Esculturas de Ascânio MMM em retrospectiva

10/out

A exposição “Ascânio MMM: Torções” no Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia (MuBE), Jardim Europa, São Paulo, SP, apresenta uma retrospectiva da carreira de 60 anos do escultor Ascânio MMM. A mostra, organizada por Francesco Perrota-Bosch, reúne 55 esculturas e instalações, 22 maquetes, 12 desenhos, além de fotos antigas e documentos do artista, que é reconhecido como um expoente da abstração geométrica na América Latina.

O conceito central da exposição gira em torno da ideia de “torção”, que se relaciona com a maneira como Ascânio combina módulos, como ripas de madeira ou pequenos blocos retangulares, para criar esculturas que parecem se retorcer sobre si mesmas, criando uma sensação de movimento e dança. Essas obras demonstram a fusão entre precisão matemática e estética, refletindo sua formação dupla em Artes plásticas e Arquitetura.

A exposição está dividida em duas partes: a primeira apresenta esculturas monocromáticas em madeira pintada de branco, que datam do final dos anos 1960 até o início do século 21. A segunda parte exibe obras das últimas duas décadas, nas quais o artista começou a utilizar o alumínio como base para suas criações.

Além das esculturas, a exposição destaca uma cortina de metal formada por pequenos quadrados vazados, que remete à influência de Hélio Oiticica, com quem Ascânio conviveu nos anos 1960. Também são mencionados outros artistas que influenciaram sua obra, como Franz Weissmann e Alexander Calder, conhecidos por suas esculturas geométricas e móbiles. Uma obra de destaque é Escultura 2, que recebeu o prêmio do Panorama da Arte Brasileira de 1972. A exposição também inclui esculturas instaladas na área externa do museu, criadas a partir das esculturas públicas de Ascânio no Rio de Janeiro, que contrastam com a arquitetura do MuBE e convidam os espectadores a interagir com elas de diferentes ângulos.

Até 26 de novembro.

Novo artista representado

A Simões de Assis, São Paulo, SP, tem a alegria e o prazer de anunciar a representação de Flávio Cerqueira (São Paulo, 1983). O artista explora a construção de narrativas a partir de figuras humanas em bronze, evocando questões importantes de classe, identidade e raça. A partir de suas esculturas, Flávio Cerqueira é capaz de cristalizar o instante e o fragmento de uma ação, tornando desse modo o espectador um coautor na produção de significados da obra.

Seu trabalho faz parte de relevantes coleções particulares e figura no acervo de importantes instituições, como: Instituto Inhotim, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), Pinacoteca do Estado de São Paulo, Universidade de Missouri Kansas City (UMKC); Museu Afro Brasil, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP) e Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), entre outros.

Impressão em madeira

09/out

A xilogravura de Fernando Mendonça, exposta na Galeria Paulo Fernandes de São José do Barreiro até 29 de novembro, é resultado de um olhar atento ao mundo da arte e ao mundo das coisas. A mostra, que privilegia a exibição das matrizes, reúne dezenas de entalhes em madeira produzidos pelo artista em mais de vinte anos e que pertencem a diferentes colecionadores. Mais do que uma antologia, a montagem pretende compor um grande corpo expressivo, marcado por um profundo interesse em trazer à tona cenas invisibilizadas, que passam despercebidas no cotidiano massacrante das grandes cidades, e por uma busca incessante pela revalorização de técnicas e materiais considerados de menor importância na cultura contemporânea. O reaproveitamento de elementos de refugo e a atenção em construir imagens apenas aparentemente banais criam um terreno fértil para o desenvolvimento de projetos que envolvem também a comunidade do entorno, com a realização de oficinas e aulas práticas nas escolas da região.

Maranhense radicado no Rio há 40 anos, Fernando Mendonça é um artista multifacetado. Trabalha a pintura, o desenho, a impressão em madeira e também desenvolve uma série de atividades relacionadas à arte-educação e movimentos de cultura popular. “Sou um fazedor de coisas”, explica. A xilogravura entra relativamente tarde em sua produção, em 2000, e já recebe no mesmo ano uma premiação no Arte Pará. E foi se impondo como linguagem, permitindo uma conexão entre diferentes aspectos de sua obra, que privilegia a observação e a busca de fazer arte a partir daquilo que é precário e popular, numa evidente conexão com a literatura de cordel, com o expressionismo e, mais especificamente, com a gravura de mestres brasileiros como Goeldi.

