Destaque na Ricardo Camargo Galeria.

18/out

A Ricardo Camargo Galeria apresenta a exposição “Alcides: arte naif, art brut, arte espontânea, arte contemporânea, todas inclusive”, do artista baiano Alcides Pereira dos Santos (1932-2007). A mostra reúne 16 obras inéditas da coleção do marchand Roberto Rugiero (1942-2020), adquiridas no início dos anos 2000. As obras abordam temas centrais da produção de Alcides, como a natureza e a espiritualidade, e transitam entre a arte naif e a art brut, posicionando-o como um nome singular na arte contemporânea brasileira.

Nascido em Rui Barbosa, na Bahia, migrou para Mato Grosso, onde se estabeleceu em Rondonópolis. Sua carreira artística ganhou força na década de 1970, quando ingressou no Atelier Livre de Cuiabá, coordenado por Aline Figueiredo e Humberto Espíndola. Sob a orientação de Dalva de Barros, o artista desenvolveu um estilo próprio, utilizando materiais inusitados como fragmentos de vidro e tapetes, aproximando-se da estética da art brut.

Roberto Rugiero, importante defensor da obra de Alcides Pereira dos Santos, destacou a originalidade do artista, observando que sua pintura ultrapassa os limites da arte popular tradicional, com uma abordagem minimalista e contemporânea. Roberto Rugiero ressaltava que sua arte oferece uma visão profunda da cultura e da espiritualidade brasileiras, em diálogo com correntes diversas, como a art brut e a arte espontânea. Em 2007, Alcides Pereira dos Santos participou de sua única exposição individual na Galeria Estação, em São Paulo. Compareceu em cadeira de rodas à abertura, falecendo três dias depois. Sua trajetória, marcada por uma vida simples e distante do mercado convencional, conquistou críticos renomados como Frederico Morais e Aracy Amaral. A parceria entre Ricardo Camargo e Roberto Rugiero, iniciada nos anos 1970, foi fundamental para a promoção de artistas espontâneos no Brasil. Após o falecimento de Roberto Rugiero, sua filha Fedra deu continuidade à seleção das obras de Alcides Pereira dos Santos que compõem esta exposição, consolidando o legado do artista e reafirmando sua relevância no cenário da arte contemporânea nacional.

Duração da exibição: de 22 de outubro a 14 de novembro.

Exposição coletiva no Museu Histórico.

O Museu Histórico da Cidade do Rio de Janeiro, Parque da Cidade, Gávea, apresenta a exposição coletiva “O mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres” com curadoria de Fabricio Faccio. A exposição explora a relação entre Arte e Natureza, propondo uma reflexão sobre as conexões entre o humano e o não-humano, e como as práticas artísticas podem ser usadas para repensar o futuro do planeta. Participam da mostra 36 artistas contemporâneos: Aiyon Chung, Alexandre Pinheiro, Aline Mac Cord, Ana Holck, Ana Miguel, Athos Bulcão, Bernardo Liu, Carlos Zilio, Carolina Kasting, Cela Luz, Diogo Bessa, Duda Moraes, FOGO, Galvão, Jade Marra, Jeane Terra, Jorge Cupim, Lourdes Barreto, Luis Moquenco, Luiz Eduardo Rayol, Luiza Donner, Marcelo Jou, Maria Gabriela Rodrigues, Matheus Mestiço, Matheus Ribs, Mirela Cabral, Nuno Ramos, Paulo Agi, Pedro Varela, Rena Machado, Ruan D’Ornellas, Thales Pomb, Vera Schueler, Vinícius Carvas, Willy Chung e Zilah Garcia. Na abertura, a artista Carolina Kasting fará a performance “Amar-u: corpo-expandido ciborgue”.

A exposição tem o seu título extraído do poema “Tabacaria” de Fernando Pessoa. Através de uma seleção cuidadosa de obras entre desenhos, esculturas, pinturas, instalação, performance e objetos, a exposição instiga o público a repensar suas relações com o ambiente, ressaltando a arte como uma ferramenta poderosa para imaginar novas possibilidades e caminhos para um futuro mais sustentável e harmonioso.

Até 05 de janeiro de 2025.

Mulheres na Arquitetura.

Lina Bo Bardi, Norma Merrick Sklarek, Zaha Hadid. Entre nomes mais conhecidos e outros menos populares, no curso Mulheres na Arquitetura, no Instituto Ling, Porto Alegre, RS, será apresentado o trabalho de diferentes profissionais da área, no contexto contemporâneo, a produção de mulheres cujas trajetórias demonstram o forte protagonismo e força criativa, embora por vezes não tenham recebido a devida visibilidade e importância. O curso oferece espaço para a reflexão em torno do gênero no fazer arquitetônico, como fonte de inspiração, olhar apurado e exemplos de realização.

