Mondrian/De Stjil no CCBB/Rio

19/out

“Mondrian e o Movimento De Stjil”, é o cartaz atual do CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ, trata-se de uma mostra panorâmica que apresenta pinturas, desenhos de arquitetura, maquetes, mobiliário, documentários, publicações de época e fotografias do grupo de artistas que criaram o movimento da vanguarda moderna holandesa, De Stijl, iniciado como revista em 1917. O ícone do movimento é o pintor Piet Mondrian. Esses artistas elaboraram um tipo de “arte total”, usando cores primárias para criar obras sem restrições, claras e limpas, de acordo como que eles imaginavam que seria o futuro. A exposição mostra também o percurso de Mondrian da figuração à abstração. O acervo foi cedido pelo Museu Municipal de Haia.O movimento que foi uma reação às atrocidades da I Guerra Mundial, procurou formas de mudar o mundo através da arte. Designers, arquitetos e artistas plásticos uniram forças, em 1917, para lançar a revista De Stijl (O Estilo), uma publicação, em preto e branco, com apenas 1 000 exemplares. Trinta obras de Mondrian serão expostas na mostra, ao lado de trabalhos de setenta de seus contemporâneos, no maior acervo do gênero já exibido na América Latina. “Vieram trabalhos de fases pouco conhecidas, mas repletas de obras-primas. Mondrian sempre esteve em busca de uma linguagem que priorizasse o essencial e teve uma longa carreira, cheia de influências, antes de se encontrar no Stijl”, diz o curador Pieter Tjabbes.

 

 

Até 09 de janeiro de 2017.

 

Grafite no MAM Rio

18/out

O MAM Rio, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou em seu foyer, a exposição “Dentro | Fora: Arte e Grafite no MAM Rio”, com curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, que escolheram obras dos artistas A. R. Penck e Gustavo Speridião, pertencentes ao acervo do Museu, e que estabelecem um forte diálogo entre arte e grafite. A mostra reverbera a quarta edição do Festival de Arte Urbana Arte Core, que ocupou sábado e domingo os jardins do Museu com grafite, música, pistas de skate e oficinas para crianças. No âmbito da exposição, serão realizadas, das 15h às 16h30, conversas sobre a cultura de rua, com nomes da cena urbana carioca, que darão diferentes abordagens e pontos de vista sobre o tema.

“O que está dentro fica. O que está fora se expande”

 

 

Em uma manhã de julho de 1979, a cidade de São Paulo acordou com algumas de suas galerias de arte com as portas de entrada lacradas com um X feito de fita crepe e uma folha de papel mimeografada com a frase: “O que está dentro fica, o que está fora se expande”. Mesmo sem nenhuma referência de autoria, a intervenção logo teria seus autores descobertos em uma matéria de jornal. O grupo 3Nós3, formado por Hudinilson Jr., Mário Ramiro e Rafael França, realizou intervenções na cidade de São Paulo no fim da década de 1970 e início dos anos 1980. Em meio aos “anos de chumbo”, quando a ditadura militar ainda dominava o país, artistas jovens, rebeldes e desafiadores atuavam na rua, com performances e intervenções pipocando em galerias, museus e no espaço urbano.

 

X-Galeria foi uma delas e, assim como outras iniciativas como essa, fazia alusão não só às censuras do regime de ditadura militar, mas também questionava os espaços convencionais do sistema de arte (galerias e museus) e os limites impostos por ele (não só aos artistas, mas também ao público): o que era uma obra de arte, como ela deveria ser produzida e apresentada, e também como deveria ser vista. Era um tempo em que os limites, em todas as áreas, estavam sendo colocados em xeque, e a rua parecia ser o lugar onde a liberdade desejada se manifestaria de maneira mais clara.

