Aula inaugural: 27 de maio, das 18h30 às 20h30 – Período: 3, 10, 17 e 24 de junho e 1 e 8 de julho de 2015, das 18h30 às 20h30
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, realiza, de 27 de maio a 8 de julho de 2015, o curso “Amor: do Banquete ao Museu”, organizado pelo psicanalista Guilherme Gutman e pelos curadores Luiz Camillo Osorio e Marta Mestre que abordará o amor, através da arte e da psicanálise. O curso será realizado sempre às quartas-feiras, das 18h30 às 20h30, na Cinemateca do MAM Rio.
A aula inaugural, no dia 27 de maio, será gratuita, ministrada pelo psicanalista Guilherme Gutman com o tema “De volta ao Banquete”, onde serão apresentadas as principais ideias do diálogo platônico, já numa perspectiva da psicanálise. O custo total do curso, com sete aulas, é de R$150, ou R$50 cada aula avulsa. Inscrições pelo email: atendimento@mamrio.org.br.
Desde “O Banquete” de Platão – o ponto mais alto do cânone literário sobre o amor no Ocidente e verdadeira matriz de discursos e de formas de relacionamentos amorosos – até a música “All you need is Love”, dos Beatles, espécie de representação imaginária daquelas que seriam, então, as potencialidades ultra-humanas do amor, o leque de abordagens é extenso. Aqui o tema Amor é tomado junto com os seus correlatos, tais como a paixão ou o encantamento, movimentos que, ainda que admitamos como nossos, não estão definitivamente sob a nossa gerência.
Com Freud, aprendemos a reconhecer como dor psíquica a incapacidade (latu senso) de trabalhar ou de amar. Aprendemos ainda que a promessa será sempre a de que algo ou alguém nos proporcione interminavelmente a conjugação entre as formas sublimada e erotizadas de amor. Luta inglória e, eventualmente patética. Tal como personagens de uma ópera bufa, insistimos onde o que na verdade insiste são os rigores do automatismo do simbólico. Aí, talvez, uma obra – efeito ou página de todo um percurso de trabalho – possa exceder outros encontros. Do cinema à literatura e à filosofia, da psicanálise à pratica de artistas contemporâneos, várias são as portas de entrada no amor.
PROGRAMAÇÃO:
QUARTAS-FEIRAS | 18h30 às 20h30
Dia 27 de maio de 2015 – Aula inaugural – gratuita
Guilherme Gutman | De volta ao Banquete
Apresentação do contexto e das principais ideias do diálogo platônico, já numa perspectiva da psicanálise. A partir disso, procuraremos localizar em que medida “O Banquete” é simultaneamente matriz e depositário das formas de amor no Ocidente.
Dia 3 de junho de 2015
Marcela Oliveira | A cinta de Afrodite
Antes do Banquete de Platão, Homero já nos havia legado, em seu grande banquete poético, uma visão nada romântica do amor (distinguindo-se da moderna) e desatrelada da verdade (distinguindo-se da platônica). Na Ilíada, o amor é assunto de Afrodite, “urdidora de enganos”. Graças aos poderes contidos na cinta de Afrodite, Hera é capaz de iludir Zeus, que diz nunca ter sentido tanto desejo, e Helena se unira a Páris, dando origem à sangrenta Guerra de Tróia.
Dia 10 de junho de 2015
Cristina Franco Ferraz | Do amor fusional ao risco dos encontros: perspectivas críticas
A partir da crítica nietzschiana ao amor fusional, de matriz romântica, tematizaremos o caráter crescentemente problemático do vínculo amoroso em regimes de vida pautados por valores ligados ao empreendedorismo, pela ideologia securitária e pela crise da confiabilidade no outro e no mundo. Exploraremos, a seguir, uma performance de Marina Abramovic em que a disponibilidade perceptiva, sensorial, e a abertura ao outro se fazem amorosamente obra.
Dia 17 de junho de 2015
Pedro Duarte | O amor romântico
O Romantismo não foi só um movimento estético. Foi uma erótica, um modo de sentir, de se enamorar, de viver e de morrer. Sobretudo, foi um modo de amar. Literatura e arte abriram historicamente uma forma moderna de amar baseada na liberdade individual, ao mesmo tempo que lamentaram a perda do amor antigo, ligado a deuses, como aparecia em Platão. Esta palestra, transitando entre arte e filosofia, apresentará o ideal romântico de amor, deixando a questão sobre o que dele ainda resta hoje.
