O livro de Glória Ferreira 

05/dez

No dia 07 de dezembro, será lançado o livro “Glória Ferreira – Fotografias de uma amadora” (coedição NAU Editora e Linha Projetos Culturais), na Livraria Argumento, Leblon, Rio de Janeiro, com fotos trajetória como fotógrafa. Com 236 páginas, o livro reunirá, pela primeira vez,fotografias produzidas por Glória Ferreira desde os anos 1970 até 2006 .“Suas fotos não precisam de assinatura e são quase que imediatamente reconhecidas. Sua inspiração vem do detalhe revelador que muitos enxergam mas não veem”, ressalta o jornalista Ernesto Soto no texto de apresentação do livro. A publicação tem patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura, através do edital Viva a Arte!

 

A publicação, que terá capa dura e será bilíngue (português/ inglês), destacará dez séries fotográficas da artista:“Para Tocha” (2003), “By” (2004-2006), “Cicatrizes” (2003), “De G. a S.” (2000), “Cenas” (anos 1980/1990), “Empenas” (anos 1990), “Olho por Olho, dente por dente” (1988), “Subindo o Tocantins Descendo o Araguaia” (anos 1980), “Experimentos” (anos 1980) e  “Retratos do Exílio” (anos 1970). Junto com as fotografias, estarão textos críticos escritos por Paulo Sergio Duarte, Ligia Canongia, Ernesto Soto, Tania Rivera, entre outros, que ao longo dos anos acompanharam a produção fotográfica da artista. Engajada na luta contra a ditadura militar nos anos 1970, Glória Ferreira foi exilada no Chile, Suécia e Paris.Foi no exílio que desenvolveu e amadureceu o interesse pela arte em geral e pela fotografia em particular.

 

 

Sobre as séries

 

Na série “Para Tocha”, Glória Ferreira registrou pessoas fotografando pontos turísticos de Paris. Em “Cicatrizes”, a fotógrafa registrou imagens de cicatrizes de pessoas anônimas, em fotos denominadas “um amigo”, “uma amiga”. A série “By” traz imagens de cenas em movimento, em diferentes situações e lugares. “Retratos do Exílio”reúne imagens feitas nos anos 1970, durante o exílio da artista no Chile. São as primeiras fotos feitas por Glória Ferreira, que começou a fotografar nesta época. Datas marcadas nas calçadas de Paris, por ocasião de reparos realizados, são registrados na série De G. a S.”. A série “Experimentos” traz fotos abstratas. Em “Subindo o Tocantins, descendo o Araguaia”, Glória Ferreira registra esta região e sua população através de imagens em preto e branco. A série “Cenas” é a maior delas e ocupa 58 páginas do livro, com imagens coloridas que registram cenas cotidianas.

 

 

Acessibilidade

 

Com o objetivo de promover o amplo acesso ao livro, da edição de mil exemplares, 70% serão distribuídos gratuitamente para centros de ensino de arte, espaços culturais e bibliotecas na cidade do Rio de Janeiro e adjacências. O restante irá para as livrarias.

 

 

Sobre a fotógrafa

 

Glória Ferreira é Doutora em História da Arte pela Sorbonne, professora colaboradora da Escola de Belas Artes/UFRJ e crítica e curadora independente. Entre suas curadorias mais recentes destacam-se as realizadas na Casa de Cultura Laura Alvim, em 2013 e 2014; “Figuração X Abstração no Brasil dos anos 40” (2010), na Escola de Belas Artes, em São Paulo; “Imagens em migração: Uma exposição de Vera Chaves Barcellos” (2009), no MASP, em São Paulo; “Anos 70 – Arte como questão” (2007), no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo; “Trilogias”, de Nelson Felix (2005), no Paço Imperial, no Rio de Janeiro e “Situações Arte Brasileira Anos 70” (2000), na Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro. Além disso, organizou e foi coeditora de importantes livros e publicações de arte. Fotografa desde 1971, com exposições no Brasil e no exterior. Dentre suas exposições destacam-se “4 exposições Individuais” (1988), na Galeria de Arte Ibeu Copacabana, no Rio de Janeiro; “Mulheres Fotógrafas. Anos 80”(1989), no Instituto Nacional da Fotografia/Funarte, Rio de Janeiro; “Photos” (1995), no Solar Grandjean de Montigny, Rio de Janeiro;  “Grande Orlândia” (2003), no Rio de Janeiro; “Convívio Luciano Fabro” (2004), no MuséeBourdelle,em Paris;  “Grande Orlândia” (2003), no Rio de Janeiro. Lançamentos dos múltiplos: “Para Tocha”, em 2003, e “BY”, em 2006, ambos no Rio de Janeiro.

