Coleções do MAM RIO

27/jul

Neste sábado, dia 30 de julho, o MAM Rio, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a grande exposição “Em polvorosa – Um panorama das coleções do MAM Rio”, com destaques de seu acervo, com obras de mais de 100 artistas, brasileiros e estrangeiros, selecionadas pelos curadores Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes. A mostra vai ocupar todo o segundo andar do Museu, incluindo o Salão Monumental, em uma área de quase 2.500 metros quadrados O curador quis mostrar para o público a joia arquitetônica que é o prédio do MAM, projetado em 1958 por Affonso Reidy, e retirou divisórias, permitindo ao público uma rara perspectiva do amplo espaço do segundo andar. De um extremo a outro do espaço, há 123 metros de extensão.

 

A primeira preocupação do curador foi a de escolher obras de qualidade inegável, as quais chama de highlights, como as de Pollock, Keith Hering, Brancusi, Giacometti, Lucio Fontana, Henri Moore, Rodin, Calder, Joseph Albers, Barry Flanagan, VittoAcconti, Antonio Dias, Cildo Meireles, Nelson Leirner, Ivens Machado, Waltercio Caldas, Antonio Manuel, José Damasceno, Artur Barrio, Regina Silveira, Willys de Castro, Hércules Barsotti, Lygia Clark e Hélio Oiticica.

 

E, também, privilegiar artistas “muito conhecidos, mas pouco mostrados”, como Anita Malfatti, que “tem desenhos a carvão lindos, pouco vistos”. As obras serão articuladas por aproximações estéticas e por épocas, com alas dedicadas aos anos 1920, com o modernismo, aos anos 1950/60, com o abstracionismo, o concretismo, o neoconcretismo, a nova figuração, e à arte contemporânea.

 

Na entrada do segundo andar do museu, estará um texto sobre a mostra e uma homenagem ao artista Tunga, falecido recentemente, junto ao trabalho que dá título à exposição, da série “Desenhos em polvorosa”, de 1996, em pastel seco sobre papel, pertencente à Coleção Gilberto Chateaubriand/MAM Rio. Um dos destaques da exposição é o conjunto reunido pela primeira vez de importantes instalações de artistas brasileiros: “Poeta/Pornógrafo”, de 1973, de Antonio Dias; “Alegria”, de 1999, de Adriana Varejão, “Cerimônia em três tempos”, de 1973, de Ivens Machado; “Ping-ping, a construção do abismo no piscar dos cegos”, de 1980, de Waltercio Caldas; “Fantasma”, de 1994, de Antonio Manuel (em sua versão original, montada em 2001; “Motim II”, de 1998, de José Damasceno; “Marulho”, de 1991, de Cildo Meireles, não vista no Rio de Janeiro desde sua primeira apresentação, no MAM, em 2002 e “Graphos 2” de 1996, de Regina Silveira. Serão apresentados, ainda; “De dentro para fora”, de 1970, de Artur Barrio; “Lute”, de 1967, de Rubens Gerchman.

 

Ao invés de textos explicativos, Fernando Cocchiarale optou por dar o contexto histórico do Brasil, para as obras de arte, por meio de fotografias dispostas em nove vitrines, de 1,70m cada, distribuídas pelo espaço expositivo. São registros do Brasil imperial, com nobres, escravos, etnográficos, do cotidiano, da vida política, ou ainda de grupos como garimpeiros, candangos e índios, de mais de 20 fotógrafos, de Franz Keller, Marc Ferrez, Jorge Henrique Papf, Martín Chambi, Alberto Ferreira Lima, Luis Humberto, Walter Firmo, Luis Brito, Milton Guran, Orlando Azevedo, Orlando Brito, Leopoldo Plentz, Duda Bentes, Carlos Terrana, André Dusek, Nino Rezendee AntonioDorgivan, entre outros.

 

“O território onde a imagem e a palavra se encontram é o fotojornalismo. É de sua natureza uma proximidade muito grande com a notícia, que é verbal. A foto é uma sobrenotícia. As coleções do MAM têm maravilhosas obras que podem ser consideradas fotojornalismo. Franz Keller mostra em 1870 índios cobertos artificialmente, porque eles não poderiam aparecer com ‘suas vergonhas’ à mostra, como disse Pero Vaz de Caminha, e foram adaptados à moral vitoriana. Papff tem umas fotografias incríveis de cafezais”, destaca.

 

Dentre as mais de 100 obras, estarão também as dos artistas Brecheret, Bruno Giorgi, Lygia Clark, Regina Vater, Diane Airbus, Marcia X(com “A cadeira careca”, seu último trabalho, feito em 2004 com Ricardo Ventura), Luiz Pizarro, Jorge Duarte, Carlos Vergara, Guilherme Vaz, Marcelo Moscheta e Jonathas de Andrade.

 

“Não acho que a arte tem que estar a serviço de nenhum discurso. Não há continuidade entre a experiência visual e discurso. Se eu e Fernanda Lopes “editarmos” bem, podemos criar um certo fluxo semântico com a exposição”, complementa Fernando Cocchiarale.

 

 

Até 06 de novembro.

