A Comédia Humana

14/set

 

 

Em exposição o universo encantado de Sônia Menna Barreto, “…um encontro com a arte em seu estado essencial: pesquisa, talento e invenção. Tudo isso temperado com doses generosas de fantasia, de afeto que se espalha por esses objetos repletos de história”, desse modo convida Marcus Lontra, que assina a curadoria de “A Comédia Humana”, para a exposição individual de Sônia Menna Barreto – até 29 de outubro – organizada pela Dila Olveira Galeria, que ocupa duas salas no 3º andar do Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ.

 

“Sônia cria personagens, paisagens, fragmentos de poesia visual que aquecem o coração: ela caminha por várias geografias, elabora histórias de várias origens, constrói mundos repletos de fábulas, mitologias, verdades e mentiras, amores submersos, desejos silenciosos, vontades recônditas, prazeres, encantos, totens e mandalas, rendas e bordados, dobras do tempo e delicadezas. Em tempos amargos, a arte acaricia. Em tempos apocalípticos, a arte redime. Em tempos apavorantes, a arte ilumina. Em tempos cruéis, a arte subverte. Em qualquer tempo e sempre, a arte salva”, afirma Marcus Lontra.

 

“Tenho uma longa carreira e é um privilégio mostrar minha obras aqui no Rio pela primeira vez. Expor aqui meu trabalho, algumas séries, em mídias diversas”, diz Sônia Menna Barreto.

 

“Para a nossa galeria está sendo uma honra fazer parte deste projeto, apresentando a Sônia Menna Barreto, pela primeira vez, em um espaço institucional. Ela é uma artista plástica fantástica e poder trazer suas obras de arte para os visitantes do Centro Cultural Correios, é de uma enorme relevância”, avalia Dila Oliveira.

 

Sobre a artista

 

Artista visual, tem sua produção artística a mais próxima da expressão do homo ludens, o homem lúdico, e seu espírito criativo trabalha com territórios e personagens que habitam a imaginação das pessoas de todas as idades. Sua técnica origina-se nos pintores flamengos do século XV, misturando hiper-realismo com minúcias da técnica francesa do Trompe L’oeil. Após contato com os trabalhos de Max Ernst, De Chirico, Magritte e Paul Delvaux, a obra de Sônia tomou a direção do Surrealismo. Inicialmente essa fase foi decisiva para sua carreira, passando a desenvolver seu lado intimista e criativo, solucionando os problemas técnicos e temáticos. Hoje, Sônia se apropria de técnicas tradicionais complexas para tratar de questões contemporâneas, e suas pesquisas resultam em criações únicas suportadas por obras de diversas linguagens, como esculturas, pinturas, desenhos e gravuras.

 

 

Artes visuais no Theatro Municipal

 

 

Pela primeira vez o Theatro Municipal, Centro, Rio de Janeiro, RJ, disponibiliza as paredes de seus corredores, em todos os andares, para uma exposição de arte contemporânea, obras do artista ítalo-brasileiro Lúcio Salvatore, compondo a mostra “Intermezzo”. O título se refere ao “espaço entre os atos (intervalo), a possibilidade de uma rachadura”.

 

Segundo o artista, são 24 obras e 2 instalações “que dialogam com a arquitetura e a missão do teatro, importante centro formador de opinião para a cidade e ‘formador do pensamento crítico'”.

 

A presidente da Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Clara Paulino, participou da concepção do projeto com Lúcio Salvatore, fazendo do evento uma elaboração de questões complexas da importante história da instituição, desde a arquitetura do prédio.

 

A ideia de levar a exposição para os andares da galeria e da varanda superior do teatro, denuncia a visão elitista da época do projeto original, que justificava não haver ali acabamentos decorativos, “por serem áreas destinadas à população menos privilegiada”. Para os mais pobres, o despojamento nos acabamentos, sem dourações, sancas ou estatuetas como enfeites.

 

Assim pensou Zaratustra, digo, a Vetusta mentalidade brasileira.

 

As obras apresentadas dialogam com os materiais e técnicas decorativas utilizadas na construção, mármores e mosaicos que Salvatore ressignifica usando mármores e papelões descartados, com uma arte fortemente simbólica e um estilo ‘euro-africano’ de inspiração medieval.

 

A obra central da exposição é o retrato de Mercedes Batista, primeira bailarina afrodescendente a compor o Corpo de Baile do Municipal homenageado pela artista no espaço dedicado à  memória e ao cancelamento.

