Estudos de Amilcar no IAC

17/out

Como resultado de uma pareceria entre o IAC, Instituto de Arte Contemporânea, Vila Mariana, São Paulo, SP, e o Instituto Amilcar de Castro, Nova Lima, MG, o público poderá ver pela primeira vez em exibição estudos de vários trabalhos que criaram o vocabulário do consagrado artista mineiro e obras realizadas do início ao final de sua trajetória em 2002.

 

Estudos em cartolina e uma série de cerca de 40 desenhos revelam o pensamento escultórico de Amilcar de Castro, bem como pequenas peças em aço inox para serem executadas em aço corten. Além deste grande núcleo que enfoca os processos do artista, a exposição, com curadoria de Rodrigo de Castro, se completa com cerca de 20 pinturas e cerca de 40 esculturas, obras realizadas durante os 40 anos de sua carreira (da década de 70 aos 2000). Há também um desenho, nunca apresentado ao público, anterior a este período, de 1947, época em que Amilcar de Castro convivia com Guignard, seu mestre.

 

A escultura de invenção formal e matriz construtiva, produzida por Amilcar de Castro, um dos líderes do movimento neoconcreto, evidencia o encontro íntimo entre o gesto e a matéria. Já suas telas revelam a força de seu desenho de origem gráfica, decorrente de sua trajetória na imprensa brasileira, de 1953 a 2002, na qual o artista fez história, ao renovar o visual de diversos veículos impressos. Amilcar de Castro costumava repetir que não era um pintor e sim um gráfico.

 

De 17 de outubro a 01 de fevereiro de 2014.

Ione Saldanha no MAM-Rio

16/out

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM-Rio, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, mantém em cartaz a exposição ”Ione Saldanha: o tempo e a cor”, retrospectiva da artista. A exposição apresenta desde suas figuras e fachadas dos anos 1940 e 1950 até o amadurecimento do uso da cor passando pelas aproximações construtivas que inspiraram seu trabalho. A exposição “Ione Saldanha: o tempo e a cor” traz obras em suportes tradicionais e experimentais, lançando um olhar amplo sobre a trajetória da artista. As décadas de 1960 e 1980 ganham foco especial por tratar de períodos em que sua produção atingiu uma poética madura e particular, materializada pelo uso sensível da cor. A curadoria é de Luiz Camillo Osório.

 

 

Sobre a artista

 

Nascida em Alegrete, no Rio Grande do Sul, em 1919, Ione ainda criança viu a família envolvida no movimento de 1923, que marcou a história do estado pelo conflito entre chimangos e maragatos. Devido às ligações políticas, o pai da artista integrou o governo de Getúlio Vargas em 1930, o que determinou a ida da família para o Rio de Janeiro – cidade onde Ione Saldanha residiu até seu falecimento, em 2001. O flerte com a arte se deu desde cedo, através dos primeiros estudos com Pedro Corrêa de Araújo e das viagens a Florença e Paris. Durante os anos 1950 e 1960, seus trabalhos foram apreciados em diversas cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Santiago do Chile, Roma, Berna e Houston.

 

 

A palavra do curador

 

O início da trajetória de Ione Saldanha caracteriza-se por uma pintura figurativa, marcada por cores escuras, sombrias e interiorizadas. Voltada para cenas mais intimistas, via a pintura como crônica de uma experiência de mundo solitária e isolada.
Em meados da década de 1950 as fachadas vão se transformando em notações geométricas, que se são mais simples do ponto de vista da construção figurativa, são bem mais complexas no que diz respeito ao jogo rítmico de formas e cores. A pintura fica mais ventilada e o olho corre mais solto pela superfície da tela.
Entre o final da década de 1950 e meados da década seguinte, ela vai conquistando sua maioridade poética, seu estilo singular no qual descontração e vibração se complementam e se potencializam. Para isso ela faz uso de materiais precários, pedaços de ripa, bambus e bobinas, dando-lhes uma extraordinária pulsação lírica. A beleza é na sua obra uma afirmação singela do existir, um dizer sim à vida.
Luiz Camillo Osorio, curador

 

Até 10 de novembro.