Brincando com o Tempo

01/dez

Novo projeto do artista plástico e cenógrafo Sergio Marimba, o “Mobiliário do Tempo”, ganha forma e chega ao público. Marimba garimpa há anos em antiquários e feiras vários objetos antigos e os transforma em novos usos e significados de forma inusitada. Cada objeto tem uma história, uma luminária cirúrgica, por exemplo, foi revitalizada, teve a iluminação trocada por led e se tornou uma luminária de teto. Ao todo, mais de 50 peças que estarão expostas a partir de 03 de dezembro no atelier do artista, Ladeira Souza Doca, 4, Rio Comprido, Rio de Janeiro, RJ.
Sergio Marimba dá vida ao projeto de criar estes mobiliários, objetos decorativos, luminárias e assemblages, colocando estes itens ao alcance de quem preza por um objeto assinado com a linha da arte, cenografia e design arrojado. O antigo basculante de madeira de demolição, por exemplo, se transforma em uma mesa de centro, tendo no lugar dos vidros, cachepôs para uso de flores e objetos.
Outra criação inusitada foi a de uma luminária cirúrgica que, revitalizada, resultando em uma luminária de teto.

 

Esta não é a primeira vez que o artista brinca com a ideia de tempo. Em sua exposição “Lembranças perdidas”, Marimba expôs 11 esculturas à ação do tempo. A intenção era que as fotos antigas de pessoas desconhecidas impressas em grandes chapas de aço oxidadas sofressem um rápido desgaste natural para mostrar o efeito do tempo. Já no seu projeto mais recente Marimba realiza um processo inverso, dando vida nova a objetos que estavam fora de uso.

 
Sobre o artista
Sergio Marimba é artista plástico e cenógrafo. Autodidata, iniciou sua carreira em 1982 no carnaval, desenvolvendo estruturas e esculturas em metal para alegorias e fantasias nas principais escolas de samba do Rio de Janeiro. Nas artes plásticas tem como matéria-prima essencial o ferro oxidado e materiais com histórias.
Frequentou cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, participou de mostras individuais e coletivas.

Em shows, filmes, eventos e especialmente no teatro, trabalhou na criação de cenografia com renomados diretores. Foi premiado com o Mambembe (1998) e o Rio Dança (1988). Em 1998, participou do Oerol Festival, na Holanda, como cenógrafo convidado da companhia de teatro Dogtroep. Em 2011, apresentou a exposição individual Lembranças Perdidas na Caixa Cultural do Rio de Janeiro e de Brasília. No mesmo ano, recebeu a indicação de melhor cenário na 5ª edição do Prêmio APTR e o convite para representar o Brasil na Mostra Nacional da Quadrienal de Praga pela peça Mistério Bufo. Atualmente participou como cenógrafo dos DVDs de Morais Moreira, Alcione, Monobloco, Marcelo D2 E Pedro Luiz.

A Sereia e o Sapo

29/nov

“A Sereia e o Sapo”, é primeira exposição individual de Amanda Seiler. Em exibição, duas obras projetadas sobre um véu suspenso por cabos, na parede central da Galeria Cela, Centro Cultural Justiça Federal, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A curadoria é de Marco Antonio Teobaldo. As obras se alternam em um pulsar de imagens: o ambiente aquático de uma sereia aprisionada (Mermaid – 2015), e o brejo soturno, cenário do namoro de um casal de sapos (Blue and his vie en rose – 2008/2015). O ritmo das projeções ganha força com a instalação sonora criada por Flávio Lazarino, exclusivamente para esta mostra.

