Vik Muniz em Ipanema

11/dez

 

A Galeria Nara Roesler, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, traz para a sua sede carioca “Handmade”, exposição de Vik Muniz, cuja primeira versão foi apresentada em seu espaço paulistano em 2016. A série Handmade chega ao Rio com obras inéditas nas quais Vik renova caminhos e procedimentos presentes em sua produção, ao investigar a tênue fronteira entre realidade e representação, entre o objeto original e sua cópia. Sem recurso narrativo, as obras revelam explicitamente o processo do trabalho, ao mesmo tempo em que brinca com as certezas do espectador.

 

Segundo o artista, o que você espera ser uma foto não é, e o que você espera que seja um objeto é uma imagem fotográfica. “Em uma época em que tudo é reprodutível, a diferença entre a obra e a imagem da obra quase não existe”, diz. Em seu texto sobre a série, Luisa Duarte aponta a dificuldade de se distinguir onde termina a cópia e onde começa a intervenção manual do artista. “É nesse limbo das certezas que o artista deseja nos inserir”.

 

Duarte ressalta que, em Handmade, diferentemente de suas obras realizadas a partir de imagens conhecidas e referências a materiais mundanos, “Vik alude à vasta tradição da arte abstrata, destilando para isso suas fórmulas básicas na criação de maneiras inusitadas de meditar sobre a imagem e o objeto, sobre a ambiguidade dos sentidos e a importância da ilusão”. Em seu texto, Luisa Duarte conclui: “Handmade traça a constante preocupação do artista em transcender as dimensões simbólicas da imagem”.

 

Além da paradoxal relação entre imagem e objeto e do recorrente uso de estratégias ilusionistas – “A ilusão é um requisito fundamental de todo tipo de linguagem”, diz -, esses trabalhos flertam com a arte conceitual e estabelecem um intenso diálogo com a arte abstrata, cinética e concreta. Sobretudo, segundo Vik, pelo interesse comum em relação às teorias da Gestalt, mais especificamente nos campos da psicologia e da ciência.

 

 

Sobre o artista

 

Vik Muniz nasceu em 1961, São Paulo, Brasil. O artista vive  e trabalha entre Rio de Janeiro e Nova York)  e destaca-se como um dos artistas mais inovadores e criativos do século 21. Conhecido por criar o que ele descreve como ilusões fotográficas, Muniz trabalha com uma vasta gama de materiais não convencionais – incluindo açúcar, diamantes, recortes de revista, calda de chocolate, poeira e lixo – para meticulosamente criar imagens antes de registrá-las com sua câmera. Suas fotografias muitas vezes citam imagens icônicas da cultura popular e da história da arte, desafiando a fácil classificação e a percepção do espectador. Sua produção mais recente propõe um desafio ao público ao apresentar trabalhos que colocam o espectador constantemente em xeque sobre os limites entre realidade e representação, como atesta a obra Two Nails (1987/2016), cuja primeira versão pertence ao MoMA de Nova York. Vik Muniz iniciou sua carreira artística ao chegar em Nova York em 1984, realizando sua primeira exposição individual em 1988. Desde então, vem conquistando enorme reconhecimento, expondo em prestigiadas instituições em todo o mundo. Podemos destacar entre elas: Vik Muniz: Handmade (Nichido Contemporary Art, NCA, Tóquio, Japão, 2017); Afterglow: Pictures of Ruins (Palazzo Cini, Veneza, Itália, 2017); Vik Muniz (Museo de Arte Contemporáneo, Monterrei , México, 2017); Vik Muniz: A Retrospective (Eskenazi Museum of Art, Bloomington, EUA, 2017); Vik Muniz (High Museum of Art, Atlanta, EUA, 2016); Vik Muniz: Verso (Mauritshuis, The Hage, Holanda, 2016); Lampedusa, 56a Bienal de Veneza (Naval Environment of Venice, Itália, 2015); Vik Muniz: Poetics of Perceptions (Lowe Art Museum, Miami, EUA, 2015); edição de 2000 da Bienal de Whitney (Whitney Museum of American Art); 46ª Exposição Bienal Media/Metaphor (Corcoran Gallery of Art, Washington, EUA, 2000); e da 24ª Bienal Internacional de São Paulo (1998). Seus trabalhos fazem parte de importantes coleções públicas como a do Museum of Modern Art, Nova York; Guggenheim Museum, Nova York; Metropolitan Museum of Art, Nova York; Los Angeles Museum of Contemporary Art, Los Angeles; Tate Gallery, Londres; Museum of Contemporary Art, Tóquio; Centre Georges Pompidou, Paris; Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madri, entre várias outras no Brasil e no exterior. Em 2001, Muniz representou o Brasil na 49a Bienal de Veneza. Muniz também é tema do filme Waste Land, indicado ao Oscar de melhor documentário em 2010, e em 2011, foi nomeado Embaixador da Boa Vontade da UNESCO.

 

 

Até 07 de fevereiro de 2018

Toyota no MAM-Rio

08/dez

O Museu de Arte Moderna do Rio (MAM) recebe a exposição “Toyota – O ritmo do espaço”. A mostra, com curadoria de Denise Mattar, reúne obras e instalações do japonês erradicado no Brasil Yutaka Toyota, que, aos 86 anos, apresenta uma retrospectiva. Entre os feitos do artista estão monumentos expostos em grandes cidades do mundo como São Paulo e Tendo, no Japão.

