Borba, artista e professor de artes da USP, Martin Grossman, pesquisador e diretor do IEA-USP e Ana Tavares, artista e professora da ECA-USP, além de Augusto de Campos.

 

 

Sobre o lançamento

 

A publicação “Julio Plaza Poética|Política”, tem projeto gráfico da Roka Estúdio, 160 páginas,versões em inglês e espanhol e tiragem e distribuição limitadas. O livro não está disponível à venda. Em São Paulo o lançamento será no dia 30/07, no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP, com as palestras de Inês Raphaelian e Omar Khouri.

MURILO CASTRO EXIBE MARIA LYNCH

05/jul

 

 

Maria Linch realiza a exposição individual denominada “Instalação Macia” na Galeria Murilo Castro, Savassi, Belo Horizonte, MG. O destaque é uma grande instalação na sala principal da galeria, a mostra, que já passou pelo Paço Imperial, Rio de Janeiro, conta também com duas telas e três objetos flutuantes. A instalação encobre toda a sala, do chão ao teto, de objetos macios, pelúcias, veludos, rendas, e perde-se a dimensão e divisões do ambiente, misturando o erótico e o lúdico, o gozo e a culpa.

 

“O trabalho se instaura entre o feminino e o lúdico, entre o erótico e uma repulsa à realidade. Existe nessas figuras femininas uma projeção de um ideal de mulher e ao mesmo tempo o apagamento da identidade, como uma questão existencial, falando dessa ausência/falta. Essas contradições e ambivalência geram ansiedade e angústia. Recrio uma ficção, uma alegoria, um excesso junto a fragmentos do imaginário, sublimando o real numa lógica particular.”, assim define seu trabalho a própria Maria Lynch.

 

“A artista, não por acaso, escolhe cores vibrantes e cenicamente compõe um quarto de criança, um ambiente “alegre”, que mentes mais ingênuas julgariam como propício para a brincadeira. O fato é que a forma dos objetos a serem manipulados nega a aparência meiga e delicada que a imagem daquele ambiente pode supor. É nessa ambiguidade que Lynch está interessada”, revela o crítico Felipe Scovino. E completa: “A obra de Lynch pede uma fenomenologia dos sentidos porque é tão visual quanto tátil. Na ativação dessas ambiguidades, a proliferação desses objetos fricciona um lugar que fica entre a adoração, o refúgio e a culpa. Não se trata de uma obra meramente participativa ou erótica, mas de como perversão, erotismo e aspectos lúdicos vão se contaminando, se apropriando e se misturando nessa obra, sobrando para nós uma atitude de perplexidade e encantamento. Um sorriso amarelo, talvez. Mas nunca descaso. Lynch aponta os paradoxos de uma sociedade (hipócrita) e as suas ambiguidades sexuais; o espectador agora está defronte do cotidiano que ele mesmo criou, dos elementos e perversões que ele glorifica e de que necessita”.

 

Sobre a artista

 