 

 

A palavra do curador
Amanda Seiler desenvolve um fascinante trabalho de fotomontagens digitais desde 2005, quando começou a experimentar sobreposições de imagens na tela do computador. A partir de suas fotografias e de imagens capturadas na Internet, a artista visual pesquisa composições que exigem apurado conhecimento espacial, até conseguir produzir um repertório que parece ter saído dos livros de fábulas. Contudo, seus enredos não são infantis, mas românticos, e por certas vezes, até melancólicos, quando suas cores saturadas remetem a um sentimento de desencanto, com reconhecida influência da estética kitsh.
No espaço quase tomado por completo pelas projeções, duas outras obras (Golden ball – 2008/2016 e Burst your bubble – 2009/2016) são apresentadas em impressão digital sobre tela, com intervenções em colagem, bordados e pintura, contrapondo-se às dimensões e ao suporte das outras duas. Apesar das mídias distintas, o conjunto possui uma coerência temática, que coloca o seu observador numa posição de voyeur destas cenas, cujo universo fantástico se completa com a arquitetura da própria galeria.
O método hightech de criação deste acervo onírico se rende à delicadeza da artista para narrar suas histórias, como prova de que existe espaço para a leveza no mundo contemporâneo.

 

Cartaz do MAC/Niterói

25/nov

O Museu de Arte Contemporânea de Niterói, MAC, Niterói, RJ, recebe a exposição em seu Salão Principal a exposição “Vontade de Mundo”, que sob a curadoria de Luiz Guilherme Vergara, apresenta uma seleção de cerca de 30 de obras da Coleção MAC Niterói – João Sattamini. A coleção mostra um sentido de unidade, por meio de incontáveis mundos possíveis em cada obra de arte. O objetivo é provocar cada visitante a tecer relações entre as obras entendidas como um mundo em si aberto ao tempo de infinitas leituras e temas. Uma coleção deste ponto de vista pode ser entendida também como um conjunto de relações entre diferentes mundos e sujeitos. As obras foram reunidas não por uma ordem histórica ou de valores estéticos, mas como poemas visuais abertos ao tempo de cada um, à liberdade e incerteza de hoje.

 
A organização desta exposição procura espelhar o mundo contemporâneo pela visão de multiplicidades de temas, meios e processos de criação e expressão. Igualmente não haveria mais uma hierarquia ou narrativa dominante descrita ou ilustrada pelos trabalhos dos artistas. Os grandes nomes de artistas dessa coleção são integrados por sinergias e afinidades que expressam relações e intuições palpáveis de um sistema valores velados em cada obra”, explica Luiz Guilherme Vergara.
Selecionando pinturas, objetos e esculturas,

 

 

Até 02 de abril de 2017.

 

Arte Monumental

24/nov

Uma megaexposição de arte contemporânea a céu aberto marcou a reabertura de espaço público carioca aos visitantes, Trata-se de um dos mais belos cartões postais do Rio de Janeiro, a Marina da Glória, Rio de Janeiro, RJ, que será transformado, durante um mês, em um grande museu aberto com obras tridimensionais modernas e contemporâneas. Funcionará como uma espécie de presente de fim de ano, a “Marina Monumental – Arte na Marina da Glória” marcando o retorno do conhecido espaço público após o período de realização dos Jogos Olímpicos. A exposição reúne trabalhos em grandes dimensões de dezenove artistas ligados profissionalmente a algumas das principais galerias nacionais.

 
“No Marina Monumental”, o visitante poderá apreciar grandes obras em um espaço amplo e público, mas com a adicional de serem ‘emolduradas’ por uma das paisagens naturais mais incríveis do mundo. Os trabalhos terão como pano de fundo a Baía de Guanabara, o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor, além dos Jardins do Parque do Flamengo, com sua natureza única e vigorosa”, descreve o francês Marc Pottier, curador da mostra, que vive e trabalha entre o Rio e Paris.

 
Outra atração é a variedade de expressões artísticas da mostra, que contará com instalações, esculturas, grafites, experiências interativas, performances e obras de som – todas estabelecendo uma suave interação com a arquitetura e o local. A exposição terá obras de Antonio Bokel, Almandrade, Amilcar de Castro, André Azevedo, Artur Lescher, Caligaprixo, Dirceu Maués, Frida Baranek, Flávio Cerqueira, Franz Weissmann, Galeno, Giovani Caramello, Henrique Oliveira, Ivani Pedrosa, Luiz Philippe Carneiro de Mendonça, Manfredo de Souzanetto, Paulo Vivacqua, Ursula Tautz e Zemog.

