Um olhar sobre o Brasil/CCBB-Rio

28/fev

Com mais de 300 imagens de diferentes acervos públicos e coleções privadas, chega ao CCBB-Rio, Centro, Rio de Janeiro, RJ, a exposição “Um olhar sobre o Brasil. A Fotografia na construção da Imagem da Nação”, realizada pela Fundación Mapfre, com a colaboração do Instituto Tomie Ohtake. O projeto inédito, de pensar 170 anos de história do país, 1883-2003, a partir do registro fotográfico, tem curadoria do especialista em história da fotografia Boris Kossoy e curadoria adjunta da antropóloga e historiadora Lilia Moritz Schwarcz.

 

A mostra, com cenografia assinada por Daniela Thomas e Felipe Tassara, percorre caminhos de luz e sombra, costurando história e iconografia. Tomando como ponto de partida o momento próprio de invenção da técnica fotográfica, a exposição revisita o olhar “científico” que guiava as expedições estrangeiras, o gosto de D. Pedro II pelo novo suporte e os registros de revoltas populares como a de Canudos, até chegar à grande multiplicação de temas, ângulos, acontecimentos e reviravoltas que compuseram o longo século 20.

 

Cada fotografia se faz acompanhar por um pequeno texto; na verdade, sua micro-história, com informações que vão muito além da tradicional legenda (título, data, autor). Esse diferencial é conseqüência da ampla pesquisa realizada para a mostra, tanto referencial quanto iconográfica (essa última assinada por Vladimir Sacchetta). Ao refletir sobre as fotos escolhidas, o curador destaca o esforço em ”valorizar o simbólico, tentar evitar a redundância, destacar o anônimo e o cotidiano naquilo que têm de aparente e oculto, rever criticamente as imagens conhecidas e ideologicamente comprometidas com as histórias oficiais.”

 

A mostra

 

Para organizar o grande número de imagens, a curadoria estruturou o material a partir de quatro grandes eixos temáticos: política, sociedade, cultura/artes e cenários. Ao mesmo tempo, os 170 anos foram divididos em sete períodos, demarcados por fatos marcantes da história nacional: 1833 -1889/Luzes sobre o Império; 1889 – 1930/Urbanidade, conflitos, modernidade; 1930 -1937/Ideologias, revoluções, nacionalismos; 1937 -1945/Autoritarismo, repressão, resistência; 1945 -1964/Industrialização, desenvolvimento, anos dourados; 1964 -1985/Tempos sombrios e 1985 – 2003/O reacender das luzes.

 

Escolhida como ponto de partida da exposição, a data de 1833 refere-se às experiências precursoras de Antoine Hercule Romuald Florence, 1804–1879, levadas a efeito na vila de São Carlos (Campinas) e que o conduziram a uma descoberta independente da fotografia, pioneira nas Américas e contemporânea às que se realizavam na Europa, na mesma época.

 

Pensando ainda no século 19, Lilia Schwarcz ressalta os fotógrafos itinerantes que varreram o país de ponta a ponta – motivados, a princípio, pelo desejo de conhecer esse Império dado a costumes, climas e políticas em tudo tão distintos.

 

Hobby do imperador D.Pedro II, a fotografia tornou-se ferramenta para registrar um número cada vez maior de famílias da elite, em cenas devidamente posadas.  Junto com o registro da paisagem urbana, rural e natural, os retratos de estúdio introduziram a prática fotográfica no cotidiano das sociedades em todo o mundo.

 

Ao longo de todo o século 20 e com cada vez mais intensidade, a nova arte tomou as páginas das revistas e dos jornais, diversificou seus temas e, saindo às ruas, acompanhou os momentos mais marcantes da vida brasileira – alguns gloriosos, outros bastante sombrios.

 

Técnica documental, mas também plataforma da criação e profusão de sentido, a fotografia fez parte da construção da identidade nacional desde a época de sua invenção não só retratando, mas também contribuindo para definir costumes, numa intrincada rede de relações.

 

De 01 de março a 07 de abril.

No IMS – Rio

Luiza Baldan

O Instituto Moreira Salles, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “Lugar nenhum”, com 56 obras, entre pinturas e fotografias, produzidas por oito artistas contemporâneos brasileiros: Ana Prata, Celina Yamauchi, Lina Kim, Luiza Baldan, Marina Rheingantz, Rodrigo Andrade, Rubens Mano e Sofia Borges. A exposição tem curadoria do crítico de arte Lorenzo Mammì e da coordenadora de artes visuais do IMS, Heloisa Espada. No dia da abertura, às 17h, o IMS realiza uma mesa-redonda com os curadores e Sérgio Bruno Martins, crítico de arte e doutor em história da arte pela University College London.

Para compor a mostra, os curadores partiram da constatação de que um número significativo de fotógrafos e pintores contemporâneos brasileiros se interessam por assuntos comuns: lugares quase sempre vazios e anônimos, objetos e situações triviais. Por isso, o título da exposição está diretamente ligado ao conceito de terrain vague (terreno vago) – cunhado pelo arquiteto catalão Ignasi de Solá-Morales –, que são espaços aparentemente esquecidos, vazios, que no presente evidenciam um resquício do passado.

