Instalações e obras de Marcos Scorzelli

25/mai

O Museu Chácara do Céu apresenta a partir de 03 de junho, sábado, a exposição “Scorzelli Megabichos”, do designer e artista plástico Marcos Scorzelli. A mostra exibirá cerca de 15 instalações, em chapas de aço que ficarão expostas ao ar livre, em Santa Teresa, Rio de Janeiro, RJ, e que faz parte dos Museus Castro Maya.

A exposição – que foi recorde de público durante a sua temporada em 2019 no Museu do Açude, no Alto da Boa Vista – desta vez reúne os “Megabichos”, alguns inéditos, nos jardins do Museu Chácara do Céu. A mostra conta com girafas de 3,0m de altura e uma família de preguiças alocadas nas árvores. O jardim também receberá coelho, elefante e um mandacaru, da flora brasileira. Um polvo gigante instalado no espelho d’água, além dos outros bichos que irão estimular o lúdico nas crianças e em toda a família. Outra novidade é a instalação no telhado do museu de uma preguiça laranja com cabeça e garras gigantes, dando as boas-vindas aos visitantes. Esta é a primeira vez que é feita uma intervenção artística no telhado do equipamento cultural.

“Eu levava meus filhos quando eram pequenos para visitar o Museu Castro Maya. Mas foi em 2011, quando a minha filha mais nova tinha 6 anos, que eu sonhei com essa exposição. Eu tirei uma foto dela correndo nos jardins e fiz uma montagem com os bichos enormes ocupando a área externa, porque nessa época os bichos só existiam no papel. Os volumes simples e geométricos da casa dialogam com as minhas esculturas geométricas e minimalistas. Quando um amigo me mandou uma aquarela de Debret com uma preguiça, eu tive a ideia de colocar uma preguiça gigante descendo o telhado da casa”, declara Marcos Scorzelli.

Todas as instalações estarão à venda em diferentes tamanhos.

Sobre Scorzelli Megabichos    

“A aparente simplicidade da transformação de uma forma geométrica plana em um volume espacial complexo, travestido de figuras de bichos coloridos, dinâmicos e cheios de personalidade, vai certamente encantar o público”.

Anna Paola Baptista, diretora dos Museus Castro Maya.

“Por sua situação, o Museu “naturalmente” provoca a reflexão sobre a relação entre o construído e o natural, o tempo histórico e o atemporal, o artefato e o-que-nasce-feito. É exatamente o que discute a exposição de Scorzelli, vocalizando e ampliando a proposta silente do Museu! Sua fauna geométrica é uma provocante reflexão sobre os mesmos temas: quando a linha se torna natureza? Como formas abstratas ganham movimento e pele, pelo, escamas, ventosas? De que modo o bidimensional abstrato alcança o tridimensional concreto? Sua geometria grávida de cores e formas é um convite, uma provocação, uma surpresa…a “cara” da cidade que se destaca por sua “paisagem cultural”! A exposição é, assim, um convite a pensar a cidade, o Museu e, sobretudo, a relação entre o homem e a natureza, da maneira mais inclusiva possível: cada forma, cada cor, cada linha é a porta de entrada, uma janela aberta para outras formas, outras cores, outras linhas.”

Guto Nobre, escritor.

Sobre o artista

Marcos Scorzelli é carioca, formado em design pela PUC Rio e começou a carreira inovando em projetos de arquitetura como designer de interiores corporativo e de cenografia. Fotógrafo amador é apaixonado pelo Rio. Desenvolveu sua linguagem vivenciando a natureza e explorando todos os cantos de sua cidade. Marcos finalmente tirou os bichos do papel para o aço, utilizando sua experiência com geometria e computação gráfica. A ideia era transformá-los em esculturas. O fundamental era não perder o conceito, não haver perda de material, sem solda ou recortes. A partir de formas geométricas simples com alguns cortes, vincos e movimentos precisos chega-se a uma forma tridimensional, curiosa e vibrante.