 

 

Nos Correios Rio

25/jul

Contar 120 anos de história da relação entre o cinema e o esporte internacional, brasileiro e olímpico é o objeto da exposição “Memórias do Esporte”, que o Centro Cultural Correios, Centro,  Rio de Janeiro, RJ, apresenta. Esta é a única exibição audiovisual da programação cultural da Rio 2016. A partir do acervo da Federação Internacional de Cinema e Televisão Esportivos (FICTS), avalizada pelo Comitê Olímpico Nacional (COI), e de coleções brasileiras, os curadores J. C. Soares e J. J. Soares editaram 30 vídeos que compõem uma  incursão por registros raros e inéditos de manifestações esportivas pelo mundo, de 1896 até hoje.

 

Os irmãos cineastas J. C. e J. J., que  pesquisam há uma década a conexão do esporte com o cinema, também assinam as trilhas sonoras individualizadas. Cada monitor de 42” tem como personagem principal uma modalidade esportiva. Às imagens inéditas foram acrescidas narrações sobre a história daquele esporte. Há ainda legendas ao lado de cada tela com mais informação e curiosidades.

 

O filme mais antigo da exposição é um jogo de bocha em Lyon, França, de 1896, um dos primeiros realizados pelos irmãos Lumière, inventores do cinema. Em uma sala reservada estarão os registros mais recentes: as transmissões ao vivo de 16 canais da Sportv. Ainda dos irmãos Lumière, há o primeiro filme ficcional de esporte, uma comédia, com atores lutando boxe, de 1897, e outras raridades da memória do desporto, como esportes indígenas, a final do campeonato paulista de futebol de 1909 e os últimos dias do Derby Club, o templo do turfe, de 1925, onde hoje está o Maracanã.

 

A prosa poética esportiva de Armando Nogueira está presente com diversos trechos de seu livro “A Chama que não se Apaga” e com citações de pensadores e poetas como Jean-Jacques Rousseau, Walt Whitman, Jean Giraudoux e o romano Juvenal, autor de “Mens sana in corpore sano”, impressos nas paredes do espaço expositivo. A linha do tempo que abarca, além de Olimpíadas, Copas do Mundo, Jogos Pan-Americanos e Jogos Olímpicos de Inverno é outra atração da mostra. O Brasil participa pela primeira vez de uma Olimpíada em 1920, na Antuérpia.

 

 

Sala Brasil

 

Um espaço exclusivamente dedicado ao Brasil reúne imagens preciosas, por exemplo, do tempo da Expedição Rondon à Amazônia, iniciada em 1910, destacando os esportes indígenas como a canoagem e o cabeçobol, um jogo de bola com a cabeça, praticado até hoje. O país ganha também uma linha do tempo própria.

 

 

Paralimpíadas e o mundo

 

A exposição tem ainda um longa metragem sobre as Paralimpíadas de Inverno de Sóchi, Rússia, de 2014, e uma seleção de filmes sobre esportes de 113 países em duas sessões diárias.

 

Catálogo e visita guiada

 

Acompanha a exposição um catálogo que será lançado em 20 de agosto, com distribuição gratuita e visita guiada pelos curadores. Entrada franca. “Memórias do Esporte” em o patrocínio dos CORREIOS, co-patrocínio do JW Marriott Rio de Janeiro e da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura do Rio e apoio da SPORTV. A mostra, é uma proddução da Artepadilla.

 

De 28 de Julho a 25 de setembro.

Los Carpinteros no CCBB/SP

A exposição “Objeto Vital”, do coletivo Los Carpinteros entra em cartaz no CCBB, Centro, São Paulo, SP. Composta por mais de 70 obras, o grupo é um dos coletivos de arte mais aclamados da atualidade. Por meio da utilização criativa da arquitetura, da escultura e do design os artistas questionam a utilidade e exploram o choque entre função e objeto com uma forte crítica e apelo social de cunho sagaz e bem-humorado. O público poderá acompanhar todas as fases do coletivo, desde a década de 1990 até obras inéditas, feitas especialmente para a exposição. A curadoria é de Rodolfo de Athayde.Haverá uma mesa redonda com o curador, os artistas Marco Castillo, Dagoberto Rodriguez, Alexandre Arrechea (que saiu do coletivo em 2003) e teóricos do mundo da arte contemporânea.A exposição traz desenhos, aquarelas, esculturas, instalações, vídeos e obras em site specific. O público poderá acompanhar todas as fases do coletivo, desde a década de 1990 até obras inéditas, feitas especialmente para a exposição no Brasil, a partir de ideias e desenhos anteriores.

 

“O objeto será o protagonista desta exposição, forçado a uma constante metamorfose pela ideia artística: imaginado em desenhos, projetado e testado nas maquetes tridimensionais ou alcançando sua vitalidade máxima como utopia realizada nas grandes instalações”, descreve o curador.

 

Fundado em 1992, o coletivo reunia Marco Castillo, Alexandre Arrechea e Dagoberto Rodriguez. O nome foi atribuído aos artistas por alguns de seus colegas, em virtude da empatia com o material trabalhado e com o ofício que foi resgatado como estratégia estética.Em 2003, Alexandre Arrechea deixou o grupo e Marcos e Dagoberto deram continuidade ao trabalho. Na abertura da exposição brasileira, a convite dos amigos Marcos e Dagoberto, Alexandre Arrechea e outras personalidades que marcaram a carreira do coletivo também estarão presentes.

