Legado Zanine

08/out

A Romanzza Design, Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a mostra “Legado Zanine: O uso da madeira por José Zanine Caldas e Zanini de Zanine”. Rogerio e Rafael Tanico, da T2 Design e proprietários da Romanzza Recreio, abriram a exposição homônima e receberam junto com a ABD – Associação Brasileira de Designers de Interiores, cerca de 120 arquitetos e designers que participaram de um bate papo com Zanini de Zanine.

 

Aos 35 anos e já consagrado como um dos nomes mais importantes do design brasileiro contemporâneo, Zanini  falou sobre a história da utilização da madeira como matéria-prima em sua carreira e na de seu pai, José Zanine Caldas, acompanhado por  Reduzino Vieira, que trabalhou com José Zanine Caldas por 30 anos, Marcelo Vasconcelos, da MeMo (Galeria de Design Mercado Moderno) e de Beto Consorte, da Branding Consult.

 

Pela primeira vez, Zanini, que chegou de Nova Iorque para participar do evento, reúne em uma mostra apenas peças em madeira para uma exposição, com destaque para a poltrona “Anil” e o banco “Joá”, criações dele, além da poltrona “Revisteiro”, assinada por Zanine Caldas. Na exposição poderão ser vistas cerca de 20 obras do designer e de seu pai, incluindo maquetes de madeira (registro dos projetos de acervo).

 

Rogerio Tanico alega que receber esta mostra é um privilégio para a casa e para os cariocas também. “ Zanini de Zanine recebeu os mais importantes prêmios de design do Brasil, além daqueles que trouxe de fora pelos móveis que criou nos dois segmentos e expôs nos principais eventos nacionais e internacionais da área. Hoje, ele assina peças para grandes marcas nacionais e internacionais como a francesa Tolix e as italianas Poltrona  Frau e Slamp. Quem sabe, num futuro próximo poderemos unir nossas marcas?” confidenciou Rogerio Tanico, lembrando que o mobiliário brasileiro precisa muito da assinatura do jovem designer.

 

 

Até 26 de outubro.

Daniel Feingold no MAM-Rio

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, exibe Daniel Feingold no Espaço Monumental do Museu com cerca de 60 obras inéditas. O artista apresenta fotografias e pinturas, produzidas especialmente para sua primeira exposição individual no MAM Rio. A mostra, em curadoria de Vanda Klabin, apresenta um conjunto de seis pinturas emblemáticas da trajetória do artista, produzidas entre 1999 e 2003. “Daniel Feingold possui um firme senso de direção, apesar de lidar com o fluxo do imprevisível até conseguir uma unidade pictórica. Explora as interrupções, as instabilidades e cria  um espaço complexo pelo enervamento intenso da superfície  da tela,  uma verdadeira malha flutuante de cores e geometria”, afirma a curadora.

 

A exposição está dividida em seis espaços distintos. Em uma sala sob o mezanino são apresentadas pela primeira vez 36 fotografias da série “Homenagem ao Retângulo”, feitas no Jardin des Plantes, em Paris, em 2007.  “São árvores em topiária, todas cortadas desta forma, retas, em cima e dos lados. Vi nelas uma relação espacial muito forte com o meu trabalho de pintura. Essas fotografias carregam a estrutura da minha pintura, a abstração geométrica e o pensamento plástico que busco em meu trabalho”, afirma Daniel Feingold. A curadora Vanda Klabin ressalta que as fotografias revelam “…um constante desdobrar do seu trabalho, onde a trama geométrica atua como um vetor de força no seu jogo de luz e sombra e cria novos acontecimentos plásticos que se agregam ao fluxo poético das suas pinturas”. Em outra sala, cinco pinturas da série “Yahweh”, em grandes formatos. São pinturas feitas em esmalte sintético preto fosco sobre tecido terbrim. Uma característica comum entre elas é que a tinta é diretamente escorrida sobre a tela. “É um conjunto que trata da religiosidade ao evocar a beatitude e a transcendência através da redutividade de elementos plásticos”, explica o artista.