 

Fonte: Coluna Hildegarde Angel/Facebook

 

Até 31 de outubro.

 

Universo vegetal

12/set

 

 

A exposição “Há céu por toda parte”, de Mercedes Lachmann, projeto curatorial de Marisa Flórido, em cartaz na Galeria Gaby Indio da Costa Arte Contemporânea, São Conrado, Rio de Janeiro, RJ, é uma investigação sobre o universo vegetal e suas potencialidades. A artista coleta plantas, árvores e folhas caídas pela cidade, e com elas elabora seu jardim particular. Os trabalhos irradiam a medicina das ervas, sugerem novos ciclos de vida para folhas maduras, e denunciam a derrubada das florestas.

 

Sobre a galeria

 

Gaby Indio da Costa atua no mercado de arte desde 2009 e desde então acompanha de perto a produção de vários artistas. Realizou diversas exposições, algumas em parcerias com instituições e a maioria com a curadoria de críticos e curadores renomados. Em 2017 cria a galeria Gaby Indio da Costa Arte Contemporânea que tem como objetivo principal, divulgar a produção dos artistas que representa e suas propostas, promover projetos e exposições e manter um diálogo constante com críticos, curadores e colecionadores, incentivando a formação de novas coleções e buscando fortalecer as que já existem. A galeria trabalha com artistas jovens e consagrados, alguns com trajetória consolidada, todos eles comprometidos com a experimentação, a ousadia no âmbito da linguagem que define a arte contemporânea. Prova disso são os convites constantes para compor exposições nacionais e internacionais, e o interesse crescente de jovens colecionadores, além de coleções estabelecidas, públicas e privadas.

 

Até 28 de outubro.

 

Fotos inéditas de Luiz Garrido

 

 

Guardadas durante mais de 50 anos, imagens exclusivas serão apresentadas na galeria samba arte contemporânea, Shopping Fashion Mall, São Conrado, Rio de Janeiro, RJ. Trata-se de fotos inéditas e exclusivas da lua de mel de John Lennon e Yoko Ono, feitas pelo fotógrafo carioca Luiz Garrido em Paris, Londres e Amsterdã, exibidas pela primeira vez na exposição “John Lennon e Yoko Ono – Honeymoon for Peace”, chegando à cidade depois de ter sido apresentada em 2020 na galeria Carcará Photo Art, em São Paulo. A exposição apresenta momentos privados do casal, em 27 fotos vintage, impressas em 1969, em preto e branco, em fotos únicas, sem edição. No dia 17 de setembro, às 17h, Luiz Garrido conversará com o público na galeria samba, falará sobre as fotos, as histórias que viveu com o famoso casal e como conseguiu ser o único fotógrafo do mundo a acompanhá-los em momentos íntimos durante a lua de mel, que incluiu o lançamento do “Bed-in for peace”, a campanha pela paz e contra a Guerra do Vietnã.

 

Fotos exclusivas

 

Fotógrafo freelancer da revista Manchete, Luiz Garrido estava em Paris quando o casal chegou ao famoso hotel Plaza Athenée para a lua de mel. “Todo mundo estava tentando fazer as fotos. Como eu conhecia o pessoal do hotel, mandei um bilhete com umas flores escrito: “Se não quiserem fazer a foto, fiquem com as flores”. A estratégia deu certo e Garrido e o repórter Carlos Freire foram convidados para subir e acompanhar o casal, que depois seguiu para Amsterdã e Londres, onde ficaram por cerca de dez dias, tendo seu dia a dia registrado pelo fotógrafo. “Ficamos como se fossemos parte da equipe. As fotos mostram a intimidade deles, eles gravando, fazendo músicas, vendo televisão, comendo…”, conta Garrido, que fez cerca de 350 fotos, que ainda permanecem inéditas e farão parte de um livro a ser lançado em breve. Na revista Manchete foram publicadas fotos coloridas, feitas para a matéria. As fotos em preto e branco, que são apresentadas na exposição, mostram os bastidores e foram feitas para o acervo pessoal do fotógrafo, que foi contratado pela revista depois do episódio.

