O Círculo e seus Significados

09/jul

 

 

Ecila Huste apresenta nova exposição, a partir de 15 de julho, na Sala Redonda do terceiro andar do Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Ao receber o convite para expor nesta sala, a artista, que é representada pela Duetto Arts New York, resolveu criar um site specific, um painel feito de tiras de tecido de várias cores, previamente grafitadas e trançadas, formando uma pintura com relevo que vai abraçar o diâmetro do espaço e tem cerca de vinte metros de comprimento.

 

 

“É muito instigante criar uma obra para uma sala circular”, diz Ecila, “pois o círculo é uma forma geométrica muito bonita e, além de representar a unidade, é também símbolo de perfeição, inteireza, completude, a totalidade, o infinito.  Essa forma sempre existiu na natureza e está presente no miolo de uma flor, nos ninhos dos pássaros, em algumas espécies de frutos, na concha de um caracol, na íris dos olhos e também em cada movimento cíclico, como as estações do ano e o movimento do sol e da lua”.

 

 

Ecila Huste vem desenvolvendo há vários anos um trabalho de pintura que ela chama de entrelaçamento – de cores, de formas, de fios, de gestos e de percursos.  Dentro deste conceito da não separação, que é milenar, tudo no universo está interligado, formando uma unidade.

 

 

A palavra do curador Ruy Sampaio

 

 

Sabem todos que, nas culturas orientais, as mandalas apontam para a perfeição, seja na tese do Eterno Retorno, do Vedanta, seja na diluição dos pares de opostos, que levaria ao sartori, dos budistas. Portanto, não é somente a bem achada maneira de vencer o desafio de um espaço circular pré-existente que leva Ecila Huste a conformar a ele esses relevos que agora o preenchem – a opção pelo círculo aqui diz mais. Ela o faz sob uma exigência estética irretocável, mas atenta a um rico feixe de significados que, histórica e antropologicamente, perpassam aquela metáfora milenar. E aqui transparece a Ecila também psicóloga de profissão. Ao vir da pintura plana para o universo tridimensional do relevo a artista guarda todos os valores de um desenho limpo e refinado que um dos seus mestres – ninguém menos que Aluisio Carvão – um dia chamou de precioso. Por entre suas tramas as cores amorosamente se enlaçam como aquelas do poema de Drummond, na continuidade fluente de um cromatismo único que já dantes nos seduzia em suas telas.  Deliberadamente os fios que enfeixam os diversos momentos dessa pintura tão integradamente objetual permanecem aparentes como se a artista os quisesse um testemunho da elaborada manualidade de sua artesania.

 

 

O processo de criação 

 

 

A princípio, Ecila Huste começou trabalhando com guache. Depois veio a aquarela, mais tarde a tinta acrílica, técnica mais explorada ultimamente. Ecila sempre foi atraída pelos grandes espaços, o que acabou influenciando o tamanho das telas, que foi pouco a pouco aumentando, até chegar a uma obra de dez metros de comprimento por um metro e sessenta de largura. Em sua pintura as cores e formas se entrelaçam o tempo todo, como uma teia, por toda a extensão de suas obras. O trabalho final é quase sempre exuberante em cor e tem um grau de movimentação incessante.

 

 

Sobre a artista

 

 

Artista visual carioca, Ecila Huste atua no campo das artes plásticas desde 1981. Sua formação artística passa pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), Museu de Arte Moderna (MAM) e Centro de Arte Contemporânea, no Rio de Janeiro, Brasil. Participou de inúmeras exposições no Brasil e no exterior, com destaque para individuais realizadas no Centro Cultural Correios (2018), Casa de Cultura Laura Alvim (RJ-2003), Museu Nacional de Belas Artes (RJ-1997), Centro Cultural Candido Mendes (RJ-1994), Centro Cultural CEMIG (MG-1994), Universidade Federal de Viçosa (MG-1994), Museu do Telefone (RJ-1993), Palácio Barriga Verde (SC-1993), Sala Miguel Bakun (PR-1992) e Espaço Cultural Petrobrás (RJ-1985). Ecila Huste é artista da Duetto Arts New York e faz parte do coletivo Zagut no Rio de Janeiro. Trabalha com pintura, fotos, objetos e gravura digital. A artista trabalha e reside no Rio de Janeiro.