 

Também fazem parte da exposição quatro pinturas da série “Estruturas”, que são “…obras extremamente gráficas”, em que predominam, em cada uma delas, as cores amarelo, vermelho e violeta. Neste mesmo espaço também encontram-se duas pinturas da série “Cromatistas”. “O ideário construtivista encontra ressonâncias através de uma intensa articulação de  diferentes linhas e cores que se traduzem por um fraseado sincopado e rítmico, pela emergência de uma estrutura de tramas, faturas em camadas e superposições de planos que trazem em si uma perturbadora espacialidade cromática”, conta a curadora. Outras seis pinturas também em grande formato, da série “Grades e Cortinas”, produzidas em 2012, e feitas em esmalte sintético sobre terbrim, ocupam mais um diferente espaço. “O artista aqui revela o seu enfrentamento direto com a pintura através da execução de unidades de grande escala. A exuberância da matéria nos pega desprevenidos ao combinar um sistema pictórico  com conceitos críticos, com o repensar a arte, seus limites, suas inquietações. O seu trabalho pulsa, irradia-se para as bordas e margens em formas ondulantes, fluidas, sempre materializando um novo gesto”, diz a curadora Vanda Klabin.

 

 

A palavra da curadora

 

Esta exposição de Daniel Feingold consolida  as suas afinidades com o território da pintura, ao enfatizar a qualidade da matéria e o embate com a tensão da tela, que é o núcleo plástico de seu trabalho. O ideário construtivista encontra ressonâncias por meio de uma intensa articulação de  diferentes linhas e cores que se traduzem por um fraseado sincopado e rítmico, pela emergência de uma estrutura de tramas, faturas em camadas e superposições de planos que trazem em si uma perturbadora espacialidade cromática.

 

O artista tem um firme senso de direção, apesar de lidar com o fluxo do imprevisível até conseguir uma unidade pictórica. Ele explora as interrupções, as instabilidades e cria um espaço complexo pelo enervamento intenso da superfície da tela, uma verdadeira malha flutuante de cores e geometria. Feingold aqui revela o seu enfrentamento direto com a pintura através da execução de unidades de grande escala.  A exuberância da matéria nos pega desprevenidos, ao combinar um sistema pictórico  com conceitos críticos, com o repensar a arte, seus limites, suas inquietações. O seu trabalho pulsa, irradia-se para as bordas e margens em formas ondulantes, fluidas, sempre materializando um novo gesto.

 

A trama interna das suas grandes superfícies pictóricas traz uma espécie de desordem de possibilidades e se apresenta, por vezes, como empenas. Ora parecem se arquear para fora da tela, ora ocupa lugares tremulantes nos planos frontais, mas sempre parecem querer se expandir no espaço ao redor. O gesto original se dissolve nas linhas oscilantes que se dilatam ao serem vertidas nesse universo descentrado pelo próprio deslizamento e pelo peso gravitacional da matéria viscosa da tinta, sempre à deriva, com múltiplas direções, obstruções, áreas de suspensão e intervalos luminosos, quase como uma fenda na interpretação do mundo.

 

A sequência fotográfica de Feingold tem maior imediaticidade, reivindica um exercício de metalinguagem e cria um novo espaço para a sua arte transitar. Revela um constante desdobrar do seu trabalho, em que a trama geométrica atua como um vetor de força no seu jogo de luz e sombra e cria novos acontecimentos plásticos que se agregam ao fluxo poético das suas pinturas. As obras aqui presentes revelam a sua potência pictórica, a sua presença estética e reafirmam um frescor e uma atualidade ímpares.

 

Vanda Klabin é cientista social, historiadora e curadora de arte.

