Os 91 anos de Anna Bella Geiger

03/jun

O Sesc RJ, apresenta (até 08 de Setembro) na Galeria do Sesc Copacabana – 1° andar a exposição “Anna Bella Geiger – Entre o relevo e o recorte”. Mostra inédita que celebra os 75 anos de carreira da artista, que também completa 91 anos. A mostra inédita mergulha no universo multifacetado de Anna Bella Geiger, uma das mais influentes artistas brasileiras do século XX. A individual é realizada pela Agência Dellas e produzida pela Atelier Produtora, e conta com a curadoria de Ana Hortides. A mostra foi contemplada pelo Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar 2024.

A mostra apresentará 29 trabalhos fundamentais que datam da década de 1960, especificamente no período entre 1960 e 1966. Destacando-se a obra Sem título, de 1961, vencedora do 1º Concurso Interamericano de Grabado, na Casa de las Americas, em Havana, Cuba, no ano de 1962.  “Anna Bella Geiger – Entre o Relevo e o Recorte” destaca especificamente a fase inicial da artista como gravadora, revelando a sua ousadia ao desafiar as convenções do meio. Um aspecto crucial da exposição é a exploração da técnica de recorte da chapa de metal da gravura, uma prática não usual na época, que sinalizava a direção de suas futuras experimentações.

Uma iniciação

Lembro-me bem de quando cheguei a uma compreensão mais plena e profunda dos princípios abstracionistas na minha própria obra em meados do ano de 1952. Estávamos num momento cultural em que alguns e algumas de nós, artistas, vínhamos buscando, individualmente, radicalizar essas  transformações, fosse aqui no Brasil, como internacionalmente. Isso após uma longa iniciação, desde 1949, no ateliê da artista Fayga Ostrower, através de incansáveis estudos e pesquisas baseados nos princípios cubistas de Pablo Picasso e Georges Braque, assim como nos exercícios propostos nos Notebooks de Paul Klee na Bauhaus. Incluiria aí também estudos sobre o uso da cor e da composição estrutural na gravura japonesa do século XVIII e na complexidade da escultura africana em suas diversas regiões. Naquele turbilhão de ideias, comecei a encontrar soluções próprias, individuais, em meus desenhos, guaches e gravuras abstratas. Nessa época, alguns de nossos pioneiros na área gráfica, como Osvaldo Goeldi, Lasar Segall, Lívio Abramo, inclusive a própria Fayga Ostrower (até 1952), eram artistas figurativos, não viam o mundo somente do ponto de vista estético, mas sim sob os seus aspectos sociais e humanos. Havia um conflito, um verdadeiro tabu, na questão da eliminação da figura humana na Arte. As desavenças eram profundas, e, no Brasil, ainda tínhamos uma questão extra-artística, como a do regionalismo ou do realismo. As questões desenvolvidas na minha obra, eram denominadas no vocabulário internacional como abstração informal ou lírica, com certa identidade com os pintores da Escola de Nova Iorque e de Paris, bem como as  levantadas pela  Fayga,  Iberê Camargo, Yolanda Mohalyi, entre outros. Desses artistas internacionais, podem ser citados, por exemplo, Franz Kline, Willem De Kooning, Robert Motherwell, Philip Guston, Jackson Pollock, assim como o franco-alemão Hans Hartung e o espanhol Antoni Tàpies. Em 1965, a minha própria concepção sobre a arte abstrata começa a se radicalizar, assumindo recortes e relevos na sua composição. É o caso de duas gravuras sem título, que diferem das outras anteriores porque recorto uma forma trapezóide na própria placa de latão, e assim, o relevo surge impresso no papel branco, vazio. É interessante notar que, apesar de não termos tido contato naqueles mesmos anos com os artistas abstratos internacionais, principalmente os da Escola de Nova Iorque, ocorreu uma certa concomitância com a obra internacional numa identidade de princípios, por exemplo, por certas posições políticas semelhantes do pós-guerra, culminando numa semelhança formal. Não devemos nos esquecer que a arte abstrata surge também em consequência da 2ª Guerra Mundial e adota um pensamento baseado na filosofia existencialista, do individualismo, do conceito de liberdade individual em Jean-Paul Sartre. Em fevereiro de 1953, organizou-se a Primeira Exposição Nacional de Arte Abstrata, no Hotel Quitandinha, em Petrópolis, da qual participei com três obras. Podemos dizer que ali, pela primeira vez no Brasil, os artistas abstratos marcariam posição contra as principais tendências da arte no país, compreendidas pela primeira vez do ponto de vista plástico-formal e não a partir de questões extra-artísticas, como o regionalismo e o realismo social. Já sobre o abstracionismo na minha obra, ele se desenvolveu até 1965, período em que participei de inúmeras Bienais Internacionais, como a de São Paulo (de 1961,1963,1965 até o ano de 1967), quando eu aderi ao boicote contra o AI-5. Ao longo de 1962 a 1966, integrei exposições, como o 1º Concurso Interamericano de Grabado, em Havana, Cuba, 1962, onde recebi o primeiro e único Prêmio “Casa de Las Américas”; o Brazilian Art Today, no Royal College of Art, Londres, em 1965; a 1ª Bienal Latino-Americana de Grabado, Santiago do Chile, em 1966, da qual recebi menção honrosa; a 1ª Exposição Jovem Gravura Nacional, do programa Jovem Arte Contemporânea (JAC), do Museu de Arte Contemporânea (MAC) de São Paulo no qual ganhei o 1º Prêmio de gravura. Além dessas, participei de exposições   individuais e coletivas, como a EL ARTE en America y España, em 1963, no Instituto de Cultura Hispânica, Madrid, entre outras. Em 1978, fui convidada por Paulo Sérgio Duarte, da recém-criada FUNARTE, para escrever uma publicação sobre o Abstracionismo no Brasil, que intitulei de Abstracionismo geométrico e informal: a vanguarda brasileira nos anos 50, publicada em 1987. Na ocasião, convidei o crítico de arte Fernando Cocchiarale para colaborar no livro. O Abstracionismo é considerado internacionalmente o último “ismo” da história da Arte Moderna.