 

 

Até 28 de agosto.

 

Individual de Victor Arruda

01/jul

 

 

A exposição “TEMPORAL” exibição individual de pinturas e desenhos de Victor Arruda é o próximo cartaz do Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A curadoria é assinada por Adolfo Montejo Navas, autor de livro já editado sobre o artista.

 

 

De 08 de julho a 26 de setembro. 2021.

 

Mostra individual de Arthur Scovino

30/jun

O Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, em parceria com o projeto de extensão Arte & Curadoria, vinculado ao Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), apresenta “Lágrimas de Nossa Senhora”, sétima exposição individual de Arthur Scovino, artista licenciado em Desenho e Plásticas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) que investiga símbolos atravessadores do afeto subjetivo e da memória cultural, a partir da presença pulsante do seu corpo.

 

 

Presente em coleções do Museu de Arte Moderna da Bahia, com participação marcada na 3ª Bienal da Bahia e na 31ª Bienal de São Paulo, o artista já indicado três vezes ao Prêmio Pipa agora apresenta parte da sua produção no Paço Imperial, lugar onde iniciou seu contato com as exposições cariocas e conheceu A Imagem do Som, uma série de exibições que propunham interpretações de canções brasileiras por artistas contemporâneos. Esse encontro instigou a relação do artista com a música popular brasileira e as capas de discos, desdobrando-se inclusive na realização da mostra individual, inspirada na música “Um Índio”, de Caetano Veloso. A partir dessa canção, Arthur Scovino, na busca do “ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico”, propõe uma relação com pontos do Brasil e suas paisagens, como a capital do Estado do Mato Grosso.

 

 

Com curadoria de Marcelo Campos e assistência dos colaboradores do Arte & Curadoria, projeto universitário de sua coordenação, a individual apresenta alguns trabalhos inéditos e a instalação “Lágrimas de Nossa Senhora”, uma referência às sementes presentes nas contas de rosário, utilizadas em cultos católicos e afro-brasileiros, que são fiadas pelo artista junto a meditações durante suas ativações performáticas. A exposição homônima propõe um encontro entre o simbólico e o terreno, apresentando articulações de ícones religiosos da cultura brasileira, e suas potências visuais múltiplas, estabelecendo um pensamento mágico que, como um sismógrafo de epifanias, busca captar em cada gesto e, em cada movimento, os sinais que a terra pode nos apresentar.

 

 

Em exibição de 08 de julho a 26 de setembro.

 

 

Comemoração

22/jun

 

 

 

A galeria Simone Cadinelli Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, inaugura dia 23 de junho, a exposição “Modo Contínuo”, em comemoração aos seus três anos de atividades.

 

A mostra apresenta uma seleção de 35 obras inéditas e emblemáticas – em vídeo, pintura, escultura, fotografia, objeto, e instalação – dos artistas Claudio Tobinaga, Gabriela Noujaim, Isabela Sá Roriz, Jeane Terra, Jimson Vilela, Leandra Espírito Santo, Pedro Carneiro, PV Dias, Roberta Carvalho e Virgínia Di Lauro, representados pela galeria.

 

 

A exposição permancerá em cartaz até 27 de agosto.

 

 

A visitação é por agendamento prévio, pelos telefones+55 21 3496-6821 e +55 21 99842-1323 (WhatsApp).

 

 

Artista venezuelano

11/jun

 

 

A Fortes D’Aloia & Gabriel, Carpintaria, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, comunica: É com grande prazer que apresentamos a primeira exposição individual de Sheroanawe Hakihiiwe no Brasil. Com essa mostra inauguramos o Aquário – espaço frontal da Carpintaria visível a partir do jardim – dedicado a introduzir novas vozes do circuito.

 

 

Esta exposição foi possível graças à nossa colaboração com a galeria de Sheroanawe Hakihiiwe na Venezula, ABRA. Um agradecimento especial aos seus fundadores Melina Fernández Temes e Luis Romero.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em 1971, no Amazonas, na Venezuela, Sheroanawe Hakihiiwe é um artista indígena residente em Pori Pori, comunidade Yanomami em El Alto Orinoco. Hakihiiwe desenvolve um corpo de trabalho que incorpora desenho e cor à tradição oral de seu povo – a natureza das crenças espirituais e as práticas culturais e sociais.