A simplicidade, o gesto rápido e a potência do desenho que o artista extrai das tábuas que coleta nas ruas ou nas feiras traduzem um treino permanente em captar num instante a passagem do tempo. “Tem tanta coisa onde você acha que não tem coisa nenhuma”, diz ele, que atribui o exercício de observação a partir do desenho às lições de Rubens Gerchman, cujas oficinas frequentou ainda jovem, em São Luís. Gerchman pedia aos alunos que desenhassem um bloco por dia, como um diário de bordo. Mendonça conta que, para conseguir papel suficiente, precisou recorrer a um vendedor de papel a quilo, para reciclagem, usando o verso das bobinas para esse treino.

Em seus trabalhos descobrimos cenas que poderiam passar despercebidas: deslocamentos urbanos, enchentes, festas populares, encontros amorosos, fachadas de casarios e partidas de futebol, nas quais um defeito na madeira é transformado em bola. Como descreveu Ronaldo Brito no catálogo da exposição realizada em 2004 que apresentou a obra de Mendonça ao público carioca, “tudo aqui exprime movimento, a começar por essas tábuas finas e compridas, que repetem instintivamente a forma nas ruas”.

A exposição de São José do Barreiro, bem como a anterior, realizada na Galeria de Paulo Fernandes no Centro do Rio, privilegiaram os entalhes, em detrimento das impressões derivadas dessas matrizes. Em parte, porque essa opção evidencia a íntima relação entre aquilo que é sugerido pelos veios da madeira e o desenho que Mendonça extrai da peça durante o entalhe, num movimento orgânico. E em parte porque a exibição desses baixos-relevos ilumina a intenção clara, quase política, adotada pelo artista de valorizar materiais básicos, elementares, e prenhes de significado.

Uma arte que reflete intensamente o movimento de resistência simbolizado pelos terrenos quilombolas em que sempre viveu, seja no Bairro da Liberdade, em São Luís, onde passou a infância e juventude, seja na Gamboa, região conhecida como a Pequena África no Centro do Rio de Janeiro, onde vive no momento.

Há algo mágico nesse resgate. “Ali viveu uma árvore, talvez seja uma forma de dar-lhe uma sobrevida”, confessa. “Você passa por louco”, brinca, complementando que se sente fascinado com esse aspecto primordial do trabalho em madeira, que remete às primeiras expressões do homem. E relembra como essa recuperação daquilo que é enjeitado pela sociedade de consumo marca profundamente a arte brasileira, estando na base da produção de mestres como Castagneto, Farnese e Krajcberg. Um resgate que pode ser profundamente inspirador para os jovens a quem oferece suas oficinas, não apenas ensinando técnicas de impressão e artesania, mas garantindo um espaço de livre expressão e de ampliação da percepção e sensibilidade. Algo como “dar uma bola e tomar o celular”, brinca.

Maria Hirszman

Projeto Vênus na Central Galeria

Denominada de “Cansado”, entrou em caratz a exposição individual de Felipe Barsuglia na Central Galeria, Vila Buarque, em parceria com o Projeto Vênus. A exposição é de curta duração e poderá ser visitada por duas semanas, até 21 de outubro.

Em sua segunda individual em São Paulo, Felipe Barsuglia apresenta obras em diferentes suportes com um discurso pictórico para tratar do cansaço na sociedade contemporânea. Byung-Chul Han, em “Sociedade do cansaço” (2017, editora Vozes) designa o funcionamento das culturas ocidentais como o de uma “sociedade do desempenho”, onde a positividade imposta gera uma violência neural. Felipe Barsuglia observa uma cultura de repetição por meio do fazer quase que maquínico. No trabalho, na escola, em eventos sociais, no descanso, etc., os sujeitos estão cansados sem ao menos perceber, pois os cotidianos se tornam cada vez mais automáticos, não proporcionando abertura ao olhar diferente.