 

 

SOBRE O ARTISTA

 

Daniel Feingold nasceu em 1954, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. É artista plástico desde 1988, e desenvolve trabalhos em pintura, fotografia e escultura. Graduado em Arquitetura pela FAUSS, no Rio de Janeiro, em 1982. Mestrado em Pintura pelo Pratt Institute, Brooklyn, em New York, em 1997. Dentre suas principais exposições individuais estão mostras no Atelier Sidnei Tendler, em Bruxelas, na Bélgica, em 2011; na 5ª Bienal Mercosul, em Porto Alegre, em 2005; no Centro Maria Antonia, em São Paulo, e no Espaço Cultural Sérgio Porto, no Rio de Janeiro, ambas em 2003; no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, em 2001, entre outras. São destaques de exposições coletivas: “Arte Brasileira e Depois na Coleção Itaú”, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, em 2011; “Escape from New York”, na Nova Zelândia, em 2010, na Austrália, em 2009 e em 2007; “Minus Space Show”, no PS1 Cont Art Center, em Nova York, em 2008; “Chroma”, no MAM Rio, em 2005; “Artist in the Marketplace”, no Bronx Museum, em Nova York, em 1998; “Gravidade e Aparência”, no Museu Nacional de Belas Artes, em 1993; mostra no Centro Cultural São Paulo, em 1991, entre outras.

 

Até 17 de novembro.

Teoria dos Contrários


A VG Arte, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “Teoria dos Contrários”, uma exibição coletiva com a participação dos artistas especialmente convidados para a ocasião: Evany Cardoso, Osvaldo Gaia, Marilou Winograd, Melinda Garcia, Mirian Pech, Pedro Paulo Domingues e Roberto Tavares. O grupo expositor buscou inspiração na doutrina da unidade dos opostos do filósofo pré-socrático Heráclito de Éfeso (535 a.C./475 a.C.), que parte do princípio de que tudo é movimento e que nada pode permanecer estático – “tudo flui como um rio”.  “Não se pode percorrer duas vezes o mesmo rio.” A teoria dos contrários é a lei secreta do mundo, onde reside a relação de interdependência entre dois conceitos opostos, em luta permanente; mas, ao mesmo tempo, um não pode existir sem o outro.

 

De 10 de Outubro a 30 de outubro.

Yayoi Kusama chega ao CCBB-RIO

04/out

“Obsessão infinita”, de Yayoi Kusama, cartaz no CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ, será a primeira exposição apresentada no país que expressa uma pesquisa profunda do trabalho de uma das artistas mais originais e inventivas do pós-guerra. Produzida, em sua edição brasileira, pelo Instituto Tomie Ohtake, em colaboração com o estúdio da artista, a mostra tem curadoria de Philip Larratt-Smith (curador do Malba – Fundación Constantini, Buenos Aires, Argentina) e de Frances Morris (curadora da retrospectiva de Yayoi Kusama na Tate Modern, Londres). “Obsessão Infinita” oferece um panorama do trabalho dessa excepcional artista japonesa, por meio de aproximadamente 100 obras que cobrem o período de 1949 a 2012, entre as quais pinturas, trabalhos em papel, esculturas, vídeos, apresentação de slides e instalações, entre elas a famosa “Dots Obsession”. “Obsessão infinita” traça a trajetória de Yayoi Kusama do privado ao público, da pintura à performance, do ateliê às ruas.

 

 

Sobre a artista

 

Nascida em Matsumoto, Japão, em 1929, começou a realizar seus trabalhos poéticos e semi-abstratos em papel nos anos 1940, antes de iniciar sua celebrada  série “Infinity Net” (Rede Infinita), no final dos anos 1950 e no início dos 1960. Essas pinturas originais são caracterizadas pela repetição obsessiva de pequenos arcos pintados, aglutinados em padrões rítmicos maiores. Sua mudança para New York, em 1957, foi um divisor de águas para a artista. Foi nessa época que entrou em contato com Donald Judd, Andy Warhol, Claes Oldenberg e Joseph Cornell. Sua prática de pintura abriu caminho para esculturas delicadas, conhecidas como “Accumulations” (Acumulações) e, em seguida, para performances e happenings que se tornaram selos da subcultura marginal e renderam, para a artista, notoriedade e atenção das principais correntes críticas daquele período.

 

Em 1973 Kusama retornou ao Japão e, desde 1977, vive voluntariamente em uma instituição psiquiátrica. O caráter psicológico singular e pronunciado de seu trabalho sempre foi combinado com uma generosa dose de reinvenção e inovação formal, o que lhe permite dividir sua visão única com um público mais amplo, através do espaço infinitamente espelhado e da repetição obsessiva de pontos que caracteriza sua obra. Em seus trabalhos mais recentes, a artista renovou o contato com seus instintos mais radicais em instalações imersivas e colaborativas – peças que fizeram dela, com justiça, a artista viva mais celebrada do Japão.

