Museu do Homem do Nordeste

17/jan

 

O MAR, Museu de Arte do Rio, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta “O Museu do Homem do Nordeste (MHN)”, um museu de relações. Evitando as identidades acomodadas no imaginário, tem atuado com base numa aproximação contínua com os territórios de relações – bem como relações territoriais – que têm constituído esses homens nordestinos, ou esse Nordeste de homens. Relações que, como forças que se dão nos espaços do entre (entre pessoas, entre posições, entre tempos históricos), estão sempre em transformação.

 
Nesse sentido, o próprio museu entende-se como conjunto de relações capaz de se reinventar à medida que se transformam seus hobjetos (homem e objeto) de estudo. Se, no passado, o foco da instituição esteve no Nordeste rural, hoje, a ênfase no campo, no sertão ou nos engenhos ampliou-se também para as cidades, ou seja, para a rurbanidade: a insistência (ou o esquecimento) do rural no tecido urbano, como no núcleo do museu que se dedica à questão das carroças, ou da fome.

 
Mais adiante, o conceito de rurbanidade (criado por Gilberto Freyre) aplica-se também a outros núcleos do MHN por sua capacidade de articular, numa só ideia, aspectos por vezes contraditórios. Assim é que este museu aborda temas fundamentais da vida dos homens do Nordeste – trabalho, classe, educação, sexualidade, economia, arte – com a consciência dos antagonismos que são próprios dessa região, sua história e sua atualidade.

 
O Museu do Homem do Nordeste instaura um convite à aproximação do outro – nesse caso, do público do Rio de Janeiro que, por meio do Museu de Arte do Rio, tem a oportunidade de conhecer o MHN – ao universo do homem nordestino, este homem que historicamente construiu relações diversas com todos os tipos de homem deste país. Pois não só o hobjeto deste museu, o homem do Nordeste, é de todos nós, como este museu também é seu.

 

 

 

Até 22 de março.

Na Sergio Gonçalves: “Quem viver, Verão!”

14/jan

Sergio Gonçalves Galeria, Rua do Rosário, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a segunda edição da coletiva “Quem viver, Verão!”. A exposição, que abriu o calendário da galeria em 2014 com grande sucesso, agora está de volta para sacudir o centro carioca, uma homenagem a estação que tem a cara do Rio.

 

Para essa segunda edição, que tem o codinome de Verão dos 42, referente Rio 42 graus e aos 42 artistas que participam da mostra, a galeria convidou 21 profissionais para criarem uma obra em qualquer suporte. Cada um deles tinha o objetivo de convidar um outro artista, numa curadoria conjunta entre galeria e artistas convidados, abrindo mais o leque de possibilidades e de alcance da exposição.

 

Entre os artistas da mostra, alguns nomes que pela primeira vez expõem na Sergio Gonçalves Galeria, como Alberto Saraiva, Alejandro Lloret, Analu Prestes, Edmilson Nunes, John Nicholson, Jorge Fonseca, Monica Barki e Suzana Queiroga, além de artistas representados pela galeria e convidados como Andréa Facchini, Eduardo Ventura, Clarisse Tarran, EneGoes, Guilherme Secchin, Jorge Duarte, Leonardo Ramadinha, Marcio Zardo, Raimundo Rodriguez e Roberto Tavares.

 

 

 

De 17 de janeiro a 27 de fevereiro.

Arte cerâmica

13/jan

A ceramista Kimi Nii ganhou uma exposição retrospectiva de sua obra no Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro. São mais de 100 obras, entre novos trabalhos e destaques das criações da artista desde a década de 1980. A mostra “Kimi Nii – nas nuvens”, ocupa todo um andar do espaço cultural.

 
Sobre a artista

 
Kimi Nii nasceu em 1947, na cidade de Hiroshima, dois anos depois do lançamento da bomba atômica no local. Ela é filha de pai japonês e mãe brasileira de descendência nipônica. Veio para o Brasil com 9 anos e viveu em São Paulo, onde fez sua formação artística e iniciou-se na cerâmica, em 1978. Atualmente, Kimi Nii é uma referência internacional na escultura em cerâmica, pelo seu domínio das técnicas da cerâmica e a simplicidade nas formas das peças criadas.

 
Até 22 de fevereiro.