Anna Bella Geiger.

O Ato Institucional Número Cinco (AI-5) foi o quinto de dezessete grandes decretos emitidos pela Ditadura militar nos anos que se seguiram ao golpe de estado de 1964 no Brasil, promovendo inúmeras ações arbitrárias que reforçaram a censura e a tortura como práticas da ditadura.

Texto curatorial

A mostra propõe uma viagem no tempo para o início da produção de uma das maiores artistas brasileiras, a carioca Anna Bella Geiger. Apresentando, pela primeira vez ao público, um recorte considerável dos seus primeiros trabalhos abstratos realizados em gravura e desenho ao longo da década de 1960, sendo muitos deles nunca expostos anteriormente. Anna Bella, ainda uma jovem artista com os seus 16 anos, em 1949 e ao longo dos primeiros anos da década de 1950, inicia os estudos em arte frequentando o ateliê da artista Fayga Ostrower no Rio de Janeiro, de quem Lygia Pape também fora aluna no mesmo período. Ambiente que lhe proporcionou uma aproximação com a produção de arte brasileira e estrangeira por meio de exercícios práticos e discussões teóricas. Já em 1953, participou com grandes nomes da época, como Lygia Clark, Antônio Bandeira, Abraham Palatnik e Ivan Serpa, da 1ª Exposição Nacional de Arte Abstrata, que se deu no Hotel Quitandinha, em Petrópolis, reunindo a vanguarda dos artistas das mais diversas tendências do abstracionismo brasileiro. Ao longo dos anos 1960, a artista começa a frequentar o ateliê de gravura do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, quando se detém à produção, aprofundamento e experimentação plástica e conceitual em torno do processo de produção das suas gravuras abstratas. Radicalizando, por volta de 1965, o seu processo criativo por meio do corte da chapa de metal da gravura e assumindo nas suas composições a ideia do relevo e do recorte de forma expressiva e experimental. Logo, podemos observar que o espaço vazio, predominantemente o do recorte, se faz presente na sua impressão gráfica. Apontando, assim, para um processo artístico arrojado, de uma artista que, já no início de sua trajetória, explora a técnica e a subverte. Uma pioneira nos campos da gravura e, também, da videoarte brasileiras por sua ousadia e experimentalismo da época. Além de uma educadora fundamental que esteve sempre em companhia e colaboração com os seus estudantes ao longo dos processos artísticos e educacionais que propunha e desenvolvia. Anna Bella contribuiu para a formação das gerações mais recentes de artistas e curadores da cena contemporânea carioca. Ministrou aulas como professora e compôs o conselho administrativo do MAM Rio nos anos 1970, promovendo cursos, encontros e acompanhamentos com artistas dentro e fora da instituição. Posteriormente, nas últimas décadas e até hoje, promove encontros e cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e no Hoger Instituut Voor Schone Kunsten, na Bélgica. A artista é autora e responsável pela organização da mais relevante publicação sobre arte abstrata que conhecemos até a atualidade. O livro “Abstracionismo Geométrico e Informal: a Vanguarda Brasileira nos anos 50” foi realizado em pesquisa conjuntamente com o curador e crítico de arte Fernando Cocchiarale e lançado pela editora da Funarte em 1987. Traçando um panorama dos primórdios da vanguarda abstrata geométrica e informal no Brasil, do pós-guerra até a retomada da figuração com a Nova Objetividade, a publicação se estrutura por meio de uma introdução, entrevistas e textos selecionados. Contribuindo, desse modo, por seu teor histórico e didático para a difusão e fortalecimento das questões fundamentais do debate em torno do abstracionismo no período. Feita essa nossa viagem no tempo, pudemos percorrer parte da sua produção em gravura e desenho, nos surpreender com o seu processo de trabalho e pesquisa, vislumbrar a sua atitude audaz e empírica. Hoje, com seus 75 anos de carreira e ativa no campo da arte e da educação, celebramos o legado da artista Anna Bella Geiger, que com sua genialidade e coragem, transformou os rumos da arte e se tornou uma inspiração para todos nós.