 

Estrutura da mostra

 

Los Carpinteros: Objeto Vital será apresentada em três segmentos:

 

  1. Objeto de Ofício

 

É o segmento dedicado ao primeiro período, determinado pela manufatura artesanal de objetos inspirados pelas vivências do cotidiano e o uso intensivo da aquarela como parte do processo de visualização da ideia inicial da obra. Os trabalhos são fruto da intensa troca criativa ocorrida durante o período da formação dos artistas, no Instituto Superior de Arte em Havana. Naturalmente,  também refletem o contexto cubano dos anos 1990, em franca crise econômica.

 

  1. Objeto Possuído

 

Apresenta o momento em que o trabalho de Los Carpinteroscomeça a ganhar representatividade em importantes coleções no mundo com obras que, para além das problemáticas especificamente cubanas, falam de questões existenciais universais. “A transterritorialidade característica da arte contemporânea leva os artistas a um terreno aberto em que dividem preocupações com criadores de diversas nacionalidades, à margem de suas origens”, afirma o curador. Muitos dos projetos ambiciosos que tinham sido esboçados no papel são materializados nesse momento com a abertura de novas perspectivas. Dentro deste segmento foi reservado um lugar especial para os objetos de som: aquelas obras que têm um vínculo direto com a música, expressão cultural por excelência que marca a ideia do “ser cubano”.

 

  1. Espaço-Objeto

 

Neste núcleo é dedicada atenção especial à arquitetura e às estruturas, temáticas constantes na obra dos artistas, que reiteradamente selecionam referências do entorno urbano para subvertê-las, ao alterar contexto e funcionalidade. Esse diálogo, característico do trabalho de Los Carpinteros, permeia toda a exposição e terá neste segmento um espaço reservado.

 

 

Roteiro de datas e locais no Brasil:

 

CCBB São Paulo: de 30 julho a 12 de outubro de 2016

 

CCBB Brasília: de 22 de novembro de 2016 a 15 de janeiro de 2017

 

CCBB Belo Horizonte: de 01 de fevereiro a 24 de abril de 2017

 

CCBB Rio de Janeiro : de 17 maio a 7 de agosto de 2017

 

 

Sebastião Salgado no Rio

Sebastião Salgado, um dos maiores nomes da fotografia internacional, inaugura sua primeira exposição individual na galeria Silvia Cintra + Box 4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ. Trata-se de uma seleta de imagens de importantes passagens da obra do artista desde os anos 1970 até seus registros atuais.

 

O ponto de partida é um conjunto de 4 (quatro) fotografias feitas na América Latina entre o final dos anos 70 e princípio dos 80. Essa série deu origem ao primeiro livro lançado por Sebastião Salgado, “Outras Américas”.

 

Seguindo pela década de 1980, 5 (cinco) imagens representam a histórica produção da série denominada “Serra Pelada”, uma serra localizada no Pará que chegou a ser considerada o  maior garimpo a céu aberto do mundo e que nesta época viveu uma verdadeira “corrida do ouro”.

 

Os anos 1990 estão representados por 3 (tês) três obras, sendo uma delas a maior imagem da exposição, uma estação de trem lotada de pessoas na Índia.

 

Finalizando a mostra, 18 (dezoito)  imagens da série “Gênesis”, exibem um lado mais poético da obra de Sebastião Salgado que durante oito anos, percorreu inúmeros locais do planeta em busca de paisagens ainda intocadas pelo homem. O Brasil aparece com força nesta série, que passa pela Amazônia, Pantanal e tribos indígenas no Pará. Durante as expedições do “Gênesis”, o artista viveu pela primeira vez a experiência de fotografar animais e estabelecer com eles uma relação de proximidade, muitas vezes de confiança. Jacarés, baleias, pinguins e onças fecham a exposição.

 

 

Sobre o artista

 

Sebastião Salgado nasceu no dia 8 de fevereiro de 1944 em Aimorés, Minas Gerais, Brasil. Vive em Paris. Economista de formação, começa sua carreira de fotógrafo em Paris em 1973. Trabalha sucessivamente com as agências Sygma, Gamma e Magnum Photos até 1994 quando, junto com Lélia Wanick Salgado, fundam a agência de imprensa fotográfica, Amazonas Images, exclusivamente dedicada ao seu trabalho. Viajou para mais de 100 países para projetos fotográficos que, além de inúmeras publicações na imprensa, foram apresentados em forma de livros, tais como: “Outras Américas”, 1986; “Sahel,l’Homme en détresse”, 1986; “Trabalhadores”, 1993; “Terra”, 1997; “Êxodos” e “Retratos de Crianças do Êxodo”, 2000); “África”, 2007; e “Gênesis”, de 2013. Publicou em 2015 o livro “Perfume de Sonho, uma viagem ao mundo do café”. Exposições itinerantes destes trabalhos foram e continuam a ser apresentadas internacionalmente. Juntos, Sebastião e Lélia trabalham desde os anos 1990 na recuperação do meio-ambiente de uma parte da Mata Atlântica. Eles devolveram à natureza uma parcela de terra que possuíam, e em 1998, esta terra foi transformada numa Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN. Neste mesmo ano, criaram o Instituto Terra que tem como missão a restauração da floresta, pesquisa e monitoramento, educação ambiental e desenvolvimento sustentável. Em reconhecimento ao trabalho desenvolvido no Instituto Terra, em 2012, Sebastião e Lélia receberam o Prêmio e. Instituto e, UNESCO Brasil e Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, e também o Prêmio “Personalidade Ambiental”, WWF-Brasil. Sebastião Salgado além de receber inúmeros prêmios por seus trabalhos fotográficos, é Embaixador de Boa-Vontade da UNICEF, membro honorário da Academy of Arts and Science dos Estados Unidos. Recebeu no Brasil a comenda da  “Ordem do Rio Branco”, sendo ainda “Commandeur de l’Ordre des Arts et des Lettres”, pelo Ministério da Cultura e da Comunicação da França. Em 13 de abril 2016 foi eleito membro da Académie des Beaux-Arts de l’Institut de France, assumindo a cadeira ocupada anteriormente pelo fotógrafo Lucien Clergue.