Vijai Patchineelam e Carlos Zilio: diálogo no MAM-Rio

 

 

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Resistir ao passado, ignorar o futuro e a incapacidade de conter o presente”, com obras inéditas do artista Vijai Patchineelam, com curadoria de Luiz Camillo Osorio e Marta Mestre. Completam a mostra três trabalhos do artista Carlos Zílio, da série “Equilíbrio”, de 1977, em madeira e metal, pertencentes à coleção do MAM Rio, que dialogam com as obras de Vijai Patchineelam.

 

 

A exposição terá o vídeo “Resistir ao passado, ignorar o futuro e a incapacidade de conter o presente”, que dá nome à exposição, além de fotolivros e cartazes, que formam uma única instalação, onde Vijai Patchineelam testemunha modos de apreensão da realidade. Formado em Belas Artes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, o artista fez mestrado na KonstfackUniversityCollege de Estocolmo, na Suécia, e foi lá que fez as imagens do filme que estará na exposição. Ele filmou as marchas e os protestos, as vozes clamando, os ativistas ilegais, os corpos sociais, os carros entediantes, a indisciplina do movimento, as autoestradas do norte, a tentativa continuada da criação de igualdade, muitos jovens na paisagem, a inércia europeia, etc. “Não há denúncia, testemunho ou ilustração de qualquer ideia narrativa. O político procura se fazer presente na montagem cinematográfica”, dizem os curadores.

 

 
“A exposição-instalação de Vijai Patchineelam tem a capacidade de funcionar como uma poderosa “caixa de ressonância” diante da perplexidade de um tempo suspenso entre o que já foi e o que ainda não é. Como articular gestos individuais ou coletivos, artísticos ou sociais, produzidos na montagem de um filme ou ocorridos na tomada das ruas com necessidades muito urgentes que parecem inatingíveis por nossas (boas) intenções? Esse conjunto de ‘coisas’, ou seja, de imagens em movimento e de objetos dispostos no espaço de uma determinada maneira são perguntas sobre um possível deslocamento na história”, afirmam os curadores.

 

 
A exposição será complementada por três trabalhos de Carlos Zilio, “uma espécie de ‘roteiro’ que estrutura o vídeo de acordo com as três variações de equilíbrio por corte presente na instalação”, conta Vijai Patchineelam. “E é também uma conversa entre Vijai e Zilio sobre arte. Uma homenagem que os que vêm depois fazem aos que já cá estavam. Talvez a arte seja isso mesmo, um diálogo contínuo em tempos distintos, sobre as mesmas questões”, ressaltam os curadores.

 

 
Sobre o nome da exposição, os curadores afirmam: “Um título em três atos, sem progressão nem redenção, três situações, apenas três. E ainda assim vemos sendo engendrado um pensamento que polariza dois tipos de tensão social e política; por um lado, a energia difusa do protesto, e por outro, a procura por medidas concretas”.

 

 

 

Filmes na Cinemateca do MAM Rio

 

 
No dia 21 de janeiro, às 18h30, serão exibidos dois filmes do artista na Cinemateca do MAM Rio: “Trocas Bruscas” (2012), que põe em movimento uma sucessão de imagens de natureza estáticas, porém “distendidas”, e de objetos na sua maioria industriais, que foi filmado em Jardim Canadá, Minas Gerais, área radicalmente industrializada na última década pela indústria de mineração, e Parte 2 (2014), que, ao contrario de “Trocas Bruscas”, opta por uma visão externa e noturna do bairro Jardim Canadá. Seguindo um grupo de cães de rua, “Parte 2” procura retratar a paisagem imediata explorando os terrenos baldios e as ruas do bairro. Os filmes serão musicados ao vivo pela Banda DEDO e pelo artista e músico Pontogor.

 

 
Sobre o artista

 

 
Vijai Patchineelam nasceu em 1983, em Niterói, RJ, Brasil. Formado em Belas Artes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, possui mestrado em Belas Artes na KonstfackUniversityCollege de Estocolmo, na Suécia. No início deste ano, concluiu um projeto de pesquisa de um ano na Jan van Eyck Academie em Maastricht, na Holanda. Patchineelam trabalha principalmente com vídeo, fotografia e livros. Dentre suas exposições mais recentes estão a participação do 18º Festival Videobrasil, e as mostras na IgnacioLiprandiGallery, em Buenos Aires, Argentina, e na SevenArtGallery, em Nova Delhi, Índia.

 

 

 

De 14 de janeiro a 1º de março.