Ana Hortides.

Celebrando a obra de Pietrina Checcacci

29/maio

Perto de completar 83 anos, a artista Pietrina Checcacci, nascida na Itália e residente no Rio de Janeiro desde seus treze anos, ganha uma dupla homenagem, no Rio e em São Paulo. No Rio, a Danielian Galeria, na Gávea, apresenta a partir do dia 28 de Maio a exposição “Carnação”, com 35 obras produzidas, principalmente, desde 2005 até agora, várias delas inéditas. Estarão também esculturas emblemáticas feitas nos anos 1970, 80 e 90.  O corpo feminino passou a ser o principal tema da artista a partir dos anos 1970, quando em meio à tortura ou ao exílio, “o corpo representava o primeiro espaço da manifestação política”, observam Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto, curadores da exposição. As obras abordam questões que atravessam a trajetória da artista, e o reconhecimento de uma matriz pop/kitsch com referências surrealistas em sua pintura.

Os curadores Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto afirmam no texto que acompanha a exposição “Carnação”: “Em um caminho adjacente às guerrilhas artísticas do cenário na época, suas investigações estéticas no campo da pintura e do desenho levaram-na a desenvolver uma identidade visual própria que trazia do pop, a apropriação da imagem, e do kitsch a assimilação de visualidades e linguagens na popularização destas imagens”.

“Pietrina acentua a presença feminina na arte pop brasileira com suas figuras sensuais repletas de desejo. Fiel à imagem, Pietrina faz do corpo a sua principal ferramenta de criação e encantamento de mundo. Suas formas arredondadas, como as curvas e dobras barrocas, fazem do corpo feminino um território de luta, empoderamento e prazer”, diz Marcus de Lontra Costa.

Em São Paulo, a Galeria Galatea, Jardins, abrirá no dia 04 de Junho a mostra “Pietrina Checcacci – Táticas do corpo”, com destaque para seus trabalhos de cunho político, que dialogam com a estética da Nova Figuração Brasileira, e também para as pinturas que trazem o corpo em primeiro plano a partir do olhar feminino.

Riqueza ancestral

A GW Gallery, Bela Vista, em nova parceria com a Whitebox | Rosewood, São Paulo, inaugurou a exposição “Ìmólè Oòrùn” do artista Luiz Moreira que permanecerá em cartaz até 10 de Junho. A mostra, que promete ser uma baliza na agenda cultural da cidade, traz uma reflexão profunda sobre a ancestralidade e a identidade afro-brasileira através de uma perspectiva afro diaspórica e contra colonial. Luiz Moreira, com sua sensibilidade artística e comprometimento com a cultura afrodescendente, nos convida a uma imersão em seus trabalhos, que reverenciam a riqueza e a sabedoria de seus ancestrais.

“Ìmólè Oòrùn” (Luz do Sol) é uma homenagem a seus antepassados, destacando a riqueza da tecnologia, conhecimento e sabedoria que eles produziram. O artista mergulha em sua subjetividade para revelar sua cosmo percepção do mundo. Suas obras desafiam a lógica eurocêntrica, dando centralidade à cultura, filosofia, religião e mitologia de grupos historicamente marginalizados. Este enfoque é evidente na marca afro futurista de suas criações, fruto de pesquisas que exaltam a beleza e o legado ancestral, possibilitando às pessoas se reconhecerem como protagonistas na arte. Os frutos da criação de Luiz Moreira realçam o encanto resplandecente da luz sobre a pele, evidenciando um resultado denso e sensível que ensina a importância de reconectar com o passado para buscar lá o que ficou. As obras expostas constituem um verdadeiro “ebó” a seus ancestrais, enaltecendo a grandeza e a riqueza de seu povo através de uma narrativa visual poderosa. Os adereços em suas obras, que surgem de memórias de infância, viagens, leituras e experiências, carregam narrativas ricas em referências ancestrais e rituais africanos, além de memórias carnavalescas. Estes elementos ressaltam a importância histórica de reis e rainhas africanos, figuras sagradas escolhidas pelos deuses para reinar na terra. Sua arte reforça a identidade e a história da comunidade afrodescendente, enfatizando que sua história é rica em saberes e tecnologia cultural, e não se inicia com a escravidão.

Sobre o artista

Luiz Moreira, 34 anos, nasceu em São Paulo e atualmente divide seu tempo entre o Brasil e Miami. Sua jornada na fotografia teve início em projetos acadêmicos durante o curso de Comunicação Social, evoluindo para a fotografia de rua em grandes centros urbanos como São Paulo e Nova York. Sua abordagem estética e documental combina sensibilidade com a cultura contemporânea, condições humanas, perspectivas diaspóricas e a veneração das imagens divinatórias de religiões de matrizes africanas.

A GW Gallery, fundada em 2015 pelo fotógrafo e empresário Gabriel Wickbold, é um marco na cena da fotografia contemporânea, representando artistas de renome nacional e internacional. Com uma sede em São Paulo e presença em importantes feiras de arte, a galeria dedica-se à formação e enriquecimento do público consumidor de arte, promovendo diálogos artísticos, oficinas e exposições.