 

 

De 28 de julho a 03 de setembro.

Estela Sokol – Naturezas Mortas

21/jul

Uma grande instalação na Anita Schwartz Galeria, além de objetos, esculturas e pinturas, trabalhos inéditos que será exibido em todo o espaço expositivo do prédio da Gávea, Rio de Janeiro, RJ. Trata-se da exposição “Estela Sokol- Naturezas Mortas”, com obras produzidas este ano. Em sua terceira individual na Anita Schwartz Galeria, a artista aprofunda sua pesquisa sobre as possibilidades do uso da cor na atualidade. Acompanha a exposição texto de Felipe Scovino.

 

Sobre o chão do grande salão térreo da galeria, estará a instalação“White Heat” (título que faz menção ao álbum “White Light/White Heat”, da banda Velvet Underground), composta por cerca de 600 peças em forma de sarrafo, de diversos materiais brancos, como espuma, parafina, feltro, mármore e gesso, e com dimensões que variam em comprimento, largura e altura, esta com no máximo 12 centímetros. As peças ocuparão uma área de 45 metros quadrados na área central do piso, de modo a que o visitante possa circular em torno. Estela Sokol destaca que “a ideia é partir da justaposição das peças para ressaltar as diferentes tonalidades de branco dos materiais”. “O trabalho propõediálogo com a tradição pictórica, e o legado de artistas como Agnes Martin”, explica. O pé direito de sete metros e as paredes vazias, fazem com que a obra, de acordo com a artista, possa “tirar proveito do silêncio da sala”.

 

Nesta instalação, a artista utiliza, pela primeira vez, feltro, gesso e espuma. A obra terá diversas nuances de branco, devido à natureza dos materiais, e ganhará novas tonalidades ao longo da exposição, pois a artista conta com a ação da luz sobre a espuma, que amarelará com o passar dos dias. “Com a forma de um ladrilho em tom de alabastro, o trabalho também reflete sobre o tempo e seus pressupostos, já que algumas seções mudarão de cor durante a exposição”. Estela Sokol ressalta que a busca por mudanças de tonalidade são recorrentes em sua pesquisa. “Nas pinturas realizadas com lâminas de PVC, e outros materiais sintéticos por exemplo, as cores e tons se dão a partir da sobreposição das diversas camadas de plástico”, diz.Estela Sokol compreende o trabalho quase como uma pintura no espaço tridimensional. Para ela, “a ideia é articular os diferentes tons, texturas e densidades dos materiais”. Assim como em outros trabalhos expostos no terceiro andar, a artista transforma o uso dos materiais para aproximar o raciocínio pictórico de esculturas e objetos.

 

 

Nova série de pinturas

 

Uma nova série destas pinturas também poderá ser vista no terceiro andar da galeria. Serão 13 telas produzidas sem a utilização de tinta, em um processo que a artista vem desenvolvendo desde 2010. “Estico e sobreponho lâminas de PVC coloridas e translúcidas, entre outros materiais sintéticos, sobre chassis de madeira, criando diversos matizes que mudam conforme a incidência da luz e deslocamento do espectador”, ressalta. Ela acrescenta que “as pinturas de PVC sobre chassi propõem um diálogo entre a paleta industrial e a tradição pictórica”.Junto com essas pinturas estarão dez esculturas em pequeno formato, feitas em materiais como encáustica, mármore, parafina, tecido, espuma e madeira, que apresentam a ideia pitoresca das naturezas mortas no espaço tridimensional.

 

 

Sobre a artista

 

