Transparência cromática

15/out

A Mercedes Viegas Arte Contemporânea, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta exposição individual – com pinturas inéditas – de Adriano de Aquino. Dando segmento à pesquisa pictórica iniciada em 2007, o artista aprofundou seus experimentos sobre os suportes metálicos e sintéticos – aço/alumínio e acrílico  – e intensificou sua busca pela transparência cromática, explorando as possibilidades expressivas de pigmentos e substratos de última geração. As obras da mostra foram realizadas utilizando resina sintética poliuretano sobre placas de aço carbono ou alumínio.

 

De acordo com Adriano de Aquino, “…as obras dessa exposição são como espelhos/imagem que, pra lá da interpretação subjetiva, refletem situações mutáveis da obra no plano físico. Incorporando ao campo da pintura as ocorrências simultâneas que acontecem nos encontros entre observador e objeto. As cores e formas intrínsecas à pintura estão presentes, todavia, a superfície espelhada reflete os acasos e incita no olhar estímulos mutantes provenientes das mudanças de luz e do entorno onde nos deparamos com os objetos no mundo real”. O ambiente circundante é sugado pra dentro, tomado pela cor da tela.

 

 

Sobre o artista

 

Adriano de Aquino atua no campo das artes desde os anos 1960, quando participou da hoje mítica exposição “Opinião 65”, organizada por Ceres Franco e Jean Boghici, no MAM-RJ. Após um período de sete anos residindo em Paris, retornou ao Rio na década de 1980 onde, além de dar seguimento a carreira profissional como artista, foi presidente da Associação de Artistas Plásticos Profissionais e Secretário de Cultura do Estado do Rio de Janeiro entre os anos 2000 e 2003.

 

 

Até 07 de novembro.

Encontro com Vanderlei Lopes

09/out

Nesta quinta-feira, dia 9, às 20h, o artista Vanderlei Lopes, que está expondo seus trabalhos na galeria Athena Contemporânea, na mostra “Tudo o que reluz é ouro”, e no MAM-Rio, na exposição “Grilagem”, participa de bate papo com os visitantes e a curadora Fernanda Pequeno. O encontro acontecerá na Galeria Athena Contemporânea, Shopping Cassino Atlântico, Copacanana, Rio de Janeiro, RJ. O artista fará comentários sobre todas as fases de pesquisa das obras que fazem parte de sua exposição individual e também de sua experiência, que inclui uma individual no MAC, participação na Bienal do Mercosul, além de ter participado de “Pinta”, “ArteBA” e ver seus trabalhos em coleções como a Pinacoteca do Estado de São Paulo e a de Gilberto Chateaubriand/MAM-RJ.

Para participar, agende-se pelo telefone (21) 2513-0703 ou contato@athenacontemporanea.com

 

 

Quinta-feira, dia 9, às 20h

A figura humana na Caixa/Rio

A exposição “Figura Humana”, reúne trabalhos de 21 artistas de todo o país, na Galeria 4, da Caixa Cultural,     Centro, Rio de Janeiro, RJ, com obras que dão destaque ao corpo humano e revelam ao público a     diversidade da produção contemporânea brasileira.

 

A mostra reúne pintores de diferentes origens geográficas e gerações, em um arco temporal que vai desde pintores da chamada “Geração 80” até jovens emergentes com pouco mais de vinte anos. A exposição pretende estabelecer um diálogo entre escalas, perspectivas e modos de narrativas através da corporeidade, com obras produzidas a partir de diversas técnicas, como aquarela, guache, óleo, acrílica e spray sobre suportes variados como madeira, chapa de metal, linho e tela.

 

Entre os expositores estão nomes como Cristina Canale, que possui uma sólida produção desde os anos 1980 e é considerada uma das mais importantes pintoras brasileiras da atualidade. O projeto reúne ainda obras de Thiago Martins de Melo, indicado ao prêmio Pipa deste ano, e Rodrigo Martins, o mais jovem entre os pintores da mostra, indicado ao Prêmio EDP nas Artes, em 2014, além de Camila Soato, vencedora do prêmio Pipa, de público, em 2013. Todos contribuem com uma persistência no que diz respeito à centralidade do corpo em suas produções pictóricas.

 

A relação do tema e as pinturas selecionadas busca articular um elemento dos mais clássicos da história da Arte e atualizá-lo nos seus diversos modos de acionamento pela produção artística atual. “A exposição revela a diversidade de se pintar o corpo humano. Alguns artistas utilizam a cor de modo mais visceral e expressivo, outros se aproximam de uma visão mais detalhista e minuciosa do mundo”, explica o curador Raphael Fonseca.

 

Participam: Alex Cerveny, André Andrade, André Renaud, Camila Soato, Clarice Gonçalves, Clarissa Campello, Cristina Canale, Daniel Lannes, Danielle Carcav, Eduardo Sancinetti, Eloá Carvalho, Fábio Baroli,

 

Flávia Metzler, Julia Debasse, Marcelo Amorim, Roberto Ploeg, Rodrigo Bivar, Rodrigo Cunha, Rodrigo Martins, Thiago Martins de Melo e Vânia Mignone, Figura Humana.

 
De 14 de outubro  a 14 de dezembro.