Sobre o Museu Chácara do Céu:

O Museu Chácara do Céu, integrante dos Museus Castro Maya Ibram/MinC, exibe coleções de arte de diversos períodos, e de diferentes origens, livros raros, mobiliário e artes decorativas, distribuídas em uma casa com três pavimentos. A casa em Santa Teresa, conhecida desde 1876 como Chácara do Céu, foi herdada por Castro Maya em 1936. Foi demolida em 1954 e em seu lugar o arquiteto Wladimir Alves de Souza projetou uma residência com características modernas integrada aos jardins que permitem uma magnífica vista da cidade do Rio de Janeiro e da Baía de Guanabara. A cooperação com Roberto Burle Marx está presente, apesar de este não constituir um projeto assinado pelo paisagista.

Os 200 anos de Crítica de Arte no Brasil

23/mai

 

Em alusão ao bicentenário da Independência do Brasil, o livro reúne textos de intelectuais e pesquisadores que investigam a implementação, desenvolvimento e situação da crítica de arte no recorte desses 200 anos, em diferentes contextos e temporalidades, tendo como marco a Proclamação da Independência. O livro que é organizado pelo crítico e historiador de arte Shannon Botelho, terá lançamento em versão E-Book bilingue, com distribuição gratuita, com sistema de acessibilidade, e na versão impressa.

Será lançado no dia 27 de maio (sábado), às 14h, no Ateliê 31, Centro do Rio de Janeiro, o livro “200 anos de Crítica de Arte no Brasil: 1822-2022″, que tem a organização de Shannon Botelho e textos de 12 pesquisadores nacionais do campo da crítica de arte. São eles: Almerinda Lopes (ES), André Rosa (RJ), Daniele Machado (RJ), Francisco Dalcol (RS), Kássia Borges (MG), Lisbeth Rebollo Gonçalves (SP), Luiz Alberto Ribeiro Freire (BA), Maria Luisa Luz Távora (RJ), Rodrigo Vivas (MG), Sandra Makowiecky (SC), Sonia Gomes Pereira (RJ), Sylvia Weneck (SP).

O projeto da publicação nasceu de uma necessidade a refletir sobre o campo da crítica de arte no Brasil constituídos em diferentes contextos e temporalidades: nos espaços de imprensa, espaços alternativos e movimentos autônomos.

 

Pluralidade e difusão de linguages

Ao adotar abordagens históricas, os textos trazem à luz questões centrais para o desenvolvimento do sistema artístico, não somente no Rio de Janeiro, mas nas demais localidades do país, incluindo nas narrativas historiográficas presenças relegadas às posições secundarizadas, como as indígenas, como instrumento na superação das estruturas de exclusão e silenciamento das culturas e povos originários do Brasil, e de críticos estabelecidos para além das fronteiras da região sudeste, propondo uma descentralização da reflexão. “Um relato sobre a história da crítica de arte no Brasil ainda está para ser escrita. O que já foi produzido por diferentes pesquisadores em todo país compõe esforços de pesquisa, que indicam sempre a urgência de uma sistematização dos modelos críticos e das reflexões deles desdobradas para que se possa romper com o protagonismo do sudeste em relação as demais regiões do país”, explica Shannon Botelho. Com desejo de pluralizar a construção das narrativas históricas da crítica de arte, cada autor aborda um tema relacionado ao seu lugar de origem (cidade/estado), pondo em perspectiva os fatos sucedidos nesses 200 anos, através de um debate necessário para o público, propondo um lugar inédito para a Crítica de Arte no Brasil. “200 anos de Crítica de Arte no Brasil: 1822-2022″; vem registrar um ponto de partida para uma narrativa plural, um passo adiante na construção de uma história democrática para a crítica de arte no Brasil, seu estado atual e seus horizontes.