Agenda do Curso:

22/10 Do Fazer ao Ser: Ray Eames, Lina Bo Bardi e Norma Merrick Sklarek

29/10 Do ser ao parecer: Zaha Hadid, Charlotte Perriand e Farshid Moussavi

Sobre a Ministrante

Clarice Castro Debiagi é arquiteta e urbanista com 30 anos de experiência, atuando no Brasil e no Uruguai, tanto no setor de projetos públicos como privados. Sua empresa, Clarice Debiagi Arquitetura e Urbanismo, desenvolve projetos em diversas áreas. É especialista em Design Estratégico pela Unisinos/ Conzórcio Politecnico di Milano e mestre em Design pela UFRGS. Foi Coordenadora do Design Center da Escola de Design da Unisinos até 2007/2009 e lecionou no ateliê de projetos da instituição até 2013. Na representação institucional, Clarice Castro Debiagi foi presidente da Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura (AsBEA-RS) durante a gestão 2012-2014 e vice-presidente da ASBEA BR na gestão 2015-2017. Conselheira Federal do CAU/BR no período 2021-2023.

Arquitetura: Modos de pensar

A arquitetura transforma e é também transformada. Como todo fazer, é influenciada pelo contexto do seu tempo. Para refletir sobre o horizonte da Arquitetura na perspectiva do mundo contemporâneo, foi organizada uma programação especial para arquitetos e público geral interessados por esse universo. Organizada em três momentos diferentes sobre cidades, história, memória e sustentabilidade, oferecendo novas perspectivas sobre formas de viver, conviver e morar.

Formas e cores de Mucki Botkay.

A Galatea tem o prazer de anunciar a exposição Mucki Botkay: janelas imaginárias, com abertura no dia 17 de outubro, quinta-feira, das 18h às 21h, em Salvador.

A artista carioca Mucki Botkay apresenta pela primeira vez as suas pinturas com miçangas em uma grande exposição individual. Inspirada pela exuberância das paisagens naturais do litoral do Rio de Janeiro e da Bahia, Mucki cria peças que aguçam não só a visão, mas também o tato, pelo movimento e textura alcançados através dos bordados com as contas de vidro. Em uma espécie de zoom in, a artista vai ao detalhe da paisagem, depurando-a até de repente tornar o real abstrato. Essa decomposição da natureza em formas e cores é um convite à contemplação e à imaginação de um universo vivo e abundante. Por isso as obras de Mucki são como janelas imaginárias, título da sua individual apresentada pela Galatea.

A exposição conta com texto crítico assinado pelo curador Leonel Kaz, que tem acompanhado a produção da artista nos últimos anos. Ele diz: “Há anos, visitei no Centre Pompidou, em Paris, uma exposição de Ghada Amer, artista egípcia renomada que foi uma das pioneiras da arte contemporânea com bordados, fibras tingidas, incrustações têxteis. Era uma pintura e não era. Era uma escultura na parede e não era. Era, apenas, o que deveria ser: um bordado que superava o artesanato contido em si mesmo e ganhava foros de grande arte. O mesmo ocorre no caso de Mucki. Há décadas, ela se debruça sobre panos. Nos panos, criou cores. Sobre as cores, refez caminhos, trajetórias, pontos e pespontos. Agora, com miçangas, cria uma forma nova, singular. Afinal, a função do artista não é a de criar algo fora do banal para acrescentar ao mundo o que ainda não foi visto? É o que ela consegue fazer com as telas bordadas, em que os fios invisíveis sustentam miçangas que fazem brotar uma paleta de cores diante de nossos olhos. A obra de Mucki reverbera o que a mata tem a dizer.”

Até 16 de janeiro de 2025.

Rob Wynne pela primeira vez no Brasil.