 

 

Até 07 de agosto.

 

 

Reabertura do MAM Rio

06/mai

 

 

O MAM Rio, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, será reaberto ao público no dia 06 de maio (quinta-feira), com a maior exposição de esculturas do acervo já montada pela instituição. “Estado Bruto” transforma a totalidade do Salão Monumental e algumas áreas do terceiro andar numa espécie de jardim de esculturas. Reunindo 125 obras tridimensionais de 106 artistas de diferentes épocas, geografias e linguagens, a mostra revela a abrangência e a diversidade das coleções do museu.

 

 

Curadoria de Beatriz Lemos, Keyna Eleison e Pablo Lafuente.

 

 

O MAM Rio segue adotando protocolos sanitários responsáveis para receber a todos que sintam-se em condições de visitar os espaços expositivos.

 

 

Agendamento online: www.mam.rio.

 

 

Exposição de Arjan Martins

26/abr

 

 

A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, tem o prazer de apresentar Descompasso Atlântico, de Arjan Martins, a segunda individual do artista na galeria, virtualmente integrada ao Galleries Curate: RHE, que envolve um grupo de galerias contemporâneas de todo o mundo que se reuniram para discutir como navegar pelos novos desafios da atualidade. Como primeiro capítulo desta colaboração, trazemos a exposição que tem como ponto de partida um tema universal e unificador: a água.

 

 

Provocados pelo tema, que a todos une, em Descompasso Atlântico, chegamos a uma seleção de obras que reiteram a navegação do artista por uma história de resistências e refluxos simbólicos, políticos, culturais e existenciais dos negros de ascendência Africana transplantados pela escravidão colonial. Não por acaso, a data de lançamento da exposição, 22 de abril, é a mesma data da chegada dos colonizadores portugueses a Pindorama, ao Monte Pascoal, na Ilha de Vera Cruz, que veio a se tornar o Brasil.

 

 

Paralelamente ao espaço presencial da galeria, como ação externa e pública da mostra, com o apoio da Orla Rio e parceria do Alalaô (uma mobilização artística-política-afetiva, que leva às praias do Rio de Janeiro intervenções, performances e diversas ações artísticas), Arjan Martins transporta para Ipanema as instalações de birutas, expondo aparelhos destinados a indicar a direção dos ventos, que fundem-se as bandeiras marítimas e seus códigos internacionais para transmitir mensagens entre embarcações e portos, que revelam significados específicos e possibilitam ao espectador uma leitura sensível de termos técnicos.

 

 

Em sua poética, Martins prevê a ampla navegação das águas do oceano negro, seja transitando entre períodos históricos, seja viajando entre diferentes latitudes e longitudes. Em suas Birutas, ele relaciona símbolos marítimos com o tráfico de pessoas escravizadas, revelando no nosso dia-a-dia as questões sociais não resolvidas da nossa história.

 

 

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Panorama da arte contemporânea brasileira

15/abr

 

O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro apresenta, a partir do dia 14 de abril de 2021, a exposição inédita “1981/2021: Arte Contemporânea Brasileira na coleção Andrea e José Olympio Pereira”, com 119 obras de 68 artistas, pertencentes à magnífica coleção do casal carioca, radicado em São Paulo há mais de 30 anos. Nos últimos anos, Andrea e José Olympio constam na lista publicada anualmente pela prestigiosa revista ARTnews como um dos 200 maiores colecionadores de arte do mundo. O CCBB RJ está adaptado às novas medidas de segurança sanitária: entrada apenas com agendamento on-line (eventim.com.br), controle da quantidade de pessoas no prédio, fluxo único de circulação, medição de temperatura, uso obrigatório de máscara, disponibilização de álcool gel e sinalizadores no piso para o distanciamento.