 

Democratizacão e inclusão

De forma a democratizar o seu alcance, será lançada a versão E-book do livro “200 anos de Crítica de Arte no Brasil: 1822-2022″, em edição bilíngue, com distribuição gratuita e com número ilimitado para download. Além disso, para maior democratização, o E-book está disponível na versão DAISY, que é um sistema de livro digital sonoro que ajuda pessoas com algum tipo de limitação à leitura, como idosos, disléxicos, pessoas cegas ou com baixa visão. Assim, o usuário poderá ir direto para uma determinada página, marcar um texto e muitas outras ações parecidas com as dos livros impressos. “A intenção é alcançar e movimentar um público amplo, nacional e internacional, sem distinção de qualquer natureza, com soluções em acessibilidade para as escolas públicas e privadas, instituições culturais, de ensino e de arte”, reforça Natalia Azevedo, da Abstrata, produtora responsável pela publicação. O E-book gratuito ficará disponível sem limite de tempo e de download a partir de maio de 2023 nos canais da produtora através de links permanentes em plataformas como ISSUU, Drive em modo público, com acesso livre através de link compartilhado para download.

 

Sobre Shannon Botelho

Crítico de arte, curador independente e professor no Departamento de Artes Visuais do Colégio Pedro II (RJ), Shannon Botelho é doutor em História e Crítica de Arte pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes/UFRJ em parceria com a École des Hautes Études en Sciences Sociales/CRBC (Paris). É representante do Comitê de História, Teoria e Crítica de Arte da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (ANPAP). Foi curador nas exposições: Abstrato Possível, Concreto Real(MMGV-RJ-2017); Balangandãs (Zipper Galeria-SP 2018); Paisagem Grão de Areia (MMGV-RJ 2018); O que você guarda tão bem guardado (Casa Abaeté-Ribeirão Preto 2019); Da Linha, o Fio (BNDES-RJ 2019), Impulsos Imitativos (MMGV-RJ 2019), Estruturas Improváveis (Casa das Artes-Tavira 2020), Illusions (Zipper Galeria-SP 2021), Malgré le Brouillard (Anne+Art Contemporain – Paris 2021), Forma é Afeto (Andrea Rehder-SP 2022), Água Banta (MMGV-RJ 2022), Hiper Paisagem (Zipper-SP 2022), Memória do Futuro (MMGV-RJ 2023), Coração na Mão (Le Salon H – Paris, 2023).

 

 

Maria Leontina – Gesto em suspensão

17/mai

 

A exposição “Maria Leontina – Gesto em suspensão”, na Casa Roberto Marinho, Cosme Velho, Rio de Janeiro, RJ, comemora o quinto aniversário do espaço. A exibição, destacando a obra da artista, inclui cerca de cem pinturas, desenhos e gravuras de sua autoria, que vão desde a década de 1940 até a de 1980. A exposição reúne obras raramente exibidas, de diversas fases da carreira da artista, pertencentes à sua família, coleções particulares e instituições. A exposição também apresenta comentários de renomados críticos de arte brasileiros. A mostra tem como objetivo preencher a lacuna na história da arte brasileira, trazendo a obra de Maria Leontina de volta à atenção do público.

Um dos destaques da mostra é a tela “Páginas” que faz parte de uma série de 1972. Em 1974, quando seu filho Alexandre Franco Dacosta fez 15 anos, ela o presenteou com essa obra. Segundo ele, a pintura de um branco suave e azuis celestiais, com gesto delicado e linhas muito sutis, ficava exposta na parede de seu quarto quando morava com os pais e sempre o inspirou a ter uma leveza de espírito e uma paz de existência extemporânea.

Sobre a obra da pintora, diz: “minha mãe traçou leves contornos únicos, rarefeitos, e é como as mães criam seus filhos e filhas, com a força imanente de vê-los voar”.

Até 16 de julho.

Padrões geométricos e cinéticos

12/mai

 

O artista pernambucano José Patrício, que é conhecido no circuito de arte, tanto no Brasil como no exterior, usa materiais simples do cotidiano, principalmente botões – que ele compra em armarinhos, liquidações – para criar padrões geométricos e cinéticos. Ele vai mostrar na exposição “José Patrício – Infinitos outros”, trabalhos inéditos, com botões costurados em tela sobre suporte de madeira, e também um conjunto de “Conexões cromáticas”, em que usa selos postais da Inglaterra sobre impressão em papel, na Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, a partir de 20 de maio, às 15h. Em seguida, às 16h, José Patrício fará uma visita guiada à exposição. Em cartaz até 22 de julho.

