Bate papo na Athena Contemporânea

09/jun

Amanhã, dia 10, ás 20h, Alexandre Mury, artista conhecido pelos seus irreverentes autorretratos,  que atualmente apresenta 12 trabalhos inéditos em sua primeira exibição individual na Galeria Athena Contemporânea, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, recebe para bate papo com Elisa Byington, curadora da exposição. Nessa mostra – “Eu sou Pintura” – realziada a partir de releituras de ícones da pintura, escultura, cinema, literatura e outras referências da cultura universal, usando a fotografia como suporte, Alexandre Mury encanta com seus personagens de caráter performáticos, dirigindo e produzindo todo o processo. “A proposta é um deslocamento de significados no tempo e no espaço, inspirado nas variadas possibilidades de perceber as cores, de uma forma divertida e intrigante”, avalia o artista, que costuma dizer que se multiplica em vários “eus” em seus trabalhos.

 

A maior característica desta série é o foco na cor. “Por serem quase monocromáticos o efeito é praticamente uma camuflagem, onde não só aspectos plásticos são mimetizados mas toda uma provocação com ambiguidades de paradoxos que exigem um olhar atento para cada obra”, avalia Mury. Entre os destaques desta mostra estão os trabalhos inspirados nas obras Arranjo em cinza e preto, no. 1 (James Whistler), A escala em amarelo (Frantisek Kupka), O bebedor de absinto (fase azul de Pablo Picasso) e Pallas Athena (fase dourada de Gustav Klimt).

MUV, novo espaço

04/jun

A MUV Gallery, galeria virtual dedicada à arte contemporânea, projeto de Camila Tomé e Stéphanie Afonso, abre mais uma frente, além do virtual. O projeto, que já completou um ano, funcionou muito bem e a tal ponto que clientes, parceiros e artistas não se contentaram com o movimento inovador na internet e com o showroom no espaço da casa no Joá. Por conta disso as galeristas buscaram um espaço onde possam realizar exposições individuais e ampliar o conceito MUV Gallery, que tem como objetivo aproximar o público da arte contemporânea e apresentar novos artistas. Na inauguração, será realizada a exposição individual de Piti Tomé, que apresenta seis obras inéditas, titulada de modo bastante original: “entre uma e outra coisa todos os dias são meus”.

 

O novo espaço situa-se em Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, no burburinho artsy, na galeria ao lado da Livraria da Travessa. A grande novidade será o monitor touch screen, onde o visitante poderá ver os trabalhos dos artistas, preços das obras, e currículo/Biografia dos artistas, ou seja, se aproximar da arte sem se intimidar com perguntas. “Sabemos que faz parte perguntar na galeria detalhes sobre as obras, e isso vai continuar acontecendo, mas tivemos essa ideia do monitor para que o astral seja o mais informal possível”, conta Stephanie Afonso. Até o fim do ano, a galeria que representa hoje 13 artistas, entre eles Bob N, Felipe Fernandes, Cláudia Porto e Eloá Carvalho, pretende abrir mais duas exposições individuais, um dos motivos que fez com que a galeria nascesse e agora será possível trabalhar os artistas por inteiro, com uma quantidade maior de obras e realizar um trabalho mais aprofundado em cada exposição. A mostra tem curadoria de Marcelo Campos.

 

 

Sobre a artista

 

Piti Tomé é artista visual e trabalha com fotografia, vídeo e instalação. Seu interesse pela fotografia começou os 16 anos quando ganhou sua primeira câmera. É formada em cinema, pós-graduada em direção de fotografia pelo CECC e pela ESCAC, respectivamente, ambas em Barcelona, e começou seu percurso pela arte contemporânea participando de diversos cursos livres na EAV – Parque Lage, com professores como Fernando Cochiarale, Guilherme Bueno e Denise Cathilina.  Participou de duas exposições coletivas na Muv Gallery, uma com curadoria de Daniela Labra, e fez residência artística em Berlim, quando foi selecionada para o 4o prêmio Belvedere de arte contemporânea e para o Salão de Artes de Fortaleza, em Abril de 2014. Sua pesquisa gira em torno de questões sobre a memória, a infância e o tempo. Seus trabalhos são uma constante tentativa de costurar o passado e uma luta contra o esquecimento. Na mostra que apresentará seis obras inéditas, Piti fala da infância, do desaparecimento e luta contra o esquecimento da memória. A artista trabalhou em cima de fotos que vem de diversos lugares e feiras de antiguidades, dando para este material um novo significado. São impressões sobre as folhas, com folhas desmembradas de livros médicos, dicionários estrangeiros, fazendo um jogo de palavras com as imagens, introduzindo objetos tridimensionais, sempre lembrando ausência e a memória, ou falta dela nas pessoas. “Esta série narra pequenas biografias a partir de questões em torno da formação de identidade. São narrativas sobre uma infância perdida, sobre o abandono, a solidão, o esquecimento e, em última instância, a morte. Me aproprio de imagens e objetos para construir a história desses personagens, reiterando ou dando novo sentido a esses materiais. Através dessas vidas inventadas, construo um universo contra o esquecimento e tento dar conta do meu próprio passado”, finaliza Piti Tomé.

 

 

Sobre o nome da galeria

 

O nome – MUV Gallery – é inspirado na sigla de Movimento Uniformemente Variado da física. MUV é todo movimento com aceleração constante. Nossa galeria nasce desse conceito e já surge em movimento, sempre acompanhando as possibilidades que a internet proporciona e as novas mudanças que a vida contemporânea apresenta.