 

A primavera no Fidalgo

15/out

“É necessário sair da ilha para ver a ilha,
não nos vemos se não nos saímos de nós” – José Saramago

 

Artur Fidalgo galeria, Rio de Janeiro, RJ, apresenta Suzana Queiroga com “Sobre ilhas e nuvens” e Daniel Tucci com “O que há de mais profundo no homem é a pele”, ambos em uma viagem fantástica e emocionante no coração de Copacabana! Suzana Queiroga, que também está em cartaz com a exposição “Olhos d’Água” no MAC-Niterói e com “Vida Secreta”, na vitrine da Travessa Ipanema, traz uma série inédita de pinturas, além de uma escultura e um vídeo. Sua narrativa, que paira no horizonte da melancolia, aborda com leveza a questão da transitoriedade. Daniel Tucci, que participou no mês passado da exposição “Em Obras”, com curadoria de Franz Manata, ocupa o Armazém Fidalgo e uma parte da galeria com uma instalação impactante sobre identidade.

 

 

Suzana Queiroga em “Sobre ilhas e nuvens”

 

Ela saiu em busca de ilhas desconhecidas e resolveu ter como guia as nuvens passageiras do céu. Uma missão que só poderia cair nas mãos de quem sabe sonhar. Explorou uma paleta de azuis profundos, violetados, cinzas azulados, chumbos esverdeados, rosas alaranjados. O tempo voa. Todos os tons que brilham dentro do infinito do céu, atravessam a pressão atmosférica e cortam a profundidade dos mares. O tempo escorre. Luz e vibração. Com sutileza e determinação, encontrou o que buscava. Nesse caminho solitário de quem se aventura na busca pelo desconhecido, Suzana Queiroga pintou a transitoriedade e o sublime. Revelou ilhas e nuvens que satélite nenhum seria capaz de registrar. Se na exposição do MAC, seu inflável suspenso no teto do museu tem o peso trágico da morte do pai, na galeria, as nuvens tem a leveza de quem aprendeu a contemplar a impermanência das coisas. Além de trazer esses tesouros, Queiroga mostra uma impressão na parede, singela e sutil, que durará somente o período da exposição. Apresenta também, pela primeira vez, desenhos e uma grande pintura.

 

 

Daniel Tucci em “O que há de mais profundo no homem é a pele”

 

Partes, camadas, relações, o impensado. Tudo é manifesto na superfície, como escreveu o filósofo francês Valéry em frase que dá título à instalação: “Ce qu’il y a de plus profond en l’homme, c’est la peau”. O tatuador e artista plástico Daniel Tucci apresenta uma instalação com mais de 500 autorretratos. Em um mergulho no conceito de identidade na pós-modernidade, Tucci se multiplica como a força de uma propaganda bolchevique. Não resgata uma ideia platônica de representação, nem benjaminiana da reprodução versus a aura do autêntico. Tucci revela o ser que se torna a partir da junção de camadas de diferenças, conflitos e dualidades. No centro da vitrine do Armazém Fidalgo, coberta por centenas de azulejos com seu autorretrato em vermelho (a imagem é de um autorretrato sobreposto sobre um lenço de papel usado para limpar tatuagem), está uma escultura da cabeça do artista composta por mais de 70 camadas de acrílico forradas por esses lenços. Conforme o visitante de aproxima da vitrine e se posiciona no centro, ele percebe a formação do rosto do artista. Dentro da galeria, um autorretrato de 200×150 cm, feito a partir da trama de papéis que ele usa para limpar tatuagens impõe sua presença. Ali também serão expostos um lenço com sua imagem em silkscreen e azulejos.

 

De 17 de outubro até 16 de novembro.

 