“Cansado” inaugurou na Central Galeria e no mesmo dia, após o encerramento na galeria, o evento proseguiu no Cine Cortina com a projeção de vídeos de Felipe Barsuglia produzidos desde 2014.

Sobre o artista

Desde 2015, Felipe Barsuglia vem desenvolvendo uma produção artística que abrange diversas mídias. Em 2016, desenvolveu o projeto online “Site-terapia”, para o banalbanal.org. Entre suas exposições individuais, destacam-se:  “Legal” de 2022 na Lanterna Mágica, São Paulo, e “Milanesa” de 2020 na Anita Schwartz Galeria de Arte, Rio de Janeiro. Entre coletivas: “vaidade infinita” de 2021 no Rio de Janeiro; “Parabéns” de 2019 no Edifício Tinguá, São Paulo; “os dois a 80km/h” de 2018 na Caixa Preta, Rio de Janeiro; “Coletiva” de 2018 no Auroras, São Paulo; “Where is your god now?!” de 2017 em Budapest, Hungria.

Suassuna, Brennand, Samico e dos Santos

03/out

A BASE, de Daniel Maranhão, Jardim Paulista, abre a exposição “Ressonância Armorial” com Ariano Suassuna, Francisco Brennand, Gilvan Samico e Miguel dos Santos, texto crítico de Denise Mattar e 30 obras entre pinturas, esculturas e objetos dos quatro artistas mais representativos no Movimento Armorial, uma iniciativa artística cujo objetivo seria criar uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste brasileiro que buscava convergir e orientar todas as formas de expressões artísticas: música, dança, literatura, artes plásticas, teatro, cinema, arquitetura, etc. A abertura é no dia 07 de outubro, ficando em cartaz até 11 de novembro.

Em um primeiro momento, em 2020, Daniel Maranhão inseriu o Movimento Armorial, em seu segmento de artes plásticas, no cenário cultural paulistano com a exposição “Samico e Suassuna – Lunário Perpétuo”, que marcou a reinauguração da BASE pós-pandemia, agora, com “Ressonância Armorial”, amplia o número de artistas que trabalharam os mesmos conceitos.

As “iluminogravuras” – termo criado pela junção das palavras iluminura e gravura, de Ariano Suassuna, retornam à galeria acompanhadas de publicações, raros LPs do “Quarteto Armorial”, do múltiplo artista Antônio Nóbrega, e trechos do longa metragem “Auto da Compadecida” dirigido pelo pernambucano Guel Arraes. Suassuna, idealizador do Movimento Armorial, nos anos 1970, assim o conceitua: “A Arte Armorial Brasileira é aquela que tem como traço comum principal a ligação com o espírito mágico dos “folhetos” do Romanceiro Popular do Nordeste (Literatura de Cordel), com a Música de viola, rabeca ou pífano que acompanha seus “cantares”, e com a xilogravura que ilustra suas capas, assim como com o espírito e a forma das artes e espetáculos populares, com esse mesmo Romanceiro, relacionados”.

Miguel dos Santos, que aos 79 anos figura como único integrante vivo do Movimento Armorial e que, atualmente, está no foco dos grandes colecionadores e instituições nacionais e internacionais, é apresentado de forma inédita na BASE. Como define Daniel Maranhão, “não há como se falar em Movimento Armorial, sem citar Miguel, um dos principais participantes.(…) É sabido que cada artista tem sua fase, ou época, mais prestigiosa; e, no caso de Miguel, são as décadas de 1970 e 1980 as mais importantes, de onde serão apresentadas oito obras, todas em óleo sobre tela, sendo que seis delas da década de 1970 e duas, em grande formato, da década de 1980, adquiridas ao longo de anos”. Sobre seu trabalho, Denise Mattar pontua: “Incorporando vestígios do passado e referências a deuses ancestrais, seu trabalho, personalíssimo, envereda pelo realismo mágico.”

