O livro de Ana Maria Gonçalves.

17/jan

Imagine atravessar a história de resistência negra no Brasil, conduzido pela narrativa poderosa de “Um Defeito de Cor”, livro de Ana Maria Gonçalves. A exposição homônima está em cartaz no Sesc Pinheiros, São Paulo, até 26 de fevereiro, reunindo mais de 370 obras de artistas brasileiros e internacionais. É uma oportunidade de dialogar com temas como escravidão, diáspora africana, ancestralidade e protagonismo feminino, em uma imersão que vai muito além do que está nos livros de história. “Um Defeito de Cor” toma o espaço expositivo do Sesc Pinheiros com desdobramentos que recepcionam visitantes desde o muro da entrada.

Os curadores Amanda Bonan e Marcelo Campos, ambos do MAR (Museu de Arte do Rio), fizeram o convite a Ana Maria Gonçalves para uma construção curatorial conjunta a repensar a trajetória do livro de forma imagética: da produção moderna e contemporânea que tem em seu cerne a cosmogonia africana nasceu esse encontro a partir de produções de 131 artistas – entre 77 vivos e 37 já falecidos, além de 17 convidados a produzir novas obras para a mostra, com nomes como Kwaku Ananse Kintê, Kika Carvalho, Antonio Oloxedê e Goya Lopes. Além dos curadores, fazem parte do processo de criação os artistas Ayrson Heráclito, consultor que assina a expografia ao lado de Aline Arroyo, e Tiganá Santana, curador da paisagem sonora que envolve o ambiente. É importante destacar que, antes da vinda para o Sesc Pinheiros, esta itinerância passou pelo Museu da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), fazendo uma importante triangulação entre instituições e abrangência de públicos do Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.

Sobre os curadores

Amanda Bonan é gerente de curadoria do Museu de Arte do Rio – MAR, doutoranda em Artes pela USP, mestre em História e Crítica da Arte pela UERJ (2013) e bacharel em Produção Cultural pela UFF (2006). Foi consultora da UNESCO em projetos internacionais de cultura e coordenadora de programação e produção do festival Europalia Brasil, na Bélgica. Trabalhou no Centro de Artes Visuais da FUNARTE (2010) e na Galeria Laura Marsiaj Arte Contemporânea (2005-2006). Atuou como curadora em diversas exposições de arte e mostras de cinema.

Ana Maria Gonçalves escritora mineira nascida em 1970, formada em Publicidade. Após residir em São Paulo por 13 anos, mudou-se para Itaparica, na Bahia, onde dedicou os cinco anos de residência à literatura. A imersão pela pesquisa à cultura da diáspora africana culmina na escrita de seu primeiro romance “Ao lado e à margem do que sentes por mim”, de 2002, e o aclamado “Um Defeito de Cor”, de 2006.

Marcelo Campos é professor associado do Departamento de Teoria e História da Arte do Instituto de Artes (UERJ) e curador chefe do Museu de Arte do Rio. Foi diretor da Casa França-Brasil (2016-2017) e professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Membro dos conselhos dos Museus Paço Imperial (RJ) e do Museu Bispo do Rosário de Arte Contemporânea (RJ). Doutor em Artes Visuais pelo PPGAV, da Escola de Belas Artes da UFRJ. Possui textos publicados sobre arte brasileira em periódicos, livros e catálogos nacionais e internacionais. Em 2016, lança “Escultura Contemporânea no Brasil: reflexões em dez percursos”, pela Editora Caramurê, um levantamento de mais de 90 artistas da produção moderna e contemporânea brasileira.

Exposição fotográfica de Andréa Brächer.

 

“Ygapó: Floresta encantada de águas”, de Andréa Brächer na CAIXA Cultural São Paulo, tem abertura no dia 25 de janeiro. Sob curadoria de Letícia Lau, a mostra apresenta 14 imagens que exploram a conexão entre a natureza amazônica e a fabulação, forjadas a partir da cianotipia, um processo fotográfico histórico criado em 1842 por Sir John Herschel.