Estela Sokol nasceu em 1979, em São Paulo, cidade onde vive e trabalha. Realizou diversas exposições individuais, como “Gelatina”, na Anita Schwartz Galeria, em 2014; “Se o deserto fosse laranja a coisa seria cor de rosa”, no Museu da Taipa, em Macau, na China, 2012; “Secret Forest”, na Gallery 32, em Londres, Inglaterra, em 2011; “LichtKonkret”, na GalerieWuensch, em Linz, na Áustria, em 2011; “A morte das Ofélias”, na Anita SchwartzGaleria, no Rio de Janeiro, em 2011; “Dawn for Interiours”, na Bisagra Arte Contemporáneo, em Buenos Aires, Argentina, em 2010. “Clarabóia”, no Paço das Artes, em São Paulo, em 2010; “Sol de Inverno”, no Palácio das Artes, Fundação Clóvis Salgado, em Belo Horizonte, em 2008; “Meio dia e meia”, no Centro Universitário Maria Antonia, em São Paulo, em 2006, entre outras.Também participou de diversas mostras coletivas no Brasil e no exterior das quais destacam-se: “Intervenções Urbanas Bradesco ArtRio”, no Museu da República e “Bienal Tridimensional Internacional”, no Museu Histórico Nacional, ambas no Rio de Janeiro, em 2015; “PrometheusFecit”, no Museu Nacional Soares dos Reis, em Porto, Portugal, em 2014; “Whatcanweexpectfrom color?”, na BYCR Gallery, em Milão, na Itália, em 2013; “Norman Dilworth, AlistairMcclymontand Estela Sokol”, na StrandGallery, emVeneza, na Itália; “Arte Contemporânea no Universo Bordallo”, na Fundação CalousteGulbenkian, em Lisboa, Portugal; “Considerações sobre o plano”, no Museu de Arte Contemporânea, em São Paulo, ambas em 2013; “III Bienal delFindel Mundo”, em Ushuaia, na Patagônia, Argentina, em 2011; “16º Bienal de Cerveira”, em Cerveira, Portugal, em 2011; “Mapas Invisíveis”, na Caixa Cultural São Paulo, em 2011; “Light ArtBienalle”, em Linz, na Áustria, em 2010; “Graphias”, no Memorial da América Latina, em São Paulo, em 2009; “Nova Arte Nova”, no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, em 2009, e Rio de Janeiro, em 2008, entre outras.Ganhou prêmios como “Mostras de artistas no exterior”, dentro do “Programa Brasil Arte Contemporânea”, da Fundação Bienal de São Paulo, em 2010; “Temporada de projetos Paço das Artes, em São Paulo, em 2009; “Edital Revelação MACC”, em São Paulo, em 2004; “Projéteis FUNARTE de ArteContemporânea”, no Rio de Janeiro, em 2005; e “34°Salão de Arte Contemporânea LuizSacilotto”, em São Paulo, em 2006.

 

 

Sobre o silêncio das coisas

por Felipe Scovino

 

Ao tomar contato com o trabalho de Estela Sokol o que mais me salta aos olhos é a sua capacidade de reter uma potência expressiva de suavidade, delicadeza e silêncio. Transitando pelo universo de Agnes Martin, Morandi, Robert Ryman, Rothko, Volpi, dentre tantos outros artistas e poéticas que criam um universo expansivo de ideias e sentimentos anti-espetaculares a partir de uma economia de gestos, a obra de Estela revela uma transparência do corpo aparentemente sólido da pintura e da escultura. Suas pinturinhas – que carinhosamente ela as nomeia assim, no diminutivo, porém aumentando para mim essa característica da delicadeza – revelam um caráter artesanal na sua manufatura. Sendo ora envelopadas por lâminas de PVC e/ou PV, e em outros momentos tendo esses mesmos materiais recortados e seus feixes distribuídos – colocados de forma justaposta ou sobrepostos – pelo chassi, as pinturas revelam duas circunstâncias importantes e que se confundem em certa medida: a primeira é uma instância do que poderíamos chamar de superfície vibrátil ou em expansão, isto é, a partir da escolha do material e da disposição geométrica realizada, a cor tende a impulsionar o plano em direção ao espaço. Numa ilusão óptica, vários planos são construídos de forma a colocar as nossas certezas sobre o que está diante de nós em dúvida. A translucidez é que condiciona esse aspecto. A pintura ganha uma dimensão infinita, deslocando-se constantemente em direção ao espaço. O segundo ponto é a forma como opera as diferentes tonalidades de uma mesma cor. Seus monocromos se diferem daquilo que acostumamos a defini-los, porque eles não prezam pela unicidade da cor mas justamente pelo caráter de gerar uma quantidade considerável de diferenças cromáticas. A sutileza dessas diferenças; a cor em constante mutação; o instante em que a cor, através da operação meticulosa de escolha e dispersão das lâminas de PVC sobre o chassi, se propaga em luz ganhando uma dimensão corpórea; a escolha do material que permite perceber que a pintura explora características íntimas da escultura como densidade, volume e verticalidade (vide certos objetos ou linhas contidos nas pinturas que indicam essa imagem) além de texturas;e, o caráter poroso dessas formas compõem uma rede repleta de símbolos e afetos para as pinturas de Estela.

 

Como escrevi, a sua pintura se faz valer de atributos escultóricos, mas essa regra também se faz na outra direção. Suas esculturas tornam aparentes uma geometria torta que tende à falência. Elas são desorganizadas, inseguras, estão prestes a tombar, mas, e justamente por isso, são humanas. Essas qualidades estão em todos os artistas citados no início do texto, mas também em Torres-Garcia, nas organizações iniciais e ligeiramente construtivas de Iberê Camargo – que deixo claro nunca se filiou a essa tendência – e em muitos outros pintores que colocaram a geometria como uma instância do sensível ligada à imagem de perda ou desestabilidade. O tamanho, na maioria das vezes, diminuto desses trabalhos não só revela a delicadeza mas o compromisso de intimidade entre obra e espectador. Confundem-se com os objetos do cotidiano, sem perder a aura de obra de arte, porque também são coisas do mundo: podem ser facilmente deslocadas, colocadas na palma da mão. São esculturas que nos avisam sobre as dualidades do mundo sem que avancemos para o confronto, como geralmente o mundo lida ao reconhecer o outro como diferente. Afirmo isso a respeito do trabalho de Estela porque invariavelmente a escolha dos materiais reflete esse caráter antagônico entre eles. Temos um material leve convivendo com um pesado, um opaco com um translúcido, um flexível com um rígido, um mole com um que dificilmente exerce uma flexibilidade. Esse exercício de reconhecimento e convívio em suas esculturas não é pouca coisa e cria um diálogo frutífero e condensado sobre uma utopia ou desejo de mundo.