Gilvan Samico possui obras inspiradas no Cordel desde os anos de 1960 o que o qualifica como um dos precursores do Movimento Armorial. “O virtuosismo técnico na arte da xilogravura, aliado ao imaginário das fantásticas histórias do Romanceiro Popular do Nordeste, apresentadas de forma hierática, quase sagrada, em “soberana simplicidade”, tornaram a obra de Samico a mais plena concretização das ideias armoriais – uma união perfeita de erudito e popular”, como define Denise Mattar. Dentre as xilogravuras, destacam-se: “Dama com Luvas” (1959) e “Suzana no Banho” (1966) (acervo do MoMA, NY), com tiragem limitada (20 exemplares).

Internacionalmente reconhecido como pintor e ceramista, Francisco Brennand exibe esculturas de grande porte e peças em cerâmica – painéis e placas – da década de 1960, “que evocam o mundo telúrico, sensual e provocador, característico de toda a sua produção”, segundo Denise Mattar.

“A reunião desses quatro artistas, na Galeria BASE, evidencia a ressonância do Movimento Armorial, potencializando seu resultado mágico e contestador, que remete às raízes profundas de nosso país.”  Denise Mattar

Livro de Diógenes Moura

02/out

Com lançamento em São Paulo previsto para o dia 05 de outubro, o conhecido fotógrafo Diógenes Moura, lançará seu novo livro “O pinguelo rígido – Um surto baiano” no   A Dama e os Vagabundos Bar, Rua Camerino, 94, Casa anexa, Barra Funda.

Escrito entre 2015 e 2023, “O pinguelo rígido – Um surto baiano”, constrói uma polaroide urbana com textos precisos, a partir de cenas que o autor presenciou nas ruas de Salvador, cidade que conhece desde o dia 2 de julho de 1971, quando, vindo do Recife, chegou com sua família para viver no bairro da Liberdade.

Com uma narrativa repleta de personagens reais, ao lado da ficção poética e limítrofe sempre presente na obra do autor, o pinguelo rígido – Um surto baiano também diz sobre a violência embutida nas ruas da cidade; as cenas absortas dentro dos hotéis; o aluguel dos palácios tombados pelo patrimônio histórico para “eventos” feito pelos carnegões da casa grande; a cadeira elétrica infra-humana que carrega os animais para o abate na feira de São Joaquim; os últimos dias de Kelly Cyclone, a Dama do Pó; a exploração do homem do ferro que trabalha dentro de um dos arcos da Ladeira da Conceição da Praia: “Corre, homem bafio! Desce as escadas que levam ao mar e conta para suas parceiras que vivem lá por baixo, às bordas do contorno da avenida, que amanhã outra mulher vai levar a filha à escola para ver se a menina não se torna uma mulher bafio, uma mulher espectro, uma mulher exumada, uma mulher carniça antes da porra do carnaval chegar e pronto: arregaça bala, faca, garrafa quebrada no corpo da menina para roubar qualquer nada e a menina cai sem vida na porta do palácio, logo cedo”.

No livro, entre violência e paixão, o escritor deixa claro o seu incômodo com os turistas e/ou agregados que, vindos em grande parte do Sudeste do país, chegam à cidade para, em menos de uma semana, se tornarem filhas ou filhos de santo, entre outros detalhes de intimidade perversa e sintomática: “Vosmicê quer tirar uma foto comigo, é? Então pague. Não estou aqui fantasiada de “baiana típica” para fazer parte da paisagem do Pelourinho, não, viu? Quer a minha agonia colorida para postar no Instagram? Então pague. Quer usar o meu corpo preto para sair por aí dizendo que somos um povo alegre: painho, mainha, meu rei? Meu rei, um caralho! A minha sofreguidão não cabe dentro da tela do seu celular”.

Para esses e aqueles, Diógenes Moura criou o termo Cheiradores de Axé e uma série de verbetes a partir de expressões que pertencem à linguagem popular: “O Boca-se-zer-nove”: aquele que vai almoçar ou jantar uma “moqueca desconstruída” em alguma comunidade que virou moda à beira-mar (trema o vale, povo da Gamboa!), pede para não colocar coentro porque pode vomitar desleixos e sai dizendo que pobre-dendê deve, sim, sonhar acordado, sem tomar banho de folhas”. Com sua dicção peculiar, sua geografia humana muito particular e uma escrita concisa e abundante em acontecimentos, o pinguelo rígido – Um  surto baiano faz um retrato veloz, realista e tragicômico de uma cidade devastada pela alegria, sempre de braços abertos para ser explorada física e mentalmente, sobretudo nas fatídicas temporadas de verão.