 

“Lugar nenhum” reúne artistas com percursos e referências distintas que, postos lado a lado, sugerem um sentido comum. Os três pintores que participantes – Marina Rheingantz, Ana Prata e Rodrigo Andrade – trabalham a partir de imagens fotográficas retiradas de diversas fontes. Embora a fotografia seja para eles uma potente fonte de ideias, a técnica detona um processo criativo que visa a desafios próprios à pintura. Os fotógrafos, por sua vez, cada um a seu modo, demonstram a mesma liberdade do pintor para interferir na cena registrada, seja modificando o lugar fisicamente, como faz Rubens Mano, seja por manipulações digitais, como fazem Lina Kim, Celina Yamauchi e, em alguns trabalhos, Sofia Borges.

 

Sobre as obras e os artistas

 

Lina Kim: as obras expostas fazem parte da série “Rooms”, 2003-2006, um de seus únicos trabalhos exclusivamente fotográficos. São três imagens de instalações – hoje abandonadas  – do Exército Soviético, na antiga Alemanha Oriental.

 

Luiza Baldan: serão exibidas fotografias das séries “Lagos”, 2004-2007, “De murunduns e fronteiras”, 2010, “Insulares”, 2010, “Pinturinhas”, 2009-2012, “A uma casa de distância da minha”, 2012 e “Diário urbano’, 2004-2012.

 

Rubens Mano apresenta dois dípticos, um deles é “Entre”, que retrata uma construção abandonada já prestes a ser reabsorvida pelo mato. Há em “Lugar nenhum” mais quatro imagens de sua autoria, entre elas “Construção da paisagem”, 2010, que deriva de uma intervenção feita no Museu de Belas Artes de Córdoba, Espanha.

 

Celina Yamauchi adota a fotografia em branco e preto como tema, mais do que como meio. Serão apresentadas 12 imagens produzidas entre os anos de 2011 e 2012, todas com planos muito fechados, com a câmera apontada para o chão para um canto ou para uma parede. A artista fotografa com câmera digital e, posteriormente, elimina as cores da imagem. O resultado são cenas de um colorido tênue e delicado. São as imagens mais intimistas da exposição.

 

Sofia Borges fotografa objetos e lugares, mas também reproduz fotografias de família, imagens de livros, painéis explicativos de museus científicos. Ela apresenta imagens de diferentes naturezas lado a lado, confundindo suas origens e usos. Seu trabalho investiga e questiona a fotografia como representação da realidade.

 

Ana Prata: a artista não pinta as coisas, mas as imagens das coisas: “Sete Lagoas”, 2012, é um cartão postal, “Grande circo”, 2011, é uma transmissão televisiva, “Rua”, 2012, se parece com uma foto tirada de um celular. Seu processo criativo, rápido e diversificado, aproxima sua pintura da versatilidade própria da fotografia.

 

Rodrigo Andrade: o artista trabalha a partir de fotografias retiradas da internet, de mídias impressas ou de seu arquivo pessoal. Em uma das telas apresentadas, ele faz referência a uma fotografia do japonês Daido Moriyama. Rodrigo Andrade transpõe imagens fotográficas para a tela por meio de uma pintura sofisticada e diversa para, em seguida, cobrir parte dessa pintura com camadas espessas de tinta à óleo.

 

Marina Rheingantz: para Lorenzo Mammì, “se há uma pintora do terrain vague, é ela. (…) Os seis óleos sobre tela apresentados nessa exposição não apenas representam terrenos baldios, lugares abandonados em que a história continua correndo, ainda que num ritmo mais lento: eles são um desses lugares, se comportam como eles”.

 

De 02 de março a 02 de junho.

Eduardo Berliner no CCBB/Rio

26/fev

O artista Eduardo Berliner é o único brasileiro com obra na Saatchi Collection de Londres, participou da Bienal Internacional de São Paulo de 2012 e esta é a maior individuai de sua carreira. A Sala A Contemporânea do CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibe a maior exposição individual de Eduardo Berliner. São cerca de 30 trabalhos figurativos de dimensões variadas, desenhos e aquarelas, pinturas a óleo sobre tela, duas esculturas inéditas e dois vídeos que, pela primeira vez, ele inclui em uma mostra. Segundo Berliner, seu processo escultórico segue o mesmo raciocínio da pintura. Ele sempre trabalhou com esculturas. Algumas vezes, constrói objetos a serviço da pintura. “Faço objetos, aquarelas, desenhos e a pintura é a coluna vertebral. Um alimenta o outro” diz o artista. Um dos vídeos inéditos tem bonecos feitos de massinha como personagens.

 

A construção das cenas é baseada na observação direta, em memórias e situações imaginadas. Paisagem, arquitetura, resíduos da cultura e relações humanas são reconfigurados através de narrativas pessoais e pelo próprio processo de pintura. Quando está fora de seu ateliê, Berliner  desenha e faz anotações em cadernos, usa aquarela e registros fotográficos. Suas obras costumam mostrar narrativas que causam estranhamento, o que parece tangenciar o “surrealismo”. O artista, porém, não considera o termo adequado à sua produção. O desenho ou a pintura pode surgir de algo observado ou representar situações híbridas, afetadas por imagens mentais, de coisas mundanas.

