Sergio Fingermann no MNBA

21/maio

O artista plástico Sergio Fingermann, nome de projeção internacional, volta a realizar exposição individual no Museu Nacional de Belas Artes, Sala Bernardelli, Cinelândia, Rio de Janeiro, RJ, depois de 7 anos. Exibindo obras que sugerem cenários de sonho por meio de construções espaciais, Sergio Fingermann aborda, – na exposição “Se noite fosse água – Sequências”-, questões da cultura na contemporaneidade.

 

A mostra é composta por dezoito pinturas em grandes formatos e quarenta trabalhos emoldurados sobre papel com intervenções fotográficas, e traz investigações sobre a perspectiva, gravuras, páginas de ilustrações de livros antigos, que se transformam em matéria de trabalho, construindo um pensamento a partir de imagens, oferecendo uma reflexão sobre o fazer artístico e as bases de sua criação, colocando dessa forma uma discussão em torno da própria questão da representação.

 

O resultado desta rica construção visual – na qual o artista se preocupa sempre em  incentivar  a experiência do olhar – poderá ser visto na atual exposição. As obras expostas no MNBA exibe trabalhos rigorosamente inéditos.

 

O nome da exposição, extraído de um verso do poema “Meditações sobre o Tietê” (1945) do escritor Mario de Andrade (um dos principais mentores da Semana de Arte Moderna em 1922), sempre atraiu o artista pelo seu caráter enigmático, pela sua potência sugestiva. Sergio Fingermann o utiliza como um artifício para criar novas relações no jogo das imagens. A leitura cruzada das obras, que fazem referências a diversos momentos culturais, convoca a memória como agente articulador de diferentes momentos da história da representação.

 

A exposição tem curadoria de Laura Abreu e Daniel Barretto (da equipe do MNBA-RJ), e é acompanhada do lançamento do livro de mesmo nome da mostra – uma abordagem dos últimos 15 anos do trabalho do artista -, que reúne ensaios de Ana Magalhães (historiadora, curadora e docente do MAC-USP) e de Laura Abreu (historiadora e curadora do MNBA-RJ). “Se noite fosse água”, ed. BEI, 2013, 244 páginas, reproduz 180 trabalhos e conta ainda com fotos de Cristiano Mascaro ilustrando um texto do próprio artista.

 

Preço do livro: R$ 130,00.

 

 

Entrevista com o artista

 

Qual é a sua preocupação, como artista plástico, em escrever um livro?

 

Os meus livros sempre tiveram a preocupação de deixar um testemunho de onde está fundada a minha experiência artística. Meus textos mostram o pensamento ético de ser artista, e uma reflexão do que é ser artista e fazer arte. Ao escrever e explicitar o meu processo artístico, eu crio laços com o público.

 

Em “Se noite fosse água”, há textos meus, mas também de Ana Magalhães e de Laura Abreu. Convidei-as para participar do livro com o intuito de obter críticas externas ao meu trabalho. Elas traçaram minhas referências e situaram minha produção no contexto histórico e na cena artística brasileira.

 

 

Qual é, em sua opinião, o papel do artista no cenário da arte contemporânea?

 

Acho que temos a obrigação de falar ao público em que bases estamos trabalhando. Quanto mais o artista é generoso em oferecer ao público as suas referências e seu processo de trabalho, ele fornece mais acessibilidade à sua própria obra. Meu trabalho, por exemplo, sempre dialoga com a história da arte. Nessa série mais recente, o diálogo é diretamente com o cubismo, e os textos do meu livro verbalizam e explicam o porquê de eu ter escolhido essa vanguarda para ser a minha referência.

 

Além disso, o artista não deve ter como seu principal objetivo o mercado, mas a excelência do fazer artístico. O artista deve ter um compromisso direto com o extraordinário, o incomum. Ele deve produzir para o outro uma nova maneira de ver as coisas, de pensar.

 

 

De 22 de maio até 17 de agosto.

Dalí no CCBB

19/maio

Considerado um dos mais excêntricos artistas do seu tempo, o célebre pintor, desenhista, gravador e esciltor, Salvador Dalí, ocupa o CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJK, com a mais completa exposição do artista espanhol já organizada no Brasil. Em outubro a mostra, que foi negociada para visitar o país há cinco anos, seguirá para o Instituto Tomie Ohtake, SP.