 

De 11 de outubro de 2013 a 26 de janeiro de 2014.

Brasília na galeria LUME

03/out

A  nova exposição no calendário da Galeria LUME, Itaim Bibi, São Paulo, SP, chama-se “A Construção de Brasília“, mostra individual do fotógrafo brasileiro Alberto Ferreira. Com curadoria de Paulo Kassab Jr. e composta por 12 imagens em preto e branco,  algumas inéditas, representa um retrato da euforia e das descrenças alastradas junto à inauguração da nova capital federal do país. A coordenação da mostra é de Felipe Hegg.

 

Alberto Ferreira ocupou, durante anos, importante cargo na imprensa e o fez com a ética e a obrigação jornalística de mostrar o acontecimento sem distorcer os fatos. Da mesma forma na fotografia, o artista apresenta não apenas belas imagens, mas também um senso crítico  deste momento histórico: o contraste entre políticos, exaltados com a capital federal,  talvez por sua distância das demais cidades; pessoas da alta sociedade, crentes em um novo país; e os candangos, construtores da cidade que, posteriormente, acabaram por ficar à margem do projeto habitacional, sendo obrigados a viver em periferias.

 

Acompanhando Juscelino Kubitschek em suas idas e vindas à nova capital, Alberto Ferreira presenciou todo o processo de construção da cidade e criou um dos mais importantes registros visuais deste momento. Nestas ocasiões, o fotógrafo teve diversas oportunidades de registrar cenas como a chegada do embaixador inglês, a interação entre as pessoas e a arquitetura modernista da cidade, a cerimônia inaugural de Brasília, alguns dos operários que trabalharam na obra, entre outras.

 

 

A palavra do curador

 

“Mais que um documentarista, Alberto Ferreira estava à frente de seu tempo e, diferente de outros que acompanharam a criação de Brasília, não se iludia com o novo projeto.  Em 1960, no ano da inauguração da capital, o fotógrafo já vislumbrava as dificuldades de se ter uma  capital no interior do país e os problemas trazidos por um planejamento que, sem intenção, segregava as diferentes classes sociais em suas zonas de habitação.”

 

 

De 08 de outubro a 14 de novembro.

 

 

Piza com Gustavo Rebello no Rio

Gustavo Rebello Arte, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição Elementos no Espaço, do artista plástico Arthur Luiz Piza. Pintor, gravador, desenhista, escultor e pensador requintado, Piza é um dos grandes artistas plásticos brasileiros contemporâneos.  Nascido em São Paulo, o artista vive e trabalha em Paris onde fixou-se há mais de 50 anos. Seus trabalhos constam no acervo dos principais museus do mundo e é consagrado internacionalmente, sendo um inventor de linguagens e técnicas. Com rico repertório técnico, Piza criou um universo com acentuado toque pessoal através da gravura em metal, relevos em madeira, gesso e papel.

 

Os “Elementos”, chapas de zinco com formas geométricas, pintadas de cores fortes e uniformes, já conhecidas do público nas gravuras, nos capachos e nas tramas, desta vez, saltaram para as paredes e teto, experimentando uma grande liberdade. São conjuntos, arrumados pelo artista de maneira aparentemente aleatória, que darão ao espectador, a sensação de estar literalmente dentro da sua obra. Segundo o artista, depois de adquiridos, os trabalhos podem ser reagrupados, desde que seja mantida ideia de conjunto.

 

“Os elementos no espaço surgiram quando  escaparam da moldura, quando me separei da necessidade de enquadrar, são  como novas possibilidades de animar o espaço, de ver  o que se cria entre uns e outros, entre grandes e pequenos. O ‘entre’ tem importância, ele também é forma, ele faz parte do elemento como o elemento faz parte dele. Tudo é uma relação e as sombras tambem participam dela”, explica Arthur Luiz Piza. O trabalho de Piza está sempre se renovando e no seu percurso, independente dos suportes que trabalha, seu ofício sempre se traduz em liberdade, ousadia e coerência, provocando reflexão.

