Um olhar livre

23/out

Antanas Sutkus

Pela primeira vez encontra-se em exibição 120 retratos de um dos mais importantes fotógrafos do século XX. Aos 73 anos, o lituano Antanas Sut­kus ganha retrospectiva no Centro de Arte Contemporânea e Fotografia, Centro, Belo Horizonte, MG. A mostra compõem-se de imagens da vida cotidiana na União Soviética (da qual a Lituânia fazia parte) dos anos 50 aos 90. Antanas Sutkus abordou com delicadeza e certa intimidade cenas comuns de sua terra. Um dos exemplos mais famosos nessa exposição é a premiada foto “Pioneiro”, que mostra um melancólico menino mas também são evidentes na produção do artista reflexos de sua biografia. Por ter sido criado pelos avós no meio rural, ele registra com ternura pessoas idosas e camponeses. Outra preciosidade, que surgiu do seu acervo de quase 1 milhão de negativos, é uma série de fotografias da visita dos filósofos Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir à Lituânia, em 1965. Essa sequência de imagens ganhou lugar de destaque no mezanino da galeria.

 

Segundo o curador Luiz Gustavo Carvalho, “o principal interesse do lituano eram as pessoas simples, a rotina e a expressão particular de cada um, além de posicionar-se contra os arbitrários do movimento realista soviético”, o crador afirma ainda que “cada imagem (de Antanas) contém uma dose de subversão tingida com a doçura do olhar deste fotógrafo excepcional. O olhar de Antanas Sutkus é o olhar de um homem livre”.

 

Em 1969, fundou a Sociedade da Arte da Fotografia, em Vilnius, na Lituânia, que reunia fotógrafos que possuíam as mesmas aspirações. Em 1976, Antanas Sutkus foi condecorado com um prêmio da Associação Internacional de Fotografia Artística, associação da qual ele até hoje é membro, e é também, desde 1996, presidente da Associação Lituana de Fotógrafos.

 

A exposição já foi apresentada em Curitiba e, depois da capital mineira, segue para Salvador e Fortaleza.

 

Até 04 de novembro.

 

Geraldo de Barros em BH

Stravinsky

O Sesc Palladium, Galeria de Arte GTO, Centro, Belo Horizonte, MG, dedica exposição a Geraldo de Barros, artista falecido em 1998. Pioneiro da fotografia experimental no Brasil, Geraldo de Barros dedicou sua vida à pintura, gravura, fotografia, design gráfico e desenho de móveis. Em exibição, 36 de seus trabalhos fotográficos mais importantes. Sua contribuição para as artes visuais brasileiras, no entanto, não está limitada apenas a esse gênero.

 

Barros integrou o grupo Ruptura, que ajudou a estabelecer as premissas da arte concreta no país. Ao lado de Anatol Wladyslaw, Leopoldo Haar, Lothar Charoux, Féjer, Waldemar Cordeiro e Luiz Sacilotto, ele inaugurou, em dezembro de 1952, a exposição “Ruptura” no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Os sete pretendiam romper com a arte figurativa e o excesso de naturalismo presente em obras de artistas até então nunca questionados, como Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral. A palavra de ordem dos concretistas era “racionalizar o processo criativo, utilizar o mínimo de cores e empregar recursos gráficos que tornassem a obra inteligível e livre de lirismos”.

 

A abstração geométrica é facilmente percebida nas composições de Geraldo de Barros. Com forte apelo gráfico, muitas de suas imagens apresentam linhas que se sobrepõem e áreas claras e escuras que contrastam entre si. São também marcantes em seu trabalho as experimentações feitas em laboratórios fotográficos interferindo em negativos com ranhuras.

 

Até 4 de novembro.

25 anos da Multiarte

03/out

A Galeria Multiarte, Fortaleza, CE, em comemoração aos seus 25 anos de atividades profissionais, apresenta a exposição de Luciano Figueiredo denominada “Do Jornal à Pintura”. Quando surgiu, em 1987, a Multiarte iniciava suas atividades com uma proposta diferenciada: mostrar na cidade exposições de importantes artistas brasileiros e, assim, apresentar suas obras para os visitantes cearenses, entre estudantes, professores, amantes da arte e novos colecionadores, a maioria distante dos espaços expositivos dos grandes centros. Para a abertura do espaço, realizou uma retrospectiva de Antonio Bandeira, com exibição de pinturas e desenhos do consagrado artista. Nesse tempo de atuação apresentou 31 exposições, publicou 31 catálogos, a maioria esgotados, hoje referências bibliográficas para estudiosos da arte brasileira.

