Galeria Paulo Kuczynski inaugura nova sede.

13/mar

A Galeria Paulo Kuczynski, referência no mercado de arte brasileira desde sua fundação em 1973, anuncia uma nova fase com a abertura de sua sede ampliada e modernizada. Projetada pelo escritório Reinach Mendonça Arquitetos – RMAA, a nova galeria foi erguida no mesmo local onde o marchand Paulo Kuczynski atuou por cinco décadas com seu Paulo Kuczynski Escritório de Arte. Para marcar essa transição histórica, a galeria apresenta uma exposição inédita dedicada à obra da pintora de origem alemã Eleonore Koch (1926-2018), artista que figurou em algumas edições da Bienal de São Paulo, e única discípula do mestre Alfredo Volpi. Intitulada Não são coisas do cotidiano, só parecem, a exposição promete ser um marco na trajetória da galeria e um tributo à obra desta artista singular, cuja genialidade continua a encantar colecionadores e admiradores em todo o mundo.

Segundo o historiador de arte Giancarlo Hannud, a mostra reúne um conjunto representativo de obras que traçam um panorama da trajetória de Eleonore Koch, desde seus primeiros trabalhos até suas últimas criações. “Mais de cinquenta anos separam o óleo Natureza-morta (1949) dos primeiros trabalhos sobreviventes de Eleonore Koch, da têmpera Despedida com tulipas (2001), possivelmente sua última obra”, destaca Giancarlo Hannud. “Se em 1949 vemos os passos iniciais da jovem estudante de escultura, já em 2001 testemunhamos o refinamento máximo de sua sensibilidade técnica e emocional, lentamente depurada ao longo de ausências e solidões. Ambas as pinturas destacam sua incessante busca pelo ordenar das coisas do mundo, possivelmente como resposta à desordem ao seu redor. Enigmáticas e distantes, elas nos provocam curiosidade e reflexão sem nunca se entregarem completamente na manipulação de suas cenografias do humano.”

A relação entre Paulo Kuczynski e Eleonore Koch remonta ao final dos anos 1970, quando o galerista adquiriu sua primeira obra da artista: uma tela marcante com uma cadeira vazia e solitária, num cômodo igualmente vazio. “Tive a sorte de comprar minha primeira obra de Eleonore Koch no final dos anos 1970”, relembra Paulo Kuczynski. “A cadeira, a única protagonista da cena. Desde então, sempre que olho para a obra, me pergunto a quem essa cadeira aguardava. Quem nela sentaria?”.

Ao longo dos anos, a amizade entre eles cresceu, assim como o interesse de Paulo Kuczynski pela obra de Eleonore Koch. Entre 2013 e 2015, já debilitada, a artista fez um pedido surpreendente ao galerista: que ele “herdasse” suas pinturas e arquivos pessoais, incluindo cerca de doze telas e centenas de estudos preparatórios. Esse legado agora ganha vida na exposição que inaugura a nova galeria, celebrando a memória e o impacto duradouro de uma das figuras mais enigmáticas da arte brasileira.

Um capítulo especial desta homenagem é a parceria com a colecionadora Clara Sancovsky, cujo olhar precursor foi fundamental para difundir e valorizar a obra de Eleonore Koch. “Se há alguém que difundiu, valorizou e abriu os olhos dos colecionadores para a pintura de Lore, essa pessoa é Clara Sancovsky. Seu olhar precursor flagrou e compreendeu a delicadeza da obra da artista”, escreve Paulo Kuczynski no catálogo da exposição. É um prazer imenso contar com obras de sua coleção, possivelmente as melhores, somadas às da galeria para esta mostra-homenagem a Eleonore Koch.”.

A mostra também resgata parte significativa da história de Eleonore Koch, incluindo sua amizade com Volpi, seus anos em Londres como tradutora na Scotland Yard e sua relação com o aristocrata Alistair McAlpine, mecenas que colecionou várias de suas obras. Infelizmente, grande parte dessa produção foi perdida em um incêndio na casa de campo de McAlpine, em 1990.

A nova sede da Galeria Paulo Kuczynski não apenas celebra meio século de dedicação à arte, mas também projeta o futuro, oferecendo um espaço moderno e acolhedor para artistas e colecionadores. O projeto arquitetônico de Reinach Mendonça une funcionalidade e elegância, criando um ambiente ideal para experiências imersivas com a arte.

