Esculturas na Galeria Marcelo Guarnieri

11/abr

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP,  apresentará, entre 20 de abril e 24 de maio, a primeira mostra de João Bez Batti na unidade de São Paulo. O artista expõe regularmente desde a década de 1960. A exposição na Galeria Marcelo Guarnieri reúne esculturas em madeira, cerâmica, basalto e bronze realizadas ao longo de seus mais de 50 anos de produção e traz à São Paulo uma parte da sua coleção de seixos, formada por mais de mil unidades. As obras do artista revelam, em suas sinuosidades e protuberâncias, a relação que possui com o universo mineral, uma relação afetiva que se constrói em conexão com outros elementos da natureza como a fauna, a flora e o curso das águas.

O artista iniciou sua formação no ITD, Instituto Técnico de Desenho e ao completar 18 anos, dá continuidade aos estudos em arte no atelier de Vasco Prado e Zoravia Bettiol, conceituados artistas gaúchos. Durante as décadas de 1960 e 1970, dedica-se ao trabalho com a madeira, produzindo torsos e cabeças em nogueira, louro e canjerana. Já na década de 1980, expande seu vocabulário, experimentando o formato tridimensional através de materiais como o mármore, o bronze e finalmente o basalto, com o qual desenvolverá uma relação especial e duradoura. Bez Batti transita entre tempos, mas também entre espaços, investigando as formas da Terra como em “Floração”, “Bólido de Espinhos” e “Touro”, ou de outros corpos celestes como em “Relevo lunar” e “Planeta arrasado”. São contrastes que se traduzem visualmente em suas peças, cujas composições podem variar entre a pedra polida e a pedra bruta.

Obras de Gabriela Machado em exposição

09/abr

A Luciana Brito Galeria, Jardim Europa, São Paulo, SP, abriu a maior exposição da artista Gabriela Machado. A exibição de “Cadê o Abre Alas?” tem curadoria de Oswaldo Corrêa da Costa e essa é a primeira exibição da artista na galeria e a mais completa que já realizou ao longo da carreira reunindo mais de cem obras, entre pinturas de maior e menor escala, assim como esculturas em porcelana, ocupando todos os espaços da galeria.

“Uma grande exposição de pinturas pequenas. Uma pequena exposição de pinturas grandes. Uma estante que vai do chão ao teto com pequenas esculturas (…) Montagem sistemática, minimizando subjetividade, provocando combinações impensadas”, diz Oswaldo Corrêa da Costa. A montagem da exposição foi inspirada pela ideia da “Morte do Autor”, de Roland Barthes, onde este defende que o autor deve desaparecer no momento em que nasce o leitor (ou espectador, no caso), pois é a partir das reflexões desse último que novas ideias surgem. Aqui, essa ideia pode ser entendida como um apagamento do rastro do curador, ou a diminuição radical de seu protagonismo, parte da crítica contemporânea à autoridade do “homem branco ocidental”. Para por essa ideia em prática, a proposta curatorial dividiu as pequenas pinturas em três grupos, ou “enxames”, compostos de telas do mesmo tamanho. Dentro de cada enxame, o ordenamento nas paredes será por degradês que vão do mais claro ao mais escuro, ou vice versa. Transferir a responsabilidade para critérios mais objetivos aumenta o enfoque sobre a cromaticidade dos trabalhos e gera um ordenamento coletivo, ao mesmo tempo em que cada obra continua se sustentando individualmente.

Essas pequenas pinturas são realizadas por Gabriela Machado como quem escreve um diário de bordo. Por onde passa, registra suas impressões na tela. Sua percepção pontual das cores, formas, brilho e luminosidade ficam registrados a óleo nas telas pequenas, que carrega para todos os lados, e contam as histórias do seu caminhar. Desde 2017, elas guardam memórias de lugares onde a artista esteve para residências artísticas, ou apenas para a formação de um olhar para sua pintura, seja em diferentes regiões de Portugal, França e Estados Unidos, ou em cidades de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia, incluindo impressões e percepções pontuais, registradas em determinados momentos, e captadas com a ajuda de frases escritas, como “Aqui cabe tudo”, “O céu perto de mim”, “Queira ou não queira, esse é o meu lugar”, “Pulo do gato” e “Cadê o Abre Alas?”, título que dá nome à exposição; frases que são exteriorizadas como verdadeiros tiros certeiros no tocar de um relógio cuco. Como num acordo íntimo entre a artista e o relógio, a cada cantada do pássaro a artista escrevia uma frase na superfície da pintura que realizava no momento, compondo o “livro do cuco”. Muitas vezes, as pinturas de Gabriela Machado situam-se no limiar entre o figurativo e o abstrato, deixando o entendimento para o espectador.