 

A palavra do artista

 

Às vezes imagino cenas complexas e tento materializá-las parcialmente no mundo, articulando objetos, filmando a mim mesmo ou pedindo para alguém posar. Fotografo a cena e faço alguns desenhos para refletir sobre as possibilidades que aquela imagem me oferece como ponto de partida para uma pintura.  Ao tentar materializar essas imagens mentais, o acaso é incorporado ao processo narrativo. A medida que avanço na fatura da pintura, minhas ações passam a ser guiadas pela necessidade do quadro e meu raciocínio torna-se mais abstrato.

 

Associo o aspecto aparentemente fantástico do trabalho a uma tentativa de criar uma analogia visual próxima do arrebatamento que sinto diante do  que minha cabeça deforma e reordena minhas memórias e sua complexidade sensorial, ou como, às vezes, ao observar algo aparentemente banal, meus pensamentos são transportados para lugares estranhos sem que eu saiba o porquê.

 

Em meu trabalho, sou obrigado a confrontar com minhas ansiedades, medos e traumas. Este confronto converte adversidade em potência.  Os animais sempre fizeram parte da minha obra desde meu primeiro trabalho, pois ocupam papel importante em minha memória da infância. Eles não são o assunto, mas parte do meu vocabulário. Às vezes não consigo avaliar se lembro de fato do animal ou se a memória veio de uma foto antiga de um álbum de família, se um coelho era real ou da estampa em um pijama. Creio que, em meu trabalho, situações que envolvem figura humana e animal seja uma tentativa de construir metáforas sobre nossa vulnerabilidade.

 

Sobre o artista

 

Eduardo Berliner nasceu, em 1978, no RJ, onde vive e trabalha. Sua formação em arte foi com Charles Watson, com quem estudou desenho e participou de seu grupo  de estudos. Paralelamente, graduou-se em Desenho Industrial e Comunicação Visual pela PUC, Rio, em 2000, e fez Mestrado em Tipografia na Universidade de Reading, Inglaterra, concluído em 2003. Berliner tem obras na Coleção Gilberto Chateaubriand/ MAM Rio; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Coleção Banco Itaú S.A., São Paulo; Coleção Saatchi, Inglaterra; Coleção Cisneros, Nova York-Caracas; Bob and Renee Drake Collection, Wassenaar, Holanda, entre outras. Esta é a quarta individual do artista. Em 2006 e 2012, participou da Bienal Internacional de São Paulo, foi finalista do “Prêmio Pipa 2011” e foi agraciado com o “Prêmio CNI-SES/ Marcantonio Vilaça”, 2010. Sua obra fez parte de salões e coletivas em algumas capitais brasileiras e em Paris.

 

Até 31 de março.

Esculturas de Toyota

22/fev

Diferente de uma exposição tradicional, que mantém os visitantes a certa distância das obras de arte, a mostra “Sim, pode tocar!”, cartaz do Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, convida o visitante a entrar em contato com as 18 esculturas de Yutaka Toyota não apenas pela visão, mas também pelo tato e pela audição. O público poderá ouvir a descrição das esculturas feita por um catálogo sonoro gravado em CD. As obras emitirão sons pela aproximação do espectador que, nesse ato, ativará sensores instalados em suas bases.

 

Além disso, o catálogo reproduz 10 obras em baixo relevo, para serem tocadas. O trabalho, desenvolvido principalmente para deficientes visuais, também desperta – através de texturas, formas e sons – os sentidos de quem possui visão normal. Segundo a curadora Cláudia Lopes, “as obras de Toyota são o que são, e são o que somos. Tal qual espelhos, nos incorpora e são por nós incorporados. Um reflete o outro”.

 

Sobre o artista

 

Yutaka Toyota nasceu em 1931 em Tendo, ao norte do Japão. Chegou ao Brasil em 1958 e montou, no bairro da Liberdade, uma pequena fábrica de artesanato e de móveis de charão, ou seja, móveis revestidos com um verniz negro ou vermelho que tem como base a laca. Paralelamente, montou um pequeno ateliê de pintura no qual utilizava tanto o óleo como a laca na realização de sua obra. Em 1961, foi convidado a expor em Buenos Aires, Argentina, na Galeria Velazquez. De volta a São Paulo, Toyota participou de numerosas exposições coletivas e individuais, em salões e galerias realizadas em São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro conquistando premiações importantes. Em 1965, mudou-se para a Itália, onde realizou várias individuais.

 

Na década de 1970, Toyota desenvolveu intensa atividade artística, com exposições individuais no Brasil, Colômbia, Estados Unidos e Japão, e numerosas coletivas no Brasil, Colômbia, Bélgica, Japão e Canadá. Nessa mesma década dedica-se à realização de esculturas monumentais para espaços públicos, no Brasil e no exterior. No Brasil cria e instala esculturas na Praça da Sé, Hotel Maksoud Plaza, Campus da Fundação Armando Alváres Penteado – FAAP, Aeroporto de Brasília, Hotel Mofarrej, Jardim da Luz, contíguo à Pinacoteca do Estado de São Paulo, Conselho Brasileiro Britânico, São Paulo. Em 1991 a APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte – conferiu a Yutaka Toyota o prêmio de Melhor Escultor Nacional.