 

“Dentro | Fora: arte e grafite no MAM Rio” é uma exposição que acontece junto com a quarta edição do Festival de Arte Urbana Arte Core – projeto voltado para a cultura urbana, que ocupa os jardins do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro nos dias 15 e 16 de outubro com grafite, música, pistas de skate e oficinas para crianças. No foyer do museu estão trabalhos de sua coleção onde arte e grafite estabelecem forte diálogo. Os artistas escolhidos foram o alemão A. R. Penck (1939) e o carioca Gustavo Speridião (1978). Nascidos em diferentes países e pertencentes a diferentes gerações, Penck e Speridião alimentam em suas obras influências outras que não apenas as da história da arte. Ao fazerem referência à arte das culturas tradicionais e à arte popular (no sentido mais amplo que esse termo possa ter), reforçam o interesse e o diálogo da arte com a cultura urbana, onde as duas pontas se influenciam e se reinventam. De dentro para fora e de fora para dentro.

 

 

Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes

curadores

 

 

Até 06 de novembro.

 

Vídeos e design

11/out

O IED, Urca, Rio de Janeiro, RJ, recebe a mostra “Recombinações”, com as 17 peças finalistas da 7ª edição do AuDITIONS, maior concurso de joias em ouro do Brasil, que tem direção artística do estilista Fause Haten. “Recombinações”, a união de elementos díspares para criar algo novo, foi o tema a 7ª edição do AuDITIONS, concurso criado em 2002 para contribuir com a cadeia produtiva do ouro, e considerado o maior do gênero no país. O patrocínio é da Anglogold Ashanti, produtora de ouro com sede em Johanesburgo, África do Sul. A mostra esteve na São Paulo Fashion Week, e no Museu de Minas e Energia, em Belo Horizonte, cidade onde ocorreu o evento final de premiação.

 

Além das peças finalistas e vencedoras do concurso, o público mergulhará na história do ciclo de ouro de Minas Gerais, a partir da videoinstalação de Dado Marietti, composta por 102 vídeos projetados simultaneamente em quatro telas. Também serão exibidos vestidos criados por Fause Haten para a premiação, e fotografias mostrando Fiorella Mattheis, a “Golden Girl – embaixadora e imagem da 7ª edição do AuDITIONS”, usando as joias.

 

 

De 11 a 25 de outubro.

Mostra de Morgan-Snell

10/out

O Centro Cultural dos Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a mostra de uma artista considerada um caso à parte no mundo da arte, Morgan-Snell, através de cerca de setenta obras selecionadas pelo curador Marc Pottier, sobre seu trabalho em desenho, pintura e escultura, trabalhos considerados originais e vanguardistas. Após quatro décadas o público revisita a produção da artista, na qual o corpo humano e o nu são presenças permanentes e marcantes. Artista figurativa autodidata, sempre conviveu com a alta sociedade de Paris, Rio e São Paulo. Aprendendo através de observação, sua primeira exposição foi realizada em 1946, na Galeria Barcinski, no Rio de Janeiro. Pertencente à burguesia industrial brasileira Morgan-Snell foi uma rebelde que não se submeteu às tendências de sua época. Seus temas originam-se na mitologia grega, na Bíblia, na Divina Comédia e no Inferno de Dante. Homens e mulheres, quase sempre presentes, evoluem num universo libertado das leis da gravidade.

 

A obra de Morgan Snell superou sua própria criadora. Embora ausente dos grandes movimentos artísticos que dominaram o século XX, sua produção figurativa, supra-realista, com elementos do maneirismo e a celebração do corpo, se juntam hoje às áreas de vários movimentos de criação. Caberá aos analistas do século XXI decodificar seus cenários que são provavelmente muito menos clássicos do que deixam pressentir à primeira vista.

 

A vivacidade das cores que ela usava em suas obras era uma vibrante homenagem à plumagem de todas as aves que sempre a cercavam em seu estúdio. Segundo ela, as aves lhe proporcionavam a música para sua criação. Até hoje é possível constatar que algumas marcas de seus companheiros estão até hoje presos na espessura de sua pintura. Sua brasilidade foi representada em sua obra e a acompanhou mesmo quando se mudou para Paris após seu casamento, por volta de 1947-48. Ainda que suas fontes de inspiração variem de Tiepolo a Michelangelo passando por Rubens, seu trabalho nunca deixou de expressar essas referências. Por exemplo, em sua obra “A Virgem de Pentecostes”, um índio de porte atlético homenageia o continente sul-americano e expressa a sensualidade permanente da sua obra.