O conceito desta mostra chama a atenção para a importância do colecionismo no Brasil. “Arte é o alimento da alma, ela amplia o mundo, te leva para lugares, te leva a sonhar. O colecionismo é fundamental, além de sustentar a produção artística, é também uma forma de cuidar das obras, uma grande responsabilidade”, diz o casal, que começou a coleção na década de 1980 de forma despretensiosa, estudando e visitando exposições e leilões de arte. Hoje, possuem cerca de 2.500 obras. “Temos na coleção somente trabalhos com os quais estabelecemos alguma relação. Pode ser uma obra que nos toca ou nos perturba, mas que mexe de alguma forma conosco. Poder expor a coleção é um privilégio para nós. É uma oportunidade de dividir a coleção com o grande público, de rever algumas obras e de vê-las em diálogo com outras, ganhando um novo significado”. O curador Raphael Fonseca foi convidado a pensar uma narrativa para a exposição a partir da coleção. A mostra ocupará as oito salas do primeiro andar do CCBB RJ a partir de núcleos temáticos, com obras de importantes artistas, de diferentes gerações, cobrindo um arco de 40 anos de arte contemporânea brasileira. A exposição conta com obras em diferentes linguagens, como pintura, instalação, escultura, vídeo e fotografia. “A ideia é que o público veja cada sala como uma exposição diferente e que tenha uma experiência distinta em cada uma delas. Os contrastes e a diversidade da arte brasileira serão visíveis a partir da experiência do espectador”, afirma Raphael Fonseca.

Sem seguir uma ordem cronológica, a exposição traz desde trabalhos produzidos em 1981, como a escultura “Aquário completamente cheio”, de Waltercio Caldas, e a fotografia “Maloca”, de Claudia Andujar, até a pintura “De onde surgem os sonhos” (2021), de Jaider Esbell, mais recente aquisição da coleção. Obras raras, como pinturas de Mira Schendel (1919 -1988), produzidas em 1985, também integram a mostra, que apresenta, ainda, obras pouco vistas publicamente, dos artistas Jorge Guinle, Laura Lima, Marcos Chaves e da dupla Bárbara Wagner e Benjamin de Burca.

PERCURSO DA EXPOSIÇÃO

A exposição será dividida em oito salas, intituladas a partir do nome de obras presentes em cada um dos espaços. “Os trabalhos que dão título às salas norteiam o tema e os demais, criam um diálogo ao redor, sendo alguns mais literais e outros nem tanto”, diz o curador Raphael Fonseca.

Na primeira sala, intitulada “A Coleção”, estará uma única obra: a instalação homônima do artista paulistano Pazé. Feita em adesivo vinilico, ela cobrirá todas as paredes do espaço com a imagem de uma coleção de pinturas, onde, nos diversos quadros, há personagens que olham para os visitantes. A instalação, de 2009, é apresentada de forma inédita na exposição, com novos elementos. “É um trabalho que pensa a coleção, assim como a exposição”, afirma o curador.

A segunda sala, “Coluna de Cinzas”, parte da escultura de Nuno Ramos, de 2010, em madeira e cinzas, medindo 1,87m de altura, para falar sobre o tempo, sobre a morte e sobre a brevidade da vida. Desta forma, no cofre estará o vídeo “O peixe” (2016), de Jonathas de Andrade, sobre uma vila de pescadores onde há o ritual de abraçar os peixes após a pesca, como um rito de passagem. Nesta mesma sala estarão as obras “Isto é uma droga” (1971/2004), de Paulo Bruscky, uma assemblage de caixas de remédio; “Stereodeath” (2002), de Marcos Chaves, composta por fotografia e relógio, e o vídeo “Nanofania” (2003), de Cao Guimarães, em Super 8, onde, cadenciados por uma pianola de brinquedo, pequenos fenômenos acontecem, como a explosão de bolhas de sabão e o salto de moscas.

A terceira sala da exposição é a maior de todas, com 42 obras, e chama-se “Costela de Adão”, inspirada na pintura de Marina Rheingantz, de 2013. “É um núcleo basicamente sobre paisagem, tema que tem bastante destaque na coleção”, afirma o curador Raphael Fonseca. Nesta sala, estão obras de Amelia Toledo, Ana Prata, Brigida Baltar, Claudia Andujar, Daniel Acosta, Daniel Steegmann Mangrané, Efrain de Almeida, Fabio Morais, Jaider Esbell, Janaina Tschape, Jorge Guinle, Leonilson, Lucas Arruda, Lucia Laguna, Marina Rheingantz, Mauro Restife, Paulo Nazareth, Paulo Pasta, Paulo Nimer Pjota, Rodrigo Andrade, Rosana Ricalde, Sandra Cinto, Vania Mignone e Waltercio Caldas.