A mostra também apresenta um conjunto de pinturas mais recentes, de maior escala. Diferentemente das pequenas, essas obras maiores carregam o peso do gesto da artista em uma escala corporal. Por meio da tinta acrílica, Gabriela Machado utiliza processos rápidos e orgânicos, exteriorizando sentimentos e estados de espírito em grandes desenhos abstratos. Enquanto as pinturas menores, a óleo, realizam um trânsito de fora para dentro, trazendo para a tela as percepções do entorno, as grandes, em acrílica, acontecem de dentro para fora, traduzindo sensações momentâneas.

Em um diálogo direto com as pinturas, Gabriela Machado também apresenta uma série de pequenas esculturas em porcelana esmaltada. Dispostas da mesma forma que costumam permanecer no estúdio da artista, as peças são apresentadas em uma grande estante de madeira. Os gestos intimistas de moldagem, em escala manual, ditam os movimentos dessas peças que, segundo o curador, são “informadas pelo conhecimento acumulado em uma longa estrada, por uma habilidade desinteressada em exibicionismo. A primazia é sempre da mão; sua pegada sempre visível”.

Mostra de Alexandre Brandão

08/abr

Exposição individual “Fardo mole, Penca Rama” de Alexandre Brandão 3ncontra-seem cartaz na Galeria Casanova, São Paulo, SP, até 13 de abril.

Texto de apresentação por Miguel Chaia

Alexandre Brandão – Nos Entrecruzamentos da Arte

Os trabalhos do artista Alexandre Brandão – inclusive aqueles agora apresentados na Galeria Casanova – contém e afirmam as características que embasam a sua concepção de arte e o seu modo de produzir as obras. Estas especificidades do fazer artístico de Brandão podem ser percebidas em três dimensões que se misturam para formarem as bases de uma poética sistemática e reflexiva no manuseio de suportes, técnicas e materiais: são elas a multiplicidade, a simultaneidade e experimentação.

1.Multiplicidade – o artista se utiliza das mais diferentes linguagens, preferencialmente a escultura ou tridimensional, sem deixar de incursionar pelo desenho, vídeo, arte postal e específicas formas de pintura ao lidar com as bordas deste suporte. Certas estratégias de produção das obras exigem o esforço corporal, a lentidão e a persistência da espera para se obter os resultados desejados – uma performance demorada. Um bom exemplo é o rito performático para cobrir com musgos dois grandes vasos de cimento cuja técnica inclui terra, cimento, argila, musgo desidratado e base de ferro (Bulbo, 2023). Recorrer a múltiplas possibilidades é algo estrutural no fazer de Brandão, por isso a seleção, a escolha de materiais e suas propriedades recebem a atenção e o esforço do artista. Entretanto, face a tantas opções de matéria prima, o raciocínio procura dar sentido à diversidade, almejando uma unidade formal. Assim, Brandão se locomove entre as farturas dadas pela natureza e os restos industriais deixados pela superprodução capitalista que gera descartes de mercadorias. Da natureza, Brandão recolhe a terra bruta, seus pigmentos, sua textura; se interessa pela vegetação nas mais diferentes formas como folhas, musgos, frutos, sementes; coleta a água, líquido valorado em si mesmo ou para misturar elementos. E, como um bom mineiro de BH, é atraído pelos minérios – suas qualidades e beleza. O uso dos mais diferentes materiais, nas suas diferentes formas, faz Brandão transitar entre natural e o industrial; entre o cultural e o tecnológico; entre o perecível e o permanente; entre o etéreo e o pesado. Assim, os trabalhos de Brandão podem ter por base a água e a terra; a luz e o ferro; a folha e o tecido; o vidro e o cimento; a fruta e a linha de costura; argila expandida e arame; … Esta determinação dos materiais na trajetória de Brandão encontra um correlato em outro mineiro, Carlos Drummond de Andrade, que marca a sua poesia também pela insistência em entender e criticar a mineração em Minas Gerais. Como se entendeu e escreveu Drummond (e, talvez como se vê o artista Brandão) no poema Confidência do Itabirano: “…Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. / Noventa por cento de ferro nas calçadas. / Oitenta por cento de ferro nas almas…”. Drummond desdobra-se nas artes plásticas no artista Amílcar de Castro. A presença constante destes materiais naturais e industriais em Brandão será determinante para o artista aproximar arte e ciência, ao necessitar entender e realizar experiências químicas e físicas.