 

Paço Imperial exibe Amélia Toledo

08/jan

O Paço Imperial, Centro, Praça XV, Rio de Janeiro, RJ, exibe a exposição “Forma fluida”, primeira grande mostra panorâmica dedicada à obra de Amelia Toledo na cidade. A exposição reúne cerca de 60 obras – entre objetos, esculturas, pinturas e obras interativas – da artista paulista que, aos 89 anos, continua em atividade e é considerada um dos principais nomes da arte contemporânea brasileira. Para comemorar seus 65 anos de atividade artística, os curadores Daniela Name e Marcus de Lontra Costa selecionaram trabalhos da década de 1950 até os dias atuais. Também será realizado um programa de arte educação e produzidos um livro-catálogo e uma série de pequenos documentários sobre a artista.

 

 

 

“O trabalho de Amélia Toledo é a entrega absoluta à pesquisa do material. Sua obra nos apresenta um fluxo que tende sempre ao infinito, um movimento que não cessa. É como se nos dissesse que a única coisa permanente é a transformação. Entre os destaques da mostra está A onda – A piscina refrescante pode ser um abismo, de 1969. É um cilindro de plástico maleável que contém água e óleos coloridos em seu interior. O movimento entre o azul e o verde simula a piscina e o abismo contidos no título. Esta é uma obra em que a vertigem está presente o tempo inteiro. Outra peça que deve mobilizar o público é o conjunto de objetos Bolas-Bolhas, uma área lotada com bolas transparentes com espuma dentro, que fazem alusão à espuma do mar, totalmente sensorial. Pode ser um ponto alto da exposição, principalmente para as crianças”, destaca a curadora Daniela Name.

 

 

 

Além de “A onda” e de “Bolas-bolhas”, fazem parte da mostra peças importantíssimas na história da artista, como “Medusa”. Nesta obra, líquidos coloridos se espalham por fios transparentes, aludindo à imensa cabeleira da personagem mitológica. O público manipula a obra, participando da reordenação de cores em seu interior. Outro ponto importante são os trabalhos da série Impulsos, em que a artista se apropria de pedras semipreciosas como jade e quartzo rosa praticamente em estado bruto para realizar esculturas.

 

 

O percurso expográfico proposto pelos curadores contempla o início da carreira da artista, trabalhos da época da ditadura – caso de “Pegada da onça” e “Faca de dois gumes”  e do livro-objeto “Divino maravilhoso” – para Caetano Veloso, de 1971. Um módulo é dedicado a joias criadas por ela, e outro à projetos públicos, como a intervenção cromática na estação Cardeal Arcoverde do Metrô Rio, de 1998.

 

 

 

 

Sobre a artista

 

 

 

Amélia Toledo nasceu em 1926, na cidade de Serra Negra, SP.  Em sua carreira, sempre utilizou materiais fluidos e em transformação, como líquidos, bolhas e corpos cheios de ar, que conferem à suas criações ares sinestésicos, que as aproximam de expoentes como Lygia Clark e Lygia Pape. A pesquisa da cor, própria de Hélio Oiticica, Aluisio Carvão e outros de seus contemporâneos, também é feita pela artista de modo muito peculiar, com materiais vazados e acrílicos. Outro ponto de distinção de sua trajetória é o uso de material orgânico – conchas e pedras – em uma relação entre corpo e paisagem, em trabalhos que resignificam a noção de escultura, tanto na escala pública quanto em ambientes internos. Hoje mora no bairro do Butantã, na capital paulista, e continua trabalhando em seu ateliê regularmente. Sua última exposição foi em 1999, uma retrospectiva na Galeria do Sesi, em São Paulo, e, em 2004, foi publicado o livro “Amélia Toledo: As Naturezas do Artifício”, de Agnaldo Farias.

 

 

 

Sobre os curadores

 

 

 

Daniela Name é crítica de arte. Mestre em História e Crítica da Arte pela EBA-UFRJ e doutoranda em Tecnologias da Estética pela ECO-UFRJ, tem graduação em jornalismo e escreveu no jornal O Globo sobre artes visuais entre 1998 e 2005. É autora dos livros “Almir Mavignier” (2013), “Quase/acervo – Ivan Grilo” (2013), “Norte Marcelo Moscheta” (2012) e “Espelho do Brasil – Arte popular vista por seus criadores” (2008). Trabalha como curadora independente e foi consultora em artes visuais do novo Museu da Imagem e do Som (MIS). É curadora-adjunta do Prêmio CNI Sesi Senai Marcantonio Vilaça.