 

Ocupando uma área de aproximadamente 1.000m², a exposição no MAM contará com uma coleção de 80 obras, entre recriações de instalações apresentadas na 10ª Bienal e peças expostas em instituições como o Museu de Arte Contemporânea de Niterói e o Palácio Itamaraty, além de coleções particulares.

 

Em sua trajetória, Toyota teve como base a percepção do espectador como cocriador de suas peças, o que reflete parte do conhecimento que absorveu nos costumes dos países onde viveu.

 

– Criei milhares de obras de diferentes técnicas, que iam de pequenos múltiplos a imensos monumentos. Sempre fui fiel às mesmas indagações, as quais me fizeram mergulhar nesse universo das artes. Busquei na cultura ocidental, por meio da física quântica, o significado de espaço. Com a minha origem oriental, busquei o significado íntimo de algo espiritualmente superior. Talvez seja essa a conexão entre o homem e o universo – diz

 

Fonte: oglobo.globo.com/rio/bairros/exposicao-no-mam-apresenta-retrospectiva-do-artista-plastico-yutaka-toyota

Daniel Feingold na Cassia Bomeny Galeria

07/dez

 

Cassia Bomeny Galeria, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição individual de pinturas do artista plástico Daniel Feingold. São vinte e quatro obras inéditas, sendo oito pinturas em esmalte sintético sobre tela, que apresentam sua pesquisa sobre trama e estrutura, e dezesseis pinturas em bastão oleoso sobre papel, nas quais a estrutura desconstruída dá lugar a um novo espaço de investigação, numa potente expansão de sua pesquisa construtiva.

 

Os trabalhos foram produzidos este ano, – um panorama da mais recente produção do artista -, que tem trinta anos de trajetória. “A obra que Daniel Feingold vem realizando há cerca de três décadas, de modo extremamente coerente no que tange à sua impecável metodologia de trabalho e consistência intelectual, o afasta dos modismos estéticos e conseqüentemente do marketing promocional, que costuma devastar a produção de tantos artistas”, afirma o crítico de arte Frederico Morais no texto que acompanha a exposição.

 

Para realizar as pinturas, Daniel Feingold não utiliza o tradicional pincel. Em uma técnica desenvolvida por ele em 2013, a pintura é feita entornando as tintas sobre a tela. Ele a coloca na vertical e, através de latas que ele mesmo retorce, criando bicos de diversos tamanhos, derrama a tinta, que escorre verticalmente por toda a tela, formando linhas retas. Ao secar, o artista vira o quadro e repete o procedimento, resultando em diversas linhas coloridas, com espessuras variadas, que se cruzam, se sobrepõem e se entrelaçam. “Não é por acaso, também, que Feingold tenha descartado o emprego de matérias primas, ferramentas e técnicas tradicionais como óleo, vinil, acrílica, pincéis ou espátulas na realização de suas pinturas, optando por usar o esmalte sintético sobre um tecido mais encorpado e resistente, o “terbrim”, não sem antes criar na própria embalagem metálica do produto uma espécie de canaleta que lhe permite controlar a quantidade da matéria a ser liberada e, simultaneamente, impedir que ela se esgarce comprometendo a precisão de seu percurso – que é sempre o de uma queda – na definição das linhas que atravessam o suporte de uma extremo a outro”, diz Frederico Morais.

 

Logo na entrada da exposição estará uma grande pintura, um díptico, em tons de preto, vermelho e branco. Cada uma das telas que compõem a obra possui uma espessura diferente, formando um “degrau”, mas com linhas que se juntam, em uma ideia de continuidade. “As pinturas são planos cromáticos e dobras que se expandem e se entrelaçam. Elas têm a característica de expansão, a ideia é romper a superfície”, conta o artista, que ressalta que essa obra foi o ponto de partida para toda a exposição.

 

Nas obras de Daniel Feingold, a lateral da tela, onde o terbrim dobra no chassi, também é pintada. Lá estão as mesmas linhas contínuas presentes na frente do quadro. “Um visitante mais apressado ou menos atento às sutilezas de sua obra, talvez não se dê conta de que seus quadros não se esgotam nos limites da superfície plana que têm à sua frente. Não porque careçam de molduras, mas porque esse plano costuma ser dobrado nos seus quatro lados. E a rigor poderia prosseguir por traz – o que seria um desperdício, um lesa-prazer. Assim como se juntar a outro, como já aconteceu.  Ou outros mais, iguais ou parecidos, mantendo-se a mesma estrutura linear, porém mudando-se cores. O ponto de encontro entre elas criando módulos, ou apenas uma pausa, uma fresta, um ponto de fuga, parte de um jogo de simetrias e assimetrias. Ou indefinidamente – cobrindo paredes de corredores, túneis, dando a volta ao mundo, quem sabe”, ressalta Frederico Morais.

 

 

Pinturas sobre papel

 

Além das pinturas sobre tela, no primeiro andar da galeria também estarão três pinturas sobre papel, que se relacionam com as demais obras, pois possuem a mesma palheta de cores. No segundo andar, estará mais uma série de trabalhos sobre papel, todos em preto e branco. Para realizar essas obras, Daniel Feingold usa bastão oleoso – com cores firmes, opacas e sem transparência -. que ele desliza, friccionando sobre o papel. Nesses trabalhos, não há uma preocupação tão grande do artista com o rigor técnico. Ele utiliza algumas réguas para fazer linhas retas, mas também permite “manchas” no desenho, como riscos mais finos, borrões e até marcas de dedo. “São trabalhos de luta, que mostram a intensidade do artista, a tensão interna durante a produção, que trazem uma vivacidade menos intelectualizada, uma despreocupação com o sujo”, diz Daniel Feingold. “Quando se trata de papéis, Feingold faz uso de grande variedade de materiais, superpondo faixas coloridas, ou como em fascinante série negra, ainda em curso, provocando com seus instrumentos de trabalho, que não raro também usa de forma pouco ortodoxa, ranhuras, incisões, manchas ou grafismos que se contrapõem a formas-signos vigorosas e intrigantes”, conta Frederico Morais. As pinturas (tanto sobre tela como sobre papel) foram feitas pelo artista sem um projeto prévio, sem esboço. “A cor demarca a situação. O que busco é um equilíbrio”, afirma.