 
“É importante observar que, apesar de contar com ambientes propícios e praticamente prontos para atividades ao ar livre com a magnitude da Marina Monumental, a Cidade do Rio aproveita muito pouco essa vocação. É esse espaço que a Marina vai preencher ao incorporar a exposição à sua agenda regular de eventos”, afirma Katia Avillez, produtora executiva da megaexposição.

 

 

Até 18 de dezembro.

Jorge Salomão no Oi Futuro

22/nov

A exposição “Jorge Salomão – No meio de tudo isso”, tem curadoria de Alberto Saraiva. Jorge Salomão é um dos convidados do Projeto Poesia Visual 2 está em cartaz na Galeria 1 (primeiro andar) e Vitrine do Oi Futuro, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. Poeta, letrista, diretor de teatro, irmão de Waly, Jorge Salomão nasceu na Bahia e mora no Rio de Janeiro desde 1969, onde sempre marcou presença na cena cultural. É autor de canções gravadas por nomes como Marina Lima, Adriana Calcanhotto, Cássia Eller, Barão Vermelho, Zizi Possi e Zé Ricardo, entre outros. Figura cultuadíssima no Rio de Janeiro, completou 70 anos em o3 de novembro e está lançando novo livro de poesias, “Alguns poemas e + alguns”.

 

 

Até 08 de janeiro de 2017.

Exposição de Rosângela Rennó

17/nov

Fumaças, incensos, cores, cheiros, lembranças, mistérios, segredos…Em vídeos, fotos, frascos, sensações e reminiscências de viagem, artista reconstrói conceitos como memória e temporalidade.

 

Não há espera ou espaço para ansiedade na exposição “O ESPÍRITO DE TUDO”, de Rosângela Rennó, que o Oi Futuro Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a partir de 21 de novembro, com curadoria de Evangelina Seiler. Há, sim, uma atmosfera mágica que guarda muitas surpresas e convida o espectador a examinar objetos e ideias sob ângulos particulares, próprios. Olhares que a artista apenas sugere ou desperta, por meio de obras plasmadas em questões cotidianas da existência, no espaço vasto da memória ou na reverência pelo universo do outro, que cada indivíduo recebe, percebe ou processa de maneira única.

 

Seis obras se apropriam do Oi Futuro: desde as lanternas mágicas que abriram caminho à fotografia e flertavam com o ilusionismo de luz e sombra até a transformação radical de imagens em vídeo, pela manipulação de cor e não-cor – passando pela memória olfativa que evoca, em cada um, registros internos de variadas naturezas – a artista envolve o público em uma jornada poética, por novas formas de olhar, interpretar e reagir a variadas experiências.

 

“Rosângela Rennó ocupa o Oi Futuro com imagens, sons e aromas que dialogam com a arquitetura do centro cultural e prometem despertar novas sensações no público. Com essa exposição, o Oi Futuro reafirma sua vocação de catalisador criativo, valorizando a produção de vanguarda e inspirando a convergência entre arte contemporânea e tecnologia”, diz Roberto Guimarães, gestor de Cultura do Oi Futuro. A mostra tem o patrocínio do Governo do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro.

 

 

Sensações

 

“Per fumum” mergulha nas essências, incensos e odores com os quais o homem se relaciona desde a Antiguidade até hoje – cada um com seu uso indicado e suas sensações embutidas. O que este ou aquele aroma, esta ou aquela resina provoca, ao primeiro contato?

 

Enquanto o olfato desperta e decifra esses significados, “Lanterna Mágica” remete ao tempo da pré-imagem, entre fotografias trabalhadas à base de sais de prata e gelatina e projeções feitas com as tradicionais lanternas mágicas – projetores antigos, do final do século 19 e início do século 20. “Per fumum” e “Lanterna Mágica” refinam os sentidos rumo a outras possibilidades.

 

Uma delas se insinua na próxima obra, As horas viajantes. Uma imponente vitrine de vidro existente no espaço, revestida de película leitosa, exibe surpresas em recortes certeiros: distintos frascos de perfume surgem aqui e ali, vazios ou com restos de seu conteúdo, enquanto seus nomes desfilam em letreiros luminosos. O sentir despertado pelas “imagens das essências” conduz à memória dos perfumes e de tudo que vem com ela. E mais uma vez o espectador é tocado pela viagem, magnetizado pelo ato de lembrar-se.