 

Sobre o artista

 

Arthur Luiz Piza nasceu em 1928, em São Paulo, onde teve seu primeiro contato com as artes. Nos anos 40, estudou pintura e afresco com Antonio Gomide, um dos grandes nomes da Primeira Geração de Modernistas. Mudou-se em 1951 para Paris, onde passou a trabalhar no estúdio do mestre da gravura Johnny Friedlaender. Piza logo se tornou um especialista em todas as suas técnicas. Abandonou as mais tradicionais e desenvolveu uma técnica exclusiva de gravar nas placas com martelos e cinzéis de diferentes formatos. Entre 1951 e 1963, participou das Bienais de São Paulo; em 1959, da Documenta de Kassel, e em 1966, da Bienal de Veneza, ganhando o prêmio de gravura. Seu trabalho encontra-se nos acervos dos principais museus do mundo, como o Museum of Modern Art (MoMA) e o Guggenheim Museum, em Nova York, a Bibliothèque Nationale de France e o Musée National d’Art Moderne Centre Georges Pompidou, em Paris. No Brasil, seus trabalhos estão, por exemplo, no Museu de Arte Contemporânea e no Museu de Arte Moderna, ambos em São Paulo. Em 2002, a Pinacoteca do Estado organizou uma importante retrospectiva e a editora Cosac Naify lançou um catálogo de seus relevos.

 

Até 26 de Outubro.

 

 

Suzana Queiroga no MAC Niterói

02/out

O Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Mirante da Boa Viagem s/n, Boa Viagem,  Niterói, RJ, apresenta a exposição “Olhos d’Água”,  de Suzana Queiroga, artista contemplada com o 5º Prêmio de Artes Marcantonio Vilaça – MINC – Funarte. A mostra apresenta uma grande escultura de ar (inflável) : “Olhos d’Água”, que será doada ao acervo do MAC  como contrapartida do prêmio. Sob a curadoria de Guilherme Vergara, também serão expostas três séries de sete desenhos, três vídeos e uma pintura todos inéditos.  Ainda em outubro a artista vai realizar uma exposição na galeria Artur Fidalgo e uma instalação em homenagem a Hilda Hilst na vitrine da Livraria da Travessa, Ipanema. “Olhos D’água” é um trabalho que se relaciona com a questão da morte do pai de Suzana, na década de 1960, em um acidente aéreo na Baía de Guanabara próximo ao aeroporto Santos Dumont, enquanto sua mãe ainda estava grávida da artista.  O MAC fica exatamente em frente ao aeroporto que seria o destino de um pouso que não aconteceu.

 

A palavra da artista

 

“A localização do museu foi essencial para esse projeto. Lido com essas memórias simbolicamente, o despedaçamento e dissolução do corpo no mar, o fado, a espera de quem jamais virá. É um contato cada vez maior que faço com minha origem portuguesa. Para mergulhar nessa proposta, precisei pesquisar e abrir recentemente, junto com minha mãe, os arquivos que ela não via desde a época do acidente, as matérias do jornal, as cartas de amor de um para o outro, os diários do meu pai, telegramas, enfim, toda uma sorte de coisas que fizeram com que eu pudesse passar a conhecê-lo, e houve sintonias incríveis, os desenhos dele em azul, diários dele com as capas no mesmo azul que eu uso, telegramas de minha mãe falando de azul. Aos poucos, conheço esse homem com uma memória construída no hoje, o que talvez revestirá, com algum tipo de membrana esse buraco enorme que sempre senti dentro do peito”, declara a artista.