Encontros entre arte e design.

11/mar

“Afinidades ancestrais” é uma ativação-exposição que interroga e celebra o vocabulário herdado de nossa situação afro-atlântica.

Na Semana de Design de São Paulo, a ProArte Galeria, Jardim América, São Paulo, SP, recebe o lançamento da coleção de vasos de cerâmica chinesa Serengeti, inspirada na riqueza cultural e paisagística da África Oriental. A idealização é de Marcelo Felmanas que, junto a J. Wair de Paula Jr., tenta produzir um diálogo entre os objetos de design e a arte brasileira – notoriamente donatária da cultura afro-brasileira.

Serengeti, que significa “lugar infinito” ou “planície sem fim”, remete à majestosa região que abriga o Parque Nacional de Serengeti, santuário natural de beleza inigualável. Assim como a paisagem da região africana, os vasos da coleção evocam uma estética orgânica e atemporal, refletindo a grandiosidade da fauna, o brilho das estrelas no céu do continente e as tradicionais cercas das aldeias Maasai. Referência na importação de móveis e objetos de design, a 6F Decorações coloca em destaque nesta mostra peças feitas à mão que dialogam com as expressões artísticas brasileiras ligadas às matrizes africanas. A pequena ativação-exposição, feita para a Semana de Design, acontece até 14 de março.

Esta pequena mostra procura traçar um paralelo entre as culturas dos povos africanos e a arte brasileira, explicitada através de nomes como Di Cavalcanti, Heitor dos Prazeres, Emanoel Araújo, Franz Krajcberg e outros. Busca-se demonstrar visualmente as possíveis ligações (assumidas ou não) entre estes grandes criadores e as culturas africanas.

Ars, Artis. Techne, Digitalis.

10/mar

O marchand Sergio Gonçalves abre exposição coletiva que aborda mídias digitais nos trabalhos de artistas brasileiros e estrangeiros. Vem do latim o nome da mostra que será apresentada a partir do dia 11 de março na Sergio Gonçalves Galeria, em uma casa na Alameda Gabriel Monteiro, Jardim América, São Paulo, SP.

“Ars, Artis. Techne, Digitalis.” segue o tema da edição deste ano da DW – Design Week de São Paulo,  “Mãos x Máquina”, destacando a interação entre tecnologia e criatividade na produção artística e no design contemporâneo. Nessa exposição, o marchand Sergio Gonçalves reúne artistas cujas obras provocam a reflexão sobre o impacto das mídias digitais nos tempos atuais. Em sua primeira participação na DW, a galeria reforça sua posição como um espaço de experimento na Arte Contemporânea, abrindo as portas para novas narrativas visuais, sempre em busca de inovação. Nesta curadoria, ele selecionou artistas que experimentaram e que ainda experimentam novas maneiras de expressão, unindo arte e tecnologia e criando um diálogo entre o toque humano e a precisão das máquinas. Nomes como Abraham Palatnik, Cruz-Diez e Martha Boto, por exemplo, que foram pioneiros com o uso de inovações, fazem parte desta seleção apurada, que conta ainda com Bruce Maclean, Julian Opie, Michael Craig-Martin, Vik Muniz e Toyota.

A palavrado curador.

Nosso objetivo é mostrar que, longe de substituir o artista, a tecnologia poder ser uma extensão da criativadade humana, ampliando possibilidades e transformando a maneira como percebemos a Arte e o Design, por exemplo.

Artistas participantes.

Abraham Palatnik, Alexandre Mazza, Bernard Pras, Bernardo Mora, Bruce Mclean, Catherine Yass, Cruz-Diez, Duda Rosa, Iván Navarro, Jê Américo, Julian Opie, Julio Le Parc, Martha Boto, Marcelo Magnani, Michael Craig-Martin, Sarah Morris, Vik Muniz, Yutaka Toyota.

Até 22 de março.

Um convite ao silêncio.

27/fev

A exposição de pinturas de Felipe Suzuki “E se a Lua for embora, o céu entenderá” encontra-se em seus últimos dias de exibição da Simões de Assis, Jardim Paulista, São Paulo, SP.