 

Momentos privados

 

As imagens mostram diferentes momentos da vida pessoal de Lennon e Yoko, como Lennon escrevendo um poema, a letra de uma nova música ou reescrevendo “Give peace a chance”. As fotos também mostram Lennon, em Londres, escolhendo a capa para seu primeiro álbum solo em seu escritório. Outras fotos mostram Yoko digitando os textos de Lennon e comendo comida macrobiótica. Há também registros de Yoko servindo chá de pijama no Hilton Hotel, em Amsterdã, após uma coletiva de imprensa. Há uma foto que mostra Lennon e Ringo. É o início de sua carreira solo e a separação dos Beatles. Foi também um momento de forte engajamento político. Sobre o privilégio de ter sido o único fotógrafo a acompanhar o casal, Garrido diz: “É o modo de chegar, de dar o approach. Tentei ser diferente dos outros, e a Yoko me deixou ficar. Você nunca pode se envolver, tem que ficar de fora para poder observar. John Lennon era John Lennon e eu era só o fotógrafo, não ficava de tiete”, afirma.

 

Sobre o artista

 

Luiz Garrido (Rio de Janeiro, 1945) é um dos mais importantes fotógrafos brasileiros, como fotojornalista, publicitário ou fotoartista. Foi correspondente da revista Manchete em Paris, em 1968. Voltou ao Brasil em 1971, concentrando-se em fotografia de estúdio, nas áreas editorial, de charme, moda e publicidade. Em seguida, fundou a agência Casa da Foto (com Ricardo de Vicq, Levindo Carneiro e Paulo Pinho) em 1982. Foi agraciado com o Prêmio Abril em quatro ocasiões diferentes (1980, 1983, 1987 e 1995) e considerado fotógrafo de publicidade do ano em 1983 pela Associação Brasileira de Propaganda.

 

Sobre a Samba

 

A samba arte contemporânea, fundada em 2015 por Arnaldo Bortolon e Cali Cohen, é um espaço que privilegia o diálogo contínuo entre artistas renomados e emergentes de diferentes gerações e regiões brasileiras. Com seu variado acervo em exposição permanente, apresenta de forma singular as obras desses artistas, que colocados lado a lado, nos oferecem inúmeras possibilidades de apresentação e percepção, independentemente de escala, suporte e técnica. A galeria possui dois espaços expositivos, sua ocupação se alterna entre as exposições de acervo, as individuais dos artistas representados e as de projetos curatoriais particulares. Com o intuito de divulgar, promover e difundir a produção contemporânea, a galeria se propõe também a ser um espaço de pesquisa, experimentação e educação através de ações relacionadas. Atua em cooperação com projetos de integração da arte com o entorno, extrapolando o espaço expositivo da galeria e aproximando as obras dos artistas do público circulante. A galeria trabalha com Antônio Bandeira, Antônio Dias, Adriana Lerner, Anna Maria Maiolino, Ascânio MMM, Bruna Amaro, Erinaldo Cirino, Diogo Santos, Eduardo Sued, Fernando Mello Brum, Franz Weissmann, Ione Saldanha, José Rezende, Jota Testi, Manfredo de Souzanetto, Roberval Borges, Rubem Ludolf, Thiago Haidar, Washington da Selva, entre outros.

 

Abertura: 14 de setembro de 2022, às 10h.

Exposição: de 15 a 25 de setembro.

Conversa com Luiz Garrido: 17 de setembro, às 17h na  samba arte contemporânea

Sobre a Carcará

 

A Carcará Photo Art foi fundada em 2016, por Carlo Cirenza (editor e diretor). A galeria já fez parcerias com grandes nomes da fotografia brasileira, como José Oiticica Filho, Athos Bulcão, Antonio Guerreiro e Luiz Garrido.

 

 

Festança Gentil

06/set

 

 

Assinale-se que A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, completou 19 anos de vida neste dia 06 de setembro.

 

No sábado, dia 10 de setembro, A Gentil Carioca do Rio de Janeiro comemora a data em uma grande festa com DJ, bolo e cerveja; e abrirá a mostra “BREJO”, de Vinícius Gerheim. Agradecem e avisam que: “Seguimos pulsantes, acreditando cada dia mais na arte e em toda sua potência transformadora, sonhando com uma sociedade mais igualitária e que respeite as diferenças. Desejamos que este novo ciclo nos abra os caminhos; que através da democracia possamos reunir forças em prol da cultura, da ciência, da educação, da arte, do conhecimento, do amor, da inteligência e sensibilidade humana. Nessas quase duas décadas de existência, resistimos e dividimos momentos que jamais poderíamos esquecer. Agradecemos aos que estiveram conosco e convidamos a todes para celebrar, na nossa encruzilhada, mais um aniversário”.

 

Na exposição, biomas mineiros da Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica materializam corpos ex-castrados em novas possibilidades de liberdade. O artista parte da memória, tangenciando padrões e repetições de uma atmosfera autobiográfica. Perpassa lembranças, visita a História da Arte e trava negociações entre figuras e fundos.