Maria Lynch nasceu no Rio de Janeiro em 1981, onde vive e trabalha. Formada pela Chelsea College of Art and Design, Londres, onde concluiu pós-graduação e mestrado em 2008. Entre suas principais exposições estão, “The Jerwood Drawing Prize” com itinerância por Londres e outras cidades da Inglaterra, em 2008. “Nova Arte Nova” no CCBB, RJ e São Paulo, também em 2008. Em 2009, foi a artista convidada para o “Salão Paranaense”, em Curitiba, e apresentou a performance “Incorporáveis” no Oi Futuro e no SESC 24 Horas, Pier Mauá, no Rio de Janeiro. Em 2010, foi convidada para a exposição coletiva ‘] entre [‘ na Galeria IBEU e foi contemplada com o Prêmio Marcantônio Vilaça, Funarte com exposição no MAC de Niterói. Em 2011 participou da 6º Bienal de Curitiba, VentoSul. Em 2012 apresentou a instalação “Ocupação Macia” no Paço Imperial, Rio de Janeiro, RJ, e realizou a performance “Incorporáveis” no MAM-RJ. Foi convidada para fazer a residência artística na Bordalo Pinheiro, em Portugal e no mesmo ano a expor Barbican na exposição coletiva Creative Cities, nas Olimpíadas de Londres. Além destas, participou da exposição individual na galeria Marília Razuk, São Paulo, SP. Em 2013 fez exposição individual na Galeria Anita Schwartz, Rio de janeiro, RJ, e contemplada com a bolsa do Itamaraty para uma residência em Lima para 2014. Foi comissionada para fazer uma obra para a Fundação Getúlio Vargas, na nova sede do Flamengo. A artista tem obras em importantes coleções, como o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Committee for Olympic Fine Arts 2012, Londres, Coleção Gilberto Chateubriand, Ministério das Relações Exteriores – Palácio do Itamaraty, DF e Fundação Getúlio Vargas, RJ. Em agosto, Maria Lynch segue para Nova York, onde fará uma residência na Residency Unlimited. A instituição tem o objetivo de fomentar a criação e difusão da arte contemporânea, oferecendo uma experiência multifacetada. Em janeiro, a artista continua na cidade para estudar na New York Art Residency and Studios (NARS).

 

Até 27 de julho.

Roberto Alban em novo espaço

25/abr

A Roberto Alban Galeria de Arte, Salvador, BA, fundada em 1989, inaugura a sua nova sede à rua Senta Pua nº 01. Cristina e Roberto Alban agora dirigem um espaço de 1500m², especialmente projetado para receber exposições, tendo um salão com pé-direito de 8,00m e terraço ao ar livre. Para esta ocasião especial foi convidado o crítico Paulo Venâncio Filho para assinar a apresentação do categorizado catálogo da mostra denominada “aproximações contemporâneas” com obras assinadas por Alexandre Mury, Elizabeth Jobim,Gabriela Machado, Maria Lynch, Paulo Whitaker, Raul Mourão, Vinícius S.A. e Willyams Martins. A galeria representa importantes nomes da arte contem­porânea brasileira como: Raul Mourão, Maria Linch, Elizabe­th Jobim, Gabriela Machado, Paulo Whitaker, Luiz Hermano, Alexandre Mury, Alvaro Seixas, Rodrigo Sassi, Liliane Dardot, Marcius Kaoru, Fernando Lucchesi e os baianos Vinicius S. A. e Willyams Martins.

 

A palavra dos artistas

 

“Meu interesse está no prazer em experimentar a arte.

A minha poética está no gesto, não é só minha figura, como modelo,

que faz parte da performance.
A minha arte está na minha entrega de corpo e alma.”
Alexandre Mury

 

“Meu trabalho vemdesse momento de olhar as coisas, de como as vemos, mas também de como construímos nossa visão por uma espécie de geometria que organiza nossa percepção da espacialidade das coisas e do mundo.”

Elizabeth Jobim

 

“Meu trabalho hoje se caracteriza pelo uso de uma tinta que surge, muito óleo, como se estivesse construindo um caminho através da fluidez, constantemente. Como na natureza, parece que tudo se repete e multiplica e assim se renova. Às vezes eu acho que a tela está viva. São pinceladas que se embrulham e criam uma espécie de buquê esfarrapado, uma tinta muito fresca, que parece respirar. As cores em meu trabalho vibram e, ao mesmo tempo que agregam, se soltam. É tudo um processo contínuo.”

Gabriela Machado

 

“O processo de trabalho de Hermano é análogo ao do garimpeiro, que extrai de um volume enorme de terra ou quinquilharias o que há de mais precioso e raro. Como se fosse necessário peneirar montanhas inteiras para encontrar diamantes ou fuçar nas profundezas domangue até alcançar os caranguejos. Entretanto, o valor de seu trabalho obviamente não está no material ordinário empregado, mas na rede ambígua de relações e formas em que natural e artificial ou artesanal e industrial não se opõem claramente.” Cauê Alves

Luiz Hermano

 

“A partir do excesso em torno do feminino e do universo lúdico, extermino qualquer traço do mundo masculino, que é uma maneira de evidenciar sua presença perante tal ausência.

