Retratos de Heredia 

31/maio

Os grandes nomes do samba estarão retratados na exposição “Estudo Ilustrado do Samba: Uma Viagem Pitoresca Pelo Seu Centenário”, do artista Laerte Heredia, que será inaugurada no Café Épico, Lapa, Rio de Janeiro, RJ, dia 02 de junho, às 19h. Com nome digno de um samba-enredo, a mostra é composta por 24 desenhos feitos em aquarela, representando personalidades como Elza Soares, Chico Buarque, Nelson Sargento, Cartola, entre outros.

 

Nascido e criado em Marechal Hermes, o artista carioca se inspirou na infância em meio aos pandeiros e cuícas para ilustrar os “bambas” do samba, começando pelo sambista Paulo da Portela. Restaurador por profissão, ele viu nos desenhos uma forma de distração, e o incentivo de amigos o motivou a divulgar seus trabalhos.

 

“O maquiador de Elza Soares mostrou o desenho que publiquei em uma rede social e pude entregar minha ilustração pessoalmente a ela. Alcione também já compartilhou a ilustração que fiz. Tenho recebido um retorno muito positivo dos artistas em relação a este trabalho”, conta Laerte.

 

 

Sobre o artista

 

Ilustrador e artista gráfico com experiência em ilustração digital e manual, do conceito a arte final. Laerte tem experiência em pintura a óleo e aquarela e acrílica. Com restauração já trabalhou em diversos edifícios históricos da cidade do Rio janeiro, como Palácio Gustavo Capanema, Museu de Belas Artes, Sociedade Brasileira de Belas Artes, Real Gabinete Português de Leitura, entre outros. Já expôs trabalhos no Memorial Getúlio Vargas e na Pedra do Sal.

 

 

 Até 30 de junho.

Mostra Bienal com 30 artistas

Depois do sucesso da edição de 2015/2016, a CAIXA Econômica Federal orgulhosamente apresenta a segunda Mostra Bienal CAIXA de Novos Artistas, Centro, Galeria 4. A exposição, que reúne trabalhos de 30 novos talentos das artes visuais de todo o Brasil, aporta primeiro na CAIXA Cultural Rio de Janeiro. A curadoria é de Liliana Magalhães, premiada gestora cultural com experiência em mostras nacionais e internacionais; a expografia é do reconhecido cenógrafo Sérgio Marimba e, participando de uma intervenção exibida na abertura, o artista visual Batman Zavareze.

 

Durante quase dois meses, os cariocas terão a oportunidade de apreciar, em primeira mão, 37 obras de artistas contemporâneos provenientes de 12 estados brasileiros: Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. Os trabalhos que integram a exposição contemplam diversos suportes, de desenhos a esculturas, passando por fotografias, gravuras, instalações, intervenções, pinturas e vídeo.

 

O conceito curatorial desta edição gira em torno da configuração das relações urbanas no momento atual. De modo a concretizar essa abordagem, a curadoria priorizou trabalhos que apresentassem qualidades artísticas resultantes da experimentação e da força poética visual. Assim, não só a potência do assunto de cada trabalho, mas também a contundência da abordagem dos diferentes artistas determinou a escolha dos nomes presentes na exposição.

 

“As obras apresentadas na mostra têm um potente diálogo contemporâneo e revelam um panorama das linguagens e propostas de uma emergente geração das artes visuais. Suas narrativas revelam o artista como um ator social crítico, pleno de cidadania, que se expõe e nos projeta para as complexas relações que se dão nas grandes cidades”, explica a curadora Liliana Magalhães. “As questões de gênero, raça, consumo, política, ética, meio ambiente e afirmação de direitos humanos e civis aparecem como uma síntese do agudo momento de transformação que vivemos”, enumera.

 

Os participantes da coletiva tiveram seus trabalhos selecionados em duas etapas: primeiro, por uma comissão de seleção; e, finalmente, pela curadora. Foram 616 artistas concorrendo com 1.414 obras inscritas. Seguindo o regulamento, foram escolhidos nomes que ainda não exibiram trabalhos em exposição individual, colocando em prática mais uma iniciativa da instituição em divulgar novos artistas. “É uma grande oportunidade de visibilidade para os artistas que estão em início de carreira que apresentam trabalhos com originalidade, experimentação, inovação, conceito e contemporaneidade”, comenta o diretor executivo de Marketing e Comunicação da CAIXA, Mário Ferreira Neto.

 

Após a temporada no Rio, ainda em 2017, a exposição visitará São Paulo e Brasília. Ao longo de 2018, a mostra circulará por todas as outras unidades da CAIXA Cultural: Fortaleza, Recife, Salvador, Curitiba.

 

Participantes

Adriano Catenzaro (PR) – Adriano Catenzaro nasceu em 1979, em Curitiba, onde vive e trabalha. Formado em design gráfico e de embalagens, produz obras que exploram a colagem manual de recortes de papéis. Selecionado para o 5º Salão de Outono da América Latina e 24º Salão Curitibano de Artes Visuais, também foi premiado no IV Prêmio a La Ilustración Latinoamericana Diseño en Palermo.

 

 

Alessandra Buffe (SP) – Formada em Artes Plásticas (FAAP) e Desenho Industrial (USP), Alessandra Buffe participou de exposições como Diálogos de Atelier – Gravurar (Santos, 2017); 4º SOAL – Salão de Outono da América Latina (SP, 2016);  Surrealismo Tenerife – Círculo de Bellas Artes de Tenerife (Espanha, 2015); escultura Árvore (2013) e  escultura Ciclo (2014), no Cemitério Memorial Parque das Cerejeiras – SP.

 

 

Ana Kawajiri (PR) – Ana Kawajiri é brasileira, nascida em Curitiba, Paraná. É artista plástica, historiadora da Arte e museóloga. Desde 2014 reside em Brasília, Distrito Federal. Cursou Pintura na Escola de Música e Belas Artes em Curitiba-PR e História da Arte e Museologia na École du Louvre em Paris, França. Realiza trabalhos em pintura, desenho, colagem, fotografia, bordado e arte-objeto.

 

 

Andrea Vasconcelos (ES) – Andréa Vasconcelos nasceu em 1964, em Linhares (ES). Vive e trabalha em Belo Horizonte, MG. Graduou-se em Artes Visuais pela Escola Guignard UEMG com habilitação em pintura em 2015.  Frequenta o Grupo de Estudos de Pintura Contemporânea no Ateliê Alan Fontes. Além disso, realizou residência artística no Ateliê de Pintura Steve Tyerman, na Austrália, nos anos de 2015 e 2016.