O título da exposição, “Ygapó”, faz referência às áreas da floresta amazônica permanentemente alagadas, mesmo nos períodos de estiagem dos rios. As imagens foram captadas em Alter do Chão (PA), durante uma imersão fotográfica em janeiro de 2022. Inspirada pela “vitalidade e pelos ciclos da natureza”, a narrativa visual de Andréa Brächer evoca tanto o encantamento quanto as urgências ambientais contemporâneas. A utilização da cianotipia, com suas tonalidades azuladas características, alia técnicas analógicas e digitais, conectando práticas históricas às tendências da fotografia contemporânea. As fotografias, ampliadas em papel Canson mate, surgem da digitalização das imagens originais, feitas em papel para aquarela, revelando um diálogo entre o passado e o presente da arte fotográfica.

Para a curadora Letícia Lau, as imagens da série funcionam como um “alerta poderoso” sobre a importância da preservação dos ecossistemas e sobre o impacto humano na natureza. O conceito de fabulação, central na obra da artista, permeia a série, convidando o observador a imaginar narrativas inspiradas no cenário singular do Baixo Amazonas.

Ao longo de sua trajetória, Andréa Brächer tem explorado temas ligados à floresta, à memória e à transitoriedade, desvendando conexões entre o imaginário coletivo e as paisagens que habitamos. Segundo a artista, “a floresta é ora um território do onírico e de seres sobrenaturais, ora um espetáculo de fauna e flora exuberantes que fascina o mundo inteiro”. Esses temas também estão presentes em suas séries anteriores, como “A Vinda das Fadas” (2019) e “Desaparecidos” (2019). A exposição “Ygapó: Floresta encantada de águas” transcende a dimensão estética e aborda questões ambientais urgentes. Estudos apontam que os igapós ocupam cerca de 8% do bioma amazônico e desempenham um papel essencial na regulação dos ciclos hídricos e climáticos. Os trabalhos de Andréa Brächer não apenas denunciam os impactos ambientais, mas também exaltam a magnitude desses ecossistemas, reforçando a necessidade de uma consciência coletiva para sua preservação. Ao final da visita, o espectador é convidado a refletir sobre sua própria relação com a natureza e com o tempo. Cada imagem é um fragmento poético que transita entre o real e o imaginário, uma pausa no fluxo cotidiano para resgatar a conexão com o que há de mais essencial: a contemplação e o cuidado com a vida em todas as suas formas.

Até 02 de março.

 

Carlito Carvalhosa em retrospectiva.

16/jan

Nesta primeira exposição retrospectiva da obra instalativa do artista Carlito Carvalhosa (1961-2021) no Sesc Pompeia, São Paulo, SP, as obras estão remontadas conforme o projeto original. Ocupando o galpão principal do espaço projetado por Lina Bo Bardi, foram selecionadas quatro obras que evocam os principais materiais utilizados pelo artista em suas instalações: postes de iluminação pública, lâmpadas fluorescentes, tecidos e gessos, além das ativações sonoras.

Curadoria de Luís Pérez-Oramas e Daniel Rangel, e curadoria adjunta de Lúcia Stumpf.

Até 9 de fevereiro.

Luisa Strina 50 anos livro e exposição.

13/jan

No final de 2024, Luisa Strina, um dos pilares da arte contemporânea no Brasil e no mundo, celebrou meio século de existência, com centenas de exposições apresentadas. Fundada em 17 de dezembro de 1974, a galeria atravessou décadas de transformações políticas, sociais e culturais, e, ao longo dos anos, desempenhou um papel crucial na promoção de artistas brasileiros e latino-americanos, consolidando-se como inovadora no cenário global da arte.

Para comemorar o cinquentenário da sua galeria, parte da coleção privada de Luisa Strina estará aberta à visitação pública. Amostra, apresenta alguns destaques, incluindo nomes como Cildo Meireles, Fernanda Gomes, Carl Andre, Jimmie Durham, Francis Alÿs, Mira Schendel, Leonilson, dentre outros. A exposição tem curadoria assinada pela própria galerista/colecionadora, pela diretora artística da galeria Kiki Mazzucchelli e pelo curador/galerista Ricardo Sardenberg, será lançado também Luisa Strina 50, livro comemorativo. A publicação, organizada por Kiki Mazzucchelli e Oliver Basciano, com coordenação editorial da Act. Editora, reúne textos inéditos e documentação de cinco décadas da galeria de arte mais longeva do Brasil.