 

Paralelamente à exposição, será lançada a “Camisa Educação Nº 88: Em curvas de subjetividades”, por Vinicius Pinto Rosa. Esperamos vocês! DJ – Alucas do Trópico Sul, Bolo – Rita Lara, da @naturalfit.box, Apoio – Beck’s

 

Visitação até 15 de outubro.

 

Novos sentidos e sonoridades

05/set

 

 

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a partir de 06 de setembro a exposição “Klangfarbenmelodie – Melodia de timbres”, com obras de Lenora de Barros, Rosana Palazyan, Waltercio Caldas, Augusto de Campos, Paulo Vivacqua, Yolanda Freyre, Cristiano Lenhardt e Antonio Manuel.

 

Os trabalhos gravitam em torno da ideia de melodia de timbres criada em 1911 pelo gênio Arnold Schoenberg (1874-1951), autor da revolução que introduziu um novo campo na música, a música atonal, que rompe com o sistema verticalizado da harmonia, e cria a música horizontal, serial. A melodia passeia entre os vários timbres dos instrumentos, e cada nota passa a ter igual valor no espaço e no tempo, como pontos que flutuam. A mostra antecipa a celebração de 70 anos de “Poetamenos” (1953), de Augusto de Campos, com poemas desenvolvidos a partir da ideia de Schoenberg, e que é apontada como obra precursora do concretismo brasileiro.

 

A exposição reúne trabalhos de artistas que pesquisam, em variadas formas, as poéticas da ressonância como lugar de encontro, seja na intimidade do próprio ser ou no desejo de encontro com o outro. As obras manifestam um espaço para que as vibrações, em suas múltiplas potências, possam se somar entre si, ecoando novas palavras, sentidos e sonoridades.

 

Mostra a dois na Carpintaria

02/set

 

 

A exposição “FALA COISA” na Carpintaria, Rio de Janeiro, RJ, a partir do dia 03 de setembro, é um diálogo entre trabalhos inéditos de Barrão, representado pela Fortes D’Aloia & Gabriel e Josh Callaghan, representado pela Night Gallery, de Los Angeles.

 

Com curadoria de Raul Mourão, a mostra suscita pontos de contato entre cada um dos artistas, cujas assemblages têm em comum um modo de crescimento vegetal, como se objetos banais ou de uso industrial pudessem brotar e crescer a partir da aglutinação de fragmentos heterogêneos. O título da exposição, “FALA COISA”, sugere um passo além da fisicalidade muda do objeto de arte e situa as obras no plano de uma cena dialógica envolvendo o espectador, o artista e os objetos eles próprios. Nessa interação, as identidades ou usos pré-atribuídos de cada coisa dão lugar a um regime relacional de comunicação semelhante a uma dramaturgia objetual, ressaltando os componentes teatrais e cenográficos da obra dos dois artistas.

 

 

Galeria Evandro Carneiro apresenta Botânicas

 

 

A Galeria Evandro Carneiro Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta de 10 de setembro a 07 de outubro a “Exposição Botânicas”, que reúne obras em aço de Marcos Scorzelli. Depois do sucesso de público levando 30 mil visitantes na Ópera de Arame, em Curitiba, em maio deste ano, a mostra exibirá pela primeira vez no Rio de Janeiro sua coletânea composta por cerca de 30 esculturas em aço que remetem à flora brasileira. Nela estão representados elementos como o Cacto, a  Bracatinga, o Dente-de-leão, pólens, borboletas, sementes aladas e flores diversas.

 

Além da mostra “Botânicas” a galeria exibirá, também, a “Exposição Roberto Scorzelli, obras em Pochoir”, com trabalhos em estêncil do artista Roberto Scorzelli (1938-2012), pai de Marcos. A “Exposição Botânicas”, de Marcos Scorzelli, evidencia o rigor geométrico e a expansão da natureza inspirando-se em órbitas, círculos sobrepostos e galáxias também presentes na arte de seu pai, Roberto Scorzelli.