 

Ao todo, as trinta pinturas a óleo, mais de uma centena de trabalhos gráficos e a instalação exibidas têm o valor estimado em US$ 170 milhões. A maior parte das obras são provenientes do Teatro Museu Dalí, em Figueras, a cidade natal do artista.

 

As obras selecionadas incluem as primeiras pinturas de Salvador Dalí, quando ele se inspirava em sua família e em paisagens; o período cubista; as obras que revelam seu interesse pelos pintores metafísicos e finalmente sua fase surrealista, estilo do qual foi o maior representante mundial. O auge da mostra, com o maior número de obras, é o período que compreende a fase surrealista.

 

 

Até 22 de setembro.

Sergio Gonçalves Galeria apresenta “TR3S”

A Sergio Gonçalves Galeria apresenta a exposição “TR3S”. A mostra traz os trabalhos dos artistas Raimundo Rodriguez, Felipe Barbosa e Carlos Aires, que através de diferentes linguagens versam sobre uma temática cada vez mais em voga: o reaproveitamento. Três artistas, três vertentes, três maneiras diferentes de encararem aquilo que é facilmente descartável pela maior parte da humanidade. Não para esses três artistas.

 

Raimundo Rodriguez apresenta sua obra baseada em suas pesquisas com latas. Chamada de Latifúndio, essa série do artista é apresentada num grande painel, que a primeira vista parece único, mas que, com um olhar mais atento, nos mostra as subdivisões propostas pelo artista. Atualmente, o trabalho de Raimundo Rodriguez ganhou destaque nacional no cenário da novela “Meu Pedacinho de Chão”, da Rede Globo, onde o artista é o diretor de arte e montou uma cidade cenográfica inteira feita de lata, remetendo ao material utilizado por antigos brinquedos do século XIX.

 

Felipe Barbosa leva seus trabalhos feitos com bolas de futebol, onde desconstrói e resignifica a redonda, criando um diálogo entre o mundo das artes e do esporte. A série, iniciada em 2003, apresenta painéis que dão formatos geométricos as bolas, descosturando os hexágonos de couro sintético e tornando-os planos.

 

A partir de cédula antigas de diversos países, Carlos Aires mostra em seu trabalho que esse papel pelo qual tanta desgraça acontece, pode subitamente perder valor e ficar esquecido pelos cantos, mesmo que impregnados do sofrimento causado a tantos. Inspirado pelos desastres econômicos, Aires reaproveita o papel moeda e transforma em arte.

 

Com curadoria de Sergio Gonçalves, a exposição “TRES” “TR3S” teve sua abertura no dia 17 de maio, na Sergio Gonçalves Galeria. A mostra faz parte do calendário do CIGA 2014 – Circuito Integrado das Galerias de Arte, onde mais de 40 instituições culturais, museus e galerias – espalhados por sete bairros da cidade – abrem suas portas com uma programação especial de vernissages, exposições, visitas a ateliês, performances, palestras e conversas com artistas e curadores.

 

 

Até 31 de maio.

Design e arte contemporânea

15/maio

A Way Design, Subsolo – Shopping Rio Design, Leblon, Rio de Janeiro, RJ, convidou o artista plástico Felipe Barbosa para a oitava edição do Way Cultural. Com curadoria de Sergio Gonçalves, sócio da galeria que leva seu nome, a mostra “Mantenha Distância da Zona de Conforto” entra em cartaz a partir do dia 13 de maio.

 

Felipe vem ao longo dos últimos 15 anos se destacando no cenário artístico por unir certa ironia à sofisticação matemática. Partindo de objetos do cotidiano, reconfigurando sutilmente suas formas, o artista alcança possibilidades e conceitos absolutamente inusitados.

 

No Way Cultural, Felipe apresenta 10 trabalhos e propõe uma discussão sobre a tênue fronteira do que é obra de arte e o que é design. “Quis brincar com a ideia da arte camuflada, seja em objetos ou intervenções, como o dodecaedro formado por cadeiras de escritório, instalação que apresentei na Bienal de Forteleza”, explica.“Não é uma questão de nomenclatura e sim de transformar a natureza do próprio objeto. A definição depende do contexto e de quem está olhando”, completa.