 

 

 

Marcus de Lontra Costa foi o curador da histórica exposição Como vai você, Geração 80? (1984) e diretor de instituições como a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o Museu de Arte Moderna de Recife-PE. Foi curador de dezenas de mostras, entre elas as recentes Arte e política, inaugurada em 2013, Franz Weissmann – Síntese construtiva, Pop e popular e Espelho refletido, estas últimas realizadas em 2012. Ex-Secretário de Cultura de Nova Iguaçu, Lontra é sócio-diretor da MLC.

 

 

 

 

Até  10 de março de 2015.

José Damasceno na Casa França-Brasil

22/dez

A Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “José Damasceno – Cirandar Todos”, com quatro instalações inéditas de José Damasceno, destacado artista da cena contemporânea. Com curadoria de Ligia Canongia, as obras têm em comum o diálogo com a arquitetura do espaço.

 
Na área central da Casa França-Brasil estará a instalação “Cirandar Todos”, que dá nome à exposição e será constituída por 150 manequins de madeira, de trinta centímetros de altura, unidos uns aos outros por um ímã não aparente, que será colocado em suas mãos, sem qualquer outro aparato de colagem ou sustentação, formando um círculo de aproximadamente nove metros de diâmetro. A instalação tem uma relação com a antiga e popular dança infantil da ciranda. Outra questão discutida neste trabalho é a escala “criando uma atmosfera ao mesmo tempo lúdica e desconcertante”, diz a curadora Ligia Canongia. “A instalação com essas miniaturas tem por princípio o embate com a escala monumental da Casa França-Brasil, subvertendo as expectativas e o uso que dela se faz habitualmente. O elemento surpresa e a perplexidade que tal obra deverá provocar são parte constituinte da concepção do artista”, afirma. As instalações “Monitor-Crayon”, “1/4” e “BRmm” estarão nas salas laterais, e também dialogam com a arquitetura da Casa França-Brasil.

 
“Monitor-Crayon” é um grande painel, de 240cm x 350cm x 9cm, composto por 75 mil peças de giz de cera, pesando ao total quase uma tonelada, justapostos apenas por encaixe, sem nenhum tipo de cola. O acaso é um fator primordial neste trabalho, em que as peças de giz são retiradas das caixas (25 mil ao todo) e embaralhadas, criando uma paleta de cores aleatórias. Este trabalho é um desdobramento da obra apresentada na exposição “Viagem à Lua”, no Pavilhão Brasileiro da Bienal de Veneza, em 2007. A formação abstrata da imagem colorida “que daí advém produz um pulsar constante no olhar do espectador e relaciona-se com o processo dos pixels nas transmissões televisas, como se a obra os materializasse em objetos”, ressalta a curadora.

 
Na mesma sala, estará a escultura “1/4” (2013/2014), composta por duas elipses sólidas de aço cortén, medindo 40cm x 27,5cm x 4cm, sendo que uma estará na parede e a outra no chão, “perfazendo um círculo imaginário e apenas sugerido, que, na imaginação do público, continuaria seu percurso cortando a parede e o chão. Dois pequenos objetos, portanto, supondo a enorme circularidade que perfuraria e costuraria os espaços da Casa França-Brasil”, conta a curadora.

 
Em outra sala estará a obra “BRmm” (2003/2014), pensada para um dos espaços da exposição, composta por uma colagem de centenas de recortes de papel jornal, no formato do mapa do Brasil. A colagem tem a forma da quina da sala onde estará exposta, em tamanho real, com seus vértices e arestas. Depois de pronta, a obra é então suspensa do teto, em meio ao espaço expositivo, reproduzindo o canto da sala, a confluência entre paredes e teto. “A própria sala de onde provêm as arestas/colagens obtidas, logo em seguida, as deve acolher numa continuidade imersiva de formas e espaços. A reconfiguração do espaço tornado objeto é ao mesmo tempo hipótese dadas aquelas linhas construídas com os recortes de papel jornal, substrato projetivo”, afirma José Damasceno. “Tal trabalho, com esse deslocamento dos cantos para o centro, potencializa e simultaneamente subverte o espaço onde se encontra. Mais uma vez, como em ‘1/4’, existe o propósito de materializar o intangível”, ressalta a curadora. Em 2003, uma versão inicial e diferente deste trabalho foi apresentado na exposição “Descubra as diferenças (experiência sobre aresta cinemática entre lugar-modelo simulado)”, no espaço Culturgest, em Porto, Portugal.

