Primeira exibição individual no Rio de Janeiro.

24/jan

 

A exposição “Marcelo Silveira – Entre o mar, o rio e a pedra”, entra em exibição na galeria Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro. Marcelo Silveira é um  celebrado artista pernambucano que realiza sua primeira mostra individual na cidade.

Com mostras individuais em várias cidades brasileiras e no exterior, Marcelo Silveira tem participado de importantes exposições coletivas, como a 29ª Bienal Internacional de São Paulo, em 2010, duas edições da Bienal do Mercosul, em Porto Alegre (2015 e 2005), a  4ª Bienal de Valência, no Centro del Carmen, no Museo de Bellas Artes de Valencia, Espanha, em 2007, e o Panorama da Arte Brasileira – “Contraditório”, com curadoria de Moacir dos Anjos, aberto em outubro de 2007 no Museu de Arte Moderna de São Paulo, e que seguiu em fevereiro seguinte para a Sala Alcalá 31, em Madrid, e foi visitado pelo então Ministro Gilberto Gil, dentro da programação da ARCO 2008, quando o Brasil foi o país convidado. Atualmente Marcelo Silveira está presente na coletiva Fullgás – Artes Visuais e Anos 1980 no Brasil, no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro. Nara Roesler tem exposto o trabalho do artista nos últimos 25 anos, em seus espaços em São Paulo e em Nova York, e agora propicia sua primeira individual no Rio de Janeiro.

O artista consolidou sua trajetória ao longo de 40 anos como um dos grandes nomes da cena contemporânea. Mostrará esculturas em madeira cajacatinga pertencentes às séries “Bolofotes”, “Sementes” e “Peles”, além de obras da série “Cabeludas”, feitas com crina equina e aço inoxidável, e três obras da série “Hotel Solidão”, com colagens criadas a partir de capas e contracapas de edições brasileiras da revista “Grande Hotel”, que foram editadas entre 1947 e 1955. As obras foram selecionadas pelo artista em conjunto com o núcleo curatorial da Nara Roesler. O texto crítico é de Daniela Name, que fará uma visita guiada à exposição junto com o artista na abertura.

Em cartaz de 11 de fevereiro até 05 de abril.

Sobre o Infinito, o Universo e os Mundos.

23/jan

Detanico Lain

A nova individual da dupla Detanico Lain, radicada em Paris, empresta seu título do texto “Sobre o infinito, o universo e os mundos”, de Giordano Bruno, publicado no século XVI, antes do autor ser queimado vivo no Campo dei Fiori, em Roma, por suas ideias que buscavam conciliar a multiplicidade dos infinitos mundos que constituía uma das bases de sua cosmogonia e a unidade de Deus. Detanico Lain exibem sua nova série, Corpos celestes (2025), que integrou sua mais recente individual no Centre Pompidou (Paris), como parte de sua indicação ao Prêmio Marcel Duchamp 2024. Na obra, círculos concêntricos relativos a cada letra do alfabeto, foram recortados sobre superfícies de metal espelhado de acordo com a dimensão de cada letra da palavra formando o nome de cada estrela das três constelações incluídas na individual. Estes recortes foram abertos uns sobre os outros em ângulos de 60º, dando a forma esférica tridimensional e movimento a estes conjuntos.

Corpos celestes se baseia no sistema Helvetica Concentrated, criado pela dupla em colaboração com o artista tcheco Jiri Skala em 2004. A partir da conhecida fonte Helvetica, os artistas desenvolveram um sistema de escrita baseado em pontos. O tamanho de cada ponto corresponde à área do caractere individual original. Nos 20 anos do trabalho, o sistema já foi utilizado em uma série de obras pela dupla, Incluindo Nomes das estrelas (2007), onde os artistas usaram o sistema para escrever os nomes de 287 estrelas listadas no Catálogo de Estrelas Brilhantes do Observatório da Universidade de Yale. Ao sobrepor as letras em forma de ponto Detanico e Lain criam imagens das estrelas como pontos de vibração de luz. Em Música viva (2024), Detanico Lain utilizaram a qualidade rítmica do sistema para traduzir posteres de concertos originalmente feitos com a fonte Helvética. O aspecto de cadência mecânica do sistema foi utilizado para traduzir o texto “A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica” (1935), de Walter Benjamin, em Benjamin Concentrated (2012). Como uma fonte funcional, Helvetica Concentrated se alinha harmoniosamente com a análise de Benjamin sobre como a reprodução mecânica (fotografia, cinema) transformou a arte, eliminando sua “aura”.