 

Um elemento importante que define a obra de Morgan-Snell é o traço, com o corpo como paixão, usando linhas cósmicas que dão eternidade a seus personagens, uma espécie de erotismo na espátula. Grande inventora de padrões e criadora de aspectos, a obra de Morgan-Snell é figurativa, mas também capaz de expressar o irreal. Em sua correção plástica, o desenho de Morgan-Snell remete a um classicismo sobre o qual não se pode enganar. Incisivo, mordaz, muitas vezes no limite da indecência, o traço exibe um realismo cuja ambivalência redobra o poder do artista. A precisão clínica do traço é indissociável de uma sensualidade tendendo uma e outra a comunicar uma emoção que nunca é em detrimento do pensamento. É para esse prazer que a obra de Morgan-Snell convida o público a sentir.

 

Nas obras de Morgan-Snell, homens e mulheres parecem estar num mundo espacial desconhecido sem gravidade, animais e seres humanos parecem viver num mundo harmonioso de comunicação onde Homem, Animal e Natureza são feitos do mesmo barro. Morgan-Snell modifica a própria realidade, a percepção do real. Ela ataca o desconhecido de seu próprio imaginário para construir uma realidade paralela no limite do plausível, uma realidade possível e deliberadamente oculta, um mundo sublime e misterioso.

 

Apesar de passados 40 anos, seu trabalho pode ser inserido no contexto atual da arte contemporânea do século XXI, um século frequentemente obcecado por um culto do corpo rodeado de erotismo. Os personagens são atletas que estão frequentemente em perspectivas aéreas, onde se misturam o profano e o sagrado enchem a tela de modo quase compacto com figuras carnais e finalidades prodigiosas que revelam desejos ocultos no olhar do espectador. É uma tendência de nossa sociedade, da qual hoje ninguém pode escapar: as obsessões do mundo contemporâneo são amplamente expostas e decodificadas.

 

 

Até 04 de dezembro.

Formas de Maria Vasco

06/out

Maria Vasco é uma artista multimídia. Passeia pela poesia e música, mas é nas artes plásticas que sua criatividade transborda, há 49 anos. No dia 13 de outubro, às 19h, numa celebração do seu aniversário, ela apresenta a exposição “INCONES”, na HRocha Galeria, Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ. Os cones, forma geométrica que desde 2002 é peça de resistência em seu trabalho, já deram origem a obras lúdicas de planeta e bichos. Desta vez, confeccionados em tecido pintado e imantados, os cones caminham sobre 13 esculturas geométricas em ferro, produzindo uma obra dinâmica que permite total interatividade do público com as peças.

 

“A obra não é estática. Ela convida o espectador a participar da criação, instiga o olhar. “Volpiniando”, no lugar das bandeirinhas, pirei no cone e criei uma brincadeira que pode agradar crianças de 1 a 100 anos”, explica, com muito humor, a artista. Maria Vasco, que foi a primeira porta-estandarte da Banda de Ipanema, compôs com Luiz Brasil e Ary Dias a música “Tandan” que embala a performance que será apresentada no dia da vernissage, numa interação da atriz Renata Matos com uma instalação de fios elétricos e cone de tecido e já compôs com Paulinho da Viola, Paulo Moura, Armandinho, Moraes Moreira, além de ter lançado um livro de poemas eróticos com capa de Chico Caruso.

 

A mostra é composta por 13 esculturas que permitem uma interatividade do público com as obras. Na vernissage haverá uma performance na qual a atriz Renata Matos irá interagir com uma instalação de fios elétricos e cone de tecido. E a música que embala a performance foi idealizada pela própria artista, em parceria com Luiz Brasil e Ary Dias.

 

 

Sobre a artista

 

Maria Vasco começou sua carreira há 49 anos, pelas mãos de Djanira e estudou composição e desenho com Frank Sheaffer. Seu primeiro trabalho com cones aconteceu por acaso, a partir de um coador de pano, transformado em uma grande escultura. Sua exposição individual mais recente aconteceu no ano passado, na Galeria Cândido Mendes, em Ipanema. Como compositora, é parceira de Paulinho da Viola, Paulo Moura, Armandinho, Moraes Moreira, Luiz Brasil, Ary Dias e Toni Costa, além de já ter lançado um livro de poemas eróticos com capa do amigo Chico Caruso, que, aliás, se intitula “freguês” antigo e escreve sobre a nova exposição: “Maria Vasco, escultora, cada vez melhor.