 

 

Cátia Lantyer (BA) – Baiana de Dias D’ávila e residente em Salvador, Cátia Lantyer é mestranda no Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura da Universidade Federal da Bahia. Participou do Circuito das Artes 2014, com o ensaio fotográfico “A urbis e a imagem”. Artista selecionada pelo projeto Mapa da Palavra, da FUNCEB, em 2016, fez parte de mesa redonda na Feira Literária de Cachoeira.

 

 

Cecília Urioste (PE) – Cecília Urioste nasceu em Recife em 1980, onde reside atualmente. Morou em Madrid em 2007, onde cursou o Master em Fotografia de Arte na EFTI. Participação na exposição coletiva Encontros de Agosto, no Centro Cultural Dragão do Mar (Fortaleza-CE), em 2016; selecionada pelo Funcultura para desenvolvimento da pesquisa artística – Recife, 2016.

 

Denise Silveira (RJ)Carioca, Denise Silveira formou-se em Design na UFRJ, onde seu desejo pelas artes plásticas foi despertado. Anos depois, retomou a antiga paixão e iniciou seus estudos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Na EAV, produziu uma série de experimentos com texturas diversas, dentre elas Nuvem, que integrará sua primeira exposição.

 

 

Elaine Stankiewich (PR) – Elaine Stankiewich é artista visual e designer. Nascida em Francisco Beltrão, em 1979, vive em Curitiba. Bacharel em Gravura e pós-graduada em Poéticas Visuais, na EMPAP-PR. Participou de mostras como Novas Poéticas RJ (2016); Arte na Fábrika, Curitiba (2016); 24º Salão Curitibano de Artes Visuais (2016); e o Núcleo de Artes Visuais SESI-PR (2015).

 

Felipe Seixas (SP) – Felipe Seixas (São Bernardo do Campo, 1989) vive e trabalha em São Paulo, onde se graduou em Design Digital pela Universidade Anhanguera. Entre suas principais exposições estão a sua primeira individual, ‘(I)matérico presente’, além de participação na 1° Bienal de Arte Contemporânea Sesc DF.  Em 2015, recebeu a Menção Especial no 22° Salão de Artes Plásticas de Praia Grande.

 

 

Fernando Bueno (GO) – Artista autodidata, astrônomo, fotógrafo e músico, Fernando Bueno nasceu em Guarulhos (SP) e atualmente reside em Goiânia (GO). Atualmente cursando Administração de Empresas, foi convidado para expor seus trabalhos em Londres, na Brick Lane Gallery (15 de julho de 2015) e em Florença (20 de julho de 2015).

 

 

Guilherme Malaquias (BA) – Nascido e criado em Salvador/Bahia, é formado em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Salvador. Participa de projetos sociais realizados em algumas comunidades da capital baiana, em ações voluntárias. Integrou exposições coletivas, com mais destaque para as realizadas pela rede social Instagram. A partir daí, foi convidado para exposições em Brasília, São Paulo e Colômbia.

 

 

Jefferson Medeiros (RJ) – Nascido e criado em São Gonçalo (RJ), onde reside atualmente. Tem Licenciatura em História e Pós-Graduação em Ensino de Histórias e Culturas Africanas e Afro-brasileiras.

 

 

Joana Bueno (RJ) – Joana Bueno nasceu no Rio de Janeiro em 1982, cidade onde vive e trabalha. Começou a estudar artes no ano de 2000, em cursos livres de desenho, pintura e teoria da arte na EAV do Parque Lage. Possui curso superior em Artes e Indumentária. Inicia sua carreira como figurinista no teatro e cinema e depois como diretora de arte, atuando por quatro anos como carnavalesca.

 

 

João Paulo Racy (RJ) – João Paulo Racy é artista e diretor de fotografia. Nasceu em 1981, no Rio de Janeiro, e atualmente vive e trabalha entre Rio e São Paulo. Foi contemplado com o prêmio Aquisição no 42º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto (SP) e no 15º Salão de Artes de Jataí (GO). Participou de exposições no Brasil, Alemanha, Espanha e Argentina.

 

 

José Viana (PA) – Nascido em 1988, em Belém (PA), é graduado em Comunicação Social e estudou Artes Visuais no Instituto Nacional del Arte, em Buenos Aires (Argentina). Recebeu Prêmio Arte Monumento Brasil 2016, com a obra Ímpeto; selecionado para Temporada de Projetos / Paço das Artes 2016 como Raio Verde, duo com Camila Fialho, com a obra 330 (ou sobre uma única viagem).

 

José de Arimatéa (PI) – Natural de Pedro II, Piauí, onde vive e atua até hoje, José de Arimatéa é formado em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Piauí, e atua como arte-educador. Participou de exposições coletivas e salões, sendo premiado duas vezes no Salão de Artes Plásticas de Teresina, na categoria Desenho (2011 e 2012).

 

 

Julie Brasil (RJ) – Julie Brasil nasceu na Guatemala, viveu em São Francisco, São Paulo e mora no Rio de Janeiro. É bacharel em pintura, mestre em Artes Visuais e atualmente é doutoranda em Imagem e Cultura pela UFRJ. Seu trabalho gravita entre os temas trauma, política, consumo e ironia. Participou de coletivas no Festival de Vídeos de Kassel, IBEU, SESC, Centro de Arte Hélio Oiticica, MUBE e Furnas.

 

Karine de Lima (DF) – Nascida em Belo Horizonte, atuou na área de meio ambiente por mais de dez anos. Após graduar em artes visuais na UFMG, mudou-se para Brasília, onde vive e trabalha. Desde 2016 se dedica à produção artística, na qual aborda  experiências humanas em relação à natureza e ao espaço.

 

 

Leonardo Savaris (RS) – Leonardo Savaris é natural de Caxias do Sul/RS, começou a fotografar em 2011 e, no ano seguinte, ingressou na faculdade de fotografia (Unisinos). Desde então atua como freelancer e vem aprimorando seu trabalho, merecendo destaque em publicações, exposições coletivas e concursos especializados. Destacam-se: Carta das Laranjeiras (BA), Paraty em Foco (RJ), Ateliê da Imagem (RJ), Mosaicografia (RS).

 

Lidia Malynowskyj (SP) – Nascida em Santos (SP), ingressou em 2008 no curso de Artes Plásticas na Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, onde viveu até 2011. Depois, mudou-se para Bertioga, onde reside e trabalha. Selecionada para exposições coletivas como o Salão de Piracicaba, Praia Grande e Jataí. Participou de residências artísticas internacionais, na Islândia (2013) e Hungria (2015)

 

 

Lucas Lugarinho Braga (RJ)Aos 25 anos, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Graduado pela Escola de Belas Artes da UFRJ em Pintura (2016), participou de exposições coletivas no Centro Cultural Calouste Gulbekian (RJ), Castelinho do Flamengo (RJ) e o Museo Del Chopo (Cidade do México). Em 2016 esteve na Cidade do México, por meio da bolsa Becas de Estancias Creativa, oferecida pelo governo mexicano.