Sobre a Galeria Vermelho.

Projeto concebido por Eliana Finkelstein e Eduardo Brandão, a galeria foi inaugurada em 2002, após um intenso processo de reconfiguração e restauro de três pequenas casas localizadas na vila de número 350, da Rua Minas Gerais, em Higienópolis (SP). Criado e desenvolvido pelos arquitetos Paulo Mendes da Rocha e José Armênio de Brito Cruz, o projeto incorporou espaços expositivos à estrutura arquitetônica já existente, além de transformar o terreno que separa as três casas da rua em uma grande praça aberta sobre o fundo de 120m2 da fachada do prédio principal. Nessa imensa parede, já foram apresentados mais de cem projetos que incluem pinturas, colagens, escavações, projeções, instalações e prospecções. Por meio da arte contemporânea, a Vermelho oferece um espaço de diálogo e provocação para ações e reações na sociedade. Através das propostas dos artistas, a galeria pretende oferecer uma ampla distribuição de arte. A intenção é ativar a produção criativa e as colaborações entre artistas, colecionadores, instituições, outras galerias e o público.

Nelson Leirner em retrospectiva.

A Caixa Cultural São Paulo apresenta a primeira exposição retrospectiva póstuma do artista Nelson Leirner (1932 – 2020). Com curadoria de Agnaldo Farias, a mostra  “Nelson Leirner – Parque de Diversões” reúne 74 obras – algumas delas, realizadas em seus últimos anos de vida -, incluindo esculturas, pinturas, colagens, fotografias e objetos, oferecendo um panorama abrangente da produção multifacetada do artista ao longo de sua carreira.

Nelson Leirner foi um artista provocador, cuja obra buscava desafiar convenções e questionar o sistema da arte e da cultura de massa. Transitando por diversos suportes e linguagens, o artista trouxe uma abordagem irônica e reflexiva à arte, mesclando elementos do popular e do erudito, e abordando questões políticas e sociais com um senso crítico. Sua obra explora temas como a banalização do consumo, a iconografia religiosa, e a própria sacralização do objeto artístico. Nelson Leirner ganhou destaque a partir da década de 1960, sendo uma das figuras centrais no movimento de arte conceitual no Brasil. Sua obra, marcada pela crítica institucional e pela exploração das fronteiras entre arte e vida, permanece relevante e atual, destacando-se pela capacidade de dialogar com diferentes contextos e gerações.

Em trecho do texto curatorial presente no catálogo, Agnaldo Farias explica que “…Nelson Leirner fez sua carreira transgredindo desde o princípio, como artista e como professor, responsável pela formação de toda uma geração de artistas, produzindo arte, apesar dela mesmo, quer dizer, apesar da seriedade com que muitos a encaram, uma seriedade hipócrita, fingida, pois faz de conta que não percebe as incongruências do mundo em que ela está metida”.

A exposição “Nelson Leirner: Parque de Diversões” segue em cartaz até 23 de fevereiro na Caixa Cultural, Praça da Sé, 111, Centro, São Paulo, SP. Você pode visitá-la de terça a domingo, das 09h às 18h. A entrada é gratuita.

Corpos terrestres, corpos celestes.

22/jan

 

Erika Verzutti, Gokula Stoffel, Miguel dos Santos e Pélagie Gbaguidi.

A Galatea e Fortes D’Aloia & Gabriel têm a alegria de colaborar na realização da mostra Corpos terrestres, corpos celestes, que inaugura o programa expositivo de 2025 da Galatea, Rua Chile, 22, Centro, Salvador, BA. Com curadoria de Tomás Toledo, a coletiva propõe uma interlocução entre Miguel dos Santos (1944, Caruaru), representado pela Galatea, e as artistas Erika Verzutti (1971, São Paulo), Gokula Stoffel (1988, Porto Alegre) e Pélagie Gbaguidi (1965, Dakar), representadas pela Fortes D’Aloia & Gabriel. A abertura ocorre no dia 30 de Janeiro.