Os trabalhos com botões, que se tornaram emblemáticos na trajetória de José Patrício, começaram em 2005, derivados das obras feitas com dominós, que chamou a atenção do circuito de arte para o artista, quando em 1999 criou uma instalação para o convento de São Francisco, em João Pessoa, usando as peças do jogo.

“Nesta exposição na Nara Roesler, no Rio, houve uma tentativa de dar uma unidade a partir dos elementos e do tratamento que foi dado a eles, no caso o botão. Por outro lado, este aspecto cinético que existe nas obras também traz esta unidade”, conta o artista. “Progressão cinética XI” (2022), com 161 x 159 cm, “comenta um pouco o trabalho que considero importante, que é uma série de instalações com dominós montados no chão, chamada “Ars combinatoria”, que se compõe por quadrados realizados por três jogos de dominó, e, em cada ação, o resultado é diferente”, diz José Patrício. “Esta obra é também uma arte combinatória que utiliza os botões”.

As obras com botões têm 3.600 quadrados cada, e apenas um espaço central permanece vazio. O artista usa uma grade com 80 espaços em um lado e 80 no outro, “que são preenchidos com os botões”. “A forma de preencher são muitas, infinitas, não só a partir dos elementos à disposição, mas também das seqüências que serão criadas ali na estrutura”.

As exceções são “Espirais cinéticas II” (2022) e “Espirais cinéticas III” (2022), dois dípticos medindo respectivamente 115,5 x 222 cm e 114 x 224 cm, com um viés cinético, e que utilizam a estrutura de 112 dominós, objeto recorrente no trabalho do artista.

“Eu não existiria sem minhas repetições”, Nelson Rodrigues (1912-1980), é uma frase que o artista diz que pode também ser atribuída a ele. “A chave-mestra do meu trabalho talvez seja essa da repetição, que a cada concretização de uma obra consegue ser diferente. Eu repito sempre, mas também sempre tenho resultados diferentes. É algo que me move. Fazer este exercício de conseguir resultados novos a partir de uma estrutura dada”, explica.

 

Vinte e cinco anos de atividades

09/mai

Anita Schwartz Galeria de Arte, convida, a partir do dia 10 de maio, às 19h, para a exposição “Anita Schwartz XXV”, que celebra seus 25 anos de atividades profissionais – e há 15 no espaço da Gávea, em que lançou um novo paradigma para os espaços arquitetônicos de uma galeria de arte no Rio de Janeiro -, com trabalhos históricos e emblemáticos e outros novos e inéditos, produzidos especialmente para a mostra de 27 artistas que participaram desta trajetória. A curadoria é de Bianca Bernardo, gerente artística da Galeria.

A exposição apresenta obras de artistas que fizeram parte desta história, como Abraham Palatnik (1928-2020), Angelo Venosa (1954-2022), Ivens Machado (1942-2015), Rochelle Costi (1961-2022) e Wanda Pimentel (1943-2019), em homenagem especial ao seu legado e memória; Antonio Manuel, Artur Lescher, Carlos Zílio, Daniel Feingold, David Cury, Gonçalo Ivo; e Ana Holck, Andreas Albrectsen, Carla Guagliardi, Claudia Melli, Cristina Salgado, Gabriela Machado, Jeane Terra, Lenora de Barros, Maritza Caneca, Marjô Mizumoto, Nuno Ramos, Otavio Schipper, Paulo Vivacqua, Renato Bezerra de Mello, Rodrigo Braga e Waltercio Caldas, representados pela Galeria. As obras vieram dos acervos dos artistas, cedidas especialmente para este momento de comemoração, e algumas do próprio acervo de Anita Schwartz.