 

 

De 13 de outubro a 19 de novembro.

Individual de JulioVillani

A galeria Mercedes Viegas Arte Contemporânea, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, abriu ao público sua segunda exposição individual de Julio Villani com a mostra intitulada “Collapsible Structures”. Nela, o artista apresenta cerca de 20 obras inéditas de sua produção mais recente (2015- 2016), entre elas pinturas em técnica mista (carvão, acrílica e caulim sobre tela), colagens sobre papel e duas esculturas em alumínio com diversas dimensões.

 

Sua escolha deliberada por esse desdobramento, e a forma construtiva que lhe imprimiu, confere na sua obra uma dimensão dinâmica, que se determina paradoxalmente, pela unidade. Fio, linha, risco, laço, rede, nó, a arte de Julio Villani é habitada pela ideia de vínculo. Ela estrutura todos os trabalhos do artista, lhe é consubstancial. Seu trabalho se caracteriza a partir de polos e contrapontos, se construindo a partir da organização de um ir e vir. É entre os dois – no entre-dois, como diz o artista – que tudo se dá.

 

 

Até 29 de outubro.

Regina Silveira no “Respiração”

O Respiração tem por objetivo criar intervenções de arte contemporânea no acervo de arte clássica da casa-museu Eva Klabin, Lagoa, Rio de Janeiro, RJ, criando uma ponte entre a arte do passado e as manifestações da atualidade; entre a preciosa coleção de obras dos grandes mestres da história da arte, como Tintoretto, Boticelli, Reynolds, Pisarro, Govaert Flinck, entre outros, e os mais importantes artistas contemporâneos brasileiros. A curadoria é de Marcio Doctors.

 

Regina Silveira, artista da Luciana Brito Galeria, é a convidada da 21ª edição com a intervenção “INSOLITUS”, que criará uma situação insólita/inusitada, como o próprio nome diz. A fachada da Fundação será ocupada pela obra “Mundus admirabilis”, que é uma infestação de insetos gigantes; na Sala Renascença a obra “Darks

wamp” (nest) dominará o espaço, nos surpreendendo com um ovo negro de 1.80m de altura, confrontando-se com as obras Renascentistas da coleção; na Sala de jantar, a mesa e as cadeiras se transformarão em mesa e cadeiras peludas, desencadeando uma estranheza no ambiente requintado e ordenado da casa-museu.

 

Com a ocupação “Insolitus”, Regina Silveira radicaliza a ideia de intervenção da proposta do “Respiração”, desestabilizando os códigos de uma residência, onde a tranquilidade é perturbada pelo imaginário da artista, criando, dessa maneira, uma metáfora contundente dos tempos atuais.

 

O “Respiração” é um programa de longa duração, iniciado em 2004, e tornou-se referência cultural pelo inusitado e singularidade da sua proposta, que é a de trazer uma nova respiração para o museu, com o intuito de atrair novos públicos, criando um olhar diferenciado sobre o museu e sua coleção.

 

O “Respiração” foi se firmando pela qualidade dos 27 artistas que participaram ao longo de 12 anos e 20 edições. Podem ser citados alguns nomes como Anna Maria Maiolino, Anna Bella Geiger, Nuno Ramos, Carlito Carvalhosa, Ernesto Neto, Claudia Bakker, Eduardo Berliner, Rosangela Rennó, Marcos Chaves, Nelson Leirner e Daniela Thomas, entre outros.

 

 

A palavra do curador

 

Insolitus nos traz a crueza de uma realidade substantiva, que Regina Silveira explicita por meio das obras apresentadas no Respiração, que são como materializações na superfície do mundo das angústias de nossa sociedade atual. Com sua poética singular, a artista faz um raio X das incertezas e dúvidas que estamos atravessando e chama a nossa atenção para aquilo que nos incomoda hoje no mundo. São como pragas contemporâneas.

 

O projeto “Respiração”conta com o apoio de Klabin S/A, Itaú Cultural, Luciana Brito Galeria, DHBC advogados, Parceria ArtRio.

 

 

Até 29 de janeiro de 2017.