 

 

Percursos

 

Mas o ato de viajar logo se torna mais denso, ainda que menos material, na obra “Turista Transcendental”. São textos e vídeos da artista que documentam, de forma bastante peculiar, suas viagens a pontos tão distintos quanto as ilhas Reunião (no Oceano Índico, a leste de Madagascar) e Gomera (no arquipélago das Canárias), Teotihuacán (México), a cabeça da Estátua da Liberdade (Nova Iorque), o Salar do Uyuni (a maior planície de sal do mundo, na Bolívia), o estreito de Bósforo (em Istambul), a cidade mística de Allahabad (Índia), Lagos (Nigéria), Montevidéu (Uruguai) e a Chapada dos Veadeiros, no planalto central brasileiro. As imagens, manipuladas durante a edição, fazem com que essas viagens se distanciem das paisagens e se concentrem no olhar, na sensação e no ato de relacionar-se com cada cultura e cada lugar em especial.

 

O ciclo se fecha com duas obras que mantêm forte diálogo. Uma delas é Realismo Fantástico, com seus espectros de luz em constante movimento; em “Círculo Mágico”, objetos da coleção da Fundação Eva Klabin ganham voz (e luz) própria para contar suas histórias ao público, entre toques de humor, nostalgia, amargura ou mesmo resignação diante do que há de trágico no tempo suspenso da história. O vídeo “Círculo Mágico” foi resultado de um projeto de intervenção realizado em 2014 na FEK, dentro do programa “Ciclo Respiração”, do curador Márcio Doctors.

 

 

Visões

 

A artista aplica muitas camadas de sutileza à poética que constrói e, pouco a pouco, envolve o expectador num processo em que se diluem, lenta e intensamente, muitas fronteiras. Segundo a curadora Evangelina Seiler,“…ao aguçar seus sentidos através das obras expostas, o visitante se aprofundará no trabalho desta grande artista, a partir do que vê e sente e também a partir, de textos, escritos por vários autores e por ela mesma, que apontam para suas referências filosóficas e técnicas.” Rosângela Rennó diz que as obras que compõem o “Espírito de Tudo” mostram que há muitos outros mistérios entre o céu e a terra, além daqueles que os filósofos, poetas e artistas já detectaram.

Na Biblioteca Nacional

O artista plástico Marcos Duprat inaugura a exposição “Limites” no Espaço Cultural Eliseu Visconti, na Biblioteca Nacional, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A mostra reúne 60 obras sobre papel e tela que abordam as transformações do artista em sua linguagem pictórica da figuração – ou da imagem que descreve a realidade visível – para a criação de espaços e paisagens oníricas e cromáticas. Após um período de oito anos, de sua última exposição no Rio de Janeiro, e uma permanência de três anos no Nepal, Duprat reencontra o público carioca nessa mostra que ilustra etapas de seu amadurecimento e transformação de sua linguagem plástica ao longo de 40 anos de trabalho.

 

Dentre as obras expostas, algumas são datadas de décadas anteriores como citações dos desdobramentos a partir da virada do século. As obras recentes apresentam radical renovação. A técnica de Duprat é a velatura, em que a cor resulta da superposição de pigmentos em camadas. Nas telas o meio empregado é o óleo, enquanto no papel usa óleo, pastel oleoso, aquarela e lápis.

 

A mostra, que foi exibida anteriormente no MUBE, Museu Brasileiro da Escultura, em São Paulo, vem acompanhada do livro “Limites/Boundaries”, editado em 2015, e de novo catálogo editado pela Biblioteca Nacional. No texto de apresentação do livro, Vera Pedrosa assinala a transformação na obra de Marcos Duprat a partir dos seis anos de sua permanência no Japão, de 2000 a 2006, quando sua pintura sai do ateliê e se volta para a descrição da natureza com renovado vigor. Desde 2008, Duprat tem seu ateliê no Rio de Janeiro, e seu acervo pessoal conta com um número expressivo de pinturas, trabalhos sobre papel, desenhos, fotografias e esculturas.