 

O artista tenta se redefinir a cada obra. “Meu objetivo é me manter afastado da zona de conforto”. Uma das alternativas em “Mantenha Distância da Zona de Conforto” é provocar à função latente das coisas, tornando mais elástica a liberdade criativa.

 

 

Sobre o artista

 

Felipe Barbosa nasceu em 1978, no Rio de Janeiro, e graduou-se em Pintura pela UFRJ, e é mestre em Linguagens Visuais pela mesma instituição. Em seus trabalhos, conjuga elementos do cotidiano e faz referências à História da Arte, alterando os significados dos objetos que elege transformar, criando em seu expectador uma sensação simultânea de proximidade e desconforto. O artista expõe regularmente desde 2000, em diversos países ao redor mundo, entre eles México, Estados Unidos, Espanha, Portugal, Croácia, Lituânia, França, Canadá, Holanda, Inglaterra, Argentina e Japão. Dentre suas mostras recentes, destacam-se Campo de las Naciones, na Galería Blanca Soto, em Madrid, na Espanha; The Record : Contemporary Art and Vinyl, no Miami Art Museum, nos Estados Unidos; Futbol Arte y Passion, no MARCO – Museo de Arte Contemporaneo de Monterey, no México; e Consuming Cultures – A Global View, 21C Hotel-Museum, em Kentucky, também nos Estados Unidos. A partir de dezembro de 2013, passou a ser representado pela Sergio Gonçalves Galeria, no Centro do Rio, onde, em junho, fará sua exposição individual “Quadrado Mágico”.

 

 

O projeto

 

O projeto Way Cultural tem o objetivo de promover o encontro entre a arte e decoração, através de exposições de artistas e designers consagrados, no espaço da loja do Rio Design Leblon. A primeira edição aconteceu em 2007, com a mostra Alumbramentos, da artista plástica Analu Prestes. O evento foi um sucesso e inseriu a Way no calendário de exposições, além de ter movimentado a loja e o restante do shopping com artistas e nomes importantes do design nacional. No ano seguinte, a marca resolveu dar continuidade ao projeto, que não parou mais. Com curadoria de Herbert Henn, o Way Cultural já apresentou mostras da dupla Guilherme Secchin e Carlos França, Ana Durães e Alberto Nicolau. Em 2011 os móveis de design foram elevados ao status de obra de arte. Na edição de 2012, foi a vez do fotógrafo Pedro Duque Estrada Meyer apresentar uma série de imagens inéditas. E, em 2013, Pedro Moog e Leonardo Lattavo fizeram uma homenagem ao pôr do sol carioca, com uma instalação de mais de vinte Poltronas Leblon personalizadas. O Way Cultural busca sempre a participação de artistas e designers talentosos, que têm a oportunidade de expor as suas obras em um local alternativo ao circuito museu, galeria, centro cultural.

 

 

A partir de 13 de maio e até junho.

Diálogos Móveis

12/maio

A galerista Marcia Barrozo do Amaral, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, abre as portas da galeria para a apresentação da instalação “Diálogos Móveis” do artista plástico Luiz Phillippe, que além de ter obras no acervo do colecionador Gilberto Chateaubriand, no MAM-Rio, já realizou exposições individuais em Roma, na Galeria Candido Portinari – Embaixada do Brasil, e na The Economist Art Gallery, de Londres, onde pode comemorar a venda de um de seus trabalhos para o ex-beatle George Harrison. Nesta instalação, que é uma continuidade da conhecida série das cadeiras de pernas cruzadas do artista, o espectador se vê substituído pelas cadeiras, nas quais ele normalmente se sentaria. É impedido por elas próprias, que cruzam as pernas, sentadas sobre si mesmas e dialogam em situações e atitudes até então reservadas a eles. Como se dessem uma pausa para repensar a sua longa existência. “Quem? As cadeiras ou os homens?”, questiona Luiz.

 

A partir de 16 de maio, participando do projeto CIGA / ArtRio – Circuito Integrado de Galerias de Arte.

Até 23 de maio.

Tinho na Galeria Movimento

A partir do dia 16 de maio o público carioca poderá apreciar dez telas que envolvem o cotidiano urbano e todo o caos proporcionado pela metrópole no trabalho de um dos precursores e um dos nomes mais conceituados da arte urbana no Brasil: Walter Tada Nomura, o TINHO. Na mostra “Reflexão”, que acontecerá na Galeria Movimento, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, representante das obras do artista que reside e trabalha em São Paulo.