E se a Lua for embora, o céu entenderá

Conduzindo o olhar por um grupo de trabalhos que flertam com o gênero da paisagem e da natureza-morta, Felipe Suzuki impõe um estado de suspensão temporal onde memória e atualidade se dissolvem. Paira sobre a pele aveludada dos pêssegos, das pétalas de suas flores e do campo aberto de terrenos a esmo uma fina camada leitosa que dilata a apreensão da cena enquanto convida o olho a passear pelas rachaduras e caminhos da tinta. Se outrora a semelhante técnica do sfumato fora utilizada por mestres renascentistas para criar o artifício de uma “perspectiva aérea”, replicando as qualidades físicas da paisagem que se perde no horizonte, o uso adensado proposto por Suzuki inverte o sentido do realismo ótico para propor, em seu lugar, cenas movediças, onde a instabilidade da representação do objeto no meio pictórico mais se assemelha a sonho ou miragem. Produzidas mediante os usos de uma paleta de cores reduzida, em que o preto de marfim, o branco de titânio, o amarelo ocre e o vermelho sienna queimado são misturados e revirados ao avesso para a investigação de seus semitons e combinações, o artista produz um sistema que deriva de uma estrutura inicial. No cosmos que rege a sua produção, cria uma ordem de mônada, conceito-chave sugerido pelo matemático e filósofo alemão Gottfried Wilhelm Leibniz.

A sinestesia do silêncio

Suzuki explora a pintura a partir do instante e das múltiplas relações que ela estabelece com o espectador, criando profundidade e intensidade a partir do gênero da natureza-morta. A delicadeza se revela na sofisticação cromática e na representação dos objetos, enquanto a brutalidade surge na resolução prática de molduras feitas de pregos, unindo elementos antagônicos. Essa fusão captura as sutilezas do cotidiano, cristalizando-as em uma linguagem pictórica que transforma cenas comuns em representações carregadas de sensibilidade e nuances. Mesmo que, por vezes, figurativas, suas pinturas flertam com o abstrato devido ao jogo de cores que emplaca. A diversidade cromática que enxergamos em cada tela é, na verdade, resultado de um domínio técnico, permitindo que o artista manipule nossa retina ao fazer misturas com somente quatro tons. É nessa busca em expressar profundidade e contemplação que o artista pratica um resgate técnico clássico, em que a cor é uma sugestão e a singularidade é caracterizada por uma abordagem introspectiva e minimalista. Sua pintura é um convite ao silêncio, ao tempo pausado, onde cada elemento parece ser colocado com uma precisão pensada, dando ao espectador a chance de se perder nas sutilezas de suas composições. Ao mesmo tempo, carregam uma intensidade que emerge da simplicidade, convidando o público a contemplar o impacto do momento e da percepção, características tão presentes em sua produção.

Lucas Albuquerque e Luana Rosiello

Materialidades diversas.

25/fev

O projeto Ofício, relacionado às Oficinas de Criatividade, recebe a exposição Eixo Terra, de Sallisa Rosa no SESC São Paulo, e nos convida a sentir a terra como memória tátil, como corpo. Acionando temas como ancestralidade e território, podemos nos perguntar: quais são as intervenções que os corpos humanos têm feito com o corpo-Terra? Ao apresentar artistas significativas no contexto contemporâneo, como é o caso de Sallisa Rosa, o Sesc valoriza o trabalho de criação, e propõe dar visibilidade a esses processos como convite para aproximações com materialidades diversas, intersecções incontornáveis e experiências de convivência em que tanto arte quanto pessoas se deixem afetar e expandir.

O barro é matéria do tempo. Sua textura ambígua guarda em si a síntese da terra: maleável, sugere a força latente do vir a ser; firme, revela por meio das marcas a memória do que se deixou moldar. Seguindo sua natureza dual, o solo molhado sustenta as dimensões subterrâneas e expostas, convivendo entre raízes e brotos, dando suporte a tudo que nele passa e sendo o teto do que vive abaixo da terra. Nesse sentido, a terra úmida é também uma espécie de semente de água, carregando a história de erosões, fertilidade e transformações.

Sobre a artista.