Dia 24 de junho de 2015
Tadeu Capistrano | Imagens do amor em pânico
“Dance Me to The End of Love”.A utilização da melancólica música de Leonard Cohen na abertura de Miss Violence, recente filme de Alexandro Avranas, embala o frio aniversário de uma menina de onze anos, Angélica, que após uma “troca de olhares” com o espectador, joga-se da janela de seu prédio finalizando a comemoração. A partir de uma análise sobre o destino sombrio que este filme grego sugere para o amor, o objetivo desta apresentação é problematizar as imagens dos crimes que envolvem laços afetivos e explorar as relações entre cinismo, crueldade e frieza presentes nas discussões atuais em torno à “moral do espectador”.
Dia 1 de julho de 2015
Auterives Maciel | A experiência do amor na filosofia materialista de Spinoza
Mostrando a sua singularidade pelo esclarecimento dos principais aspectos do seu sistema ético.Trabalharei o desejo, a distinção entre ética e moral, a potência do corpo e a relação deste com o pensamento, com o propósito de analisar as nuances existentes entre esta ética e a concepção de amor que dela emergirá.
Dia 8 de julho de 2015
Laura Erber | Envio e extravio: infinito, urgência e impossível na correspondência
Na tentativa de atingir uma época, um objeto de amor ou de simplesmente deixar um rastro de si mesmo, todo envio comporta sempre um risco de extravio que lhe é constituinte.Toda correspondência lida com a perda de sentido, a falta de resposta e a ausência daquele a quem se destina. Se toda carta de amor é ridícula e se toda carta é sempre, em alguma medida, uma carta de amor, o abismo aberto pelo gesto de endereçamento põe em cena ritmos de espera que vão da urgência a certa experiência de suspensão temporal, de contato mórbido com o infinito. Kafka enviava várias cartas diárias a Felice e sonhava com uma máquina de telegramas instantâneos. Anna Akhmátova escreveu cartas com perguntas para Rilke depois de sua morte. On Kawara escreveu telegramas diários para testemunhar sua existência. Ghérasim Luca escreveu cartas a um destinatário desconhecido movidas pelo anonimato do remetente. Alejandra Pizarnik escreveu poemas que eram missivas de suicídio. A palestra discute diferentes modos de correspondência através de exemplos retirados da literatura e da arte moderna e contemporânea. Abordará também a experiência da exposição Musa sem cabeça, uma fábula do contemporâneo (MAM-Rio 2013) que consistia no envio de telegramas ao Senhor MAM.
Sobre os professores
Guilherme Gutman é médico psiquiatra e psicanalista, professor de psicologia da PUC-Rio, mestre e doutor em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da Uerj, crítico de arte.
Laura Erber é escritora, artista visual e crítica. Autora de Ghérasim Luca (2012) e Esquilos de Pavlov (2013). Professora adjunta do departamento de Estética e Teoria do Teatro Unirio e do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da mesma univerisdade. Integra o Núcleo de investigações em teatro e outras artes.
Marcela Oliveira é professora do Departamento de Filosofia da PUC-Rio, onde se formou doutora e mestre, atuando na graduação e na pós-graduação com especialização em Arte e Filosofia. Desenvolve estudos em filosofia contemporânea, estética e teoria do teatro.
Maria Cristina Franco Ferraz é professora titular de Teoria da Comunicação da UFRJ, e doutora em Filosofia pela Universidade de Paris I – Sorbonne (1992), publicou, entre outros, Nietzsche, o bufão dos deuses (1994), Platão: as artimanhas do fingimento (1999), Homo deletabilis – corpo, percepção, esquecimento: do século XIX ao XXI (2010) e Ruminações: cultura letrada e dispersão hiperconectada.
Pedro Duarte é doutor e Mestre em Filosofia pela PUC-Rio, onde atualmente é Professor na Graduação, na Pós-Graduação e na Especialização em Arte e Filosofia. Foi Professor Visitante nas universidades Brown (EUA) e Södertörns (Suécia). É autor dos livros “Estio do tempo: Romantismo e estética moderna” (Zahar) e “A palavra modernista: vanguarda e manifesto” (Casa da Palavra).
Tadeu Capistrano é professor de Teoria da Imagem na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Realizou tese de doutorado sobre cinema, tecnologia e percepção pela Uerj, pesquisou na Universidade de Columbia, em Nova York, onde foi Visiting Scholar. Auterives Maciel mestre em Filosofia e doutor em Psiquiatria, Psicanálise e Saúde Mental ambos pela UFRJ.