 

 

 

Sobre o artista

 

 

Nascido no Rio de Janeiro em 1944, Marcos Duprat manteve ao longo de sua vida diplomática a constância e o fluxo de sua obra. Com sua formação artística iniciada no MAM do Rio de Janeiro, prosseguiu com o mestrado em Belas Artes em Washington, D.C, onde fez sua primeira individual, em 1977. Realizou inúmeras mostras individuais no Brasil, dentre as quais MASP (1979 e 1988), MAC (1995), Pinacoteca do Estado de São Paulo (2006) e no MUBE, Museu Brasileiro da Escultura (2015), São Paulo.  No Rio de Janeiro cabe destacar Centro Cultural Correios (1995 e 2008), Instituto Cultural Villa Maurina (1996) e CCBB (1999). No exterior realizou também inúmeras exposições em museus, dentre os quais o Centro Culturale San Fedele, Milão (1990), Museu Nacional da Hungria (1993), Museo de Arte Contemporaneo de Montevidéu (1999), Teien Metropolitan Art Museum, Tóquio (2003), e a Sidhartha Art Foundation em Kathmandu (2013).

 

 

 

De 22 de novembro a 17 de fevereiro de 2017.

Liuba na Marcelo Guarnieri/Rio

16/nov

Um importante conjunto de esculturas em bronze de Liuba Wolf será reapresentado no Rio de Janeiro, pela primeira vez, na Galeria Marcelo Guarnieri, em Ipanema, 50 anos após sua primeira exibição.Em 1965, Liuba Wolf realizou uma importante exposição no MAM- Rio, como parte das comemorações do quarto centenário da cidade. Na mostra, a artista apresentou 23 esculturas em bronze, que representavam animais. Agora, 14 dessas obras estarão reunidas na presente exposição que será acompanhada de um texto da curadora, crítica e historiadora de arte Maria Alice Milliet, feito especialmente para esta mostra.

 

A exposição no MAM Rio foi de extrema importância. Realizada em um momento de grande visibilidade, em que era inaugurado o Parque do Flamengo. “A obra de Liuba teve no Rio a oportunidade de integrar, ainda que momentaneamente, um dos mais ousados projetos urbanísticos do pós-guerra. Ali, a artista pôde dar sua contribuição, ali se sentiu em casa”, escreveu Maria Alice Milliet. Naquele momento, a obra de Liuba também passava a ganhar mais reconhecimento internacional, com importantes mostras no Brasil e no exterior. Ao longo de sua trajetória, a artista participou de quatro Bienais Internacionais de São Paulo (1963, 1965, 1967 e 1973) e realizou uma grande exposição individual no Hakone Open Air Museum, no Japão, em 1985. Suas obras hoje estão em importantes coleções privadas no Brasil, Argentina, Canadá, Inglaterra, França, Alemanha, Japão, Suíça e Estados Unidos.

 

Outro fato importante é que o conjunto de esculturas apresentado na exposição do MAM Rio marcava uma mudança na obra da artista, que naquele momento deixava a figuração para explorar uma “quase abstração”, tendo a figura do animal como forte referência. “Para mim, eles são animais. Mas eu não posso explicar de onde eles vêm, deve ser do meu subconsciente. Suas formas, mesmo que reconhecíveis, são de fato uma simbiose entre vegetal e animal”, disse a artista a Sam Hunter para o livro “Liuba: At the Edge of Abstraction”. Na Galeria Marcelo Guarnieri, as obras serão apresentadas da mesma forma como foram expostas originalmente: dispostas em bases e muros baixos formados por blocos de cimento.

 

Entre 1950 e 1960, Liuba viveu entre o Brasil, onde mais tarde se naturalizou, e a capital francesa. Esse período foi muito importante para a afirmação de seu trabalho e também pelos contatos que manteve com os artistas Marino Marini, Poliakoff, entre outros. “Sua plástica, ancorada na tradição da escultura moderna na linha de Brancusi e Giacometti, se alimenta, simultaneamente, da simplificação formal introduzida pelo cubismo e da arte de culturas exóticas. Como se sabe, essas duas vertentes estiveram associadas às vanguardas artísticas que no início do século romperam com as convenções da academia. A produção escultórica de Liuba bebeu nessas fontes, chegando à maturidade durante o alto modernismo, período em que a estética moderna ganhou alcance internacional”, afirma Maria Alice Milliet.