“War” é a quarta sala, cujo nome vem da obra do artista Rodrigo Matheus, que faz uma alusão ao clássico jogo de estratégia. Esse núcleo traz obras com o tema da violência e conflito, como as pinturas em óleo sobre tela “Azulejaria com incisura vertical” (1999), de Adriana Varejão, e “Caveira” (2007), de Antonio Malta Campos, além da fotografia “Sem título (for sale)”, de 2011, de Paulo Nazareth, do neón “Sex,War & Dance” (2006), de Carmela Gross, da obra “Batalha naval” (2004), também de Rodrigo Matheus, e o “Painel de ferramentas grandes” (2013), de Afonso Tostes.

Seguindo, chega-se à quinta sala, intitulada “Saramandaia”, que é uma escultura em bronze policromado da artista Erika Verzutti, de 2006. “Neste núcleo, é pensando o corpo estranho nas artes visuais, ou seja, o monstro, a mistura entre humano e animal, com um caráter mais surrealista, que podemos encontrar nos desenhos do Cabelo e nas obras da Laura Lima e do Véio”, explica o curador. Nesta sala, estarão 34 obras dos artistas Adriano Costa, Alex Cerveny, Anna Israel, Bruno Novelli, Cabelo, Eduardo Berliner, Erika Verzutti, Gilvan Samico, Ivens Machado, José Bezerra, Laura Lima, Odires Mlázsho, Paulo Monteiro, Tunga, Véio (Cícero Alves dos Santos) e Walmor Corrêa.

Trabalhos que pensam a relação entre documento e ficção, verdade e mentira, estão na sexta sala, “Como se fosse verdade”, cujo nome veio da instalação da dupla Bárbara Wagner e Benjamim de Burca, de 2017, onde retratos de pessoas que passavam por um terminal de ônibus foram transformados em capas de CDs, partindo de um questionário onde esses personagens definiram os cenários, os temas e as expressões que melhor os representariam. Além da instalação, nesta sala também estão obras de Fábio Morais, Iran do Espírito Santo, Laura Lima, Leda Catunda, Leonilson, Maureen Bisilliat, além do trabalho “Carmen Miranda – uma ópera da imagem” (2010), do artista paranaense radicado na Suécia e no Rio de Janeiro, Laércio Redondo, que aborda os problemas da representação do corpo performático de Carmen Miranda, através da obra composta por ripas de madeira, com objetos diversos, e alto-falantes, que transmitem um texto sobre a cantora.

A série de fotos “Blue Tango” (1984/2003), de Miguel Rio Branco, que retrata crianças jogando capoeira, dá nome à sétima sala, cujo tema é o movimento, a dança, “tanto em obras que trazem o corpo quanto na abstração”, ressalta o curador. Neste núcleo também estão obras de Carla Chaim, Emmanuel Nassar, Enrica Bernadelli, Ernesto Neto, Iole de Freitas, Jarbas Lopes, Luciano Figueiredo, Luiz Braga, Dias & Riedweg, Miguel Rio Branco, Mira Schendel e Rodrigo Matheus.

Na oitava e última sala estará a obra “Menos-valia” (2005-2007), da artista Rosângela Rennó, composta por objetos adquiridos na feira Troca-troca, na Praça XV, no Rio de Janeiro. Os objetos foram seccionados de acordo com os respectivos níveis de depreciação no ato da negociação. Desta forma, os objetos mais negociados aparecem multiplicados na obra. “É um trabalho que também pensa o colecionismo, mas de forma oposta da obra de Pazé, que está na primeira sala. Se ali o olhar dele se voltou para o fantasma da tradição da pintura ocidental, o de Rennó se volta para aquilo que é visto como algo a ser reciclado e, talvez, nunca reutilizado. São formas diferentes de se pensar criticamente uma coleção”, diz o curador Raphael Fonseca. A exposição será acompanhada de um catálogo, que será lançado ao longo da mostra.

