Eduardo Climachauska na Laura Marsiaj

07/jun

 

Chama-se “O fundo do poço” a segunda exposição individual de Eduardo Climachauska na Galeria Laura Marsiaj, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. Desta vez, o artista apresenta um conjunto de pinturas inéditas das séries “Rua Belgrado” e “Ilusão à toa” e também algumas esculturas das séries “Ho-ba-la-lá” e “O fundo do poço”. O conjunto de pinturas a óleo, betume e carvão sobre tela em tons bastante rebaixados são também “quadros onde a geometria existe, mas apenas para indicar, paradoxalmente, uma espécie de clareza na escuridão”. Elaborados em parte com materiais incomuns em pintura, aparentemente concordam que “o mais surpreendente em seu trabalho, que parece se mover entre a dormência e a faísca, é uma espécie de coragem para lidar com matéria aparentemente morta – e não à toa Eduardo Climachauska tem predileção por materiais como betume e carvão, que a longuíssima duração do tempo geológico decantou”. Os conjuntos escultóricos construídos a partir de materiais como o mármore, o concreto e a madeira aparecem aqui e ali também como a abrir brechas nesse espaço dominado por um cortinado denso. Particularmente as peças que dão título à exposição são conjuntos duais, onde blocos maciços assumem a função de interromper bruscamente a queda natural de prumos esculpidos em diferentes materiais, como se a representação figurada e tensa desse fundo de poço fosse também (e novamente de forma paradoxal), o motor de uma ação afirmativa, de construção de uma outra ordem, embora ainda instável como de resto em todo o trabalho do artista “marcado por tensões irresolvidas entre forças poderosas”.

 

Sobre o artista

 

 

Eduardo Climachauska é artista plástico, cineasta e compositor. Nascido em 1958 vive e trabalha em São Paulo SP. Formado em cinema pela Escola de Comunicações de Artes da USP, vem realizando exposições em importantes museus, instituições culturais e galerias de arte no Brasil e no exterior. Já realizou exposições no MAM de São Paulo e Rio de Janeiro, MASP, MAC USP, Centro Universitário Mariantonia, Centro Cultural de São Paulo, e em espaço profissionais como a Sycomore Art em Paris, entre outras. Tem produzido filmes e vídeos de curta e média metragem exibidos em mostras e festivais de várias capitais brasileiras, assim como Berlin, Paris, Lima, Cidade do México e Bruxelas, de modo individual ou em parceria com os artistas Nuno Ramos e Gustavo Moura.

 

 

Até 27 de junho.

 

Antonio Bandeira – da Razão à Sensibilidade

30/maio

O Espaço Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibe conjunto expressivo de obras de Antonio Bandeira. A exposição, um panorama da produção artística de Antonio Bandeira, um dos precursores da arte abstrata no Brasil, apresenta um conjunto de 70 obras, entre aquarelas, desenhos e pinturas. Artista pertencente à corrente abstracionista, sua arte é apaixonante. Influenciou gerações de artistas, bebeu na fonte do cubismo, do surrealismo e do expressionismo, ao mesmo tempo em que trata estas referências de uma forma absolutamente pessoal, realizando uma verdadeira “antropofagia pictórica”. A mostra exibe também dois filmes sobre o artista, além do filme “O Colecionador de Crepúsculos” de J.Siqueira.

 

Segundo o curador Marcus de Lontra Costa, o artista marca o amadurecimento da arte moderna no Brasil. “O Bandeira foi o nosso primeiro grande pintor moderno brasileiro internacional, quando a arte brasileira dialoga de igual para igual no mundo. Ele não fazia modernismo brasileiro, ele fazia modernismo”.