 

As questões sociais, econômicas e urbanas foram sempre seu objeto de pesquisa. Suas pinturas despertam o pensar. Procuram estabelecer uma comunicação com o espectador de forma a levantar e discutir questões contemporâneas do cotidiano. Dessa necessidade surgiram os personagens, tão emblemáticos em sua arte. Crianças interiores, tristes e sombrias, que trazem no olhar as marcas da sociedade em que vivem. Sua solidão reflete todos os problemas a que estão expostas diariamente e falam mais do que mil palavras. Bastante freqüente também, em sua obra, é a temática dos automóveis batidos. Pesadelos geraram imagens que falam de uma viagem interrompida. Uma forma de censura que impede de chegar ao objetivo final.

 

Tinho mantém paralelamente o contato com o universo da arte urbana e com o meio acadêmico, colaborando com teses de graduação, mestrado e doutorado sobre as relações entre a arte e a cidade. É convidado a participar de discussões e palestras regularmente, como aconteceu na VII Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, em 2007. Acumula em seu currículo participações em mostras coletivas de instituições como Centro Cultural São Paulo, Paço das Artes, MIS, Caixa Cultural, Santander Cultural, Memorial da América Latina e Pavilhão das Culturas Brasileiras, assim como nas bienais de Havana, 2009 e Vento Sul, Curitiba, 2009. Realizou exposições individuais em diversas galerias privadas ao redor do mundo e, a convite do Itamaraty, expôs em Londres e em Moscou.

 

Em 2006 foi convidado a produzir um painel gigante como preparativo para a Copa FIFA 2006, em Berlin, e também participou de exposições em Grenoble e Hossegor, na Franca, Gold Coast, Melbourne e Torquay, na Australia, Beijing e Shangai, na China, Barcelona, na Espanha, Rotterdam, Holanda, Moscou, Russia, Zurich, Suíça, Berlin e Munique, na Alemanha, Varsóvia, Polonia, Milão, Itália, Buenos Aires, Argentina e Santiago, no Chile.

 

Embora tenha a pintura como principal linguagem, Tinho também fotografa, cria objetos tridimensionais, monta instalações, faz colagens, performances, site-specifics. e transforma em arte aquilo que encontra pelos lugares por onde circula.  Em seu trabalho, a vida urbana, os problemas sociais e políticos são questões que se relacionam de forma estética e conceitual. Suas telas muito contribuíram para o reconhecimento do Brasil como um dos principais produtores de arte urbana. Ao se apropriar do que foi refugado, do que pertence a todos e a ninguém, Tinho cria esse delicado jogo entre encenação e realidade. Faz nada mais que arte, recriando continuamente o mundo. “Eu procuro com o meu trabalho estabelecer uma comunicação com o espectador, de forma a levantar e discutir questões contemporâneas que fazem parte do nosso cotidiano. Como um ser metropolitano, minhas questões giram em torno dessa vida urbana, dos problemas sociais a que estamos expostos diariamente e as questões políticas e econômicas que acabam por refletir em todo o nosso viver. Em meu trabalho, essas questões se relacionam de forma estética e conceitual”, finaliza Tinho.

 

 

Sobre o artista

 

Tinho iniciou o desenvolvimento de seu trabalho em atelier estudando na FAAP, se formando em Artes no ano de 1997. Lecionou na rede pública estadual e iniciou sua pesquisa formal procurando entender os relacionamentos humanos dentro da metrópole, assim como a relação dos habitantes com o meio onde vivem. Desde então explora o espaço urbano em busca de um contato íntimo com sua geografia, arquitetura e superfície. Através de um posicionamento social e político, acumula informações das ruas, recolhendo seus restos e selecionando seus conteúdos. Essa pesquisa carrega um aspecto documental e histórico da cidade, principalmente de São Paulo, em meio a vivência particular do artista.

 

 

De 16 de maio a 7 de junho.