 

 

Sobre a artista

 

Nascida em 1923 na Bulgária, Liuba ingressa em 1943 na Escola de Belas Artes de Genebra, Suíça. De 1944 a 1949 estuda com a escultora francesa Germaine Richier, a princípio na Suíça e em seguida em Paris, onde passa a viver e trabalhar em 1946. Em 1949, ainda vivendo em Paris, monta ateliê também em São Paulo. Casa-se com Ernesto Wolf em 1958 no Brasil, e passa a dividir seu tempo entre os ateliers de São Paulo e Paris. A partir de 1989 estabelece atelier também na Suíça. Falece em São Paulo em 2005. Das diversas exposições individuais e coletivas que realizou, destacam-se nas seguintes instituições: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1965; Museu Nacional de Arte Moderna de Paris, 1967; Museu de Saint Paul de Vence na França, 1968; Hakone Open Air Museum no Japão, 1985; Pinacoteca do Estado de São Paulo, 1996. Participou anualmente do Salon de La Jeune Sculpture de Paris no período entre 1964 e 1979; do Salão Nacional de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1962 e 1963; da Bienal Internacional de São Paulo nos anos 1963, 1965, 1967 e 1973; e de diversas edições do Panorama de Arte Atual Brasileira no Museu de Arte Moderna de São Paulo no período de 1970 a 1985. Suas obras integram importantes coleções públicas internacionais como a do Fond National d’Art Contemporain de Paris, do Museu de Saint Paul de Vence na França, do Kunsthelle de Nuremberg na Alemanha, do Hakone Open Air Museum no Japão e do Musée de La Sculpture en Plein Air de La Ville de Paris; e integram também importantes coleções públicas nacionais como a do Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Coleção da Bienal de São Paulo e do Museu do Artista Brasileiro em Brasília, DF.

 

 

Sobre a Galeria

 

Marcelo Guarnieri iniciou as atividades como galerista nos anos 1980, em Ribeirão Preto, e se tornou uma importante referência para as artes visuais na cidade, exibindo artistas como Amilcar de Castro, Carmela Gross, Iberê Camargo, Lívio Abramo, Marcello Grassmann, Piza, Tomie Ohtake, Volpi e diversos outros. Atualmente com três espaços expositivos – São Paulo, Rio de Janeiro e Ribeirão Preto – a galeria permanece focada em um diálogo contínuo entre a arte moderna e contemporânea, exibindo e representando artistas de diferentes gerações e contextos – nacionais e internacionais, estabelecidos e emergentes – que trabalham com diversos meios e pesquisas.

 

 

De 19 de novembro até 21 de janeiro de 2017.

Escola de Belas Artes, 200 anos

11/nov

O Museu Nacional de Belas Artes, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “Escola de Belas Artes:1816-2016 Duzentos anos construindo a arte brasileira”. Sob a curadoria de Angela Ancora da Luz, a mostra faz um recorte da produção artística da instituição que formou e ainda forma centenas de artistas brasileiros desde Vítor Meireles, Antônio Parreiras, Eliseu Visconti, passando por Burle Marx, Goeldi, Portinari, Weissmann, Anna Maria Maiolino, Roberto Magalhães, Lygia Pape, Celeida Tostes, Mauricio Salgueiro até Felipe Barbosa, Bruno Miguel, Jarbas Lopes entre muitos outros.

 

Criada por Decreto Real de D. João em 12 de agosto de 1816, a primeira sede da Escola de Belas Artes foi na Travessa das Belas Artes, próxima a Praça Tiradentes. O prédio, de Grandjean de Montigny, foi projetado para receber a então Academia Imperial das Belas Artes e foi inaugurado em 5 de novembro de 1826. Em 1908, já com o nome de Escola Nacional de Belas Artes, a instituição transferiu-se para seu segundo prédio, com projeto de Morales de los Rios, na Avenida Rio Branco, onde hoje situa-se o Museu Nacional de Belas Artes.

 

Segundo a curadora da exposição, Angela Ancora da Luz, que dirigiu a EBA entre 2002 e 2010, “…a presença da Escola no contexto da sociedade brasileira revelou sua identidade por aspectos pouco conhecidos, mas de grande interesse social e político, além de seu princípio norteador fundamental: o ensino artístico. Uma escola de grande peso no Império e que esteve aberta a todos os que desejassem buscar o caminho das artes, sendo aceitos pelos grandes mestres dos ateliês. O que contava na hora da seleção era o talento, sem restrição ao grau cultural, à raça ou situação econômica. Cândido Portinari, por exemplo, mal havia completado o terceiro ano do curso “primário” quando foi aceito pela instituição, tornando-se a grande referência da pintura brasileira”.