 

Sobre o artista

 

Antonio Bandeira, precursor da arte abstrata no Brasil, nasceu no Ceará em 1922. Aos 20 anos participou ativamente da cena artística em Fortaleza, com Aldemir Martins, Inimá de Paula, Mário Barata e Raimundo Cela criam o Movimento Modernista de Fortaleza, findo o grupo, enviou um trabalho para o Salão Paulista de Belas Artes no qual foi premiado com a medalha de Bronze. Morou no Rio de Janeiro por um ano, participando ativamente da vida intelectual da cidade. Voltou para Fortaleza em 1945 quando recebeu uma bolsa de estudos do governo francês e mudou-se para Paris.

 

Sobre a obra do artista, Mário Barata diz que era “um revolucionário em arte. Leva uma bagagem onde há coisas notáveis. O desenho de Bandeira nada tem de educado, de estudado, é espontâneo, livre, audacioso. A paleta nunca é fixa, mutável como os assuntos. O que mais existe nos trabalhos de Bandeira é poesia, esta sim, perene”. Em entrevista a Milton Dias nos anos 1950, vem a afirmação definitiva de Bandeira sobre sua obra: “Nunca pinto quadros. Tento fazer pintura. Meu quadro é sempre uma sequência do quadro que já foi elaborado para o que está sendo feito no momento, indo esse juntar-se ao quadro que vai nascer depois. Talvez gostasse de fazer quadros em circuitos, e que eles nunca terminassem, e acredito que nunca terminarão mesmo.” Volta ao Brasil em 1951, reconhecido, expõe no Rio, em São Paulo, Salvador e participa da I Bienal. Vive no Brasil até 1953, expondo com sucesso aqui, na Europa e nas Américas, quando recebe o prêmio Fiat na II Bienal de São Paulo e viaja para a Itália. Volta ao Brasil em 1959, vive entre Fortaleza e o Rio de Janeiro. Em 1960, Lina Bo Bardi, convida o artista a inaugurar o Museu de Arte Moderna da Bahia, com uma exposição de 31 trabalhos. Em 1964, com o golpe militar, o artista retorna a Paris. Morre em 1967, vítima de anestesia de uma operação cirúrgica nas cordas vocais.

 

Até 09 de junho.

Dois na Galeria Laura Marsiaj

25/abr

 

O artista visual baiano Fabio Magalhães inicia seu processo criativo com a elaboração de uma cena para atender a um ato fotográfico que termina em pintura. Ele trabalha a partir da própria imagem. Fábio Magalhães foca em uma persistência poética da pintura auto referencial, buscando ressaltar condições inconcebíveis de serem retratadas senão por meio de artifícios e distorções da realidade.

 

Na série inédita “Retratos Íntimos”, apresentada na Galeria Laura Marsiaj, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, composta por oito pinturas em grandes formatos, Fabio Magalhães produziu uma analogia aos sentimentos íntimos. Para construir essas metáforas visuais ele usa traqueias, línguas, carnes e vísceras. Num segundo momento amplia ou reduz as proporções para atingir seus objetivos. Em suas estratégias para elaboração das situações, algumas vezes, utiliza-se do próprio corpo, como o sangue coletado para compor uma tela. O artista utiliza desse artifício para compor uma metáfora onde o corpo é a anatomia e o sangue ilustra a obra através de seu vermelho vibrante.

 

A exposição resulta numa pintura contemporânea com recursos diversos para construir e apresentar ao público um trabalho que impressiona pelo impacto visual. Fábio Magalhães afirma que a inspiração para esta nova exposição é proveniente das suas observações do cotidiano.

 

Nascido na cidade de Tanque Novo, a 662 km de Salvador, Fábio Magalhães veio para a capital baiana estudar, e em 2001 ingressou na Escola de Belas Artes da UFBA, momento que aproveitou para experimentar várias técnicas até entender e perceber que a pintura seria a sua companheira de trabalho. Fabio foi um dos 45 artistas selecionados pelo Itaú Cultural no Programa Rumos – 2011/13, onde 1770 estavam inscritos.