 

 

De 05 de junho a 08 de agosto

Mauro Restiffe no Instituto Moreira Salles/Rio

O Instituto Moreira Salles, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, inicia junho seu programa anual de exposições de fotografia contemporânea brasileira. Durante três meses de cada ano, o centro cultural do Rio de Janeiro abrigará uma exposição inédita desenvolvida em parceria com um artista ou fotógrafo, seja através de um trabalho comissionado ou de apoio a um trabalho em andamento.

 

A primeira exposição do novo programa é “São Paulo, fora de alcance”, do fotógrafo paulista Mauro Restiffe. A pedido da revista ZUM, Restiffe já havia fotografado o bairro da Luz em 2012. Para esta exposição, o fotógrafo foi convidado a estender seu trabalho sobre a cidade de São Paulo, realizando caminhadas por outros bairros, centrais e periféricos, como Brás, República, Pinheiros, Vila Congonhas e Itaquera. Esses deslocamentos aconteceram quase diariamente por três meses e deram origem a centenas de fotografias, feitas com a câmera Leica e o filme preto e branco de alta sensibilidade que fazem parte da poética do artista. Mauro Restiffe é conhecido pelas séries fotográficas que desenvolve em torno de questões urbanas de relevância histórica, política e arquitetônica. As 18 obras escolhidas para a exposição apresentam a cidade, o espaço urbano e seus habitantes. Muito longe de cartões-postais, as fotografias atualizam o repertório visual de São Paulo ao olhar para espaços públicos e construções importantes como o Itaquerão, a praça do Relógio, o Templo de Salomão, a praça Roosevelt, o vão livre do Masp e o Museu do Ipiranga. Ampliadas em formatos que variam de 60 centímetros a mais de dois metros de largura, as imagens ganham escala monumental.

 

Os usos variados que os habitantes fazem da cidade e os diversos estágios de construção e conservação do patrimônio arquitetônico se combinam para narrar visualmente a experiência fragmentada que caracteriza a vida urbana. Nas imagens da exposição, os deslocamentos diários ao trabalho ou os passeios de fim de semana se misturam a fatos extraordinários, como o incêndio no Memorial da América Latina, ocorrido em novembro do ano passado, ou um dos vários protestos realizados este ano. Ao usar o preto e branco para fotografar acontecimentos recentes, o fotógrafo dá às obras uma ambiguidade temporal. O preto e branco e a alta granulação produzem uma unidade entre as pessoas e o variado tecido urbano, ao mesmo tempo em que serve de metáfora para a organização caótica e precária das cidades.

 

As obras de Mauro Restiffe serão afixadas em painéis espalhados pelo espaço expositivo, ao invés de estarem penduradas nas paredes, como numa exposição fotográfica tradicional. A montagem, que faz alusão ao percurso das cidades, obriga o visitante a confrontar-se com as obras e contorná-las, construindo planos, perspectivas e bloqueios conforme se caminha pela galeria. O título da exposição também sugere a impossibilidade de representar uma cidade grande e complexa como São Paulo. A exposição tem curadoria de Thyago Nogueira, coordenador de fotografia contemporânea do IMS. O projeto expográfico é de Martin Corullon, do escritório Metro Associados, e a identidade visual de Daniel Trench. A exposição será acompanhada de um livro com cerca de 50 imagens do projeto.

 

O novo projeto de exposições em fotografia contemporânea vem se somar às atividades que o IMS vem desenvolvendo nesta seara nos últimos anos e que incluem a publicação da revista de fotografia ZUM e o oferecimento da Bolsa de Fotografia ZUM/IMS.

 

 

 

Sobre o artista

 

Mauro Restiffe nasceu em São José do Rio Pardo, em 1970. Formou-se em cinema pela Faap e estudou fotografia no International Center of Photography e na New York University. Suas obras foram expostas, entre outros lugares, no MAC-SP (2011) e na 27ª Bienal de São Paulo. Seu trabalho faz parte de coleções importantes, como as da Tate Modern, do MoMA de São Francisco, de Inhotim e da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Foi indicado ao prêmio BES-Photo de 2011 e, em 2013, foi premiado pela Fundação Conrado Wessel. Expôs no Rio de Janeiro em 2006, na galeria Laura Marsiaj. Esta é sua primeira individual institucional na cidade.

 

 

De 07 de junho a 28 de setembro.

Felipe Barbosa na Sergio Gonçalves Galeria

Felipe Barbosa inaugura exposição individual na Sergio Gonçalves Galeria, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A mostra, denominada “Quadrado Mágico”, cria um diálogo entre jogos matemáticos e a arte, subvertendo o sentido dos objetos ao ressignificá-los entre formas e signos geométricos, que inspiraram o artista nas 16 obras selecionadas. A curadoria é de Sergio Gonçalves.

 

Para Felipe Barbosa os quadrados mágicos possuem uma espécie de conexões ocultas com os números, nos quais busca fazer uma relação com os objetos escolhidos para trabalhar, cujo resultado surge através de diversas sobreposições que ganham formas geométricas. Assim como a série de painéis hexagonais com fichas e flâmulas dos anos 60, entre outros materiais, todos ganham status de arte nas obras do artista. “…acredito que os números e suas simetrias, entre as quais os quadrados mágicos, representam os estágios da criação, logo, procuro brincar com o abstrato e criar um novo mundo de possibilidades com a minha arte”, define o artista.

 

Para o inglês Keith Cricthlow, co-fundador da Academia de Temenos, “os quadrados mágicos são instâncias da harmonia dos números e servem como intérpretes da ordem cósmica que domina toda a existência. Eles aparecem para evidenciar algumas inteligências secretas, as quais, por um plano preconcebido, produzem a impressão de um desenho intencional”.