 

 

Sobre o artista

 

Daniel Feingold nasceu no Rio de Janeiro, em 1954. Formou-se em Arquitetura na FAUSS, RJ, (1983), estudou História da Arte e Filosofia na UNIRIO/PUC (1988-1992) e teoria da Arte & Pintura e Núcleo de Aprofundamento, na EAV Parque Lage, RJ, (1988-1991). Morou em Nova York, onde fez Mestrado em Fine Arts no Pratt Institute (1997). Dentre suas exposições individuais estão: “Acaso Controlado”, no MAM – Rio de Janeiro (2013), MON – Curitiba (2017), Museu Vale – Vitória (2017), “Fotografia em 3 séries” Paço Imperial do Rio de Janeiro (2016), Centro Universitário Maria Antonia | USP, São Paulo (2003), entre outras. Participou de diversas exposições coletivas destacando-se “Arte Brasileira e Depois na Coleção Itaú”, Paço Imperial – Rio de Janeiro, (2011), “Football, Art & Beer”, Centro de Arte Maria Teresa Vieira – Rio de Janeiro (2010), “Escape from NY”, SNO – Sidney (2007), RMIT School of Art – Melbourne, (2009), Minus Space – Nova York (2009) e Massey University – Wellington (2010), “Minus Space”, PS1 Contemporary Art Center – Nova York (2008), “Crossing Lines”, Art in General – Nova York (1998) entre outras.

 

 

Sobre a galeria

 

Cassia Bomeny Galeria (antiga Um Galeria) foi inaugurada em dezembro de 2015, com o objetivo de apresentar arte contemporânea, expondo artistas brasileiros e internacionais. A galeria trabalha em parceria com curadores convidados, procurando elaborar um programa de exposições diversificado. Tendo como característica principal oferecer obras únicas, associadas a obras múltiplas, sobretudo quando reforçarem seu sentido e sua compreensão. Explorando vários suportes – gravura, objetos tridimensionais, escultura, fotografia e videoarte. Com esse princípio, a galeria estimula a expansão do colecionismo, com base em condições de aquisição, bastante favoráveis ao público. Viabilizando o acesso às obras de artistas consagrados, aproximando-se e alcançando um novo público de colecionadores em potencial. A galeria também abre suas portas para parcerias internacionais, com o desejo de expandir seu público, atingindo um novo apreciador de arte contemporânea, estimulando o intercâmbio artístico do Brasil com o mundo.

 

 

De 12 de dezembro a 31 de janeiro de 2018.

Pássaros do Brasil e algumas histórias

01/dez

Adriana Varejão convida para o lançamento do livro “Colorindo com Adriana Varejão – Pássaros do Brasil e algumas histórias”, neste sábado, 02 de dezembro, às 11 horas na Carpintaria, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ. A artista convida todas as crianças a darem cores a alguns dos pássaros mais queridos do país. Adriana Varejão apresenta aves como o bem-te-vi, a ararinha-azul e o joão-de-barro, com textos que voam pelas páginas e despertam a curiosidade dos pequenos sobre as diferentes espécies. O selo editorial é da Cobogó.

 
Sobre a autora

 
Adriana Varejão é carioca, mãe da Catarina (11 anos) e da Violeta (4 anos). Pintora, também trabalha com escultura, desenho e instalações. Para criar suas obras, a artista inspira-se, com frequência, nas tradições culturais de povos de diferentes países. Seus trabalhos integram as coleções dos principais museus do mundo como Tate Modern (Londres), Fondation Cartier pour l’art contemporain (Paris), Hara Museum (Tóquio) e Guggenheim e Metropolitan (Nova York). Participou de exposições em importantes instituições e bienais como São Paulo (1994 e 1998), Sydney (2000), Istambul (2011), Liverpool (1999 e 2006) e Mercosul (1997 e 2005). No Brasil, um pavilhão é dedicado aos trabalhos da artista no Inhotim, em Minas Gerais, onde foi instalada a obra Passarinhos – de Inhotim a Demini, em que retratou em um banco azulejado cerca de 500 espécies de pássaros.

 

Adriana Varejão ISBN: 978-85-5591-0432 Encadernação: Grampeado Formato: 23,5 x 30 cm Ano de edição: 2017 R$ 39,90

Celina Portella na Inox

A Galeria Inox, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, abriu a exposição “Dobras” de Celina Portella. A artista mostra uma nova série de foto-objetos e outros trabalhos em fotografia e vídeo. Ao usar o corpo e sua interação com o espaço físico em que se encontra, Celina propõe a ação entre a expressão corporal e a mídia e com isso torna a fotografia e o vídeo partes estruturais do próprio trabalho.