 

A angústia e a ansiedade nunca são resolvidas, essas são as áreas onde o meu trabalho são instauradas, há uma repulsa à realidade. Recrio uma ficção, uma alegoria, um excesso junto a fragmentos do imaginário.

 

O apagamento da identidade do feminino é mais que a vontade de não estar presente no mundo, e sim o de escondê-lo. Assim restituo um certo mundo, sublimando o real numa lógica particular. Abstrato e erótico, entre o gozo e a culpa, nesses paradoxos, vou encontrando liberdade para a imanência, para a celebração do delírio, da catarse onírica e a diferença imagética.”
Maria Lynch

 

“O uso rasgado da cor é novo. Minha paleta sempre havia sido muito limitada para evitar a sedução através das cores. Agora abuso de uma enorme possibilidade de cores estranhas. O processo está todo muito evidente, o modo grosseiro de usar os stencils dá a chance de se perceber as fases da pintura, o momento exato onde e quando cada decisão foi tomada. Tinta úmida, tinta seca, justaposição, sobreposição. O resultado agora é menos gráfico, mais pictórico, menos silencioso, mais afirmativo. Tudo isto numa tentativa deixar o trabalho fresco, criando novos problemas para serem resolvidos. Tenho pensado e trabalhado também as formas e as construções; mais elaboradas, mais intrincadas. Para depois um dia poder andar para trás novamente. Limpar, simplificar. Minha pintura não é antropofágica, não procura simulacros, não tem ligação com as novas mídias, não é autorreferente, não busca relações de gêneros e não é pintura de ação.”

Paulo Whitaker

 

“No início, como se estivesse numa casa desconhecida, existe o receio de tocar em algo que vai quebrar ou a preocupação em tirar um móvel do lugar. Mas a partir do momento em que você mexe em uma das bordas, a casa em descanso nunca mais irá parar. Pois é impossível não ceder à tentação de acionar o vai e vem preguiçoso e gracioso desses objetos. Testar o peso que é leve e dar movimento ao inanimado. O aço bruto se recobre de sensualidade e sua inesperada leveza transforma-se em uma ginga, um ir e vir acolhedor e descontraído. Assim, como você, os visitantes irão tocar em tudo, até cada escultura cessar seu movimento e voltar ao escuro inerte da sala fechada.”

Raul Mourão

 

“Proponho um trabalho onde o espectador possa penetrar, envolver-se espacialmente na obra, interagindo e fruindo arte.”
Vinícius S.A.

 

“O conceito de peles grafitadas é um procedimento que realizo para remover imagens originárias dos muros. É um escalpo, um pastiche, mas ao mesmo tempo uma técnica que utilizo para deslocar a pele tatuada da cidade agora em outro contexto, podendo ser vista de perto, onde as transformo em uma teia polissêmica de significados.”
Willyams Martins

 

Dois em Curitiba

 

Afirmando seu interesse em estabelecer contatos, propiciar confrontos, catalisar fricções, a SIM Galeria, Curitiba, Paraná, convidou dois artistas de procedências e formação bem distintas – uma alemã e um brasileiro -, para compor uma mesma exposição. Então, com apresentação assinada pelo crítico Agnaldo Farias, apresenta a exposição “25 25S 15W / 52 30N 5 56W”. Sobre o trabalho de ambos, afirma o conhecido crítico:

 

“…Não obstante as sensíveis diferenças entre suas pesquisas, Katinka Pilscheur e Tony Camargo têm em comum o mesmo desajuste em relação à definição do que seja arte. Em ambas obras a dificuldade em localizá-las; o gosto pela inquietude, experimentação e instabilidade como denominador comum.