 

Em White Heat, temos a pintura que finalmente tomba e adere ao mundo ou a escultura que desaba sobre o chão e passa a ser horizontalizada. Mudamos, enquanto espectador, a nossa perspectiva. Passamos a olhar para baixo, vislumbrar e identificar os pormenores ou detalhes que habitam o espaço embaixo do nosso pescoço. Ocupando grande parte do térreo da galeria, a instalação também é uma metáfora sobre o tempo. Como assinala a artista, à medida que a exposição avança, alguns dos materiais – especialmente a espuma – estarão expostos à luz e mudarão de cor. O amarelecimento do material provocará um novo e intermitente desenho no espaço. Essa instância fenomenológica de percebermos a obra como corpo motivada não por aspectos morfológicos mas filosóficos já possui uma certa tradição na arte brasileira (faço lembrar um exemplo icônico que são as esculturas de Amilcar de Castro e as marcas de tempo que se tornam presentes via a oxidação de suas peças e que fazem parte do seu campo conceitual de trabalho), e Estela inteligentemente a resgata e a requalifica. Trazendo características da pintura e da escultura, embaralhando-as e, para além dissoparecer apenas uma proposta ligada aos cânones da modernidade, ela avança e propõe a obra como um corpo, vivo, orgânico e dinâmico. A obra é dessacralizada, torna-se mundana e, traz, assim como as esculturas em formato menor, o convívio com o antagonismo, a diferença. Estão lá, lado a lado, a espuma mole e o mármore, a parafina e o tecido. O silêncio que paira sobre a sala nos possibilita identificar, compreender e estabelecer o convívio harmônico que é celebrado entre estas supostas diferenças e a passagem do tempo como o índice de corpo e diálogo, metafórico, claro, com a vida.

 

 

 

De 27 de julho a 27 de agosto.

Pós-impressionistas no CCBB-Rio

19/jul

A exposição denomina-se “O triunfo da cor”, abordando o pós-impressionismo, obras-primas do Musée d’Orsay e do Musée de l’Orangerie, cartaz do CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A mostra é uma realização em parceria com Musée d’Orsay e a Fundación Mapfre. A exposição apresenta 75 obras de 32 artistas que, a partir do fim do século XIX, buscaram novos caminhos para a pintura. O grupo formado por ícones do movimento impressionista, como Van Gogh, Gauguin, Toulouse-Lautrec, Cézanne, Seurat, Matisse, Bernard, Maioll, e outros recebeu do crítico inglês Roger Fry a designação de pós-impressionista, por promoverem uma nova linguagem estética, baseada no uso intenso da cor, mostrando os caminhos de uma geração de artistas que ficou conhecida como pós-impressionistas, aqueles que promoveram uma revolução estética pelo uso da cor.

 

A exposição está dividida em quatro módulos: “A cor científica”, com uma seleção de obras inspiradas nos estudos de Michel Eugene Chevreul, cuja técnica consistia em aplicar na tela pontos justapostos de cores primárias e que se tornou muito conhecida nas mãos de Van Gogh.

 

O segundo módulo, “No núcleo misterioso do pensamento. Gauguin e a escola de Pont-Aven”, inclui obras de Paul Gauguin e Émile Bernard a partir de uma pintura sintética, com cores simbólicas e a presença de desenhos nos contornos e silhuetas, refletindo um mundo interior e poético.

 

No módulo 3, “Os Nabis, profetas de uma nova arte”, o tema é a ideologia de um grupo de artistas que defendiam a origem espiritual da arte, utilizando a cor como um elemento transmissor dos estados de espírito.

 

Já o quarto e último módulo, chamado “A cor em liberdade”, apresenta obras de artistas do final do século XIX e início do século XX, com inspirações que vão da Provence à natureza tropical. A curadoria é de Guy Cogeval, presidente do Musée d’Orsay, Pablo JimenézBurillo, diretor cultural da Fundación MAPFRE, e Isabelle Cahn, curadora do Musée d’Orsay. As obras expostas oferecem ao público a oportunidade de conhecer alguns ícones de um importante momento da história da arte e de poder ver de perto algumas das obras mais emblemáticas dos últimos tempos.

 

“O triunfo da cor” é mais uma exposição histórica sobre arte moderna, e que ficará em cartaz no CCBB do Rio de Janeiro, podendo ser visitada de 20 de julho até 17 de outubro.

Novos artistas

18/jul

A Galeria de Arte Ibeu, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, inaugura, no dia 26 de julho, a exposição “Novíssimos 2016”. A mostra conta com a participação de 12 artistas que apresentarão pinturas, instalações, objetos e fotografias. Único Salão de Arte do Rio de Janeiro, o Salão de Artes Visuais Novíssimos chega à 45ª edição, na qual as inquietações comuns a artistas de diversas gerações e localidades estão reunidas em um mesmo espaço expositivo.