 

Na exposição, a artista explora as possibilidades a partir do 2D, da fotografia impressa. Por meio de uma dobra, ela confere volume e movimentação à figura e assim busca provocar a percepção do espectador. Tratam-se de imagens de partes do corpo que se transformam em foto-objetos, esculturas e interagem com o espaço ao se acoplarem na arquitetura. As obras são fixadas em cantos, no chão, no teto e ocupam o ambiente em função do gesto expresso em cada trabalho.

 

“Dobras” apresenta uma metáfora sobre o funcionamento orgânico do corpo, que se subdivide em linhas que nunca são retas. Em contrapartida, temos a arquitetura e tudo aquilo que é criado a partir de linhas retas e quadrados métricos. Celina transporta esse corpo orgânico para fotografias chapadas e métricas inserindo-o em quadros que questionam as curvas e movimentações naturais.

 

 

Sobre a artista

 

Celina Portella vive e trabalha no Rio de Janeiro, estudou design na Puc-Rio e se formou em artes plásticas na Université Paris VIII. Trabalha com artes plásticas e dança. A partir do vídeo e da fotografia, suas obras dialogam com a arquitetura, o cinema, a performance e ultimamente com a escultura, caracterizando-se especialmente por um questionamento sobre a representação do corpo e sua relação com o espaço. Foi contemplada recentemente pela Bolsa do Programa de Estímulo à Criação, Experimentação e Pesquisa Artística SEC + Faperj e também pelo I Programa de Fomento a Cultura Carioca em Artes Visuais, com a Bolsa de Apoio a Criação da Secretaria de Estado de Cultura e com a bolsa do Núcleo de Arte e Tecnologia da EAV Parque Lage no Rio de Janeiro. Recebeu indicação ao prêmio da Bolsa ICCO/sp-arte 2016, ao prêmio de aquisição EFG Bank & ArtNexus na SP Arte 2015 e ao prêmio Pipa 2013 e 2017. Foi premiada na XX Bienal Internacional de Artes Visuales de Santa Cruz na Bolivia em 2016, assim como no II Concurso de Videoarte da Fundação Joaquim Nabuco em Recife. Participou da residência no Centre international d’accueil et d’échanges des Récollets em Paris, da residência LABMIS, do Museu da imagem e do Som em São Paulo, na Galeria Kiosko em Santa Cruz de La Sierra na Bolívia, entre outras. De participações em mostras coletivas, destacam-se a Frestas Trienal de Artes no Sesc Sorocaba, São Paulo, Dublê de Corpo na Galeria Carbono, Esboço para uma coreografia na Galeria Central, Verbo na Galeria Vermelho, III Mostra Do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, o 60°  Salão de Abril, Fortaleza, e o 15º Salão da Bahia. Como bailarina e co-criadora trabalhou com os coreógrafos Lia Rodrigues e João Saldanha.

 

 

Até 23 de dezembro.

Lucio Salvatore no MAM/Rio

30/nov

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, com apoio do Istituto Italiano de Cultura, inaugura no próximo dia 9 de dezembro a exposição “Metaelementi”, que reúne trabalhos emblemáticos e inéditos do artista Lucio Salvatore, como instalações, vídeos, fotografias e pinturas, produzidas entre 2004 até os dias de hoje. Com curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, “Metaelementi” (metaelementos, em português) apresenta obras “ontológicas, que partem dos elementos da natureza – identificados pelos filósofos pré-socráticos como princípios do universo – para transcendê-los a partir de contextos socioeconômicos e políticos, sempre centrais nas obras do artista”,palavras do curador. “A poética de Salvatore explora o ‘humanismo’ dos elementos dentro das dinâmicas da produção industrial, tecnológica, da disputa de poder e da própria arte”, explica Fernando Cocchiarale.

 

“A visão curatorial oferece uma oportunidade única de leitura transversal de trabalhos inéditos de Lucio Salvatore, juntando obras do começo de sua pesquisa artística – como as da série “Combustioni”, que usa o fogo – a trabalhos recentes, como a obra “É Pão É Pedra” (2017), que traz seu título inscrito repetidamente sobre uma fôrma de pão recheado de pedras, unindo o visível e o invisível, colocados em referências circulares”, afirma o curador.

 

Incêndios criminosos que devastaram em 2004 o sul da Itália, na região onde o artista tem seu ateliê, foram assunto de vários trabalhos de Lucio Salvatore. O vídeo “The Road Ahead”, de quatro minutos, traz registros desses incêndios. “Essas imagens são representativas das paisagens de todo o sul do mundo que continuam nas mesmas condições de territórios de exploração, e contrastam com a imagem positivista do livro escrito por Bill Gates em 1995, que dá o título à obra, e que propõe uma visão otimista da estrada construída pelas empresas de tecnologia”, diz Cocchiarale.

 

A inédita “Apagões – Amnésias” consiste em dois conjuntos de oito fotografias com tamanho de 31cm x 41cm cada, com intervenções de tinta a óleo, pintura usada pelo artista como anulação, negação da imagem e da matéria. Sobre fotografias dos incêndios de 2004, Salvatore apagou com tinta as imagens das chamas. Desta maneira, buscou “anular simbolicamente os efeitos devastadores de atos criminosos, causados por ‘amnésias’, por ignorância, cuja cura pode ser inspirada pela arte”, explica. “Diante do recorrente fenômeno dos incêndios ficamos impotentes, assustados, aterrorizados e ao mesmo tempo fascinados, atraídos, como se o instinto de morte se reencontrasse na visão da destruição que é também transformação”, observa o artista.