 

 

 

Luciano Feijão (ES) – Mestre em Artes pela Universidade Federal do Espírito Santo, foi membro fundador do grupo Célula de Gravura, em 2009, com pesquisa em litografia. Participou de exposições individuais e coletivas em Vitória (ES), São Paulo (SP), Los Angeles (EUA) e Cidade do México (México). Produz ilustrações profissionalmente para livros, jornais e revistas desde 2003. Foi professor no Departamento de Artes Visuais / UFES e hoje coordena o NUPIE – Núcleo de Pesquisa em Ilustração Editorial / UFES / SESC.

 

Luiz Guimarães (RJ) – Administrador de empresas formado pela Universidade Fumec (BH), com pós-graduação em Gestão Logística e Supply Chain pela Fundação Dom Cabral. De 2012 até 2016 foi diretor administrativo financeiro do Museu de Arte do Rio – MAR. É mestrando em História e Crítica de Arte pelo Programa de Pós-graduação em Artes (PPGARTES) da UERJ.

 

 

Marcela Antunes (RJ) – Graduada em Artes Visuais pela UERJ, Marcela Antunes atualmente cursa o Mestrado em Arte e Cultura Contemporânea na mesma instituição. Desde 2005 pesquisa relações entre as linguagens da performance e da fotografia. Participou de residências, festivais de performance e workshops no Brasil, Lituânia, Noruega, República Checa, Índia, México, Colômbia e Espanha.

 

 

Natalie Mirêdia (ES) – Natalie Mirêdia nasceu em 1992 em Vitória (ES) e se formou em Artes Plásticas na UFES. Atualmente mora em São Paulo e trabalha como artista e produtora cultural no Performe-se Festival. Participou de mostras no Brasil e exterior, como New Worlds: Violence Remains de Video/Performance Latinoamericano (Helsinki) e  Venice Experimental Video and Performance Art Festival (Veneza).

 

Natasha Ulbrich Kulczynski (RS) – Natasha Kulczynski nasceu e reside em Porto Alegre, é formada em Design e Artes Visuais, e atualmente cursa o mestrado em Artes Visuais pelo PPGAV (UFRGS). Participou do Projeto Cantigas do Mundo – Le Comptines á Travers le Monde, Espaço de Arte Sapato Florido, 2015; da exposição Expressões do Múltiplo, 2017; e coletivas na Pinacoteca Barão de Santo Ângelo, Porto Alegre, RS..

 

 

Paula Viana (SP) – Nascida em São Paulo em 1982, cidade onde graduou-se em Psicologia e vive até hoje, pela PUC-SP, em 2008. Atualmente trabalhando com criação em design gráfico, Paula Viana atua como professora de Arte e Experimentação para crianças e participa do Coletivo de Artistas da Casa Lumieiro.

 

 

Rafael Antonio Ghirardello  (SP) – Natural de São Paulo, onde reside, Rafael Antonio Ghirardello é graduado em Comunicação das Artes do Corpo (PUC/SP), com habilitação em Teatro e Dança, e com licenciatura em Artes Plásticas pela USP. Atua como cenógrafo e aderecista de teatro, incluindo espetáculos como Cacilda !!!!! e Macumba Antropofágica, do Teatro Oficina. Realiza trabalhos em artes plásticas para o cinema, teatro e cubo-branco.

 

 

Sanzio Marden (SP) – Mineiro de Ponte Nova, cresceu em Belo Horizonte e trabalhou com Patrimônio Histórico nos Estados do Ceará, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. Formado em Artes Plásticas pela Escola de Artes Visuais Guignard, em Belo Horizonte, especializou-se em Arte e Educação pela Universidade Estadual Vale do Acaraú-CE

 

 

Talitha Filipe (DF) – Nascida em Brasília, onde se formou em Arquitetura e Urbanismo pela UNB e reside até hoje, Talitha Filipe iniciou em 2011 sua segunda graduação, em Artes Plásticas, na mesma instituição. Em setembro deste ano inicia o mestrado na Faculdade de Belas Artes na Universidade do Porto, Portugal, na área de Arte e Design para o Espaço Público.

 

 

 

De 30 de maio a 23 de julho.

sobre a terra : na Gentil Carioca

28/maio

A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta “primeiro estudo: sobre a terra”, exposição curada por Bernardo Mosqueira. A coletiva se dará na Rua Gonçalves Lêdo,17 (sobrado), com a abertura ocorrendo no dia 27 de maio às 18hs. O contrabólide “Contra-Bólide Nº1 – Devolver a Terra de volta à Terra”, de Hélio Oiticica, será executado às 18h durante a abertura, na Praça Tiradentes. No prédio nº 11 acontecerá simultaneamente a abertura da exposição individual de Bernardo Ramalho “ASCENSÃO cada semente é uma planta”.

 

 

 

Artistas envolvidos no projeto

Anna Bella Geiger | Carol Valansi | Guga Ferraz | Hélio Oiticica | Luiz Alphonsus
Maria Laet | Manfredo de Souza Neto | Matheus Rocha Pitta | Mestre Didi|Rafael Rg | Regina Galindo | Rodrigo Braga

 

 

 

 

A PALAVRA E A TERRA

 

 

Carlos Drummond de Andrade, 1962.

 

I

Aurinaciano

 

o corpo na pedra

a pedra na vida

a vida na forma

 

Aurinaciano

 

o desenho ocre

sobre o mais antigo

desenho pensado

 

Aurinaciano

 

touro de caverna

em pó de oligisto

lá onde eu existo

 

 

Auritabirano

 

 

II

Agora sabes que a fazenda

é mais vetusta que a raiz:

se uma estrutura se desvenda,

vem depois do depois, maís.

 

 

O que se libertou da história,

ei-lo se estira ao sol, feliz.

Já não lhe pesam os heróis

e, cavalhada morta, as ações.

 

 

Agora divisou a traça

preliminar a todo gesto.

Abre a primeiríssima porta,

era tudo um problema certo.

 

 

Uma construção sem barrotes,

o mugir de vaca no eterno;

era uma caçamba, o chicote,

o chão sim percutindo não.

Um eco à espera de um ão.