 

Até 17 de março.

Exposição de Verão: 10 anos

19/fev

A Exposição de Verão da Galeria Silvia Cintra + Box 4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, chega à 10ª edição, em clima de celebração. O perfil desbravador, com o olhar voltado para o futuro da arte contemporânea brasileira, ganha companhia de um sentimento de reconhecimento. Muitos nomes que passaram pela mostra na última década ganharam projeção no país e no exterior.

 

A curadoria é da crítica de arte Luisa Duarte, contemporânea dessa geração e que acompanhou atentamente seu crescimento. A jovem crítica, em seu diálogo constante com nomes da chamada “Geração 2000”,  como Cinthia Marcelle, Marcius Galan, Laércio Redondo, Pedro Motta, Sara Ramo e Marilá Dardot – que faz a sua estreia – permitiu um trabalho minucioso na escolha das obras.

 

A força motriz do projeto, no entanto, não será deixada de lado. Ao contrário. O processo de busca por novos olhares se materializa em trabalhos de expoentes como Adriano Costa, Clara Ianni, Jimson Vilela e Regina Parra. Nas mãos de Luisa, a missão de integrar isso tudo.

 

“A mão da curadoria é leve, pois já havia um conceito estabelecido. A ideia é promover um diálogo entre esses artistas que alçaram vôos altos e os que começam a trilhar esse caminho. É uma exposição que sempre aponta para o futuro, mas nesta edição vem também atestar o sucesso da iniciativa. Mostrar o passado para reforçar o sucesso do presente, olhando para o futuro”, diz Luisa.

 

Os 10 artistas estão divididos em três categorias: “Representados pela galeria que já fizeram verão”; “Convidados que já fizeram verão, mas não fazem parte do elenco”; e “Artistas novos”. O espírito de diversidade, que já é marca do projeto, estará novamente presente, com trabalhos em técnica de pintura, colagem, fotografias, vídeos e instalações.

 

Uma quarta categoria acabou sendo criada para fazer uma “correção histórica”, como define Juliana Cintra, coordenadora do projeto. Tudo para receber a mineira Marilá Dardot, que participará com os trabalhos “O melhor continua sendo o maior” e “Juventude e Beleza”, obra de 2012, pintura sobre vidro, além de “La Luna Blanda”, também e 2012, tríptico em fotografia, em conjunto com Sara Ramo.

 

Até 22 de março.

Márcia X no MAM-Rio

14/fev

O MAM-Rio, Praia do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Márcia X – Arquivo X”, com cerca de 60 obras da artista emblemática na história da arte brasileira, precursora, visionária e polêmica, que nasceu em 1959 e faleceu em 2005. Com curadoria de Beatriz Lemos, será apresentado um amplo panorama da produção da artista, com trabalhos produzidos entre 1980 e 2005. São instalações, objetos, fotogramas, gravuras, desenhos, registros das performances, documentos em papel – cartas, estudos, relatos escritos à mão, croquis, projetos para trabalhos –, além do acervo fotográfico e de imagens em movimento em diferentes mídias.

 

Este projeto foi contemplado pelo “Prêmio Procultura de Estímulo às Artes Visuais”, Funarte/MinC, e teve inicio em 2010 com a catalogação do acervo da artista. Ao final da mostra, todos os trabalhos serão doados ao Museu. O projeto inclui, ainda, o lançamento de um livro, um inventário completo das obras da artista, com textos de Beatriz Lemos, Luiz Camillo Osorio, Marcelo Campos, Alex Hamburger e Alexandre Sá, além de todos os textos escritos até hoje sobre a artista. Com design de João Modé, o livro terá cerca de 300 páginas e será acompanhado de um DVD com vídeos sobre a artista.

 

A exposição abrange cinco instalações, 11 fotogramas, 17 desenhos em pastel e caneta, uma pintura em guache, dez objetos e esculturas, quatro vídeos, além do vestuário das performances e todo o arquivo documental da artista. “Arquivo X tem como roteiro o arquivo de documentos de Márcia X – desenhos, anotações, referências para trabalhos, fotografias, recortes de jornais, pré-organizado pela artista ao longo de sua vida, e tendo em vista cada trabalho projetado. Neste processo de pesquisa para maturação da obra, Márcia deixa pistas de suas obsessões, dedicação, foco, método, linha e coerência de pensamento visual ou conceitual, entre períodos e assuntos abordados. E é a partir deste arquivo de memórias que suas obras brotam pelo espaço expositivo”, explica a curadora Beatriz Lemos.

 

A cenografia da exposição foi criada com o objetivo de reproduzir o ateliê da artista, no Catete. Haverá, ainda, um mobiliário feito especialmente para a mostra. Dentre os destaques da exposição estão os registros das performances/instalações “Desenhando com terços”, 2000, na qual Márcia X, de camisola branca, usa terços para realizar desenhos de pênis no chão, e “Ação de Graças”, 2001, onde a artista, também de camisola branca, aparece deitada no chão de uma sala. O chão é um gramado natural, bem verde. Em um dos extremos da sala estão duas bacias de louça contendo um líquido branco perolado. Cada um de seus pés está enfiado na cloaca de um galo. Os galos depenados têm o corpo e as cristas cravejados de pérolas. Os pés e as cabeças dos galos são ornados com pequenas coroas douradas. Estas coroas estão ligadas por correntes douradas a uma coroa fixada na parede. A performance termina com a artista se levantando, molhando os pés no líquido das bacias e depois jogando-o em cima dos galos.