Kboco na SIM galeria

14/out

A SIM galeria, Curitiba, Paraná, apresenta trabalhos recentes de Kboco. A apresentação é de Felipe Scovino: “Nas recentes obras de Kboco nos deparamos com uma imagem fatiada, retomada e reinventada. Mas que imagem é essa? Qual é o signo que ela revela? São cidades que apresentam uma arquitetura em trânsito, um dinamismo frenético da urbanidade. São obras que não possuem apenas a visualidade da rua mas possuem o cheiro, as incongruências e belezas do nosso entorno.  Não há uma narrativa com começo, meio e fim, porque aliás não há fim. É uma obra em andamento. Nosso olhar se perde – pois não há um centro -, ele é multidirecionado e assim avistamos as inúmeras encruzilhadas, avenidas, ruas, prédios, casas, parques que compõem essas telas. Como uma planta baixa, suas pinturas sobrevoam uma cidade imaginária constituída por inúmeras referências, que variam desde fabulações a indícios de arabescos, torres, portais, pórticos e fachadas. Esta proximidade com a transformação da cidade e o contato com a arquitetura estão conectados desde o início da trajetória do artista. Suas pinturas murais realizadas em cidades com características e formações históricas e temporais tão distintas como Goiânia, Olinda e Porto Alegre auxiliaram na construção de um método muito próprio relacionado a sua percepção sobre o desenvolvimento da cidade, seus males e benefícios.

 

Ainda pensando no alargamento das influências ou diálogos que sua obra realiza, é interessante pensar não apenas nas relações (talvez já óbvias) que as obras de Jean-Michel Basquiat e Keith Haring tiveram não somente para a obra de Kboco mas para a transição entre uma produção artística realizada na rua e seu deslocamento para o cubo branco.

 

O trabalho especialmente produzido para a exposição cria uma associação com as suas telas e além disso, deslocando para a história da pintura, sua obra amplia o conceito de pintura de paisagem. Não seriam paisagens de ordem mimética, mas formas que ao mesmo tempo em que apontam a falência de uma representação figurativa, alcançam novos limites para a pintura. Em suas obras, a fragmentação do objeto leva-nos a duvidar sobre a realidade ou presença de um lugar, e aí surge a necessidade de reunir seus pedaços em uma unidade. Este discurso acerca da paisagem não tem mais ligação com um objeto do mundo natural, mas com a investigação a respeito das próprias circunstâncias que são mobilizadoras dessa transformação da paisagem”.

 

 

De 18 de outubro a 16 de novembro.

Gentil-Lagoa

11/out

A Galeria A Gentil Carioca Lá, Av. Epitácio Pessoa 1674, sala 401, Lagoa, Rio de Janeiro, RJ, promove “Diferentes olhares: inserção dos artistas brasileiros no
cenário global”, tendo como convidados Stefano Baia Curioni, vice-presidente ASK Research Center, Universidade Bocconi; Marcio Fainziliber, colecionador, Presidente do Conselho do MAR; Eliana Finkelstein, Fundadora da Galeria Vermelho, Presidente da ABACT; Marcio Botner, fundador da Galeria A Gentil Carioca , Membro do Comitê ABMB, vice-presidente do Parque Lage, tendo como moderador da mesa-redonda Elsa Ravazzolo, representante da América do Sul e Central do Jornal The Art Newspaper.

 

Data: 10 de Outubro, às 18:30h.

Lançamento de catálogo

10/out

Quarta-feira, 30 de outubro, às 19h, tem visita guiada e lançamento do catálogo da exposição “Umas e Outras”, de Lenora de Barros, com as presenças da artista e da curadora Glória Ferreira, na Galeria Laura Alvim, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, com entrada franca. O catálogo será distribuído aos visitantes neste dia.

 

Essa é penúltima mostra da programação 2013 da Galeria, espaço da Secretaria de Estado de Cultura (SEC). Nela, Lenora de Barros exibe 65 colunas publicadas no “Jornal da Tarde”, de São Paulo, na década de 1990, vídeos inéditos, apresentados em díptico e tríptico, e uma intervenção sonora.

 

A exposição “Umas e Outras” está aberta ao público até 17 de novembro.

 

Anna Bella Geiger, Mostra Síntese em BH

08/out

“Mostra Síntese”, como sugere o nome, levou à Galeria Murilo Castro, Savasi, Belo Horizonte, MG, um recorte da obra da artista plástica Anna Bella Geiger. Conhecida por uma vasta e ininterrupta produção artística, Anna Bella Geiger, hoje com 80 anos de idade, está entre os poucos artistas brasileiros surgidos no começo dos anos 50 ainda em ação na atualidade. A exposição reúne 32 obras, desenhos e gravuras produzidos em épocas diversas; vídeos; duas pinturas; trabalhos fotográficos; além de dois “Fronteiriços” e peças tridimensionais (como os rolos/scrolls, recentemente produzidos). “É, portanto, uma mostra única, já que pode contribuir para a compreensão dos liames existentes entre o processo criativo pessoal de Anna Bella e as transformações experimentadas pela produção artística brasileira a partir do pós-guerra”, analisa o crítico Fernando Cocchiarale.