 

 

 

 

primeiro estudo: sobre a terra

 

 

 

(ao meu amor)

 

 

Análises de fósseis e vestígios materiais indicam que a geofagia era praticada entre os Homo habilis há 2 milhões de anos e entre os primeiros Homo sapiens há mais de 150 mil anos. Nos últimos 5 milênios, a ingestão de terra esteve presente na cultura de povos das mais diversas origens e, hoje em dia, é hábito comum no interior do Brasil, no Sul dos Estados Unidos, no Haiti e em diversas regiões em todos os continentes. A geofagia é utilizada como forma de disfarçar a fome, com propósitos medicinais, como parte de preceitos ritualísticos ou simplesmente por gosto ou cultura alimentar. Nesse último caso, a terra é utilizada como ingrediente em receitas, como acompanhamento de outros alimentos, na forma de bolos e biscoitos, in natura ou simplesmente temperada com especiarias. Muitas crianças e principalmente mulheres grávidas são acometidas pela alotriofagia (popularmente conhecido como “pica”) e sentem vontade incontrolável de comer terra, barro, tijolo e outros elementos que não são convencionalmente alimentos.

No Brasil, que tem mais de 50% de sua população afrodescendente, a geofagia era comum entre os negros escravizados entre os séculos XVI e XIX, e sua prática era castigada com violência física e com o uso da Máscara de Flandres, cuja imagem sobre o rosto de Anastácia ainda assombra o imaginário brasileiro. O banzo (espécie de saudade profunda do passado africano, limite do sujeito diante da exploração e da desumanização no novo continente) levava muitos negros à morte por desnutrição ou pelo suicídio. Desterritorializados, à distância irremediável de sua terra natal, muitas vezes os negros escravizados se matavam por meio da geofagia excessiva, ou seja, tiravam a própria vida comendo muita terra.

A partir do entendimento da força simbólica desse gesto íntimo de preencher a própria luz digestiva ou própria sombra existencial com terra é que se iniciou uma pesquisa sobre os procedimentos criados pelos artistas para se relacionarem com esse elemento. Dada a amplitude e potência desse tema, essa exposição é necessariamente incompleta – como um punhado de terra diante de todos os solos do planeta. Movimentando-se entre sobre a terra e o subterrâneo (“underground é difícil demais pro brasileiro”), essa mostra reúne uma primeira e contida experiência curatorial sobre a relação material, conceitual, política e simbólica entre o humano e a terra.

Da terra viemos, da terra vivemos, para a terra voltaremos. Está na terra o curso do destino. Se a epistemologia hegemônica confunde terra com território (e, portanto, ser com ter), devemos recorrer a outras epistemologias para compreender que só é possível algum futuro se entendermos ser terra. Ser da terra. É da terra a grande força ancestral, a alimentação, os ciclos naturais, a abundância e a cura. Somente reconhecendo seu poder e relevância, seremos capazes estar com ela num pacto de saúde e prosperidade. Onilé Mojuba! Salubá! Arroboboi! Atotô! Demarcação já! Demarcação já!

 

Bernardo Mosqueira, Maio de 2017

Biquínis no CCBB-Rio

17/maio

A exposição “Yes! Nós temos biquíni”, no CCBB Rio, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta os aspectos sociais, históricos e culturais de uma criação revolucionária no mundo da moda e a sua devida apropriação pelos brasileiros, transformando-a em objeto de desejo do mundo todo. O traje nasceu na França, em 1946, mas originou-se há séculos, como mostram as preciosas tangas marajoara do período pré-colombiano. Do pesado traje de banho do século 19 às novas modelagens do século 21, a exposição ressalta as mudanças de comportamento e conquistas da mulher nesse período, os padrões de beleza e sua relação com a arte. A curadoria é de Lilian Pacce.

 

A mostra reúne cerca de 120 obras, entre looks icônicos e históricos de moda praia, fotografias, pinturas, esculturas, vídeos, ilustrações, instalações, artefatos históricos e amplo material iconográfico. Performances, debates e um ciclo de cinema também fazem parte da programação da exposição, que ocupará o 2º andar do Centro Cultural.  A exposição é patrocinada pelo Banco do Brasil.          

 

“A moda, para além de seu propósito inicial que é vestir o corpo, sempre esteve relacionada a questões sociais, culturais, políticas e econômicas. Esta exposição traz uma diversidade, que sempre buscamos para a programação do CCBB e apresenta um diálogo entre o elemento de maior representação brasileira na moda mundial com obras de arte contemporâneas que desafiam o visitante a interpretar essas associações”, comenta o gerente-geral do CCBB Rio, Fabio Cunha.

 

O percurso começa com uma explicação sobre a criação do engenheiro francês Louis Réard, que ousou diminuir a calcinha de cintura alta e revelar o umbigo da mulher – símbolo do vínculo e da ruptura entre duas vidas, zona erógena, centro do corpo humano e do mundo, como se percebe na obra Um.Bigo, de Lia Chaia. Réard queria que sua ideia fosse tão explosiva quanto os primeiros testes nucleares no atol de Bikini – daí surge o nome da peça. Ilustrando modas, modismo e rupturas, uma linha do tempo mostra a evolução do traje de banho, com peças originais desde o século 19 até hoje, looks que sintetizam a imagem de cada década assim como as mulheres que fizeram a fama do biquíni ao longo da história.

 

Na sala seguinte, o visitante descobre que historicamente, apesar de ser uma criação francesa, o crédito pela invenção do biquíni poderia caber aos índios brasileiros e sua forma de cobrir o corpo. Tangas marajoaras datadas do período pré-colombiano, cedidas pelo Museu de Arqueologia e Etnologia – USP, mostram que os trajes já eram usados por aqui muito antes do descobrimento, mas não eram percebidos como “roupa” sob o prisma da moral dos colonizadores portugueses. A sala se completa com obras de artistas nascidos em outros países, mas que escolheram o Brasil para viver, como Claudia Andujar, John Graz e Maureen Bisilliat, que representam o encantamento dos estrangeiros com nossa cultura, e também biquínis inspirados na cultura indígena.

 

Temas fundamentais nos dias atuais, o empoderamento feminino e questões ligadas aos padrões de beleza impostos pela sociedade fazem parte do debate proposto pela exposição. A reflexão sobre o corpo e a praia acontece na próxima sala por meio do diálogo das obras de Marcela Tiboni, Claudio Edinger e Elen Braga com criações dos estilistas Amir Slama, Isabela Frugiuele (Triya) e Adriana Degreas, além da escultura de Tiago Carneiro da Cunha. Já a relação entre moda e arte é tratada pela inspiração mútua e parcerias inusitadas – Beatriz Milhazes, Glauco Rodrigues e Jorge Fonseca para Blue Man, J. Carlos para Salinas, Gonçalo Ivo e J. Borges para Amir Slama, Maria Martins para Adriana Degreas. No centro da sala, em destaque, Stripencores, obra de Nelson Leirner de 1967 que ganha um quinto elemento criado especialmente para a mostra.