Ao longo do período da exposição será lançado um livro com texto de Paulo Sérgio Duarte, sobre a história de Anita Schwartz Galeria de Arte, e com registros de imagens da mostra.

 

 

Contaminações e convergências espontâneas

05/mai

NONADA ZN, abriga a mostra coletiva “fragmento I: vento pórtico”, com os artistas Iah Bahia, Loren Minzú, Siwaju Lima, sob curadoria de Clarissa Diniz, com aproximadamente 32 trabalhos entre esculturas, instalações, gravuras, vídeos e objetos, muitos inéditos, uma rara exposição de processo, a partir do dia 06 de maio e permanecrá em cartaz até 11 de junho. O projeto idealizado pela curadora, dividido em duas etapas, surge do desejo de reavivar um centro de produção na Penha, Rio de Janeiro, RJ, e reativar sua vocação criadora que, no passado, era preenchido por muitos saberes, memórias e trabalho.

Em seu primeiro movimento – “fragmento I: vento pórtico” – a curadora ocupou os espaços desde o mês de março, com os artistas em atividades criativas desenvolvendo seus experimentos e poéticas, “realizando investigações site specific e partilhando seus saberes e desejos num processo coletivo de criação, crítica e interlocução”, como relata Clarissa Diniz. As pesquisas in loco, focadas em torno dos imaginários, políticas e formas do vento, do movimento, do vazio, do oco e do avesso. Nesse primeiro instante, tem-se uma singular ocasião de acesso de obras geradas a partir dessa imersão mas também ser apresentado a resultados que Iah Bahia, Loren Minzú e Siwaju Lima produziram através as contaminações e convergências espontâneas advindas da convivência entre si e com o espaço e suas histórias e a forma como foram compartilhadas.

A costura de artistas ímpares em uma mesma pesquisa apresentou-se como uma promessa onde os resultados impossibilitaram qualquer antevisão. Iah Bahia desenvolve obras com variadas formas e materialidades em artes experimentais, processuais e abstracionais. Possui sua prática-pesquisa a partir de observações e experimentações interdisciplinares conjunta a matéria-tecido, matéria-lixo e de outros elementos substanciais coletados no território urbano. Destaca as tensões do espaço habitado, e convoca o rearranjo dos efeitos do ecocídio em uma nova visualidade no mundo, como o conhecemos. Loren Minzú, em sua prática, investiga a produção de imagens ligadas a noções temporais, espaciais e corporais, com base em ficções acerca dos sistemas perceptivos e comunicativos em relações interespecíficas. Interessado nos processos fenomenológicos que compõem o mundo visível e sensível, o artista observa e joga com a luminosidade e a escuridão que emanam de corpos terráqueos e cósmicos, para compor cenas audiovisuais, instalações e esculturas com vegetais, minerais, elementos matéricos e artefatos. Por outro lado, Siwaju Lima investiga a relação do tempo com diferentes ecologias por meio do reaproveitamento de peças de ferro doadas ou encontradas. Seus trabalhos estabelecem uma relação íntima e direta com a escultura fundida, e as possíveis relações entre a matéria e os símbolos que incorpora, entre o objeto e seu entorno, entre corpo escultórico e o espaço, e entre a obra e nossos corpos, sempre numa dimensão temporal em espiral e em expansão.

Em um segundo momento, “Fragmentos II”, tem como fio condutor as ideias de armadilha, defesa, feitiço, armadura. Aglutinadas em “Fragmentos I e II”, as pesquisas de Siwaju, Iah e Loren harmonizam um estimulante cenário da produção recente da arte brasileira que atua com materiais como o papel, o ferro, a madeira e a cerâmica.

 

A palavra da curadoria

“Não estamos diante de projetos estéticos extrativistas no seio dos quais as matérias são instrumentalizadas como recursos a serem apropriados por mãos e gestos autoritários. Ao contrário, Vento Pórtico desdobra-se em exercícios poéticos cuja ética implica em dobrar, acariciar, oxidar ou tocar materialidades como a corpos cúmplices com os quais compartilhamos segredos, saberes, desejos e pragas”.