 

Sua obra inovadora, é marcada por uma veia irônica trazendo sempre à tona questões ideológicas do universo das artes e do contexto político. Em 1974 participou de uma mostra de videoarte na Filadélfia, que foi considerada a primeira exibição pública de vídeos brasileiros. Em Belo Horizonte, além da Galeria Murilo Castro, a artista tem obras na exposição “ELLES: Mulheres Artistas na coleção do Centro Pompidou”, no Centro Cultural Banco do Brasil, organizada pelo Centro Georges Pompidou/Musée National d’Art Moderne, na França, que traz um olhar contemporâneo de mulheres inovadoras. Ao longo dos 60 anos de sua produção artística, Anna Bella Geiger vem mantendo notável atualidade, posto que, frequentemente, ultrapassa o âmbito de sua dinâmica processual específica, para somar-se à de outros artistas que contribuíram para as transformações ocorridas na arte do país ao longo desse extenso período.

 

“Questões formuladas no âmbito da arte só se consumam por meio da criação de sistemas que as distinguem de discursos meramente ideológicos, transmitidos por meio da palavra falada ou escrita. O sucesso do sistema Geiger resulta da superação desses discursos por intermédio de uma ordem espacial gráfica de teor geográfico, pela apropriação de materiais de trabalho e mídias diversos, elaborados isoladamente ou combinados às instalações e aos objetos atualmente produzidos. De seu cais poético, a obra de Geiger segue viva, experimental e surpreendentemente contemporânea”, completa Cocchiarale.

 

 

Sobre a artista

 

Anna Bella Geiger nasceu no Rio de Janeiro em 1933. É escultora, pintora, gravadora, desenhista, artista intermídia e professora. Com formação em língua e literatura anglo-germânicas, inicia, na década de 1950, seus estudos artísticos no ateliê de Fayga Ostrower (1920 – 2001). Em 1954, vive em Nova York, onde frequenta as aulas de história da arte com Hannah Levy no The Metropolitan Museum of Art – MET (Museu Metropolitano de Arte) e, como ouvinte, cursos na New York University. Retorna ao Brasil no ano seguinte. Em 1960 participa do ateliê de gravura em metal do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM/RJ, onde passa a lecionar três anos mais tarde. Em 1969, novamente em Nova York, ministra aulas na Columbia University. Em 1982, recebe bolsa da John Simon Guggenheim Memorial Foundation, em Nova York. Publica, com Fernando Cocchiarale, o livro “Abstracionismo Geométrico e Informal: a vanguarda brasileira nos anos cinquenta”, em 1987.

 

Até 19 de outubro.

 

Legado Zanine

A Romanzza Design, Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a mostra “Legado Zanine: O uso da madeira por José Zanine Caldas e Zanini de Zanine”. Rogerio e Rafael Tanico, da T2 Design e proprietários da Romanzza Recreio, abriram a exposição homônima e receberam junto com a ABD – Associação Brasileira de Designers de Interiores, cerca de 120 arquitetos e designers que participaram de um bate papo com Zanini de Zanine.

 

Aos 35 anos e já consagrado como um dos nomes mais importantes do design brasileiro contemporâneo, Zanini  falou sobre a história da utilização da madeira como matéria-prima em sua carreira e na de seu pai, José Zanine Caldas, acompanhado por  Reduzino Vieira, que trabalhou com José Zanine Caldas por 30 anos, Marcelo Vasconcelos, da MeMo (Galeria de Design Mercado Moderno) e de Beto Consorte, da Branding Consult.

 

Pela primeira vez, Zanini, que chegou de Nova Iorque para participar do evento, reúne em uma mostra apenas peças em madeira para uma exposição, com destaque para a poltrona “Anil” e o banco “Joá”, criações dele, além da poltrona “Revisteiro”, assinada por Zanine Caldas. Na exposição poderão ser vistas cerca de 20 obras do designer e de seu pai, incluindo maquetes de madeira (registro dos projetos de acervo).