 

A exposição de Luciano Figueiredo, “Do Jornal à Pintura”, recebe título análogo à grande mostra realizada no Musée Departamental de GAP, na França, em 2005, com a edição de um extraordinário catálogo com textos de Chris Dercon, Marcelin Pleyner e Frédérique Verlinden. A exposição é composta de 44 obras, selecionadas entre pinturas e objetos tridimensionais, executadas entre os anos de 1984 a 2012. O artista fará uma palestra na galeria, para convidados, no dia 3 de outubro e terá como atividade complementar a exibição, durante o período da mostra, os filmes: LIVRO-FILME,  FILME-LIVRO, e FILME-POEMA, todos de 2010 e assinados em co-autoria por André Parente e Kátia Maciel e poema de Antonio Cícero.

 

Sobre o artista

 

Luciano Figueiredo – artista, designer e curador – mantém uma coerência ímpar no seu trabalho, de caráter experimental. Firmou-se como um dos expoentes no movimento da chamada contracultura no Brasil, na década de 1970. Seus projetos gráficos são referência e sua participação na histórica publicação “Navilouca”, em 1975, foi definitiva. Com uma vasta biografia, exibiu suas criações em renomados espaços públicos e privados, no Brasil e no exterior. Entre as mais recentes apresentações, destaca-se a mostra multimídia apresentada em 2010, no espaço Oi Futuro, Rio de Janeiro: “Livro de Sombras 2”. O projeto foi uma exposição do livro-objeto de Luciano Figueiredo, realizado entre 2007-2008, do poema de Antonio Cícero, parte do mesmo livro, e de filmes dos artistas Kátia Maciel e André Parente. A exposição integrou pintura, cinema e poesia em um mesmo espaço-tempo, no qual o movimento de uma obra interfere na outra: a temporalidade da montagem do livro como filme, do filme como livro e da leitura como poesia, com a curadoria de Alberto Saraiva.

 

Participou de inúmeras bienais – a partir de 1967 – e de mostras coletivas como “Transfutur, Kunstetage Kassel”, Kassel, Alemanha, 1990; “Marginália 70”, Itaú Cultural, São Paulo, 2001; e, mais recentemente, “Dessin, Couleur, etc.”, Galerie des Docks, Nice, França, 2011. Destacou-se como cenógrafo de teatro e cinema. Seu nome está intimamente ligado ao de Hélio Oiticica, pois foi fundador do Projeto HO; grande estudioso da obra de Oiticica, é hoje um das maiores referências sobre o artista, com publicações no Brasil e no exterior. Como curador trabalhou para instituições como: Witte de With, Center for Contemporary Art, Roterdã, Holanda; Galerie Nationale Du Jeu de Paume, Paris, França; Fundació Antoni Tàpies, Barcelona, Espanha; Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal; Walker Art Center, Mineápolis, USA; Fundação Bienal de São Paulo, São Paulo, e MAM, Rio de Janeiro, RJ.

 

Até 01 de dezembro.

Ponto Cego/Miguel Rio Branco

27/set

Carro-doce

“Ponto Cego”, individual de Miguel Rio Branco, é uma das principais exposições de artes visuais realizadas pelo Santander Cultural, Porto Alegre, RS, em 2012. São 110 criações que representam a multiplicidade do artista, possuidor de um domínio no emprego de cores, fato de reconhecimento internacional como uma das maiores manifestações poéticas da arte contemporânea.

 

O recorte de obras produzidas entre 1986 e 2012 atesta o vigor da expressão criativa de Miguel Rio Branco. Trata-se de quase cinco décadas de criação do artista que nasceu na Espanha, em 1946, uma diversida poética da imagem e da fotografia que permitem refletir sobre o seu trabalho.

 

Paulo Herkenhoff, crítico de arte e curador da exposição, selecionou obras que traduzem a extensa produção fotográfica, pictórica, fílmica, de livros e projetos do artista. A disposição dos trabalhos não obedece ordem cronológica ou temática e muito menos por técnicas. A montagem é organizada para propiciar ao público um contato com o esforço vital do artista na elaboração de sua expressão.