2.Simultaneidade – essas três dimensões básicas estão interligadas. Assim, a simultaneidade no uso de múltiplos materiais na mesma obra é um aspecto marcante em Brandão, levando o artista a manipular, na mesma obra, diferentes matérias como metal/luz, cimento/produtos orgânicos, sumo de frutos/tecido de algodão…Em paralelo a este processo diversificado, o artista se utiliza de várias formas de conhecimento ou saber para estruturar uma obra. Para tanto, ele recorre aos princípios da física, da química e até da biologia no seu fazer artístico. Há em Brandão um esforço para buscar soluções nas relações entre arte e ciência, e aproximações com a alquimia. Por tais aspectos, coexistem em alguns trabalhos de Brandão o visível e o invisível, o permanente e o transitório. Um bom exemplo é o processo para obter a obra Rama (2024) que na sua produção leva suco de limão, reagindo sobre tecido de algodão em função da alta temperatura emitida por um ferro de passar roupa.

3.Experimentação – imbricada com as dimensões anteriores, destaca-se sob vários aspectos a experimentação como um fundamento da prática artística de Brandão, uma vez que indica a importância da atividade manual na sua forma de produzir arte. Destaca-se, desta forma, algumas particularidades deste artista: o manuseio sistemático com as mãos para controlar a matéria prima que ergue a obra; o esforço ativo para reordenação dos materiais e a descoberta das melhores relações entre diversas matérias e fenômenos; e o estabelecimento de critérios ou compreensão de associações conceituais que imprimem outro significado ao resultado final. Em resumo, pode-se entender que Brandão, em cada realização de uma obra, gera um processo com diferentes fases (sem garantia de sucesso de cada uma delas) que incluem observação, classificação, pesquisa das características de coisas da natureza e do mundo urbano-industrial e muitas experimentações. Trata-se de um processo pessoal e subjetivo, associado a critérios factuais de se apropriar das coisas do mundo – próprio da arte. Neste contexto, o tempo (e espaço) torna-se uma categoria relevante no fazer artístico de Brandão – principalmente porque o artista torna-se dependente das propriedades dos materiais, das reações científicas, dos fracassos e novas tentativas de acertos e outras formas de manipulação dos materiais. Brandão age no entrecruzamento de possibilidades e de tempos. Além do mais, ele traz em alguns trabalhos o registro de tempos passados ao arquivar e desenhar percursos que executou em espaços geográficos – é o caso de Volta (NYC), de 2014, arte postal utilizada para ele enviar a si próprio as suas andanças por cidades.

São Paulo, fevereiro de 2024

Miguel Chaia é mestre e doutor em Sociologia pela USP. Professor de Política no Curso de Ciências Sociais e no Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais, da PUC-SP. Pesquisador e coordenador do Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política (Neamp). Autor de artigos e livros sobre filosofia política e arte brasileira.

Sobre o artista

Alexandre Brandão nasceu em 1979, em Belo Horizonte, MG. Vive e trabalha em São Paulo, SP, Brasil. Utilizando-se de técnicas como desenho, escultura, vídeo, obras com luz, objetos e instalações, sua prática embaralha processos da natureza e da cultura e combina acaso, temporalidade, processos físicos e químicos com métodos artesanais de produção. Tem participado de exposições incluindo “In Memoriam” (Rio de Janeiro, RJ, 2017); “66º Salão Paranaense” (Curitiba, PR, 2017); “Bolsa Pampulha 2015/2016” (Belo Horizonte, MG, 2016); “Some False Moves” (Nova York, EUA, 2015); “Taipa Tapume” (São Paulo, SP, 2014); “18º e 17º “Festival Internacional de Arte Contemporânea SESC Videobrasil” (SP, 2013 e 2011); “Bienal de Filmes de Arte de Colônia” (Alemanha, 2005). Entre as exposições individuais que realizou estão “Experimentos com o acaso” (Paris, França, 2016), “Chão” (São Paulo, SP, 2015); “Efeito sem causa” (São Paulo,SP, 2013) e “Quase sombra” (São Paulo, SP, 2012). Em 2010 foi premiado na 5ª Bienal Interamericana de Videoarte (Washington DC, EUA) e em 2014 ganhou o prêmio Bolsa de Residência Artística ICCo/SP-Arte na instituição Residency Unlimited, em Nova York. Em 2018, integrou o programa de residência Pivô Pesquisa, no espaço Pivô (Edifício Copan, São Paulo).