A Coleção Joaquim Paiva no MAM

08/out

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Petrobras, Bradesco Seguros, Light e Organização Techint apresentam, a exposição “Limiares – A Coleção Joaquim Paiva no MAM”,  40 fotografias do acervo pertencente ao diplomata nascido em 1946, em Vitória, que reuniu uma das mais importantes coleções do país em fotografia brasileira e estrangeira. Fotógrafo desde 1970, Joaquim Paiva começou a colecionar em 1978, quando adquiriu trabalhos da fotógrafa americana Diane Arbus, 1923-1971. Depois de se formar em Direito, ingressou na carreira diplomática em 1969, e desde então serviu em vários países, como Canadá, Venezuela, Peru, Argentina, Portugal, Espanha e Estados Unidos.

 

Completam a exposição 19 obras das coleções do MAM e Gilberto Chateaubriand, também em comodato com o Museu.  A ideia de se fazer uma mostra em que as fotografias da coleção dialogassem com obras do acervo do Museu e da coleção de Gilberto Chateaubriand, partiu do próprio Joaquim Paiva e foi prontamente aceita pela curadoria do Museu. “Mostra-se aqui uma parte da coleção de Joaquim Paiva, que não esgota nem esgotará as suas múltiplas leituras. A esse recorte confrontam-se outros trabalhos das coleções do MAM, não necessariamente fotografias, procurando contaminar aquilo que, por motivos de taxonomia, ainda permanece separado: o vídeo com a pintura, o precário com o que foi feito para durar, o documento com a arte”, explicam os curadores do MAM.

 

Em 2005, o MAM passou a abrigar a Coleção Joaquim Paiva sob o regime de comodato, e atualmente estão no Museu 1.963 trabalhos de fotógrafos brasileiros e estrangeiros, adquiridos a partir do início dos anos 1980.

“Embora tenha sido iniciada como uma coleção privada, o gesto do colecionador é invariavelmente público e coloca ao escrutínio coletivo o que foi acervo privado ou criação individual. É sobre diferentes representações do público e do privado no mundo da arte que fala “Limiares – a Coleção Joaquim Paiva no MAM”, propondo ser um recorte sobre as naturezas dos espaços representados na materialidade da imagem, em especial a imagem fotográfica”, afirmam os curadores.

 

Dois trabalhos abrem a exposição: uma série de José Diniz, na qual o aparece o próprio Joaquim Paiva e uma instalação de sacolas de instituições museológicas internacionais, de Jac Leirner, “que iguala, com humor e argúcia, o mundo da arte ao mundo dos negócios, centrando a sua atenção sobre aspectos formais”.

 

A mostra terá, ainda, a fotografia “Gol”, do importante fotógrafo Thomas Farkas, Budapeste, Hungria, 1924 – São Paulo SP, Brasil, 2011, da década de 1940; “Índio Yanomami”, de 1991, da fotógrafa Claudia Andujar, Neuchâtel, Suíça/Brasil, 1931; “Sem título”, de Alberto Ferreira Lima; fotos da série “Natureza Moderna”, de Bill Jorden, entre outras.

 

Dialogando com as fotografias da coleção Joaquim Paiva, haverá obras do acervo do MAM e da Coleção Gilberto Chateaubriand, como a escultura “Mapa Mudo”, de Ivens Machado, de 1979; “Duas casas”, de Nuno Ramos, de 1996; a pintura “A Ilha”, de Luiz Zerbini, de 1995; “Sem título”, de 1979/1988, de Miguel Rio Branco, entre outras.

 

 

Sobre a Coleção Joaquim Paiva

 

Desde 2005, o MAM Rio possui, em regime comodato, grande parte da coleção do diplomata Joaquim Paiva. A coleção teve início em 1981 quando o diplomata começou a adquirir sistematicamente fotografias brasileiras contemporâneas. No museu estão depositadas 1963 obras que registram o que há de mais representativo na fotografia brasileira de nosso tempo. Desde retratos e paisagens à experimentos fotográficos dos anos 1990. Entre os nomes mais representativos da coleção estão: Pierre Verger com a sua preciosa documentação sobre a cultura afro-brasileira; Geraldo de Barros e seus experimentalismos técnicos; Miguel Rio Branco que busca a intensidade das cores no universo mais dura da realidade brasileira, o fotojornalismo ligado à temática social e bem brasileira de Walter Firmo, a atitude questionadora sobre o ato de fotografar da artista Rosângela Rennó entre outros. Nesse sentido a Coleção Joaquim Paiva representa no MAM toda a qualidade e a pluralidade de trabalhos e tendências que a fotografia contemporânea brasileira pode oferecer.

 

 

Texto da Curadoria

 

Em 2005, sob a forma de comodato, o MAM passou a abrigar a Coleção Joaquim Paiva que conta atualmente com 1.963 trabalhos de fotógrafos brasileiros e estrangeiros, adquiridos a partir do início dos anos 80.

 

Embora tenha sido iniciada como uma coleção privada, o gesto do colecionador é invariavelmente público e coloca ao escrutínio coletivo o que foi acervo privado ou criação individual. É sobre diferentes representações do público e do privado no mundo da arte que fala “Limiares – a Coleção Joaquim Paiva no MAM”, propondo ser um recorte sobre as naturezas dos espaços representados na materialidade da imagem, em especial a imagem fotográfica.