 

“Neste momento estou  profundamente ligada a uma paleta de azuis profundos, azuis violetados, cinzas azulados e oceanicamente esverdeados. Minha relação com as cores agora só passa pelo que é céu, densidade atmosférica, ar, nuvem, e também mar, oceano e profundidade. Tenho um respeito tão grande pela cor, que é como se essa fosse algo que pairasse acima de tudo, pois a cor é a própria luz, e o seu comportamento mutante, desviante, relativo e infinitamente plural é de uma poesia imensa a qual penso que poucos artistas conseguem tocar. Sinto que não é uma operação meramente técnica ou objetiva, não basta saber as misturas e conhecer os pigmentos. Existe uma resposta maior que a cor me dá e que é proporcional ao quanto eu consigo me aproximar mais e mais delicadamente de seus sutis momentos de transformação vibracional. A cor “ideia” logo me vem como algo pronto, idealizado, e plenamente dominado, porém, a cor que “realmente” torna potente as minhas intenções diante de um trabalho somente será obtida a partir de uma busca, revalidada a cada instante, num percurso no qual é exigida a totalidade de minha atenção”, completa.
Suzana Queiroga começou a trabalhar com infláveis há 10 anos, pelo anseio de ampliação dos limites da pintura. “Ver a pintura fora do plano, no espaço. O material transparente, os reflexos do espaço em torno na película de PVC colorido se relaciona com aspectos da pintura, tais como transparências, manchas e pinceladas”, explica.

 
 
De 05 de outubro a 08 de dezembro.

Ulrike Ottinger – Retrospectiva

01/out

O setor de Mostras-Coordenação de Artes Plásticas, a Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria da Cultura de Porto Alegre e o Goethe-Institut Porto Alegre vão expor fotografias acerca da produção cinematográfica e fotográfica da cineasta Ulrike Ottinger. A exposição pode ser visitada no porão do Paço Municipal , Centro Histórico, Praça Montevidéu, Porto Alegre, RS. A artista, que faz parte da mesma geração dos diretores Rainer Werner Fassbinder  e Werner Schroeter, dois dos principais expoentes do cinema alemão do pós-guerra, é autora de obra extremamente original, que a colocou entre os realizadores de vanguarda em seu país a partir da primeira metade da década de 70. Os filmes de Ulriker Ottinger atraíram a atenção da crítica por sua peculiar visão de mundo, pela profusão de referências eruditas e por sua extravagante direção de arte.

 

De 11 de outubro a 08 de novembro.

Le Parc em São Paulo

30/set

A mostra “Julio Le Parc – Uma busca contíbua”, Galeria Nara Roesler, Jardim Europa, São Paulo, SP, percorre mais de 50 anos da produção artística de Julio Le Parc, incluindo tanto sua pesquisa da fenomenologia das estruturas através da pintura bidimensional, como seus ambientes imersivos e instalações de grande porte. Sua obra tem o papel desestabilizador de provocar a interação do indivíduo com o ambiente exigindo, simultaneamente, que tal envolvimento seja reconhecido. Apesar de seu papel fundamental na história da arte cinética, as telas, esculturas e instalações de Julio le Parc incluem questões relativas aos limites da pintura, por meio tanto de procedimentos mais próximos da tradição pictórica, tais como a acrílica sobre tela, quanto de assemblages ou aparatos mais propriamente cinéticos. A galeria promove um encontro com o artista e a curadora Estrellita B. Brodsky no dia da abertura às 17h30.

 

 

A palavra da curadoria

 

Julio Le Parc: Uma busca contínua por ESTRELLITA B. BRODSKY

 

Ao longo de seis décadas, Julio Le Parc buscou de maneira sistemática redefinir a própria natureza da experiência artística, trazendo o que ele chama de “perturbações dentro do sistema artístico”. Ao fazer isso, ele brincou com as experiências sensoriais do público e deu aos espectadores um papel ativo. Com seus colegas membros do Groupe de Recherche d’Art Visuel (GRAV) – um coletivo de artistas criado por Le Parc com Horacio García Rossi, Francisco Sobrino, François Morellet, Joël Stein e Jean-Pierre Vasarely (Yvaral) em Paris no ano de 1960 –, Le Parc gerou encontros diretos com o público ao desmontar o que eles consideravam ser as amarras artificiais das estruturas institucionais. Como expresso em seu manifesto Assez de mystifications [“Chega de Mistificações”, Paris, 1961], a intenção do grupo era encontrar maneiras de confrontar o público com obras de arte fora do ambiente museológico por meio de intervenções em espaços públicos com jogos subversivos, charges de cunho político e questionários bem-humorados.  Com tais estratégias, Le Parc e o GRAV transformavam espectadores em participantes com maior autoconsciência, tanto alcançando uma forma de nivelamento social como antecipando algumas das estratégias relacionais e colaborativas sociopolíticas que vêm se proliferando ao longo das duas últimas décadas.