 

O quadrado mágico também já foi referência no futebol brasileiro e até mesmo o futebol se transforma em arte nas mãos do artista. Conhecido pela forma como desconstruía e depois recontextualizava bolas de futebol, agora Felipe Barbosa une camisas de times distintos, grandes rivais em campo, mas juntos através da arte. A obra “Camisa Brasileira” é a primeira dessa nova série do artista, que já desperta a cobiça dos colecionadores.

 

Outra novidade nesta exposição são os volantes de Badminton, espécie de peteca usada neste esporte pouco praticado no Brasil, mas muito popular entre os ingleses, em que Felipe os aglomera como já havia feito com lápis, canetas, palitos de fósforos e guarda-sóis. Nessa obra, Felipe Barbosa cria novas formas de expressão em que a série de unidades, tomadas como banais, feitas, refeitas e colocadas de forma a darem forma a outros objetos, – totalmente disfuncionais -, resultam em nova apropriação entre o fazer industrial e o readymade.

 

A mostra “Quadrado Mágico”,  é a primeira individual do artista na Sergio Gonçalves Galeria, que o representa desde dezembro de 2013. Com exposições recentes na Way Cultural, no Rio de Janeiro, no Museu de Arte do Rio (MAR), na Galeria Murillo Castro em Belo Horizonte e em Nova Iorque, agora Felipe Barbosa apresenta seus mais recentes trabalhos ao público carioca.

 

 

Sobre o artista

 

Felipe Barbosa nasceu em 1978, no Rio de Janeiro, e graduou-se em Pintura pela UFRJ, e é mestre em Linguagens Visuais pela mesma instituição. Em seus trabalhos, conjuga elementos do cotidiano e faz referências à História da Arte, alterando os significados dos objetos que elege transformar, criando em seu expectador uma sensação simultânea de proximidade e desconforto. O artista expõe regularmente desde 2000, em diversos países ao redor mundo, entre eles México, Estados Unidos, Espanha, Portugal, Croácia, Lituânia, França, Canadá, Holanda, Inglaterra, Argentina e Japão. Dentre suas mostras recentes, destacam-se Campo de las Naciones, na Galería Blanca Soto, em Madrid, na Espanha; The Record : Contemporary Art and Vinyl, no Miami Art Museum, nos Estados Unidos; Futbol Arte y Passion, no MARCO – Museo de Arte Contemporaneo de Monterey, no México; e Consuming Cultures – A Global View, 21C Hotel-Museum, em Kentucky, também nos Estados Unidos. A partir de dezembro de 2013, passou a ser representado pela Sergio Gonçalves Galeria.

 

 

De 07 de junho a 27 de julho.

Gonçalo Ivo expõe na Laura Marsiaj

30/maio

O pintor Gonçalo Ivo  tornou-se conhecido quando de sua participação, em 1984, da grande exposição organizada por Marcus Lontra no Parque Lage, “Onde está você geração 80?”. Agora, o artista apresenta sua nova produção na Galeria Laura Marsiaj, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. Esta exposição revelou importantes nomes que se tornaram figuras pontuais na pintura contemporânea brasileira como Luiz Zerbini e Beatriz Milhazes, entre outros. Oriundo dessa geração, Gonçalo Ivo aprofundou e ampliou sua pesquisa no campo da pintura, interrogando continuamente a experimentação no ato de pintar em um fazer rudimentar  incrementado pela tecnologia, buscando refletir sobre as relações que abarcam imagens, suportes, técnicas, estilos, materiais, gestos, formas, cores, figuras, etc., em síntese: uma extensa gama de possibilidades.

 

Residindo em Paris há 14 anos, Gonçalo Ivo nunca deixou de expor no Brasil mesmo cumprindo uma intensa agenda internacional. O artista exibirá no espaço da galeria quatro telas de grande formato e no ANEXO, cinco aquarelas. Trabalhos inéditos com a apresentação de Raphael Fonseca e Vera Pedrosa.

 

 

Um texto por dia – Texto de Rafael Pedrosa

 

Lembro de que durante a graduação um professor disse uma frase que nunca esqueci. Após a leitura de uma entrevista dada por Arthur Danto, iniciamos um debate sobre a importância da prática da escrita no campo da história da arte. Ao final da aula, como uma espécie de resumo das discussões, esse professor virou para a turma e disse: “É essencial que todo dia se escreva um texto. Não necessariamente um texto crítico ou fruto de uma pesquisa que diga respeito à arte, mas ao menos um e-mail pessoal com mais de três linhas deve ser feito por dia”.

 

Esse elogio ao fazer permanece na minha memória e muitas vezes foi debatido junto a amigos também escritores e/ou artistas. Algumas pessoas apontam para uma interpretação de certo estímulo a um trabalho incessante, isto é, onde está o espaço para o repouso nessa concepção do mundo? Para além de meu tendencioso caráter workaholic, ao lembrar o modo como essas duas frases foram proferidas, prefiro pensa-las a partir da necessidade de se ter um compromisso com o nosso ofício; dizendo de outro modo, creio que meu professor queria nos orientar quanto à necessidade de estarmos plenos em nossos compromissos, alinhados eticamente e existencialmente ao nosso fazer. Se havíamos escolhido (de modo objetivo ou não) a formação em história da arte, nessa área deveríamos estar com o corpo imerso – daí a importância de exercitarmos sempre a matéria expressiva que tradicionalmente compunha o nosso fazer, ou seja, a escrita.

 

Trabalho com arte contemporânea de modo enfocado há cerca de quatro anos e sou, assim como muitos colegas de profissão, rotulado pelo termo “jovem crítico” e/ou “jovem curador”. Não reclamo desta carga ainda leve que carrego, mas recentemente me dói um pouco viver em uma era em que se normalizam os excessos – das imagens, das mensagens, das ideias, das oportunidades e dos portfolios. Talvez nunca antes tivéssemos tantos jovens artistas efervescentes, mas, ao mesmo tempo, uma tecnologia digital que parece iludir que ser artista é realizar imagens e divulga-las aos quatro ventos pelo Facebook.