 

A praia como território geográfico, social e até virtual surge em cenas do dia a dia nas imagens captadas pelas lentes de Alair Gomes, Cartiê Bressão, Fernando Schlaepfer, Frâncio de Holanda, German Lorca, Julio Bittencourt, Otto Stupakoff, Pierre Verger, Rochelle Costi,  Thomaz Farkas e Willy Biondani, além de vídeo de Janaína Tschape e de escultura de Eder Santos. Como contraponto, o trabalho elaborado por nomes que ajudaram a criar a identidade da moda praia brasileira (e projetá-la mundialmente) surge em imagens icônicas: Dalma Callado em foto que alavancou sua carreira internacional nos anos 1970, feita por Luiz Tripolli, e Gisele Bündchen clicada por Jacques Dequeker no início dos anos 2000, já famosa – e ainda Antonio Guerreiro, Bob Wolfenson, Claudia Guimarães, Daniel Klajmic, Klaus Mitteldorf, Marcelo Krasilic, Miro e Vavá Ribeiro.

 

Mas muito antes dos editoriais de moda, era o ilustrador e figurinista Alceu Penna quem “ditava” tendências na extinta revista “O Cruzeiro” com “As Garotas do Alceu”, verdadeiras it girls da época. A praia é vista também pelo traço das ilustrações de Carla Caffé, Filipe Jardim e Paulo von Poser. A sala traz ainda uma videoinstalação com grandes momentos da moda praia nas semanas de moda no Brasil, e uma série de manequins com biquínis e maiôs de caráter excepcional, seja pela construção, modelagem, material ou pela criatividade em si – prova de que o biquíni é a peça mais brasileira de todas.

 

Na última sala, o visitante é convidado a compartilhar experiências de praia, diante das obras de Cássio Vasconcellos, Katia Maciel e Leda Catunda – e da pergunta que fica: qual é a sua praia? “A força de uma peça tão pequena como o biquíni brasileiro, basicamente quatro triângulos de tecido, está diretamente ligada ao emporaderamento feminino ao longo do último século e vai muito além da praia em si. A exposição pretende mostrar essas interfaces, seu impacto nas conquistas da mulher e o lifestyle criado em torno dele”, diz a curadora Lilian Pacce, autora do livro O Biquíni Made in Brazil. A cenografia é assinada por Pier Balestrieri, com comunicação visual de Kiko Farkas, consultoria de arte contemporânea de Sandra Tucci, coordenação geral e produção executiva da Com Tato Agência Sociocriativa.  

 

 

Palestra – A Revolução Feminina na Areia

 

31/05/2017, às 18h30 – Painel sobre as mudanças sociais que acompanharam a evolução dos trajes de moda praia e as conquistas femininas.

 

 

A palavra da curadora

 

Yes! Nós Temos Biquíni explora as conexões entre moda, arte, comportamento e história a partir do final do século 19, quando ir à praia era como tomar remédio: tinha apenas função terapêutica. Desde então, a praia se tornou um espaço democrático de lazer, onde convivem jovens e velhos, ricos e pobres, magros e gordos, atletas e sedentários, branquelos, bronzeados e gente de todas as cores com seus “corpos de praia”.

 

Acima de tudo, a exposição pretende mostrar a força da menor peça do vestuário feminino: o biquíni. E mais do que isso: o biquíni made in Brazil que, numa rara virada de jogo, se tornou objeto de desejo mundo afora. Apesar de ter sido criado na França, o Brasil se apropriou tão bem da peça que se tornou referência em moda praia; o Rio de Janeiro, seu melhor cenário, e a Garota de Ipanema, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, sua maior musa, seguida pela modelo Gisele Bündchen.

 

De um exemplar autêntico de 1895 (um vestido de lã com bloomer), passando pela conquista do maiô de perninha até chegar ao mínimo fio-dental, nota-se como os modelos de cada época refletem as respectivas conquistas da mulher – muitas vezes tema de grandes escândalos, seja com a atriz brasileira Leila Diniz expondo sua barriga de grávida num biquíni em 1971, seja com a prisão da nadadora olímpica australiana Annette Kellermann em 1907 por usar o então maiô masculino. A pesquisa deixa claro também que os protagonistas da história, tanto criadores como criaturas, não se deram conta da relevância de seus atos e do impacto que provocariam na sociedade e na arte ao longo do século 20.

 

E através da arte, o biquíni ganha outras perspectivas. A exposição cria diálogos e contrapontos entre arte e moda, de onde surgem texturas, cores e emaranhados ao mesmo tempo que levam para a praia do Rio de Janeiro o despojamento, a diversão, o despudor, o corpo solto. A obra Stripencores de Nelson Leirner de 1967 ganha um quinto elemento, o biquíni, criado especialmente para a mostra.

 

Os vários modos de estar e de ocupar estes territórios de liberdade que a praia, o sol, o mar e o biquíni permitem são retratados em obras de suportes variados como fotografia, pintura, escultura, vídeo, ilustração. De cada um deles surge uma interpretação, uma discussão ou o simples ato da contemplação.

 

As paisagens, a natureza, o comportamento ao ar livre e a apropriação de espaços geográficos, sociais e até virtuais indicam que o biquíni pode se apresentar de muitas formas, mas sempre traz consigo a busca da liberdade feminina e sua relação com o próprio corpo.

Lilian Pacce

   

   

De 17 de maio a 10 de julho.

Festa em Santa Teresa

A Festa Literária de Santa Teresa, FLIST, Rio de Janeiro, RJ, que, anualmente, leva 20 mil pessoas à Santa Teresa, em especial, ao Parque das Ruínas, acontece nos dias 20 e 21 de maio e vai homenagear as autoras Conceição Evaristo e Graça Lima. O evento terá também três tributos: 100 anos da compositora chilena Violeta Parra, 55 anos de Cássia Eller e 90 anos de Tom Jobim. A FLIST é organizada pelo Centro Educacional Anísio Teixeira – CEAT. O evento que terá apresentações musicais, exposições, contação de histórias e bate-papos será encerrado com um show da cantora Elisa Addor no domingo, 21 de maio, às 17hs.