 

 

Rituais de fogo

 

“Combustioni” Top of Form é uma das primeiras séries de trabalhos do artista relacionados aos processos de transformação dos elementos. Depois dos vídeos e fotografias que registraram incêndios que devastaram o sul da Itália no verão de 2004, Salvatore começou a experimentar o fogo em seu estúdio, ao ar livre. Usado por Salvatore como agente de transformação no trabalho artístico, o fogo foi produzido para queimar os elementos fundamentais da pintura tradicional, como tábuas, pincéis, e especialmente a pintura, em forma de pigmentos, que foi retratada pelo artista durante o processo de combustão. Esses rituais da queima de matéria pictórica e orgânica, todos criados entre 2004 e 2007 na Itália, resultaram em vários trabalhos, como “Sem Título”, uma impressão sobre tela de 2m x 4m. O momento da criação, a origem das coisas, é o que fascinou o artista. “Esta série contém toda a força material e movimento do Início”. O processo foi registrado no vídeo “Sem Título”. Lucio Salvatore cita o filósofo Heráclito (535 a.C. – 475 a.C.): “Este cosmos não foi criado por nenhum dos deuses ou dos homens, mas sempre foi, é e será um fogo eternamente vivo”.

 

Em “Post-Ar”, Salvatore deslocou ar de Florença para o Rio de Janeiro através do correio internacional. O artista explica que pretendeu “separar o elemento inseparável, identificando o elemento elusivo, embalando o elemento livre e que por essência não conhece fronteiras”. Dessa maneira, inscreveu este elemento “no sistema burocrático surreal da sociedade global contemporânea”.

 

“Quadrado Preto” integra uma série de obras desenvolvidas dentro de pedreiras, em uma combinação de processos que envolvem performance, escultura e pintura. O artista pintou um quadrado preto na parede de uma pedreira, e depois escavou esta parede com uma lagarta mecânica, própria para mineração, reduzindo-a a centenas de fragmentos de rocha com as marcas pretas da pintura. Depois, Salvatore costurou esses fragmentos na tela demarcada previamente com acrílico preto com a forma da parede antes de ser escavada. “A tensão ontológica (parte da metafísica que trata da natureza, realidade e existência dos seres) entre unidade e multiplicidade se manifesta em relíquias fragmentadas do quadrado preto que ainda carregam sua essência unitária, assim como a multiplicidade fragmentária das identidades contemporâneas são costuradas formando a ideia de indivíduo. O quadrado preto é reduzido a mil peças pela máquina, mas continua existindo nos fragmentos que mantêm sua ideia viva”, destaca Salvatore

 

O vídeo “O Fim do Quadrado Preto” traz todo o processo da obra “Quadrado Preto”. O vídeo “Ilhado” registra a ação de lagartas mecânicas “criam um fosso entorno de si mesmas que delimita um território circular que as isola e, impedindo a saída, as aprisiona”, diz o artista. “Se o ser humano não nasce sozinho em um lugar separado dos outros, parece que o seu destino seja o de trabalhar duramente para que este isolamento aconteça. O progresso tecnológico idealizado a partir da época moderna, da revolução industrial e agora da informática, parece proporcionar, ao mesmo tempo que melhorias na qualidade de vida material e da produtividade do ser humano, um aumento da alienação e do isolamento do indivíduo”. Usando terra, farinha e cinzas embutidas em intestino animal na obra “Dal Monacato”, Lucio Salvatore faz uma alusão aos elementos fundamentais do sistema econômico de Monacato, aldeia rural na região italiana do Lácio, praticamente inalterado desde a idade média, e que floresce apesar do processo de “tecnoglobalização dominante”.

 

“Controvalori” é um desdobramento da série de trabalhos realizados por Salvatore sobre o valor da arte, apresentados na exposição “Arte Capital”, realizada em 2016, no Centro Cultural Correios do Rio de Janeiro. Salvatore trabalhou sobre lâminas de ouro usadas como reservas de valor certificadas pelas autoridades, cobrindo suas superfícies e o seu brilho com óleo. Anulando o característico brilho símbolo de riqueza e poder com aplicações monocromáticas minimalistas, Salvatore usou a arte para negar a aparência e ao mesmo tempo criar um lugar onde o olho pudesse encontrar “novas possibilidades metafísicas de contemplação”, conta o artista. Respiro é uma obra sonora que consiste na gravação do som de uma sessão de meditação do artista realizada com máscara de gás.

 

 

Obras interativas 

 

A exposição terá obras interativas, como “Escreva Algo!”, em que o público é convidado a escrever um pensamento sobre uma tira de papel que é enrolada e colocada na obra de arte, que se transforma na memória temporal do pensamento comunitário. Da série “Escreva Algo!”, será apresentada também uma versão em que o visitante poderá escrever frases ou desenhos com caneta indelével preta sobre um quadrado de madeira pintado também de preto, de modo a que a escrita não seja decifrável. “Autoesquemas” propõe que o público crie uma composição geométrica feita de quadrados de papel a serem colados dentro de uma grelha desenhada pelo artista, em uma tipologia de autorretrato neoconcreto.