 

Os artistas selecionados são: Amanda Copstein, RS; Gilson Rodrigues, MG; Gustavo Torres, RJ; Hermano Luz, DF; João Paulo Racy, RJ; Kammal João, RJ; Manoela Medeiros, RJ; Maria Fernanda Lucena, RJ; Mariana Katona Leal, RJ; Rafael Salim, RJ; Reynaldo Candia, SP e Vera Bernardes, RJ. O artista em destaque no Salão de Artes Visuais “Novíssimos 2016” será contemplado com uma exposição individual na Galeria de Arte Ibeu em 2017. O nome do premiado será divulgado na noite de abertura.

 

O objetivo de “Novíssimos” é reconhecer e estimular a produção desses artistas emergentes, e com isso apresentar um recorte do que vem sendo produzido no campo da arte contemporânea brasileira. Já participaram deste Salão artistas como Anna Bella Geiger, Ivens Machado, Ascânio MMM, Ana Holck, Mariana Manhães, Bruno Miguel, Pedro Varela, Gisele Camargo, entre outros. Até 2015, 598 artistas já participaram da coletiva anual.

 

“Nesta nova edição, utilizei 13 livros da poetisa portuguesa Sophia de Mello BreynerAndresen para dispor as obras dos 12 artistas escolhidos. As obras são percebidas como internas a melancolia do tempo circunscrito, aquela dentro da qual o tempo pode ser percebido passando. Para isso, cada artista recebe uma obra da autora, com seu respectivo ano”, afirma o curador Cesar Kiraly.

 

“Por exemplo: “Amanda Copstein/O Nome das Coisas, 1977 ou Vera Bernardes/Mar Novo, 1958”. A intenção é permitir que a bruma do livro envolva o trabalho ao mesmo tempo em que esse se mostre coerente com os nomes implicados na fabricação poética. O décimo terceiro livro, “O Nome das Coisas, 1964” foi escolhido como aquele que conduz a lógica dos encontros entre livros e artistas e nomeia a coletiva.”, complementa Cesar Kiraly.

 

 

 

Até 26 de agosto.

Histórias em Niterói

13/jul

O Museu de Arte Contemporânea – MAC Niterói, Mirante da Boa Viagem, Niterói, RJ, apresenta a exposição “A Arte de Contar Histórias”, que tem a curadoria da norueguesa convidada Selene Wendt. Essa mostra, que ocupa o Salão Principal, a Varanda e o Mezanino, investe na perspectiva de diálogos vivos entre exposições, arquitetura e sociedade, reunindo artistas brasileiros e estrangeiros inspirados pelas grandes obras literárias latinoamericanas e universais.

 

São 22 artistas ao todo. A mostra acontece simultaneamente no Museu Janete Costa, localizado a poucos metros do MAC, com instalações, objetos, vídeos e poesia visual. Destacam-se a videoinstalação “Três Telas, Nós e não Nós”, de Sérgio Bernardes e Guilherme Vaz, no salão principal do MAC, explorando as múltiplas faces da cultura brasileira; e a escultura “Cicleprototemple”, de Ernesto Neto, um coração com tambores acolhendo os visitantes como participantes das pulsações de um museu vivo. A mostra apresenta obras ainda obras de André Parente, Cao Guimaraes, Cristina Lucas, Dulcinéia Catadora, Eder Santos, Elida Tessler, Fabio Morais, Gilvan Barreto, Magne Furuholmen, MariláDardot, Nina Yuen, Pablo Lobato, Rosana Ricalde, Ulf Nilsen e William Kentridge.

 

“A Arte de Contar Histórias” é diretamente inspirada pelo livro “O Narrador”, de Mario Vargas Llosa, uma história cativante com narrativa intrincada que justapõe a voz do narrador com capítulos relacionados à mitologia indígena peruana. “O Narrador” contém todos os elementos de um romance clássico, premiado: uma luta pessoal profunda e uma busca pelo sentido e verdade encontrada ao longo da trajetória de uma viagem de descobertas transformadoras. A história sugere muitos dos temas fundamentais nesta exposição e também capta a singularidade e originalidade para contar histórias de muitos dos artistas apresentados. Assim como Mario Vargas Llosa nos guia por entre um mundo mítico e mágico com seu relato poético de um contador de história, os artistas incluídos nesta exposição são contadores de histórias que captam nossa imaginação com suas interpretações de algumas das maiores histórias escritas até hoje. Como qualquer história, as narrativas são intrincadas e inter-relacionadas, às vezes se superpondo, entrando e saindo do tempo e do lugar, são ricas de metáforas e simbolismo, e transmitidas com uma força e convicção inequívocas. Algumas das narrativas fundamentais evoluem de viagens pessoais, outras têm uma abordagem mais analítica ou teórica, mas todas as obras contam histórias tanto pessoais quanto universais. O fio de ouro que ata esses trabalhos é tipicamente tecido de narrativas literárias preexistentes, encontradas em épicos universais, que são indiscutivelmente transformados de modo singular em novas histórias.

 

 

 

Sobre o MAC Niterói

 

Símbolo da cidade, patrimônio nacional e considerado uma das maravilhas arquitetônicas do mundo, o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC Niterói) – está sendo reaberto oficialmente depois de passar por um inédito conjunto de obras. Os visitantes vão encontrar um museu mais sustentável e com inovações. A reabertura do MAC marca também o lançamento do programa “MAC+20”, com exposições que ressaltam a importância e potência histórica da Coleção MAC Sattamini e, simultaneamente, celebram novas perspectivas curatoriais, através de colaborações nacionais e internacionais.

 

 

Até 24 de julho.