 

“São incontáveis os pintores, escultores, desenhistas, gravuristas, cenógrafos, indumentaristas, designers, restauradores e paisagistas que saíram dos ateliês e salas da escola. O grande desafio que a presente exposição nos trouxe foi o de apresentar apenas alguns destes artistas e suas obras. Mesmo se ocupássemos todas as salas deste museu (…) ainda assim seria impossível apresentar a excelência de tudo que aqui se produziu”, completa a curadora.

 

A exposição ocupará dois salões expositivos do MNBA abrangendo a produção dos artistas que passaram pela Escola de Belas Artes, desde sua criação até a presente data. A dificuldade de selecionar as obras desta mostra comemorativa foi muito grande. Pela excelência dos artistas que passaram por seus ateliês – impossível trazer um representante de cada período – a opção da curadoria foi privilegiar os que tiveram a formação da escola. Muitos desses artistas foram alunos do Curso Livre, admitidos pela avaliação dos Mestres. Passaram pela instituição artistas de todas as classes sociais, a escola sempre foi uma unidade que presava pela diversidade. De todos que cursaram a Escola de Belas Artes, mesmo os que não a concluíram, ficou o reconhecimento do papel fundamental que ela representou em suas trajetórias.

 

O eixo curatorial enfatizou a Escola de Belas Artes como instituição que preserva a preocupação social, política e intelectual das diferenças individuais, o que não impede a formação de um corpo e de uma identidade. A curadoria buscou evidenciar as diferenças e afinidades em desenhos, gravuras, pinturas, esculturas, instalações, vídeos e performances que fizeram da escola um paraíso vocacionado para a arte e a cultura no Rio de Janeiro, potente e famosa caixa de ressonância artística do Brasil.

 

O projeto conta com patrocínio integral da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e a produção/idealização da exposição está a cargo de Anderson Eleotério e Izabel Ferreira – ADUPLA Produção Cultural, que já realizou importantes publicações e exposições itinerantes pelo Brasil, como Farnese de Andrade, AthosBulcão, Milton Dacosta, Miguel Angel Rios, Raymundo Colares, Carlos Scliar, Debret, Aluísio Carvão, Henri Matisse, Bruno Miguel, Antonio Bandeira, Manoel Santiago, Teresa Serrano, Regina de Paula, Nazareno, entre outros.

 

 

Artistas

 

Abelardo Zaluar, Adir Botelho, Alfredo Galvão, Almeida Reis, Amés de Paula Machado, Anna Maria Maiolino, Antonio Manuel, Antônio Parreiras, Arthur Luiz Pizza, Augusto Müller, Bandeira de Mello, Barbosa Júnior, Batista da Costa, Belmiro de Almeida, Bruno Miguel, Burle Marx, Carlos Contente, Cândido Portinari, Celeida Tostes, Décio Vilares, Eduardo Lima, Eliseu Visconti, Estêvão da Silva, Felipe Barbosa, Franz Weissmann, Georgina de Albuquerque, Glauco Rodrigues, Grandjean de Montigny, Henrique Cavaleiro, Hugo Houayeck, Isis Braga, Ivald Granato, Jarbas Lopes, Jean-Baptiste Debret, João Quaglia, Jorge Duarte, KazuoIha, Lourdes Barreto, Lygia Pape, Manfredo de Souzanetto, Marcos Cardoso, Marcos Varela, Marques Júnior, Mauricio Salgueiro, Maurício Dias & Walter Riedweg, Newton Cavalcanti, Oscar Pereira da Silva, Oswaldo Goeldi, Patrícia Freire, Paulo Houayek, Pedro Américo, Pedro Varela, Quirino Campofiorito, Renina Katz, Ricardo Newton, Roberto Magalhães, Rodolfo Amoedo, Rodolfo Chambelland, Ronald Duarte, Rui de Oliveira, Vítor Meireles e Zeferino da Costa

 

 

 

Até 12 de fevereiro de 2017.