Com mais de 100 exposições realizadas ao longo de cinco décadas, é uma testemunha viva do desenvolvimento da arte brasileira e internacional. Cada mostra trouxe novas reflexões e desafios, ampliando o entendimento sobre a produção artística contemporânea e reafirmando a galeria como um espaço de diálogo e inovação. A história da galeria é também a história da arte brasileira, que encontrou nas paredes da Luisa Strina um palco de projeção global.

Sobre o livro Luisa Strina 50

Com ensaios de curadores e jornalistas sobre o cinquentenário da galeria, Luisa Strina 50, organizada por Kiki Mazzucchelli e Oliver Basciano, com coordenação editorial da Act. Editora, comemora uma trajetória que se confunde com a história da arte contemporânea brasileira. O livro destaca também 100 exposições memoráveis que aconteceram em seu espaço, mostras de artistas como Alfredo Jaar, Anna Maria Maiolino, Antoni Muntadas, Cildo Meireles, Cinthia Marcelle, Fernanda Gomes, Magdalena Jitrik, Olafur Eliasson, Panmela Castro, Tunga, entre outros. A publicação traz ainda duas entrevistas com Luisa Strina, e uma rica iconografia com fotos, depoimentos e documentos.

A natureza que me habita.

09/jan

Após temporada em Lisboa, Ana Durães apresenta produção atual na Galeria Contempo, Jardim América, São Paulo, SP. Passada quase uma década desde sua última individual na capital paulistana, a artista visual Ana Durães retorna com trabalhos recentes, todos inéditos, com a exposição  “A natureza que me habita”. A partir do dia 18 de janeiro, ela ocupará a Galeria Contempo, em São Paulo, com cerca de 20 obras em técnica mista, tinta acrílica e óleo sobre tela e linho, com médios e grandes formatos. O texto crítico leva assinatura da cientista social, historiadora e curadora de arte Vanda Klabin.

Morando entre Rio e Lisboa, Ana Durães costuma trabalhar imersa na natureza, inspirada nas paletas de cores ao seu redor, no ateliê que mantém na serra de Petrópolis: “A natureza que me habita vem bem antes da pandemia. Penso que a natureza sempre me habitou. E o costume de estar dentro dela se fortificou na necessidade da reclusão. Na necessidade da solidão”, afirma.

“Não sigo tendências artísticas. Sou uma artista pós-moderna no mundo contemporâneo, onde sigo meus impulsos sensoriais. Pinto o que vejo e sinto. Mas, da forma como vejo, não necessariamente uma natureza real. Uma simples folha pode ser floresta. Uma poça de chuva pode virar rio. Nada do que vejo me é alheio, misturo as flores, as cores, o meu jardim, com imagens imaginárias. Quase abstratas. Acaba por tornar-se um jardim das delicadezas, próprio da liberdade com que registro meu mundo. Essas flores que apresento agora, inéditas, trabalhadas nos últimos três anos, na verdade moram em mim há 62 anos. Elas são alegorias da minha natureza, onde transmuto dor em amor até tornar-se alegria”, conclui.

Ana Durães: a natureza que me habita (por Vanda Klabin).