 

A partir da inspiração do movimento constante das sementes aladas,  que possuem uma anatomia aerodinâmica que permite que elas voem, caiam ou planem e se afastem mais da planta mãe pelo vento, foi criada a “Exposição Botânicas”, composta por esculturas geométricas minimalistas com cores saturadas. O artista utiliza chapas de aço e com alguns cortes, dobras e vincos – sem solda ou perda de material –  recria a natureza por meio de círculos, triângulos e retângulos, respeitando a proporção áurea.  Suas propostas buscam refletir sobre o ciclo perfeito da natureza, o vento, os pássaros, as borboletas que levam o pólen e as sementes para novos jardins e tudo recomeça, como se toda a natureza fosse matemática, cíclica e infinita. Assim como o universo que se expande, as sementes também repetem a dinâmica permitindo que, a partir dela, sejam originadas novas formas de criação, compondo, então, a flora brasileira.

 

“A simetria das formas das esculturas em movimento e o vento fizeram parte de todo o meu processo de criação, onde pude sentir o poder do vento na natureza. Queria fazer o aço ficar leve, e ao pensar no dente de leão, pensei no vento e no movimento das sementes aladas. A semente é o começo do ciclo e elas foram se movimentando com o vento. Na minha cabeça ventava muito; eu me lembrei das sementes que rolam com os ventos, como nos filmes de faroeste através da tumbleweed e nos desenhos infantis. Na verdade, é um pedaço inteiro de uma planta do gênero Kali (família das Amaranthaceae) que se desprende da raiz para dispersar suas sementes! O amaranto-do-deserto (Salsola kali) é famoso nos filmes ocidentais.”

 

Marcos Scorzelli.

 

Botânicas

 

“Marcos Scorzelli é designer, filho de Rosa e Roberto, pais amorosos e talentosos; ela física e ele artista plástico. Marcos desenvolveu, em 2018, a Coleção Bichos, lançada em janeiro de 2019 na Galeria Evandro Carneiro Arte. Eram esculturas em chapas de aço, coloridas e em uma geometria de inspiração zoológica: leões, pássaros, girafas, polvos e vários outros animais dobrados com vincos precisos, sem recortes ou soldas. Verdadeiros origamis de criatividade e afeto, a partir de alguns desenhos originais do pai, falecido em 2012. Foi um sucesso de mídia, público e vendas e o designer se tornou conhecido no mercado das artes.

 

Seguiu criando novas peças e expondo seu trabalho até que a pandemia do Coronavírus nos submeteu a todos ao trancafiamento doméstico. Foram meses de reclusão e meditação coletivas, e, felizmente, o espaço de Marcos possui uma geografia privilegiada. A casa do Joá, residência e ateliê da família, é cravada na Mata Atlântica e ele começou a pensar artisticamente a botânica presente naquela natureza e a experimentar novas formas de trabalhar. Paralelamente, a observação constante e meditativa em torno da herança paterna, que transborda naquele lugar de memórias, afetos e beleza.

 

Ao melhorar o cenário pandêmico, um desafio se impôs cheio de graça ao artista: ele foi convidado a participar da exposição Jardim Sensorial, na Ópera de Arame de Curitiba, PR e o tema era justamente a flora local. Somando o útil ao agradável, Marcos desenvolveu as primeiras peças da Coleção Botânicas, que ora apresentamos.

 

Sempre com suas geométricas e coloridas chapas de aço, apenas com cortes, dobras e vincos, sem perda de material, solda e nem inclusão de nada além das chapas e de cores saturadas e complementares, Marcos Scorzelli recriou a natureza por meio de círculos, quadrados, triângulos e retângulos áureos. Cactos, Bracatingas, Dentes de leão e Mandacarus nasceram assim, em “sequências de Fibonacci”, me revelou o artista. O vento, os pássaros e as borboletas levam o pólen das flores para sempre novos jardins e tudo recomeça, num movimento preciso, como se toda a natureza fosse matemática e vice-versa. Na coleção, nomes como Esporos, Florboleta, Flor de Vento, Jardim de Girafas e Revoada de Borboletas denotam não somente a criatividade de Marcos, mas também uma inspiração: o movimento giratório do universo, captado pela lente artística em cores fortes e vibrantes.

 

Nessa geometria da natureza, conformada em chapas coloridas de aço, percebemos a influência de alguns artistas concretos e neoconcretos como Amílcar de Castro, Lygia Pape e Amélia Toledo. Sem dúvida! Mas, sobretudo, observamos a evidente inspiração da fusão da física com a estética, em elementares, órbitas e galáxias presentes na natureza da arte de Roberto Scorzelli, cujo trabalho em Pochoir expomos conjuntamente com as esculturas Botânicas aqui na galeria, durante os meses de setembro/outubro de 2022.”

 

Laura Olivieri Carneiro.