 

Qual não foi, portanto, minha surpresa e felicidade a aceitar um novo convite e refletir um pouco sobre a produção recente e a trajetória de Gonçalo Ivo. Se fui orientado para escrever diariamente, tenho a impressão que esse artista também o foi, porém no que diz respeito à sua capacidade de ser um produtor de imagens. Sendo sua primeira participação em exposição coletiva em 1978, podemos afirmar que seu percurso institucional já abarca mais de 35 anos. De lá para cá, foram diversas as participações em exposições desse momento histórico-artístico depois chamado por “geração 80”, além de projetos individuais que circularam as principais capitais do Brasil, além de museus e instituições pela Europa.

 

Se hoje advenho de uma geração de artistas em que as ideias se proliferam muito rapidamente e muitas vezes são movidas pelas fatídicas “curtidas” das redes sociais, Gonçalo me parece exemplar no que diz respeito à sua disciplina do fazer. Sim, estamos a falar de um profissional que poderia ser chamado pelo termo “pintor” – por mais que, claro, sua produção abarque também áreas afins como a gravura, o desenho e mesmo a escultura. De todo modo, mesmo que sua carreira ande junto ao fardo de se assumir enquanto pintor, não lidamos aqui com uma pessoa que nega ou rechaça técnicas que geralmente são interpretadas de modo imediato como sinônimo de certa ideia estilística de arte contemporânea; basta, por exemplo, ler suas reflexões recentes sobre a exposição do videoartista Bill Viola, no Grand Palais, em Paris.

 

Seu compromisso quanto ao fazer está para além da pintura – tem como alvo o campo fenomenológico das artes visuais. Mais do que um aficionado pela técnica, Gonçalo é comprometido com a potência da imagem e é a partir dela que se ergue uma pesquisa formal e poética que nunca estará terminada devido ao seu interesse, justamente, pelo processo diário. Mas de quais modos isso se faz perceptível nas suas obras? Por quais perspectivas podemos abordar a sua produção?

 

Poderíamos nos referir às suas pinturas fazendo um acréscimo de uma pequena palavra após o nome da técnica; “pintura abstrata”, alguns poderiam dizer. Porém, quando recorremos aos títulos dados pelo artista a algumas de suas produções recentes, como, por exemplo, “Aurora” (2014) e “Estrela do Norte” (2012), essa certeza é colocada em dúvida. Longe do lugar da representação figurativa de imagens que poderiam ser qualificadas como paisagem, a produção recente do artista diz respeito a uma resposta no campo da imagem para algo que o chama a atenção através do seu embate entre corpo e experiência ótica.

 

Ao olharmos de perto alguns de seus cadernos, é interessante perceber como que, mesmo que sua pintura recente lide com grandes campos de cor que dominam o espaço da tela e a fragmentam espacialmente, não estamos a contemplar imagens que são construídas de um modo espontâneo ou que se dão diretamente através de um contato imediato entre homem e tela em branco. É nesses cadernos de viagens que se percebe a importância que Gonçalo atribui para o estudo de suas composições futuras. Trata-se de pequenas arenas em que o artista se pergunta sobre as melhores articulações entre formas geométricas e opções cromáticas de modo que a tela posterior seja uma possibilidade de diálogo com algum elemento apreendido anteriormente e recodificado para uma linguagem que poderíamos chamar de abstrata. A abstração, porém, está apenas na incapacidade do espectador reconhecer elementos realistas. Melhor do que esse termo muito usado na história da arte, talvez fosse mais interessante ler as criações do artista pela perspectiva afetiva da memória capaz de possibilitar que uma igreja como a de Santa Maria de Taüll e suas nuances de cor sejam transfiguradas em listras que configuram de outro modo a potência das imagens religiosas.

 

Ao voltarmos o nosso olhar para “Aurora”, sua pesquisa formal se desvela. Busca-se trabalhar com tons ligeiramente diferentes de azul em contraponto a uma série de pequenas listras dotadas de cores diferentes. Joga-se, assim, com a ideia da justaposição entre as cores. Enquanto isso, qualquer certeza em torno de uma abordagem que lidasse com a ideia de simetria precisa ser revista já que ainda que as grandes áreas de cor se assemelhem a retângulos, quadrados e listras, elas apresentam, ao mesmo tempo, pequenos deslocamentos e transições planares que impossibilitam, novamente, um olhar mais catalográfico da análise da imagem. Não apenas no que diz respeito ao desenho dessas formas, mas a fatura e textura que cada polígono apresenta denota uma pesquisa da pintura que a coloca em princípios de uma busca também pelos diferentes efeitos tridimensionais proporcionados por suas pinceladas. Réguas, portanto, não são o bastante para se escrever sobre as telas de Gonçalo Ivo.

 

Essas características formais também se fazem presentes, mas de modo mais contaminado, na outra técnica que acompanha o artista desde o começo de sua carreira, ou seja, a aquarela. Em pequenos formatos, Gonçalo também propõe encontros geométricos, mas não necessariamente rígidos entre cores. Devido à espessura diversa que a técnica, por exemplo, do óleo sobre a tela possui, ao se praticar a aquarela sobre o papel, as cores se encontram e criam novas manchas em suas fronteiras fictícias. Os títulos aqui se fazem presentes dentro dos limites do papel e convidam o público, novamente, a pensar as relações entre imagem e texto em sua produção pictórica. “Acorde noturno – a luz do Parque do Retiro” remete, por exemplo, às recentes experiências do artista na Espanha, onde se encontra sempre atento tanto às tradições pictóricas locais, quanto às diversas luzes e paisagens proporcionadas pelo seu deslocamento por Madri. Talvez seja possível aproximar esses pequenos formatos de imagens dos cartões postais. Por mais que não vejamos uma paisagem explícita, são frutos de uma experiência da paisagem que não deve ser lembrada tal qual uma fotografia e sua mimese, mas sim ecoada através de sensações cromáticas.