 

Mostra-se aqui uma parte da coleção que não esgota nem esgotará as suas múltiplas leituras. A esse recorte confrontaram-se outros trabalhos das coleções do MAM, não necessariamente fotografias, procurando contaminar aquilo que, por motivos de taxonomia, ainda permanece separado: o vídeo com a pintura, o precário com o que foi feito para durar, o documento com a arte.

 

Dois trabalhos abrem a exposição: uma série de José Diniz, na qual o próprio Joaquim Paiva aparece mostrando as diane arbus e os geraldo de barros de sua coleção, e uma instalação de sacolas de instituições museológicas internacionais, Names (Museums), de Jac Leirner, que iguala, com humor e argúcia, o mundo da arte ao mundo dos negócios, centrando a sua atenção sobre aspectos formais.

 

Uma vez definidos os pontos de partida da exposição – o colecionador e o museu –, o percurso se torna aberto e não linear ao redor das ideias de espaço físico e mental. Os espaços da casa, da rua, da praia ou do abrigo coexistem com os lugares de passagem, a informalidade do espaço público e o enfrentamento social.

 

O espaço do íntimo e as novas relações objeto-sujeito fotografados caracterizam boa parte da produção fotográfica contemporânea. Existem vestígios de subjetividade na materialidade da fotografia que se torna campo de partilha de angústias, fraturas pessoais e afirmação do eu, com particular relevância para o diário e as narrativas/ficções pessoais.

 

Na videoinstalação Os Raimundos, os Severinos e os Franciscos, de Maurício Dias & Walter Reidweg, porteiros nordestinos na cidade de São Paulo simulam um regresso à casa depois de um dia de trabalho, entrando um a um, e agindo como se não estivessem vendo um ao outro, e quando todos estão instalados, olham diretamente para a câmera, deixando evidente a cumplicidade deles com o ato de filmar.

 

A transitoriedade do lugar de quem vê e de quem é visto é patente no “distanciamento” das imagens de Bill Jorden e Anderson Wrangle, na “narrativa em abismo” de Javier Silva Mainel ou nos sujeitos que se tornam objetos de perseguição, em Regina de Paula.

 

Finalmente, a cauda do tatu desaparecendo por baixo de uma mesa (Miguel Rio Branco). Intrigante fotografia. Intrigante animal que se transforma em bola quando ameaçado pelo perigo. Metáfora para pensar as imagens hoje numa dupla condição: a sua abertura às mais imprevistas relações e, no sentido inverso, o fato de os signos terem se tornado tão densos a ponto de formar uma casca dura, através dos quais já não se vê nada.

 

 

Até 18 de janeiro de 2015.

Cruz-Diez na nova Galeria Ipanema

06/out

Obras inéditas no Brasil e de autoria de Carlos Cruz-Diez,  assinalam o novo endereço da Galeria de Arte Ipanema, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, a mais antiga do país em atividade, com quase 50 anos. A mostra intitulada “Cruz-Diez: Um Olhar Sobre a Cor” reúne quinze trabalhos do consagrado artista plástico venezuelano, de 91 anos, como as “Physichromie”  e “Transchromie”.

 

Na primeira série, as estruturas revelam diferentes circunstâncias e condições da cor, que se modificam de acordo com o movimento do espectador e da intensidade da luz. Na segunda, por meio de lâminas translúcidas e dispostas em uma certa ordem espacial, são produzidas várias combinações de cores, que mudam de acordo com o movimento do espectador, da iluminação e da luz natural.

 

A Galeria de Arte Ipanema também exporá obras da série “Induction Chromatique”, em que o artista provoca uma indução cromática. A técnica explora o conceito de persistência retiniana, no qual as cores que observamos se armazenam por um rápido instante em nossa vista. Dessa forma, unindo o que foi armazenado e o que é visto em seguida, Cruz-Diez consegue induzir o observador a perceber uma cor momentânea. Há ainda obras das séries “Couleur Additive’ – baseada na irradiação da cor, ou seja, quando dois planos de cor se tocam, uma linha virtual mais escura aparece na área de contato – e “Couleur dans l’espace”, trabalho que pretende tornar mais evidente a experiência vital da cor formando-se e desintegrando-se no espaço.

 

Premiado na França, Venezuela e Argentina, Carlos Cruz-Diez tem obras expostas em mais de 80 museus pelo mundo e seu trabalho integra coleções permanentes de instituições como Museum of Modern Art (Nova York); Centre Georges Pompidou (Paris); Museum of Fine Arts (Houston); Tate Modern (Londres); Wallraf-Richartz Museum (Colônia) e Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris.

 

 

Até 25 de outubro.

Amador Perez: 40 anos

Em exibição no Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, “Memorabilia – Amador Perez – 40 anos” apresenta 115 obras realizadas entre 1976 e 2014, onde “…o artista reflete sobre a materialidade e singularidade da obra de arte e sua reprodução relacionadas à imaterialidade e multiplicidade da imagem”. Utilizando técnicas manuais e digitais em uma fusão de linguagens, Amador Perez estabelece um jogo interativo entre a sua memória pessoal e a fantasia do espectador. A exposição é composta por três núcleos, “Memorabilia”, “Gioventù” e “Nijinski”, apresentados respectivamente por Roberto Conduru, Rafael Cardoso e Washington Lessa.