16/out

A Luciana Brito Galeria, Jardim Europa, São Paulo, SP,  apresenta até 09 de novembro “Always Sometimes” (sempre às vezes), a primeira exposição do artista visual Rob Wynne no Brasil. Conhecido mundialmente por sua pesquisa que combina a complexidade da semântica com a maleabilidade do vidro, o artista norte-americano traz para o Brasil um conjunto de 14 obras inéditas, que demonstram, sobretudo, a essência poética de sua obra, construída ao longo de mais de 50 anos de carreira. A mostra conta com a colaboração do consultor de arte e fundador da Kreëmart, Raphael Castoriano

Principal componente de “Always Sometimes”, o vidro tem sido utilizado por Rob Wynne como um fio condutor para explorar as facetas da linguagem e da abstração. Ao longo dos anos trabalhando com esse material, o artista foi adentrando caminhos mais livres e espontâneos, possibilitando cada vez mais quebrar as regras e tradições que envolvem produção em vidro. Para o artista, esses processos são os grandes protagonistas, já que organicamente ditam a direção das formas, sejam elas abstratas ou não. Como em alguns trabalhos da exposição, as obras “Phantom” (2024), “DayDream” (2023) e “Outlook”(2023) demonstram como as gotas de vidro derramado tomam forma, para então serem combinadas no espaço em sedutoras e cintilantes explosões cósmicas.

Itinerância em Fortaleza.

15/out

Pela terceira vez, a Fundação Bienal de São Paulo leva sua itinerância para Fortaleza, em parceria com o Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura e do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, equipamento gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM). Até o dia 10 de novembro, o Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE), localizado no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, recebe a seleção de catorze participantes da 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível, com curadoria de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel.

Segundo a superintendente do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, Helena Barbosa, receber uma itinerância da Bienal de São Paulo, mais uma vez, reforça a importância e a qualidade do Museu de Arte Contemporânea no circuito das artes visuais.

A itinerância

Entre os artistas que desembarcam na capital cearense estão Denilson Baniwa, um dos curadores da exposição Ka’a Pûera: nós somos pássaros que andam, atual representação brasileira na Bienal de Veneza; Deborah Anzinger, cujo trabalho transita entre a linguagem e a materialidade como sujeito e objeto; e Nontsikelelo Mutiti, responsável pela concepção da identidade visual da 35ª Bienal de São Paulo – coreografias do impossível. O coletivo MAHKU (Movimento dos Artistas Huni Kuin) apresenta uma tradução visual dos cantos sagrados Huni Meka, reverberando o ativismo cultural e a preservação das terras dos povos originários. Já Gabriel Gentil Tukano, falecido em 2006, é homenageado com obras que perpetuam a cosmogonia Tukano e a sacralidade do território ancestral. A mostra também inclui o trabalho de Katherine Dunham, pioneira da dança moderna que integra tradições africanas e caribenhas, e o filme SHAKEDOWN (2018) de Leilah Weinraub, que documenta a vida e a cultura de um clube de strip-tease lésbico em Los Angeles. Maya Deren, um dos grandes nomes do cinema experimental, também marca presença com o filme Meditation on Violence (Meditação sobre a violência) (1948), que explora a dança e a temporalidade. Outros artistas como Nadir Bouhmouch e Soumeya Ait Ahmed e Nikau Hindin trazem para a mostra trabalhos que dialogam com a especificidade de suas culturas e tradições, oferecendo perspectivas críticas sobre colonialismo, diáspora e identidade.

Participantes

Cozinha Ocupação 9 de Julho – MSTC, Deborah Anzinger, Denilson Baniwa, Gabriel Gentil Tukano, Katherine Dunham, Leilah Weinraub, MAHKU, Maya Deren, Melchor María Mercado, Nadir Bouhmouch e Soumeya Ait Ahmed, Nikau Hindin, Nontsikelelo Mutiti, Rosa Gauditano, Simone Leigh e Madeleine Hunt-Ehrlich.

Cosme Martins apresenta pequenos formatos.

A exposição “Traços e Cores” chega ao Capitu Café, local onde viveu Machado de Assis no Bairro do Cosme Velho, Rio de Janeiro, RJ. O artista plástico Cosme Martins apresenta 25 obras de sua mais recente produção em pequenos formatos que inaugura no dia 19 de outubro, no Espaço Alienista. As novas composições de traços e cores são apresentadas ao público como um desafio  do artista, acostumado a trabalhar em grandes formatos, inovar e trazer para a exposição em suportes bem menores do que os de costume, sob a curadoria de Renata Costa.

A longa trajetória do artista pelas artes visuais denota a necessidade de constante recriação da própria obra. A passagem pelas várias fases da carreira alimenta a necessidade de investigação do novo, tendo iniciado pelas imagens figurativas, pela representação da azulejaria maranhense, bem como da fase marcante das “Favelas”. O artista constantemente busca novas técnicas e materiais que esteticamente contribuem para a construção de obras que aguçam a curiosidade do espectador em relação ao processo de criação. A linguagem artística tem início na pintura e o desenvolvimento do processo criativo percorre o caminho da escultura no plano vertical das superfícies de paredes e agora é apresentada em pequenos formatos.