A natureza poderosa e autônoma de Diambe

27/maio

A Simões de Assis, Jardins, apresenta a primeira individual de Diambe, intitulada “Sensação Térmica” em São Paulo. Ao redor do mundo dos sonhos e de possibilidades fabulativas de novos seres, dentre os dezenove trabalhos, dez pinturas manifestam escolhas cromáticas calorosas, e nove esculturas, feitas em bronze e alumínio com pátinas coloridas, discutem como culturas, em diversos contextos geográficos, consideram a temperatura local como fator determinante na escolha dos materiais a comporem seus objetos, endereçando a assimetria na reciprocidade de recepção sociocultural estabelecida pela diáspora africana no Brasil. As obras expostas foram produzidas em um momento crítico de temperatura ambiental no início de 2024, com sensação térmica maior que 60 graus Celsius em algumas cidades do sudeste brasileiro. Esse pensamento também está presente no projeto expográfico, com bases feitas de argila craquelada, compõem e refletem o uso de matérias vivas e elementos ornamentais da natureza. A artista possui obra em exibição na coleção permanente da Pinacoteca e seus trabalhos integram coleções de importantes instituições no Brasil, como o Museu de Arte de São Paulo (MASP), Pinacoteca de São Paulo e Museu de Arte do Rio (MAR).

Sensação térmica

A expandir sua poética através de fabulações de seres que podem ser assimilados como paisagens, figuras zoomórficas, alimentos, entidades trans-espécies e manifestações de uma memorabilia sonhada, Diambe (Rio de Janeiro, 1993) reverencia a inventividade efervescente que responde a máculas e muralhas impostas a corpos dissidentes na contemporaneidade. Em seu processo criativo, materializa criaturas que habitam uma natureza poderosa e autônoma, cujo poder sobrepuja o do ser humano e proporciona um escape de uma ilusória situação de dominação antropocêntrica. Paralelamente, na presente exposição, Diambe discute como culturas, em diversos contextos geográficos, consideram a temperatura local como fator determinante na escolha dos materiais a comporem seus objetos, endereçando a assimetria na reciprocidade de recepção sociocultural estabelecida pela diáspora africana no Brasil.

Em Sensação térmica, materialização de um sonho perpétuo ignizado por Diambe, apresentam-se pinturas que manifestam escolhas cromáticas calorosas, esculturas gotejadas em bronze com pátinas coloridas e bases de argila crua que racham em resposta ao tempo. As obras expostas nessa ocasião foram produzidas em um momento crítico de temperatura ambiental no início de 2024, com sensação térmica maior que 60 graus Celsius em algumas cidades do sudeste brasileiro. Ar e fogo confundiam-se. O calor alucinante atravessava não somente a matéria, mas a subjetividade posta em fogo no estabelecimento de uma poética do delírio. As gotas de suor que escorrem pelo corpo dançante. A saliva morna que recebe a água fresca. O suco da fruta mordida que colore o queixo e escorre pelo peito aberto. Nesse contexto de assombroso fervor, o transporte das esculturas em cera do ateliê de Diambe para a fundição em metal tornou-se crítico: os corpos derretiam, desmontavam, metamorfoseavam-se em resposta à fulminante onda de calor. Esse torpor também causa uma zona de descontrole, estabelecendo limites desobedientes sobre a manipulação da cera de abelha que molda as esculturas. Desse modo, Diambe não detém total autoridade plástica sobre a matéria, mas respeita sua própria agência, sua multiplicidade vital e suas delirantes possibilidades de comportamento. A partir de profunda intimidade com os elementos plásticos, congrega em torno do calor uma relação colaborativa com os materiais, sempre em trabalho sinérgico e ação mútua.