Textos de Roberto Conduru, Rafael Cardoso e Washington Lessa

 

 

Memorabilia

 

Uns e eu por Roberto Conduru, condensado do texto para o catálogo da exposição

 

Para Amador Perez, as obras de arte são mundos por explorar. (…) Em Memorabilia, desenhos são relidos por meio de processamento eletrônico e impressão de pigmento mineral a jato sobre tela, um dos suportes arquetípicos da Pintura, embaralhando meios, técnicas, tempos, modos de pensar e agir. (…) é um mergulho na história de sua obra, em sua história, em si. Assim como nos diminutos objetos dentro das pequenas caixas, na epiderme quase imaterial das reimpressões dos desenhos encontram-se elementos que emergem da profundeza das imagens, da interioridade das coisas, e projeções do artista, fundindo seus ] com os de iconografia e objetos artísticos e mundanos, pessoais, alheios e coletivos. Essas obras recentes reiteram que não lhe interessa tanto a representação do mundo, mas, sobretudo, o (seu) mundo da representação.

 

 

Gioventù

 

O ostensivo e o invisível por Rafael Cardoso, condensado do texto para o catálogo da exposição

 

«Enxergar um mundo num grão de areia» é o que preconizou William Blake na primeira linha de seu célebre poema «Auguries of Innocence». Descobrir incontáveis imagens numa única é o que nos propõe, mais modestamente, Amador Perez em Gioventù. Produzida entre 1996 e 1998, a obra é composta por uma série de 63 desenhos a grafite, dividida em três conjuntos de 21 desenhos cada. (…) Pode soar estranha essa sugestão de variação temática, sendo que todos os desenhos remetem ostensivamente ao quadro Gioventù, pintado por Eliseu Visconti em 1898. (…) A palavra-chave é ostensível — de modo aparente, próprio para ser visto. Em cada um dos desenhos que compõem a obra, Amador nos dá a ver algo que estava latente na imagem primordial, mas talvez oculto ou até mesmo invisível.

 

 

Nijinski: SOU

 

Nijinski: variações por Washington Lessa, condensado do texto para o catálogo da exposição

 

Vaslav Nijinski: SOU e Nijinski: imagens (…) estabelecem um diálogo com dois trabalhos anteriores do artista, respectivamente Vaslav Nijinski, de 1976, e Nijinski: imagens, de 1982. (…) Agora, de novo se manifesta a configuração Nijinski, como se já estivesse à espera de uma revisita na maturidade. E os livros atualizam movimentos vitais da poética do artista, envolvendo a transmutação de imagens, o significado construído por justaposição, as variações, a série. (…) Diferentemente da maioria das séries do artista, que se desenvolvem em torno a uma ou algumas imagens, os livros e as duas séries anteriores sobre Nijinski trabalham um personagem, que em suas ressonâncias semânticas associa-se à força disruptiva e instauradora da arte.

 

 

 

Até 07 de dezembro.

Remix de ícones

03/out

A exposição “Sincretismos”,  mostra individual de André Malinski, sob a curadoria de Marco Antonio Teobaldo, é o próximo cartaz da Galeria Pretos Novos, Gamboa, Rio de Janeiro, RJ. Antes de iniciar a sua trajetória como artista visual, André Malinski flertava com a moda e o design, projetando figurinos, chapéus e outros adereços. Seus estudos e projetos sempre passaram pela prancheta, e mais adiante, nas telas e programas de computador. Em 2006, a partir dessa experiência com o meio digital, surgiram as primeiras propostas para a série denominada que o artista nominou como “Sincretismos”.

 

Atendo-se ao volume e linha que as imagens de santos e santas poderiam lhe oferecer, André Malinski as coloriu com uma palheta vibrante e festiva, sobrepondo uma imagem sobre uma segunda, obtendo assim, uma interseção entre elas, que revelava então uma terceira imagem. Segundo o artista, este trabalho se tornou em uma ação lúdica de encontrar os pares, para que de seu encaixe surgisse uma silhueta híbrida. Obras em bordado, acrílica sobre tela e desenhos formaram um imenso e divertido repertório, em tamanhos e formatos distintos.

 

Passados alguns anos, e motivado por sua admiração pela arte da azulejaria, o artista retoma a série, desta vez destacando apenas alguns detalhes das obras originais e desmembrando-as em duas ou três partes, em tamanhos iguais e formatos quadrados. De acordo com o curador da mostra, esta nova fase do trabalho remete de alguma forma, a uma tradição trazida pelos portugueses, nos azulejos de ícones sagrados afixados no topo das casas dos subúrbios cariocas.

 

Nessa exposição, – “Sincretismos” -, também encontram-se as recentes criações deste jogo de sobreposições em aquarelados sobre tecido, além de infogravuras, obras trabalhadas a partir da linha do contorno de algumas imagens. Este verdadeiro remix de ícones que soam tão familiares na cultura popular brasileira, conduz o visitante a uma suave contemplação ao que é objeto de fé para muitos.

 

 

De 08 de outubro a 14 de novembro.