 

Uma dessas aquarelas é intitulada “O véu da aurora – caminhando com Maria Leontina”. Ao fazer referência a essa pintora, penso também como poderíamos elencar diversos outros importantes nomes da arte moderna no Brasil e coloca-los em diálogo com Gonçalo Ivo: Alfredo Volpi, Iberê Camargo e José Pancetti. Parece-me interessante pensar, ao lado desses vínculos já estabelecidos por outros escritores, a possibilidade de ver sua produção caminhando com outras tradições de imagens.

 

Creio que faz sentido relacionar as suas cores à produção escultórica de Veio, um artista que Gonçalo possui em sua coleção. Nascido em Sergipe e com uma produção que articula as formas de madeiras, troncos e a cor, muito além do fardo de ser sempre lido pelo viés da “arte popular”, o modo como conjuga as cores e as texturas das madeiras que escolhe proporciona um diálogo muito interessante não apenas com a pintura de Gonçalo, mas também com os objetos tridimensionais em que ele explora as possibilidades da têmpera sobre madeira. Esses cruzamentos não precisam se manter geograficamente no Brasil, mas o quão potente não seria também caminhar junto com os objetos africanos também de sua coleção? Trazer a obra de Gonçalo Ivo para uma perspectiva mais global e menos eurocêntrica, mais da cultura visual e menos da história da arte, se trata de uma tarefa curatorial ainda por ser feita e capaz de proporcionar o encontro entre estandartes tribais da África, máscaras e sua larga experiência com a cor em diversas mídias e formatos.

 

Conhecer um pouco de seu fazer e de seu espaço de trabalho em uma tarde me fez relembrar daquelas palavras de meu professor. É preciso se manter imerso no nosso comprometimento para com isso que chamamos por arte. É preciso não ceder à fugacidade do veloz sistema da arte contemporânea que nos avassala em 2014. Tal qual a disciplina e insistência da pintura de Gonçalo Ivo, é necessário estar atento ao que nos rodeia e não necessariamente transformar todas as vivências em escrita, mas seguir a experimentar o mundo através da estesia para que sigamos a pensar uma pluralidade de narrativas para nossas existências e diferenças.

Se Gonçalo caminha com Maria Leontina, gostar-me-ia de caminhar um pouco com as suas formas rumo ao mundo desconhecido, mas fiel à minha meta textual diária.

 

 

 

De 03 de junho a 17 de julho.

Richard Serra no Instituto Moreira Salles/Rio

29/maio

O Instituto Moreira Salles, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Richard Serra: desenhos na casa da Gávea”, composta por 96 obras selecionadas pelo próprio artista. A mostra foi especialmente concebida para o centro cultural do IMS no Rio de Janeiro, a antiga residência do embaixador Walther Moreira Salles (1912-2001), patrono e criador da instituição. Para instalar seus desenhos no local, o artista solicitou a remoção de algumas paredes falsas, construídas sobre as paredes de vidro do projeto original para que o espaço abrigasse exposições. Os desenhos foram escolhidos a partir da escala da casa, “um espaço doméstico”, segundo Serra. Os trabalhos estarão em diálogo direto com o projeto modernista criado pelo arquiteto Olavo Redig de Campos, em 1948. A construção é caracterizada pela transparência, que permite a interação dos interiores com os jardins de autoria de Roberto Burle Marx.

 

Embora Richard Serra seja mais conhecido por suas obras site-specific e por esculturas de grande escala feitas com placas de aço retorcido, o desenho tem sido igualmente importante para ele. No Brasil, o artista apresentará a série de importância histórica “Drawings after Circuit”, 1972, feita a partir da famosa escultura “Circuit”, formada por quatro placas apoiadas e saindo dos cantos de uma sala da Documenta de Kassel, em 1972. Serra explica que os desenhos “registram o que eu vi enquanto me movimentei 360 graus pela sala…Os desenhos são um diagrama da abertura e do fechamento das placas enquanto se caminha entre elas.” Além de “Drawings after Circuit”, a maioria dos cadernos de anotações expostos na antiga biblioteca da casa mostrará esboços feitos durante ou logo depois da instalação de esculturas. O artista nunca faz desenhos preparatórios para uma escultura e considera o ato de desenhar uma atividade totalmente independente do seu trabalho tridimensional.

 

Serão apresentados também desenhos feitos com diferentes materiais e técnicas, incluindo a recente série “Courtauld Transparencies”, apresentada pela primeira vez em 2013 na Courtauld Gallery, em Londres. Serra descreve o processo: “Ocorreu-me que, se eu cobrisse duas folhas de Mylar com crayon derretido e ensanduichasse uma folha limpa no meio, eu poderia capturar minhas marcas dos dois lados da folha limpa”.

 

Para Richard Serra, o desenho sempre foi, antes de tudo, um meio de experimentação privilegiado: “Tenho trabalhado com diversos materiais e em diversas superfícies, mas um princípio básico nunca se altera: o processo sempre é mais importante do que o resultado”.

 

A exposição será acompanhada pelo lançamento do livro “Escritos e entrevistas, 1967-2013”, de Richard Serra, editado pelo Instituto Moreira Salles. O conjunto de textos, em sua maioria inéditos em português, dá ao leitor um panorama das preocupações do artista e do desenvolvimento do seu trabalho nos últimos 40 anos.