 

Márcia X iniciou sua trajetória na década de 1980, pesquisando a linguagem da performance e do happening, em uma época em que a cena de arte voltava-se para o retorno à pintura, movimento que caracterizou a “Geração 80”. Ao lado do artista Alex Hamburger, com quem realizou diversos trabalhos em colaboração neste período, Márcia X foi uma das poucas artistas do período que trilharam caminhos alternativos à prática da pintura em grandes formatos, “levando sua pesquisa ao amadurecimento nos anos 1990 e início dos 2000, o que possibilitou ser considerada um dos nomes de referência na performance brasileira”. Beatriz Lemos observa que, “devido a sua morte prematura em fevereiro de 2005, sua obra, todavia não recebeu a atenção e análise crítica que a convém, em que seus trabalhos estão documentados apenas em catálogos de exposições coletivas, e em textos críticos publicados em periódicos”. “Desta forma”, salienta a curadora, este projeto, que inclui a publicação de um livro completo sobre a obra da artista, vem cobrir essa lacuna”.

 

Até 14 abril.

Paulo Meira e Carolina Martinez

18/jan

Como é de praxe, a galeria Laura Marsiaj, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, apresenta simultaneamente dois artistas. Os escolhidos para a abertura da temporada 2013 são: Paulo Meira e Carolina Martinez.

 

Paulo Meira apresenta sua exposição individual “La cumparsita”, composta de pinturas e um vídeo performance. As pinturas de “La cumparsita” representam diversos personagens, em estilo clássico do gênero “pintura de retrato” (óleo sobre tela em dimensões variadas), em metamorfoses de seres humanos e animais selvagens. O antropomorfismo, nas pinturas de “La cumparsita” decorre inicialmente da exploração exaustiva da própria imagem do homem, num exame cruel de suas possibilidades através da combinação da figura humana com uma infinidade de outros seres.

 

No vídeo “La cumparsita”, um homem dança ao som de “La cumparsita”, tango dos mais conhecidos de Carlos Gardel, tendo como parceria, um compasso de dimensões alteradas (medindo 1,78 metros).

 

A dança, que ocorre em diversos ambientes, sugere uma íntima relação entre o homem e o “seu” objeto técnico (o compasso gigante). De tal intimidade, emerge a perversão própria desta relação, na qual o dançarino, ao compactuar com o compasso, distorce e reloca o destino que o funda: entre as funções de um compasso, destaca-se a leitura de mapas e cartas náuticas para calcular equivalências entre tempo e espaço de deslocamentos. Ora, em “La cumparsita” a dança executada com esse instrumento de precisão, como se vê no vídeo, compactua antes com a arte, pois desafia a ordem de um mesmo e preciso compasso.

 

Carolina Martinez no Anexo

 

Aproveitando-se do formato de cubo branco e da falta de janelas do Anexo, a exposição de “Às avessas”, individual de Carolina Martinez assume uma engenhosa e delicada operação metafórica: trazer o exterior para dentro de uma casa. Deslocando a imagem do cubo como lugar expositivo para a de um cômodo, a artista confunde a nossa percepção sobre o espaço. É um cômodo/casa às avessas. Suas pinturas alegoricamente transformam-se em fachadas ou janelas, não apenas pelo fato do objeto (pintura) possuir um tamanho aproximado de janela mas pelo que ilustra ou exibe: são persianas, beirais, correspondências imagéticas à ideia de exterioridade. Porém ao mesmo tempo em que “exibe”, a obra de Martinez oculta. São janelas que não se abrem ao exterior mas que mimetizam a ideia de um outro lugar. Não há nada para ser visto, apenas imaginação, especulação. Contudo, há um investimento romântico nesse trabalho que nos leva a acreditar que naquele fragmento, em um pedaço metafórico de paisagem, pode estar o todo, e que essa experiência não pode ser desqualificada por uma racionalidade inibidora.

 

A ilusão óptica que habita suas primeiras pinturas – uma suave combinação entre tinta automotiva e verniz sobre madeira – criando uma dualidade entre a ideia de figura e fundo é transferida para esse ambiente instalativo. Estes trabalhos possuem pontos de contato com os Espaços virtuais: Cantos (1967-68) e os Volumes virtuais (1968-69) de Cildo Meireles. Tal como esses últimos, as obras de Martinez são “desenhos” que utilizam três planos para definir uma figura no espaço. Ademais, cada um dos dois artistas a seu modo, realiza a transição do espaço bidimensional para um ambiente escultórico que se assemelha a uma casa. Paira sobre essas obras uma inversão das escalas. No caso de Martinez, o cubo/quarto/cômodo vira casa; o rodapé deixa de lado a sua insignificância e passa a ser o eixo central constituindo perímetros, áreas ou cantos de sólidos assim como ocorre nos Volumes Virtuais; e, finalmente a natureza é reduzida ou ampliada dependendo de como o espectador investe o seu olhar para o território criado pelas linhas econômicas, suaves e delicadas de suas pinturas.