 

 

Sobre o artista

 

Lucio Salvatore nasceu em 3 de maio de 1975, em Cassino, Itália, e vive e trabalha na cidade italiana de Sant’Elia Fiumerapido e no Rio de Janeiro. Artista conceitual, multidisciplinar, trabalha com fotografia, texto, pintura, escultura, performance e apropriação de processos. Suas obras lidam com os jogos de significados nas obras de arte, metáforas da vida, desde a sua criação e relacionamento com o público até a posse de colecionadores e instituições. Depois de se formar em economia na Universidade Bocconi de Milão, Salvatore estudou filosofia na Università Statale, na mesma cidade. Estudou fotografia em Nova York, para onde viajou seguidamente entre 1998 e 2010. Depois de visitar em 1999 a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, Salvatore ficou ali suas raízes e passou a estudar na instituição. Salvatore tem participado de exposições em três continentes, em particular nas cidades de Roma (Palazzo Pamphilj, Galleria Cortona e Galleria Portinari, 2017), Nova York (Grant Gallery, 2007 e 2009), Berlim (Potsdamer Platz, 2007), Milão (Superstudio, 2008), São Paulo (Museu Brasileiro de Escultura – MuBE, 2011) e Rio de Janeiro (Centro Cultural Correios, 2010, 2014, 2015, 2017), onde seus trabalhos foram vistos por mais de 70 mil pessoas.

 

 

De 09 de dezembro a 25 de fevereiro de 2018.

Diálogos na Carpintaria 

29/nov

Dando continuidade ao programa experimental da Carpintaria, espaço da Fortes D’Aloia & Gabriel, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, a exposição “Opening Night” propõe um diálogo entre três artistas de diferentes gerações cujas práticas orbitam majoritariamente em torno da escultura. A norte-americana Lynda Benglis, a brasileira Erika Verzutti e o inglês Jesse Wine apresentam, em conjunto, quinze obras de suas produções recentes. A “noite de abertura” sugerida no título refere-se livremente ao filme homônimo do diretor norte-americano John Cassavetes de 1977, lançado no Brasil como “Noite de Estreia”. Na trama, uma atriz de meia-idade – vivida por Gena Rowlands – enfrenta uma crise de identidade enquanto ensaia sua nova peça de teatro. A exposição alude ao palco em que se desenrola a história ao apresentar uma única base para dispor todo o conjunto de trabalhos do trio. A plataforma transforma as esculturas em veículos análogos aos atores, ao mesmo em que borra o gap geográfico e geracional dos três artistas para sublinhar suas afinidades. Relacionando-se entre si, os trabalhos de Lynda, Erika e Jesse transmutam-se em poderosas alegorias da condição da escultura na contemporaneidade – munidas, nesta reflexão, de artifícios como a ironia, o experimentalismo na manipulação dos materiais e um vasto léxico de referências, diretas e indiretas, à história da arte.

 

Veterana do trio, a produção de Lynda Benglis, está profundamente enraizada na história da arte norte-americana. Seus trabalhos começam a ganhar notoriedade no fim da década de 60, quando sua obra surge como uma resposta à predominância masculina na prática da fusão entre pintura e escultura, oriunda de movimentos como o Minimalismo e o Process art. Marcadas por uma forte fisicalidade, as esculturas da série “Elephant Necklace” criam relações dinâmicas entre massa e superfície, onde a matéria maleável se torna rígida e vice-versa, em um processo de congelamento do gesto. Também integram a exposição duas obras com bronze e pedra da década de 90, “Man/Landscape” e “Landscape II.”

 

Na produção da paulistana Erika Verzutti o gesto também ocupa uma posição elementar. O seu fazer escultórico revela-se na investigação da natureza de objetos mundanos, dentre frutas, vegetais e materiais próprios da prática artística. Repleto de humor, seu exercício de livre associação dá origem a trabalhos que distanciam-se de uma identificação imediata, frequentemente evocando narrativas pessoais e relacionadas à história da arte. “Mulher Fruta”, por exemplo, alude à idealização do corpo em uma escultura de papier machê e isopor, ao passo que “Dieta ” retrata, em bronze, uma curiosa torre com ovos e bananas.

 

A ênfase no material manifesta-se também na obra de Jesse Wine. O jovem artista elege a cerâmica como material predominante e através de técnicas tradicionais desafia noções de composição, forma e narrativa. Trabalhos como “Modern Emotion” e “So Human” , ambos de 2017, fazem alusão crítica à representação do corpo na escultura moderna, enquanto “Santa Fe” e outros da mesma série trazem arranjos que flertam com a paisagem.

 

 

De 28 de novembro a 27 de janeiro de 2018.

Nuno Ramos “Los Desastres de la Guerra”

Euforia e Cinzas

 

Após reunir uma série de desenhos da série “Rocha de gritos” e pinturas em larga escala para sua individual “Grito e Paisagem”, na Galeria Anita Schwartz (de setembro a novembro deste ano), Nuno Ramos apresenta “y Lucientes”, um projeto solo inédito em homenagem a Goya que será apresentado na feira de arte Art Basel, em Miami Beach.

 

Nuno aponta nas pinturas de sua individual “Grito e Paisagem” uma “euforia raivosa”, onde cores e excessos suscitam uma reação criativa positiva frente ao contexto negativo que rege o ânimo brasileiro contemporâneo. Já em seu projeto para a seção Nova de Miami Basel – que exibe apenas projetos realizados a partir de 2015 –, a instalação “y Lucientes” é feita a partir de “Los Desastres de la Guerra”, série de gravuras de Goya com cenas da invasão napoleônica e da resistência madrilenha, presenciadas pelo próprio artista durante a Guerra da Independência Espanhola. Trata-se de um dos mais pungentes documentos sobre a perda de qualquer parâmetro civil ou humanitário atingindo toda uma população em seus direitos mais elementares.