Uma curadoria de Andreas Brøgger

30/set

A Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, um espaço da Secretaria de Estado de Cultura, apresenta, a exposição “Histórias Frias e Chapa Quente”, com obras inéditas e recentes da dupla de artistas Maurício Dias & Walter Riedweg, em curadoria de Andreas Brøgger, curador do Nikolaj Kunsthal, em Copenhague. Na mostra, estarão as obras “Cold Stories”, “Chapa Quente”, “Sob Pressão”, “Evidência”, “Blocão”, e “Throw” (“Tiro”), de 2004, incluída por ter sido a primeira da dupla de artistas a utilizar imagens de arquivos. “A exposição abrange oito décadas de nossa história recente”, explica o curador. “A viagem nos leva do início da guerra fria a nossa época atual de aquecimento global, enquanto nos vemos em um dos lugares incontornáveis do mundo atual, o Rio de Janeiro. Um novo conjunto de obras de Dias & Riedweg explora o contexto brasileiro contemporâneo, relatando a influência dos tempos da guerra fria sobre a atmosfera cultural e política de hoje”.

 

 

ENCONTROS E LANÇAMENTO DE CATÁLOGO

 

No dia 11 de outubro, às 17h, haverá um encontro aberto com o curador Andreas Brøgger. No dia 15 de novembro, às 17h, será feito o lançamento do catálogo, seguido de mesa-redonda com os artistas, a crítica Glória Ferreira e a artista Juliana Franklin.

 

 

COLD STORIES

 

A obra “Cold Stories” (Histórias Frias) ocupará o espaço central da Casa França-Brasil, com um atraente e gigantesco cubo com 5,5 metros de lado e 5,5 metros de altura, onde serão projetados, em uma espécie de lanterna mágica, mais de seiscentos arquivos de vídeos e suas trilhas sonoras coletados exclusivamente da internet, que cobrem os anos da Guerra Fria, de 1944 até os dias de hoje. Na vertiginosa edição de imagens estão desde trechos de séries de TV como “A feiticeira”, “Perdidos no espaço”, “Kojak”, “Túnel do tempo” e “Jeannie é um gênio”, comerciais que propagaram a “invenção do conforto doméstico”, a eventos e discursos históricos, fatos políticos, imagens de conflitos e guerras. Cada videoclipe aparece dentro de uma bolha colorida que circula de tela a tela, cresce de tamanho até explodir e desaparecer, como fragmento de nossa memória coletiva. Juntos a esta estrutura central, estarão quatro velhos baús de viagem, cada um contendo uma marionete de expoentes dos tempos da Guerra Fria: Che Guevara, Mao Tsé-Tung, John F. Kennedy e Nikita Kruschev. Dentro de cada baú, vemos um vídeo em que a marionete fala trechos de um discurso icônico, editado de maneira perturbadora, de modo a se transformar em um mantra absurdo.  “Por décadas, essas figuras manipularam tantos países na Europa, na América do Sul, na África e na Ásia. Aqui nós encontramos as quarto figuras históricas, elas mesmas controladas por uma força externa, invisível ao público”, salienta o curador.

 

Em versão menor do que a apresentada na Casa França-Brasil, “Cold Stories” integrou a exposição individual “Possible Archives”, no Nikolaj Kunsthal, em Copenhague, ano passado.

 

 

CHAPA QUENTE

 

Como em uma máquina “caça-níqueis”, a videoinstalação “Chapa Quente” (2014) mostra em quatro telas objetos utilizados pela polícia, como capacetes, cassetetes e ampolas de gás lacrimogêneo. A cada vez que os objetos se repetem em sequência, surgem imagens de arquivos dos protestos que sacudiram o Brasil em junho e julho de 2013, associadas a fotos históricas dos pesados anos da ditadura e a fenômenos naturais de grande intensidade, como vulcões, gêiseres, deslizamentos de terra e tsunamis.

 

 

SOB PRESSÃO

 

No trabalho “Sob pressão”, criado este ano, trinta barômetros, de 14 centímetros de diâmetro, alinhados sobre a parede, mostram a pressão atmosférica do espaço, mas contêm discretas intervenções gráficas que inserem nomes de favelas do Rio de Janeiro: Maré, Mangueira, Rocinha, Alemão, Fogueteiro, Cidade de Deus, entre outras.

 

 

EVIDÊNCIA

 

Também de 2014, “Evidência” traz um termômetro de três metros de comprimento que mede a temperatura ambiente, mas que na sua escala entre 40 graus Celsius negativos e 40 graus positivos, revela inscrições com datas do período entre 1944 e 2014.

 

 

THROW (TIRO)

 

Criada em 2004, “Throw” (“Tiro”) foi uma obra comissionada para a coleção do Kiasma, Museu de Arte Contemporânea de Helsinque. Dias & Riedweg convidaram transeuntes a atirarem, diretamente no olho da câmera, uma série de objetos dispostos no chão. O gesto das pessoas ganharam maior potência sob o efeito da câmera lenta e da inclusão de imagens de arquivo de manifestações políticas que aconteceram na Finlândia durante o século 20. Walter Riedweg observa que o filósofo alemão Pieter Sloterdijk (1947), em seu livro ”Spheren III”, afirma que “o ato de atirar algo marca uma diferença significante na história do Homo sapiens”. “Quando o homem primitivo aprendeu a atirar coisas, ele iniciou a ideia de comunicação à distância. Este mesmo gesto permanece como uma ferramenta social de comunicação e protesto”, diz o artista.