 
A exposição será acompanhada de um catálogo com texto de Ligia Canongia, a ser lançado no próximo dia 07 de fevereiro de 2015, com uma conversa aberta entre a curadora, o artista e o filósofo José Thomaz Brum.

 

 
SOBRE JOSÉ DAMASCENO

 
José Damasceno nasceu no Rio de Janeiro em 1968. Possui obras em importantes instituições no Brasil e no exterior, como Cisneros Fontanals Art Foundation (CIFO), em Miami, EUA; Colección Jumex, no México; Daros-Latinamerica, em Zurique, na Suiça; Fundación Arco, em Madri, na Espanha; Fundación La Caixa, em Barcelona, na Espanha; Helga de Alvear, em Caceres, na Espanha; Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais; Museu d´Art Contemporania de Barcelona (MACBA), em Barcelona, na Espanha; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museum of Modern Art (MoMA), em Nova York, EUA, e The Israel Museum, em Jerusalém, em Israel. Dentre suas principais exposições individuais estão: “Plot”, na Holborn Library, em Londres, em 2014; “Storyboard: José Damasceno – Monográficas”, no Centro Cultural São Paulo, em 2012; “Integrated Circuit”, na Thomas Dane Gallery, em Londres, Inglaterra, e “Estudios Paragraficos”, no Distrito 4, em Madri, na Espanha, ambas 2010; “Conjunto sequência lugar”, na Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio de Janeiro, em 2009; “Coordenadas y Apariciones”, no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madri, na Espanha, em 2008; “Viagem à Lua”, no Pavilhão Brasileiro da 52ª Bienal de Veneza, na Itália, em 2007; “Vale o Escrito”, Projeto Parede, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 2005; “Observation Plan”, no Museum of Contemporary Art, em Chicago, EUA, e “Cinematograma”, no Projeto Respiração da Fundação Eva Klabin, no Rio de Janeiro, em 2004; “Cinemagma”, no Museu Ferroviário do Espírito Santo, em Vitória, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro; no Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, em Recife, e no Espaço Cultural Contemporâneo Venâncio, em Brasília, ambas em 2001, entre outras.

 

 

 

Projeto Cofre

 
José Damasceno convidou o artista Antonio Malta (1961, São Paulo) para participar do “Projeto Cofre”, espaço na instituição que abriga trabalhos feitos especialmente para o local. O artista apresentará três pinturas, em óleo sobre tela, medindo 50cm x 60cm cada. “São imagens em estado bruto: formas tomando forma, figuras boiando na tela. Essas pinturas também têm um pouco de matéria, que é um elemento que supostamente age na direção contrária da representação. Mas, na minha ‘poética’, tudo se mistura: figuras, formas, matéria, imagem e imitação”.

 

 

 

Texto da curadora

 
José Damasceno – Cirandar todos

 
Cirandar todos é o título de uma das obras que José Damasceno apresenta na exposição, a peça central na Casa França-Brasil, e que acabou por intitular a mostra por inteiro. É provável, portanto, que essa nomeação seja índice de algo maior do que ela mesma. O título parte do cancioneiro popular infantil, que toda criança brasileira conhece: “Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar, vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar.”

 
A partir da inversão da ordem das palavras – de “vamos todos cirandar” para “cirandar todos”–, já existe a ideia de um jogo a considerar. A roda de dança, que a canção supõe, está ali representada por 150 manequins de madeira ligados por ímãs, formando um círculo com diâmetro de 9 metros, mas a dança não acontece, a situação é estática e o movimento é apenas intuído pelo espectador.

 
Ora, o paradoxo desse mover estático tem sido uma das principais questões da obra de José Damasceno, uma vez o artista buscar sempre uma sensação rítmica, cinética ou progressiva em superfícies, acontecimentos ou matérias congeladas. Em seu trabalho, as coisas aparentes e concretas funcionam como propulsoras de um móbil imaginário, que estaria em constante deslocamento, mas que apenas mental ou conceitualmente “aparece”. Existiria, então, na obra, uma mobilidade e um congelamento potenciais e oscilantes, pois que o enunciado nodal do trabalho problematiza, em paroxismo, a questão do movimento.

 
Outra hipótese inusitada seria a ideia de contrapor à monumentalidade da instituição e sua imponente arquitetura uma pequena roda de ciranda, leve, sutil e de escala extremamente reduzida. Importante relevar, contudo, que a sutileza do trabalho não compromete de forma alguma a potência de sua pulsão imaginária nem a ressonância ativa de seu silêncio.O princípio geral de fazer girar, cirandar e transformar o espaço real governa, afinal, o conjunto de todos os trabalhos.