A palavra do editor

Na apresentação do livro, o editor Igor de Albuquerque, escreve: “Sob o sol negro brilhando visgo, soa nas ruas uma voz que cavalga no lombo das bestas pingueludas da destruição. Voz escrita – alcaloide – a única que até agora foi capaz de, enfim, pôr em prática o processo de zumbificação definitivo do turista, do cheirador de axé. Vocês irão entender muito bem quando, nas ruas claras do Santo Antônio Além do Carmo, cruzarem com aquele sorriso-wanna-be-influencer: sinta logo a morrinha do morto-vivo antes dele sair rastejando cidade abaixo. Diz a voz. E quando perguntarem o que havia de bom, de belo, de justo, lembremos sempre que, antes da queda, da boca-de-se-fudê, da imolação, antes de morrerem, de morrermos, essa gente esteve viva. Desmedidamente viva”.

Ampliando imaginários

A Gentil Carioca, Higienópolis, São Paulo, SP, apresenta até 11 de novembro, a exposião “Ocultas Marés: Ana Silva & Marcela Cantuária”, com curadoria de Raquel Barreto.

Sobre a exposição

“Em Ocultas Marés, Ana Silva & Marcela Cantuária” disputam, com suas poéticas e proposições, significados (possíveis) para arte, ampliando imaginários e suportes materiais, explodindo cores e formas. Estabelecem também diálogos com a história da arte, relações entre o passado e o presente e, às vezes, imaginam futuros de modo revolucionário.” – Raquel Barreto.

Exposição na Galeria Tato

28/set

Mostra coletiva que faz parte do programa Casa Tato, que já se firmou como núcleo de desenvolvimento de artistas visuais e novos agentes do mercado de arte contemporânea. A exposição vai até 07 de outubro, na Barra Funda, São Paulo, SP, circuito efervescente de arte na capital paulista.

“(Uma) Certa Enciclopédia…” é o nome dessa nova coletiva em exibição na Galeria Tato. A mostra integra o programa Casa Tato, que chega à sua nona edição, reunindo nomes efervescentes do campo da arte contemporânea, 28 artistas que participaram das recentes edições do projeto. O espaço, fundado em 2010, é dirigido por Tato DiLascio.

Artistas participantes

Alessandra Mastrogiovanni, Alexandre Vianna, Aline Mac Cord, Angela Fernandes, Anna Guerra, Bet Katona, Danilo Villin, Diogo Nógue, Flávia Matalon, Giovanna Vilela, Greicy Khafif, Isaac Sztutman, Isabela Castro, Jamile Sayão, Julia Mota, Júnia Azevedo, Laura Martínez, Luciano Panachão, Magna Sperb, Maiana Nussbacher, Maria Claudia Curimbaba, Orlando Facioli, Pedro Orlando, Rafa Diås, Renata Barreto, Rogo, Rossana Jardim e Simone Höfling.

Sobre o título da exposição, os curadores explicam: “É provável que qualquer pessoa que tenha se proposto a organizar uma biblioteca, uma coleção de discos ou mesmo um guarda-roupa esteja familiarizada com a vertiginosa arbitrariedade que marca os procedimentos de classificação e organização do mundo. A enciclopédia, esse dispositivo paradoxalmente dotado de uma ambição totalizante e fadado à obsolescência que resulta do intervalo entre o tempo das coisas e o tempo das palavras, inspira as mostras de encerramento da Casa Tato 8, que tem curadoria de Nancy Betts e Icaro Ferraz Vidal Jr., e de abertura da Casa Tato 9, com curadoria de Katia Salvany.”

Galeria Marcelo Guarnieri exibe Ana Sario

25/set

A Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, apresenta, entre 07 de outubro e 11 de novembro, “Não estou mais onde existo nem onde penso”, terceira exposição de Ana Sario (1984, São Paulo) no endereço de São Paulo, SP. A mostra reúne pinturas da série “Flores” produzidas entre os anos de 2019 e 2023 e dão continuidade à investigação da artista sobre o caráter transitório da paisagem. A exposição contará com texto da crítica e curadora Taisa Palhares.