 

 

BLOCÃO

 

Realizada este ano em colaboração com a crítica de arte Glória Ferreira e a artista Juliana Franklin, “Blocão” reúne, em 30 mil folhas de um bloco de aproximadamente um metro quadrado, uma seleção de 80 frases diferentes, uma por página, ditas por políticos e personalidades da mídia. O público poderá escolher uma frase, e destacar a página para levar consigo.

 

SOBRE OS ARTISTAS

 

Desde 1993, Maurício Dias, Rio de Janeiro, 1964, e Walter Riedweg, Lucerna, Suíça, 1955, trabalham juntos em projetos de arte que investigam a maneira como psicologias privadas afetam o espaço público e vice-versa. Estes projetos têm como característica principal o fato de envolver o público na elaboração de cada obra e apresentar a própria alteridade e a percepção do outro como questões centrais, o que consagrou o trabalho da dupla como pioneiro de uma nova arte pública na cena de arte contemporânea internacional. Com obras em museus como o Centre Georges Pompidou, em Paris, o MACBA, em Barcelona; MOCA, em Los Angeles; Kiasma, em Helsinki, no MAR e nos Museu de Arte Moderna de Lisboa, da Bahia, do Rio de Janeiro e de São Paulo, Dias & Riedweg foram laureados com os prêmios da Fundação Guggenheim, Nova York, das Fundações Vitae e Video Brasil, São Paulo, e da Pro Helvetia, na Suíça. Realizaram projetos de arte no Brasil, na Argentina, África do Sul, Egito, China, Japão, Estados Unidos, México e em diversos países da Europa, bem como exposições individuais marcantes tais como no Centro Cultural do Banco do Brasil, Rio de Janeiro, o Espace Le Plateau, de Paris; Americas Society em Nova York; Museu de Arte de Lucerna, na Suíça; Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, e MUAC, Museu de Arte Contemporânea do México. Dias & Riedweg integraram várias das mais importantes exposições internacionais, entre elas, a documenta 12, em Kassel (2007), a Bienais de Veneza (1999), São Paulo (1998, 2000 e 2002), Istambul (1998), Havana e Mercosul (2003), Liverpool e Shangai (2004), e Gwangju (2006), bem como “Conversations at the Castle”, de Homi Bhabha e Mary Jane Jacob, em Atlanta, em 1996, e “L’État des Choses”, de Catherine David, no Kunst-Werke, Berlim, em 2001.

 

 

O PROJETO COFRE

 

Os artistas convidaram Jorge Soledar, Porto Alegre, RS, 1979, para participar do “Projeto Cofre”, no qual um artista é convidado a ocupar o cofre da instituição. A ideia dos artistas ao fazerem o convite foi mostrar mais um desdobramento dessa reflexão no mundo contemporâneo, uma vez que Soledar vem realizando uma pesquisa acerca do corpo na sociedade de controle. Além de ocupar o recinto do cofre da Casa França-Brasil, o artista propõe intervenções, na hora do almoço, cujos limites se confundem no cotidiano dos usuários da área externa do edifício.

 

 

De 07 de outubro a 30 de novembro.

Miguel Barceló no Rio

22/set

Chega ao Rio de Janeiro a exposição do prestigiado artista catalão Miquel Barceló, na Pinakotheke Cultural, Botafogo. Será apresentada sua obra recente, além de alguns trabalhos emblemáticos de sua produção, como o elefante de bronze apoiado pela tromba, que ocupou em 2011 a Union Square, em Nova York, e que está na frente da Pinakotheke Cultural, podendo ser visto por quem passa pela Rua São Clemente.

 

O artista é o pintor da aclamada cúpula da Câmara dos Direitos Humanos e Aliança das Civilizações, Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, na Suíça, que tem aproximadamente 430 m², e na qual ele imprimiu o fundo do mar, usando 60 toneladas de tinta, em um trabalho que durou treze meses. A obra foi uma doação do governo espanhol para a ONU, em 2007. Outra grande obra do artista que merece destaque é a instalação executada durante um período de seis anos, entre 2000 e 2006, na Capela do Santíssimo na Catedral de Santa Maria, arquitetura do século XVI, em Palma de Maiorca, na Espanha. A Capela foi revestida com imensos painéis contínuos de cerâmica policromada (300m²) e cinco vitrais de 12 metros de altura.

 

Com capacidade de trabalho surpreendente e atuando em múltiplos suportes – pintura, escultura, murais, cerâmica, desenho, ilustração de livros – Barceló se divide entre os seus ateliês de Paris, o de cerâmica em Palma de Mallorca, sua terra natal, e o de Mali, na África. Foi o artista mais jovem a se apresentar no Museu do Louvre e esteve presente na Bienal de Veneza, na Bienal de São Paulo, e na Documenta de Kassel, na Alemanha. Realizou retrospectivas em instituições de renome, como o Centro Pompidou, em Paris; o Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madri; o Museu Rufino Tamayo, no México e o Museu Guggenheim Bilbao, na Espanha.