Fachada de Laercio Redondo

09/maio

A Galeria Silvia Cintra + Box 4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, exibe a exposição “Fachada”, do artista Laercio Redondo que toma como ponto de partida um marco da arquitetura moderna Brasileira: o Palácio Gustavo Capanema, onde funcionou, no Rio de Janeiro, o o Ministério da Educação e Cultura. Construído entre 1936 e 1945, foi projetado por uma equipe de arquitetos, entre os quais Lucio Costa, Oscar Niemeyer, Eduardo Reidy, Carlos Leão, Ernani Vasconcellos e Jorge Machado Moreira com a consultoria do arquiteto franco-suíço Le Corbusier. O edifício também teve a colaboração de artistas plásticos, que criaram obras para as áreas internas e externas. Paradoxalmente, no entanto, estes arquitetos e artistas de esquerda conceberam o edifício em plena ditadura Vargas (1930-1945), ou Estado Novo, em cujo início havia uma forte inclinação fascista. Assim, o edifício incorpora uma contradição: a arquitetura representava um sistema baseado em valores democráticos e ao mesmo tempo também correspondia à visão de nação moderna do regime.

 

A mostra apresenta quatro trabalhos principais: uma frase fundida em bronze, um filme, um conjunto de serigrafias em painéis de plywood e a imagem ampliada de um cartão postal dos anos 50. O filme da fachada do edifício é a chave para a leitura da instalação. Numa única tomada, a câmera viaja em linha vertical que vai do térreo ao terraço do edifício e o ultrapassa, revelando a cidade, o mar e o horizonte. Se o filme nos mostra o edifício hoje, no reverso da tela de projeção, Redondo imprimiu reproduções de imagens históricas icônicas do Palácio Capanema na época de sua construção. Ao lado destas representações, molduras monocromáticas negras atuam como marcadores espaciais onde o espectador pode pensar o que o palácio foi, o que ele poderia ter sido, e o que ele ainda pode ser.

 

Ao lado do arquiteto Birger Lipinski, Redondo criou dispositivos para parede que lembram o conjunto de janelas da fachada do edifício, onde são expostas as serigrafias que retratam uma seleção de fotografias atuais do edifício tiradas pelo próprio artista. Redondo justapõe vários detalhes visuais do lugar, inclusive os bustos de Vargas e Capanema, painéis de Cândido Portinari, a bandeira Brasileira, dentre outras imagens e espaços que dialogam com a complexa história e iconografia do edifício. O efeito de collage gerado por estes fragmentos, por conta da sua colocação e disposição, evoca o legado contraditório de como ideologias distintas vieram a se manifestar neste mesmo espaço físico.

 

O Palácio Capanema foi originalmente sede do Ministério da Educação e Saúde, cujo programa político tinha por premissa o desenvolvimento de uma nação moderna e “saudável”. Por isso, um cartão postal da época foi impresso e ampliado, mostrando um atleta na frente do edifício, o que nos remete ao passado e também reflete o presente: quando vivemos às vésperas de eventos esportivos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, com grande impacto sobre o atual desenvolvimento socioeconômico da cidade.

 

Finalmente, na parede de fundo da galeria encontra-se a frase fundida em bronze “Na verdade, a cidade do Rio não existe ainda”, tirada de um esboço feito por Le Corbusier durante sua viagem ao Rio em 1936. A frase acena o quanto o Modernismo era percebido como uma solução radical para o desenvolvimento sem, no entanto, levar em consideração as realidades locais. Ainda assim, como no caso da imagem do atleta heroico do outro lado da galeria, também se pode ler as palavras de Le Corbusier em relação ao momento atual e à propulsão da cidade para o futuro.

 

Ao sobrepor diferentes temporalidades e vários elementos, todos reunidos neste marco da arquitetura, a obra de Redondo reativa uma visão sobre a história da política. Ao fazê-lo, ele cria um espaço onde o espectador pode avaliar a complexidade da memória histórica e suas ambiguidades a partir de diferentes perspectivas. Fachada sugere o contexto histórico múltiplo da construção do Palácio Capanema e os possíveis significados dessa fachada nos dias de hoje.

 

 

De 15 de maio a 21 de junho.