Desde 2020, Ana Sario vem revisitando algumas paisagens de campos de flores que começou a produzir em 2016 e que agora, em suas pinturas mais recentes, ganham formalizações diferentes. Se antes a artista trabalhava com espessas camadas de tinta e campos de cor, levantando questões em torno da ideia de nitidez através da supressão dos detalhes das paisagens, agora ela aposta em pequenos e múltiplos pontos coloridos que buscam produzir um efeito de vastidão e profundidade. Ana Sario explora o conceito de sobreposição tanto a partir da linguagem da pintura, utilizando-se da justaposição de camadas de pinceladas, como a partir do ciclo de floração das plantas que compõem suas paisagens transitórias, em constante transformação.

Em algumas dessas pinturas, as molduras também parecem querer se sobrepor à tela: invadindo o espaço da representação, aparentam bordas camufladas de flores. Não é a primeira vez que a artista se interessa pela condição da moldura em seu trabalho. Quando a tinta invade as laterais da tela, quando não há madeira ao seu redor ou quando a pintura recua na superfície quadrada, não ultrapassando os limites do que poderia ser uma espécie de moldura que ali não está. Em todos esses momentos há o questionamento sobre a pintura como uma janela do mundo.

Em “Não estou mais onde existo nem onde penso”, Ana Sario amplia as escalas, desenvolvendo sua investigação sobre as paisagens floridas também no grande formato, explorando o caráter imersivo e contemplativo dessas telas. “Trazer uma escala maior para o trabalho foi uma exigência da própria pesquisa, uma vontade de trazer novos pontos de vista para a paisagem, um desejo de ocupar esse espaço da pintura e contemplar a paisagem”, comenta Ana Sario. A artista também apresenta uma produção inédita de pinturas sobre vidro, paisagens que se revelam não mais em contato direto com a textura, a cor e o cheiro da tinta, mas em seu avesso, através de uma superfície cristalina.

A obra de Carolina Cordeiro

“O tempo é”, exposição individual de Carolina Cordeiro é o atual cartaz na Galatea, Jardins, São Paulo, SP.

O trabalho de Carolina Cordeiro é notável por sua diversidade de suportes e sua interação com o ambiente em que é apresentado. Ela começou sua carreira artística com o desenho, mas ao longo do tempo, explorou outras linguagens artísticas. Suas obras frequentemente buscam envolver o espectador de forma imersiva e são influenciadas pelos elementos do ambiente em que são exibidas.

Um exemplo significativo de seu trabalho é a instalação Uma noite a 550km daqui (2010-2017), que utiliza feltro e sementes de carrapichos (Xanthium cavanillesii). Essa obra faz referência à distância entre diferentes locais onde foi exibida e o município em Minas Gerais, onde as sementes de carrapichos foram coletadas. As sementes são fixadas em feltro azul escuro, criando uma representação de um céu estrelado. O título da obra destaca tanto a distância quanto a conexão entre os espaços onde a instalação é montada.

Os títulos desempenham um papel importante na obra de Carolina Cordeiro, muitas vezes fazendo referência à poesia e à música popular brasileira. Seus materiais também são escolhidos com base em suas associações simbólicas, como o uso do zinco em algumas de suas obras. A pesquisa de Carolina Cordeiro é coesa e abrange temas como a vida doméstica, a paisagem, a economia de linguagem e o simbolismo. Ela tem participado de várias residências artísticas no Brasil e no exterior, e sua obra foi exibida em exposições individuais e coletivas em locais renomados.

Além de sua prática artística, Carolina Cordeiro foi uma das fundadoras da Galeria de Artistas, um projeto criado por artistas com o objetivo de explorar novas formas de inserção no mercado de arte. Ela também foi indicada ao prêmio PIPA em 2020. Sua carreira é marcada pela versatilidade e pela capacidade de criar obras que dialogam com o ambiente e a cultura brasileira.

Até 14 de outubro.