 

A instalação é composta por 80 impressões das gravuras de Goya expostas à fumaça e à fuligem liberadas por uma solda de acetileno, “desregulada” de forma a soltar este estranho fumo. Trata-se, portanto, de desenhos únicos de fumaça e fuligem sobre gravuras, como monotipias, com atuações feitas pelo artista sobre o trabalho de Goya – o “y Lucientes” do título alude a isto. A fumaça negra impregna o papel como um gesto, mas não de tinta e sim de fuligem, cinzas, fumaça, detrito, como se as cenas de destruição e horror ganhassem uma nova materialidade, mais literal e similar ao que Goya retratou.

 

Posicionada no centro da sala, uma escultura em forma de lápide e feita de granito escuro complementa a instalação. No topo desta lápide é possível ver o livro “Los Desastres de la Guerra”, de onde foram retiradas as imagens, imerso agora em breu e resina, como um inseto pré-histórico numa goma translúcida de tonalidade âmbar avermelhada, que quer trazer alguma reflexão temporal sobre aquilo que está ali submerso.

 

Como as cores que despertaram a “euforia raivosa” de sua exposição “Grito e Paisagem”, cenas em branco e preto cobertas de cinzas parecem anoitecer esta euforia e raiva em breu e solitude. Em Miami, Flórida, apelidada pelos americanos de capital do alvorecer (the sunshine capital) onde a confiança e a liberdade de expressão voam juntas aos pink flamingos, Nuno Ramos parece provocar o contexto local ao exibir sua densa instalação.

 

Ironia é uma ferramenta recorrente na obra de Nuno, e tanto aqui como nas pinturas mais uma vez acessa a instabilidade contemporânea, representada pela multiplicidade de suas técnicas e matérias – do viscoso, da pelúcia, do óleo e vaselina, à pedra, ao breu, à fumaça e às cinzas. Se este antagonismo material encharca a obra de ironia, temporalidade e instabilidade, sopra ao mesmo tempo no ouvido do observador o seguinte credo do artista: “a arte no fundo corresponde ao desejo inconsciente que têm os homens de não pertencer a credo nenhum”.

 

Raro Percurso – 52 anos da Galeria de Arte Ipanema

24/nov

A Galeria de Arte Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, abre no próximo dia 28 de novembro, às 19h, a exposição “Raro Percurso – 52 anos da Galeria de Arte Ipanema”, marcando a inauguração de sua nova sede em prédio com projeto arquitetônico de Miguel Pinto Guimarães. Dirigida por Luiz Sève e sua filha Luciana Sève, a Galeria de Arte Ipanema passará a ocupar o andar térreo e metade do primeiro andar da construção com quatro andares e dois subsolos, que abriga ainda três unidades destinadas a escritórios empresariais. Ao longo do período de exposição será lançado o livro “Raro Percurso – 52 anos da Galeria de Arte Ipanema”, pela Barléu, com texto do crítico Paulo Sergio Duarte, capa dura, formato de 21cm x 25cm, e 100 páginas. “Espero que um jovem que começa sua coleção, um jovem artista ou, mesmo, crítico possam ter uma ideia, embora tênue, do contexto em que nasce a Galeria de Arte Ipanema”, escreve Paulo Sergio Duarte. Para ele, o percurso de Luiz de Paula Sève no mercado de arte e de sua galeria é “coisa raríssima, para não dizer única no Brasil”.

 

Com atividades ininterruptas, a Galeria de Arte Ipanema volta assim ao seu tradicional endereço no número 27 da Aníbal de Mendonça, onde se instalou em 1972, e mostra nesta exposição inaugural de seu novo espaço sua íntima relação com a história da arte, e a força de seu acervo. Serão exibidas cerca de 60 obras de mais de 50 artistas de várias gerações e diferentes pesquisas, expoentes da Arte Contemporânea e do Modernismo, entre eles grandes mestres da Arte Cinética, do Concretismo e do Neoconcretismo. Junto a pesos-pesados da arte, a exposição também reunirá pinturas de artistas mais jovens, como a norte-americana Sarah Morris, conhecida por suas pinturas geométricas de cores vibrantes, inspiradas principalmente na arquitetura das grandes metrópoles – e os paulistanos Henrique Oliveira e Mariana Palma.

 

Em uma verdadeira festa para o olhar, a exposição se inicia com seis pinturas cinéticas da série “Physichromie” de Cruz-Diez – artista representado pela galeria -, que oferecem três diferentes conjuntos de cores de acordo com a posição do espectador: de frente, caminhando da esquerda para a direita, ou no sentido contrário. Esses trabalhos se juntam a outros grandes nomes da arte cinética, como um óleo sobre tela da década de 1970 e um móbile dos anos 1960 de Julio Le Parc; uma versão em formato de 55 cm da espetacular “Sphère Lutétia” , uma das três obras de Jesús Soto na mostra; uma pintura de mais de 1,60m da série “W” de Abraham Palatnik , entre trabalhos de outros cinéticos, como o relevo de quase três metros de largura de Luis Tomasello.

 

 

Construtivismo e Neoconcretismo

 

De Sérgio Camargo estarão três significativos relevos em madeira pintada, e um deles, “Relief 13-83”, participou da Bienal de Veneza em 1966, onde o artista tinha uma sala especial com 22 obras. De Waltercio Caldas, integrará a mostra a escultura “Fuga”, esmalte sobre aço inox e lã. Um núcleo da exposição é composto por uma gravura de Richard Serra, pela obra “Maquete para interior”, de Lygia Clark, uma escultura em aço pintado de Franz Weissmann, uma escultura e uma pintura de Amilcar de Castro, duas pinturas de Aluísio Carvão e dois trabalhos de Ivan Serpa. A “Pintura nº 355”, do argentino Juan Melé , também integrará a mostra.