 

(…) A produção artística de Le Parc evoluiu de estudos geométricos bidimensionais, com pequenas caixas de luz, para instalações de grande porte, ambientes imersivos e intervenções públicas na rua. No entanto, essa produção diversa tem em comum uma função desestabilizadora central: provocar a interação do indivíduo com seu ambiente, exigindo, ao mesmo tempo, um reconhecimento daquele envolvimento. A obra de Le Parc chamada Sphère bleue (Esfera azul, 2001/2013) é um enorme globo de quatro metros de diâmetro composto por quadrados de acrílico azul transparente que parece estar magicamente suspenso no ar. A luz refratada na parte exterior da esfera inunda o espaço que circunda o globo com um azul vibrante.

 

A experiência perceptiva que os visitantes têm da esfera oscila entre vê-la como algo que é transparente e impenetrável e, ao mesmo tempo, frágil e monumental; algo que distorce o que se vê além e cria a consciência de se estar vendo e sendo visto em um espaço comum recém-transformado.

 

Os componentes físicos das obras de Le Parc – folhas de material refletivo penduradas, esculturas enormes feitas de acrílico transparente, pinturas geométricas, estruturas de luz motorizadas, telas de metal distorcidas – são tão impressionantemente variados quanto as próprias estruturas. O feito geral, no entanto, é criar um ambiente e uma impressão que alteram os sentidos e são, muitas vezes, desorientadores. Em esculturas como Cellule à pénétrer adaptée (Célula penetrável adaptada, 1963/2012) ou Formes en contorsion (Formas em contorção, 1971), Le Parc dá ênfase à mutabilidade da percepção. A fragmentação se torna inerente à apreensão de obras nas quais espelhos, luzes refletidas ou projetadas, diferentes tipos de óculos, jogos e interações físicas confundem os sentidos. Assim, perspectivas cambiantes criam um dinamismo interno ou uma instabilidade essencial por meio das quais Le Parc questiona a precisão subjetiva e os modos tradicionais de exibição que, de acordo com o que ele escreve em seu influente texto Guerrilla culturel, servem apenas para perpetuar estruturas sociais de dominação.

 

(…) Para Le Parc, o objetivo é exatamente a interrogação e a reestruturação do entorno imediato. Ele busca uma total cumplicidade que exige do espectador não somente participação ativa, mas também autorreflexão. Dessa forma, a prática de Le Parc vai além do mero espetáculo visual rumo a um envolvimento físico com o presente – a arte enquanto concepção humana, uma que não pode mais permanecer estática ou absoluta.

 

 

Sobre o artista

 

Pioneiro na modalidade, Julio le Parc foi um dos fundadores, em 1960, do Groupe de Recherche d’Art Visuel (1960-68), coletivo de artistas ótico-cinéticos que se propunha estimular a participação dos observadores, amplificando a sua capacidade de percepção e ação. Coerentemente com essas premissas e, de maneira mais geral, com a aspiração, bastante difusa na época, a uma arte desmaterializada ou indiferente às exigências do mercado, o grupo apresentava-se em lugares alternativos e até na rua. As obras e instalações de Julio le Parc formadas apenas por jogos de luz e sombras são fruto direto desse contexto, em que a produção de uma arte efêmera e invendável tinha uma clara conotação sociopolítica.