Sallisa Rosa é natural de Goiás e atualmente residente artística na Rijksakademie, em Amsterdan, Sallisa Rosa desenvolve seu trabalho com base em experiências intuitivas que exploram temas como ficção, território, natureza, memória, esquecimento e estratégias de criação de futuros. Sua prática artística é marcada pela criação de instalações de grande formato em espaços públicos, nas quais utiliza materiais coletados da natureza e das cidades, como terra, argila, galhos e madeira, além de reaproveitar diversos materiais, incluindo suas próprias obras. A colaboração e o compartilhamento de saberes são pilares centrais em sua trajetória, com um forte compromisso com práticas artísticas voltadas para a construção coletiva. Sallisa Rosa já realizou exposições individuais, como na Pinacoteca de São Paulo (2024) e no MAM Rio de Janeiro (2021), e participou de importantes mostras coletivas, incluindo Social Fabric: Art and Activism in Contemporary Brazil em Austin, Texas, e Histórias Brasileiras e Histórias Feministas no MASP. Em 2021, foi premiada com o Príncipe Claus Seeds Awards, e seu trabalho foi destacado na Trienal do Sesc em Sorocaba. A artista também integrou a coletiva Dja Guata Porã: Rio de Janeiro Indígena no Museu de Arte do Rio (MAR), em 2017.

Até 13 de julho.

Livro sobre Rodrigo Sassi.

A publicação monográfica da obra de Rodrigo Sassi recebeu seu lançamento após dois anos de produção. O livro apresenta ao público uma retrospectiva dos 12 anos de carreira do artista.

O projeto foi organizado por Pollyana Quintella, curadora da Pinacoteca de São Paulo, e tem design assinado pela Casa Rex. A produção do livro é da Central e edição da WMF Martins Fontes. Agnaldo Farias, curador e professor da FAU-USP, Ana Avelar, curadora e professora da UnB, Cauê Alves, curador-chefe do MAM-SP, Francesca Hughes, teórica inglesa especializada em arquitetura moderna, e Leandro Muniz, curador-assistente do MASP, assinam textos inéditos sobre a obra de Sassi.

O lançamento aconteceu na Casa de Cultura do Parque, em São Paulo marcando o encerramento da exposição “Ninho Duro” (2024) de Rodrigo Sassi, onde o artista apresenta instalação homônima pensada especialmente para o espaço do centro cultural. No evento, o artista reúne-se com Pollyana Quintella para uma conversa mediada pela curadora independente e coordenadora de comunicação da Casa, Giovanna Bragaglia.

Fotografias de Claudia Andujar.

14/fev

A Casa Seva, em parceria com a Galeria Vermelho e com curadoria de Ana Carolina Ralston apresenta exposição individual de fotografias de Claudia Andujar. A mostra reúne uma série de imagens que exaltam a beleza e a complexidade ambiental da Natureza, permitindo um mergulho sensorial na visão da renomada fotógrafa suíça radicada no Brasil.

A exposição apresenta registros inéditos da floresta amazônica, capturados por Claudia Andujar nos anos 1970. As ampliações dessas fotografias possibilitam ao espectador uma experiência imersiva, dividida em dois núcleos expositivos dentro da Casa Seva, espaço independente voltado à Arte, Natureza e Sustentabilidade.

No primeiro, as imagens impressas em papel algodão ressaltam a maestria da artista no uso da luz e sua composição poética. Já no segundo núcleo, a projeção de três fotografias sobre tecidos cria uma atmosfera envolvente, permitindo que os visitantes interajam diretamente com a obra.

Além do impacto estético, “Claudia Andujar: Flora” resgata a mensagem essencial da artista: a importância da preservação da Amazônia. Publicadas originalmente na revista Realidade em uma edição especial sobre a região, essas imagens servem como um alerta para a devastação ambiental e a necessidade de proteger esse ecossistema vital. Como a própria Claudia Andujar afirma, “sem a natureza não dá para continuar a viver”.

Em cartaz até 12 de abril.

Artista emblemático do Modernismo Brasileiro.

12/fev

O Farol Santander São Paulo, centro de cultura, lazer, turismo e gastronomia, exibe a exposição Cícero Dias – com açúcar, com afeto. Com 42 obras, a mostra, que tem curadoria de Denise Mattar, produção de MG Produções e consultoria de Sylvia Dias (filha do artista), faz parte da programação comemorativa pelos sete anos do Farol Santander São Paulo. O público poderá visitar a exposição que ocupa toda a galeria do 22º andar, até 27 de abril.