 

No dia 17 de julho, o IMS promoverá o lançamento do catálogo da mostra “Richard Serra: desenhos na casa da Gávea”, com fotos de Cristiano Mascaro documentando o período de montagem e a exposição no IMS do Rio de Janeiro.

 

 

 

Sobre o artista

 

Richard Serra nasceu em São Francisco, USA, em 1938. Estudou na Universidade da Califórnia (Berkeley e Santa Bárbara) e na Yale University. Desde 1966, mora em Nova York. Sua primeira exposição individual foi em 1966 na Galeria La Salita, Roma, e, três anos depois, expôs na galeria Castelli Warehouse, Nova York. Sua primeira exposição individual em um museu aconteceu em 1970 no Museu de Pasadena, Califórnia. Desde então, tem participado de várias edições da Documenta em Kassel, Alemanha e da Bienal de Veneza. Seus trabalhos tem sido apresentados em individuais realizadas em museus internacionais como: Museu Stedelijk, Amsterdan, Holanda; Centre Georges Pompidou, Paris, França; Museu de Arte Moderna de Nova York, NY; além de outros museus dos Estados Unidos, na Europa e na América Latina. Em 2005, oito obras em grande escala foram instaladas permanentemente no Museu Guggenheim de Bilbao, Espanha. Entre 2011 e 2012, o Museu Metropolitan de Nova York, o Museu de Arte Moderna de São Francisco, Califórnia, e a Menil Collection, em Houston, Texas, realizaram uma grande retrospectiva de seus desenhos. Em 2013, Serra expôs seus desenhos na Courtauld Gallery, Londres, Inglaterra. Em abril deste ano, o artista instalou uma grande escultura permanente no deserto, na reserva natural de Brouq, no Qatar.

 

 

 

Até 28 de setembro.

 

Encontro: Richard Serra e Michael Kimmelman

No dia 27 de maio, aconteceu um evento aberto ao público, quando Richard Serra conversou com Michael Kimmelman, crítico de arte e arquitetura do The New York Times, sobre a relação entre a arte e a cidade. O evento foi realizado no Teatro Adolpho Bloch (antigo Teatro Manchete), no Rio de Janeiro, abrindo a programação de 2014 do Fórum de Arquitetura e Urbanismo Arq.Futuro.

Arte popular no Solar

Em meio à obra de restauro do Solar Visconde do Rio Seco, Praça Tiradentes, Rio de Janeiro, RJ, sete conjuntos de peças, de diferentes regiões brasileiras, estão agrupadas como instalações, de modo a potencializar sua importância.

 

O percurso começa com uma homenagem ao mestre Nuca, de Pernambuco, e seus leões de Tracunhaém. Provoca um mergulho no universo feminino pela visão sensorial das rendas e bordados do Brasil e das bonecas da Zezinha, mestre artesã do Vale do Jequitinhonha (MG).

 

A caminhada no labirinto de 200 cabeças da Irinéia sugere a passagem pelo país áspero e misterioso da imaginação dessa mulher guerreira, moradora da comunidade quilombola da União dos Palmares, em Alagoas.

 

A planície de flores secas, do grupo Flor do Cerrado Design e Artesanato, de Samambaia (DF), leva à floresta flutuante de 700 Varinhas da Conquista, feitas por famílias da Ilha do Marajó (PA). A travessia dessa floresta descortina as luzes da cidade, através das luminárias de lã de ovelhas criadas pela Associação de Artesãos Ladrilã – núcleo Pedras Altas (RS).

 

A iniciativa é do Sebrae e marca a apresentação do projeto do novo Centro de Referência do Artesanato Brasileiro, que ocupará o conjunto histórico de três prédios centenários na Praça Tiradentes. Coordenação de curadoria de Jair de Souza com a consultoria de José Nemer e Adelia Borges.

 

 

Sobre os artistas

 

Maria José (Zézinha) Gomes da Silva, Turmalina, MG, modelagem e queima de barro

 

Noivas, mães com seus filhos, moças em suas tarefas domésticas. Mulheres idealizadas em suas perfeições estáticas, impecáveis, manifestando o desejo de pureza, integridade e elegância popular. Elas são as bonecas de barro de Zezinha, entre as mais conhecidas cerâmicas do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Maria José Gomes da Silva, a Zézinha, aprendeu a modelar o barro com seus pais, também ceramistas. Suas bonecas têm um olhar de enigma e, ao longo do tempo, foram ficando ainda mais sofisticadas, com ricos vestidos cheios de detalhes e pequenos adereços. Pura feminilidade pintada com barro rosa claro e branco, e com pigmentos de minérios da região que são aplicados antes da queima no forno a lenha.

 

 

Irinéia Rosa Nunes da Silva, União dos Palmares, AL, cerâmica

 

Foi na comunidade quilombola do Muquém, em Alagoas, que Irinéia Rosa Nunes da Silva começou a modelar o barro. A partir de suas mãos, surgiram figuras humanas, animais e cabeças. Nossas cabeças se juntam às dela, compondo uma verdadeira colagem involuntária em movimento. Quem vê de fora descobre essa potência e identidade. O trabalho sempre é feito com o marido, Antônio Nunes. É ele quem retira o barro das margens do rio Mundaú e pisa na argila até amaciá-la. É então que Irinéia molda as cabeças, que depois irão para os fornos artesanais. O talento do casal é reconhecido no mundo. A artesã já foi indicada ao Prêmio Unesco de Artesanato para a América Latina e o Caribe em 2004 e faz parte do registro do Patrimônio Vivo de Alagoas. As “Cabeças de Irinéia” fazem parte de diversas coleções de arte.