Alexandre Vianna inaugura o Copan ArtProject

“Quantum”, de Alexandre Vianna, inaugura o Copan Artproject, espaço independente de experiências artísticas e site-specifics no centro de São Paulo. A abertura acontece no sábado, dia 06 de abril, durante a semana da SP-Arte, no icônico edifício Copan, projetado por Oscar Niemeyer, Av. Ipiranga, 200, Espaço 10, Centro Histórico de São Paulo. O site-specific pode ser visitado até o dia 20 de abril.

Alexandre Vianna foi o artista convidado para inaugurar o Copan ArtProject. Em “Quantum”, projeto criado sob medida para o espaço, o artista paulista mistura fotografia, pintura e projeções audiovisuais, foco de sua pesquisa com fotografia expandida. Em seu trabalho artístico, Alexandre Vianna investiga a fusão da fotografia com diferentes materiais, como a pintura, e em variados suportes, como folhas de ouro. Sua pesquisa volta-se para os limites entre linguagens, numa busca de ressignificação da arte fotográfica e figurativa por meio de múltiplas camadas, físicas e simbólicas. Em suas colagens e projeções, Alexandre Vianna utiliza fotografias de corpos humanos impressas em materiais inusitados, misturadas a camadas de tinta e tecidos, remetendo ao processo de desvanecimento da memória. “Na opacidade das figuras busco retratar a força da essência humana. No distanciamento da identidade, procuro estimular a reflexão e a fuga dos sentidos”, diz Alexandre Vianna.

Além de projeções sobre tecidos que pendem do teto, o site-specific de Alexandre Vianna reúne telas onde ele mistura pintura acrílica e folhas de ouro ou prata, sobre as quais imprimiu fotografias com tintas arquiváveis. “Nos retratos, a partir de silhuetas busco retratar a força invisível que envolve o indivíduo, na busca de sentimentos profundos. São imagens que se contrapõem aos padrões midiáticos contemporâneos de estética, beleza e pasteurização, buscando capturar a essência da força humana”, diz o artista.

Sobre o artista

Nascido no Irã em 1974, Alexandre foi registrado na embaixada do Brasil como brasileiro nato. Aos 12 anos, em São Paulo, encontrou no skateboard um mundo de contracultura e de arte urbana dos anos 1990, do qual fez parte, criando sua identidade criativa. Estudou fotografia e arte, formou-se em Comunicação Social e Roteiro de Cinema, e participou de Masterclass em Cinematografia, em Los Angeles, na ASC – American Society of Cinematographers. Realizou diversas exposições coletivas e colaborativas. Em 2012, lançou seu livro e exposição individual, intitulado “Streeteiro”, no Museu Paço das Artes, SP. Em 2017, foi premiado como melhor diretor de videoclipe do ano no VMF, Festival de Video Music. O trabalho artístico de Alexandre Vianna teve início na fotografia, a partir de experiências com papéis, tintas, tecidos, vídeos e projeções, mesclados aos processos fotográficos tradicionais. Além de realizar seu trabalho autoral, atua como diretor de fotografia na indústria cinematográfica, trazendo a bagagem da narrativa e da luz cinematográfica.

Homenagem para Rochelle Costi

04/abr

“Corações à Desmedida”  é uma exposição proposta pelo Solar dos Abacaxis (Rio de Janeiro), em parceria com a Casa do Povo e a Casa de Cultura Mario Quintana (Porto Alegre), que cria um gesto coletivo de homenagem à artista Rochelle Costi no marco de um ano de sua passagem ocorrida em novembro de 2022.

A artista Rochelle Costi (1961-2022) conquistou e nutriu muitos corações e amizades, colocando o amor e as relações de afeto no centro de sua prática artística. A obra “Coleção de artista”, uma coleção de corações reunidos ao longo de 30 anos, é uma síntese desta prática e a inspiração desta exposição.

Por meio de convocatória pública, 336 artistas de todo o Brasil doaram obras em formato de coração feitos em tributo a Rochelle Costi, inspirados por sua obra “Coleção de Artista”. Os corações foram expostos junto à fotografia original da artista, na sede do Solar dos Abacaxis em novembro de 2023.