 

O encontro começa do lado de fora, com a pintura/código de barra realizada por Katinka Pilscheur na cor aproximada daquela que um famoso produtor de esmaltes sintéticos, Colorama, chama de Garota verão. Como todo mundo sabe, códigos de barra representam algo, estão no lugar de um produto qualquer ou ao menos de seu preço. A artista, contudo, coisifica essa metáfora estampando-a na fachada, convidando o transeunte a entrar e decifrar o sentido oculto dessa cifra impressa num vermelho alaranjado aceso, gritantemente vivo. Vã ilusão. No interior da galeria, na porção reservada a sua obra, a artista cria um espaço ultra-complexo: um conjunto de densidade variável de barras verticais finas e roliças, prateadas, apoiadas no chão e no teto. Agrupamentos que chegam a entrincheirar o visitante, transformando sua visita à galeria numa deslocamento vagaroso, cuidando em não esbarrar nas barras que lhes barra os passos, percorrendo de cima a baixo suas peles reflexivas, vendo-se e vendo as outras barras multiplicarem-se.

 

A artista poderá ou não ensanduichar material colorido entre o teto e a extremidade de algumas dessas barras, objetos semelhantes as duas pinturas, uma verde e outra cinza, que ela fixará na parede da sala maior, onde restam somente três ou quatro ou cinco barras, arranjadas assimetricamente, desafiando com sua presença, assim como as pinturas, a estabilidade do ambiente proporcionado pela arquitetura.

 

A sala reservada a Tony Camargo é menor mas suficiente para que ele a preencha com as cores e ações embutidas nos novos trabalhos pertencentes às séries Planopinturas, Fotomódulos eVideomódulos. Mais que vivas, as cores empregadas, aplicadas através de instrumentos próprios a pintura industrial, amplificam-se em razão dos contrastes obtidos; cada tela cria um curioso eclipse, como um sol que, apesar de sua luz potente, evita-se irradiar pelo ambiente.

 

O intercâmbio entre fotografia e pintura proposto pelos Fotomódulos enuncia uma tensão que jamais se resolve, posto que uma linguagem jorra sobre a outra ao mesmo tempo em que se retrai. Pintura e mundo, cores eminentemente artificiais, disponíveis nas paletas oferecidas pelas empresas produtoras de tintas, encontram-se na miríade de objetos que vivem a nossa volta, incluindo cartazes, letreiros, placas, rótulos, roupas e tecidos, até mesmo na intensidade das flores que neste país tropical irrompem com força invulgar. A chegada dos Videomódulos leva o problema a um outro estatuto, posto que a periclitante pose do artista, sempre embuçado de modo a garantir que seu rosto não roube a cena, vai sendo posta em risco pelos embates com o plano de cor com que divide a tela do monitor. Como que atraída pelas cores dos objetos e dos atavios da cena que corre ao lado, o plano colorido disputa espaço com ela, plano retrátil que vai se chocando intermitentemente até desequilibrá-la.

 

Pintura, escultura e instalação; pintura, fotografia, cinema e performance, os dados que compõem as poéticas de Katinka Pilscheur e Tony Camargo reforçam a ideia, cara a esse encontro, da importância de se trabalhar sob o signo da ruptura”.

 

Até 25 de maio.

