Luciana Caravello Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, inaugura, no dia 06 de março, a exposição “Young Male: Fotografias de Alair Gomes”, com 40 obras do fotógrafo, que nasceu em 1921 e faleceu em 1992. Pela primeira vez será realizada uma mostra individual do artista em Ipanema, bairro onde ele morou a maior parte de sua vida e que foi cenário de quase a totalidade de sua obra. Sob a curadoria de Eder Chiodetto, serão apresentadas fotografias pertencentes à coleção de Robson Phoenix, feitas ao longo de 20 anos, entre 1960 e 1980, que mostram corpos masculinos, jovens e belos, os “young males” como se referia Alair Gomes em seus diários. A exposição foi apresentada com grande sucesso no ano passado na Casa Triângulo, em São Paulo. Classificação: 18 anos
“O olhar do artista, de viés homoerótico, tornou-se complexo e original ao longo de sua produção realizada entre os anos 1960 e 1980. Essa obra de caráter radical, que concilia compulsão pessoal com refinamento de estratégias da linguagem, começou nos últimos anos a ser melhor estudada e legitimada por instituições como a Fondation Cartier pour l’art contemporain, a Loewe Foundation e o MoMA, que recentemente adquiriu obras do artista”, diz o curador Eder Chiodetto.
O acervo de Alair Gomes foi doado para a Biblioteca Nacional por seus herdeiros, sendo raras as obras que surgem no circuito de arte pertencentes a colecionadores particulares, como Robson Phoenix, que tem a coleção desde a década de 1990. “É tempo de celebrá-lo como um dos maiores fotógrafos do nosso tempo: corajoso, furioso, prolífico, controverso, instigante. Estou bastante orgulhoso em trazer à luz minha coleção preciosa, surpreendente, com fotos raras”, diz Robson Phoenix.
A mostra traz fotografias de três destacadas séries do artista: “Symphony of Erotic Icons” (1966 – 1978), “A Window in Rio” (1977 – 1980) e “Viagens (Europa, Arte)” (1969).
“Symphony of Erotic Icons” foi a primeira composição sequencial realizada por Alair Gomes, entre 1966 e 1978. “Considerada sua obra-prima, é dedicada totalmente ao nu masculino e compreende um conjunto de 1.767 fotografias. A série é estruturada em cinco movimentos: Allegro, Andatino, Andante, Adagio e Finale. Para o artista, a construção desse universo fotográfico almejava ‘”ranscender a sua personalidade”, criando um estado “proto-religioso”, conta o curador Eder Chiodetto.
“A Window in Rio” é uma das séries fotografada da janela do sexto andar de seu apartamento, em Ipanema, flagrando o movimento dos garotos na calçada e nas janelas de prédios próximos. “Sem ser notado, o fotógrafo exerce sua porção voyeur fazendo de sua teleobjetiva uma espécie de arma com a qual o caçador “abate” e guarda para si o corpo de suas caças”, ressalta o curador.
Já a série “Viagens (Europa, Arte)]” apresenta fotografias de estatuárias greco-romanas realizadas na sua primeira viagem à Europa, “…que o levaram a trocar a escrita literária dos seus “Diários Eróticos” pela representação via fotografia. Mais tarde, a estética clássica que sublinha a força e a virilidade do corpo masculino serviria de referência para os retratos dos garotos nus”.
Sobre o curador
Eder Chiodetto é mestre em Comunicação pela ECA/ USP, jornalista, editor, professor e curador independente, tendo realizado em torno de 100 exposições no Brasil e no exterior. Atuou por 13 anos na Folha de S.Paulo como repórter fotográfico, editor e crítico de fotografia do caderno Ilustrada. É autor dos livros “Geração 00: A Nova Fotografia Brasileira”(Edições Sesc), “Curadoria em Fotografia: da pesquisa à exposição” (Ateliê Fotô / Funarte) e “O Lugar do Escritor” (Cosac Naify), entre outros. Nos últimos anos editou livros de diversos fotógrafos como Luiz Braga, Cristiano Mascaro, Araquém Alcântara, Rosângela Rennó, Eustáquio Neves, entre outros, em parceria com as editoras Cosac Naify, Edições Sesc, Terra Brasil e Cobogó. Atualmente coordena o Ateliê Fotô centro de estudos avançados em fotografia, em São Paulo, é o publisher da Fotô Editorial e curador do Clube de Colecionadores de Fotografia do MAM-SP.
Sobre a galeria
O principal objetivo da Luciana Caravello Arte Contemporânea, fundada em 2011, é reunir artistas com trajetórias, conceitos e poéticas variadas, refletindo assim o poder da diversidade na Arte Contemporânea. Evidenciando tanto artistas emergentes quanto estabelecidos desde seu período como marchand, Luciana Caravello procura agregar experimentações e técnicas em suportes diversos, sempre em busca do talento, sem discriminações de idade, nacionalidade ou gênero.
Até 07 de abril.