 

Sobre os artistas

Iah Bahia (1993 São Gonçalo, RJ) – Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Iniciou sua formação em cursos livres na Escola de Artes Spectaculu e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (RJ). É formada no curso técnico em Design de Moda e, recentemente, ingressou em Artes Visuais-Escultura na Escola de Belas Artes da UFRJ (RJ). Em 2020, participou do programa de residência do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e em 2022 participou da residência formativa Elã, no Galpão Bela Maré (RJ).

 

Loren Minzú (1999, São Gonçalo, RJ) – Vive e trabalha entre São Gonçalo e Rio de Janeiro. Graduando em Artes pela Universidade Federal Fluminense, passou por instituições como Casa do Povo, (SP) e Parque Lage, (RJ) – onde compôs a turma de Formação e Deformação (2021). Em 2022, foi residente no programa Elã, do Galpão Bela Maré, (RJ). Nas exposições, destacam-se Rebu, no Parque Lage, (RJ), em 2021, Raio a Raio, organizada pelo Solar dos Abacaxis no pilotis do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2022), De montanhas submarinas o fogo faz ilhas, na Pivô (SP) em colaboração com a Kadist (2022) e In the Skeleton of The Stars, no Institut für Auslandsbeziehungen, (Stuttgart, Alemanha), em 2023. Também participou de mostras audiovisuais no Cine Bijou, (SP), Centro Petrobras de Cinema, (Niteroi, RJ) e na Cinemateca Nacional Dominicana (Santo Domingo).

 

Siwaju Lima (1997 São Paulo, SP) – Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Graduanda em Artes Visuais na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), é artista do ateliê de escultura da EAV Parque Lage (RJ), do Programa Formação e Deformação, e da Escola Livre de Artes do Galpão Bela Maré (RJ). Entre as exposições coletivas que participou em 2022, destacam-se Arte como trabalho, no Museu da História e da Cultura Negra, Idolatrada salve! Salve! (RJ), na Fábrica Bhering, Olha geral, no Instituto de artes da UERJ (RJ), e Ecologias do bem-viver, no Galpão Bela Maré (RJ).

 

 

Jarbas Lopes e curadoria de Catherine Bompuis

04/mai

 

A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta “Lua/Luta”, próxima exposição individual de Jarbas Lopes, com curadoria de Catherine Bompuis. A abertura acontece no próximo sábado, 06 de maio, das 17h às 22h.

 

A palavra da curadora

“O projeto Lua versus Luta abre um espaço de experimentação, jogo e risco que não impõe limites. Arte e vida aqui estão entrelaçadas e tudo parece ser construído caminhando, conversando, brincando, respirando: um processo de criação contínua. A pulsão de vida dirige as ações que se desenvolvem numa constante improvisação, ramificação e recusa de qualquer determinação que possa congelar a obra numa única direção. Performance, maquetes, esculturas, pinturas elásticas, projetos utópicos e desenhos parecem ser concebidos em um mesmo movimento onde o corpo ocupa o lugar central. Mais do que cada objeto tomado separadamente, são as relações tecidas entre os objetos e as ações, entre o individual e o social, que dão sentido à obra. Um ato de desafio que reafirma o direito à vida e a força do ato artístico. […] A vontade de transcender os limites clama por um outro mundo possível. […] Trata-se, portanto, de reinscrever simbolicamente o desejo e a consciência no corpo: Lua/Luta”

 

Conversa com Anna Braga no Paço Imperial

No dia 12 de maio, às 15h, a artista multimídia Anna Braga fará uma conversa com o público na exposição “Submersões”, em cartaz no Paço Imperial,  até o dia 21 deste mês. Há 20 anos sem fazer uma exposição individual em uma instituição no Rio de Janeiro, a artista falará sobre os trabalhos que apresenta na mostra panorâmica, que tem curadoria de Fernando Cocchiarale.