 

Pochoir

 

“Noturno” é o título da obra que Roberto (Scorzelli) apresentou, em 2007, quando, no lugar de diretora dos Museus Castro Maya, convidei-o a participar do projeto Os Amigos da Gravura. A concepção da gravura a ser criada para aquele projeto ensejou a produção da série de pochoirs * aqui exposta, cuja abstração e pluralidade de cores evocam, além do anoitecer, a amplidão celeste e os movimentos do voo dos pássaros e bandeirinhas.

 

A sensibilidade e a delicadeza com que se expressava em seu trabalho, também era sua característica humana. Assim, só me resta agradecer o privilégio de ter convivido com este amigo, abençoado pelo dom da gentileza e da beleza, lamentando apenas ter sido por um tempo muito menor do que eu gostaria.”

 

Vera de Alencar.

 

“A geometria é a grande regente da arte de Roberto Scorzelli em todas as suas vertentes, seja a arquitetura, a pintura, o desenho ou a gravura. O rigor geométrico e abstrato dominou sua obra a partir da década de 1970 e permanece como um legado do construtivismo ainda a ser apreciado no século XXI.

 

No entanto, a dualidade é outra das marcas que se revelam no trabalho do artista. Se por vezes encontramos o humor como contraponto aos exercícios geometrizantes da circunferência atravessada pela linha – como no caso de suas célebres séries do Bestiário e das Walkyrias -, aqui pressupõe-se uma certa dualidade da própria geometria. Há, portanto, a geometria sonhadora dos círculos com os astros, suas órbitas, seus eixos de rotação e eclipses, mas também a geometria mais austera dos polígonos. Em ambas se encontra a volúpia do movimento em noites pontuadas pela iluminação dos dourados.

 

Também a técnica funciona para criar uma dualidade extra: as cores não são francas; os tons definitivos derivam da sobreposição de colorações e este processo acaba por criar texturas que imprimem maciez aos fundos, em contraste com a solidez das figuras traçadas.

 

Os exercícios em pochoir de Roberto Scorzelli, realizados entre 2007-2009, representam uma das facetas do artista em que ele nos oferece como temática distinta o universo galáctico, ao mesmo tempo em que nela imprime as marcas recorrentes de sua poética criativa. Estas obras estavam justamente a merecer esta exposição!”

 

Anna Paola Baptista.

 

Nova exposição do MAM Rio

01/set

 

 

O MAM Rio, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, abre exposição sob curadoria de Beatriz Lemos, Keyna Eleison, Pablo Lafuente e Thiago de Paula Souza. Vem aí a partir de 17  de setembro “Atos de revolta: outros imaginários sobre independência”, a nova exposição do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. A mostra permanecerá em cartaz até 26 de fevereiro de 2023.

 

O bicentenário da Independência do Brasil oportuniza repensar esse processo histórico. Atos de revolta foca em uma série de levantes, motins e insurreições que antecederam aquele momento ou que ocorreram nas décadas subsequentes, durante o Primeiro e o Segundo Reinado e o período regencial.

 

Com o objetivo de abordar os diversos imaginários de país então esboçados, a mostra faz referência à Guerra Guaranítica (1753-56), à Inconfidência Mineira (1789), à Revolução Pernambucana (1817), à Independência da Bahia (1822), à Cabanagem (1835-40), à Revolução Farroupilha (1835-45), à Revolta de Vassouras (1839) e à Balaiada (1838-41), entre outras.

 

Artistas brasileiros, de gerações e geografias diversas, foram convidados a pensar sobre essas narrativas. Ao abordar os conflitos do sistema colonial, a exposição revela as contradições da historiografia brasileira, que produziu apagamentos de personagens determinantes, sobretudo de populações negras, indígenas e mulheres.

 

Os trabalhos apresentados respondem a cinco eixos conceituais que oferecem chaves de leitura para determinados acontecimentos: a figura do herói e a posição de liderança política; as construções simbólicas (bandeiras, hinos, brasões); os modos de organização e sua relação com sistemas de direitos, a definição de territórios e os processos de produção e circulação de valor.

 

As obras contemporâneas são apresentadas em diálogo com uma seleção de objetos e fragmentos dos séculos 18 e 19 (pórticos, colunas, maçanetas, frisos e outras estruturas) do acervo do Museu da Inconfidência, do Museu Histórico Nacional e do Convento Santo Antônio, no Rio de Janeiro, sinalizando conceitualmente os resquícios e descontinuidades de uma época que se mantém presente no cotidiano do país.