“O Farol Santander tem orgulho em apresentar ao público a obra de Cícero Dias, artista emblemático do Modernismo Brasileiro, cujo trabalho transcende fronteiras e dialoga com as vanguardas internacionais. Sua arte, marcada por uma paleta de cores vibrante, reflete as paisagens e a cultura nordestina, evocando a essência lírica do Estado de Pernambuco”, comenta Maitê Leite, Vice-presidente Executiva Institucional Santander.

A exposição sustenta como proposta realçar a trajetória do artista, contextualizando sua história e evidenciando sua profunda relação às origens pernambucanas. Embora tenha vivido a maior parte de sua vida em Paris, onde foi amigo de Pablo Picasso, Paul Éluard, Alexander Calder entre outros, Cícero Dias nunca deixou de fato o Engenho Jundiá, onde nasceu.

O percurso circular da mostra apresenta as aquarelas oníricas da década de 1920. Exibe também as pinturas memorialistas dos anos 1930, atravessa o surrealismo dos anos 1940, aponta a abstração da década de 1950, e traz sua produção dos anos 1960 a 1990, quando ele retorna à figuração, incorporando toques nostálgicos dos anos 1930, acentos surrealistas da década de 1920 e as conquistas estruturais da abstração.

“Lírico, agressivo, caótico, sensual, poético e emocionante, o trabalho de Cícero Dias, no final dos anos 1920, era muito diverso de tudo o que se produzia na época. Ele sacudiu os nossos incipientes modernistas, estonteados pela força, a estranheza e a espontaneidade de sua obra”, diz Denise Mattar curadora da mostra.

Um dos destaques da exposição é a obra inédita Cabaré, década de1920, uma aquarela sobre papel. Este trabalho foi adquirido por um colecionador francês nos anos 1930, após uma exposição de Cícero Dias em Paris, permanecendo na Europa desde então. Recentemente, a obra foi adquirida pelos colecionadores brasileiros que a cederam para esta mostra.

Outro significativo trabalho de Cícero Dias exibido nesta exposição é a tela aquarelada Casa grande do Engenho Noruega (1933). Esta obra é uma das principais da carreira do artista e ilustrou a capa de diversas edições do livro Casa-Grande e Senzala, de Gilberto Freyre, um marco na literatura brasileira.

O ambiente também conta com duas obras táteis, com recurso de acessibilidade, incluindo Baile no Campo (1937), da Coleção Santander Brasil, e Sem Título (s.d.), da Coleção Marcos Ribeiro Simon, São Paulo, SP.

Entre as telas que integram o espaço, há peças provenientes de algumas das principais instituições, como o Santander Brasil, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (RJ), Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Brasileira da FAAP (SP), Instituto São Fernando (RJ), além de colecionadores particulares, como Gilberto Chateaubriand (RJ), Waldir Simões de Assis (PR), Marta e Paulo Kuczynski (SP), Leonel Kaz (RJ), Marcos Simon (SP), entre outros.

Antonio Manoel em livro.

Incontornáveis é o nome da série de trabalhos inéditos que Antonio Manuel produziu durante o confinamento imposto pela pandemia de covid-19. É, também, o título do livro que será lançado pela BEĨ Editora no dia 20 de fevereiro de 2025, na Livraria da Travessa, Ipanema, Rio de Janeiro, com uma conversa entre o artista e o curador Paulo Venancio Filho. O livro também será lançado em São Paulo durante a SP-Arte.

Com 208 páginas, o livro, de grande apuro visual e gráfico, traz imagens dos trabalhos da série inédita Incontornáveis, incluindo dois fac-símiles. Completam a publicação textos inéditos dos curadores Ana Maria Maia e Paulo Venancio Filho, além do ensaio “O galo dos ovos de ouro”, escrito por Décio Pignatari, em 1973, para a Exposição de Antonio Manuel (de 0 às 24 horas nas bancas de jornais).

“A base deste livro são esses novos trabalhos, inéditos, produzidos durante o recolhimento a que fomos submetidos em 2020. Considero que são aberturas que se realizam e se revelam na ação precisa das mãos, como linhas contínuas de luz e energia. Um exercício de liberdade que se move em acontecimentos e revelações.”, afirma Antonio Manuel.