Ao colocar Miguel dos Santos em diálogo com Verzutti, Stoffel e Gbaguidi, três artistas mulheres de repertórios distintos, a curadoria joga luz sobre a obra do artista de Caruaru radicado em João Pessoa a partir de uma perspectiva contemporânea, criando justaposições entre os seus trabalhos, sobretudo dos anos 1970 e 1980, e a produção recente das artistas convidadas.

A parceria entre as galerias se dá no aniversário de 1 ano da Galatea em Salvador e reforça o seu intuito de fazer da sede na capital baiana um ponto de convergência para intercâmbios e trocas entre artistas, agentes culturais, colecionadores, galerias e o público em geral.

De 31 de Janeiro a 24 de Maio.

A Gentil Carioca. Estamos de volta!

 

We’re back!

Aproveite os últimos dias para visitar as exposições: “O Bastardo: My Black Utopia”, n’A Gentil Carioca, Higienópolis, São Paulo, SP; e, na galeria no Centro do Rio de Janeiro, RJ, a individual de “Kelton Campos Fausto: Ègbé Ọ̀run Ẹgbẹ́ Àiyé” e a mostra coletiva “Geometria Crepuscular”.

A Gentil Carioca | São Paulo

“My Black Utopia”, a primeira exposição individual do artista O Bastardo n’A Gentil Carioca São Paulo, Travessa Dona Paula, 108, Higienópolis, ficará em cartaz até o dia 31 de janeiro. O texto crítico é de Lilia Schwarcz: “Nesta sua nova exposição, chamada My Black Utopia, O Bastardo realiza uma operação de apropriação cultural; mas em sentido inverso. São protagonistas negros que invadem algumas telas, assim chamadas, clássicas, realizando com isso uma espécie de contra apropriação. O Bastardo ganhou renome no cenário das artes por conta da beleza de suas telas, do uso virtuoso das cores, do figurativismo arrojado e da maneira como insere símbolos de alto consumo nas roupas e nas laterais de seus vistosos personagens negros.”

A Gentil Carioca | Rio de Janeiro

“Ègbé ọ̀run Ẹgbẹ́ àiyé”, individual de Kelton Campos Fausto, Rua Gonçalves Lédo, 17, da galeria do Rio de Janeiro, tem texto de apresentação de Matheus Morani: “Em sua obra, a artista vai de encontro à disrupção entre o que é material e imaterial através das relações entre os campos terreno e espiritual segundo a cosmologia iorubá, propondo uma desorientação da razão para nos abrirmos à sensibilidade, ao mistério e ao indizível que nos envolve.”

Já a coletiva “Geometria Crepuscular”, Rua Gonçalves Lédo, 11, sobrado, propõe uma reflexão sobre a geometria na arte contemporânea, explorando uma abordagem que se afasta da rigidez formal e exata para incorporar aspectos mais sutis, sensoriais e subjetivos. Participam da mostra: Agrade Camíz, Aleta Valente, Desali, Dani Cavalier, Mariana Rocha, Mayra Carvalho, Novíssimo Edgar, Panmela Castro, Rose Afefé, Sallisa Rosa, Silia Moan, Siwaju, Vinicius Gerheim, Tainan Cabral, Xadalu Tupã Jekupé, Zé Tepedino.

Ambas as exposições ficam abertas até o dia 01 de fevereiro.

Final de exposição no Instituto Tomie Ohtake.

21/jan

De quantas formas uma exposição se desdobra além de sua presença física e de sua duração? Essas e outras questões serão discutidas no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP, na conversa Escritura-desenho: diálogos com Mira Schendel, que marca o encerramento da exposição Mira Schendel – esperar que a letra se forme.

Os curadores Galciani Neves e Paulo Miyada, juntos à curadora e escritora Carina Bukuts*, conversam sobre as relações de cada pessoa com as obras apresentadas e como estas podem ser rememoradas sensível e intelectualmente. A atividade será realizada no hall do Instituto Tomie Ohtake e contará com *tradução simultânea.

Sábado, dia 01 de fevereiro, ás 11hs, atividade gratuita.

Influências de produções intelectuais e artísticas.