 

Sobre o artista

 

Brasileiro nascido por acaso nas Ilhas Canárias, na Espanha (é filho de um diplomata, além de neto do gênio carioca das artes gráficas Jota Carlos), Miguel Rio Branco é frequentemente descrito como o único fotógrafo do país a integrar a agência Magnum. As fotos de Miguel Rio Branco são frequentemente mostradas em exposições e revistas internacionais e estão documentadas em 4 livros: “Dulce Sudor Amargo ” (85, México), “Nakta”, com poema de Louis Calaferte (96-Paraná), “Miguel Rio Branco” com ensaio de Davi Levi Strauss (ed. Apertur/ Cia das Letras) e “Silent Book” (ed. Cosac Naify) em 98.

 

Como pintor, realizou duas exposições, em 1964 na Galeria Alikerkeller, Berna, Suiça e em 1989, na Galeria Saramenha, Rio de janeiro, RJ. O artista já dirigiu 14 curtas-metragens e fotografou 8 longas, muitos deles premiados. No Brasil, Miguel Rio Branco participou de mostras em várias cidades, participando inclusive da Bienal Internacional de São Paulo, nas edições de 1967, 1983 e 1998;  de exposições no MAM/RJ e na Bienal Internacional de Fotografia de Curitiba, PR, em 1996; mostra de arte no MAM/RJ na Eco -92. No ano 2000, realizou exposições na Grécia, França, Espanha, Bélgica e Estados Unidos e participou do módulo de Arte Contemporânea do evento “Brasil+500”. Em 2010 foi inaugurado o pavilhão Miguel Rio Branco em Inhotim, MG.

 

Até 11 de novembro.

Descobertas de Ranulpho

19/set

A Galeria Ranulpho, situada no Barro do Recife, Recife, Pernambuco, é um dos mais antigos espaços de arte profissional no país, sempre dedicada a um elenco permanente de artistas modernos. Agora, seu diretor, Carlos Ranulpho, igualmente curador da mostra, reuniu um número expressivo de seu leque de artistas na exposição denominada “Descobertas”, na qual participam os pintores Lula Cardoso Ayrez, João Câmara, Brennand, Reynaldo Fonseca, Cícero Dias, Rapoport, Virgolino, Aldemir Martins, Teruz, Armínio Pascual e Joaquim do Rego Monteiro. Os temas abordados são figuras, paisagens, animais e cenas cotidianas; trata-se de um verdadeiro encontro de gerações.

 

A palavra do curador

Carlos Ranulpho

 

O gosto pelo colecionismo não data de hoje. Reunir e compilar objetos é uma prática tão antiga quanto o homem. Tutankamon colecionava cerâmicas finas. Amenhotep III esmaltes azuis. Pedro, o Grande, mantinha em sua coleção atrações de carne e osso: um anão e um hermafrodita. Outrora as coleções eram privilégios das classes abastadas, hoje no meu dia a dia na Galeria tenho a oportunidade de conhecer colecionadores dos mais variados tipos: aqueles que possuem obras de um mesmo artista, aqueles que possuem obras de uma determinada época ou ainda aqueles que colecionam o que lhes enchem os olhos. E dessa relação minha com os colecionadores e os artistas surgem “DESCOBERTAS”.

 

Descobertas do meu gosto. Descobertas que aquele pintor dos florais é também o pintor de Joana d’Arc. Descobertas que aquele outro pintor figurativo, das meninas e das mulheres, é o mesmo do vaso com um pássaro. Por essas e outras descobertas, que podem ser constatadas nesse catálogo, é que realizo essa exposição reveladora.

 

Até 11 de outubro.

A poética de Julio Plaza

18/set

Chama-se “Julio Plaza, Construções Poéticas”, a exposição que a Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, RS, apresenta na sua Sala dos Pomares. Trata-se de uma revisão do escritor, gravador, artista intermídia, teórico e professor, Julio Plaza, artista nascido em Madrid,1938 e falecido em São Paulo, em 2003. Plaza é um artista importante tanto pelo conjunto de sua obra e seu interesse desbravador no campo da arte e tecnologia, como pelas gerações de artistas que influenciou em suas atividades didáticas exercidas no Brasil.

 

Vera Chaves Barcellos e Alexandre Dias Ramos respondem pela organização e curadoria da exposição propondo uma revisão expográfica inédita no RS de sua produção artística acrescida pelo aval de terem convivido ou estudado com o artista. A obra e a vida de Julio Plaza ainda não foram objeto de publicação e seus trabalhos permanecem pobremente reproduzidos. Programada para 2013, o MAC-USP, prepara uma grande exposição de sua obra.