 

 

Mais pinturas – Abstracionismo, Expressionismo, Nova Figuração

 

Quatro pinturas de Alfredo Volpi – uma dos anos 1960 e três da década seguinte – também estarão na exposição, bem como conjuntos das famosas séries “Ripa” e “Bambu”, dos anos 1970, de Ione Saldanha, em têmpera sobre madeira. “52 anos – Um raro percurso” mostrará óleos sobre tela dos anos 1960 e 1950 de Tomie Ohtake e Manabu Mabe, dois artistas que participaram da exposição inaugural da Galeria Ipanema, em 1965. Arcangelo Ianelli, Abelardo Zaluar e Paulo Pasta também terão obras na mostra. A exposição apresentará pinturas de Iberê Camargo, Milton Dacosta, Maria Leontina, Jorge Guinle e Beatriz Milhazes. Raymundo Colares, artista que fez sua primeira individual na Galeria de Arte Ipanema, estará representado pela pintura “Midnaite Rambler”, em tinta automotiva sobre madeira. Wesley Duke Lee terá na exposição três pinturas em nanquim, guache e xerox sobre papel: “Nike descansa ”, “O Alce (Sapato com fita amarrando), e “Os mascarados”. “Tô Fora SP”, de Rubens Gerchmann, e duas pinturas de Wanda Pimentel, das décadas de 1970 e 90, se somam a quatro obras de Paulo Roberto Leal, artista que também teve sua primeira individual realizada pela Galeria Ipanema. Outros grandes nomes da arte contemporânea que integrarão a mostra são Frans Krajcberg, Cildo Meireles, Nelson Félix, Antonio Manuel e Vik Muniz.

 

 

Modernismo

 

Luiz Sève teve um contato privilegiado com grandes artistas, entre eles sem dúvida está Di Cavalcanti, de quem serão exibidas três óleos sobre tela. Outros grandes nomes do modernismo que estarão na exposição são Portinari, com a pintura “Favela”, Djanira, com “Sala de Leitura”, e Pancetti , com “Farol de Itapoan”.

 

 

Breve história de um raro percurso

 

A história da Galeria Ipanema se mistura à da arte moderna e sua passagem para a arte contemporânea, e seu precioso acervo é fruto de seu conhecimento privilegiado de grandes nomes que marcaram sua trajetória. Fundada por Luiz Sève, a mais longeva galeria brasileira iniciou sua bem-sucedida trajetória em novembro de 1965, em um espaço do Hotel Copacabana Palace, com a exposição de Tomie Ohtake e Manabu Mabe, entre outros. Até chegar à casa da Rua Aníbal de Mendonça, em Ipanema, em 1972, passou por outros endereços, como o Hotel Leme Palace e a Rua Farme de Amoedo.

 

 

Presença em São Paulo

 

De 1967 a 2002, Frederico Sève – irmão de Luiz – foi sócio da Galeria Ipanema, onde idealizou e dirigiu de 1972 a 1989 uma expansão em São Paulo, inicialmente na Rua Oscar Freire, em uma casa construída e especialmente projetada pelo arquiteto Ruy Ohtake. A Galeria Ipanema foi uma das precursoras a dar visibilidade ao modernismo, e representou, entre outros, com uma estreita relação, os artistas Volpi e Di Cavalcanti , realizando as primeiras exposições de Paulo Roberto Leal e Raymundo Colares. Nascido em uma família amante da arte, Luiz Sève aos 24 anos, cursando o último ano de engenharia na PUC, decidiu em 1965 se associar à tia Maria Luiza (Marilu) de Paula Ribeiro na criação de uma galeria de arte. Na família amante de arte, outro tio, o pneumologista Aloysio de Paula, médico de Pancetti, havia sido diretor do MAM. Luiz Sève destaca que é na galeria que encontra sua “fonte de prazer”. Uma característica de sua atuação no espaço de arte é “jamais ter discriminado ou julgado qualquer pessoa pela aparência”. “Há o componente sorte também”, ele ressalta, dizendo que já teve acesso a obras preciosas por puro acaso. A Galeria Ipanema mantém em sua clientela colecionadores no Brasil e no exterior, e já atendeu, entre muitas outras, personalidades como o mecenas da arte David Rockefeller, Robert McNamara – Secretário de Defesa do Governo Kennedy -, e o escritor Gabriel Garcia Marquez.

 

 

Até 23 de dezembro.

Pintura do Tipo Brasileira

21/nov

A Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura no dia 21, terça feira, a exposição “Pintura do tipo brasileira” , com curadoria de Renata Gesomino. Artistas expositores: Antonio Bokel, Edmilson Nunes Nunes, Felipe Barbosa, Manfredo de Souzanetto, Marcos Cardoso, Raimundo Rodriguez , Rosana Ricalde e Victor Arruda (foto).

 

 

Palavra de Victor Arruda

 

Ao meu lado, “Cena carioca”, que pintei em fevereiro de 2014. Não tinha tido a oportunidade de mostrá-la publicamente. Muitas pessoas, críticos, galeristas, colecionadores e outros amigos já a viram. Poucas pinturas minhas criaram tanta controvérsia. Acho que isso significa que ela está viva.