 

A FLIST, em sua nona edição, dará visibilidade ao protagonismo feminino. Estarão em debate, e nos debates, as mulheres que vivem das letras, das palavras, da literatura, dos bordados, as que buscam autoconhecimento, bem-estar e qualidade de vida, as que fazem trabalhos corporativos, as que vivem da cozinha e as indígenas.

 

A FLIST terá quatro exposições: No mundo da Mitologia Iorubá; Livros para Vestir; Quantas Origens cabem dentro de mim? E uma exposição em homenagem à Cássia Eller, Tom Jobim e Violeta Parra.

 

 

Outros espaços

 

O Museu Chácara do Céu vai sediar uma conversa com a artista plástica Noni Ostrower sobre o acervo do instituto que leva o nome da sua mãe, Fayga Ostrower. No Estúdio Denise Tenório, acontece, duas vezes por dia, a performance multimídia Leitura compartilhada Em cena ando com João Cabral de Melo Neto.

 

 

Outras atrações

 

Entre as atrações estão também: Troca-troca de livros da Secretaria Municipal de Cultura; Geladeira Literária do CEAT; Banca de livros: empréstimo de livros para moradores de Santa Teresa e Bré-Art – Brechó social de moda sustentável. As livrarias Paulinas, Blooks e a editora Malê estarão presentes ao evento com seus lançamentos.

Beatriz Milhazes no Rio

16/maio

Pintora por excelência, Beatriz Milhazes vem recentemente experimentando as potencialidades e desafios da escultura. O resultado desse processo, iniciado em 2010, pode ser visto na exposição “Marola, Mariola e Marilola”, a partir do dia 20 de maio, na Carpintaria, novo espaço da Fortes D’Aloia & Gabriel, no Rio de Janeiro, RJ.

 

São três grandes trabalhos tridimensionais, que apresentam forte sintonia com suas telas, gravuras e colagens, mas propõem novos e instigantes nexos perceptivos. Como se seus motivos característicos – como o círculo, a flor e o arabesco – tomassem conta do espaço e estabelecessem entre si um novo tipo de relação corporal, física, determinada também pelos intervalos entre elementos e pela posição do espectador. Dependendo do ângulo em que você observa a peça, forma-se um outro trabalho. É uma vivência concreta, em que o corpo da obra relaciona-se com o corpo do observador. “Esta possibilidade física é uma área de investigação que a pintura não oferece”, esclarece.

 

As três esculturas que dão título à mostra foram criadas ao longo de cinco anos de pesquisa – com a realização de diversas maquetes em tamanho natural – na Durham Press, estúdio na Pensilvânia, USA, onde Beatriz desenvolve, desde 1996, sua produção gráfica, em paralelo a uma intensa agenda de trabalho e exposições. São peças grandes, com altura que varia entre 2,26 e 2,89 metros e que lidam com o espaço de diferentes maneiras, quer potencializando o corpo da obra (as circunvoluções de Marola criam um corpo mais denso no espaço, com largura e espessura quase equivalentes), quer servindo como divisor de campos, como no caso de “Marilola”, que tem menos de meio metro de espessura e funciona quase como uma cortina. Inéditas no Brasil, as três peças foram exibidas nas galerias que representam a artista em Paris e Nova York (James Cohan Gallery, NY, e Max Hetzler, Berlin/Paris).

 

Os títulos, como costuma acontecer na produção de Milhazes, são interessantes chaves de leitura. Além de promoverem a conexão entre as obras, reafirmam a importância do ritmo, da sonoridade e da brasilidade em seu trabalho. A primeira e maior delas, que segundo ela ainda apresenta uma forte conexão com a ideia do móbile, remete ao ir e vir das ondas, à noção de movimento constante e sedutor.

 

“Mariola”, doce popular, também traz ecos da cultura vernacular que tanto alimenta a artista, enquanto “Marilola” brinca com a sonoridade, num jogo lúdico de palavras, num procedimento que se assemelha ao jogo espacial que ela cria a partir da associação de diferentes materiais e cores. Nas três peças, o conjunto é articulado a partir de um desenho em metal, que serve de suporte para os diferentes elementos. Há nessas composições uma lógica semelhante à da colagem, fortemente presente na pintura de Milhazes.

 

Tudo começou com um cenário feito por Beatriz para um espetáculo de dança de sua irmã, a coreógrafa Márcia Milhazes, em 2004. Ao criar uma espécie de lustre no centro do palco, ela foge pela primeira vez da ideia de painel que sempre havia regido seu trabalho cenográfico e coloca diante de si um desafio tridimensional que viria a se tornar cada vez mais agudo.

 

O primeiro resultado desse mergulho no espaço foi a série “Gamboa” (que esteve presente na mostra realizada há quatro anos no Paço Imperial), que para a artista ainda não pertenceriam ao campo escultórico. “Não considero que “Gamboa” lide com o volume, com o espaço arquitetônico, físico”, diz. Outra diferença em relação à experiência de Gamboa é o tipo de material utilizado. Enquanto o primeiro debruçava-se sobre elementos próximos à cultura do carnaval e da festa de rua, nas esculturas mais recentes Beatriz buscou propositalmente trabalhar com elementos mais resistentes, com materiais atraentes como os metais polidos, o acrílico e a madeira, transformada em suporte para intervenções pictóricas.

 

“Sou uma pessoa do bidimensional. Minhas ideias, conceitos estão totalmente ligados ao plano”, afirma, explicando como foi difícil e instigante esse desafio. “A maior dificuldade foi começar a raciocinar em três dimensões”, explica. Trata-se de um processo cheio de idas e vindas, no qual procurou “a partir do meu repertório, aprofundar, trabalhar verticalmente, evoluindo na tridimensionalidade”. “Foi quase uma aventura”, conclui Beatriz, que este semestre terá grande parte de sua obra reunida em um volume da série especial que a editora alemã Taschen dedica a grandes pintores contemporâneos. O livro, em grande formato, terá tiragem limitada (assinada de próprio punho pela artista) e será lançado em quatro idiomas: alemão, inglês, francês e português. Beatriz fará assim parte de um seleto grupo de homenageados que já inclui nomes como Jeff Koons, Cristopher Wool, Neo Rauch, Albert Ohelen, Darren Almond, Ai WeiWei e David Hockney.

 

“Marola, Mariola e Marilola”, que reforça a vocação experimental e de promoção de cruzamentos entre diferentes linguagens da Carpintaria.

 

 

 

Até 15 de julho.