 

Completam a mostra oito pinturas de Glauco Rodrigues, pertencentes ao acervo do MAM Rio.

 

“Atos de revolta” tem o patrocínio da Livelo e acontece em colaboração com o Museu da Inconfidência de Ouro Preto (MG).

 

Artistas participantes

 

Ana Lira (Recife, Pernambuco), Arissana Pataxó (Porto Seguro, Bahia), Arjan Martins (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro), Elian Almeida (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro), Gê Viana (São Luís, Maranhão), Giseli Vasconcelos (Belém, Pará), Pedro Victor Brandão (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro), Glauco Rodrigues (Bagé, Rio Grande do Sul), Glicéria Tupinambá (Ilhéus, Bahia), Gustavo Caboco Wapichana (Curitiba, Paraná), Roseane Cadete Wapichana (Boa Vista, Roraima), Luana Vitra (Belo Horizonte, Minas Gerais), Marcela Cantuária (Rio de Janeiro, RJ) em colaboração com a Frente de Mulheres Brigadistas, Paulo Nazareth (Belo Horizonte, Minas Gerais), Thiago Martins de Melo (São Luís, Maranhão) e Tiago Sant’Ana (Salvador, Bahia).

 

Instituições e Coleções

Acervo do Convento Santo Antônio do RJ, Acervo Museu Histórico Nacional / Ibram / MTur, Acervo do Museu da Inconfidência / Ibram / MTur.

Patrocínio Estratégico: Instituto Cultural Vale, Ternium, Petrobras

Patrocínio Master: Eletrobras Furnas, Livelo

Realização: Secretaria Especial da Cultura e Ministério do Turismo.

 

Exposição Coleção Luiz Carlos Ritter

30/ago

 

 

Tarsila do Amaral, Frans Post, Guignard, Portinari, Morandi, Renoir, Di Cavalcanti, Volpi, Pancetti, Lygia Clark e Helio Oiticica são alguns dos artistas com obras do colecionador gaúcho radicado no Rio de Janeiro, que agora chegam ao público em formato de livro e exposição na  Pinakotheke Cultural, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, sob curadoria de Max Perlingeiro com visitação pública desde 05 a 24 de setembro.

 

A Pinakotheke Cultural, em sua sede do Rio de Janeiro, irá lançar, no próximo dia 05 de setembro de 2022, o livro Coleção Luiz Carlos Ritter (Edições Pinakotheke), bilíngue (português/inglês), com 304 páginas, formato 23cm x 31cm, e textos de Nélida Piñon, Ana Cristina Reis, Vanda Klabin, Clelio Alves, Ricardo Linhares, e uma conversa entre Max Perlingeiro – que organizou e planejou o livro e a exposição – ,e o colecionador Luiz Carlos Ritter.

 

De uma família de cervejeiros gaúchos – que fundaram em meados do século 19 duas das mais importantes cervejarias do Rio Grande do Sul – Luiz Carlos Ritter, que mora no Rio de Janeiro desde a infância, iniciou em 1983 uma coleção que atualmente soma centenas de obras, de grandes nomes da arte brasileira e internacional, bastante abrangente, do século 17 ao 21. Um dos maiores emprestadores de obras para exposições no Brasil e no exterior, Luiz Carlos Ritter agora torna público um conjunto expressivo de suas peças no livro editado pela Pinakotheke, com imagens e fichas técnicas de pinturas, desenhos, aquarelas e gravuras de grandes artistas, como Tarsila do Amaral, Emiliano Di Cavalcanti Candido Portinari, Alberto da Veiga Guignard, Alfredo Volpi, Candido Portinari, José Pancetti, além de nomes como Frans Post, Giorgio Morandi, Pierre-Auguste Renoir, e ainda de Lygia Clark e Hélio Oiticica.

 

O livro traz textos de amigos próximos e conhecedores de sua coleção, que inclui um jardim de esculturas em uma propriedade da família em Guarapari, Espírito Santo, com grandes nomes da arte.

 

Para marcar o lançamento do livro, a Pinakotheke montou uma exposição com 60 obras da Coleção Luiz Carlos Ritter. Seguindo as paixões do colecionador, a mostra terá flores e naturezas mortas de Tarsila do Amaral, Emiliano Di Cavalcanti, Alberto da Veiga Guignard, Candido Portinari, José Pancetti, Maria Leontina, Milton Dacosta, Victor Meirelles; e paisagens de Frans Post, Eliseu Visconti, Nicolau Antônio Facchinetti, Giovanni Battista Castagneto, João Batista da Costa.