Vozes Negras: legados intelectuais e artísticos para a formação do Brasil, curso oficiado por José Rivair Macedo no Instituto Ling, Bairro Três Figueiras, Porto Alegre, RS.

Em que medida as criações literárias, artísticas e teóricas de personalidades negras oferecem novas contribuições para o entendimento da sociedade brasileira? Em três encontros, o curso se propõe a explorar, de maneira panorâmica, as trajetórias e as influências das produções intelectuais e artísticas de autores negros no Brasil a partir da metade do século XIX. O objetivo é descrever, examinar, interpretar e cotejar o rico e diversificado conjunto de obras escritas, visuais e sonoras, identificando seus temas recorrentes, conceitos estruturantes e a circulação de suas ideias em diferentes contextos históricos e sociais da história brasileira

Sobre o ministrante.

José Rivair Macedo é Doutor em História Social pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo – FFLCH-USP; professor de História da África no curso de História e no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS; coordenador da Rede Multidisciplinar de Estudos Africanos do Instituto Latino-Americano de Estudos Avançados – ILEA; coordenador do Grupo Èkè Edé Yorubá: Estudos de História e Cultura Yorùbá na África, vinculado ao de Estudos Africanos, Afro-brasileiros e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – NEABI-UFRGS.

Diferentes gerações em exibição.

A coletiva “Vestígios” na Central Galeria, Vila Buarque, São Paulo, SP, finalizou a programação de 2024 com artistas de diferentes gerações e diversas regiões do Brasil.

Com ensaio crítico de Renato Menezes, curador da Pinacoteca de São Paulo, a exposição reúne obras dos artistas Aislan Pankararu, Ana Clara Tito, Anna Paes, Antônio Poteiro, Arorá, Cipriano, C.L. Salvaro, Érica Storer, Gabriela Mureb, iah’ra, Jacque Faus, Jonas Arrabal, Letícia Parente, Pedro França e Valentina Tong.

Até 01 de fevereiro.

O livro de Ana Maria Gonçalves.

17/jan

Imagine atravessar a história de resistência negra no Brasil, conduzido pela narrativa poderosa de “Um Defeito de Cor”, livro de Ana Maria Gonçalves. A exposição homônima está em cartaz no Sesc Pinheiros, São Paulo, até 26 de fevereiro, reunindo mais de 370 obras de artistas brasileiros e internacionais. É uma oportunidade de dialogar com temas como escravidão, diáspora africana, ancestralidade e protagonismo feminino, em uma imersão que vai muito além do que está nos livros de história. “Um Defeito de Cor” toma o espaço expositivo do Sesc Pinheiros com desdobramentos que recepcionam visitantes desde o muro da entrada.

Os curadores Amanda Bonan e Marcelo Campos, ambos do MAR (Museu de Arte do Rio), fizeram o convite a Ana Maria Gonçalves para uma construção curatorial conjunta a repensar a trajetória do livro de forma imagética: da produção moderna e contemporânea que tem em seu cerne a cosmogonia africana nasceu esse encontro a partir de produções de 131 artistas – entre 77 vivos e 37 já falecidos, além de 17 convidados a produzir novas obras para a mostra, com nomes como Kwaku Ananse Kintê, Kika Carvalho, Antonio Oloxedê e Goya Lopes. Além dos curadores, fazem parte do processo de criação os artistas Ayrson Heráclito, consultor que assina a expografia ao lado de Aline Arroyo, e Tiganá Santana, curador da paisagem sonora que envolve o ambiente. É importante destacar que, antes da vinda para o Sesc Pinheiros, esta itinerância passou pelo Museu da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), fazendo uma importante triangulação entre instituições e abrangência de públicos do Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

Sobre os curadores

Amanda Bonan é gerente de curadoria do Museu de Arte do Rio – MAR, doutoranda em Artes pela USP, mestre em História e Crítica da Arte pela UERJ (2013) e bacharel em Produção Cultural pela UFF (2006). Foi consultora da UNESCO em projetos internacionais de cultura e coordenadora de programação e produção do festival Europalia Brasil, na Bélgica. Trabalhou no Centro de Artes Visuais da FUNARTE (2010) e na Galeria Laura Marsiaj Arte Contemporânea (2005-2006). Atuou como curadora em diversas exposições de arte e mostras de cinema.