 

A linha que atravessa a exposição – presentificada no rodapé que perde a sua função utilitária e ganha corpo, volume e massa adquirindo por si só um estatuto escultórico – é aquela presente nas obras pictóricas de Martinez. O rodapé que foge ao controle da racionalidade significa a transposição de sua pesquisa pictórica para a tridimensionalidade. Ao mesmo tempo em que a artista constrói um espaço que ao invés de oferecer a paisagem ao espectador encerra-se nele mesmo (estão ali contidos a casa, a paisagem e a arquitetura), tudo na exposição está em movimento. Não são, portanto, imagens ou objetos estacionários, mas em constante trânsito. Figuram paradoxalmente entre a máxima presença e a máxima ausência.

 

O artificial e o real, o inventado e o concreto, o original e a cópia, a imagem e seu referente não “se dividem mais segundo uma dicotomia serena, mas mantêm relações fluidas” (1), que abrem caminho a um pensamento do verossímil. “Às avessas” nos revela que a realidade não é mais exatamente a mesma: ela é duplicada, confrontada, e reforçada pela ficção.

 

(1) Cauquelin, Anne. A invenção da paisagem. São Paulo: Martins, 2007, p. 109.

 

De 22 de janeiro a 28 de fevereiro.

Adriana Varejão no MAM-Rio

16/jan

Depois de levar mais de 60 mil pessoas ao MAM paulista, a aclamada mostra “Histórias às margens” – a primeira panorâmica da carreira de Adriana Varejão – desembarca no MAM-RIO, Centro, Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ. O curador Adriano Pedrosa assina a seleção de aproximadamente 40 obras concebidas pela artista nos últimos 21 anos, que ocupam o foyer e a sala monumental do museu. Em sua trajetória de pouco mais de duas décadas, a artista carioca construiu uma das mais sólidas carreiras entre os artistas de sua geração, com amplo reconhecimento no circuito internacional. Seus trabalhos integram o acervo de grandes museus e instituições mundiais, frequentam as páginas de cultura de prestigiosas publicações internacionais e já foram exibidos em quase 30 exposições individuais realizadas no Brasil e no exterior. A mostra, viaja em seguida para Buenos Aires, onde faz temporada no Malba – a primeira individual da artista na capital argentina – de 27 de março a 08 de junho de 2013.

 

“Histórias às margens” inclui peças nunca antes expostas no Rio de Janeiro, como as obras “O Sedutor”, emprestada pela Fundació “La Caixa” (Barcelona), e “Parede com Incisões à la Fontana”, homônima à pintura da mesma série leiloada no início de 2011, na Christie’s de Londres, além de cinco outras que não fizeram parte da mostra no MAM-SP: “Green sauna”, “Pérola imperfeita”, “Contingente” e “Canibal e nostálgica”.

 

A produção de Adriana Varejão é particularmente rica em referências. Uma das obras mais expressivas de sua trajetória, “Reflexo de sonhos no sonho de outro espelho” (Estudo sobre o Tiradentes de Pedro Américo), de 1998, é um exemplo disso. A instalação, composta por 21 pinturas, constitui uma releitura da pintura “Tiradentes Esquartejado”, de Pedro Américo (1843-1905). O trabalho foi feito para a Bienal Internacional de São Paulo daquele ano (que teve curadoria de Paulo Herkenhoff e segue sendo considerada uma das melhores bienais da história) e desde então nunca mais foi exibido – o que acontecerá agora, ao lado de duas obras da série “Extirpação do Mal”, que estiveram na Bienal de 1994.

 

Esse conjunto ilustra bem o conceito que Pedrosa formatou para a primeira mostra panorâmica da artista. “Histórias às margens”, na definição do curador, são “histórias marginais, muitas vezes esquecidas ou colocadas às margens pela história tradicional, sejam elas histórias do Brasil, de Portugal, da China, da arte, do Barroco, da colonização; histórias que Varejão pesquisa, resgata e entrecruza em suas pinturas”.

 

Bons exemplos desses diálogos estão nas peças preparadas especialmente para a exposição. Em uma delas, uma extensa pintura da Baía de Guanabara num estilo chinês, a artista retoma uma série começada em 1992, quando, impressionada pela influência da arte chinesa no barroco brasileiro, passou três meses no país asiático.

 

Foi também inspirada na cerâmica chinesa, especialmente na da dinastia Song (960-1279), que Varejão começou a se interessar pelas superfícies craqueladas. Efeito presente em muitas de suas fases e bastante visíveis no maior trabalho da mostra, o painel inédito “Carnívoras”, composto por 39 pinturas de um metro quadrado cada. A obra reproduz plantas carnívoras de diversas partes do mundo, pintadas em vermelho sobre telas cujas superfícies remetem à textura de azulejos.