A exposição desta vez chegou a São Paulo na ocasião da SP-Arte 2024 com uma programação pública nas datas da abertura e encerramento. Abertura – 23 de março

Encerramento em 06 de abril.

Ndikung o novo curador da 36ª Bienal de São Paulo

A Fundação Bienal de São Paulo anunciou que Bonaventure Soh Bejeng Ndikung será o curador geral da 36ª Bienal de São Paulo, programada para o segundo semestre de 2025. 🎉

Nascido em 1977 em Yaoundé, Camarões, Bonaventure Soh Bejeng Ndikung é uma figura proeminente na cena da arte contemporânea global. Sua trajetória única e interdisciplinar combina construção institucional como prática, práxis curatoriais com ênfase na performatividade, artes sonoras, instalativas e visuais, teoria crítica e discurso com formação acadêmica em biotecnologia médica e biofísica.

O compromisso de Ndikung com a intersecção entre arte e ciência, juntamente com sua visão inovadora, culminou em sua nomeação como diretor e curador geral do Haus der Kulturen der Welt (HKW) de Berlim a partir de janeiro de 2023, após ter atuado como diretor fundador do SAVVY Contemporary. Ndikung também é professor na weißensee academy of art berlin. Segundo o curador, “a Bienal de São Paulo me parece um sismógrafo que não apenas registra os diferentes tremores que o mundo está experimentando socioeconômica, geopolítica e ambientalmente, mas esses registros também nos oferecem possibilidades de moldar um futuro mais justo e humanitário para todos os seres animados e inanimados deste planeta”. 🌍

Para Andrea Pinheiro, presidente da Fundação Bienal de São Paulo, “em seu trabalho curatorial, Bonaventure Soh Bejeng Ndikung atua como uma força motriz que desafia fronteiras e contribui para moldar o futuro da arte contemporânea global. Tenho certeza de que a 36ª Bienal de São Paulo continuará desempenhando seu papel provocador e atento às questões atuais, dando prosseguimento aos desenvolvimentos trazidos por nossas edições mais recentes”.

Yoshitaka Amano no Brasil

27/mar

O Farol Santander São Paulo, Centro Histórico de São Paulo, 23° e 24° andares, exibe até 16 de junho a exposição de Yoshitaka Amano: Além da Fantasia. Com a curadoria de Antonio Curti (Aya Studio), serão exibidas mais de 90 obras produzidas nas últimas três décadas, incluindo litografias, pinturas, ilustrações e objetos. Além de uma área imersiva com projeção em 360° das obras do mestre, criando uma experiência única para os visitantes. Dentre as obras em destaque a exposição conta com seus trabalhos mais influentes como em Final Fantasy, Vampire Hunter D, Tatsunoko Production, Candy Girl, Devaloka e as suas colaborações em projetos: Sandman, de Neil Gaiman, DC Comics, Magic: The Gathering e Vogue. Amano nos convida para embarcar na sua jornada no meio da imaginação e da fantasia.

Sobre o artista

Yoshitaka Amano é um artista, designer, cenógrafo e figurinista japonês. Ficou conhecido pelos seus trabalhos em Final Fantasy da Square Enix, uma das maiores franquias de videogames da indústria, Amano foi o principal designer de personagens e a maioria dos inimigos para a série. O artista iniciou sua carreira aos 15 anos no estúdio Tatsunoko Production em 1967, onde trabalhou com alguns clássicos do anime como: Gatchaman (1972), Tekkaman the Space Knight (1975) e Neo Human Casshern (2004). A partir dos anos 80 ele deixou o mundo do anime para ilustrar romances, entre eles temos Guin Saga de Kaoru Kurimoto e a série Vampire Hunter D de Hideyuki Kikuchi, ambos fizeram muito sucesso no Japão. O designer busca as suas influências no ocidente, como por exemplo no movimento da art nouveau com os artistas europeus Gustav Klimt, Arthur Rackam e Kay Nielson. Seu trabalho utiliza as técnicas da gravura, xilogravura e litografia, para atingir o ukiyo-e, gênero japonês de xilogravura que teve seu período de ascensão nos séculos XVII e XIX. Os temas mais populares abordado pelo ukiyo-e são a beleza feminina, o teatro kabuki, cenas históricas, lendas populares, entre outros. Além de suas ilustrações, o artista também explora meios como pintura, cerâmica, estampas de kimonos, figurinos para o teatro kabuki e design de joias. Amano foi premiado por quatro anos consecutivos (1983-1987), no Prêmio Nebula, concedido pela Science Fiction and Fantasy Writers of America, considerado o Oscar da Literatura ele é destinado para romances de ficção científica ou de fantasia publicados em inglês nos Estados Unidos. Também foi premiado pelo Bram Stoker (1999) pela sua colaboração em Sandman: The Dream Hunters de Neil Gaiman. Além disso, conquistou o Prêmio Eisner, Prêmio Dragon Con, e o Prêmio Julie por suas pinturas. Em 2010, Amano fundou o Studio Devaloka, uma empresa cinematográfica.