 

 

Nuca e Marcos de Nuca, Tracunhaém, PE, barro cozido

 

Figuras totêmicas, assírias, enigmáticas, assim são os leões do Mestre Nuca. Manoel Borges da Silva nasceu em Nazaré da Mata, em Pernambuco, mas cresceu em Tracunhaém. E foi nesta cidade – em que “o barro ou vira santo, ou vira panela” – que aprendeu, ainda menino, a trabalhar com a argila. Um dia, trabalhando por encomenda, fez surgir do barro um leão. Os caracóis foram ideia de sua mulher e parceira Maria. Mestre Nuca, que em 2005 recebeu o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, morreu em fevereiro de 2014. Nesta sala, seus leões encontram a companhia dos de seu filho Marcos Borges da Silva, que imortaliza e dá sequência à obra do pai e mestre.

 

 

Até 26 de julho.

O design italiano em exibição no Rio

27/maio

Istituto Europeo di Design faz a inauguração oficial de sua sede no Rio de janeiro, no local onde funcionou o Cassino da Urca (hoje restaurado), e recebe para a exposição de móveis e luminárias da coleção da Fondazione Sartirana Arte, de Pavia, Itália. A curadoria é de Giorgio Forni, presidente da Fondazione Sartirana Arte. A produção é do Istituto Italiano di Cultura.  A mostra, denominada “Protagonistas do Design Italiano”, apresenta mais de 100 peças marca a inauguração oficial do IED Rio, prestando uma homenagem especial a Giotto Stoppino, um dos mais importantes designers italianos, falecido em 2011. Stoppino foi o ícone do dressing home design dos anos 1960 e 1970, e é o criador de 21 obras que compõem a exposição, sendo três delas suas peças emblemáticas: as cadeiras “Alessia” e “Maia” e o sofá “Cavour”. A curadoria é de Giorgio Forni, presidente da Fondazione Sartirana Arte.  “Protagonistas do Design Italiano” reúne criações de Gancarlo Zompi, Enzo Catellani, Marco Lodola, Ferruccio Laviani, Marcelo Pirro, Vico Magistretti, Castigioni & Frattini e Philippe Starck. Estão também na mostra móveis e luminárias desenvolvidos pelas empresas Zanotta, Poggi e Kartell.

 

 

Criatividade e inovação

 

A exposição destaca a excelência do design, como a indústria do móvel optou por peças criativas e inovadoras para mobiliar casas. São dois grandes pensamentos que estão na mostra: a produção da região da Lombardia, de que participaram arquitetos e pesquisadores criativos, e a da Toscana, com escultores que fizeram móveis, diluindo, em meados do século 20, as fronteiras entre arte e design.  Milão, capital do design italiano, tem sua síntese em seu Salão do Móvel (Salonedel Mobile) evento anual, realizado entre março e abril, que apresenta as criações de uma rede, única no mundo, de empresas que desenham e produzem o melhor dos móveis. O design italiano é principalmente reconhecido por ter empresas tradicionais, muito ativas há mais de um século, famosas por sua estreita simbiose entre a excelência no rendimento, a tecnologia industrial e a qualidade dos materiais, muitas vezes incomuns, aliadas à inovação criativa dos arquitetos. O resultado dessa cultura de design tem se convertido em um modelo para toda a indústria internacional. Esta busca de excelência estará na exposição, que vai refletir a filosofia do design italiano, o de impressionar e seduzir o espectador com formas inesperadas com as quais são definidas, de maneira única, as funções de um objeto de uso comum: uma cadeira, uma mesa, um sofá, uma cama, uma fonte de luz… Eficiência e comodidade devem ser garantidas, mas com o valor agregado de uma nova estética, que capture e acenda o desejo naqueles que poderão usá-los.

 

 

 

Sobre o designer homenageado

 

Giotto Stoppino (1926 – 2011), o designer homenageado na mostra “Protagonistas do Design Italiano”, foi um revolucionário do design nas décadas de 1960 e 1970, participou em várias edições da Trienal de Milão, e exibiu suas obras na Itália e no exterior. As cadeiras de Giotto Stoppino que estarão na exposição irão destacar para o público um aspecto notável da atividade de projetos deste autor que marcou, de maneira decisiva, a história do desenho da decoração deste último meio século. “Esta exposição foi concebida a partir da maneira de vestir e de enfeitar as casas onde moram os italianos”, afirma Giorgio Forni, curador e presidente da Fondazione Sartirana Arte . “Escolhemos como recorte da Coleção o melhor do melhor, a ponta do iceberg, pode-se dizer”, conclui.

 

 

De 27 de maio  a 29 de junho.

Barceló no Brasil

23/maio

Um dos mais prestigiados artistas espanhóis, Miquel Barceló, virá ao Brasil, iniciando por São Paulo, para apresentar sua obra recente, além de alguns trabalhos referenciais de sua produção, como o elefante de bronze apoiado pela tromba, que ocupou em 2011 a Union Square, em Nova York.

 

O também pintor da aclamada cúpula da sala de Direitos Humanos da ONU em Genebra, no qual imprimiu o seu fundo do mar (2007), traz para a Pinakotheke São Paulo, que depois seguirá para a do Rio e de Fortaleza, a série de telas brancas (monocromáticas), produzidas em 2013. Somam-se a estas pinturas e ao Elefandret (2007), uma peça em cerâmica de proporções monumental “Animals de Cap Fort’ (2012), com 180 x 110 cm, outros trabalhos em cerâmica e bronze, pinturas da série “Frutas” (2013), além de vídeos e um caderno do artista..