Exposição de Leda Catunda no Paraná

Leda Catunda

O Museu Oscar Niemeyer, MON, Centro Cívico, Curitiba, Paraná, inaugurou, na Sala 5, a exposição “Leda Catunda – Pinturas Recentes”. Nesta mostra individual, a conceituada artista  Leda Catunda exibe seus mais recentes trabalhos, num total de 18 obras, executados em tinta acrílica sobre tela e tecido que, segundo a artista, “…remetem à questão da identificação do sujeito com algum tipo de imagem”.
Leda Catunda é uma das mais significativas artistas nacionais da atualidade. Ela fez parte do grupo artístico de forte relevância no Brasil denominado “Geração 80”. Participou de bienais, e importantes exposições nacionais e internacionais. Suas obras constam em importantes coleções particulares, acervos de museus, fundações e centros culturais do país e  do mundo.
O curador da mostra, Jacopo Crivelli Visconti, explica o conceito da exposição: “…os logotipos, as imagens, as cores, os símbolos, os números: todo o repertório visual do esporte aparece nessas obras, cada elemento competindo com os outros, tentando sobrepor-se aos que o rodeiam, até preencher cada centímetro do espaço à disposição”.
De 25 de abril a 28 de julho.

O carretel de Iberê Camargo

27/mar

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, inaugura nova exposição, com a duração de um ano, na qual serão exibidas 21 pinturas, 32 gravuras e 4 desenhos de Iberê Camargo. entre 23 de março de 2013 e 23 de março de 2014. A curadoria é de Michael Asbury. Esta exposição apresenta o desenvolvimento da temática do carretel dentro da trajetória pictórica de Iberê Camargo. Sendo esta sua mais prolongada série de trabalhos, a mostra explora sua significação cambiante, da suposta aproximação às vanguardas construtivas do pós Guerra no Brasil, à relação da matéria da tinta ao drama psicológico do gesto.

 

O carretel é o tema mais recorrente na obra de Iberê, aludindo às memórias de sua infância. A exposição Iberê Camargo: o carretel – “meu personagem” exibe um mapeamento da trajetória do artista, mostrando o objeto representado de diversas formas: desde o gênero natureza-morta, inspirado no trabalho de Giorgio Morandi, até as interpretações mais abstratas.

 

A palavra do curador Michael Asbury

 

Ao considerar a significância da temática do carretel na obra de Iberê Camargo, verifica-se o desenrolar de argumentos muitas vezes antagônicos. Se para o artista essa forma tinha características afetivas vindas das suas mais longínquas memórias – seus brinquedos de infância que ele desenterrara do “fundo do rio da vida” –, a crítica, apesar do consenso sobre a posição privilegiada como tema na obra, tem apresentado ao longo dos anos várias hipóteses sobre o que leva o carretel a ter tal importância.

 

Organizados inicialmente em um arranjo frontal rítmico, primeiramente sobre mesas, os primeiros carretéis de Iberê invocam o legado de Morandi. Mais tarde, com o crescente abandono do artifício da perspectiva, apresentam-se cada vez mais próximos à superfície da tela que, à medida que a tinta engrossa, parece os engolir. É a partir desse procedimento que descrições contemporâneas sobre a metamorfose a que Iberê sujeita os carretéis vieram a considerá-los o último estágio do artista a caminho da abstração. Tal procedimento foi visto, no calor da hora, como prova de sua passagem ao informalismo, tendência bastante em voga no final dos anos 50 e início dos 60. Entretanto, a evidência de estudos preparatórios para suas composições, mesmo aquelas de aparência abstrata, nega tal associação, convidando, a partir dos anos 1990, hipóteses que aproximavam o artista das vanguardas construtivas, que, então, ganhavam crescente reconhecimento no incipiente cânone da arte brasileira. Os carretéis levariam o artista, dessa forma, a um processo que considerava o objeto forma autônoma na pintura, em que a memória pessoal vem a ser mera anedota. Há ainda outro posicionamento que considera a maestria da matéria pintada posição singular de um expressionismo levado a seus limites. O artista vem a ser o solitário, sobrecarregado pela dor da vida, melancólico sobre a irreversível perda da inocência que expressa sua condição existencial através de grossas tintas que, agora, se tornam metáforas de uma escorregadia, movediça e pessimista apreensão da vida.