Elza & Gerson na Galatea São Paulo

“Elza & Gerson: cada indivíduo é um universo”, em exposições individuais com textos de Luiz Fernando Pontes e Tomás Toledo estará em cartaz até 11 de maio na Galatea, Jardins, São Paulo, SP. A exposição coloca em diálogo a produção dos artistas entre os anos de 1950 e 1990, tendo como eixo as múltiplas e diversas formas de existir, narradas no trabalho da dupla.

“Elza & Gerson: cada indivíduo é um universo”, reúne um conjunto de 42 obras produzidas entre 1950 e 1990 pelo casal pernambucano, destacando os pontos de convergência no olhar artístico da dupla. Com texto crítico de Luiz Fernando Pontes e Tomás Toledo, a mostra se alinha com o propósito da galeria de fomentar o reposicionamento histórico e resgatar artistas que foram negligenciados pelas narrativas predominantes e pelo mercado da arte. Cinco décadas após a última exposição conjunta realizada na galeria Oca, no Rio de Janeiro, em 1970, “Elza & Gerson: cada indivíduo é um universo”, retoma o diálogo da produção do casal e toma emprestada a frase que Gerson grafava no verso de suas pinturas, que dá, aqui, o fio da abordagem curatorial, voltada às múltiplas e diversas formas de existir, narradas em seus trabalhos.

Ao se estabelecerem no Rio de Janeiro, em 1946, encontraram inspiração para retratar, por meio da pintura e cores vibrantes, a boemia carioca e a vida cotidiana da cidade; cenas de carnaval e figuras religiosas; além de composições de tom onírico e surreal. Após conhecer o multiartista Augusto Rodrigues, Gerson passa a estudar desenho e gravura na Escolinha de Arte do Brasil, expondo seu trabalho a partir de 1959 já em mostras importantes como a 5ª Bienal de São Paulo. Elza, por sua vez, desenvolve sua produção após estudar com Ivan Serpa no MAM Rio entre 1962 e 1963. Dali em diante, seguiram-se entrevistas coletivas e individuais no Brasil e no exterior, como a mostra “Lirismo Brasileiro” que itinerou pela França, Portugal e Espanha entre os anos de 1968 e 1969.

Com a sensibilidade lírica característica de Elza e a habilidade de Gerson em retratar a rudez humana em suas obras, o trabalho do casal se complementava de maneira única. Enquanto Gerson percorria as ruas da Lapa capturando o olhar das pessoas com uma notável capacidade de fazer com que suas figuras parecessem falar diretamente com o espectador, Elza adicionava uma camada de sutileza às suas criações. A identidade da dupla ficou marcada pela capacidade de resgatar de forma original, a essência da brasilidade e as profundas raízes do cotidiano.

“A complementariedade do trabalho dos dois sempre existiu, sobretudo, pela centralidade da figura humana. Essa foi o grande molde da vida dos dois, que não eram pintores de paisagem, tampouco retratistas, eram pessoas que criavam seus personagens observando pesquisando e sentindo a realidade. Eram pessoas que estavam mais preocupadas com a construção do presente. Então, as figuras vinham do imaginário e do fruto de uma pesquisa, de um olhar para o cotidiano, pessoas comuns, trabalhadores, pescadores, as noivas”, afirma o pesquisador e colecionador de arte Luiz Fernando Pontes. Hoje o trabalho de Elza integra o acervo de instituições como o MAM Rio e o MASP. Em 2007, Gerson realizou sua última exposição individual em vida: uma grande retrospectiva no Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro. Seu trabalho integra coleções como a do Musée d’Art Naïf et d’Arts Singuliers, em Laval, na França.

Caleidoscópio

08/mar

Diálogos entre Barroco Contemporâneo, Pintura Clássica e os Ecos Urbanos

Bolsa de Arte & William Baglione

Exposição com início dia 29/03/2024 (Sábado) tem previsão de término em 30 dias. Contará com cerca de 40 pinturas em diferentes técnicas e dimensões.