A natureza com suas paisagens reais, alegóricas ou míticas, tem um papel decisivo para a história da pintura. É uma matéria sempre suscetível à interpretação e à reflexão, que estimula o processo criativo e converge para as inúmeras possibilidades plásticas do mundo. A interlocução com a natureza, que orquestra imensas áreas de cor, está presente na pintura de Ana Durães. A artista encontra sua gramática poética no ritmo da vida real, e suas telas consolidam um tratamento cromático que irradia um diálogo visual pela ação de seu imaginário, um éden mágico que anseia por consonâncias. A paisagem, a presença de árvores e as naturezas-mortas fazem parte do campo narrativo que se instala em suas pinturas. Seus reflexos, suas luminosidades, suas colorações, suas inquietudes rítmicas, suas ambiguidades veladas, tudo se transforma em acontecimento plástico. Observamos a liberdade das pinceladas, a supressão de um ponto central, os efeitos de luz que dissolvem a superfície da tela. Espécies de narrativas breves, como poemas instantâneos, que reforçam a sensação de uma eterna redescoberta e de uma atmosfera cromática misteriosa — um verdadeiro paraíso de possibilidades estéticas. Os vasos de flores e a vegetação tecem um diálogo visual, alternando-se em suas múltiplas direções, ora se insinuando, ora ocupando todo espaço, gerando uma disponibilidade plástica como se fosse uma fricção cromática da natureza. Sensível à poesia contida na vida silenciosa dos acessórios agenciados na sua cotidianidade, Ana Durães procura, nas formas encontradas nas suas naturezas-mortas e paisagens, o tratamento do espaço plástico no que diz respeito aos volumes e à incidência da luz sobre as formas e os resultados das variações e da modulação pela cor. Uma fermentação germina entre as suas cores constitutivas e manifesta a vitalidade da artista e a sua exuberância encantatória do mundo.

Sobre a artista

Ana Durães nasceu em 1962 em Diamantina, MG, e mora no Rio de Janeiro. Iniciou seus estudos na Escola Guignard de Belo Horizonte, em 1981. Concluiu o curso de formação na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, em 1987. Participou de centenas de exposições coletivas e individuais: no Palácio das Artes de Belo Horizonte (MG); no Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro; no Museu Histórico Nacional; no Museu de Arte Moderna de Salvador (BA); no MASP – Museu de arte de São Paulo; na Escola de Artes Visuais (RJ); no Museu da República do Rio de Janeiro; no Instituto Centro Cultural Brasileiro-Americano em Washington DC e no Kunstlerhaus, na Áustria, além de cidades como Berlim, Madri, Paris, Lisboa e Buenos Aires. Em 2012, comemorou 30 anos de carreira na exposição individual Mundo das Coisas, no Espaço Furnas Cultural no Rio de Janeiro. Em 2013 realizou a exposição individual Novos Pretos Novos, na Galeria Sergio Gonçalves, no Rio de Janeiro. Em 2018, realizou exposição individual na Artfact Gallery em Nova York. Em 2020, apresentou a exposição Altered Nature, em diálogo com o fotógrafo Daniel Mattar, na Brisa Galeria, em Lisboa. Em 2022, expôs em Madri, na Casa de América, com produção da Galeria Contempo; em 2023, participou da exposição “Paisagens Construídas”, na [A] Space, em Lisboa, com o artista Luiz Dolino, e, no mesmo ano, da individual “Diálogos da Paisagem”, com curadoria de Mônica Xexéu, na Casa de Cultura de Petrópolis. Suas obras são encontradas em diversos acervos no Brasil e no exterior.

Livro destaca a obra de Maria Lira Marques.

13/dez

 

Esta publicação é dedicada à trajetória e obra da artista mineira Maria Lira Marques (Araçuaí, 1945), que rompeu barreiras e nomenclaturas, estabelecendo-se no circuito de arte contemporânea. Mais que uma monografia, o livro busca destacar a relação visceral da artista com o território que a forjou, o Vale do Jequitinhonha, bem como resgatar elementos da tradição popular em sua estética e prática. Este percurso é apresentado por meio de um corpo de obras – desenhos, pinturas e objetos em cerâmica -, além de ensaios do curador Rodrigo Moura, que assina a organização do livro, e da pesquisadora e curadora Luciara Ribeiro. A publicação incorpora ainda imagens históricas registradas por Frei Chico (importante personagem na vida de Maria Lira), uma cronologia completa, e depoimentos da artista publicados originalmente em 1983.

Realização: Gomide&Co.