 

Argentino de Mendoza, Julio Le Parc nasceu em 1928 e hoje vive e produz em Paris. Participou das 2ª e 3ª edições da Bienal de Paris, França (1961 e 1963); da Bienal de Havana, Cuba (1984); e da Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, Brasil (1999). Entre as exposições coletivas recentes que integrou estão: Tomorrow was already here (Museo Tamayo, Cidade do México, México, 2012); Level 1 (Centre Pompidou, Metz, França, 2012); Suprasensorial (Hirshhorn Museum, Washington, EUA, 2013; Museum of Contemporary Art, Los Angeles , EUA, 2011); e Uma aventura moderna (Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, Brasil, 2009). Exposições individuais recentes incluem: Soleil froid (Palais de Tokyo, Paris, França, 2013); Le Parc – lumière (Biblioteca Luiz Angel Arango, Bogotá, Colômbia, 2007); Verso la luce (Castello di Boldeniga, Brescia, Itália, 2004); e Retrospectiva (Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil, 2001). Suas obras fazem parte de acervos como: Museum of Modern Art, Nova Iorque, EUA; Museu de Arte Moderna de São Paulo, São Paulo, Brasil; Tate, Londres, Inglaterra; Museum Bymans-Van Beuningen, Roterdã, Holanda; e Massachussetts Institute of Technology List Visual Arts Center, Cambridge, EUA.

 

Até 30 de novembro.

 

 

Obras inéditas de Sylvia Martins

27/set

A galeria Paralelo, Pinheiros, São Paulo, SP, expõe “ALTER/NATIVAS”, exposição individual de pinturas da artista plástica Sylvia Martins, brasileira radicada em Nova Iorque. Com curadoria de Sergio Zobaran e coordenação de Andrea Rehder e Flávia Marujo, Sylvia Martins exibe 14 trabalhos que traduzem uma nova etapa em seu processo criativo, no qual experimenta técnicas e desdobramentos baseados no próprio ato de pintar.

 

Nesta série inédita, Sylvia Martins parte de um vazio tão intenso que o considera angustiante e, por meio de uma forte energia criativa, insere alguma informação aleatória sobre a tela em branco, como uma simples rajada de tinta, que ao escorrer cria certa textura. A partir de então, o gotejar de cor sobre cor resulta em camadas; A pintura começa a tomar forma, outras cores são introduzidas e um novo elemento surge para dar efeito de oxidação à tela: glitter. Na concepção de Sergio Zobaran, curador da mostra: “Tinta sobre tinta. E um quê de ouro, de brilho seco que transparece, mas nunca pretende dominar a tela. Um glitter que oxida, produz luminosidade, traz coerência.” A ideia da artista não é propor um tema específico. Em suas próprias palavras: “A natureza discursiva da minha pintura quer ser descoberta sem ser traduzida. Na maioria das telas, acho que transmito uma impressão visual de cascatas de cores. Faço uma espécie de narrativa não linear, onde cada tela tem linguagem própria. Vou do ‘very abstract’ até um figurativo sutil, porém elas (as telas) dialogam entre si.”

 

Desprendido de modas, tendências, escolas e discursos de ocasião, o trabalho de Sylvia Martins explora abstrações e, em alguns momentos, delicados elementos alegóricos, evocando imagens da natureza e formas orgânicas. Em “ALTER/NATIVAS”, a artista busca novos caminhos para sua nova fase – tanto no momento de concebê-la quanto em sua exposição. Ou seja, as alternativas fazem referência tanto à técnica na criação das pinturas quanto à possibilidade do observador enxergar, em formas abstratas, o que seu subconsciente lhe sugere.

 

 

Sobre a artista

 

Sylvia Martins nasceu em Bagé, no Rio Grande do Sul. Estudou pintura com Ivan Serpa, no MAM/RJ, Richard Pousette-Dart no Art Student’s League (NYC), e na School of Visual Arts (NYC). Seu tema é a própria pintura, que se cria através da obra, quase abstrações, que evocam imagens da natureza e formas orgânicas. Sylvia realizou inúmeras mostras no Brasil e em outros países como Estados Unidos, Japão, Inglaterra, França, Grécia, entre outros. Suas telas estão em coleções privadas, públicas e coorporativas, como Citibank, Chase Manhattan Bank, ambas nos Estados Unidos, assim como no Centro Cultural Correios – no Brasil. Artista de trânsito internacional, vive e trabalha entre o Rio de Janeiro e Nova Iorque.

 

De 03 de outubro a 09 de novembro.