 

Neste políptico, a artista retoma a poética de um trabalho realizado para o Panorama da Arte Brasileira, do próprio MAM-SP, em 2003, no qual criou azulejos decorados com plantas alucinógenas. Estas criações em cerâmica podem atualmente ser vistas, junto com outras obras de sua autoria, no pavilhão permanente que o Instituto de Arte Contemporânea de Inhotim, em Brumadinho, lhe dedicou.

 

Sobre a artista

 

O envolvimento real de Adriana Varejão com o universo das artes começou com os cursos que fez na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, em meados dos anos 80. Nessa época, a artista nascida em Ipanema (RJ), em 1964, ganha o prêmio do 9º Salão Nacional de Artes Plásticas.

 

Em 1988, ela realiza a primeira de muitas exposições individuais. Uma lista que inclui mostras na Holanda, Suécia, Inglaterra, EUA e Japão, e exposições marcantes como Chambre d’échos / Câmara de ecos, que estreou na Fondation Cartier de Paris, em 2005, e itinerou para Portugal e Espanha. Considerando as mostras coletivas mais importantes, a artista já participou de mais de cem exposições, entre elas as Bienais de São Paulo de 1994 e 1998, a de Johanesburgo (1995), de Liverpool (2000 e 2006), Sydney (2001), Praga (2003), Santa Fé (2004), MERCOSUL (2005), Bucareste (2008) e da de Istambul (2011).

 

Seu trabalho pode ser visto no Centro de Arte Contemporânea de Inhotim (Brumadinho, MG), onde têm um pavilhão permanente, e está em coleções como TateModern (Londres), Guggenheim (Nova York), Stedelijk Museum (Amsterdã) e Hara Museum (Tóquio). Além de ter a obra registrada em inúmeros catálogos, e em livros importantes sobre arte contemporânea, como Vitamin P e Fresh Cream (ambos da editora inglesa Phaidon) e Women Artists in the 20th and 21st Century (editora Taschen), Varejão é tema da monografia Entre Mares e Carnes, da editora Cobogó (2009). Mais recentemente, seu trabalho foi tema de um ensaio de oito páginas na edição de janeiro de 2012 da revista ArtForum, escrito por Carol Armstrong.

 

“Essa é uma pintura de espessuras. Aliás, de muitas dimensões da espessura. Compreender o corpo da pintura é também compreender a possível dor da pintura e não abdicar de sua sensualidade e de seus fantasmas. A espessura aqui compreende amplamente, não apenas a materialidade, mas também a densidade simbólica do discurso pictórico. A obra de Adriana Varejão é o exercício de uma intrincada cartografia que vai da China a Ouro Preto, entre a imagem de um portulano e os signos da pintura, do corpo à história. É uma coleta de significantes aparentemente dispersos, que recebem uma conexão dentro de uma lógica das cenas construídas pela artista numa teatralização da história.”

Paulo Herkenhoff (trecho de texto do catálogo da mostra “Pintura/Sutura”, 1996).

 

“Trazendo o Barroco para a cena contemporânea, Varejão repõe na ordem do dia uma pintura que não teme o artifício, a ilusão, o jogo delirante e sensual com a aparência”.  

Luiz Camillo Osório (texto do livro “Entre Carnes e Mares”2009, editora Cobogó).

 

“O espaço de representação pictórica proposto por Adriana Varejão visa a angariar o olhar plurívoco do espectador, que o teatro e o cinema costumeiramente exigem dele, a fim de que presencie imagens em movimento que correm à cata, num palco ou tela, duma performance discursiva. No entanto, no caso de Adriana, o processo de encenação torna de tal modo excessivo o peso simultâneo da imagem compósita, que leva esta a deslegitimar a exigência propriamente discursiva das encenações conduzidas pela sucessão temporal de imagens. Há narrativa nas telas de Adriana, embora nelas não haja discurso, no sentido linguístico da palavra.”

Silviano Santiago (do livro Entre Carnes e Mares).

 

 

De 16 de janeiro  a 10 de março.

Na Sala A Contemporânea | CCBB, RJ

14/jan

A Sala A Contemporânea do CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura, a individual “Zona Temporária”, da artista mineira Cinthia Marcelle, ganhadora dos prêmios Future Generation Art Prize, Ucrânia (2010), Annual Gasworks/TrAIN artist in residency, Inglaterra (2009), International Prize for Performance, Trento, Itália (2006) e V Mostra do Programa de Exposições, CCSP, Brasil (2005).

 

“Zona temporária” reúne dez vitrines de alumínio, de 220 x 150 x 25 cm, vedadas com papéis de cores variadas – branco, cinza, pardo, laranja, rosa, instaladas de forma não linear, ocupando os 150 metros quadrados deste espaço expositivo do CCBB. Individualmente intitulados “Temporário”, os trabalhos foram pensados para serem expostos em conjunto. Esta é a primeira vez que a artista realiza o projeto em sua totalidade.

 

Completa a mostra, centrada na ideia de crise e estagnação econômicas, o vídeo inédito “Automóvel”, de 2012, no qual “o ritmo cotidiano de uma via de trânsito se revela, subitamente, um trabalho de Sísifo”, descreve a artista. Na mitologia grega, Sísifo se tornou conhecido por executar um trabalho rotineiro e cansativo.