Edição: Yasmin Abdalla e Marina Dias Teixeira.

Textos: Rodrigo Moura, Luciara Ribeiro, Luisa Duarte e Yasmin Abdalla.

Design: Felipe Chodin e Camila Regueira.

Pela regeneração ambiental.

10/dez

O artista plástico Otávio Veiga apresenta “Formas da Consciência” na Galeria ZooFoz, a exposição reflete sobre a conexão entre humanidade e natureza por meio de esculturas tridimensionais.

A exposição “Formas da Consciência”, inaugura no dia 12 de dezembro na Galeria ZooFoz, Morumbi, em São Paulo. Otávio Veiga apresenta um conjunto de esculturas que explora a complexa relação entre a humanidade e o meio ambiente, utilizando materiais reciclados e naturais, como madeira reaproveitada, ferro, pedras e fibras. As oito obras em exibição, representando figuras como tamanduás, árvores, peixes e elefantes, convidam o público a refletir sobre os impactos do consumo humano e a importância da regeneração ambiental.

A exposição “Formas da Consciência” integra a programação inaugural da Galeria ZooFoz, que se apresenta como um novo espaço dedicado à arte contemporânea e à reflexão ambiental. Além da exposição de Otávio Veiga, o evento traz a mostra “Justine e Outras Aves”, de Rafael Vogt Maia Rosa, e celebra a abertura do espaço. Parte da renda obtida será revertida para a Associação ZooFoz, que realiza ações voltadas à conscientização ambiental e social.

Sobre o artista

Otávio Veiga nasceu em São Paulo, 1973, iniciou sua trajetória artística utilizando a escultura como um canal para abordar questões contemporâneas como sustentabilidade e renovação. Seus trabalhos transformam resíduos descartados em objetos de grande significado visual e conceitual, evidenciando a beleza em materiais negligenciados. Explorando a relação entre o mecanicismo do mundo moderno e a organicidade da natureza, o artista cria obras que ressoam tanto por sua forma quanto por sua mensagem, estabelecendo um diálogo direto com o público sobre temas como regeneração e ressignificação.

Esculturas de Flávio Cerqueira.

09/dez

“Eu penso a escultura como o instante pausado de um filme”, explica Flávio Cerqueira ao comentar sua carreira, que chega à marca de 15 anos com uma retrospectiva individual inédita no CCBB São Paulo, com curadoria de Lilia Schwarcz, historiadora, antropóloga e imortal da Academia Brasileira de Letras.

A declaração do artista joga luz sobre o forte teor de narrativa que imprime em suas obras, com esculturas figurativas em bronze que convidam o público a completar as histórias contidas em cada detalhe de personagens tipicamente brasileiros.

“Muito vinculada a uma certa história ocidental, a escultura em bronze celebrava o privilégio de homens brancos. Insurgindo-se contra essa narrativa, Flávio Cerqueira seleciona pessoas que observa no dia a dia, imersas em seu próprio cotidiano, e as eleva no bronze. São personagens representados de maneira altiva, com respeito, quase de maneira filosófica”, comenta a curadora.

Reconhecidas pela originalidade e riqueza de detalhes, as esculturas de Cerqueira ocupam todos os andares e o subsolo do prédio histórico do CCBB no centro da capital paulista – no térreo, os visitantes vão encontrar “O jardim das utopias”, uma seleção de trabalhos pensados para áreas abertas, que exploram a temática das fontes ornamentais e esculturas instaladas em praças públicas. “A busca por uma mudança do eu e o desejo de criar um lugar imaginário norteiam essa ilha de possibilidades, muitas vezes utópicas, mas que trazem leveza ao cotidiano caótico da existência”, afirma o artista sobre as obras que vão dar as boas-vindas aos visitante.

“Meu fazer artístico é o processo de transformação pelo qual passa cada material até se tornar uma escultura: a cera de abelha misturada com óleos e um pó de barro peneirado que transformo em platina e que, modelada por minhas mãos, se torna uma figura. As misturas das ligas metálicas como cobre, estanho, chumbo, zinco, ferro e fósforo derretidos a mais de mil graus centígrados que, despejadas em um bloco de areia com dióxido de carbono, eternizam essas formas modeladas em um dos mais nobres materiais da escultura, o bronze”.