Na exposição são apresentadas 36 obras, entre instalações, pinturas, desenhos, fotografias, vídeos e objetos inéditos, que trazem temas como temas centrais a ecologia, a violência e questões de gênero. Os trabalhos, que ocupam três salões do Paço Imperial, em uma área total de mais de 300 m², pertencem a três séries distintas: “Ternas Peles”, “Memória Submersa” e “Puro Álibi”.

 

Sobre a artista

Nascida em Campos dos Goytacazes, RJ, Anna Braga é formada em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com mestrado em Sociologia pela UFRJ e extensão em Filosofia e Arte Contemporânea pela PUC-Rio. Frequentou o ateliê da artista Anna Bella Geiger e os ateliês de Elena Molinari, Maria Freire e Hilda Lopes em Montevidéu, no Uruguai. Fez curso de Arte e Filosofia e Arte Crítica na EAV Parque Lage entre 2000 e 2001 e especialização em Arte e Filosofia na PUC Rio em 2008. Possui obras em importantes acervos, como Museo de Arte Contemporanea de Uruguai; Centro Cultural da Caixa Econômica Federal, Brasília, DF; Centro Cultural dos Correios e Telégrafos, Museu Postal, Rio de Janeiro e Museo Nacional da República (MUN), em Brasília.

 

O uso primoroso das cores

03/mai

 

A Mul.ti.plo Espaço Arte, Leblon, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou exposição de Renato Rios, artista brasiliense, nascido em 1989. A mostra “Cruzeiros” reúne cerca de 35 telas recentes e inéditas, com ensaio crítico de Marco Antônio Vieira. É a primeira exposição no Rio do artista, que atualmente vive em São Paulo. A mostra permanecerá em cartaz até 23 de junho.

O nome da exposição, “Cruzeiros” parte do conjunto inédito de pinturas a óleo, sobre tela ou papel. Nelas, estão algumas das marcas registradas do artista. A primeira é o uso primoroso da cor, a partir de jogos de contraste de excepcional equilíbrio e força. “Para Renato, o entendimento da pintura como acontecimento e fenômeno se dá por meio da cor. A cor dele é alquímica, onírica, alada. É uma cor que nos seduz, captura e hipnotiza. A cor na obra dele é ao mesmo tempo segredo e código, num convite para a abertura de sentidos”, diz Marco Antônio Vieira, Doutor em Teoria e História da Arte pela UnB. Outro diferencial da obra do artista é a sua habilidade em atuar nas mais diferentes escalas, mantendo a potência do trabalho – uma qualidade de raros artistas. A exposição traz obras com dimensões diversificadas.

Segundo Marco Antônio Vieira, um dos trunfos do trabalho de Renato Rios, também representado no nome da exposição, é a sua capacidade de fazer o cruzamento entre o figurativo e o abstrato por meio da cor. “Renato entende essa tensão a partir de uma lógica complementar, muito mais relacional do que antagônica. Sua poética deve algo ao modernismo, mas ao mesmo tempo o atualiza, acenando para o futuro”, diz ele.

Nas telas em exposição na Mul.ti.plo podemos vislumbrar frestas, portas se abrindo, portais, estrelas, linhas que se cruzam…”Através do arranjo, da composição, do motivo, da cor, eu trabalho a pintura de forma que ela possa criar uma espécie de cruzamento entre esse mundo ordinário com outro mundo, mais ligado às ideias, à sensibilidade, ao encantamento. Eu acredito que essas pinturas são frestas que convidam as pessoas a olhar um mundo dentro desse mundo. “Cruzeiros” é o lugar onde se cruzam dois caminhos. Cada pintura que está ali é uma oportunidade para que se adentre em alguns mistérios”, conta o artista brasiliense de 34 anos, que expõe pela primeira vez na capital carioca.