Heróis por Daniel Mattar

12/jul

O fotógrafo Daniel Mattar, com mais de 20 anos de trajetória no universo da moda, volta a experimentar linguagens para universos que vão além de campanhas e editoriais. Assim como fez na individual “Simulacro”, onde abordou a realidade do consumo solitário no Japão, agora exibe em “Heróis Nacionais” uma seleção de 18 imagens, nove delas inéditas, que trazem atletas como modelos.A mostra tem curadoria de Lauro Wöllner e fica em cartaz no Shopping Leblon, Rio de Janeiro, RJ, como continuidade de um projeto lançado em 2010 no formato de calendário, com beleza de Vini Kilesse e produção de Bebel Moraes.

 

Segundo Mattar, o desafio foi descobrir qual aspecto explorar no caso de cada personagem, com possibilidades que surgiam apenas no momento do ensaio, com jogos de luz e muita observação a partir dos movimentos congelados frente ao fundo negro. “Ao contrário de uma campanha de moda, no qual já chegamos com uma imagem pré-estabelecida, em “Heróis Nacionais” nos surpreendíamos a partir do relacionamento com os atletas e seus equipamentos. Um exemplo é a foto do Bernardo Oliveira, que chama atenção pela interação do jovem atleta com a complexidade do arco. Já com a Juliana Veloso e com a Ingrid Santos, dos saltos, exploramos a altura com o auxílio de uma cama elástica”, conta.

 

No conceito do trabalho está ainda uma busca por uma estética mais limpa e sensível para as variadas atividades, sem vícios ou coloridas interferências, e com o olhar de surpresa de alguém que nunca teve nenhum contato mais profundo com velas, remos ou trampolins. “Tenho o maior orgulho deste material, porque começamos em 2009 para a produção do calendário e desde aquela época venho pensando em novas leituras para diversas modalidades. Enquanto na primeira etapa fotografei Martine Grael e Isabel Swan enroladas numa vela, o símbolo do esporte aparece este ano quase como uma bandeira nas mãos do Henrique Haddad. Por outro lado, no caso das meninas do nado, uso praticamente a mesma técnica e foco na plasticidade de cada movimento e sua reação na água”, completa.

“Heróis Nacionais” explora ainda o potencial da luz na criação de rastros de movimento, como na foto em que a bicampeã olímpica Fabiana Alvim de Oliveira, medalhista em Londres e Pequim no voleibol, dá o popular “peixinho” evitando o contato da bola com o chão. Efeito semelhante pode ser visto no clique do ciclista Kacio Freitas, no contraste com tronco e cabeça inertes.

 

De acordo com Lauro Wöllner, que selecionou os atletas junto ao Comitê Olímpico Brasileiro, “…pessoas que dedicam oito, dez anos de vida em um único foco e objetivo são verdadeiros heróis”. Aficionado do esporte e competidor de vela e triatlo, afirma que toda sua vida foi pautada pelos esportes. “Essa influência me trouxe competitividade para o mundo dos negócios, mas também humildade, disciplina e companheirismo”, pondera. A ideia do empresário é seguir fotografando atletas em parceria com Daniel Mattar. “Nosso grande desejo é encorpar esse trabalho com novas fotos e outros esportistas e concretizar o ciclo com um livro”, conta.

 

 

Atletas fotografados: Em 2016, Bernardo Oliveira (Tiro com Arco); Fabiana Alvim de Oliveira (Voleibol); Henrique Haddad (Vela); Ingrid Santos (Saltos ornamentais); Juliana Veloso (Saltos ornamentais); Kacio Freitas (Ciclismo); Lara Puglia (Nado sincronizado); Marinalva Almeida (Vela adaptada) e Pedro Drummond (Remo). Em 2010, Cezar Castro (Saltos ornamentais); Clarisse Menezes (Esgrima); Fabiana Beltrame (Remo); Giovana Nunes (Nado sincronizado); Martine Grael e Isabel Swan (Vela); Nivalter Santos (Canoagem); Patrícia Freitas (Vela); Raquel e Rafaela Lopes (Judô) e Virgilio de Castilho (Triatlon).

 

 

De 12 a 24 de julho.

Sports for all

11/jul

No aquecimento para os Jogos Olímpicos e mostrando que o esporte pode contribuir na luta pela igualdade, o IBEU inaugura a exposição gratuita “Sports for All”, em parceria com o Consulado Geral dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, no dia 19 de julho, às 18h30, na filial do curso em São Francisco, Niterói. A mostra conta com 15 pôsteres que apresentam um panorama da participação norte americana nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos nas últimas décadas. Entre os homenageados estão o nadador Michael Phelps, o atleta da NBA Steph Curry, a ginasta Simone Biles e o medalhista paralímpico Richard Brownes. “A exposição visa reafirmar o papel primordial do esporte na aproximação entre povos e nações, especialmente neste momento Olímpico, onde todos celebram valores como coragem, respeito e determinação”, afirma Lia Baêta, gerente do IBEU em São Francisco e Icaraí. Além dos pôsteres, a mostra conta com a exibição do documentário “Orgulho Olímpico/Preconceito Americano”, da diretora Deborah Riley Draper, que recupera a participação de 18 atletas afro-americanos nos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, desafiando a teoria nazista da supremacia racial e a atmosfera de segregação racial nos EUA nessa época.

 

De 19 a 29 de julho.