 
A exposição por si mesma produz um evento, outro devir arquitetônico, expandido e inesperado. A partir de situações escultóricas que surgem ao longo da Casa, e que mobilizam de forma surpreendente sua própria feição física, o artista provoca o deslocamento e a reinserção dos espaços em uma dinâmica extraordinária. O espaço é tratado como um campo de situações instáveis, onde as ações poéticas intervêm de forma descontínua, transformando o perfil linear dos lugares numa ocorrência insuspeitada. Assim, José Damasceno promove outra espécie de lugar, imaginário, onde o nonsense e as relações excêntricas definem o campo aberto da linguagem.
Ligia Canongia

 

 

 

Inauguração: 16 de dezembro de 2014, às 19h30

 
Até 22 de fevereiro de 2015.

Waldemar Cordeiro no Paço Imperial

19/dez

A mostra “Waldemar Cordeiro: Fantasia exata” chega ao Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, com 250 obras do artista, designer, arquiteto e paisagista Waldemar Cordeiro. Com curadoria de Arlindo Machado e Fernando Cocchiarale, a exposição apresenta o percurso criativo de Waldemar Cordeiro, artista atuante no movimento Concreto e na arte computacional na década de 70.

 

A mostra do Paço Imperial, foi idealizada pelo Núcleo de Artes Visuais do Itaú Cultural e  público poderá conferir o rico acervo do artista. Uma das salas será reservada à arte computacional de Cordeiro. A obra “A Mulher que Não É BB (Brigite Bardot)” reproduz graficamente, pontilhada com nuances do preto ao branco em um computador IBM 360, o rosto da pequena vietnamita, cuja foto correndo nua chocou o mundo dos anos 70. Este foi o último trabalho deixado pelo artista.

 

 

Sobre o artista

 

Waldemar Cordeiro Fantasia exata

 
Waldemar Cordeiro e o modernismo de ruptura no Brasil

 

Principal mentor e porta-voz do grupo Ruptura – núcleo pioneiro do concretismo paulista –, Waldemar Cordeiro (1925-1973) foi também redator do manifesto, lançado pelo grupo por ocasião de sua primeira mostra coletiva, inaugurada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em 9 de dezembro de 1952. Conciso, o texto listava princípios espaciais, cromáticos e formais que, com rigor inédito na história da arte brasileira, referenciavam o sentido e o âmbito da ruptura proposta por seus signatários.

 

Para Cordeiro só seria possível romper definitivamente “com todas as variedades e hibridações do naturalismo” e “com a mera negação do naturalismo, isto é, o naturalismo errado das crianças, dos loucos, dos primitivos, dos expressionistas, dos surrealistas etc.”, e até mesmo com “o não figurativismo hedonista, produto do gosto gratuito”, por meio da clara consciência dos princípios estruturais em que a produção artística deveria fundamentar-se como linguagem. Era urgente refundar nosso modernismo por meio de ruptura ampla não só com toda a arte até então aqui produzida, mas também com a abstração informal, em franca expansão no pós-guerra europeu, americano e brasileiro.

 

Processos de modernização fundados no paradigma europeu da ruptura foram raríssimos − exceções e não regra −, mormente se considerarmos as experiências de modernização inconclusas da América Latina, Ásia e África. No entanto, a atual impugnação teórica e política de paradigmas europeus (como ruptura e universalidade) não deve ser projetada sobre contextos sociais que, no passado, pretenderam implantar tais paradigmas no Brasil. As questões então propostas eram de outra ordem, mais profunda e radical: romper com traços do passado colonial que impediam a modernização efetiva da arte brasileira e, em suma, do próprio país.

 

Waldemar Cordeiro faleceu prematuramente aos 48 anos, em 1973. Em pouco mais de duas décadas de intensa produtividade inventiva, o artista participou decisivamente da implantação e da consolidação das vanguardas paulistana e brasileira, promoveu a ruptura (fundada nos princípios autorreferentes propostos pela arte concreta) com o modernismo figurativo brasileiro da primeira metade do século XX. Contribuiu, também, para a integração teórica e prática entre arte, paisagismo, planejamento urbano, crítica de arte e política. Na década de 1960, ele se aproximou da virada neofigurativa em expansão mundial. Entre 1968 e 1973 dedicou-se prioritariamente à investigação da arte computacional do país.