 

Sala VIP no Espaço Anexo

 

 

O espaço Anexo da Galeria Laura Marsiaj vai surpreender os convidados. A artista argentina Ivana Vollaro transformou o lugar em uma “Sala VIP”, que convidará o público para passar por uma experiência clássica na rotina da vida cultural carioca. A instalação coloca em questão os espaços auto denominados exclusivos dentro de uma sociedade estratificada que cria códigos determinados, como pulseiras de todos os graus do vip e comportamentos que lidam com o super ego do indivíduo. Ivana coloca em debate o que significa estar dentro ou fora de um mesmo espaço subdividido. “Como nos movemos dentro desses espaços, por vezes delimitados por uma só simples corda?

 

Este trabalho fala sobre o absurdo dessas situações e reflete sobre a logística de ingresso e as formas de acesso a espaços tão limitados quanto desejados”, conta a artista. Cada visitante receberá uma pulseira (tem dourada e prateada), passará por seguranças e viverá todo o circuito de um “vip”. A surpresa virá quando chegar dentro do espaço. “Sala Vip” é a segunda exposição individual da artista na Galeria Laura Marsiaj e a quarta no Brasil. Em 2003 Ivana recebeu a Bolsa Antorchas para estudos no exterior e se mudou para São Paulo onde viveu até 2005. Já expôs em diversas galerias brasileiras, como no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, além de mostras realizadas pela Argentina e Canadá.

 

 

Até 18 de maio.

Casa Daros no Rio

10/abr

Após uma demorada espera, em função de obras realizadas para adaptação do espaço, a Casa Daros, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, iniciou atividades com a exposição coletiva “Cantos Cuentos Colombianos”. A exposição revela ao público a diversidade de pesquisas e técnicas dos artistas Doris Salcedo, Fernando Arias, José Alejandro Restrepo, Juan Manuel Echavarría, María Fernanda Cardoso, Miguel Ángel Rojas, Nadín Ospina, Oscar Muñoz, Oswaldo Macià e Rosemberg Sandoval, com obras pertencentes à Coleção Daros Latinamerica. A mostra foi apresentada inicialmente em Zurique, Suíça, em duas partes: a primeira, de outubro de 2004 a janeiro de 2005; e a segunda, de janeiro a abril de 2005, tendo sido a maior mostra de arte colombiana contemporânea já realizada na Europa. Naquela ocasião, a mostra funcionou como uma reavaliação dessa geração de artistas da arte colombiana no mundo. A curadoria é de Hans-Michael Herzog.

 

Até 08 de setembro.

Livro de Ascânio MMM

26/mar

 

“Um imenso desafio de levantamento historiográfico à altura da obra de Ascânio MMM”. É assim que Paulo Herkenhoff, um dos mais respeitados curadores e críticos de arte do Brasil, define o livro “Ascânio MMM: Poética da Razão”, BEĨ Editora, que o autor lança, na Livraria da Travessa, Ipanema, Rio de Janeiro. A publicação é resultado de quatro anos e meio de trabalho. Foram mais de 50 conversas entre o crítico e o artista, que também abriu seus arquivos, depósito de obras e mapotecas, no ateliê, além de uma intensa troca de e-mails.

 

Nas quase 300 laudas de seu ensaio inédito, Herkenhoff propõe uma revisão crítica da trajetória e da obra do escultor carioca, como Ascânio MMM gosta de ser chamado – radicado no Rio de Janeiro desde 1959, quando tinha 17 anos, Ascânio nasceu em Fão, vila de origem medieval localizada no norte de Portugal.

 

“O sistema de valores da obra de Ascânio solicita que se examine sua gênese, até aqui insuficiente ou mesmo equivocadamente explorada. (…) Essa obra precisa ser explorada num plano retrospectivo que lhe defina com mais vigor o lugar histórico”, aponta o crítico, logo no primeiro dos 22 capítulos do livro.