Escapando do Caos

Após inúmeras exposições individuais em diferentes galerias e museus de cidades do mundo, a holandesa radicada no Rio de Janeiro, Thera Regouin, realiza sua primeira exposição individual na cidade na Galeria Cor Movimento, no Leblon. A artista apresenta nove pinturas inéditas, em azul, com grandes superfícies brancas em seu interior, da nova série “Escapando do caos”, e outras com obras de diversos períodos, todos em óleo sobre tela. A curadoria é da respeitada escritora, crítica e historiadora de arte Gloria Ferreira, que também escreveu o texto do novo catálogo de Thera Regouin.

 

“As transparências desses brancos deixam aparecer camadas carregadas de tintas azuis ou de outras cores como vermelho e amarelo, frutos do processo de preparação da tela e de uma pintura, características da artista. Em toda sua pintura estão presentes linhas, qual sulcos, contornando ou criando espaços.”, explica a curadora Glória Ferreira.

 

TheraRegouin deixou a pintura figurativa no curso de seus estudos para abraçar o universo do abstrato. Nestas composições abstratas, às vezes, planos urbanos ou paisagens parecem esconder-se. “Meu desejo é expor, através da expressão abstrata, uma realidade que é para mim mais pura e mais real do que qualquer resultado ao qual eu possa chegar através da representação figurativa”, analisa.

 

Nessas pinturas azuis, as linhas contornam quase por inteiro essas superfícies interiores, deixando, no entanto, espaços para a respiração; delimitam espaços e se misturam com o próprio campo pictórico como matéria.”Tal como a crosta da terra a explodir, a tinta cobre a tela e não raro o espectador tem a impressão que a história geológica das pinturas seria guardada num registro momentâneo que está longe de acabar”, analisa Moritz Wullen, historiador de arte e diretor da Biblioteca de Arte dos museus de Berlim.

 

Segundo Gloria Ferreira, no trabalho de TheraRegouin, as bordas parecem tentativas de incorporar a moldura à própria pintura, em diálogo com a longa tradição de ruptura que podemos remontar aos impressionistas; ou a Seurat, com suas molduras pintadas de acordo com a luz desejada. Ou ainda ao início do século XX, em especial em Mondrian, mas também em Lygia Clark e outros. Nas telas de Thera, as “molduras” são igualmente constituídas pelas finas camadas de tinta colocadas sobre outras finas camadas, com as pinceladas visíveis em suas pinturas azuis. Molduras que, ao mesmo tempo, expandem a pintura para o espaço, sem deixar, contudo, de servir de proteção para as grandes áreas brancas do seu interior.

 

“Já nas pinturas quase monocromáticas, as texturas fazem as composições em cores telúricas emitirem energias luminosas”, analisa Gloria Ferreira.

 

O Dr. Axel Rüger, diretor do Museu Van Gogh de Amsterdam, no seu discurso de abertura da exposição de TheraRegouin na galeria da Sotheby’s de Amsterdam, em 2010, analisou: “E por fim, algo que me toca – sendo o diretor do Museu Van Gogh e lembrando que Vincent van Gogh foi um dos artistas que também lidou com a textura da tinta – eu acho que nas pinturas de Thera, possivelmente, de uma maneira mais tímida, nós podemos também ver – este é uma palavra grandiosa – aquela qualidade táctil, aquela linda estrutura de superfície que é tão instigante e que acrescenta uma dimensão adicional à experiência (…de mergulhar nestas obras)”.

 

 

Até 12 de novembro.

Piza, nova exposição

27/set

Gustavo Rebello Arte, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ,  inaugurou a exposição “Piza”, exposição individual do artista plástico Arthur Luiz Piza. Nessa ocasião, o público terá a oportunidade de conhecer um pouco do ateliê do artista em Paris. A mostra, que é um panorama da produção do artista e apresenta trabalhos de diversas  épocas, desde as colagens em madeira e cartão dos anos 1960, passando pelas aquarelas, os corte e recorte, as cerâmicas de Sèvres, os relevos em metal s/sisal, as tramas em aço galvanizado, até os mais recentes, elementos no espaço.