 

Toda sua produção pode ser tomada como uma alternativa “universalista” às questões temático-nacionais de nosso primeiro modernismo. Mas Waldemar não foi o único a defendê-la, já que as vanguardas abstrato-concretas e neoconcretas do pós-guerra e críticos de arte como Mário Pedrosa também exploraram a potência renovadora dessa alternativa, com base em teorias também fundadas em pressupostos “universais”. Tal renovação se tornou, portanto, fundamental para a construção de repertórios importantes (a ela opostos ou dela derivados), e assimilados pela trama experimental que frutificou e desdobrou-se em questões que hoje configuram o vasto, multifacetado e complexo campo da produção artística contemporânea no país.

Fernando Cocchiarale

 

 

Até 01º de março de 2015.

No MAM/Rio

18/dez

O MAM Rio, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ,  inaugura duas exposições: “Operação Condor”, com 113 fotografias do fotógrafo português João Pina, que mostram o que foi a Operação Condor – aliança político-militar entre os vários regimes militares da América do Sul – e as ditaduras militares nos países latino-americanos nos anos 1970, e “Imagens da escuridão e da resistência, com cerca de 50 obras de artistas e ativistas brasileiros que fizeram de seus trabalhos um instrumento de luta política, tanto na época da ditadura militar quanto nos dias atuais.

 

O trabalho de João Pina foi realizado ao longo de nove anos e resultou na exposição e no livro “Condor” (Editora Tinta da China), com 246 páginas, prefácio do jornalista Jon Lee Anderson e posfácio do juiz Baltasar Garzón.

 

No dia da abertura da exposição no MAM Rio será realizado o lançamento do livro e uma mesa-redonda, às 18h, com a participação do fotógrafo João Pina, do curador do MAM Rio Luiz Camillo Osorio e do jornalista Chico Otavio.

 

Com curadoria de Diógenes Moura, a mostra apresenta fotos em preto e branco das séries “Brasileiros”, “Retratos”, “Paisagens”, “Laboratório”, “Prisões”, “Julgamentos”, “Salas de Tortura” e “Arquivos”. A exposição terá, ainda, uma instalação composta por várias imagens de antigos presos políticos paraguaios, tratadas como cartazes típicos de rua que eram usados para procurar pessoas durante as ditaduras. Por meio destas fotografias, Pina investiga e documenta as histórias de brasileiros e outros sul-americanos que foram diretamente afetados pelas ditaduras militares em geral, e, em particular, pela Operação Condor.

 

Paralelamente à exposição, será realizada a mostra “Imagens da escuridão e da resistência”, com curadoria de Luiz Camillo Osório, que selecionou obras de Antonio Manuel, Augusto Malta, Carlos Zilio, Evandro Teixeira, Hélio Oiticica, Hugo Denizart, Rosângela Rennó e Rubens Gerchman, pertencentes à coleção do MAM Rio e à coleção Gilberto Chateaubriand, em comodato com o Museu.

 

A mostra terá, ainda, a Cosmococa “CC9 Cocaoculta Renô Gone”, projeto que Hélio Oiticica enviou para Carlos Vergara em 1974, que será realizado e apresentado pela primeira vez. Completam a exposição um vídeo do coletivo Atelier de Dissidências Criativas, cartazes lambe-lambe dos artistas Joana Traub Csekö, Isabel Ferreira, Fábio Araújo e Icaro dos Santos, e fotografias do projeto Imagens do Povo, realizado pelo Observatório das Favelas, que alia a fotografia às questões sociais.

 

 

Até 22 de fevereiro de 2015.

Athos Bulcão em 2015 na Caixa Cultural/Rio

A Caixa Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibirá na Galeria 2, com curadoria de Marcus de Lontra Costa, em parceria com a Fundação Athos Bulcão de Brasília, a exposição “Athos Bulcão – Tradição e Modernidade”.

 

A mostra apresenta um conjunto de obras pertencentes a coleções particulares e herdeiros do artista, compondo um panorama de sua produção e sua inserção na arte nacional e internacional.