 

O ensaio “historiográfico e teórico” de Paulo Herkenhoff reconstrói a trajetória de Ascânio MMM, desde a influência de aspectos culturais de sua origem portuguesa; sua formação na Escola Nacional de Belas Artes, 1963-1964 e na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, 1965-1969 – ambas da Universidade Federal do Rio de Janeiro; o esforço de construção da linguagem e de seus signos materiais; as proposições fenomenológicas e simbólicas de sua obra; sua participação no processo histórico da arte brasileira, sobretudo na Geração MAM (formada entre os anos 1960 e 1970 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro); o âmbito de sua produção, seu programa estético, a poética e o sentido da obra; a vontade construtiva e o viés arquitetônico de sua escultura vinculado à questão social da habitação.

 

A história de Ascânio também é reconstruída ao longo das quase 400 imagens reunidas na publicação. Através delas, o leitor tem um panorama de sua produção artística, desde as torções da primeira escultura de 1964, passando por suas obras no espaço público do Rio de Janeiro, até chegar aos “Flexos” e às “Qualas”, seus trabalhos mais recentes.

 

Texto e imagens de Ascânio MMM: Poética da Razão revelam a obra de um artista construída a partir de diferentes influências e questões centrais na arte brasileira dos últimos 50 anos, suscitando ao longo de sua análise revisões críticas e historiográficas.

 

Este livro se configura como uma leitura obrigatória e uma nova possibilidade de encontro com a obra de Ascânio MMM e até mesmo com a história recente da arte brasileira. Para Paulo Herkenhoff, por mais de quatro décadas, desde os primórdios de seus estudos de arte em 1963, Ascânio MMM manteve uma produção consistente. Das torções da primeira escultura de 1964 aos Flexos e às Qualas não foi a forma que regeu as decisões, mas seu fundamento matemático e arquitetônico, os problemas espaciais convertidos em experiências do tempo.

 

Lançamento: 27 de março.

Toz lança livro

Quem é carioca ou costuma passear pela cidade com certeza já prestou atenção em algum desenho de Toz (Tomaz Viana), dono do traçado que mais se vê no Rio de Janeiro, que desde os anos 90, alegra e enfeita as paredes e muros através de sua arte cheia de cores. O artista é representado pela Galeria Movimento e já conquistou uma série de colecionadores, que hoje, devido à consagração do grafite como obra de arte, desejam os traços do movimento em suas paredes. Na virada para o século XXI, a cultura hip hop e os skatistas fortaleceram um tipo de tribo urbana capaz de criar um repertório para estes desenhos feitos com spray. Surgiu então uma poderosa geração de grafiteiros, que tem em Toz um de seus trunfos.

 

Apreciador de craques como Carlos Vergara, Waltércio Caldas, Bispo do Rosário, Luiz Zerbini, entre outros grandes, Toz, aos 36 anos, produziu em janeiro seu maior mural de grafite, de 2.100 metros quadrados, 30 metros de altura e 70 metros de largura. O artista usou 1.500 latas de tinta no painel que fica na Zona Portuária do Rio de Janeiro. Os holofotes aos trabalhos de Toz vieram com o talento do artista e seu grande parceiro e galerista Ricardo Kimaid. Esta trajetória de sucesso será contada no Livro “TOZ, TRAÇO E TRAJETÓRIA”, produzido de forma independente pelos dois amigos, para celebrar a e contar a história da arte de Toz. O livro, assinado pelo designer Marcelus Viana, tem texto de Toz e Ricardo e conta a história dos emblemáticos personagens através de uma seleção cronológica de telas representativas dos últimos cinco anos. O lançamento acontecerá na Galeria Movimento, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ. “A idéia é que o público perceba e acompanhe a evolução do trabalho do artista, desde quando ele deixava sua marca nos muros da cidade até hoje, onde ele é convidado para os principais eventos de grafite do mundo”, conta Ricardo Kimaid.