Sobre o artista

Flávio Cerqueira nasceu em São Paulo, em 1983, onde vive e trabalha. Sua graduação em artes plásticas o introduziu na linguagem escultórica, pesquisa que aprofundou no mestrado e doutorado na Universidade Estadual Paulista. Em sua prática, especializou-se nos processos tradicionais de fundição em bronze. Por meio dessas técnicas milenares, o artista captura momentos singulares de situações cotidianas e os transforma em questões centrais de sua poética.

Até 17 de fevereiro de 2025.

Projetos sustentáveis na Japan House.

De 03 de dezembro de 2024 a 04 de maio de 2025, a mostra inédita apresenta 16 projetos sustentáveis criados no Japão, como novos materiais desenvolvidos a partir de resíduos de papel, tecido, conchas e restos alimentares. Soluções criativas, novos materiais e propostas para minimizar o desperdício são destaque na exposição “Princípios japoneses: design e recursos” na Japan House Avenida Paulista, São Paulo.

Com entrada gratuita, reúne 16 projetos de 14 criadores que apostam em formas de aproveitamento máximo e minimização de desperdícios dos recursos e materiais, além de iniciativas para valorização de recursos e técnicas tradicionais japonesas. Com muitas possibilidades, a exposição apresenta iniciativas em áreas como arquitetura, design, artesanato tradicional, têxteis, itens de esporte e instrumentos musicais.

A exposição surge a partir de um princípio milenar japonês, como comenta Natasha Barzaghi Geenen, diretora cultural da Japan House São Paulo e curadora da exposição. A inspiração para a mostra nasceu da longa tradição do “não desperdício”, parte da filosofia japonesa mottainai – junção do vocábulo de origem budista “mottai”, que se refere à essência das coisas, com a partícula “nai”, que indica negação na língua japonesa. “

O designer Kosuke Araki criou banquetas feitas de arroz, serragem e juta, chamadas “RRR”, sigla para Rice-Reinforced Roll (ou rolo de arroz reforçado, em tradução livre). Também serão expostos outros projetos do designer: Agar Plasticity, que explora a estrutura porosa, macia e leve do ágar-ágar (gelatina vegetal feita a base de algas marinhas) como uma alternativa aos plásticos sintéticos usados em embalagens de proteção; e Anima, louças desenvolvidas a partir de restos de alimentos desidratados combinados com urushi, a laca japonesa, tornando os utensílios impermeáveis e duráveis.

Os nomes do fim.

No domingo, 08 de dezembro, o Ateliê397 realiza Os nomes do fim, exposição pop-up que marca o encerramento do segundo semestre do Clínica Geral, programa de acompanhamento de pesquisas artísticas. O evento acontece das 14h às 18h na galeria Vermelho, Higienópolis, São Paulo, SP, que abrigou os encontros ao longo do semestre e a curadoria é de Bruna Fernanda, Lucas Goulart e Thais Rivitti, mediadores da turma.

Além de compartilharem reflexões sobre suas práticas, os artistas se encontram ao enfrentar o esgotamento de sentido diante das condições ético, político e ambientais dominantes e ao repensar nossa relação com a matéria, a imagem, a biologia, a paisagem e o próprio objeto de arte. Nesse rumor, despontam diferentes exercícios para contornar as mortes, pequenas e retumbantes, que fazem o cotidiano.

Os Nomes do Fim

Artistas participantes: Andrea Brazil, Bruno Fonseca, Corina Ishikura, David Caicedo, Duda Camargo, Edilaine Brum, Felipe Corcione, Fernanda Pompermayer, Isabela Hirata, Latife Hasbani, Leticia Morgan, Maltichique, Meia, Sergio Magno, Sindy Palloma, Tara Perstephonie, Thiá Sguoti, Uma Moric e Zizi Pedrossa.

Apoio: Estúdio Motriz e galeria Vermelho.