SOBRE A COLEÇÃO

Com cerca de 2.500 obras, com foco na produção brasileira a partir dos anos 1940 até o momento atual, a coleção Andrea e José Olympio Pereira é uma das mais destacadas do mundo. A visão cultural que o casal tem de sua coleção vai muito além de ceder obras para mostras individuais e coletivas em museus no Brasil e no exterior. Em 2018, com o intuito de não só acondicionar e guardar parte das obras, mas de dar acesso a pessoas, artistas e estudantes de arte, eles alugaram um antigo armazém de café do século XIX e o converteram em um espaço expositivo – o Galpão da Lapa. A proposta é convidar, a cada dois anos, um curador para montar uma exposição a partir das obras da coleção. O casal não costuma adquirir uma só obra de cada artista. “Quando nos interessamos por um artista, gostamos de ter profundidade. Conseguimos entendê-lo melhor desta forma, pois um único trabalho não mostra tudo. É como um livro, no qual não é possível entender a história só com uma página”. José Olympio Pereira contribui para vários museus no Brasil e no exterior, participando dos conselhos dessas instituições. No Brasil, é presidente da Fundação Bienal de São Paulo e participa do conselho do Museu de Arte de Sâo Paulo Assis Chateaubriand (MASP). Em Nova York, participa do The International Council of The Museum of Modern Art (MoMA); em Londres, do International Council da Tate Modern e, em Paris, do Conselho da Fundação Cartier para a Arte Contemporânea (Fondation Cartier pour l’Art Contemporain). José Olympio também faz parte do Conselho da ONG SOS Mata Atlântica. Andrea participa do conselho do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) e é presidente da ONG Americas Amigas, que luta contra o câncer de mama.

SOBRE O CURADOR

Raphael Fonseca é pesquisador da interseção entre curadoria, história da arte, crítica e educação. Doutor em Crítica e História da Arte pela UERJ. Mestre em História da Arte pela UNICAMP. Graduado e licenciado em História da Arte pela UERJ. Trabalhou como curador do MAC Niterói entre 2017 e 2020. Entre suas exposições, destaque para “Vaivém” (CCBB SP, DF, RJ e MG, 2019-2020); “Lost and found” (ICA Singapore, 2019); “Riposatevi – Lucio Costa” (MAC Niterói, 2018); “A vida renasce, sempre – Sonia Gomes” (MAC Niterói, 2018); “Dorminhocos – Pierre Verger” (Caixa Cultural Rio de Janeiro, 2018); “Regina Vater – Oxalá que dê bom tempo” (MAC Niterói, 2017); “Bestiário” (Centro Cultural São Paulo, 2017); “Dura lex sed lex” (Centro Cultural Parque de España, Rosario, Argentina, 2017); “Mais do que araras” (SESC Palladium, Belo Horizonte, 2017), “Quando o tempo aperta” (Palácio das Artes – Belo Horizonte e Museu Histórico Nacional – Rio de Janeiro, 2016); “Reply all” (Grosvenor Gallery, Manchester, Inglaterra, 2016); “Deslize” (Museu de Arte do Rio, 2014), “Água mole, pedra dura” (1a Bienal do Barro, Caruaru, 2014) e “City as a process” (Ural Federal University, II Ural Industrial Biennial, Ekaterinburgo, Rússia, 2012). Recebeu o Prêmio Marcantonio Vilaça de curadoria (2015) e o prêmio de curadoria do Centro Cultural São Paulo (2017). Curador residente do Institute Contemporary Arts Singapore (2019) e da Manchester School of Art (2016). Integrante do comitê curatorial de seleção da Bienal Videobrasil (2019). Jurado do Prêmio Pipa (Brasil, 2019) e do Prêmio Mariano Aguilera (Quito, Equador, 2017). Participante do comitê de indicação do Prêmio Prima (2018 e 2020). Autor convidado para o catálogo da 32ª Bienal de São Paulo (2016).

 

 

Até 26 de Julho.

Angelo Venosa na Galeria Nara Roesler, Rio

 

A Galeria Nara Roesler tem o prazer de anunciar a individual “Quasi”, de Angelo Venosa, em sua sede carioca. A mostra comemora a longa trajetória do artista paulistano radicado no Rio de Janeiro, cujo compromisso com a experimentação não deixa de lado o rigor técnico.