 

Todas essas dimensões críticas privilegiam, no entanto, a pintura sobre os outros meios empregados por Iberê. A atual exposição visa justapor pinturas e gravuras com a intenção de provocar um desequilíbrio à estrutura crítica a qual os Carretéis têm sido submetidos, sugerindo uma ênfase na questão da repetição da forma ao ponto de reconsiderá-la, em toda sua ambiguidade entre o lúdico e o melancólico, signo do próprio ser.

 

De 23 de março de 2013 a 23 de março de 2014.

William Kentridge na FIC

22/mar

 

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, inaugurou sua primeira exposição temporária de 2013. O artista escolhido foi o sul-africano William Kentridge. A mostra, com curadoria de Lilian Tone e em parceria com Instituto Moreira Salles e Pinacoteca do Estado de São Paulo, ocupa dois andares e o átrio da Fundação. A exposição “William Kentridge: fortuna”, faz uma reflexão sobre a trajetória e contribuição do artista através da escolha de obras que destacam o seu processo de criação pouco convencional, mostrando ao público a variedade e a força da sua atividade multifacetada. Ao todo, serão mostradas 31 esculturas, 32 desenhos, 26 filmes e animações, 115 gravuras e dois vídeo instalações.

 

A partir da série de curtas-metragens “Drawings for Projection”, Kentridge tornou-se conhecido internacionalmente. Iniciado em 1989, esse trabalho é composto por dez filmes e continua sendo desenvolvido pelo artista, que finalizou a filmagem mais recente, “Other Faces”, em 2011. Esta será a primeira vez que os dez vídeos serão mostrados em conjunto, acompanhados por 23 desenhos criados especialmente para a série.

 

A mostra conta também com o vídeo e “flipbook” – livro de artista animado – “De Como não Fui Ministro d’Estado”, feitos para a exposição brasileira. A obra é uma intervenção de Kentridge, que desenhou sobre as páginas de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis. A partir do dia 29 de agosto, a mostra será exibida na Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, SP.

 

Sobre o artista

 

Kentridge nasceu em 1955, em Johannesburgo. Estudou ciências políticas e estudos africanos na Universidade de Johannesburgo antes de entrar na Johannesburg Art Foundation e se voltar para as artes visuais. Durante esse período, dedicou-se intensamente ao teatro, concebendo e atuando em diversas montagens. Seu interesse pelo teatro e pela ópera perpassa toda sua trajetória e indica o caráter dramático e narrativo de sua produção artística, assim como o seu interesse em sintetizar o desenho, a escultura e o filme em uma única linguagem. Após ter influenciado artistas na África do Sul por mais de dez anos, Kentridge ganhou reconhecimento internacional no final dos anos 1990. Desde então, seu trabalho tem sido incluído em exposições e performances em museus, galerias e teatros em todo o mundo, como a mostra Documenta, em Kassel, na Alemanha, 1997, 2003, 2012, a Bienal de Veneza, 1993, 1999, 2005, exposições individuais no MoMA, de Nova York, 1998, 2010, no Museu Albertina, em Viena, 2010, no Jeu de Paume, em Paris, 2011, no Louvre, em Paris, 2010, no Metropolitan Museum of Art, em Nova York, 2005, e performances no Metropolitan Opera, em Nova York, 2010, e no La Scala, em Milão, 2011. Em 2011, Kentridge recebeu o prestigioso Kyoto Prize, em reconhecimento a suas contribuições no campo das artes visuais e da filosofia. Em 2011, foi escolhido como Membro Honorário da American Academy of Arts and Letters e recebeu o título de Doutor Honoris Causa da University of London. Em 2012, apresentou as Charles Eliot Norton Lectures, na Universidade de Harvard, em Cambridge, tornou-se membro da American Philosophical Society, da American Academy of Arts and Sciences, foi nomeado para o Dan David Prize, da Tel Aviv University, e recebeu o título de Commandeur dans l’Ordre des Arts et des Lettres do Ministério da Cultura e Comunicação da França.

 

Até 26 de maio.