 

Sobre o artista

 

Baiano, que veio para o Rio ainda adolescente, Toz inventou uma família de personagens misturando referências quase universais do grafite – a animação e os mangás japoneses – com seu mundo particular. No trabalho que sai das ruas para ganhar vida em telas, desenhos e objetos, ficam mais claras as referências às estamparias de tecidos populares no Mercado Modelo e à profusão de cores da Baixa do Sapateiro de sua infância em Salvador. Um americano, segundo marido de sua avó, o levava para pescaria e lhe explicava tudo sobre lulas e polvos. Este avô gringo e marítimo, quase um pirata, encheu seus personagens de memórias aquáticas: eles exploram o mundo em navios e caravelas e se transformam em seres vindos da água salgada. Nina, a mocinha linda e flutuante, mas melancólica e eternamente insatisfeita, frequentemente ganha uma cauda de sereia, traduzindo o mistério que as mulheres representam para o sexo oposto. Homem que não quer crescer ou neném com insights de ancião? O BB Idoso pode ser uma coisa ou outra, mas traduz de forma quase arquetípica uma geração com complexo de Peter Pan, que demorou a sair da barra da saia da mãe. Shimu, o mostro-ameba criado para atender à rapidez do spray, virou marca registrada da alegria e da esperança dentro da Família Toz, que se completa com o amigo-urso Julius e o esquentado Romeu. O personagem Insônia surgiu quando Toz se separou e começou a frequentar mais a noite. O Vendedor de Alegria, foi inspirado nos vendedores que vão pelas ruas com bolas coloridas.

 

Lançamento: 26 de março.

Sete artistas na Almacén

25/mar

A mostra coletiva “Cor Matéria”, que a Almacén Galeria de Arte, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ, exibe 25 obras de diferentes cores, texturas e formatos de sete artistas exclusivos do cast da galeria. Entre os expositores, os nomes de Cássio Lázaro, Guilherme Secchin, Herton Roitman, Luiz Badia, Silvio Baptista, Wagdy Radwan e Walter Goldfarb.

 

Pretos, brancos ou coloridos os traçados e cortes impressos nas obras dos artistas da Almacén Galeria de Arte fizeram do espaço, uma grife no mercado de arte contemporânea na cidade do Rio de Janeiro exibindo a sensibilidade de pintores, escultores e fotógrafos renomados desde 1986, ano em que foi inaugurada. A exposição atual celebra a excelência de quase três décadas no segmento. Coube ao curador Alexandre Morucci a tarefa de tornar uniforme a diversidade de estilos e formas dos sete artistas selecionados para a exposição.

 

“Ao trazer um recorte de matizes cromáticos basais, ligadas à natureza primordial da composição pictórica, podemos ressaltar o coeficiente matérico da cor, como um ponto importante de ligação entre estes artistas. Ratificados sob o aspecto matéria que a cor (cor-pigmento versus cor-luz) atua em suas obras, podem reafirmar particularidades que consolidam as identidades autônomas de suas obras” diz o curador.

 

Até 20 de abril.

Rubem Grilo no MNBA

24/mar

Uma síntese da carreira de um dos maiores gravadores vivos do Brasil poderá ser vista, em rara oportunidade, na exposição “Rubem Grilo –  a trajetória do artista – aquisição de 500 obras, Prêmio de Artes Plásticas Marcoantonio Vilaça”, em exibição no Museu Nacional de Belas Artes, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Nada menos do que 123 obras, de diferentes datas e formatos, em xilogravuras, exibidos na sala Clarival Valadares, o conjunto representa um resumo da produção do artista abrangendo 43 anos de atividade profissional, entre 1971 a 2012.