 

 

Sobre a artista

 

Beatriz Milhazes é formada em Comunicação Social. Ingressou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage em 1980, onde estudou até 1983. Como professora de pintura, lecionou até 1996. Milhazes é considerada uma das mais importantes artistas brasileiras. Consolidou sua carreira no circuito nacional e internacional de artes visuais com participação nas bienais de Veneza  – 2003 -, São Paulo – 1998 e 2004 -, e Shangai – 2006 -, e exposições individuais em museus e instituições prestigiosas, como a Pinacoteca do Estado de São Paulo – 2008 -; Fondation Cartier, Paris – 2009 -; Fondation Beyeler, Basel -2011 -; Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa – 2012 ; Museo de Arte Latinoamericano, Malba, Buenos Aires – 2012 -; e, mais recentemente, o Paço Imperial, Rio de Janeiro,  – 2013-, e o Pérez Art Museum, Miami, USA,  – 2014/2015. Suas obras integram as coleções do Museum of Modern Art (MoMA), Solomon R. Guggenheim Museum e The Metropolitan Museum of Art (Met), em Nova York; do 21st Century Museum of Contemporary Art, no Japão; e do Museo Reina Sofia, em Madrid, entre outros. A artista vive e trabalha no Rio de Janeiro.

Suzana Queiroga no MNBA

15/maio

Completando dez anos de criação, o projeto “Ver e Sentir através do toque” do Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, RJ, voltado para a acessibilidade e a sustentabilidade, inaugura uma nova fase: o foco agora se volta para a arte contemporânea.

 

Nesta nova etapa a convidada é a artista visual Suzana Queiroga, integrante da famosa Geração 80 do Parque Lage, cuja exposição o MNBA abre na Sala Mario Barata, no dia 16 de maio, às 12h, em evento integrante da 15ª Semana dos Museus, promovida pelo IBRAM.

 

Um dos destaques da mostra é a obra “Topos”, um relevo em gesso doado em 2009 ao MNBA, produzida já com a intenção de participar de um projeto educativo, no qual a relação com a obra pudesse ser estimulada a partir da percepção tátil.

 

Além desta, serão exibidas outras três obras, sendo que uma delas será produzida na abertura da exposição, focando no desenvolvimento de uma rica experiência sensorial com cegos e videntes. Suzana Queiroga vai apresentar um mapa interativo da região onde se localiza o Museu Nacional de Belas Artes, além de outras obras que poderão ser tateadas.

 

O trabalho “Topos” será ambientado num novo contexto, onde a percepção visual pode ser minimizada e outros sentidos precisam ser ativados, o relevo, junto a outras obras, ganha novas dimensões e um espaço ampliado. Em um ambiente com pouca iluminação e sem informação textual, pretende-se acionar outros sentidos, que as cores ganhem som, cheiro, textura, sentimentos e sensações.

 

“É um caminho a ser percorrido com o corpo, onde o tempo é ativado e uma narrativa se inicia. Aqui, dar espaço aos outros sentidos é uma oportunidade singular de reaprender o mundo”, explicam os curadoes Daniel Barretto, Simone Bibian e Rossano Antenuzzi, todos técnicos do Museu Nacional de Belas Artes/Ibram/MinC.

 

Paralelamente, haverá uma mesa-redonda com a artista e seus convidados, discutindo o tema da ciência e arte, incluindo a participação de uma neurocientista.
Iniciado em 2007, o projeto previu a possibilidade do toque em reproduções em baixo relevo e algumas maquetes, feitas a partir do acervo artístico do museu, de obras especialmente selecionadas para este trabalho. O objetivo foi possibilitar a experimentação estética e o conhecimento sobre história da arte e processos artísticos, tornando-os acessíveis às pessoas cegas e com baixa visão, de forma a democratizar o acesso à cultura.

Memórias sobre papel

O artista plástico Marcos Duprat inaugura a exposição individual “Memórias Sobre Papel” na sala Clarival do Prado Valladares, no Museu Nacional de Belas Artes, Cinelândia, Rio de Janeiro, RJ.  

 

A mostra é um panorama dos desenhos de Marcos Duprat, em mais de quatro décadas, e reúne 36 obras sobre papel. As imagens ilustram as transformações em sua linguagem e imagística em seu enfoque do “enigma da realidade visível”.

 

Datadas de 1977 a 2017, seus trabalhos abordam a temática do mundo exterior (paisagens e figuras na água) e o mundo interior (naturezas mortas, retratos, figuras e reflexos em espaços íntimos). O artista utiliza diversos meios, como lápis de cor, crayon, pastel seco e oleoso, aquarela e óleo sobre diferentes papéis: Canson, Schoeller, Fabriano, polpa vegetal e papéis artesanais japoneses e brasileiros. A luz é um elemento chave na articulação dessas imagens.

 

Para o artista, essa mostra marca os momentos importantes em seu percurso artístico e pessoal: “Algumas dessas imagens são por mim associadas a minha memória afetiva e outras a lembranças e registros dos diversos países onde vivi, em especial os dez anos em que estive na Ásia. É para mim um momento feliz poder partilhar com o público da minha cidade esses registros”. Desde 2008, Marcos Duprat tem seu ateliê no Rio de Janeiro. Seu acervo pessoal conta com um número expressivo de pinturas, desenhos, fotografias e esculturas.  

 

 

Sobre o artista

 

Nascido no Rio de Janeiro em 1944, Marcos Duprat manteve ao longo de sua vida diplomática a constância e o fluxo de sua obra. As influências de sua formação artística no Rio de Janeiro e nos EUA, bem como posteriormente dos sete anos vividos na Europa e dos nove na Ásia, deixaram traços nítidos em seu trabalho. Não obstante, o seu registro visual é singular e se mantém coerente. Com sua formação artística iniciada no MAM do Rio de Janeiro, prosseguiu com o mestrado em Belas Artes em Washington, D.C, onde fez sua primeira individual, em 1977. Realizou inúmeras mostras individuais no Brasil, dentre as quais: MASP, SP, 1979 e 1988; MAC, SP, 1995; Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2006; e MUBE, Museu Brasileiro da Escultura, São Paulo, SP, 2015.  No Rio de Janeiro apresentou suas obras no Centro Cultural Correios, em 1995 e 2008; Instituto Cultural Villa Maurina, 1996 e no Centro Cultural Banco do Brasil, 1999. No exterior realizou também inúmeras exposições em museus, dentre os quais o Centro Culturale San Fedele, Milão, Itália, 1990; Museu Nacional da Hungria, 1993; Museo de Arte Contemporaneo de Montevidéu, Uruguai, 1999; Teien Metropolitan Art Museum, Tóquio, Japão, 2003 e a Sidhartha Art Foundation em Kathmandu, Nepal, 2013. Em 2016, realizou mostra retrospectiva de pinturas no Espaço Cultural Eliseu Visconti, na Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, RJ.

 

 

De 16 de maio a 02 de julho.