 

Rogerio Tanico alega que receber esta mostra é um privilégio para a casa e para os cariocas também. “ Zanini de Zanine recebeu os mais importantes prêmios de design do Brasil, além daqueles que trouxe de fora pelos móveis que criou nos dois segmentos e expôs nos principais eventos nacionais e internacionais da área. Hoje, ele assina peças para grandes marcas nacionais e internacionais como a francesa Tolix e as italianas Poltrona  Frau e Slamp. Quem sabe, num futuro próximo poderemos unir nossas marcas?” confidenciou Rogerio Tanico, lembrando que o mobiliário brasileiro precisa muito da assinatura do jovem designer.

 

 

Até 26 de outubro.

Daniel Feingold no MAM-Rio

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, exibe Daniel Feingold no Espaço Monumental do Museu com cerca de 60 obras inéditas. O artista apresenta fotografias e pinturas, produzidas especialmente para sua primeira exposição individual no MAM Rio. A mostra, em curadoria de Vanda Klabin, apresenta um conjunto de seis pinturas emblemáticas da trajetória do artista, produzidas entre 1999 e 2003. “Daniel Feingold possui um firme senso de direção, apesar de lidar com o fluxo do imprevisível até conseguir uma unidade pictórica. Explora as interrupções, as instabilidades e cria  um espaço complexo pelo enervamento intenso da superfície  da tela,  uma verdadeira malha flutuante de cores e geometria”, afirma a curadora.

 

A exposição está dividida em seis espaços distintos. Em uma sala sob o mezanino são apresentadas pela primeira vez 36 fotografias da série “Homenagem ao Retângulo”, feitas no Jardin des Plantes, em Paris, em 2007.  “São árvores em topiária, todas cortadas desta forma, retas, em cima e dos lados. Vi nelas uma relação espacial muito forte com o meu trabalho de pintura. Essas fotografias carregam a estrutura da minha pintura, a abstração geométrica e o pensamento plástico que busco em meu trabalho”, afirma Daniel Feingold. A curadora Vanda Klabin ressalta que as fotografias revelam “…um constante desdobrar do seu trabalho, onde a trama geométrica atua como um vetor de força no seu jogo de luz e sombra e cria novos acontecimentos plásticos que se agregam ao fluxo poético das suas pinturas”. Em outra sala, cinco pinturas da série “Yahweh”, em grandes formatos. São pinturas feitas em esmalte sintético preto fosco sobre tecido terbrim. Uma característica comum entre elas é que a tinta é diretamente escorrida sobre a tela. “É um conjunto que trata da religiosidade ao evocar a beatitude e a transcendência através da redutividade de elementos plásticos”, explica o artista.

 

Também fazem parte da exposição quatro pinturas da série “Estruturas”, que são “…obras extremamente gráficas”, em que predominam, em cada uma delas, as cores amarelo, vermelho e violeta. Neste mesmo espaço também encontram-se duas pinturas da série “Cromatistas”. “O ideário construtivista encontra ressonâncias através de uma intensa articulação de  diferentes linhas e cores que se traduzem por um fraseado sincopado e rítmico, pela emergência de uma estrutura de tramas, faturas em camadas e superposições de planos que trazem em si uma perturbadora espacialidade cromática”, conta a curadora. Outras seis pinturas também em grande formato, da série “Grades e Cortinas”, produzidas em 2012, e feitas em esmalte sintético sobre terbrim, ocupam mais um diferente espaço. “O artista aqui revela o seu enfrentamento direto com a pintura através da execução de unidades de grande escala. A exuberância da matéria nos pega desprevenidos ao combinar um sistema pictórico  com conceitos críticos, com o repensar a arte, seus limites, suas inquietações. O seu trabalho pulsa, irradia-se para as bordas e margens em formas ondulantes, fluidas, sempre materializando um novo gesto”, diz a curadora Vanda Klabin.

 

 

A palavra da curadora

 

Esta exposição de Daniel Feingold consolida  as suas afinidades com o território da pintura, ao enfatizar a qualidade da matéria e o embate com a tensão da tela, que é o núcleo plástico de seu trabalho. O ideário construtivista encontra ressonâncias por meio de uma intensa articulação de  diferentes linhas e cores que se traduzem por um fraseado sincopado e rítmico, pela emergência de uma estrutura de tramas, faturas em camadas e superposições de planos que trazem em si uma perturbadora espacialidade cromática.