 

Entre as obras, temos as primeiras xilogravuras do início da década de 70. São anos de formação, que servem como referências. Com o tempo a produção se adensa, na identidade e na experiência. As mudanças que acontecem, num jogo natural de uma busca criativa, permanecem refletidas, no fluxo, a coerência deste percurso, avaliado pelo conjunto exposto. A exposição simboliza o coroamento de uma das trajetórias mais sólidas e criativas da gravura nacional. A mostra se insere na etapa conclusiva do projeto premiado, cujo compromisso consiste na transferência de 500 obras para o Gabinete de Gravura do MNBA.

 

A aquisição atual, decorrente da premiação, soma-se à doação ao MNBA feita anteriormente pelo artista de aproximadamente 900 obras. Segundo o colecionador George Kornis, que escreve o texto crítico da exposição, “Ao construir, ao longo de 5 décadas, uma obra que está inscrita na história da arte e em particular na história da gravura no Brasil, Rubem Grilo se credencia para apresentar uma síntese dessa produção; não satisfeito em ser apenas um grande artista ele agora, em uma ação exemplar, expande a presença da sua obra no acervo do Gabinete de Gravura do M NBA tornando-a amplamente acessível ao publico”.

 

Sobre o artista

 

Mineiro de Pouso Alegre, MG, nascido em 1946, mas há muito radicado no Rio de Janeiro, Rubem Grilo realizou as primeiras xilogravuras em 1971. Ilustrou diversos jornais de 1973 a 1985, como Opinião, Movimento, Folhetim (Folha de São Paulo, Pasquim , Retrato do Brasil, entre outros. Criou as vinhetas do Segundo Caderno na reforma gráfica do jornal O Globo, em 1995. Atualmente, é colaborador semanal da Ilustrada (Folha de São Paulo). Rubem Grilo conta mais de 60 exposições individuais no Brasil e no exterior. Como reconhecimento ao conjunto de sua obra recebeu prêmios como o Golfinho de Ouro, do Conselho Estadual de Cultura do Rio de Janeiro, em 2002; 2º Prêmio da Xylon Internacional, Suíça, em 1990; Prêmio de viagem ao exterior- 1984,no Salão Nacional de Artes Plásticas; 1ª Bienal Internacional Del Grabado, Montevidéu, Uruguai – 1983. Em 2011, foi contemplado pelo Prêmio de Artes Plásticas  Marcantônio Vilaça, projeto inscrito pelo Edital de Concurso Público 2- Prêmio Procultura de Estímulo às Artes Visuais 2010- Funarte- MinC. Trabalhos de Rubem Grilo ilustram as revistas Graphis e Who’s Who in Art Graphic, Suíça; Novum Gerbrauchasgrafik, Alemanha; Print, Estados Unidos; Idea, Japão; Bicephale,  França; Gráfica,  Brasil, entre outras.

 

Até 05 de maio

Arte urbana

20/mar

 

O artista urbano Zezão abraça o Rio através de exposição individual na Athena Contemporânea, Shopping Cassino Atlântico, Rio de Janeiro, RJ. A mostra, “Lembranças de um passado Adormecido”, obedece a curadoria de Vanda Klabin. Composta de 12 obras em técnicas diversas como assemblage (colagem), em madeira (cabeceiras de camas) e pinturas. Ele explica que a cabeceira é o lugar onde as pessoas avaliam os papéis exercidos, um resgate das coisas esquecidas, dispensadas e deixadas de lado. Além de lembrar a casa, que, na psicanálise, representa a mãe. Esses objetos guardam as memórias das pessoas, por isso Zezão quis fazer intervenções nesses materiais.

 

Hoje, pode-se afirmar que a produção do artista urbano Zezão, que veio da periferia de São Paulo, está conquistando o mundo através de sua arte. Primeiro, Zezão conquistou o underground, em tampas de bueiro, escombros, prédios abandonados, becos e viadutos. Ao deixar ali seu flop, ou seja, sua marca registrada, uma assinatura em azul, chamou a atenção para um mundo urbano que muitos não querem ver.