 

O modernismo, outro núcleo importante da Coleção Luiz Ritter, é representado no livro e na exposição por obras de Guignard, Volpi, Portinari, Di Cavalcanti, e Flávio de Carvalho. Na categoria estrangeiros, estarão obras de Giorgio Morandi, Alfred Sisley, Joaquín Torres-García e Pierre-Auguste Renoir. A Coleção Luiz Ritter também tem importantes obras de artistas contemporâneos, como Lygia Clark e Hélio Oiticica, que também integram o livro e a mostra.

 

Gauchismo

 

Um capítulo do livro é dedicado a artistas gaúchos, que também terão obras expostas na Pinakotheke como Iberê Camargo e Pedro Weingärtner.

 

Em meio à Arte

 

Luiz Carlos Ritter cresceu em meio a obras de arte, graças a seus pais – a quem o livro é dedicado – que embora não fossem colecionadores tinham boas obras, adquiridas no pós-guerra. Pancetti, Guignard, o gaúcho Angelo Guido, e até mesmo uma escultura de Aleijadinho, exibido pela primeira vez na exposição “Imagens do Aleijadinho”, no Museu de Arte de São Paulo, em 2018, eram artistas com quem ele “conviveu”.

 

Primeiro quadro

 

O primeiro quadro que marcou o futuro colecionador, e que o “acompanha até hoje”, é “Paisagem de Sete Lagoas”, do pintor mineiro Inimá de Paula. Passando em frente à Galeria Bonino, na Rua Barata Ribeiro, em Copacabana, em 1983, Luiz Carlos Ritter foi atraído pela montagem de uma exposição, e esta pintura estava sendo instalada na vitrine. Ele voltou à noite, para a abertura da exposição, e conversou muito com a proprietária da galeria, Giovana Bonino. Como o quadro era muito caro para ele à época, “ela me financiou”. “É curioso porque da primeira obra o colecionador nunca esquece, nos mínimos detalhes.

 

Flores

 

A convivência com os avós paternos despertou no menino Luiz Carlos o interesse por flores. Após dois anos de tratamento de tuberculose em um sanatório suíço, o avô paterno, na casa dos quarenta anos, comprou uma chácara afastada da capital, onde o neto, já morando com a família no Rio de Janeiro, passava boa parte de suas férias escolares. Fazia parte da rotina acompanhar o avô “diariamente em suas lides jardineiras”. “Vi meu avô plantando e cultivando muitas flores de clima temperado, algumas inexistentes no Rio de Janeiro, além de árvores frutíferas para a alegria dos passarinhos. Eu ficava dez dias grudado nele, autêntica referência. Isso aconteceu dos meus seis aos dez anos, quando ele faleceu. Depois continuei indo lá visitar a avó e conheci ainda mais flores e árvores floríferas e frutíferas. Lembro-me também de um fato curioso anterior. Quando bem menino, ainda em Porto Alegre, acho que entre meus três e quatro anos, adoeci gravemente e recebia a visita desses avós, que invariavelmente me traziam um pequeno vaso de amor-perfeito, que passou a ser minha flor favorita. Bem mais tarde, tive a alegria de poder adquirir um óleo de Guignard com “amores-perfeitos’”, conta Luiz Carlos Ritter. Para Max Perlingeiro, a Coleção Luiz Carlos Ritter é como uma “coleção viva, em constante mutação”.

 

Sobre a Pinakotheke

 

A Pinakotheke já editou livros sobre as coleções Roberto Marinho, Cultura Inglesa, Aldo Franco, Airton Queiroz, Fundação Edson Queiroz, e ainda este ano publicará um livro dedicado à Coleção Igor Queiroz Barroso.

Livro Coleção Luiz Carlos Ritter – Ficha técnica

Bilíngue (português/inglês), 304 páginas, formato 23cm x 31cm – Edições Pinakotheke, 2022

Autores: Nélida Piñon, Ana Cristina Reis, Vanda Klabin, Clelio Alves, Ricardo Linhares, e uma conversa entre Max Perlingeiro e Luiz Carlos Ritter.

Organização e Planejamento: Max Perlingeiro – Publisher: Camila Perlingeiro

Preço: R$180

 

O livro estará disponível nas lojas da Livraria Travessa e Martins Fontes de todo o país, além da Amazon e das sedes da Pinakotheke, no Rio de Janeiro, São Paulo e Fortaleza (Multiarte).