A Performance na MUV Gallery

06/maio

A artista plástica Celina Portella fará uma performance inédita na pop up da MUV Gallery (loja Multimarcas Dona Coisa), Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ. A MUV, além de convidar o público para visitar sua pop up, tem como proposta principal apresentar a projeção/ação “Nós” da artista Celina Portella que acontecerá também dentro da loja. “Nós” é uma ação entre o corpo e seus múltiplos projetados em escala real. A interação entre corpo e imagem propõem movimentações simples e dinâmicas, resultando em composições variadas entre os “personagens”. A projeção/ação realizada por Celina tem duração de aproximadamente 13 minutos. Além deste trabalho, a artista irá expor outras obras como vídeos e fotografias. A MUV Gallery, galeria que transita entre o ambiente real e virtual, tem como uma de suas características, a realização de pop ups em parques, lojas, espaços desativados e etc. O objetivo desta ação é conseguir deslocar a arte do seu lugar de origem para espaços inusitados, a fim de conseguir um maior alcance de público.

 

O registro de “Nós” pode ser visto no endereço abaixo:

 

 

Sobre a artista

 

Celina Portella investiga questões sobre a representação do corpo a partir do vídeo. Recentemente foi indicada para o prêmio Pipa 2013 e contemplada com a Bolsa de Apoio a Criação da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro. Ultimamente participou das residências no Centre international d’accueil et d’échanges des Récollets em Paris na França, na residência LABMIS, do Museu da imagem e do Som, em São Paulo, na Galeria Kiosko em Santa Cruz de La Sierra na Bolívia e no Núcleo de Arte e Tecnologia da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Foi contemplada no II Concurso de Videoarte da Fundaj em Recife. Participou da III Mostra Do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, da Mostra SESC de Artes, em São Paulo, entre outras exposições. Estudou design na Puc-rj e se formou em artes plásticas na Université Paris VIII em 2001.

 

 

Quando? Dia 17 de maio.

Visita guiada

05/maio

Nesta quarta-feira, 7 de maio, às 19h, acontece o lançamento do catálogo e a visita guiada à mostra “águas furtadas”, com a artista Laura Erber e a curadora Glória Ferreira, na Galeria Laura Alvim, Casa de Cultura Laura Alvim, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. Haverá distribuição de catálogos aos presentes. Entrada franca.

 

A exposição reúne videoinstalações e colagens realizadas de 2008 a 2014, em que Laura Erber coloca em tensão cinema, vídeo e pintura, fazendo emergir histórias de águas e com elas, figuras literárias, míticas ou reais, destoantes entre si, como o poeta Ghérasim Luca morto no rio Sena em 1994, uma Vênus em desequilíbrio nas rochas do Mediterrâneo ou os primeiros caranguejos do planeta, como narrados por uma menina de seis anos. em sua versão da origem da vida, na pequena televisão de uma casa de bonecas.

Homenagem a Hélio Oiticica

30/abr

Em 1974, os irmãos Andreas e Thomas Valentin criaram, com Hélio Oiticica, a obra CALL ME HELIUM, cujo título – uma homenagem a Oiticica – foi inspirado numa frase de Jimy Hendrix, numa de suas últimas entrevistas: Quando as coisas estiverem pesadas de mais, chamem-me de hélio, que é gás mais leve que existe. Quarenta anos depois da criação do projeto original, Andreas e Thomas Valentin realizam o sonho de exibir CALL ME HELIUM pela primeira vez, no Centro Cultural Correios, no centro do Rio.

 

Figura central da obra, um balão vermelho inflado com gás hélio e com os dizeres CALL ME HELIUM pintados em letras brancas, será alçado aos céus em dois momentos. O “aquecimento” acontece na Praia de Ipanema, Rio de janeiro, RJ, no local do antigo Píer, dia 4 de maio; e dia 10 de maio, na inauguração da mostra, o içamento será na Praça dos Correios, onde o balão permanecerá até o final da mostra, em 13 de julho.

 

Com instalação, performance de Jorge Salomão e exposição de fotos e documentos do período em que Oiticica viveu em Nova Iorque, além de cartas trocadas com os irmãos Valentin em função do projeto e obras de Carlos Vergara e Antonio Manuel, CALL ME HELIUM ilustra bem a multiplicidade do artista e sua forma de trabalhar com amigos e parceiros.

 

 

Datas: Praia de Ipanema, antigo Píer, dia 4 de maio.
10 de maio, inauguração da mostra, com içamento na Praça dos Correios, onde o balão permanecerá até o final da mostra, em 13 de julho.