 

Sobre o artista

Nascido em Brasília, DF, em 1989, cursou bacharelado em Artes Plásticas na Universidade de Brasília (UnB), entre 2008 e 2013. Vive e trabalha em São Paulo, SP desde 2016. Sua pesquisa investiga a intuição simbólica, buscando integrar os campos da representação e da consciência mítica acerca das relações natureza/espírito/mundo. Buscando evidenciar aspectos do misterioso idioma das cores, Renato Rios revela alguns frutos de seu produtivo diálogo com o pintor Paulo Pasta – um dos grandes coloristas da arte brasileira, do qual é assistente há sete anos. Em suas pinturas, orquestra fortes e sensíveis tensões entre áreas de cor, que mudam de atitude de acordo com a vizinhança, num magnético contraste de equilíbrio e força que parece querer direcionar o espectador para um lugar espiritual ou metafísico: do mundo das formas para o mundo das ideias, do mundo dos corpos para o mundo do Espírito, apontando seu trabalho para uma espécie de manutenção de um tempo e espaço originários, arcaicos.

 

Sobre a curadoria

Marco Antônio Vieira é Doutor em Teoria e História da Arte pela UnB, atua desde 2007 como curador independente. Assinou curadorias e respondeu pelo acompanhamento de artistas para a Casa Fiat de Cultura (BH) e o Paço das Artes (SP). Desde 2019, trabalha junto a espaços dedicados à experimentação artística e curatorial no Centro-Oeste, como, A Pilastra e DeCurators, no Distrito Federal, e Rumos, em Goiânia. Desde agosto de 2022, é professor colaborador do Programa de Licenciatura em Artes Visuais, na área de Teoria e História das Artes Visuais, na Universidade Estadual de Ponta Grossa, PaExposição de arte contemporânea.

 

Mostra panorâmica de Jaime Lauriano

25/abr

 

O Museu de Arte do Rio (MAR) e Nara Roesler convidam para uma visita prévia à exposição “Aqui é o fim do mundo”, uma panorâmica da trajetória de quinze anos do artista Jaime Lauriano, no Museu de Arte do Rio, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Será no dia 27 de abril, às 18h, com a presença do artista e do curador Marcelo Campos. Em seguida, será oferecido um coquetel no mirante do MAR. A exposição abre ao público no dia seguinte, 28 de abril.

 

Jaime Lauriano (1985, São Paulo) é um dos expoentes do novo momento da arte brasileira, que repensa a história oficial do Brasil. Ele tem participado de importantes antologias a respeito, e já integrou oito exposições no MAR, uma delas como um dos curadores, junto com Flávio Gomes e Lilia Scwarcz.  É dele o calçamento em pedras portuguesas na entrada do Museu, em que estão gravados os nomes das doze regiões da África que forneceram, por meio de seqüestros e outras ações violentas, a mão de obra escravizada levada ao Brasil. “Aqui é o fim do mundo” reúne mais de 40 trabalhos, produzidos entre 2008 e 2023. Cinco obras foram comissionadas especialmente para esta exposição, e são: as pinturas “Invasão da cidade do Rio de Janeiro” (2023); “Na Bahia é São Jorge no Rio, São Sebastião” (2023); as instalações “Afirmação do valor do homem brasileiro” (2023), e “Experiência concreta #9 (roda dos prazeres)” (2023), com bacias de ágata e desinfetante, e o vídeo “Justiça e barbárie #2″ (2023). A exposição integra a programação de dez anos do MAR.

Outros trabalhos nunca mostrados antes são “E se o apedrejado fosse você? #3″ (2021), desenho feito com pemba branca (giz usado em rituais de umbanda) e lápis dermatográfico sobre algodão; e o conjunto das três obras “Bandeirantes #1″ (2019), “Bandeirantes #2″ (2019) e “Bandeirantes #3″(2022), miniaturas de 20cm de monumentos em homenagem aos bandeirantes, fundidas em latão e cartuchos de munições utilizadas pela Polícia Militar e pelas Forças Armadas brasileiras, sobre base construída de taipa de pilão.

As obras de “Aqui é o fim do mundo” estão distribuídas em cinco núcleos: Experiência concreta, Colonização, Afirmação do valor do homem brasileiro, Recanto e Justiça e barbárie.