A exposição “Caleidoscópio” destaca o talento pictórico de quatro jovens artistas contemporâneos: Rafael Hayashi, Ramon Martins, Thiago Nevs e Cripta Djan. Convida-nos a explorar a riqueza dos diálogos artísticos que transcende épocas e movimentos. Ao imergirmos nesse universo visual, somos desafiados a refletir sobre a continuidade da expressão artística ao longo do tempo, observando sua evolução e reinvenção nas interseções entre passado e presente, clássico e contemporâneo, urbano e sublime.

Assim como um caleidoscópio cria padrões dinâmicos a partir de fragmentos simples, a exposição revela uma multiplicidade de perspectivas, influências e estilos entrelaçados.

Os ecos urbanos permeiam as pinturas de maneira expressiva. A rebeldia e autenticidade desses movimentos dialogam com a sofisticação do barroco e da pintura clássica, proporcionando um contraponto fascinante com a arte popular e a estética da Pixação paulista. Essa última já conquistou reconhecimento em eventos como as Bienais de São Paulo e Berlim. As marcas urbanas são reinterpretadas como expressões de uma arte que pulsa no meio do caos e da ordem.

Artista participantes

Cripta Djan

Djan Ivson ou Cripta Djan como é conhecido nas ruas e no mudo das artes é pixador, artista e ativista, além de documentarista sobre temas que envolvem a pixação nos espaços urbanos e no campo das artes. Fora das ruas ele age como um agente externo representando a figura do pixador no campo político, acadêmico, das artes e cinema. A qualidade da obra de Djan, produzida em estúdio, está justamente no contraponto entre as palavras Cripta e Djan: o social e o singular, o habitus e a psique. Djan assume como linguagem um código que o distingue socialmente. Ao usar a letra reta e monocromática da pixação como inspiração, é possível notar as fronteiras entre o desenho e a escrita, a forma e a contraforma, o legível e o ilegível, o certo e o errado. A natureza de suas composições com base em um estilo tipográfico vernacular, legitimamente brasileiro e contraventor, nos permite questionar os limites da apreciação estética, algo sempre em construção no campo da arte. A partir de 2014 Djan iniciou sua produção artística intitulada por ele ”Criptografia Urbana”, que apresenta uma seleção de diferentes séries e obras com etapas dessa evolução: A série “Manifesto Periférico” Djan faz transcrições de manifestos criados por ele mesmo executando parágrafos em cada tela. Já a série “Manuscrito Urbano” traz reflexões sobre luta de classes, fazendo analogias sobre a luta dos povos bárbaros das antiguidades com as lutas de classes de hoje. A série “Urban City”, consiste de paisagens urbanas e periféricas letradas que trazem a semiótica da relação entre o indivíduo pixador com a cidade. “Código de Conduta” é uma série que traz palavras guia do contrato social das ruas entre os pixadores. A produção “Criptografia Urbana” já foi apresentada em exposições individuais dentro e fora do Brasil. Em 2016 Cripta Djan fez sua primeira exposição individual “Da Periferia para o Centro” em Nova York, no mesmo fez sua estreia em São Paulo com a exposição “Em Nome do Pixo”. Em 2018 Djan fez sua estreia na Europa e Reino Unido com as exposições “In The Name of PIXO” Birmingham (UK) e ” Caligrafia Marginal” na Kallenbach Gallery em Amsterdam.

Rafael Hayashi

Rafael Hayashi, artista inserido na vibrante cena contemporânea, explora os conflitos entre sociedade e indivíduo em suas obras. Nascido e residente em São Paulo, Brasil, sua arte é enraizada nas complexidades dessa metrópole, onde ele enfrenta e extrai inspiração para suas ideias. Suas pinturas são um mergulho no presente, onde as formas emergem em meio a grandes massas de tinta. A manipulação tátil do meio é evidente, moldando volumes, movimento e luzes. Utilizando as mãos, pedaços de tecido e outros materiais, Hayashi cria uma interação visceral entre os elementos, refletindo não apenas um diálogo visual, mas também uma batalha entre o artista e sua cidade. Ao olhar para a estética de mestres como Lucian Freud e Francis Bacon, além do próprio barroco brasileiro, Hayashi encontra um farol inspirador. Esses artistas, com suas explorações intensas da figura humana, servem como guias para suas experimentações. Em um ato de coragem, Rafael se coloca como modelo e objeto de experimento para seus filhos, trazendo uma dimensão pessoal e única à sua prática artística. Influenciado pela arte oriental, especialmente o ukiyo-e (gravura japonesa), e pela pintura contemporânea, Hayashi combina força, precisão e expressividade em seus trabalhos. Referências como Cai Quo Quiang, Hiroshige, Yang Shaobin, e outros, contribuem para a riqueza visual e conceitual de suas criações, reafirmando sua posição no panorama artístico contemporâneo.