 

Consagrado internacionalmente, sendo um inventor de linguagens e técnicas, em pintura e gravura, Piza fez sua brilhante carreira na capital francesa, desde o início dos anos 1950, sem nunca perder o contato e as raízes com o seu Brasil natal.Nas últimas cinco décadas, seu ateliê fez parte do roteiro de gerações de artistas, historiadores de arte, museólogos e intelectuais brasileiros. Foi neste espaço, imantado por uma força criativa poderosa, que concebeu e consolidou uma obra singular, densa e provocativa: e se transformou – para uma legião de admiradores como Lygia Clark e Sergio Camargo, de quem foi interlocutor privilegiado no conturbado cenário parisiense dos anos 1960/1970.

 

Aluno nos anos 1940 de Antonio Gomide importante nome do Modernismo brasileiro, Artur Luiz Piza, na qualidade de um dos grandes herdeiros dessa tradição, foi personagem chave nos inúmeros embates que marcaram a arte brasileira nas décadas seguintes, para os quais ofereceu brilhantes respostas, como superação entre o impulso libertário do informalismo e o sentido ordenador do construtivismo, que configuraria sua produção daquele período. Incansável explorador de materiais os mais distintos – do papel tradicional à refinada porcelana, dos nobres metais a inusitados capachos – é responsável por uma produção que se estende de diminutos formatos a generosas estruturas em espaços públicos. Em toda sua obra – Piza foi, e continua sendo no presente, um mágico criador de espaços.

 

Por meio da multiplicidade de linguagens utilizadas ao longo dos mais de sessenta anos de sua carreira, o artista instalou um dialogo entre todas as unidades produzidas, quais notas de uma sinfonia em permanente elaboração, que se articulam, e reverberam incessantemente. Seus mais recentes trabalhos são construções engendradas a partir de diferentes sistemas de redes e molas metálicas, muitas delas exibindo as marcas de uso, e que se revelam como constelações gravitando em um território sem limites, definido não pela extensão, mas pelo tempo. Por um tempo de poéticas construídas por delicadas relações cromáticas, que condensam, qual energia pura, todas as sutilezas da alma humana.

 

“No auge dos seus oitenta anos, Artur Luiz Piza continua, com uma generosidade única, a nos presentear com experiências estéticas fascinantes, que guardam o vigor e uma radicalidade próprios da juventude, ao mesmo tempo em que se distinguem por uma depuração e uma concisão que só a maturidade conquistada é capaz de forjar. Seu compromisso ético com a arte é uma referência inspiradora que nos revela, a cada dia, novos espaços”, descreve Marcelo Mattos de Araújo no prefácio do livro sobre a vida de Piza.

 

 

Sobre o artista

 

Arthur Luiz Piza nasceu em 1928, em São Paulo, onde teve seu primeiro contato com as artes. Nos anos 40, estudou pintura e afresco com Antonio Gomide, um dos grandes nomes da Primeira Geração de Modernistas. Mudou-se em 1951 para Paris, onde passou a trabalhar no estúdio do mestre da gravura Johnny Friedlaender. Piza logo se tornou um especialista em todas as suas técnicas. Abandonou as mais tradicionais e desenvolveu uma técnica exclusiva de gravar nas placas com martelos e cinzéis de diferentes formatos. Entre 1951 e 1963, participou das Bienais de São Paulo; em 1959, da Documenta de Kassel, e em 1966, da Bienal de Veneza, ganhando o prêmio de gravura. Seu trabalho encontra-se nos acervos dos principais museus do mundo, como o Museum of Modern Art (MoMA) e o Guggenheim Museum, em Nova York, a Bibliothèque Nationale de France e o Musée National d’Art Moderne Centre Georges Pompidou, em Paris. No Brasil, seus trabalhos estão no Museu de Arte Contemporânea e no Museu de Arte Moderna, ambos em São Paulo. Em 2002, a Pinacoteca do Estado organizou uma importante retrospectiva e a editora Cosac Naify lançou um catálogo de seus relevos. O artista vive e trabalha em Paris desde 1951.

 

 

Até 21 de outubro.

ArtRio!

21/set

Falta pouco para a sexta edição da ArtRio! A sexta edição da Feira Internacional de Arte do Rio de Janeiro que acontece de 29 de setembro a 02 de outubro, no Píer Mauá, Centro, Rio de Janeiro,  RJ. Participe.