 

Para compreender o processo do artista, montou-se também o seu “Gabinete de curiosidades”, com elementos e objetos pessoais caros à composição de sua obra e que nunca haviam saído de seu ateliê parisiense, portanto, inédito para o público. Na abertura da mostra será lançado ainda um livro da Edições Pinakotheke, que reúne uma entrevista do artista concedida ao crítico Adriano Pedrosa, além de textos do pensador espanhol Enrique Juncosa e imagens da coleção, seguido de cronologia sobre a vida e a obra de Miguel Barceló.

 

Com capacidade de trabalho surpreendente e atuando em múltiplos suportes – pintura, escultura, murais, cerâmica, desenho, ilustrações de livros – Miguel Barceló se divide entre os seus ateliês de Paris, Ivry e o de cerâmica em Palma de Maiorca, sua terra natal. O crítico Enrique Juncosa destaca a capacidade rara de Miguel Barceló em se desdobrar para conceber vários projetos ao mesmo tempo.

 

Dos trabalhos mais recentes e presentes na mostra, o crítico espanhol ressalta a série de pinturas brancas cuja aparência pode aproximá-la da abstração. Juncosa adverte, contudo, que não é o caso, tal como provam os títulos das obras, sempre inspirados nos elementos eleitos pelo artista para a composição da tela. Os círculos remetem a nomes de praças de toros, outras se referem à espuma das ondas do mar, mas que, como em ambos os casos, ilustram o comportamento da matéria e dos pigmentos sedimentados em camadas. “Ação arriscada de um artista solitário, como um toureiro na arena, mas também contemplação hipnótica da natureza e das possibilidades da pintura, o que pouco tem a ver com a abstração monocromática, seja esta formalista ou de exploração do sublime”, completa.

 

Na exposição, os quadros de frutas, sobretudo os tomates partidos contrastam com os brancos pela intensidade cromática. Segundo o crítico, a pintura “Tomate-Mars” (2013), joga com o nome Marte, do planeta vermelho, e a metade do tomate que se vê tem algo de planeta vivo, com um interior que sugere movimento perpétuo, como uma caldeira em ebulição.

 

Se a experiência com a pintura está presente desde o início de sua obra, o interesse pela cerâmica começa em Mali, em 1995, onde também mantinha um ateliê. Desde então, se dedicou a aprender técnicas em Maiorca, França e Itália e a cerâmica tornou-se um dos suportes fundamentais de sua produção, culminando com os espetaculares murais que realizou na Capela de São Pedro no interior da catedral gótica de Palma de Maiorca (2007). Algumas são concebidas a partir de formas de objetos tradicionais, mas em outros casos são verdadeiras esculturas, tanto de formas abstratas como de formas reconhecíveis – alimentos (pão e furtas) e animais. Às vezes há figuras em suas superfícies como é o caso da monumental “Animals de Cap Fort” (2012), que remetem a certas imagens tântricas do budismo tibetano. Algumas cerâmicas, como na obra de Joan Miró, podem servir para realizar as peças em bronze, como “Estatuária equestre” (2014). A presença do bronze na mostra se completa com a famosa escultura “Elefandret” (2007).

 

Desde o início da sua carreira Miguel Barceló produz “cadernos de artista”, referências que recolhe em suas viagens. São dezenas de cadernos muito bem encadernados, com datação precisa, e páginas repletas de elementos naturais: folhas, gravetos, desenhos, terra, pigmentos, pintura, tudo o que reproduz com exatidão a experiência vivida naquele momento. Os primeiros foram organizados por sua mãe e os mais recentes, pela equipe do seu estúdio de Paris. Em 2003, Le Promeneur-Gallimard editou “Carnets d’Afrique”, uma seleção destes cadernos que realizou na África entre 1988 e 2000. Na mostra haverá um exemplar de 42 páginas realizado em maio de 2011 na Ilha La Graciosa, Canárias, Espanha.

 

Complementam a exposição, os filmes: “Mar de Barceló”, especialmente produzido durante a execução da cúpula das nações da ONU, e “Paso Doble”, referência ao processo criativo das cerâmicas.

 

 

Pinakotheke São Paulo / Morumbi

 

Abertura 28 de maio.
De 28 de maio a 12 de julho. de 2014

 

 
Pinakotheke Rio de Janeiro / Botafogo

 

Abertura 23 de setembro.
De 23 de setembro a 30 de outubro.

 

 
Galeria Multiarte / Aldeota / Fortaleza


Abertura 11 de novembro.
De 11 de novembro a 15 de dezembro.

 

Bate papo e arte

21/maio

Nesta sábado, 24 de maio, a artista plástica Celina Portella, receberá a crítica e curadora de arte, Luisa Duarte, e Ana Kiffer, doutora em letras, que estuda temas relacionados ao corpo, para um bate papo, no último dia de sua exposição “Deságua”. Será na Galeria A Gentil Carioca Lá, Lagoa, Rio de Janeiro, RJ. Na exposição “Deságua”, Celina Portella apresenta três situações em vídeo e foto, realizadas entre 2013 e 2014 . Em quadros fixos a artista retrata pessoas em ações incoerentes, ora redundantes, ora contraditórias. O ciclo infinito da água se reproduz no universo das idéias, preciso e repetitivo. A água está sempre presente na série de imagens, tanto como protagonista, meio ou símbolo, e ainda nos loops infinitos dos vídeos e no instante da foto.  Sempre em trânsito, contém, flui e lava. Águas passadas, presentes e futuras.

 

 

Local: A Gentil Carioca Lá

Quando: 24 de maio, sábado, às 17h

Endereço da Galeria: Av. Epitácio Pessoa, 1674 Sala 401 – Lagoa