 

Sobre o artista

 

Artista intersemiótico e com produção multimeios, pesquisador e expert em técnicas gráficas, Julio Plaza consolidou sua obra com pintura, desenhos e objetos ainda nos anos 60, sob o vetor construtivo. Desembarcou no Brasil pela primeira vez em 1967, integrando a representação espanhola que participou da 11ª Bienal Internacional de São Paulo, e como bolsista do Itamarati, para um estágio no ESDI, Rio de Janeiro, onde permaneceu até 1969, ano em que realizou o “Livro-Objeto”, com o editor Julio Pacello. No contexto brasileiro foi um desbravador da arte interativa promovida pelo surgimento de novas tecnologias da comunicação. Trabalhou com videotexto, slow-cam TV, holografia, fax e computação digital, partilhando e influenciando gerações de artistas no campo da arte mídia e protagonizando o processo de hibridação artística dos meios na chamada cultura das mídias.

 

Autor de vários livros de artistas publicou com o poeta concretista Augusto de Campos, os célebres “Poemóbiles”, de 1968 e “Caixa Preta”, de 1975, volumes impressos que permitem ao leitor transformá-los em objetos poéticos tridimensionais e ainda o livro-poema “Re-Duchamp”, de 1976.

 

Julio Plaza teve grande atuação igualmente como organizador de exposições desde seu estágio na Universidade de Puerto Rico, onde lecionou de 1969 a 1973, ano em que se estabeleceu definitivamente no Brasil.

 

Contestador radical e bastante inconformado com o sistema da arte ao qual criticava de maneira sistemática foi autor de vários aforismos, entre eles: “Arte é um bem que faz mal.”

 

Até 14 de dezembro.

Inimá em Brasília

06/set

O pintor mineiro Inimá de Paula, nome da renovação da arte moderna brasileira, recebe uma justa homenagem através de exposição retrospectiva no Gabinete da Presidência da Câmara dos Deputados, Brasília, DF. A exposição “Inimá de Paula” é resultado de parceria da Câmara dos Deputados com o Museu Inimá de Paula que cedeu 24 obras pertencentes a seu acervo.

 

Reconhecido pelos críticos como mestre das cores, Inimá de Paula (1918-1999) é um dos mais importantes pintores brasileiros. Suas obras enriquecem acervos de museus e coleções particulares no Brasil e no exterior. O artista revela em suas pinturas paisagens por onde morou e andou, como bairros cariocas, o litoral cearense e cenas da velha Europa. Os caminhos que sua arte percorreu, porém, sempre o trouxeram de volta às montanhas de Minas.

 

Nascido em Itanhomi, no Vale do Rio Doce, Minas Gerais, o pintor tinha um perfil introvertido e reflexivo, que contrastava com a eloquência dos traços vigorosos, características percebidas até pelos leigos, que se comprazem diante de seus quadros. Inimá participou ativamente dos movimentos estéticos de sua época e conviveu com alguns dos maiores artistas brasileiros, como Cândido Portinari e Oscar Niemeyer, que o apoiaram no início da carreira. Atuou no Ceará e no Rio de Janeiro, cidades onde viveu antes de voltar a Minas, no início dos anos 60.

 

O espaço do Gabinete da Presidência da Câmara, abre suas portas nos finais de semana para a população e a curadoria da exposição é do senador e ex-governador mineiro Aécio Neves.

 

 

Até 27 de setembro.

Obra revisitada

03/set

Waltercio Caldas

A Fundação Iberê Camargo uniu-se ao Blanton Museum of Art para conceber a exposição “O Ar Mais Próximo e Outras Matérias”, lançando um olhar sobre a carreira de Waltercio Caldas e reunindo pela primeira vez as mais de quatro décadas de produção do artista. Walter Caldas é um dos mais importantes nomes da arte contemporânea brasileira com ressonância internacional. As instalações, esculturas, objetos e desenhos– com diversos trabalhos inéditos – serão exibidos sob a dupla curadoria de Gabriel Perez-Barreiro e Ursula Davila-Villa, curadora adjunta do Blanton Museum of Art. Em 2013, a mostra segue carreira na Pinacoteca do Estado de São Paulo e  após, será exibida na programação do Blanton Museum of Art, no Texas.

 

Até 18 de novembro.