A inquietude produtiva e a liberdade criativa levam ao desenvolvimento do abstracionismo do artista, trazendo à tona a ideia de Marcel Duchamp de que “…o espectador faz o quadro”, deixando claro que o apreciador da obra vê com os próprios olhos e não pelas intenções de seu autor, dando assim à obra uma diversidade de interpretações.

A exposição permanecerá em cartaz até o dia 30 de outubro.

Flavio-Shiró na Pinakotheke Cultural.

14/out

A Pinakotheke Cultural, no Rio de Janeiro, abrirá para o público no dia 21 de outubro a exposição “Flavio-Shiró, 96 anos, presente”, que celebra a trajetória do grande artista nipo-brasileiro Flavio-Shiró nascido no Japão em 1928, e que veio aos quatro anos de idade com a família para o Pará. Em celebração ao grande artista nipo-brasileiro, nascido em Sapporo, na ilha de Hokkaido, no Japão, e que se divide entre Paris e Rio de Janeiro, a mostra, com curadoria de Max Perlingeiro, traz um raro conjunto de suas pinturas seminais, desde a década de 1940, revelando suas experimentações que optavam pelo expressionismo, e o pioneirismo, no início dos anos 1960, na pintura abstrata “…dedicada ao informe, ou seja, ao rastro gestual dificilmente reconhecível ou categorizável”, como observa Paulo Miyada, diretor artístico do Instituto Tomie Ohtake.  Em outras salas da exposição, estão aproximadamente 50 obras inéditas do artista, produzidas em 2022 e 2023, em aquarela ou nanquim sobre papel. Uma sala será dedicada ao Shiró fotógrafo, com fotografias feitas ao longo de sua vida, fato inédito em suas mostras. O público verá ainda cadernos com aquarelas, criadas entre 2020 e 2022, durante a pandemia. Flavio-Shiró estará no Rio, para acompanhar a montagem da exposição que permanecerá em cartaz até o dia 30 de novembro.

A exposição apresenta um total de aproximadamente 70 obras, desde as pinturas seminais do artista, ainda nos anos 1940, passando pelos anos 1950 e 1960, em que Flavio-Shiró se torna um mestre, fazendo “…emergir evocações e reminiscências de ambiências e seres”, como destaca Paulo Miyada, no texto crítico que acompanha a exposição. “Ele buscou maneiras de enfatizar as possibilidades evocativas do gesto que manipula, intempestivo, a viscosidade da tinta a óleo”, afirma. “Quanto à linguagem, essa busca refeita a cada vez tornou-se uma das molas propulsoras de sua produção ao longo de mais de seis décadas”, assinalou Paulo Miyada.

Flavio-Shiró trabalha continuamente, e no Salão central da Pinakotheke Cultural estarão 45 obras em papel, em aquarela ou nanquim, feitas em 2023 e 2024.  Seu imenso universo intelectual, adquirido por anos de interesse pela literatura, cinema e música, era ativado pela percepção de algo a sua volta, às vezes banal, uma cena de TV, e se transformava em impulso de trabalho. Destacam-se também as quatro aquarelas que fez em caixas de bombons, entre elas “Rear Window – Alfred Hitchcock”, e os 14 desenhos em nanquim, de 2023, nos quais o artista parece refletir sobre seu tempo e sua existência mais íntima.

Na última sala da exposição, será projetado o filme “Origens, Sonhos, Pesadelos, O ateliê e Pintando” (2018), com roteiro e direção de Margaux Fitoussi e Adam Tanaka, neto do artista. A exposição será acompanhada de um catálogo, com textos de Paulo Miyada e Max Perlingeiro, com 80 páginas e formato de 20 x 25 cm. O público verá fotografias feitas pelo artista e ainda cadernos com aquarelas realizadas entre 2020 e 2022, durante a pandemia de Covid-19.

Ana Holck exibe Ensaios lineares.

 

A Pinakotheke Cultural, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, abrirá a exposição “Ana Holck – Ensaios lineares”, com aproximadamente 20 trabalhos de Ana Holck (1977), que desde 2003 está presente no circuito de arte, no Brasil e no exterior. Com curadoria de Francesco Perrotta-Bosch, a mostra panorâmica percorre a produção artística de Ana Holck de 2006 até o momento, que inclui quatro trabalhos criados em 2024, nos quais, ela que é arquiteta formada pela UFRJ, subverte cânones da Histórica da Arquitetura, em trabalhos poéticos. A mostra permanecerá em cartaz até 30 de novembro.