Os Incontornáveis são composições resultantes de camadas de folhas de jornal, rasgadas e pintadas. Fragmentos de notícias, palavras recobertas de tinta – ou reveladas pelas cores e pelos recortes do papel – comentam, profundam e se associam a registros da trajetória percorrida por Antonio Manuel ao longo de mais de cinco décadas de atuação – uma trajetória pautada tanto pela inquietação e pela resistência aos autoritarismos de toda ordem, quanto pela surpresa e pelo humor. “Prestem bem atenção ao rasgo; ele não vai desapontar, sua minúcia deliberadamente calculada, a praticamente infalível maestria dos dedos e a inaudita operação cirúrgica estética expõem a beleza e o desenho límpido da incisão.”, diz o curador Paulo Venancio Filho no texto do livro.

O artista tem uma forte ligação com os jornais, já tendo produzido diversos trabalhos com este suporte ao longo de sua trajetória. Em 1973, ele realizou a “Exposição de Antonio Manuel (de 0 às 24 horas nas bancas de jornais)”, uma mostra no caderno de cultura do extinto periódico O Jornal, no qual buscava discutir o papel dos meios de comunicação de massa em tempos de censura. Agora, ele amplia as 24 horas do jornal para refletir sobre a transitoriedade da informação e a relevância da palavra impressa hoje. “Entre pedaços de notícias do dia e seu cancelamento enquanto forma pictórica […], a obra documentou um percurso possível da intimidade do ateliê até o que se recordava ou almejava de uma esfera pública esvaziada.”, afirma a curadora Ana Maria Maia no texto escrito para o livro.

Sobre os autores

Antonio Manuel é um dos mais relevantes nomes vinculados à arte experimental brasileira. Sua obra, que compreende pintura, performance, instalação e filmes, entre outros suportes, tem como tema central o contexto social e político brasileiro e o sistema das artes. Dessa perspectiva, executou, desde os anos 1960, as “Urnas quentes”, trabalhos com jornais e flans, “O corpo é a obra” “Fantasma” e  “Ocupações/descobrimentos” , entre outros.  Dentre suas principais exposições individuais estão Bienal de Veneza (2015);  panorâmica no MAM Rio (2014); “I want to act, not represent”, na Americas Society, em Nova York (2011); “Fatos”, no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo ( 2007); mostra no Pharos Centre of Contemporary Art, em Chipre (2005); no Museu da Chácara do Céu (2002); na Fundação Serralves, em Portugal ( 2000); no Jeu de Paume, em Paris (1999); no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, em (1998); no Centro de Arte Hélio Oiticica (1997).  Tem obras em importantes coleções públicas do Brasil e do exterior, como Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Fundação Serralves, em Portugal, MoMA, em Nova York e Tate Modern, em Londres.

Ana Maria Maia é pesquisadora, curadora e professora de arte contemporânea. Tem doutorado em artes pela Universidade de São Paulo (USP). É organizadora do livro Flávio de Carvalho (Azougue, 2014) e autora de Arte-veículo: intervenções na mídia de massa brasileira (Circuito e Aplicação, 2015), resultado da Bolsa Funarte de Estímulo à Produção Artística. Desde 2019, atua como curadora da Pinacoteca de São Paulo, onde tornou-se curadora chefe em 2022.

Paulo Venancio Filho é curador, crítico de arte e professor na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Publicou textos sobre vários artistas brasileiros, entre os quais Antonio Manuel, Hélio Oiticica, Cildo Meireles, Lygia Pape, Waltércio Caldas, Mira Schendel, Franz Weissmann, Iole de Freitas, Carlos Zilio, Anna Maria Maiolino, Eleonore Koch e Nuno Ramos. Foi curador das seguintes exposições: Century City: Art and Culture in the Modern Metropolis (Tate Modern, Londres, 2001), Soto: A construção da imaterialidade (CCBB, Rio de Janeiro,2005/Instituto Tomie Othake,2006/MON, Curitiba, 2006), Anna Maria Maiolino: Entre Muitos (Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2005/Miami Art Central, 2006), Fatos/Antonio Manuel (CCBB, São Paulo, 2007), Time and Place: Rio de Janeiro 1956-1964 (Moderna Museet, Estocolmo, 2008), Nova Arte Nova (CCBB, Rio de Janeiro, 2008), Hot Spots (Kunsthaus Zürich, 2009), Cruzamentos (Wexner Center for the Arts, Columbus,  2014),  Possibilities of the Object: Experiments in Brazilian Modern and Contenporary Art (The Fruitmarket Gallery, Edinburgh, 2015) e Piero Manzoni (MAM-SP, 2015) e Angelo Venosa:Escultor (Casa Roberto Marinho, 2023).