Depois de confeccionados os moldes, receptáculos que transfeririam suas formas e entidades ao bronze incandescente, os seres em cera retornavam da oficina de fundição a Diambe em pedaços, logo derretidos novamente para corporificar outras subjetividades e produzir novas esculturas com o mesmo material, já impregnado de tantos ciclos de vida e morte. No décimo primeiro andar de um edifício no centro de São Paulo – repleto de frutos, vegetais e raízes colhidas na Mata Atlântica, na floresta amazônica ou negociadas em mercados no Benin -, o aroma que exalava da cera de abelha reaquecida por Diambe atraía frequentemente um pequeno enxame que retornava, em transe, ciclicamente à matéria que havia criado. A preparação de novos corpos desencadeava um chamado aos seres que produziram aquela massa plástica, em um reencontro no momento da transformação material. Esse ecológico fluxo cíclico sugere, inclusive, uma postura harmônica e sustentável de lidar com a matéria, em constante mutação. Apesar das potências poéticas do calor, Diambe também alerta para os exílios climáticos e o racismo ambiental, a denunciar que as mudanças causadas pelo aquecimento global afetam de forma mais voraz pessoas com corpos dissidentes e grupos sociais marginalizados. Sua prática artística é perpassada pela temperatura desde quando ateava fogo em monumentos públicos que reverenciam ícones totalitaristas que, mesmo estáticos, continuam a violentar corpos e corroer histórias. O calor, por outro lado, também serve como analogia à entropia social causada pelos sistemas que mantêm predatórias dinâmicas colonialistas e imperialistas. Ao fundir corpos de diferentes âmbitos biológicos e espirituais, Diambe incorpora entidades híbridas que desafiam categorizações e encorajam relações mais respeitosas em uma natureza que pode ser aplicada às esferas sociais. Sendo pessoa negra, desobediente da binariedade de gênero, Diambe entende o corpo como lugar e o lugar como corpo, em uma espelhada geografia sempre política: “o assentamento (também chamado de ibá) no candomblé é, ao mesmo tempo, a morada do orixá, o próprio orixá materializado e o local onde a relação entre pessoa e orixá se faz”. Suas pinturas em têmpera de ovo retomam a origem da técnica milenar originária do nordeste africano, encontrando-se na indeterminação entre paisagens figurativas, seres surrealistas, abstrações cromáticas e outras miríades de possibilidades de existência. Seus trabalhos acontecem propositalmente em uma zona limiar, inegociavelmente híbrida, a amalgamar reinos naturais e metafísicos. Em respeito à individualidade dos seres que cria e põe no universo, Diambe escolhe que suas esculturas em bronze fundido sejam únicas, sem outras edições. Dessa forma, obedece a epistemologias ancestrais que entendem a criação – artística, nesse caso, mas também de qualquer outra natureza – como provedora de agência, dotando um ser de corpo e integrando-o em dinâmicas naturais como indivíduos que, embora autônomos, não existem sem comunidades harmônicas de cooperação. Através de sistemas de saberes da diáspora africana e de tradições amefricanas, as criações e corporificações de Diambe se relacionam com a noção de alimento, de oferenda, como combustível do corpo e da alma. Comer é, portanto, exercer a sua própria divindade e a do alimento, irradiando energia, prazer, felicidade e alegria de viver. Oferendar isso ao mundo abarca noções dilatadas de tempo ao criar entidades que, postas nesse banquete-encruzilhada, vão durar muito mais tempo que seu próprio corpo, que os vegetais moldados que constituem partes das esculturas e que o ovo utilizado na conservação da vivacidade dos pigmentos na têmpera. Ao reconhecer a perecibilidade do próprio corpo, Diambe sonha em direção a uma oferenda mais duradoura em temporalidades que extrapolam certas noções de vida.

Mateus Nunes

A arte introspectiva de Eleonore Koch

O silêncio e a elegância na obra de Eleonore Koch

Cadeiras, xícaras, uma máquina de costura, flores. Esses são alguns dos elementos que aparecem com frequência nos quadros de Eleonore Koch, artista que viu o início do reconhecimento de sua obra poucos anos antes de falecer, em 2018. Hoje, 6 anos depois de sua morte, essa valorização só cresce e tem alcançado cifras milionárias no mercado de arte, além de exposições e documentários. No Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), 190 pinturas estão expostas em sua primeira grande retrospectiva. Com curadoria de Fernanda Pitta e obras de coleções públicas e privadas,  “Eleonore Koch: Em cena” reúne décadas de produção da artista, incluindo trabalhos nunca antes exibidos. Abordando os gêneros tradicionais da pintura explorados por ela (paisagens, naturezas-mortas e interiores), a mostra evidencia a simplicidade, o silêncio e a elegância retratados por meio de suas telas.

O início de tudo

Eleonore Koch nasceu em Berlim, em 1926, e veio para o Brasil ainda criança, aos 12 anos de idade. Imigrantes judeus-alemães, seus familiares fugiam do regime nazista. Desde cedo ela sonhava em trabalhar com arte, mas seu desejo era visto como uma ambição distante, já que todos os seus parentes levavam a vida difícil de quem precisa escapar do próprio país e se estabelecer em um novo local. Mesmo assim, Eleonore manteve sua vontade e recebeu apoio da família.

Em meados de 1940, ela frequentou os ateliês de personalidades como Yolanda Mohalyi, Elizabeth Nobiling, Samson Flexor e Bruno Giorgi. Depois, viajou à Europa e teve aulas com o pintor húngaro Arpad Szenes e o escultor francês Roberto Coutin. De volta ao país tropical, Eleonore viveu períodos nas capitais de São Paulo e do Rio de Janeiro e experimentou diferentes métodos artísticos. Foi somente em 1953, quando conheceu Alfredo Volpi, que ela começou a desenvolver a técnica da têmpera a ovo. Ao conviver com o mestre visitando seu ateliê, discutindo arte e observando sua forma de produzir, Eleonore incorporou a têmpera em seu processo criativo e passou a se preocupar cada vez mais com as cores e composições. Embora não tenha aprendido exatamente a “receita” empregada pelo artista, ficou conhecida como sua única discípula. O conjunto de pigmentos utilizados por ela – minerais, vegetais e alguns poucos sintéticos, alguns herdados de Volpi – hoje integra a coleção do Núcleo de Conservação e Restauro da Pinacoteca de São Paulo. No arquivo do MAC USP, há diários da artista com breves anotações sobre sua prática de pintura. Em seus estudos, ela registrava os pigmentos e misturas realizadas para conseguir os matizes de seu interesse.