 

“A exposição apresentada foi pensada, junto com o artista, com o objetivo de mostrar sua produção atual de pinturas e cerâmicas, complementada com uma seleção de suas mais importantes esculturas em bronze”, conta o curador Max Perlingeiro.

 

Na Pinakotheke Cultural serão apresentadas 20 obras, dentre pinturas e esculturas. A mostra também terá dois filmes: “Mar de Barceló”, especialmente produzido durante a execução da cúpula das nações da ONU, e “Paso Doble”, referência ao processo criativo das cerâmicas. Para compreender o processo do artista, foi montado um “gabinete de curiosidades”, com elementos e objetos pessoais caros à composição de sua obra e que nunca haviam saído de seu ateliê parisiense, portanto, inédito para o público. A exposição será acompanhada de um livro (Edições Pinakotheke), com 203 páginas, bilíngue, que reúne uma entrevista do artista ao crítico Adriano Pedrosa, textos do pensador espanhol Enrique Juncosa e imagens da coleção, além de uma cronologia sobre a vida e a obra de Miquel Barceló.

 

Dentre as pinturas apresentadas na exposição estarão os quadros brancos, feitos somente com esta cor, mas com texturas diferentes, que formam diversos desenhos. “Como se pode ver, cada nova camada apaga, mas também deixa uma transparência. Estes quadros são cada vez mais sintéticos, cada vez há menos coisas, e estão mais apagados. Há muitas camadas de pintura, tornando-se espesso no centro, tudo acontece por baixo, é quase invisível, conta o artista em entrevista a Adriano Pedrosa.

 

O crítico de arte espanhol Enrique Juncosa afirma, no livro que acompanha a exposição, que a cor branca sempre esteve presente no trabalho de Barceló. Sobre a origem dos quadros totalmente brancos ele diz: “No Pavilhão Espanhol da Bienal de Veneza de 2009, Barceló apresentou, entre outros, dois quadros brancos de grande formato, Mare tranquilitas e Mare nectaris, 2008, de novo sobre o ritmo e a forma das ondas admiradas de uma praia. O tema das ondas e da espuma do mar, iniciado nas Canárias, e depois com esses dois grandes quadros exibidos em Veneza, é o ponto de partida dos últimos quadros brancos que Barceló pintou desde 2012, tal como os apresentados aqui”.

 

Além dos quadros brancos, também serão apresentadas pinturas de frutas, como tomates partidos. “Como um contraponto à ‘série branca’, ‘os frutos’, obras de grande formato com tomates e figos que explodem no meio da tela. Suas telas brancas persistem há mais de duas décadas. Quando regressou de uma longa temporada na África, em 1988, sua pintura antes densa e cheia de referências culturais e autobiográficas, transforma-se em enormes extensões de paisagens brancas. Um branco que não significa ausência”, afirma Max Perlingeiro.

 

“A exposição inclui também alguns quadros de frutas e tomates partidos, que contrastam com os quadros brancos por sua intensidade cromática, pois são em sua maioria vermelhos. Em um desses quadros, o intitulado Tomate- Mars, 2013, um jogo com o nome que se dá ao planeta vermelho, Marte, a metade do tomate que vemos tem algo de planeta habitável, com um interior que sugere movimento perpétuo, como uma caldeira em ebulição”, ressalta o crítico espanhol Enrique Juncosa no livro que acompanha a mostra.

 

As cerâmicas são outro destaque da trajetória do artista. Se a experiência com a pintura está presente desde o início de sua obra, o interesse pela cerâmica começa em Mali, em 1995. Desde então, o artista dedicou-se a aprender técnicas em Maiorca, França e Itália e a cerâmica tornou-se um dos suportes fundamentais de sua produção. Para a exposição, foram selecionadas cerâmicas no seu ateliê em Vilafranca de Bonany (pequeno vilarejo em Maiorca) instalado numa antiga fábrica de artefatos de cerâmica. “O artista trabalha com a imperfeição da matéria. É um trabalho solitário e bruto onde ele não admite colaboração. São obras autorais. Uma luta incessante entre o homem e a matéria. O artista explora ao máximo o imprevisível e depois recobre com desenhos ou fuligem do resíduo das chaminés, onde um novo processo se inicia”, diz Max Perlingeiro.

 

Sobre as cerâmicas, Enrique Juncosa escreve: “As cerâmicas mais inovadoras que apresentamos aqui, neste livro são pretas. Foram produzidas a partir de uma forma inventada pelo artista. Uma vez cozidas, foram colocadas nas chaminés do forno e ficaram cobertas da fuligem proveniente da fumaça. Depois, fixou a fuligem com um fixador transparente, mas o aspecto continua sendo frágil, como se fosse desprender se alguém as sustentasse com a mão o tentasse limpá-las com um pano”.

 

 

De 23 de setembro a 09 de novembro.