 

A exposição privilegia a produção arquitetônica de murais e azulejaria do artista, de caráter geométrico e monumental, como os painéis do Sambódromo do Rio de Janeiro, Aeroporto Internacional Presidente Juscelino Kubitscheck, em Brasília, entre outros. Vídeos e textos que ajudam a elucidar sua trajetória e traçar um elo entre sua vida, a arte e a arquitetura também compõem a mostra.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido no Catete, Rio de Janeiro, em 2 de julho de 1918, Athos passou sua infância em uma casa ampla em Teresópolis. Perdeu a mãe, Maria Antonieta da Fonseca Bulcão, de enfisema pulmonar antes dos cinco anos e foi criado com seu pai, Fortunato Bulcão, entusiasta da siderurgia, amigo e sócio de Monteiro Lobato, com o irmão Jayme, 11 anos mais velho, e com suas irmãs adolescentes Mariazinha e Dalila, que substituíram a mãe.

 

Enquanto crescia, passava muito tempo dentro de casa e, por ser muito tímido, misturava fantasia e realidade. Na família havia um interesse pela arte e suas irmãs o levavam freqüentemente ao teatro, ao Salão de Artes, aos espetáculos das companhias estrangeiras, à ópera e à Comédia Francesa. Athos aos quatro anos ouvia Caruso no gramofone, e ensaiava desenhos sem, no entanto, chamar a atenção da família. Chegou às artes graças a uma série de acidentais e providenciais lances do acaso.

 

Athos foi amigo de alguns dos mais importantes artistas brasileiros modernos, os maiores responsáveis por sua formação. Carlos Scliar, Jorge Amado, Pancetti, Enrico Bianco – que o apresentou a Burle Marx -, Milton Dacosta, Vinicius de Moraes, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Ceschiatti, Manuel Bandeira entre outros.

 

Aos 21 anos, os amigos o apresentaram a Portinari, com quem trabalhou como assistente no Mural de São Francisco de Assis na Pampulha e aprendeu muitas lições importantes sobre desenhos e cores. Antes de pintar, planejava as cores que usaria e acredita fervorosamente que o artista tem de saber o que quer fazer. Athos não acredita em inspiração. Para ele, o que existe é o talento e muito trabalho. “Arte é cosa mentale”, diz, citando Leonardo da Vinci.

 

A trajetória artística de Athos Bulcão é especialmente consagrada ao público em geral. Não ao que freqüenta museus e galerias, mas ao que entra acidentalmente em contato com sua obra, quando passa para ir ao trabalho, à escola ou simplesmente passeia pela cidade, impregnada pela sua obra, que “realça” o concreto da arquitetura de Brasília.

 

Como diria o arquiteto e amigo pessoal, João Filgueiras Lima, o Lelé, “como pensar o Teatro Nacional sem os relevos admiráveis que revestem as duas empenas do edifício, ou o espaço magnífico do salão do Itamaraty sem suas treliças coloridas?”, difícil imaginar. Athos é o artista de Brasília. As obras que aqui realizou foram feitas para o convívio com a população e carregam a consideração por esta cidade e seus habitantes.

 

Athos Bulcão estava em tratamento contra o Mal de Parkinson desde 1991 no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília. Faleceu após uma parada cardiorespiratória no dia 31 de julho de 2008, aos 90 anos.

 

“Artista eu era. Pioneiro eu fiz-me. Devo a Brasília esse sofrido privilégio. Realmente um privilégio: ser pioneiro. Dureza que gera espírito. Um prêmio moral”.

Athos Bulcão

 

 

 
De 10 de janeiro a 08 de março de 2015.

Encontro com Joana Cesar

12/dez

Nesta terça-feira, dia 16 de dezembro, a partir das 20h, acontece um bate-papo sobre a mostra “NOME”, com a artista Joana Cesar e o curador Ivan Reinaldim, na Galeria Athena Contemporânea, Copacabana, Rio de janeiro, RJ.

 

Sobre a artista

 

Joana Cesar já participou de feiras como a Art Rio, SP Arte, Art Miami e será lembrada por ter produzido seu dialeto na perimetral do Rio, antes de esta ter sido – historicamente – derrubada.

 

 

Sobre os trabalhos da artista

 

A mostra reúne um conjunto de trabalhos recentes e inéditos, concebidos a partir de sobreposições de camadas de papeis retirados de outdoors e muros da cidades, assim como de imagens pessoais ou ligadas ao universo íntimo da artista. No espaço da tela, memórias reais e inventadas, claras e imprecisas, atravessam-se, aproximam e se afastam, através da ação intermitente de Joana.

 
Dia 16 de dezembro, a partir das 20h

 

Para confirmar presença entrar em contato no telefone (21) 2513-0703.