Sobre a Galeria Raquel Arnaud

Fundada em 1974, a Galeria Raquel Arnaud é referência no cenário da arte contemporânea brasileira e internacional. Com foco em arte construtiva, cinética e contemporânea, a galeria destaca-se por promover artistas cuja produção explora a relação entre espaço, forma e luz. Para isso, contribuíram artistas como Amilcar de Castro, Willys de Castro, Lygia Clark, Mira Schendel, Sergio Camargo, Hércules Barsotti e Arthur Luiz Piza, entre muitos outros. Além de seu papel no campo da abstração geométrica, a galeria tem se dedicado a promover artistas que exploram novas possibilidades de linguagem no contexto da arte contemporânea, representando nomes como Waltercio Caldas, Carlos Cruz-Díez, Arthur Luiz Piza, Sérvulo Esmeraldo, Antonio Manuel, Iole de Freitas, Maria Carmen Perlingeiro, Carlos Zilio, Tuneu, Frida Baranek, Geórgia Kyriakakis, Julio Villani, Célia Euvaldo, Wolfram Ullrich, Elizabeth Jobim, Guto Lacaz, Carla Chaim, Carlos Nunes e Ding Musa. Localizada em São Paulo, tornou-se um espaço de vanguarda ao apresentar exposições que dialogam com a arquitetura e o design, além de fomentar a reflexão sobre questões estéticas e conceituais. Sob a liderança visionária de Raquel Arnaud, a galeria consolidou seu papel como um dos principais pontos de encontro para colecionadores, críticos e amantes da arte. Atualmente, sob direção de Raquel Arnaud e Myra Arnaud Babenco, o espaço entra em um novo momento, em conexão com o mercado e com a arte contemporânea.

Sobre a BEĨ Editora

Ao longo de sua trajetória, a BEĨ consolidou-se como uma editora de excelência na concepção e execução de projetos editoriais, mantendo a mesma qualidade nas plataformas de debate e educação que desenvolveu nos últimos anos. O catálogo da editora é formado por livros de arte, design, fotografia, gastronomia, arquitetura, urbanismo e economia, além de títulos voltados para a educação de jovens desde o Ensino Fundamental até a universidade. A palavra beĩ – “um pouco mais”, em tupi – define o espírito que norteia a editora desde sua fundação. O nome reflete o desejo de superar limites, o que se repete a cada projeto executado. A palavra remete ainda ao envolvimento da editora com o Brasil e a cultura brasileira, num compromisso que se reafirma não apenas nas suas publicações, mas no conjunto de suas ações durante um percurso de quase três décadas, que resultou também em iniciativas como a Coleção BEĨ de bancos indígenas do Brasil e a BEĨ Educação.

Adiar a ordem

11/fev

 

A Galatea inicia o calendário expositivo de 2025 da sua unidade na Rua Oscar Freire, em São Paulo, com a mostra coletiva “Adiar a ordem”, que apresenta obras de Bianca Madruga (Rio de Janeiro, 1984), Carolina Cordeiro (Belo Horizonte, 1983), Cinthia Marcelle (Belo Horizonte, 1974), Isadora Soares Belletti (Belo Horizonte, 1995), Leila Danziger (Rio de Janeiro, 1962) e Maíra Dietrich (Florianópolis, 1988). Com curadoria de Fernanda Morse, a exposição abre no dia 11 de fevereiro,  das 18h às 21h, e reúne artistas mulheres de diferentes gerações que estão produzindo, hoje, sob o vasto guarda-chuva do que se entende como arte conceitual.

Baseando suas práticas em intenso experimentalismo, as artistas transitam entre variadas linguagens, como o desenho, a colagem, a instalação e a escultura. O título da exposição se relaciona, justamente, com o caráter não-convencional dos métodos e recursos simbólicos por elas mobilizados. É como se, nesses trabalhos, houvesse uma busca por desafiar a ordem das coisas; é como se, através deles, a ordem das coisas fosse desfeita.