Na década de 1950, também conviveu com grandes nomes do movimento concretista, dentre eles o paulista Geraldo de Barros, e observou o diálogo de Volpi com esses artistas. Apesar disso, não abandonou a figuração para se tornar “abstrata”, como muitos de sua geração fizeram. Sua predileção por objetos fez com que sua obra avançasse nos gêneros pictóricos da natureza-morta e dos interiores.

Certa de que deveria se dedicar ao ofício, Eleonore optou por não casar e nem ter filhos. Para garantir sua independência financeira enquanto a arte não lhe rendia tantos frutos, Koch trabalhou como vendedora de livros, assistente de cenógrafa, secretária e tradutora. Foi apenas em 1968, ao se mudar para Londres, que conseguiu viver da pintura. Na cidade nova, o empresário e colecionador Alistair McAlpine, tocado pelas obras, passou a ser seu mecenas. Antes de partir para a capital inglesa, Eleonore conquistou, sim, espaços importantes no circuito da arte brasileira. Em 1961, por exemplo, teve seu trabalho aceito pela Bienal de São Paulo, depois de muitas recusas. Mas de forma geral, a inserção no mercado de arte foi custosa para uma mulher que não seguia as vertentes daquele momento – nem a arte concreta, nem a pintura figurativa de caráter social.

Em cena

No MAC USP, os quadros de paisagens aparecem com certo destaque. Eles foram feitos depois de visitas da artista a parques de Londres, Versailles e outras localidades da Europa. Combinando observações, fotografias e uma mistura de realidade e fantasia, Eleonore criou algo de encenado – daí o título da exposição. Como explica o texto curatorial, “essas paisagens se assemelham a cenários ou imagens do pensamento, […] nas quais se “intrometem” elementos da memória e do afeto: a cadeira predileta, plantas azuis, um chão como a superfície do mar”. A sensibilidade de Koch é expressa principalmente pelos objetos colocados nas telas. Mais do que pela combinação minuciosa de cores, é por meio dos cômodos e das praças vazias que ela se comunica com o público. São os elementos da memória e do afeto – os cafés, os brinquedos, a casca da laranja e as cadeiras desocupadas – que fazem o observador se identificar com a introspecção da artista. Não se trata da mera figuração por ela mesma, mas da abertura às sensações que ela provoca.

Na mostra do MAC USP, é possível conhecer, ainda, todo o processo criativo de Eleonore, que documentava cada um de seus trabalhos. Em grandes vitrines, estão expostos os registros fotográficos de suas pinturas finalizadas – este era um modo de documentar e inventariar sua produção de forma independente. Entre os negativos, estão algumas das trinta pinturas de propriedade do Barão Alistar McAlpine, que se perderam em um incêndio na West Green House, na Inglaterra.  Além da mostra que permanece em cartaz até 17 de julho, o trabalho de Eleonore Koch tem ganhado destaque também em outros meios. Em abril deste ano, o festival de cinema “É tudo verdade” fez quatro exibições do documentário “As cores e os amores de Lore”, sobre a vida íntima e a trajetória profissional da artista. Com 80 minutos, o filme dirigido pelo cineasta Jorge Bodanzky apresenta um retrato dos últimos anos da artista, que faleceu aos 92 anos. Em breve, a película deverá chegar aos cinemas. Para o segundo semestre, está previsto, ainda, o lançamento de um livro sobre sua obra, com imagens e textos críticos.

Publicado por  Victoria Louise

Fonte: Artsoul.

Um diálogo entre Gerben Mulder & Iberê Camargo

23/maio

A Fortes D’Aloia & Gabriel apresenta até 20 de Julho “Gerben Mulder & Iberê Camargo” na Carpintaria, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ. A mostra-diálogo evidencia paralelos entre dois pintores figurativos, de contextos geográficos e gerações distintas, cujos trabalhos traçam afinidades temáticas, plásticas e simbólicas. Curadoria de Luiz Zerbini, Paulo Azeco e Tiago Mesquita. Entre novas pinturas de Mulder (Amsterdã, Holanda, 1972)   e uma seleção histórica de Camargo (Restinga Seca, Brasil, 1914 – Porto Alegre, Brasil, 1994), os trabalhos da exposição pensam dimensões dramáticas da pintura contemporânea, sugerindo cenas e narrativas fragmentárias por meio de superfícies densas de tinta e pinceladas turbulentas e gestuais. Destacam-se as figuras-personagens presentes no repertório de ambos e suas relações com o vazio. Animadas  como fantoches desconjuntados, elas nos guiam por espaços soturnos e indeterminados.