Os Amigos da Gravura

19/set

Claudia Bakker é a artista convidada para exibir seus trabalhos no  Museu da Chácara do Céu, Santa Teresa, Rio de Janeiro, RJ, em nova edição do projeto “Os Amigos da Gravura”. A convidada exibe fotogravura “Escreve na memória”, na qual une imagens de duas instalações realizadas no Museu do Açude, em 1994 e em 1996.A imagem é composta por duas instalações que ocuparam a mesma fonte do Açude. No entanto se diferenciam pelo uso do material, numa delas a fonte foi preenchida com 900 maçãs (1994) e uma placa de acrílico submersa com inscrições sobre  mitologia e  medicina, e que podia ser visualizada através da transparência da água, enquanto as maçãs se moviam delicadamente pelo espaço, e  na outra foram 3.000 litros de  tinta branca (1996) mais bolas de latex também brancas, que amarradas a pequenas pedras se moviam ao sabor do vento. Esses trabalhos  são fortes referências na carreira da artista ao longo destes 20 anos.  Uma obra que se mostra e se esconde, segundo Claudia, “ é permeada pela dicotomia entre o efêmero e o permanente”.  Maçãs e mármores, filmes e  fotografias, fazem parte do repertório de materiais usados pela artista.

 

Para Claudia Bakker sua produção é pontuada com “com pausas de silêncio, para que essa mesma produção, possa se realimentar de uma forma muito pessoal de construção. Acredito na experiência sensível da vida e foi isso que me moveu a fazer essas instalações, que se apresentaram a princípio efêmeras, mas que restam eternas numa imagem atemporal, como um espelho infinito da memória – assim como é o princípio mesmo da fotografia e da documentação.” Além da tradicional imagem inédita para “Os Amigos da Gravura”, a artista irá ocupar as duas salas expositivas do terceiro andar com uma exposição de trabalhos realizados a partir da década de 1990.

 

Em referência a obra de Claudia Bakker o crítico de arte Luiz Camilo Osório, destacou: “As centenas de maçãs pintadas pelo grande mestre francês [Cézanne] criaram e revelaram o que parecia impossível: a maçã numa migração da natureza para a pintura. Basta olhar para crer. A questão é sempre a mesma as maçãs e o tempo. Seja através das fotos e do texto (utilizados na exposição), ou do vídeo e da instalação (em outras ocasiões), o que está em jogo são os modos de permanência que as coisas (a maçã e a arte) têm, expostos a consumação do tempo. A maçã, como metáfora da arte e da vida, só existe pela morte. O paradoxo é este: sem morte não há vida. Suas fotos misturam os tempos, ou melhor, elas querem ser tempo: da escrita, da arte, da fruta e do feminino. Todos os tempos num só, que parece retornar sempre novo.” (O Globo, 10/09/1998).

 

As duas instalações inspiradoras no trabalho de Claudia Bakker, “O jardim do Éden e o Sangue da Górgona”, 1994/95, e “A via Láctea”, 1996, possuem, para o crítico Adolfo Montejo Navas, “uma duração que não é platônica, que continua nestes registros mostrados como documento de artista que nos revela um caráter íntimo, de bastidor. Para documentar isto nada melhor que o exercício e o auxílio da fotografia, pois como se sabe, ela reescreve a própria imagem já vivida, naquela memória que é a vida do perdido”.

 

 

Sobre a artista

 

Claudia Bakker é artista plástica carioca, conhecida por suas grandes instalações com maçãs. Desde o início dos anos 1990, cria sensíveis trabalhos, que falam da dicotomia entre o efêmero e o permanente, misturando materiais, como maçãs e mármore, além de filmes e fotografias. Recentemente, voltou a se dedicar a experiências com a pintura.

 

 

Sobre o projeto Os Amigos da Gravura

 

Raymundo de Castro Maya criou a Sociedade dos Amigos da Gravura no Rio de Janeiro em 1948. Na década de 1950 vivenciava-se um grande entusiasmo pelas iniciativas de democratização e popularização da arte, sendo a gravura encarada como peça fundamental a serviço da comunicação pela imagem. Ela estava ligada também à valorização da ilustração que agora deixava um patamar de expressão banal para alcançar status de obra de arte. A associação dos Amigos da Gravura, idealizada por Castro Maya, funcionou entre os anos 1953-1957. Os artistas selecionados eram convidados a criar uma obra inédita com tiragem limitada a 100 exemplares, distribuídos entre os sócios subscritores e algumas instituições interessadas. Na época foram editadas gravuras de Henrique Oswald, Fayga Ostrower, Enrico Bianco, Oswaldo Goeldi, Percy Lau, Darel Valença Lins, entre outros.

 

Em 1992 os Museus Castro Maya retomaram a iniciativa de seu patrono e passaram a imprimir pranchas inéditas de artistas contemporâneos, resgatando assim a proposta inicial de estímulo e valorização da produção artística brasileira e da técnica da gravura. Este desafio enriqueceu sua programação cultural e possibilitou a incorporação da arte brasileira contemporânea às coleções deixadas por seu idealizador. A cada ano, três artistas plásticos são convidados a participar do projeto com uma gravura inédita. A matriz e um exemplar são incorporados ao acervo dos Museus e a tiragem de cada gravura é limitada a 50 exemplares. A gravura é lançada na ocasião da inauguração de uma exposição temporária do artista no Museu da Chácara do Céu. Neste período já participaram 44 artistas, entre eles Iberê Camargo, Roberto Magalhães, Antonio Dias, Tomie Ohtake, Daniel Senise, Emmanuel Nassar, Carlos Zílio, Beatriz Milhazes e Waltercio Caldas.

 

 

Até 26 de janeiro de 2015.