Francesco Perrotta-Bosch destaca que Ana Holck em vários trabalhos “…desestabiliza a harmonia entre as partes tão almejada desde a Era Clássica até a Modernidade na Arquitetura”. O curador salienta que “Entrocados: canto VI” (2024), “perturba os fundamentos da arquitetura”. “Quando Ana Holck decide pelo encontro de duas paredes, ela ocupa uma posição por milênios preenchida pelas pilastras, as quais, segundo o vocabulário arquitetônico clássico, são encimadas por capitéis. Tais formas não são adornos, mas advêm de séculos de aprimoramento geométrico dos helênicos para o encontro das proporções áureas de decrescimento do raio do círculo, objetivando uma espiral mais perfeita do que a encontrada em um caracol na natureza. Um tanto empiricamente, ou talvez pelo subconsciente, Holck desmesura esse modelo geométrico”, observa. “O cânone arquitetônico de busca do perfeito equilíbrio da forma é rechaçado na sua combinação de porcelana e aço inox”.

As obras de Ana Holck estão em coleções públicas como Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro/Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), Museu de Arte Moderna de São Paulo, Instituto Itaú Cultural, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Ministério das Relações Exteriores, Brasília, Museu de Arte Contemporânea de Niterói e Fundação Edson Queiroz, Fortaleza.

Andrea Antonon no Memorial Getúlio Vargas.

O Centro Cultural Memorial Getúlio Vargas, Glória, Rio de Janeiro, RJ, anuncia a abertura da exposição “Costuras do Tempo”, exibição individual de Andrea Antonon, apresentando um conjunto de cerca de 40 obras, entre pinturas em grande escala, colagens, desenhos e costuras sobre papel. Andrea Antonon convida o público a refletir sobre questões como a exploração do planeta, a presença humana no mundo e os embates entre corpo e espírito. A mostra, que tem curadoria de Shannon Botelho, fica em cartaz até 24 de novembro, com entrada gratuita.

Tramas de Tempo e Matéria

A exposição se divide em três grupos, onde cada conjunto de obras propõe uma nova camada de significados, onde técnica e conceito se entrelaçam em uma tessitura poética e visual. No primeiro grupo, intitulado “Cosmos”, a artista apresenta sete trabalhos entre 30 x30 cm e 48 x 46 cm, utilizando a técnica da encáustica sobre madeira. Nele, Andrea traz uma reflexão sobre o universo e os questionamentos filosóficos de Immanuel Kant sobre o futuro da humanidade diante da exploração desmedida dos recursos naturais. O segundo grupo revisita a produção de papéis artesanais da artista. São cerca de 22 trabalhos com intervenções que mesclam colagem, desenho, costura e pintura, trazendo símbolos e embates subjetivos entre o homem e o mundo.

“Costuras do Tempo é uma possibilidade de dialogarmos com as nossas certezas, sonhos e receios, pois, entre a escuridão – presentificada no betume que escurece o papel – e a claridade – da figura e das linhas douradas que costuram os motivos circulares – reside a possibilidade de reinventarmos o agora (…), reatar nossas consciências ao movimento exíguo da vida, considerando o papel que queremos desempenhar no mundo, é o que nos oferta Andrea Antonon nesta experiência de interação com o mundo”, define Shannon Botelho.

Sobre a artista

Andrea Antonon nasceu em 1959 no Rio de Janeiro, RJ, cidade onde vive e trabalha. É graduada em Artes Visuais pela Universidade de Artes Mackenzie, São Paulo, 1980. Durante os anos de 1976 a 1978, frequentou o ateliê de Dudi Maia Rosa em São Paulo, aprimorando suas habilidades artísticas. Entre 1981 a 1988, Andrea Antonon dedicou-se à pesquisa da manufatura de papéis utilizando fibras naturais e pigmentos de óxido de ferro da região de Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso. Posteriormente, de 1991 a 1996, completou seus estudos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, onde teve a oportunidade de aprender com renomados artistas e professores, como Anna Bella Geiger, Fernando Cocchiarele, Suzana Queiroga, Katie Schepenberg, entre outros. Ao longo de sua carreira, Andrea Antonon participou de diversas exposições coletivas e individuais no Brasil e no exterior, incluindo a cidade de Nova York. Desde 2021, faz parte do COLETIVO 21.

Sobre o Centro Cultural Memorial Getúlio Vargas

O Centro Cultural Memorial Getúlio Vargas é um espaço dedicado à promoção das artes e da cultura na cidade do Rio de Janeiro, proporcionando ao público acesso a exposições, eventos e atividades culturais que enriquecem a experiência artística e intelectual da comunidade.