Ana Maria Gonçalves escritora mineira nascida em 1970, formada em Publicidade. Após residir em São Paulo por 13 anos, mudou-se para Itaparica, na Bahia, onde dedicou os cinco anos de residência à literatura. A imersão pela pesquisa à cultura da diáspora africana culmina na escrita de seu primeiro romance “Ao lado e à margem do que sentes por mim”, de 2002, e o aclamado “Um Defeito de Cor”, de 2006.

Marcelo Campos é professor associado do Departamento de Teoria e História da Arte do Instituto de Artes (UERJ) e curador chefe do Museu de Arte do Rio. Foi diretor da Casa França-Brasil (2016-2017) e professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Membro dos conselhos dos Museus Paço Imperial (RJ) e do Museu Bispo do Rosário de Arte Contemporânea (RJ). Doutor em Artes Visuais pelo PPGAV, da Escola de Belas Artes da UFRJ. Possui textos publicados sobre arte brasileira em periódicos, livros e catálogos nacionais e internacionais. Em 2016, lança “Escultura Contemporânea no Brasil: reflexões em dez percursos”, pela Editora Caramurê, um levantamento de mais de 90 artistas da produção moderna e contemporânea brasileira.

Exposição fotográfica de Andréa Brächer.

 

“Ygapó: Floresta encantada de águas”, de Andréa Brächer na CAIXA Cultural São Paulo, tem abertura no dia 25 de janeiro. Sob curadoria de Letícia Lau, a mostra apresenta 14 imagens que exploram a conexão entre a natureza amazônica e a fabulação, forjadas a partir da cianotipia, um processo fotográfico histórico criado em 1842 por Sir John Herschel.

O título da exposição, “Ygapó”, faz referência às áreas da floresta amazônica permanentemente alagadas, mesmo nos períodos de estiagem dos rios. As imagens foram captadas em Alter do Chão (PA), durante uma imersão fotográfica em janeiro de 2022. Inspirada pela “vitalidade e pelos ciclos da natureza”, a narrativa visual de Andréa Brächer evoca tanto o encantamento quanto as urgências ambientais contemporâneas. A utilização da cianotipia, com suas tonalidades azuladas características, alia técnicas analógicas e digitais, conectando práticas históricas às tendências da fotografia contemporânea. As fotografias, ampliadas em papel Canson mate, surgem da digitalização das imagens originais, feitas em papel para aquarela, revelando um diálogo entre o passado e o presente da arte fotográfica.

Para a curadora Letícia Lau, as imagens da série funcionam como um “alerta poderoso” sobre a importância da preservação dos ecossistemas e sobre o impacto humano na natureza. O conceito de fabulação, central na obra da artista, permeia a série, convidando o observador a imaginar narrativas inspiradas no cenário singular do Baixo Amazonas.

Ao longo de sua trajetória, Andréa Brächer tem explorado temas ligados à floresta, à memória e à transitoriedade, desvendando conexões entre o imaginário coletivo e as paisagens que habitamos. Segundo a artista, “a floresta é ora um território do onírico e de seres sobrenaturais, ora um espetáculo de fauna e flora exuberantes que fascina o mundo inteiro”. Esses temas também estão presentes em suas séries anteriores, como “A Vinda das Fadas” (2019) e “Desaparecidos” (2019). A exposição “Ygapó: Floresta encantada de águas” transcende a dimensão estética e aborda questões ambientais urgentes. Estudos apontam que os igapós ocupam cerca de 8% do bioma amazônico e desempenham um papel essencial na regulação dos ciclos hídricos e climáticos. Os trabalhos de Andréa Brächer não apenas denunciam os impactos ambientais, mas também exaltam a magnitude desses ecossistemas, reforçando a necessidade de uma consciência coletiva para sua preservação. Ao final da visita, o espectador é convidado a refletir sobre sua própria relação com a natureza e com o tempo. Cada imagem é um fragmento poético que transita entre o real e o imaginário, uma pausa no fluxo cotidiano para resgatar a conexão com o que há de mais essencial: a contemplação e o cuidado com a vida em todas as suas formas.

Até 02 de março.