Motociclistas (1988) de Iberê, traz duas figuras montadas sobre uma motocicleta esquelética. Suas cabeças pendem para o lado e devolvem um olhar vago ao espectador por trás da máscara de tinta a óleo que forma seus rostos, e suas silhuetas se borram contra o fundo noturno. Em Mommy’s favorite little soldier (2024), Mulder representa uma dupla de mulheres numa superfície arranhada, respingada e corroída. Tais atributos formais, presentes nas obras de ambos, traduzem-se numa atmosfera psicológica angustiada e taciturna e num campo pictórico onde criaturas se furtam à visibilidade, habitando uma região de manchas, nódoas e vultos sobrepostos.

Gerben Mulder explora flores, figuras humanas e animais como pontos de partida para suas pinturas oníricas repletas de energia erótica. Em cenas fragmentárias ou naturezas-mortas, a ambientação taciturna de seus quadros responde à observação do público com ecos de alucinação. Vacilando entre rostos de adultos e corpos infantis, seus personagens em permanente transformação trilham uma linha tênue entre inocência e perversidade. Mulder emprega paletas de cor sombrias e gestos turbulentos para retratar seres ameaçadores. Apesar do teor lúgubre de suas imagens, o artista trata suas criaturas algo patéticas e deslocadas com um senso de humor sarcástico, conforme os sorrisos tortos e títulos irônicos em muitas de suas pinturas dão a ver.

Figura decisiva da pintura brasileira no século XX, Iberê Camargo revolvia a matéria pictórica incessantemente, dando forma às suas composições com figuras em espaços ermos e imaginários, imersas numa paisagem solitária e metafísica. Na sua insistência sobre o motivo do carretel, aproximava-se da abstração com uma fatura a um só tempo tecnicamente profícua e emocionalmente densa. Iberê criou um campo pictórico movediço e pegajoso e articulou as oposições entre expressão e incomunicabilidade, figura e fundo, vigor material e esvaziamento subjetivo em pinceladas nervosas. Sempre em posição antagônica com relação às vertentes construtivas tão influentes na arte brasileira de sua época, o artista empregava influências expressionistas em obras carregadas de pathos e tensão dramática.

O diálogo se desdobra em O burro cansou, exposição retrospectiva de Mulder na NONADA ZN com curadoria de Luiz Zerbini e Paulo Azeco em parceria com a Fortes D’Aloia & Gabriel. Com abertura no dia 25 de maio, a mostra reúne pinturas, desenhos e esculturas dos últimos 20 anos da produção do artista.

Gustavo Nazareno em Milão

A Cassina Projects, Milão, Itália, anuncia “Estrela de um Herói”, segunda exposição individual na galeria do artista brasileiro Gustavo Nazareno nascido em 1994 em Minas Gerais, 1994. Nazareno vive e trabalha em São Paulo, SP. A mostra estará em exibição de 06 de Junho até 20 de Julho.

A relevância da obra de Wesley Duke Lee

A Ricardo Camargo Galeria, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, anuncia a exposição “O Filiarcado” do renomado artista Wesley Duke Lee. Nesta série, composta por oito pinturas de grandes dimensões (257 x 227 cm), o artista utiliza bastões de pastel a óleo sobre uma base de argamassa que remete às paredes de pedra das cavernas, criando uma textura sólida e enrugada que dá vida às suas figuras. As obras exploram a temática dos jogos infantis ancestrais, retratando crianças que nadam, correm, pulam sela e fogueira, atiram dardos e jogam cartas ou bolinhas de gude.

Wesley Duke Lee começou a dar forma à série “O Filiarcado” após comemorar 40 anos de vida artística com uma grande retrospectiva no Museu de Arte de São Paulo (MASP) em 1992. O conceito do “filiarcado”, a era do filho, surgiu de conversas com a poetisa Dora Ferreira da Silva, esposa do filósofo Vicente Ferreira da Silva, amigos de Wesley Duke Lee. Inspirado pelos desenhos renascentistas de Andrea Mantegna e pelas gravuras barrocas de Jacques Stella, Wesley Duke Lee utilizou computação gráfica para recriar essas imagens em uma perspectiva renascentista, organizando-as no formato do losango, uma figura que ele associava ao equilíbrio instável entre os triângulos masculino e feminino.

Os quadros de “O Filiarcado” foram agrupados cromaticamente pelo artista em fases que remetem às transmutações alquímicas: Albedo, com tons claros e brancos dourados sobre fundo ocre; Rubedo, com vermelhos dourados; e Nigredo, com magentas dourados e enegrecidos. As figuras infantis, os objetos e os cenários são dispostos de maneira a criar uma trama delicada dentro dos losangos, remetendo aos jogos e à paisagem da infância do artista.

A exposição “O Filiarcado” oferece ao público uma oportunidade única de apreciar o trabalho de Wesley Duke Lee em sua plena maturidade artística. A combinação de técnicas inovadoras e referências históricas cria uma experiência visual e conceitual rica, reafirmando a relevância do artista no cenário contemporâneo.