Ramon Martins

Nascido em 1981, na vibrante São Paulo, Ramon Martins destaca-se como um artista brasileiro inserido na arte contemporânea, cujo trabalho ressoa com uma mistura vibrante de culturas, experiências e expressões artísticas. Sua jornada artística, desde os primórdios em Barra Longa, Minas Gerais, até projeções em festivais internacionais renomados, é uma narrativa rica em cores, texturas culturais e uma busca incansável pela expressão autêntica. Infância Bucólica e Rebelião Adolescente: Nascido em São Paulo, Ramon foi posteriormente criado por sua avó viúva em Barra Longa, imerso em uma paisagem bucólica que serviria como a semente de sua conexão com a natureza. Sua adolescência foi marcada por uma densa rebelião e introspecção, influenciada pela figura paterna desconhecida, um ambiente doméstico instável e a busca incessante por identidade. Seu encontro com a cultura urbana, especialmente com o graffiti, moldou de maneira singular sua perspectiva artística contemporânea, permeada pela pesquisa de elementos da moda e da cultura pop no cenário urbano, refletindo a diversidade e a busca de identidade essencialmente brasileira, representada no multiculturalismo.

Thiago Nevs

Thiago Nevs, renomado artista visual e calígrafo contemporâneo, emergiu das origens humildes da periferia paulista para se destacar nas artes visuais, especialmente na expressão urbana. Inspirado por suas vivências como filho de um caminhoneiro, Nevs transmite fragmentos de suas memórias através de suas obras, caracterizadas por pinceladas vibrantes e traços simétricos. O toque vernacular em sua caligrafia complementa sua expressão artística, oferecendo uma narrativa visual única. A harmonia em suas pinturas transcende o aspecto estético, fortalecendo os valores enraizados na cultura tradicional, realçando a relevância de sua preservação. Sua incursão no universo da caligrafia, com um toque peculiar, trouxe um tom distintamente brasileiro às suas obras, amalgamando tradição e contemporaneidade. Thiago Nevs é reconhecido pelas suas criações marcantes, exibidas em prestigiadas feiras de arte e participação em exposições nacionais e internacionais. Seu compromisso com a expressão autêntica e a celebração da cultura brasileira posicionam-no como uma figura proeminente no cenário contemporâneo das artes plásticas.

William Baglione

Curadoria

William Baglione fundou o coletivo de nome Famiglia Baglione (2005-2012) e administrou a carreira de 8 artistas. Assinou curadorias em exposições e projetos especiais no Brasil, Estados Unidos, Inglaterra e Rússia. Como curador independente assinou projetos culturais a convite da Embaixada Brasileiras em Moscou (2008 e 2009) e no ano de 2013, co-curou a exposição com leilão beneficente SOS Racisme no Palais de Tokyo, em Paris, tendo o Brasil como grande homenageado. Além de sua atuação como curador, William Baglione se destaca há mais de uma década como fotógrafo, expondo trabalhos autorais em cidades da França, Estados Unidos, Itália e Brasil. Trabalha também como consultor na aquisição de obras de arte e é sócio na marca e editora Afluente.

Allan Weber no mezanino do IAB

A Galatea em parceria com a Central Galeria tem o prazer de apresentar a exposição individual do artista Allan Weber no mezanino do IAB – Instituto dos Arquitetos do Brasil.

“Allan Weber: Novo balanço”, acontece no IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil, Vila Buarque, São Paulo, SP,  até 27 de março. O artista ocupa os dois andares do mezanino do edifício modernista icônico projetado por Rino Levy. Weber apresentará desdobramentos de sua pesquisa sobre as lonas utilizadas em bailes funks do Rio de Janeiro, além de uma nova instalação site specific da série “Passinhos” e um conjunto de obras inéditas.

A exposição é uma parceria entre a Galatea, galeria que representa o artista, e a Central Galeria, com sede no subsolo do IAB. Texto crítico de Jean Carlos Azuos.