 

Zezão já ganhou a admiração nacional e internacional: Em abril participa da Bienal do Livro em Frankfurt, onde foi convidado junto aos principais grafiteiros do Brasil (Os Gêmeos, Nunca, Speto, Onesto, Tinho e Alexandre Orion). A Bienal movimenta uma série de eventos na cidade, e como o grafite está em foco, sobretudo na Alemanha, pólo mundial de arte contemporânea, Zezão e os outros artistas farão uma grande exposição no Instituto Schirn-Kunsthalle Frankfurt e, além disso, assinarão intervenções pela cidade. Em maio Zezão vai pintar os canais de Londres, foi convidado pelo ex-curador da Tate Modern, Cedar Lewisohn, que já produziu uma série de livros sobre arte urbana, que incluem o trabalho de Zezão (Os Gêmeos na capa e Zezão na contra capa). Em junho participa do Hamburgo Wash Festival, evento de música arte, onde ano passado também foi prestigiado. Também em 2012 teve suas obras dentro de uma coletiva na Opera Gallery, em Londres e na Art Rio. Há dois anos ele foi convidado pelos galeristas Eduardo e Filipe Masini, da Athena Contemporânea, para ter seus trabalhos representados por eles.Vale lembrar que os trabalhos de Zezão, mesmo para galerias, são todos feitos com materiais como pedaços de carros velhos, bueiros abandonados, pedaços de barracos queimados e etc.

 

Até 27 de abril.

Lasar Segall no Rio

A Caixa Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a exposição “Lasar Segall – Percursos no papel”, com 61 obras do artista, distribuídas entre desenhos, guaches, aquarelas e gravuras. Segall é considerado um dos nomes mais importantes do Modernismo brasileiro. O acervo, pertencente ao Museu Lasar Segall de São Paulo, inclui a série dedicada à prostituição no Mangue carioca da primeira metade do século XX. Com curadoria de Adrienne Firmo, a exposição reúne trabalhos realizados sobre papel diversas técnicas, dentre elas, a gravura, explorada pelo artista em diversas modalidades como xilogravura, ponta-seca, água-forte e litogravura. A montagem foi dividida em quatro blocos temáticos, escolhidos entre os tantos que preocuparam o artista: retratos, migração, dor e regozijo, além da série dedicada à prostituição.

 

“As aquarelas e guaches, de paleta e assuntos inúmeros, retratam desde o gado do interior paulista às cenas de guerra, em grande variância colorística, como, por exemplo, as figuras obscuras da morte da série “Visões de Guerra” ou as coloridas maternidades”, explica Adrienne Firmo.

 

Desenhista e gravador incansável, Lasar Segall deixou, em sua produção sobre papel, um legado pelo qual verificam-se os trajetos do artista e de sua obra. A exposição pretende trazer os caminhos percorridos por ele, ressaltar a singularide dos aspectos formais e estilísticos, no tratamento dos temas que lhe são caros, e permitir o contato do público com sua produção de sensível humanidade e singular solução formal.

 

Sobre o artista

 

Lasar Segall nasceu em Vilna, capital da Lituânia, em 21 de julho de 1891, e morreu em São Paulo, como cidadão brasileiro, em 2 de agosto de 1957. Foi pintor, escultor e gravador. Os temas mais significativos de sua obra são as representações pictóricas do sofrimento humano, como a guerra, a perseguição aos judeus e a prostituição, com influências do impressionismo, expressionismo e modernismo.

 

Segall realizou suas primeiras exposições em São Paulo e Campinas, em 1913. O artista é considerado um dos mais representativos na história do modernismo nacional, tanto pelo assunto de suas obras de intenso cunho político e social, focadas nas questões humanas e no choque entre a solidão do indivíduo e as hostilidades do mundo exterior, quanto por sua plasticidade vigorosa e resistente, que não se deixa subjugar por seus temas, repletos de sentimentos.

 

Até 28 de abril.