Sobre o artista

Wesley Duke Lee, nascido em São Paulo em 1931, é uma figura central na arte contemporânea brasileira. Formado pela Parsons School of Design e pela New York School for Social Research, nos Estados Unidos, ele retornou ao Brasil na década de 1960, onde desenvolveu uma carreira marcada pela experimentação e pela integração de diversas formas artísticas. Participou do movimento “Ruptura” e foi um dos fundadores do grupo “Rex”, que revolucionou a cena artística paulistana. Sua obra é conhecida pela fusão de elementos clássicos e modernos, e pela profunda reflexão sobre a condição humana e suas expressões culturais.

A arte da Xadalu no MNBA

Artista indígena Xadalu conseguiu sair de Porto Alegre para realizar a residência artística no Museu Nacional de Belas Artes, Centro, Rio de Janeiro, RJ, que será aberta ao público, a partir desta quinta-feira, 23 de maio. Está em cima da hora, mas Xadalu quase não chega por causa da tragédia no Rio Grande do Sul. Ele mora em Porto Alegre, a casa dele inundou e só conseguiu chegar ao Rio, porque o presidente da Associação de Amigos do MNBA foi até lá de carro levar doações e trouxe o artista para a residência no museu. A residência está aberta à visita pública e tem roda de conversa no sábado, dia 25, com Xadalu, Carlos Vergara e a curadora Sandra Benites. O artista Xadalu Tupã Jekupé fará uma residência artística em uma das salas do museu e, o trabalho que resultar desta residência, será doado ao Museu Nacional.

O ateliê temporário estará aberto à visitação do público, nos dias 23, 24, 28 e 29 de maio, das 15 às 17h. O número permitido é de até 15 pessoas, em razão de o Museu seguir em obras de restauração. Devido ao alagamento da casa e ateliê de Xadalu em Porto Alegre, foi preciso remarcar o evento, que aconteceria, a partir de 16 de maio, coincidindo com a Semana Nacional de Museus.

Como artista indígena, nascido no leste do pampa gaúcho, Xadalu descreve seu trabalho como questionador da História, buscando sua releitura decolonial, mas usando o suporte das imagens coloniais que estão disponíveis em livros e nas pinturas da coleção do Museu Nacional de Belas Artes.

– Para mim é um privilégio imenso e um sonho trabalhar dentro do MNBA, para fazer esse trabalho e contar a história do meu povo em uma narrativa que ainda não foi vista, e trazer o pensamento do povo da terra para dentro do museu, para espaços educativos e outros, diz o artista.

Xadalu propõe o questionamento do processo de catequização imposta pelo invasor com uma releitura em pintura, a “arte indígena contemporânea”, como ele descreve. Durante a residência no museu, a intenção do artista é fazer uma ligação entre o espírito do homem e os objetos coloniais, pelos quais havia apego sentimental e de fé. “É o barroco jesuíta guarani agora com roupagem de pintura indígena contemporânea”, define Xadalu. O artista avalia, porém, que sendo uma residência, é preciso deixar a linha de pensamento aberta, porque haverá modificações a todo momento.

Para a diretora Daniela Matera, a residência artística de Xadalu, com a possibilidade de visitação pública, “é um prelúdio para reabertura do Museu Nacional de Belas Artes, que terá uma exposição individual do artista”. Matera prevê para o futuro próximo uma atualização “da importância do Museu Nacional de Belas Artes no cenário cultural do Brasil, tornando-o uma instituição mais aberta, engajada socialmente, plural e porosa, ampliando seu alcance para a cultura dos séculos XX e XXI, para acolher as múltiplas histórias contadas e manifestadas através da Arte”.

Roda de conversa

No sábado, 25 de maio, de 11h às 13h, acontece uma roda de conversa entre Xadalu, o artista Carlos Vergara e a curadora Sandra Benites. A mediação é de Simone Bibian, técnica em Assuntos Educacionais do Museu Nacional de Belas Artes. Serão distribuídas 30 senhas meia hora antes do início do evento.

Sobre o arista

Xadalu Tupã Jekupé é um artista indígena. Nascido em Alegrete (RS), no pampa gaúcho, tem sua origem ligada aos indígenas que historicamente habitavam as margens do Rio Ibirapuitã, na antiga terra Ararenguá: os Guarani Mbyá, Charrua, Minuano, Jaros e Mbone.  O artista trabalha com serigrafia, pintura, fotografia e diversos objetos para abordar a tensão entre a cultura indígena e ocidental nas cidades, tendo sua pesquisa voltada aos processos coloniais de catequização dos povos nativos.  Xadalu tem obras nos acervos do Museu Nacional de Belas Artes (RJ), Museu de Arte Moderna de São Paulo (SP) e Museu Nacional (RJ), entre outros. Como artista residente, já esteve na França, Espanha, Itália e no território Mapuche, no Chile, pela 35ª Bienal de São Paulo (2023), entre outros.

Exposição de Pietrina Checcacci na Galatea

21/maio

Galatea São Paulo

Pietrina Checcacci: táticas do corpo

Abertura [Opening]

Terça-feira, 04 de Junho

[Tuesday, June 4th]

Exposição [Exhibition]

04 de Junho – 13 de Julho

Rua Oscar Freire, 379 – Jardins, São Paulo, SP.