Nessa ocasião, Venosa apresenta trabalhos recentes, criados desde 2018, que expressam e desdobram as principais características de sua prática, entrelaçando formas, materiais e procedimentos do início de sua carreira com preocupações atuais. A grande maioria dos trabalhos foi desenvolvida com madeira, tecido e fibra de vidro. A partir desses materiais, Venosa elabora formas que apontam para a tensão entre o orgânico e o abstrato. Essas peças nos remetem a fósseis, fragmentos ou corpos inteiros de criaturas desconhecidas, fazendo-nos refletir sobre as diferentes temporalidades presentes no mundo, o passado, o presente e o futuro; assim como nos oferece uma reflexão sobre morte e sobrevivência. De fato, suas figuras sempre trazem algo de familiar e de estranho, de palpável, pela sua fisicalidade, e de mistério, por não nos permitir identificar um referente exato.

Radicado no Rio de Janeiro desde meados da década de 1970, Angelo Venosa participou da cena efervescente que ficou conhecida como “Geração 80”. Venosa é um exemplo de que o grupo de criadores que despontou nessa época não desenvolveu trabalhos apenas voltados para a linguagem da pintura, mas que, segundo a crítica de arte e curadora Daniela Name, “tinham em comum o desejo de recuperar a conexão afetiva com a representação e com as imagens, migrando seus interesses políticos para uma esfera subjetiva e íntima, o que coincide com uma ampliação da liberdade narrativa conquistada no período de redemocratização do país.”

A importante trajetória de Angelo Venosa pode ainda ser verificada pela sua presença em coleções privadas e institucionais, como Museu de Arte do Rio (MAR), a Pinacoteca do Estado de São Paulo, e o Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía (MNCARS), em Madrid; mas também por ocupar o espaço público. A escultura “Baleia” (1989), na praia do Leme, é apenas uma das inúmeras esculturas do artista espalhadas pelo país, dialogando e transformando o ambiente em que se instaura.

O Feminino na Arte Popular

14/abr

 

O Museu do Pontal, Rio de Janeiro, RJ, no próximo dia 19 de abril, às 17h, promove em seus canais no Youtube e Facebook o encontro virtual “Artes e Saberes Femininos na Tradição Popular”, com a presença das ceramistas Ducarmo Barbosa (Minas Novas e Turmalina, Minas) e Socorro Rodrigues (Alto do Moura, Caruaru, Pernambuco), a ativista cultural e congadeira Sanete Esteves de Sousa (Quilombo Mocó dos Pretos, Berilo, Minas) e o fotógrafo Lori Figueiró (São Gonçalo do Rio das Pedras, Serro, Minas). A conversa terá mediação da antropóloga e gestora cultural Joana Corrêa (Milho Verde, Serro, Minas).

O evento celebra ainda o lançamento da segunda edição do livro “Mulheres do Vale, substantivo feminino”, de Lori Figueiró, pelo Centro de Cultura Memorial do Vale, no Serro, Minas.

A conversa abordará as vivências das mulheres e os atravessamentos de gênero em contextos de cultura e tradição popular. No Alto do Moura, a arte popular começa como uma tradição masculina a partir da obra do Mestre Vitalino, seguido por nomes como Zé Caboclo – pai de Socorro Rodrigues – e Manuel Eudócio e Manuel Galdino, entre tantos outros. Somente nas gerações seguintes as mulheres passaram a atuar e serem reconhecidas como artistas e ceramistas. Já na região do Vale do Jequitinhonha, em Minas, a tradição de arte cerâmica nasceu pelas mãos de artistas mulheres, como Dona Isabel Mendes da Cunha, da comunidade Santana do Araçuaí, Ponto dos Volantes, e de Noemisa, de Caraí, entre tantas outras. Lá, ao contrário de Alto do Mouro, foram os homens que se inseriram posteriormente no campo da arte e do artesanato popular. Sanete Esteves de Souza, quilombola, congadeira e gestora de cultura, abordará também os aspectos interseccionais e raciais que perpassam os desafios de ser liderança e artista no campo da cultura popular.

As lives do Museu do Pontal contam com o patrocínio do Instituto Vale, do Itaú e do BNDES por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.