 

A inspiração de “Zona temporária” partiu da estética das vitrines provisoriamente desativadas de centros urbanos. O primeiro trabalho desta série data de 2011, mas a artista começou a fotografar fachadas temporárias em 2006, em Havana, quando esteve em Cuba para participar da bienal naquele ano. A partir daí, registrou vitrines cobertas em Londres, Nova York, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, sua cidade natal, onde vive e trabalha. As fotos funcionaram como arquivos e objetos de pesquisa.

 

Cinthia Marcelle quis deslocar e transformar esse gesto improvisado das ruas, uma paisagem urbana, para a galeria de arte, convertendo-o em aparência mais plástica, de geometria e cor. As vitrines são cobertas por camadas de papéis superpostos, presos por fitas adesivas camufladas, diferente do que acontece na ruas, onde não há essa estetização e pode-se ver as fitas. Os planos de papel construídos pela artista criam uma relação histórica com a pintura geométrica e o neoconcretismo. Os gestos nunca se repetem. Cada vitrine é única.

 

Sendo uma situação temporária, o material é de baixo custo, tal como nesta mostra. Cinthia Marcelle usa papel kraft, papel manilha, papelão etc, conforme eles são encontrados à venda, às vezes afetados pelo tempo. Ela descreve a colocação do papel como “um malabarismo”, pois a vitrine é fechada, e só através da porta de correr, a artista consegue estruturar as camadas desse material. Na sala de exposição, as peças, que têm luz fluorescente por dentro, viram uma espécie de barreira na relação com o espectador. Não se vê o que há dentro, em razão da opacidade do papel.

 

Sobre a artista

 

Cinthia Marcelle nasceu em Belo Horizonte, em 1974. É formada em Belas Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais. Entre as mostras de que participou destacam-se a do Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte (2005), a Bienal de Havana de 2006, Bienal de Lyon, França (2007), Panorama da Arte Brasileira, São Paulo e Madri (2007-2008), 29ª Bienal Internacional de São Paulo (2010), Pinchuk Art Center, Kiev, Ucrânia (2011), Tate Modern, Londres (2012), Trienal do New Museum (2012), Dundee Contemporary Art, Escócia (2012), “Prelúdio: O interior está no exterior”, Casa de Vidro, São Paulo, (2012). A produção da artista transita por linguagens diversas, como o desenho, a fotografia, o vídeo e a performance. De setembro a dezembro de 2012, teve individual com cinco de seus vídeos no projeto “High Line Art”, em Nova York.

 

De 15 de janeiro a 17 de fevereiro.

Reabertura no MNBA

10/jan

 

Depois de passar por reformas estruturais em meados deste ano, reabre uma das principais mostras permanentes do Museu Nacional de Belas Artes, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Situada no 3º Piso a Galeria de Arte Brasileira Moderna e Contemporânea do MNBA abriga uma das raras mostras no Brasil onde se pode descortinar, num mesmo espaço, todo um percurso artístico que vai do inicio do século XX até o contemporâneo.

 

Na nova exposição da Galeria de Arte Brasileira Moderna e Contemporânea foram incluídas obras, a maior parte doações, como “Retrato de Yedda Schmidt” (esposa do falecido empresário Augusto Frederico Schmidt, poeta e dono do supermercado Disco, ghost-writter de Juscelino Kubitchek, etc), de Candido Portinari; telas de Willys de Castro, Décio Vieira, João Fahrion, Timóteo da Costa, Alex Flemming, gravuras de Maria Bonomi, Fayga Ostrower, e Gilvan Samico; e esculturas de Celso Antonio, entre vários outros.

 

Superando a mostra anterior, antes o espaço abrigava 180 trabalhos, agora serão 205 obras em exposição. Possuindo 1.800 metros quadrados, divididos em dois andares, a Galeria de Arte Brasileira Moderna e Contemporânea apresentará no primeiro andar o movimento da “Abstração na gravura”, com destaque para obras de Fayga Ostrower, Anna Bella Geiger, Rossini Perez, Artur Luiz Piza, Dora Basílio, Edith Behring, Anna Letycia, entre outros. No segundo andar artistas como Gilvan Samico, Maria Bonomi, Leonilson, Carlos Martins, Adir Botelho, Rubem Grilo, Claudio Mubarac e Fernando Vilela, se reunirão aos outros artistas representando a importância da gravura na produção artística brasileira das décadas de 1980 a contemporaneidade.
Na tocante às esculturas, novas peças também serão apresentadas, de artistas como Farnese de Andrade, Celso Antonio, Rubens Gerchman, Zelia Salgado, Abraham Palatnik e um bronze de Paulo Mazzucchelli.

 

Os novos trabalhos completam a coleção anterior que volta a exibir autores como: Manabu Mabe, Iberê Camargo, Beatriz Milhazes, Eliseu Visconti, Di Cavalcanti, Jorge Guinle Filho, Tarsila do Amaral, Carlos Oswald, Gonçalo Ivo, Mauricio Bentes, Amílcar de Castro, Pancetti, Guignard, Tomie Ohtake, Marcos Coelho Benjamin e Antonio Henrique Amaral.

 

A partir de 10 de janeiro (em exibição permanente).