Curso sobre Doris Salcedo

Será desenvolvido nos dias 18 e 25 de maio curso sobre a obra de Doris Salcedo com a professora e museóloga Libia Schenker na Casa Museu Eva Klabin, Lagoa, Rio de Janeiro, RJ. No curso, “O grito de uma mulher”, Libia Schenker vai analisar o contexto histórico das obras da artista e seu discurso conceitual. O curso é imperdível. Doris Salcedo é uma das artistas colombianas de maior reconhecimento internacional. A artista plástica explora temas como a violência política, o tráfico de drogas, as milícias e o machismo em seu país.

 

 

Sobre a artista

 

Doris Salcedo, artista contemporânea colombiana, atua na denúncia da dramática luta entre o tráfico de drogas, guerrilheiros, milícias e o governo, uma tragédia que atinge esse país há cerca de 50 anos. Mas para concretizar essa temática ela cria uma linguagem visual sem sentimentalismo, e sim como um lugar simbólico onde o que foi destruição é refeito como memória coletiva, com características plásticas singulares, sem estetizar a dor.

Desvelar o seu discurso conceitual para captar a essência do trágico, é a tarefa primordial. Doris Salcedo busca quebrar a força agressiva do anonimato das mortes, do brutal assassinato dos mais desprotegidos, sem cair na armadilha oposta de voyeurismo, de exploração sentimental. Ela, acima de tudo, expõe como o tempo pode ser cruel com a memória. Mas não cria monumentos perenes, e sim obras que se apropriam de objetos cotidianos e simples pertences dessas vítimas da violência. Nomes e identidades, assim como imagens reais do drama são omitidos, a memória surge através do grito silencioso da sua Arte

 

1ª aula – Apresentação do contexto histórico e dos seus trabalhos desde o início da sua carreira e análise do seu discurso conceitual.

2ª aula – Continuação dessa apresentação até os dias atuais, e sua análise conceitual.

 

 

Sobre Líbia Schenker

 

Museóloga, especialista em História da Arte pelo Curso de Pós-graduação da PUC-RJ. Professora adjunta do Curso de Museologia da UNI-RIO (1977 – 2012), professora de História da Arte Moderna dos cursos do Departamento de Atividades Educativas no MAM-RJ (1982-1985). Autora do livro “Colecionismo Moderno – Uma Saga Russa”, Rio de Janeiro, Usina de Letras, 2011.

60ª  World Press Photo

11/maio

A fotografia vencedora do prêmio principal, a World Press Photo do Ano, foi “Um assassinato na Turquia”, do turco Burhan Ozbilici. O registro foi feito em dezembro de 2016, quando o policial Mevlüt Mert, que estava de folga, atirou contra o embaixador da Rússia Andrei Karlov em uma sala de exposições, em Ancara. Na imagem, o assassino aparece com a pistola na mão e o dedo em riste. Na ocasião, ele gritava: “Não se esqueçam de Alepo. Não se esqueçam da Síria”.

 

A foto esteve envolvida em certa polêmica e dividiu opiniões. O próprio presidente do júri – Stuart Franklin, também fotógrafo –  se opôs à escolha. Segundo ele, conceder o prêmio mais importante ao registro de um assassinato premeditado é amplificar a sua mensagem. No entanto, a maioria prevaleceu e a foto foi selecionada. O júri do concurso é independente e a sua decisão é sempre respeitada pela Fundação World Press Photo.

 

“Foi uma decisão muito, muito difícil, mas no final a maioria sentiu que a foto era uma imagem explosiva e muito representativa do ódio contemporâneo. Nós realmente achamos que ela resumia o que uma World Press Photo do Ano deve ser e representar”, afirmou Mary F. Calvert, membro do júri.

 

Segundo Rafael Ferraz, diretor executivo da Capadócia Produtora Cultural, que há dez anos realiza a exposição no Brasil, essas imagens, nos dão o real conhecimento do que está acontecendo no mundo. “Por exemplo, não teríamos dimensão da crise dos refugiados, se não fossem essas fotografias. Por isso, espero que a exposição ajude as pessoas a se sensibilizarem e refletirem sobre os assuntos que estão afligindo o nosso planeta”, afirma.

 

 

O Brasil na World Press Photo 2017

 

O brasileiro Lalo de Almeida, fotógrafo da Folha de S. Paulo, foi premiado pela primeira vez na World Press Photo. Ele recebeu o 2º lugar na categoria Assuntos Contemporâneos com o ensaio sobre bebês com microcefalia, vítimas do vírus da Zika, no Nordeste. O ensaio foi parte de um especial publicado pelo jornal em dezembro.

 

Já Felipe Dana, que trabalha para a agência The Associated Press e havia recebido uma Menção Honrosa em 2013, levou o terceiro lugar na categoria Notícias em Destaque com a imagem Batalha por Mosul, feita no Iraque durante a ofensiva das forças especiais iraquianas e das milícias aliadas para recuperar o controle da cidade tomada pelo Estado Islâmico.

 

O Brasil ainda está presente na foto do alemão Kai Oliver Pfaffenbach, que congelou o sorriso vitorioso do atleta jamaicano Usain Bolt na semi-final dos 100 metros rasos, nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. A imagem recebeu o 3º lugar na categoria Esporte, fotos individuais. Já a série de fotos premiada com o 3º lugar, na categoria Assuntos Contemporâneos (histórias), apresenta a triste realidade dos moradores de um conjunto habitacional abandonado em Campo Grande, no Rio de Janeiro. Os registros são do alemão Peter Bauza.

 

 

A premiação em números

 

A World Press Photo 2017 registrou inscrições de todo o mundo: 5.034 fotógrafos de 126 nacionalidades inscreveram 80.408 imagens. O júri distribuiu prêmios em oito categorias para 45 fotógrafos de 25 países: Austrália, Brasil, Canadá, Chile, China, República Tcheca, Finlândia, França, Alemanha, Hungria, Índia, Irã, Itália, Paquistão, Filipinas, Romênia, Rússia, África do Sul, Espanha, Suécia, Síria, Nova Zelândia, Turquia, Grã-Bretanha e EUA. A exposição é realizada em 45 países e vista por mais de quatro milhões de pessoas anualmente.

 

A World Press Photo, organização independente sem fins lucrativos, promove este que é o mais importante concurso internacional de fotojornalismo. A fundação está empenhada em apoiar e promover altos padrões de qualidade na fotografia, com o objetivo de gerar interesse no grande público pelo trabalho dos fotógrafos e de outros jornalistas visuais, e pela livre troca de informações.

 

 

De 16 de maio a 18 de junho