 

O artista tem um firme senso de direção, apesar de lidar com o fluxo do imprevisível até conseguir uma unidade pictórica. Ele explora as interrupções, as instabilidades e cria um espaço complexo pelo enervamento intenso da superfície da tela, uma verdadeira malha flutuante de cores e geometria. Feingold aqui revela o seu enfrentamento direto com a pintura através da execução de unidades de grande escala.  A exuberância da matéria nos pega desprevenidos, ao combinar um sistema pictórico  com conceitos críticos, com o repensar a arte, seus limites, suas inquietações. O seu trabalho pulsa, irradia-se para as bordas e margens em formas ondulantes, fluidas, sempre materializando um novo gesto.

 

A trama interna das suas grandes superfícies pictóricas traz uma espécie de desordem de possibilidades e se apresenta, por vezes, como empenas. Ora parecem se arquear para fora da tela, ora ocupa lugares tremulantes nos planos frontais, mas sempre parecem querer se expandir no espaço ao redor. O gesto original se dissolve nas linhas oscilantes que se dilatam ao serem vertidas nesse universo descentrado pelo próprio deslizamento e pelo peso gravitacional da matéria viscosa da tinta, sempre à deriva, com múltiplas direções, obstruções, áreas de suspensão e intervalos luminosos, quase como uma fenda na interpretação do mundo.

 

A sequência fotográfica de Feingold tem maior imediaticidade, reivindica um exercício de metalinguagem e cria um novo espaço para a sua arte transitar. Revela um constante desdobrar do seu trabalho, em que a trama geométrica atua como um vetor de força no seu jogo de luz e sombra e cria novos acontecimentos plásticos que se agregam ao fluxo poético das suas pinturas. As obras aqui presentes revelam a sua potência pictórica, a sua presença estética e reafirmam um frescor e uma atualidade ímpares.

 

Vanda Klabin é cientista social, historiadora e curadora de arte.

 

 

SOBRE O ARTISTA

 

Daniel Feingold nasceu em 1954, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. É artista plástico desde 1988, e desenvolve trabalhos em pintura, fotografia e escultura. Graduado em Arquitetura pela FAUSS, no Rio de Janeiro, em 1982. Mestrado em Pintura pelo Pratt Institute, Brooklyn, em New York, em 1997. Dentre suas principais exposições individuais estão mostras no Atelier Sidnei Tendler, em Bruxelas, na Bélgica, em 2011; na 5ª Bienal Mercosul, em Porto Alegre, em 2005; no Centro Maria Antonia, em São Paulo, e no Espaço Cultural Sérgio Porto, no Rio de Janeiro, ambas em 2003; no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, em 2001, entre outras. São destaques de exposições coletivas: “Arte Brasileira e Depois na Coleção Itaú”, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, em 2011; “Escape from New York”, na Nova Zelândia, em 2010, na Austrália, em 2009 e em 2007; “Minus Space Show”, no PS1 Cont Art Center, em Nova York, em 2008; “Chroma”, no MAM Rio, em 2005; “Artist in the Marketplace”, no Bronx Museum, em Nova York, em 1998; “Gravidade e Aparência”, no Museu Nacional de Belas Artes, em 1993; mostra no Centro Cultural São Paulo, em 1991, entre outras.

 

Até 17 de novembro.

Teoria dos Contrários


A VG Arte, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “Teoria dos Contrários”, uma exibição coletiva com a participação dos artistas especialmente convidados para a ocasião: Evany Cardoso, Osvaldo Gaia, Marilou Winograd, Melinda Garcia, Mirian Pech, Pedro Paulo Domingues e Roberto Tavares. O grupo expositor buscou inspiração na doutrina da unidade dos opostos do filósofo pré-socrático Heráclito de Éfeso (535 a.C./475 a.C.), que parte do princípio de que tudo é movimento e que nada pode permanecer estático – “tudo flui como um rio”.  “Não se pode percorrer duas vezes o mesmo rio.” A teoria dos contrários é a lei secreta do mundo, onde reside a relação de interdependência entre dois conceitos opostos, em luta permanente; mas, ao mesmo tempo, um não pode existir sem o outro.

 

De 10 de Outubro a 30 de outubro.